ano 23/número 5 setembro/2016
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
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Geração Y Você conhece? A galera que tem tudo na mão, mas sempre quer mais
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ano 23 |no5 |setembro/2016
#caro leitor,
Em cena: geração dos conectados
A edição 5 do Expressão chega até você. Nossa reportagem Especial procura compreender as principais características da ‘geração Y’, como é denominada aquela dos nascidos entre 1980 e 1990. Gente como você, querido leitor. Afinal, o que diferencia a geração Y das demais? Certamente a massificação da tecnologia, as facilidades do mundo virtual conectado são algumas das principais referências. Mas basta isso? Os jovens dessa geração oscilam entre muitas características positivas e outras nem tanto. Ousados e corajosos. Distraídos e superficiais. Estressados e ansiosos. São incontáveis adjetivos. A reportagem do jornal Expressão foi apurar todas as aparentes dicotomias e as diversidades que abarcam as realidades da galera que está começando a deixar sua marca no mundo agora. Vida profissional, estudos, lazer, prazer, vida afetiva, saúde... O que faz a cabeça da geração Y? Vamos saber? Além da reportagem Especial, temos outros assuntos palpitantes para você. A preocupação com a vida profissional também está presente na editoria Educação, quando abordamos as principais dificuldades e desafios de quem acaba de se formar. Como fazer um bom planejamento profissional? Na editoria Vida Digital, destacamos a importância de aplicativos que nos conectam com as redes de transporte público em São Paulo: metrô, trens e ônibus. Os apps facilitam a vida dos usuários. Já em Artes, vamos conhecer o trabalho inovador da fotógrafa Kika de Castro que trabalha com o conceito da beleza real e inclusiva. Ela faz books com mulheres que têm algum tipo de deficiência física. Ensaios fotográficos são feitos com itens como: cadeiras de roda, muletas, próteses etc.. E, para encerrar esta edição, em Esporte&Lazer abordamos o crescimento do interesse dos brasileiros pelo MMA (Artes Marciais Mistas). O forte investimento de publicidade e os grandes eventos nacionais e internacionais são responsáveis pela conquista de um público cada vez mais aficcionado por lutas. Muitas reportagens super interessantes, não é? Então, desfrute todas as páginas do Expressão.
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
#fração de segundo fotolegenda
Cordillera de los Andes
Uma paisagem de tirar o fôlego! Com altitude de 2.500 metros, Farellones apresenta uma vista espetacular da Cordilheira dos Andes, que neste ponto forma a divisa natural do Chile com a Argentina. O local ainda dispõe de muitos esportes e brincadeiras na neve. Bianca Gonçalves - aluna do 40 ano de Jornalismo - Campus Mooca
#protagonista
Cláudia Canto, da periferia à Oxford
Ela declarou morte às vassouras, um relato de seu desencantamento
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Giacomo Vicenzo
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Cláudia Canto é uma mulher concisa e convicta. É mais de abraços do que de apertos de mão. Já poetizou a quebrada em seu livro Cidade Tiradentes, de menina a mulher, narrou o outro lado dos internados na ala de psiquiatria em Bem-vindo ao mundo dos raros, tratou de machismo e opressão em Mulher Moderna tem Cúmplice e abriu sua saga literária com o relato emocionante em forma de diário no livro Morte às Vassouras. Moradora da Cidade Tiradentes, escritora e jornalista, ela retrata suas múltiplas facetas e histórias em obras de caráter poético e realista. Cláudia atravessou barreiras físicas e sociais com sua escrita. Conquistou lugares, até então, inimagináveis. “Esta é a terceira edição e foi traduzida em inglês e lançada na Universidade de Oxford, no Kings College de Londres e na Universidade de Glasgow”, declara ela com orgulho segurando o livro Morte às vassouras nas mãos. No livro, Cláudia narra sua experiência como empregada doméstica, tempo em que trabalhou em regime de internato na casa de uma família de origem sul-africana em Lisboa. Após lançado o livro foi traduzido por Margaret Anne Clarke, professora e estudiosa inglesa que conheceu a autora por meio da internet e a visitou pessoalmente em seu bairro, na Cidade Tiradentes, periferia da Zona Leste de São Paulo. Cláudia escreveu todo o livro enquanto trabalhava na casa da família, que era composta por dois anciões: um médico aposentado de 97 anos e uma senhora de 84. A casa contava com mais quatro empregados: motorista, cozinheira, dama de companhia e uma ajudante geral. “O lugar era um palácio, o qual eu ficava confinada, podendo sair somente aos domingos. Dos funcionários eu era a única em regime de internato, todos os outros saíam ao término do turno. Os donos da casa eram todos brancos e todo o resto dos serviçais tinham a pele mais escura do que a minha. Os patrões comentavam maldosamente que comigo se podia sair à rua”, lembra Cláudia indignada. Ser imigrante ilegal não era fácil, Claudia havia vendido quase todos seus bens antes de partir para Lisboa e por não ter conseguindo emprego na área jornalística por conta das complicações com seu visto, acabou procurando por uma agência de empregos que lhe ofereceu o serviço de empregada doméstica. Toda a narrativa se passa entre 2002 e 2003 e relata os onze meses na casa até concluir a escrita do livro e retornar para o Brasil. “Eu escrevia sempre um pouquinho antes de dormir, todos os dias com a caneta e o papel. Esse era o meu refúgio e a minha terapia em meio de tudo aquilo. Durante o dia eu me sentia parte da mobília, eles quase não falavam comigo”, ressalta Cláudia. “Morte às Vassouras!”, assim ela reafirmou quando lhe perguntei sobre o título do livro, que segundo ela tem a intenção de quebrar paradigmas e trazer à tona o valor de um trabalho duro, porém, tão desvalorizado pela sociedade. Atualmente Cláudia trabalha com palestras motivacionais em escolas e na Fundação Casa, além de ter dado início ao seu quinto livro um romance ficcional.
Eu escrevia sempre um pouquinho antes de dormir, todos os dias com a caneta e o papel. Esse era o meu refúgio...
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Diagramação: Profa Iêda Santos
#fica a dica Desculpa se te chamo de amor “Quando algo nos faz falta precisamos preencher esse vazio. Só que, quando o que nos faz falta é o amor, não há nada que verdadeiramente seja suficiente.” Nicole Merighi Scusa ma ti chiamo amore é um best seller da literatura italiana. O livro foi escrito em 2009 por Federico Moccia, que é escritor e roteirista. Foi após o sucesso do livro “Ho voglia di te” (Eu quero você), que foi criada a tradição de colocar cadeados na Ponte Mílvia, por todos apaixonados de Roma. Foi após esse sucesso que Moccia lançou Desculpa se te chamo de amor que foi comercializado em 13 países, com mais de três milhões de livros vendidos na Europa. O livro é narrado em primeira pessoa, na perspectiva da personagem Nick. Conta a história de Alex, um publicitário de 37 anos, que sem explicações acabou de ser abandonado pela sua noiva. Em um dia corriqueiro, indo trabalhar, ele atropela Nick, uma adolescente de 17 anos que está no último ano do colégio e tem um jeito muito bem humorado de viver. Rafael Sass, psicólogo, afirma a importância de introduzir determinados temas em nossa leitura. “É um amor que vai além das convenções e preconceitos sociais, vai além dos 20 anos de diferença dos personagens, é uma paixão proibida, tumultuada, mas ao mesmo tempo é emocionante e provocativa. A diferença de idade nos relacionamentos tem aumentado significativamente e ainda é vista como tabu, o livro traz essa diversidade de forma suave, expondo que vez ou outra o que precisamos é de um pouco de colorido no nosso mundo preto-e-branco, afinal, o que é idade, se não uma característica mental?”. No decorrer do livro eles procuram se encaixar um na
expediente
Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Capa Foto/Arte: Estúdio 21
vida do outro, Alex é muito sério, Nick é uma colegial muito divertida, ele tenta lidar com o abandono de sua noiva, que saiu de casa e deixou somente um bilhete dizendo que iria partir, e talvez veja em Nick uma forma de curar seu coração partido, no meio da leitura, você certamente irá se perguntar, será que pode dar certo? E a resposta, você só terá, lendo esse romance. Além dos protagonistas, é muito forte a participação das amigas de Nick e dos amigos de Alex na história. Aborda também o cotidiano das estudantes em época de vestibular, e os problemas no casamento dos amigos dele, que julgam Nick. O livro conta com uma adaptação cinematográfica italiana, que foi inspirada no livro e aqui no Brasil recebeu o título de “Lições de amor” (disponível no Netflix), o filme é bastante fiel ao livro e tem Federico Moccia como diretor e roteirista do, ao lado de Luca Infascelli e Chiara Barzini.
Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
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Educação
ano 23 |no 5| setembro/2016
Está formado,
e agora?
O planejamento profissional é fundamental para quem terminou a graduação e vai enfrentar o mercado de trabalho
Marina Nahas
Marina Nahas Terminou a faculdade e está um tanto perdido? Não sabe ao certo o que fazer ou como seguir a carreira? Por outro lado, existem aqueles que já saem da universidade engatilhados no mercado de trabalho, aqueles já estejam atuando em sua área ou até os que já são pequenos empreendedores de empresas. O papel da universidade é fundamental para o desenvolvimento tanto pessoal quanto profissional do aluno. Ela, além de orientar, e preparar o estudante, tem a função de despertar o interesse, como, por exemplo, aplicar mais aulas práticas do que teóricas, cursos à distância que são oferecidos e também cursos presenciais extracurriculares que podem fazer parte da grade de matérias, mas, por vezes, o aluno acaba não se identificando com deter-
minada área e opta por seguir outros caminhos. “Não tenho expectativa na área em que me formei, pois não gostei do curso. Esperava mais, os anos foram passando e acreditava que os assuntos iriam se aprofundar, quando percebi já estava no último ano. Mas para tudo há uma lição e levo aprendizado disso. Hoje, trabalho como assistente administrativo, gosto do que faço e se pudesse teria feito o respectivo curso. Pretendo cursar uma pós com foco em administração”, diz Ana Carolina Rodrigues Correia, graduada em Publicidade e Propaganda. Em algumas áreas, a receptividade para o recém-formado pode ser mais abrangente do que em outras, e, de tempo em tempo, uma área pode estar mais em alta do que outra. “Mi-
nalmente tem mais chances de conseguir uma vaga de emprego em uma empresa de grande porte. “Quando você é novo e entra na faculdade, há a expectativa de se formar e ingressar em uma grande companhia, criar um plano de carreira, com salários elevados e experiência adquirida, porém, com o decorrer do tempo, percebemos que não é bem assim que as coisas funcionam”, completa Ana Carolina. Mesmo que complexo, um planejamento profissional é de extrema importância para aqueles que estão traçando uma jornada de estudos. Algumas reflexões são importantes como: o que quero ser? Como preciso me preparar para isso? A determinação, a dedicação e o desenvolvimento de cada um refletirão em sua carreira futura.
nha expectativa era me consolidar na área o mais rápido possível e consegui atingir esse objetivo. Eu fazia estágio em uma escolhinha de futebol e acabei sendo efetivado como professor logo após a minha formação. Estou tendo uma evolução muito positiva na área em que escolhi e isso faz com que eu cresça e não perca a vontade de atuar no ramo’’, conta Rafael Nunes Uccella, formado em Educação Física. Muitas vezes, os estudantes saem da faculdade com o pensamento de ingressar em uma grande empresa por terem a bagagem do que aprenderam na sala de aula ou em campo, mas nem sempre isso acontece. O mercado está cada vez mais competitivo e aquele aluno que se diferenciar profissio-
Ilustração mostra algumas dicas para recém-formados
Pedagogia hospitalar é novo pilar para a educação infantil As vantagens vão além das questões de saúde. Aspectos sociais, afetivos e emocionais contribuem para a melhora das crianças Samara de Abreu Leite
Natália de Lacerda Albertin
A atuação pedagógica no ambiente hospitalar tem como objetivo ajudar o paciente na adaptação, motivação e recuperação. O profissional utiliza recursos recreativos, como brincadeiras, jogos, desenhos, pinturas, histórias, oferecendo assim subsídios para a continuidade dos estudos do paciente dentro do hospital. E você sabia que existem cursos focados nesta área? Instituições educacionais começaram a implementar em sua grade a extensão em Pedagogia Hospitalar, o curso é oferecido de forma presencial ou em regime à distância. E pode ser cursado por graduandos ou graduados em Pedagogia, sua duração é de seis meses e o investimento é em torno de 1.700 reais. O conteúdo ministrado enfatiza a importância do entendimento do comportamento humano e as maneiras para desenvolver as potencialidades dos pacientes. O mercado de trabalho em ambiente clinico está constante expansão tanto nos setores públicos quanto nos privados. Para ingressar nessa área o pedagogo pode optar por participar de processos seletivos na secretaria estadual ou por meio de contratação feita diretamente nos hospitais.
“Acredito na real importância da criança continuar os estudos durante o período de internação, acredito que isso faça parte de um processo de reabilitação a vida escolar. O profissional possibilita que a criança se desenvolva em todos os âmbitos, físicos, sociais e intelectuais”, diz a pedagoga Natalia de Lacerda Albertin. A principal função do pedagogo de classe hospitalar é atender o aluno/paciente, que por alguma razão de saúde ou internação, está impossibilidade de frequentar as aulas normais. O estudante tem por direito receber atendimento educacional especializado e gratuito para que, quando ele receba alta e possa retornar as atividades escolares, não seja prejudicado por atrasos em matérias ou acabe perdendo o ano letivo. “Visando esse crescimento no âmbito educacional é possível identificar que a pedagogia transcendeu além da educação infantil, conquistando novos espaços. O resultado disso é justamente o desempenho em espaços não escolares, como as classes hospitalares, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o pronto atendimento e também
em prontos-socorros”, esclarece Luiz Carlos Amorim, professor universitário e pedagogo. Em 2010, em todo o país, existiam cerca de 80 classes hospitalares e nos últimos dois anos, só no Estado de São Paulo, o número passou de 48 para 60 unidades. Atualmente, cerca de 600 crianças estudam dentro de hospitais todos os meses, segundo dados da CNES (Cadastro Nacional de estabelecimento de Saúde). O Brasil possui aproximadamente 6.615 hospitais cadastrados no ministério da saúde sendo que destes 146 oferecem programas de educação especial para jovens pacientes.
As brincadeiras estimulam o desenvolvimento e a criatividade dos pacientes tornando-os mais suscetíveis a melhora
Aulas particulares
Aulas em grupo
Se você quer tomar a iniciativa de estudar inglês, primeiramente saiba qual modalidade combina mais com seu estilo Amanda Nicácio Ter um segundo idioma, como o inglês, é quase um pré-requisito dentro do mercado de trabalho. Mas você sabe qual é a melhor modalidade para investir tempo e dinheiro? Conversamos com alunos e professores, para ajudar a descobrir qual categoria se encaixa no seu perfil. Se você é iniciante na nova língua ou precisa de tempo para relembrar o que aprendeu, participar de aulas em grupo é uma ótima opção. “Esse tipo de modalidade ajuda os estudantes a não se limitarem a conversar apenas com o professor, mas, sim, com todos seus colegas de classe”, esclarece a professora de inglês e português, Poliana Ferreira dos Santos. “Para iniciar o inglês, é bom ser em grupo, pois você pratica se divertindo. As aulas são mais dinâmicas e você aprende com os erros dos outros também”, diz a assessora de imprensa, Jade Adomaitis, que participa de uma turma de inglês há mais de dois anos.
Outro ponto positivo é que aulas em grupo tendem a ser mais baratas, pois o professor acaba dividindo sua atenção com o restante dos estudantes. Porém, quando o aluno quer aperfeiçoar a bagagem que já possui, as aulas em grupo podem não ser tão eficazes. “Acredito que aulas particulares ajudariam a avançar o meu inglês, pois, às vezes, sinto que tenho que esperar os outros alunos evoluírem para o professor poder evoluir nas aulas”, conta Jade. Além do fato que as em turma costumam abordar temas e atividades gerais, sem focar nas dificuldades de cada um. Já as particulares possuem benefícios para os estudantes que não estão mais no nível básico. “As aulas particulares me dão um aprendizado mais focado nas minhas necessidades e dificuldades, que nem sempre são as mesmas nas em turma, por exemplo”, diz Tatiana Leonel, estudante de jornalismo,
que já participou de ambas as modalidades do curso. Mas as aulas particulares não têm apenas pontos positivos. O custo de cada hora é mais elevado quando comparado com as ministradas em grupo. Por isso, vale a pena o aluno pensar em ter turmas menores, assim o valor tende a ficar mais acessível. Não existe um método ideal para todos. “Depende muito das habilidades de cada um. Alguns se desenvolvem melhor em grupo, outros individualmente. Portanto, varia de acordo com as características de cada pessoa”, revela Poliana. Ainda vale a pena lembrar que independente da modalidade escolhida, o avanço no idioma não é somente baseado na turma ou no professor. Treinar em casa, com filmes, música, escrita, leitura ajudam a aperfeiçoar ainda mais o domínio da nova língua, além de tornar o curso mais agradável e fácil.
Diagramação e Revisão da página: Amanda Nicácio, Marina Nahas, Samara de Abreu, Martina Ceci, Bianca Gonçalves
Amanda Nicácio
Imagem ilustrativa de alunas estudando
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especial Um milênio
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GERAÇÃO Y
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Eles já foram chamados de egoístas, mas são corajosos e estão prontos para mudar o mundo. Ou será que não!? lidar com frustação. “Eles querem informações rápidas e não pretendem seguir o caminho tradicional de uma carreira profissional”, explica Marcos Horácio Dias Gomes, sociólogo e professor universitário. Uma pesquisa feita pela Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), realizada com cerca de 200 jovens de São Paulo, revelou que 99% dos nascidos entre 1980 e 1993 só se mantêm envolvidos em atividades que gostam, e 96% acredita que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. “Estou no terceiro ano da faculdade de direito. Quando me formar pretendo achar algo que faça me sentir confortável e motivado, com uma remuneração capaz de sustentar
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minha futura família. Caso isso não aconteça, pretendo me adaptar a alguma área em que eu possa ser bem remunerado”, conta Daniel Lopes, de 21 anos. Toda essa independência choca e bate de frente com os líderes, vindos de outras épocas, quando se deparam no mercado de trabalho. Outro ponto negativo relacionado ao emprego é que a maioria da geração Y busca a ascensão rápida, boa remuneração e com isso, acabam esquecendo que existem hierarquias dentro da maioria das empresas. O individualismo é outra característica. Também conhecido como “umbiguísmo”, não é de todo mal. Já que graças a esse aspecto, os jovens se tonaram capazes de criar a
autorrealização, ou seja, são capazes de evoluir sobretudo buscando o desenvolvimento de si mesmo. A importância do triângulo pai, mãe e filhos foi substituído por movimentos sociais que buscam os direitos iguais para os homossexuais, perante uma sociedade individualista, que os mesmos, compõem. “Alguns desses jovens se engajaram em projetos ou lutas das grandes cidades, principalmente pelas redes sociais e pelos contatos virtuais. Muitos desses movimentos pensam a mobilidade urbana ou a ecologia, mas nem todos os jovens da Geração Y são engajados, muitos deles são consumistas e alienados dos problemas sociais cotidianos”, conta Marcos Horácio.
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Nasceram junto ao avanço tecnológico, tiveram que se apoiar nas transformações sociais, políticas e pessoais para conseguir dar os primeiros passos e conciliar a infância com o avanço da internet. Jovens que muitas vezes são denominados preguiçosos, distraídos e superficiais, passaram a adolescência e o começo da vida adulta lidando com o bombardeio de informações. Eles aparecem em cena após os anos 1980. São filhos de pessoas que deram “duro” para alcançar seus objetivos e tentaram, a todo custo, não privar os herdeiros de nada. Por esse motivo e pelo excesso de mimo, a geração Y cresceu voltada para o consumo, é totalmente imediatista e não sabe
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Maíra Lobo
A Parada Gay, Movimento Passe Livre e o Vem Pra Rua, mobilizações muito comentadas nos últimos anos, são algumas das buscas sociais que caracterizam a maioria dos jovens dessa idade que lutam pelos seus direitos e clamam por liberdade em suas escolhas. “Espero que toda essa coragem que vejo neles faça com que lutem pelo que acreditam. Mas, também que saibam pagar pelo preço das próprias escolhas”, fala Elisabete Leal de 57 anos, da geração Baby-Boomers.
Realização pessoal é L E I Cláudia Capato Pode esquecer aquele velho pensamento: trabalho em primeiro lugar, construir uma carreira sólida e ter um emprego para toda a vida. O foco agora é ter prazer no que faz, fazer o que gosta, empenhar-se nas atividades e realizá-las com sucesso, ser bem remunerado, ter dinheiro, se sustentar e fazer parte da sociedade. Aqueles que nasceram de 1980 a 1990 têm características próprias que os diferenciam das outras gerações. Eles sabem que conquistar os objetivos não é fácil, então correm atrás dos sonhos. Regras são “impostas” para que o caminho seja trilhado - planejar o futuro, trabalhar para ganhar, criar estabilidade financeira, progresso e, principalmente, a realização pessoal. “Essa geração tem em mente que a autorrealização é o caminho certo. O trabalho não está em primeiro lugar, mas se estão dispostos a trabalhar em algo, pode ter certeza de que vão mergulhar de cabeça e se empenhar, porque eles não são preguiçosos, só não fazem o que não querem”,
comenta Solange Oliveira, psicóloga. A vida pessoal do jovem da geração Y está sempre
profissional, sobre isso hoje não há dúvidas. O estilo de vida é mais importante do que estar dentro do escritório trabalhando. O
em primeiro lugar. Isso fica claro quando se trata de trabalho. Se no passado era importante equilibrar vida íntima com carreira
fato é que o emprego precisa complementar as necessidades individuais e familiares. “Eu quero fazer o que tenho vontade, ter liberda-
de de escolha, buscar meus sonhos e objetivos. Fazer o que eu gosto faz sentido para mim, sem contar que aquilo que eu faço com vontade tem resultados mais rápidos e melhores”, diz Lucca Paolucci, estudante de Ciência da Computação. O Instituto Berlinense de Consultoria Trendence, que é especializado em carreira, estuda há 10 anos o universo destes jovens, realizou uma pesquisa com 320 mil recém-formados para conhecer suas prioridades. O resultado mostrou que a maioria prefere dedicar menos tempo ao trabalho e ter mais tempo para aproveritar a família e os amigos. Pode até parecer que quem pertence a essa geração é individualista, mas não é bem assim. Sim, eles pensam em si próprios e estão focados nas recompensas, entretanto existe uma consciência social que não há nas outras gerações. A preocupação com o meio ambiente e com os direitos humanos faz parte da vida deles. Não se pode generalizar, porém a maioria tem valores e princípios fortes e tenta viver regidos por eles. Giovanna Amalfi
Daniella Cirera
Geração Daniella Cirera
Cenas que retratam o estresse vivido na geração milênio e o que pode motivar as doenças
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A ansiedade, a vontade de conquistar o mundo, a pressão por alcançar o sucesso, o desejo de conservar a estabilidade em casa e em relacionamentos têm feito com que os jovens da geração Y fiquem mais estressados. Isso é o que mostra um estudo feito pela Sul América Saúde em 2015, destacando que os jovens Y têm os mais altos níveis de estresse (moderado e alto), com 37,1 A análise foi feita com 43.641 questionários respondidos por uma população distribuída em 262 empresas clientes do grupo. A Associação Americana de Psicologia (APA) destaca a geração Y como a mais estressada, além de mais ansiosa. Uma pesquisa feita pela APA mostra que as taxas de ansiedade dessa geração duplicam, quando comparadas as de seus pais. O estudo ainda mostra as causas para os níveis de estresse: trabalho, 76%; dinheiro, 63% e relações pessoais, 59%. “O ideal, para o jovem que possui sintomas de estresse, é procurar um auxílio terapêutico. Outras atividades, como meditação e pilates, podem auxiliar na melhora do quadro.
do ESTRESSE
É preciso que os jovens de hoje em dia aprendam a lidar com as frustrações e com esse novo estilo de vida”, é o que afirma Talita Barbosa, psicóloga. O estresse pode ser uma porta de entrada para o surgimento de um quadro depressivo. É que mostra um outro estudo, feito pelo Programa de Atenção Integral à Saúde do Adolescente, da Secretaria Estadual de Saúde, com base em cerca de 300 mil fichas de pacientes cadastrados no sistema. No ranking das dez doenças mais usuais nos jovens da cidade, os distúrbios psicológicos, incluindo a depressão, atingem cerca de 35% dos jovens da cidade. “A vida corrida, os problemas no trabalho e na minha vida pessoal fizeram com
Diagramação e Revisão da página: Maíra Lobo, Cláudia Capato, Daniella Círera, Giovanna Amalfi, Thainá Palheta
que, há dois anos, eu tivesse um nível de estresse elevado, que eu nunca havia tido antes. Isso desencadeou um quadro depressivo, fazendo com que eu tivesse que tomar antidepressivos, calmantes e fazer um acompanhamento psiquiátrico”, é o que conta Paloma Bernardes, estudante de engenharia. Quando acompanhado de outros fatores de risco, o estresse pode ser ainda mais prejudicial à saúde. O excesso de peso e o sedentarismo podem complicar ainda mais a saúde dos jovens da geração Y. O cálculo do índice de massa corpórea (IMC) da base pesquisada pelo estudo da SulAmérica Saúde revela que 37,2% da geração Y apresenta sobrepeso.
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GERAÇÃO Y
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Giovanna Amalfi A grande provocação do mercado de trabalho atualmente é compreender o perfil dos jovens que, há alguns anos, está dominando o meio organizacional com suas aspirações e conveniências. A geração composta por profissionais que geram muito lucro e bons resultados é a chave do futuro das empresas. Mas o que essa geração busca no mundo corporativo? O reconhecimento com os valores da companhia, a transparência das tarefas e o feedback do trabalho são fatores determinantes na permanência em um serviço. Uma pesquisa realizada, em 2009, com 5.560 jovens de seis empresas brasileiras pela Hay Group apontou que 93% consideram o desenvolvimento crucial para ficar na empresa, 75% afirmam ter uma boa relação com os chefes, 71% acreditam nos ideais
da instituição, 70% se divertem ao trabalhar, 42% acham claros os critérios de promoção e 35% dizem ser bem recompensados. As corporações, por sua vez, estão se adaptando a esse cenário. “As instituições estão se reestruturando para conquistar os talentos, elas procuram compreender os princípios desses profissionais, que veem o emprego como uma extensão da vida cotidiana, como um espaço para expor sua criatividade e aprendizado e, não como uma exigência burocrática”, afirma Cinta de Oliveira, analista de recursos humanos. Nascida em uma época de maior prosperidade econômica, a geração tem a tendência de obter seus objetivos com menos esforço do que as antecessoras. Ambiciosos, boa parte dos “Y” já são chefes de equipe. Isso comprova outra característica da geração, a capacidade e espírito de lideran-
ça. Em pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio do Brasil, em 2012, com 85 profissionais de recursos humanos aponta que 80% dos gestores acreditam em um aumento consistente em curto prazo do número de jovens com cargos de liderança nas empresas. Este contexto reflete confiança na vida financeira, muitos millennials acreditam na sua capacidade de alcançar independência econômica a curto prazo com o auxílio de rendas adquiridas fora do ambiente de trabalho. “A corrida para a tão sonhada autonomia faz com que eles busquem uma segunda renda, alcançada por rendimentos de aplicações. Investimentos em poupança, fundos de previdência e ações são algumas das formas que a geração Y achou para garantir a renda passiva”, garante Thiago Garofalo Lucas , economista.
Giovanna Amalfi
NEMtrabalham NEM estudam Matheus Oliveira
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Conhecidos por serem jovens que buscam liberdade, autocontrole e desapego profissional, a geração Y ganhou também outro nome, geração nem-nem. Um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos nem estuda e nem trabalha, segundo dados do IBGE de 2015. “Esses jovens são fruto de uma ocasião inédita no Brasil, afinal, cresceram numa época de melhora social no país, até 2014; fazem parte de um grupo que não possui preparação e qualificação profissional e a sala de aula não é algo que os atrai”, resume Paula Pires, analista de recursos humanos. Ao todo, existem 5,8 milhões de pessoas que se encaixam nesse contexto. A maioria, são mulheres, 3,5 milhões, já os homens chegam ao número de
Que sono!
TÉDIO!
SQN
Matheus Oliveira 1,8 milhão. O impacto é maior entre os mais pobres, em famílias com renda per capita mensal de até 77 reais, os nem-nem chegam a 46%. A diferença também é vista nas regiões do país. No Nordeste, a classe chega aos 36%, seguidos pelo Sudeste 34%, Norte 11%, Sul 10% e, por último, o Centro-Oeste 7%. “A razão de este fenômeno afetar os mais pobres é porque são pessoas que dependem do ensino público para a formação profissional, mas que, em função da má qualidade da educação, se colocam no mercado de trabalho mais precário. Sem qualificação e formação, acabam afastados de ambos”, conta Paula Pires. Outros aspectos devem ser encarados como elementos que
contribuem para esse fator. No caso feminino, a gravidez precoce colabora, pois na maioria dos casos acaba retirando por tempo indeterminado a mulher do ciclo de produção da sociedade. E o formato atual das escolas, que com cursos longos e recheados de teoria ficam cada vez menos atraentes para esse público. “Quando terminei o colégio em 2013, pensei em fazer alguma faculdade que me interessasse, fiz o primeiro semestre no curso de redes da computação, mas logo desisti, pois achei que não me encaixei na área. Desde então, desisti de estudar, e sinto que não existe nenhum tipo de trabalho no qual eu possa me tornar um bom profissional”, afirma Rodrigo Cintra, jovem de 20 anos, que faz parte dessa geração nem-nem.
Outro dia! Que preguiça!
Trabalhar e estudar não faz parte de alguns jovens da geração Y
FAMÍLIA:
Carinho, amor e diversidade
Thainá Palheta Apesar de todas as mudanças comportamentais, os jovens ainda sonham em constituir uma família. O bem-estar e ter uma vida pessoal satisfatória são as principais buscas dessa nova geração. Uma pesquisa feita pela PUC-SP, em 2013, realizada com aproximadamente 1,5 mil jovens entre 18 e 34 anos, mostrou que para essas pessoas o papel do pai e da mãe é unissex, que, em sua maioria, eles não pretendem ter um casamento religioso e não rejeitam nenhuma forma de relacionamento. As relações através da internet cresceram, assim como o número de aplicativos que auxiliam na procura do par. Com o dinamismo sempre presente ao seu redor, essa geração tem em seus relacionamentos uma busca constante do que se deseja tendo em vista o par ideal. Paulo Quesada, de 26 anos, conheceu, há dois anos, sua
noiva Karine Fernandes, de 24 anos, no aplicativo Tinder. “Quando eu comecei a usar o aplicativo nunca ia imaginar que encontraria minha alma gêmea através dele”. O programa de relacionamento funciona através de curtidas, e o usuário escolhe por meio de diversas fotos as pessoas com quem deseja conversar. Vivemos uma época de independência, as pessoas escolhem com quem irão ficar e como irão ficar. Mulheres são mães solteiras e as pessoas podem ter relacionamentos abertos. A família tradicional foi rompida após a década de 80 e agora a busca pelo prazer e por aquilo que a pessoa anseia está cada dia mais presente nos relacionamentos e dentro de casa. “O meu marido é meu maior companheiro, ele sempre esteve do meu lado e eu cresci muito com ele. Somos mais do que um
casal, somos confidentes eu sei quem eu sou ao lado dele e nada me impediria de ficar com ele”, conta Flávio Augusto, casado há cinco anos com Kássio Pereira. Os pais viram amigos dos filhos, tanto que a ideia de autoridade se desfaz nessa geração. As pessoas com quem se estuda e trabalha, mesmo os professores, agora são colegas de estudo, se lida com uma intensa igualdade entre as pessoas. Eu posso te ensinar algo tanto como você pode me ensinar. “Eu sei que os desafios que eu passo no meu dia a dia são enormes, porém eu tenho meus filhos como meus melhores amigos. Sei que posso contar com a Ana Clara, e quero que ela saiba que sempre vai poder contar comigo e que nada muda sem a presença do pai dela no nosso cotidiano”, afirma Lariane Mongestern , mãe da Ana Clara, de 10 anos e do Alex, de nove meses.
Lariane e seus filhos
Diagramação e Revisão da página: Maíra Lobo, Cláudia Capato, Daniella Círera, Giovanna Amalfi, Thainá Palheta
Flávio e Kássio estão juntos há cinco anos
Fotos Thainá Palheta
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vida digital
ano 23 |no5 | setembro/2016
Conectividade que transporta S e j a p a r a e c o n o m i z a r t e m p o o u d i n h e i ro , ô n i b u s , t re n s e m e t r ô s são indispensáveis no dia-a-dia... Ah, e o celular também Carolina Lainara
Caroline Lainara O metrô da cidade de São Paulo transporta cerca de 4,7 milhões de passageiros diariamente. Em fevereiro de 2016, a cidade ganhou mais 4,2 km de faixas exclusivas para ônibus, totalizando 500 quilômetros entregues da operação “Dá Licença para o Ônibus”, que reduziu em 4 horas semanais o tempo gasto com as viagens. Os dados comprovam: o transporte coletivo está em pauta e os investimentos vêm para aprimorar ainda mais o fluxo de veículos nas grandes cidades. Acompanhando os projetos de mobilidade, a tecnologia - melhor, a Internet - aparece como um item tão essencial quanto é o combustível para os veículos. Basta olhar um vagão de metrô, por exemplo, para comprovar a necessidade das pessoas de estarem conectadas. E tudo através de um aparelho portátil, o celular. “A conectividade nos transportes públicos estão caminhando conforme o desenvolvimento das redes móveis aumenta. As tomadas nos ônibus me ajudaram quando eu
precisei usar o celular e não tinha bateria. É muito útil para pessoas que, assim como eu, passam o dia inteiro fora de casa. E o wi-fi é a melhor opção de distração durante a viagem, hoje ninguém quer ficar desconectado, nem por um minuto”, conta Guilherme Higashizima, estudante de engenharia química. Há ainda uma onda de aplicativos que foi lançada para facilitar a vida dos cidadãos, como o Cadê o ônibus, o Moovit e o Coletivo, cujas funcionalidades mostram o itinerário dos ônibus, os pontos de ônibus mais próximos, informações sobre o trânsito e também possibilitam ao usuário administrar o horário em que o veículo passará no ponto, e se já tiver passado, em quanto tempo chegará o próximo. “Não existe mais aquela coisa de sair de casa 20 minutos antes para não perder o ônibus. Todos os dias antes de sair, eu olho o Moovit, vejo em quanto tempo meu ônibus passará e saio 5 minutos antes”, diz Josely Carlinda, auxiliar administrativa.
Entre tantos aplicativos de mobilidade disponíveis, o Moovit se destaca por acompanhar não somente as rotas de ônibus, mas também de trens e metrôs, além de avaliar a quantidade de bicicletas disponíveis em bicicletários e indicar se existem táxis próximos ao usuário. O aplicativo está presente em 60 países, 800 cidades e já possui 35 milhões de usuários registrados. Só no Brasil, são mais de 10 milhões de downloads em 100 cidades de 50 regiões metropolitanas diferentes. “O Moovit atualiza em tempo real informações de todos os tipos de transporte público. Assim, além de planejar rotas e saber o momento exato em que um ônibus irá passar em um ponto específico, o usuário vai poder, primeiramente, escolher o melhor caminho e a melhor forma de chegar a seu destino de acordo com a sua conveniência: viagens mais curtas, menos tempo de trajeto a pé, menos baldeações ou menos troca de veículos”, comenta Alex Mackenzie, diretor de marketing do Moovit. Tatiana Navarro
Só no Brasil, o Moovit possui mais de 10 milhões de downloads em cem cidades de cinquenta regições metropolitanas diferentes, o que faz do país um dos principais mercados para o aplicativo
Tem s que pegar!
Pokémon completa 20 anos e traz uma legião de fãs que cresceram junto com a franquia
Desde 1996 até os dias de hoje, os monstrinhos de bolso não perderam sua popularidade e ainda fazem a alegria tanto dos fãs antigos, quanto conquistam corações das novas gerações
Pikachu e companhia – acredite, hoje eles já são mais de 700 – fizeram parte da infância de muita gente. A série japonesa foi um enorme sucesso na década de 90 e não perdeu sua influência no decorrer dos anos. Do nostálgico game boy ao tecnológico Pokémon Go, os bichinhos vieram para ficar. “O que muita gente não sabe é que foram os jogos (lançados em 1996) que deram origem ao mangá e ao anime (ambos de 1997). E aí, depois do sucesso que o anime fez, o jogo Pokémon Yellow foi lançado para o game boy, inspirado no desenho. O jogo em si parecia bem simples, mas a jogada genial da Nintendo foi não disponibilizar todos os pokémons numa mesma fita. Como não era possível encontrar todos em um único game, você precisava de um amigo que tivesse uma versão diferente da sua para conseguir pegar todos os 151
Tatiana Navarro pokémons os trocando via cabo link. Foram lançados Pokémon Red, Blue e Green, em homenagem a Charmander, Squirtle e Bulbassauro, os iniciais do desenho”, comenta Paulo Matheus Ferro, jogador e colecionador Pokémon desde 2001. Conforme a série cresceu e conquistou mais público, os jogos seguiram o mesmo ritmo, e novas versões para diferentes aparelhos continuavam sendo criadas. “De lá pra cá as versões para os vídeo games de bolso não mudaram nada. A meta é a mesma. O que muda nas versões são os gráficos e a adição de novos pokémons principalmente. Depois a adição de novos mapas (cidades), ampliando o jogo para ter mais durabilidade e não enjoar tanto”, afirma Paulo Matheus. A grande novidade é o lançamento do Pokémon Go. Utilizando dados de localização para introduzir os pokémons
no mundo real, o jogo traz uma experiência nova onde os jogadores devem buscar capturar as criaturas pelas ruas da cidade. O jogo já é sucesso absoluto e além dos fãs fiéis, atraiu também uma nova geração de jogadores. Denis Akel, produtor cultural, jogou as primeiras versões em 1999, e acredita que o perfil dos jogadores evoluiu junto com os games. Além do público fiel que acompanha a série, hoje o jogo já busca novos públicos. Outro lançamento desse ano foi o Pokémon Shuffle, que mira os usuários de smartphones, podendo ser baixado nas plataformas Android e iOS. “Na época dos primeiros jogos tudo era simplificado, como os gráficos e as trilhas sonoras. Hoje em dia os jogos estão bem superiores tecnicamente, mas aquela mesma essência que continua sendo o maior trunfo da série ainda continua lá: muitos bichinhos pra se capturar,” diz.
Um novo espaço para investimentos Aplicativos podem ser um negócio lucrativo, flexível e competitivo Larissa Bosco
Aplicativos na palma da mão, a facilidade de baixar jogos, programas de música e outros apps a qualquer hora e lugar
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Larissa Bosco
Larissa Bosco Depois da chegada dos smartphones passar um dia sem usar algum tipo de aplicativo se tornou quase impossível. Seja para conversar com alguém, verificar redes sociais, pedir comida, localizar o ônibus ou chamar um taxi (Uber). Portanto, investir em um aplicativo é ter a chance de ter um retorno rápido com um investimento baixo, diferente de uma loja ou franquia, qualquer pessoa pode investir, afinal o número de smartphones no Brasil e no mundo cresce cada vez mais, fazendo com que o app ao qual investiu possa alcançar facilmente um grande número de pessoas. Segundo o investidor Rodrigo Achar, alguém que invista 100 mil reais, quando o aplicativo estiver no ar, ele terá um retorno de 3 mil reais ao mês, independente se o app está sendo acessado ou não. Esse valor aumenta caso o aplicativo seja utilizado por mais de 100 mil usuários. Por exemplo, se em um determinado mês o app for usado por 200 mil pessoas, ele receberá um valor de 6 mil reais, se no outro mês 300 mil pessoas o utilizarem, ele receberá 9 mil reais, e assim consecutivamente. Caso o aplicativo nunca passe de 100 mil usuários por mês o seu retorno sempre será de 3 mil reais. Para iniciar seus investimentos em apps é necessário montar um canvas, que na realidade é um mapa que indicara os pontos chaves do seu negócio. São campos que você preenche que buscam responder cinco perguntas:
SEBRAE ajuda os novos investidores a realizarem sua tabela canvas facilitando a criação do seu negócio, indicando pontos fortes e fracos e mostrando uma previsão de como serão seus lucros O que você gera? Para quem? Como você fará isso? Quanto isso te custa? Quanto você receberá por isso? “Você deve ter uma ideia, ver a viabilidade financeira e, principalmente, a viabilidade de sistema. Monte um canvas detalhado, uma espécie de plano de negócio. Ele é feito por um desenvolvedor de aplicativo. E deve procurar os anjos, que são investidores que gostam de correr risco, investindo em aplicativos. Aportando capital e se tornando sócios das futuras empresas criadas á partir dos aplicativos”, afirma Manfred Back, que possui experiência por mais de quinze anos no mercado de capitais brasileiro, atuando como trader, administrador de fundos e economista-chefe. O custo para manter um aplicativo é muito menor do que manter uma empresa de porta aberta com espaço físico nos dias atuais. Muitas franquias já não estão tento o retorno financeiro que conseguiam antigamente, pois além do nos-
so momento financeiro existe uma concorrência muito forte. “As vantagens e desvantagens andam lado a lado. Assim como o aplicativo pode ser interessante aos usuários e em meses estar em milhares de celulares, o mesmo pode acontecer ao contrário, e ninguém se interessar pelo aplicativo. Como vantagem posso também destacar a possibilidade de investir um dinheiro baixo, e a flexibilidade de escolher qual aplicativo quer investir, afinal a proposta por aplicativos é muito extensa. Como desvantagem temos a concorrência que pode criar algo melhor em pouco tempo e nos tomar o mercado ou então como disse anteriormente, o aplicativo não ser de interesse dos usuários”, afirma o professor e investidor Rodrigo Achar, especializado em administração estratégica empresarial. Existem muitos apps no mercado, e tantos outros entram e saem a todo momento, afinal ganhar dinheiro nesse nicho está cada vez mais tentador, mas um
Diagramação e Revisão da página: Caroline Lainara, Tatiana Navarro, Larissa Bosco, Joyce Sales, Nathalia Braga
estudo detalhado deve ser feito antes de se investir. De acordo com Rodrigo Achar, é importante saber se o aplicativo que pretende investir já existe no mercado e qual a força que possui. Caso seja um app muito bem feito e de uma aceitação boa, concorrer com isso pode não ser interessante. O investidor recomenda: “Busque sempre algo que seja novo, ou feito de maneira que irá surpreender e facilitar a vida do usuário”. Outro ponto importante é saber quem irá desenvolver o aplicativo, se é de confiança e se já possui um portfólio, ressalta Rodrigo Achar. Isso é relevante pois muitos apps estão cheios de problemas e causam desinteresse na utilização. Faça perguntas às pessoas que conhece nas redes sociais e tente saber a opinião deles. “Um aplicativo precisa suprir uma necessidade ou então facilitar a vida de alguma maneira. Caso contrário, será mais um no mercado que não terá utilização e seu dinheiro terá ido em vão”, sugere o investidor.
artes
ano 23 |no 5 | setembro/2016
Retratos inclusivos Fotógrafa defende que a beleza não deve ser padronizada. É necessário respeitar toda a diversidade estética
Quando se pesquisa na internet sobre fotografia de moda inclusiva no Brasil, o nome de referência que aparece é o da fotógrafa Kica de Castro, em que trabalha com isso há mais de 14 anos. De forma dinâmica ela interage com as suas clientes que possuem muita beleza e algum tipo de deficiência física transformando itens como cadeiras de rodas, muletas, próteses, em acessórios indispensáveis para os seus ensaios fotográficos. O início da trajetória ocorreu por meio de alguns pacientes do Centro de Reabilitação que Kica trabalhava que ao ver o trabalho de fotografia que ela realizava, solicitavam books a parte. É comum nos editoriais de moda encontrar a presença de mulheres com padrões estéticos homogeneizados. O photoshop é uma prática usual entre os fotográfos, mas a agência Kica de Castro abre mão disso e valoriza a beleza real da modelo a ser fotografada, abusando do cenário, da luz e da criatividade.
Danielle Lobato A jovem Rayane Landim de 24 anos, colunista da revista Tendência Inclusiva, formada em direito pela universidade São Judas e portadora de paralisia cerebral conta como foi a experiência de ter sido fotografada. “Conheci a Kica com 8 anos de idade no centro de reabilitação, posar para a câmera aconteceu na transição de criança para mulher explicitada em minhas unhas grandes e vermelhas. A experiência foi ótima, pois despertou um verdadeiro mulherão adormecido. As fotos, o trabalho e a moda em si mostram como toda a temática inclusiva ainda é algo a ser desenvolvido mais amplamente. É preciso saber que beleza e deficiência são adjetivos que podem e devem caminhar lado a lado”. Em alguns lugares do mundo há projetos de incentivadores abordando sobre a inclusão, na Alemanha, por exemplo, há um concurso, ‘A mais bela cadeirante’. Foi com base em muitas atividades vistas de perto por ela, que a empreendedora tirou inspirações
Kica de Castro
Ensaio fotográfio de Rayane Landin mostra o valor das diversas formas de inclusão social
também e trouxe para o Brasil, uma agência que além de fazer fotografias de mulheres com deficiência física, não abre a mão do bom gosto e ainda agencia modelos para desfiles. O principal obstáculo enfrentado pela artista são as escassas ações de incentivo de inclusão social na indústria nas passarelas aqui no Brasil além do preconceito. “Sem dúvida o meu maior desafio é bater de frente com uma das piores deficiências da humanidade: o preconceito. Creio que muitas pessoas ainda ignoram o potencial desses profissionais, por isso todos os dias fazemos a nossa parte, de mostrar que eles são capazes. Por meio de exposição fotográfica, editoriais, palestras, ou simplesmente um e-mail apresentando os profissionais. A moda é um produto e como tal precisa ser consumido. Pensem na inclusão de quase 46 milhões de consumidores com algum tipo de deficiência. Beleza não é assunto para ser padronizado, respeitem toda diversidade estética”, defende Kica.
A arte da degustação Da máscara aos pincéis e harmonização de vinhos O corpo como uma tela à espera da criação de um personagem cinematográfico Isabela Guiaro
Elementos básicos equivalem às sensações gustativas prevalecendo sobre os aromas
Beatriz Lisboa
O filme se passa no meio do apocalipse zumbi, mas sabemos que ninguém parece um monstro na vida real. De repente, um longo espaço de tempo é cortado, mas o ator, obviamente, não envelheceu. Agora, um grande crime aconteceu e é necessário encontrar sangue. Depois de pensar em todas essas cenas, você já havia reparado o quão importante é a maquiagem artística para o cinema? A caracterização é uma importante parte de uma narrativa, pois ajuda a afirmar a veracidade do que está sendo mostrado. A técnica é, geralmente, mais utilizada em produções sci-fi e terror, pois exigem a criação de personagens de maneira realística, mas que não existem de verdade. “A maquiagem ajuda, e muito, depois da criação e composição de um personagem. Ela faz envelhecer, ficar ‘feio’, trocar de sexo, entre outras coisas. É, desde os tempos do
cinema mudo, uma ferramenta importante”, afirma o cineasta Michael Ruman. Sem esta produção artística seria mais difícil convencer o espectador que a cena aconteceria na vida real. Para o maquiador Acauã Malta, este é um ponto crucial para dar a credibilidade de um filme. “As pessoas vão ao cinema e ao teatro para escapar de suas realidades e ingressar em uma aventura temporária e, se ela não está boa, a sensação pode ficar artificial e desagradável”, comenta o artista. Os materiais utilizados podem variar entre os produtos de maquiagem convencionais, como bases, sombras e batons, a gesso, clay, látex, gelatina, glicerina e cola bastão. Para casos como sangue falso, existem várias técnicas como groselha ou xarope de milho com um pouco de chocolate em pó. A aplicação pode durar de três minutos a cinco horas, dependendo da situação.
Fazer maquiagem em outras pessoas e em si mesmo, porém, exige diferentes maneiras de produção. “No seu rosto, você precisa de uma noção espacial muito diferente. Maquiar outra pessoa é mais simples, diria que dá para ver melhor o que você está fazendo”, diz Acauã. O maquiador, além de trabalhar em videoclipes e filmes independentes, também tem experiência em caracterização de drag queens. Ele afirma que nessa modalidade a quantidade de produtos utilizados pode ser muito maior. Ainda há a necessidade do uso de perucas, figurinos e acessórios que acompanhem a composição da personagem. “Esta técnica envolve muito conhecimento anatômico (formato da ossatura craniana) saber onde vão as luzes e sombras, côncavos e convexos, isso e os normais padrões de beleza que vão ser transformados na sua versão de beleza”, explica Acauã. Acauã Malta
Vinhos sendo degustados Beatriz Lisboa Todo amante do vinho já viveu uma situação de dúvida a respeito de qual vinho escolher para harmonizar com determinado prato. Nessas horas, devido ao grande número de possibilidades de harmonização com os alimentos, estar por dentro da cultura do vinho é necessário. “Selecionar o vinho pode ser comparado a escolha de uma bela lingerie. Deve ser algo muito minucioso, insinuante, mas em hipótese alguma revelar sua real intenção e depois de muito bem apreciado, em ambas situações é possível beber em outras fontes”, diz Gustavo Pucci Shaumann, sommelier. A degustação é dividida em três fases: análise visual, análise olfativa e análise gustativa, obrigatoriamente nesta ordem. Pode parecer trivial, mas é importante também como segura-se a taça nunca pelo corpo do copo e sim pela base ou pela haste. Para não alterar a temperatura do vinho e para não sujar o copo, dificultando a visualização do vinho.
Na análise visual deve-se colocar 1/3 de vinho na taça e apreciar ao nível dos olhos. Quanto a intensidade, ele pode variar sua cor, dependendo da uva, idade e extrato. A sua tonalidade indica seu grau de maturidade. Um vinho branco por exemplo, fica mais escuro com o passar do tempo, já o vinho tinto fica mais claro com seu envelhecimento. Se o líquido é visivelmente mais grosso (não muito transparente), você já pode esperar por um vinho mais “encorpado”. É análise olfativa que vemos o famoso gesto de girar a taça de vinho. Esta ação é executada para que o vinho libere seus aromas. Quando você parar de agitar o vinho, espere alguns segundos e coloque seu nariz diretamente na taça e aspire.O vinho tem aromas diversos do de uva, a análise de seus componentes voláteis revela as mesmas moléculas que criam aromas que nos são familiares. Veja alguns exemplos: rosa, cereja, ameixa,
amora, framboesa, maracujá, banana, pêssego, mel e baunilha. A análise gustativa onde sensações gustativas revelam quatro sabores: doce, salgado, ácido e amargo; a sensibilidade cutânea nos dá sensações táteis (adstringência, aspereza e maciez ou suntuosidade), térmicas e dolorosas, que poderíamos definir como complementares. Ao beber, o degustador deve manter o vinho na boca por cerca de 15 segundos para que as diferentes regiões da bochecha e da língua possam curtir a bebida – e identificar as distintas sensações, como doce, salgado, ácido e amargo. Depois, repete-se a dose. É só nesse momento que as percepções anteriores são confirmada. “Facilmente pode-se encontrar uma extensa serie de vinhos, com diferentes sabores e aromas porque conforme o tempo e o tipo de envelhecimento, o vinho pode apresentar determinadas características o que cria uma classificação particular”, diz Hugo Miaratari, sommelier.
Dicas gerais de harmonização de vinho com comida: 1. Com carne branca, harmonize o vinho de acordo com o molho da carne. 2. Tintos com taninos fortes hamonizam bem com carnes ricas em sabor como pato e linguiça. 3. Comidas terrosas pedem tintos terrosos. 4. Tem gosto de limão, harmonize com um vinho branco. 5. Comidas apimentadas combinam com vinho que não sentimos muito o álcool.
Diagramação e Revisão da página: Isabela Guiaro e Beatriz Lisboa
Cola, gesso e base da montagem de um personagem
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esporte & lazer
A ascensão dos gladiadores contemporâneos
ano 23 |no 5 | setembro/2016 Ilustração de Mateus Alecrim
Com forte investimento em publicidade, eventos de MMA começam a rivalizar com o futebol na preferência dos brasileiros Guilherme Vieira Do início dos anos 90 até os dias atuais, o MMA (Mixed Martial Arts, ou Artes Marciais Mistas em português) passou por diversas mudanças, evoluções e crises. Visto por muitos como um esporte com características muito similares ao popular “vale-tudo”, ele já sofreu com muita rejeição por parte do público. Entretanto, após várias mudanças e ajustes de regras para garantir a integridade física de seus praticantes, e grandes investimentos na imagem do esporte, atualmente a modalidade atravessa um momento muito
mais favorável. Impulsionado pelo crescimento massivo do UFC (Ultimate Fighting Championship), maior e mais popular evento, as artes marciais mistas ganharam grande espaço tanto na mídia como na preferência dos brasileiros. “O MMA trouxe novidades a um mercado já cansado de mesmices. O público via o antigo vale-tudo como uma briga de rua, muito sangrenta e suja, que o MMA está mudando com uma imagem de esporte limpo e que mostra seus lutadores como amigos após o fim das lutas”, afirma Jairo Ricarto, lutador de jiu-jitsu.
Fundado em 12 de novembro de 1993, o UFC, que possui base nos Estados Unidos, se tornou uma das principais marcas de eventos esportivos e é um dos líderes de assinaturas de pay-per-view, tendo vários acordos de televisão a cabo em mais de 150 países no mundo. Em 2015, o UFC 194, realizado em Las Vegas, atingiu o recorde de arrecadação da organização, com renda de 10 milhões de dólares. Antes disso, a maior renda havia sido registrada na edição 189, com 7,2 milhões. Além disso, o UFC investe muito em seu próprio
reality show, o “The Ultimate Fighter” (TUF), programa que retrata a formação de vários lutadores novatos. O TUF, que começou em 2005, já teve 18 temporadas realizadas nos Estados Unidos e três no Brasil. Há ainda uma forte tentativa de aproximar o público dos eventos. Um dia antes de cada luta, há a realização de uma pesagem dos atletas. Eles são colocados frente a frente para fazer a famosa “encarada” e promover o combate. Essa prática é conhecida muito por acirrar os ânimos e a rivalidade
entre eles, o que é visto por algumas pessoas como um excesso de “teatralidade”, como diz Victor Ferrari, formado em publicidade. “A forma como o UFC faz os atletas cederem coletivas juntos alguns dias antes das lutas, e o excesso de troca de provocações entre os mesmos, na maioria dos casos, também são parte da estratégia deles de atrair mais pessoas para o evento. A publicidade feita por eles tem muitos pontos fortes, mas acho que esse teatro não é um deles”, completa Victor.
Acqua Parque Juventus Não é boliche sem pinos, é nova atração do clube
Fotos: Assessoria Juventus
Clube tem mais de 30 anos no bairro e inova no modelo de parque aquático para atrair novos sócios Felipe Paciullo O tradicional Clube Juventus, na Mooca, zona leste de São Paulo, acaba de reinaugurar seu conjunto de piscinas. O projeto que começou em outubro de 2015 teve finalização em março deste ano e agora conta com atrações que buscam oferecer mais entretenimento aos frequentadores do espaço privado. A fim de estimular seus usuários a circularem por todo o conjunto aquático, o clube procurou diversificar a linha de brinquedos distribuídos no lugar. No total são nove atrações que vão das infantis às de uso adulto. O clube mostra ter reconquistado clientes depois da modernização. Paola Martino, designer, frequenta o local com seu namorado há cinco anos e hoje usa as piscinas mais do que antes. “Vinha aqui nadar e me divertir. Era bom, mas agora com esses brinquedos aproveito mais porque dá mais emoção”, conta Paola, moradora da Mooca. Numa jogada de marketing, algumas das novidades levam o primeiro nome do parque, como a Acqua Rampa, que forma filas de pessoas em busca de diversão. O brinquedo se parece
Murilo Trivella
“Jogo há muitos anos. É algo que me relaxa e me permite conversar com meus amigos. Esse esporte está na minha família desde que meu pai começou a jogar, quando viemos pra São Paulo, em 1975”. Em um primeiro momento você pode achar que João Manrique, de 78 anos, está falando de algum esporte mais convencional, como futebol ou basquete. Porém, não é bem assim, ele é praticante de um esporte pouco conhecido das grandes massas, mas muito popular em algumas partes do país, principalmente entre os imigrantes italianos: bocha. A bocha consiste em um esporte disputado por duas equipes formadas por quatro pessoas ou por apenas dois jogadores, um contra um. Os atletas competem em uma pista de formato retangular, com seis bochas (bolas) para cada lado no formato de equipes e quatro para cada no individual. Durante a partida, as bochas, que podem ser feitas de
madeira ou resina sintética, são arremessadas a modo de ficarem mais próximas do bolim (pequena bocha). Mediante a aproximação, o jogador que mais conquistar pontos e tiver com seus tentos melhor posicionados, vence a partida. No Brasil, o esporte se instalou na região sudeste do país, em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por serem de grande concentração de imigrantes italianos. O primeiro Campeonato Brasileiro de Bocha aconteceu em 1964, com a participação de seis equipes de estados diferentes, com os gaúchos se consagrando campeões. “Conheci o esporte com meu avô, ainda quando eu era criança. Ele joga desde que me conheço por gente, então foi natural aprender as regras e o jogo”, diz Pedro Fiuza, de 23 anos e conhecedor da modalidade. Um dos grandes nomes da bocha brasileira, João Mazzer, mais conhecido como João do Salto, tem cinco títulos dos Jogos Abertos do Interior e dez campeonatos brasileiros, o que
Murilo Trivella
Bolas de bocha são de cerâmica lhe rende outro apelido: o Pelé da Bocha. Atualmente, o esporte é organizado no Brasil em quatro níveis: masculino, feminino, jovens e seniors. É uma das modalidades presentes nos Jogos Mundiais, evento que engloba todos os esportes que não estão presentes nas Olimpíadas, e nos Jogos Paraolímpicos, o maior evento esportivo do mundo para pessoas deficientes. Murilo Trivella
Crianças foram as “mais” presenteadas na ação ousada do clube com um half pipe, mas no lugar do skate, o usuário desce numa boia pela rampa de quase nove metros de altura. Outra opção para se refrescar no local, além de mais dois antigos toboáguas agora reformados, é uma cascata formada pela queda de um grande balde. Quem ficar embaixo leva, literalmente, um balde d’água. O espaço conta com serviço de três salva-vidas e tam-
Personagens do universo infantil animaram inauguração do parque
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é bocha mesmo!
bém seguranças para apoio, já que a circulação de crianças aumentou por conta dos brinquedos. São duas duchas, uma em formato de cogumelo e uma bengala à la Willie Wonka, e, ainda, o quarteto de escorregadores pelicano, sapo, baleia e polvo, que por suas cores e tamanhos atraem os olhares dos pequenos. Para Alexandre Baptista, advogado, seu filho terá mais lazer e ele mais descanso. “A gente vem aqui jogar bola, comer e passar um tempo. Agora no calor eu acho que quem não vai parar quieto vai ser meu filho, que adora piscina. E eu vou ficar com a minha esposa sentado na beirada, só olhando”, diz rindo o pai do garoto Lucas Baptista, de seis anos. O clube está otimista em relação ao investimento, que já rendeu o resultado de trezentos novos filiados desde dezembro. Para acompanhar a levantada, a outra novidade que o Juventus prepara ainda para 2016 é a reforma de seu estádio, que irá ter capacidade para mais de dez mil torcedores nas arquibancadas.
Campo no Parque da Mooca, bairro da zona leste de São Paulo reúne jogadores aos finais de semana
Diagramação e Revisão da página: Felipe Paciullo, Giacomo Vicenzo, Guilherme Vieira e Murilo Trivella