Expressao 7 setembro 2016

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ano 23/número 7 setembro/2016

jornalismo universitário levado a sério

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jornal laboratório do 4º ano de jornalismo

usjt

Respeitável público... O circo chegou! Conheça os bastidores desse fantástico mundo


#hashtag

ano 23 |no7 |setembro/2016

#caro leitor,

O espetáculo não pode parar!

#fração de segundo fotolegenda

Hoje tem diversão? Tem sim senhor! Hoje tem alegria? Tem sim senhor! Hoje tem Expressão? Tem sim senhor! A nova edição do jornal laboratório feito por alunos e alunas de jornalismo da São Judas traz a arte do circo na reportagem Especial. Impossível não ter boas lembranças relacionadas ao mundo do circo. Geralmente na infância, todos já nos deliciamos com as fantásticas fantasias que o mundo sob lonas nos remete. Nossa equipe de repórteres entrou nesse mundo para saber detalhes sobre a história do circo, a diversidade de profissionais que fazem toda a engrenagem funcionar. Conhecemos famílias que há gerações se dedicam ao palco. Descobrimos também que o circo existe além do próprio espetáculo. Como? Bem, há ONGs que alegram vidas tomando a arte circense como referência. Há academias que apostam em atividades físicas inspiradas em trapézio, por exemplo. Vamos abrir as cortinas do espetáculo? Venha conosco!! Mas o mundo não é feito apenas de alegrias. Na editoria Educação, vamos enfrentar o problema da matemática, o bicho papão da maioria dos brasileiros. É um drama para muitos, mas há pesquisadores e educadores empenhados em fazer essa ciência ganhar os corações dos estudantes. Leia a reportagem para você saber como. Já em Vida Digital, falamos sobre a curtíssima vida útil dos celulares. Estes aparelhos que fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros, mas que são facilmente descartados por novos modelos, com novas tecnologias. Em Artes, vamos conhecer uma experiencia que une terapia, recuperação de memória e diversas técnicas artísticas. Por fim, na editoria de Esporte&Lazer destacamos uma reportagem que aborda a difícil rotina da vida de ginasta. No mundo da ginástica artística, os treinos devem começar ainda na infância, entre 5 e 8 anos. É uma modalidade esportiva que exige muitos sacrifícios e grande dedicação. Que tal? Muitas reportagens super interessantes, não é? Então, tenha uma ótima leitura!!

Conheça São Paulo Está de bobeira em São Paulo e não sabe o que fazer? Vá ao Estádio do Pacaembu! Com o Museu do Futebol aberto aos amantes e curiosos por futebol, exposições e troféus são palavras-chave do passeio. Conheça, descubra e observe São Paulo como nunca antes. Bruna Nunes - aluna do 40 ano de Jornalismo - Campus Butantã

Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos

#protagonista

#fica a dica

Ionilton,

Brasil: uma História Cinco séculos de um país em construção Maíra Lobo

o guardião da Vila Fotos: Arquivo pessoal

O Projeto Varre Vila, na zona leste de São Paulo, foi idealizado por Aragão

Danielle Lobato -Aragão saí aí! Aragão, aparece! Foi assim que os moradores da comunidade Vila Santa Inês, na zona leste de São Paulo, despertaram Ionilton Gomes Aragão em sua casa. O local onde eles estavam era um espaço cheio de pontos de lixos com ratos, baratas, animais mortos etc. Quando ele saiu, trajava uma camiseta, calça jeans e chinelo. Os vizinhos logo se entreolharam e despejaram as suas interrogações com um tom de insatisfação. O grupo tinha acabado de vir de um órgão público e lá havia recebido a informação que Ionilton era o responsável pela situação de calamidade na qual o bairro se encontrava. O baiano arretado soltou um ‘Oxênte menino’. E, completou: Eu? Eu não!! Mas, após a saída dos vizinhos de sua porta, aquela situação ficou martelando a cabeça desse senhor que já estava inconformado com aquela vivência. O resultado desse pensamento foi a limpeza no bairro. Foi aí que nasceu um projeto que já perdura quatro anos, o Projeto Varre Vila. Com um sorriso nos lábios, Ionilton, mais conhecido como Aragão, entrava, puxava a cadeira e, com diálogos de fácil entendimento para quem estava ali, passava a informação sobre a coleta do lixo e a importância da mudança que precisava ser feita. Nessas conversas, o líder comunitário percebeu que o real problema estava na falta de informação que os moradores não tinham sobre o meio ambiente, separação, do lixo e a não cre-

dibilidade que davam aos serviços públicos. Aqueles que davam atenção ao que Aragão dizia em maior parte eram as donas de casas, idosas, senhores e até mesmo as crianças. Os jovens, no começo, estavam relutantes com a possível mudança. A iniciativa de Aragão não parou somente nas conversas com os moradores, mas perdurou em ações como a de vigilante do lixo, com a ajuda de um amigo, Sérgio Gomes. Juntos, eles arquitetaram algumas ações e que hoje fazem parte do Projeto Varre Vila. O acúmulo do lixo vinha do não cumprimento dos moradores em respeitar os horários das coletas. Aragão ficava na rotatória mais conhecida como ‘Bola’ e exclamava: “nada de lixo por aqui, levem de volta para as suas casas, esperem a hora certa para colocar!!!!” Os vizinhos perceberam que a ação de combate à sujeira estava dando certo e começaram a unir forças juntamente com Aragão. Não é preciso ir muito longe para conhecer a história de vida do educador ambiental Ionilton Aragão Gomes. O lugar onde vamos encontrá-lo é na sede do Projeto Varre Vila, na comunidade Vila Santa Inês. Lá, ele é conhecido por todos os moradores. Nas redes sociais não é diferente. Quando se coloca em pauta o acumulo do lixo e o despejo incorreto, o nome de Aragão é sempre lembrado. Sua liderança é inegável. Ele é o guardião do bem estar da comunidade.

“Lula se anunciando como pai do povo no horário eleitoral é uma repetição de Getúlio Vargas”, este é um trecho do livro Brasil: uma História – Cinco Séculos de um País em Construção, do autor Eduardo Bueno. O livro é indicado pela professora universitária Silvia Cavalli, socióloga e mestre em Comunicação Social. A obra conta o panorama de toda a História do Brasil, do descobrimento em 1500 ao governo Lula em 2010. Essa versão, relançada em 2015 é uma edição atualizada do livro lançado em 2010. A cada capítulo do livro, uma parte das tramas políticas brasileira é contadas com uma linguagem interessante e atraente para aqueles que gostam de história. “Eduardo Bueno é um jornalista, estudioso e procurou fazer um livro de História do Brasil, fugindo da linguagem acadêmica, com aquela narrativa séria. Ele utiliza uma narrativa leve e atraente, onde conta e explica quem são os principais personagens da nossa história”, diz a professora. Para quem quer voltar no tempo e conhecer o que aconteceu nos bastidores políticos e descobrir o que se passava por trás das aparências, essa obra é uma ótima opção. Brasil: uma História – Cinco Séculos de um País em Construção procura apresentar de forma íntima e diferente, grandes nomes, como Dom Pedro II, Getúlio Vargas, Lula, entre outros. Ainda segundo Silvia Cavalli, o livro é indicado para quem concilia o prazer da leitura com a paixão pela História. “Quem gostar de ler e tiver interesse em saber como certas revoluções ocorreram e como

expediente

Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Capa Arte: Augusto Bolsoni

foi a História do Brasil, desde da época de Colônia, Império e mais recente, agora na República. É um livro muito gostoso de ler, porque ele vai contando e abre boxes para falar de eventos que aconteceram no intervalo ou no meio desses períodos, como por exemplo a Semana de Arte Moderna em 1922. ” Graças à obra podemos perceber que alguns acontecimentos que estamos vivendo nos dias de hoje, têm semelhanças com tempos atrás. “Se olharmos para a crise atual vemos o toque daquelas crises do início do século XX”, relembra Silvia Cavalli. O leitor consegue perceber que a história como um todo, não é um fato isolado. Mas sim, vem de uma sequência de acontecimentos que nos acompanha há muito tempo. Apesar de muitos acontecimentos citados nessa obra já serem temas abordados em vários livros acadêmicos, Brasil: uma História – Cinco Séculos de um País em Construção traz curiosidades de um passado que nunca foram reveladas antes, como o dia a dia do cangaceiro Lampião e sua mulher Maria Bonita.

Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667

As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.

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Diagramação: Profa Iêda Santos


Educação

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√ 1225? 10x² - 2x + 5x = x 1...2...4...6...5 13x² - 7x + 4x + 9x = x 6 x 4 = ??

Brasil: difícil de contar Grande parte dos brasileiros se vê em apuros para resolver contas básicas de matemática Giacomo Vicenzo

Entendida por uns e incompreendida por muitos, mas essencial a todos. A matemática mais do que ajudar a fazer contas é vital para o raciocínio lógico e para o cotidiano. Porém o domínio dela tem se mostrado um desafio para a população brasileira. Dados da pesquisa realizada no ano de 2015, em 25 cidades pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontam que 75% dos entrevistados com mais de 25 anos não sabem fazer contas simples, 63% não conseguem responder perguntas sobre percentuais e 75% não entendem frações. A pesquisa aponta que o brasileiro não gosta de matemática. O país tem um dos piores desempenhos na educação

básica. Apesar desse quadro, em contraponto temos uma Medalha Fileds concedida a Arthur Ávila Cordeiro de Melo em 2014, pesquisador do IMPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada). Portanto, ainda há esperança. A Olímpiada Brasileira de Matemática está em sua 38ª edição e é aberta a todos os estudantes. O principal objetivo do projeto é interferir de maneira positiva no ensino da matemática no país, ajudado a descobrir jovens com talentos matemáticos e colocá-los em contato com instituições de pesquisas de alto nível. “Quando eu estudava em escola pública falavam mais sobre as Olímpiadas de Mate-

mática, mas eu nunca participei nem nunca conheci ninguém que tivesse participado. No ensino fundamental eu não tive muita base na matéria. Mas no ensino médio as aulas foram o suficiente, apesar de algumas dificuldades eu me saio bem”, diz a estudante do nível médio Thaissa Cassiana Oliveira. As Ol í mpi adas de Matemática ganham em 2016 uma secretaria localizada no IMPA no Rio de Janeiro, que ajuda a centralizar os trabalhos de divulgação e coordenação das atividades olímpicas. Além disso, desde 1998 a revista Eureka!, criada em parceria com a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), é distribuída nas escolas, para ajudar os alunos nos

Fundação promove oficinas de rádio gratuitas no Ipiranga

Projeto Conectados oferece diversos cursos, entre eles o de Locução Esportiva Murilo Trivella

Alunos do curso de locução esportiva realizam exercício prático nos microfones usados em rádio web

Murilo Trivella A Funsai (Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga) dá uma oportunidade para que as pessoas que desejam adquirir conhecimento na área do Radialismo tenham uma oportunidade é através do projeto Conectados, que além de uma rádio online, oferece duas oficinas promovidas de forma gratuita: são as de Rádio e Locução esportiva. “Comecei o Conectados cinco anos atrás, quando minha irmã me incentivou a apresentar e criar o projeto. Hoje temos turmas lotadas, com cerca de 170 interessados só esperando”, disse Rafael Schimidt, idealizador, professor do cursos semanais e principal responsável pelo projeto. Durante a semana, a oficina de Rádio traz toda a parte pratica. O objetivo é preparar o aluno para eventuais oportunidades no mercado de trabalho. Em sua grade, constam aulas de sonoplastia, produção,

interação com o equipamento, por exemplo. Aos sábados, acontecem as oficinas de Locução Esportiva. Ali, os alunos passam por um modulo onde aprendem, em torno de oito meses, todos os pontos que acompanham a profissão, desde a produção da lauda até a locução de fato. Na grade, estão inclusos temas como elaboração de entrevistas e textos, até reportagens e transmissões de jogos. No comando das aulas de Locução, está Raony Pacheco. Formado em jornalismo na própria USJT, trabalha como locutor da WEB Radio Mooca, na transmissão de jogos do Juventus-SP, tradicional clube mooquense. Recentemente, ele ganhou o prêmio de melhor narração esportiva do ano, dado pelo canal Sportv, e acabou vencendo importantes nomes do meio como José Silvério, da Rádio Bandeirantes. “ Aqui prezamos muito a

parte prática. Acreditamos que tudo deve ser feito e refeito para o aluno aprender”, disse Raony. Além disso, existe a Rádio Conectados, que é feita pelos responsáveis e até ´pelos ex-alunos dos cursos. Na programação, uma variedade de programas é transmitida, variando o foco de reggae até jogos eletrônicos. A procura é grande por pessoas que desejam ou já atuam no mercado de Comunicação Social. A ideia da maioria é adquirir novos conhecimentos e retornar ao mercado de trabalho mais experientes. Para se inscrever nas oficinas, é preciso comparecer à sede do Conectados, na rua Clovis Bueno de Azevedo, número 15, bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo. Após a inscrição, é feito todo um acompanhamento da pessoa até que ela entre na lista de espera do programa. As turmas contam em média com 15 alunos cada. Murilo Trivella

Estúdio da rádio Conectados; grade também é produzida por antigos alunos dos cursos dos projetos Diagramação e Revisão da página:

estudos da disciplina e prepará-los para as provas em diferentes nivéis. “A educação básica é muito importante para a construção da cognição lógica, por isso é importante aprender matemática desde cedo. Assim a assimilação da criança aos números e contas fica mais fácil”, afirma a pedagoga Caroline Silva Santos. Em 2017, de 12 a 24 de julho, no Rio de Janeiro, o país dará um grande passo ao sediar a Olímpiada Internacional de Matemática (OIM) que deve reunir mais de oito mil jovens de diferentes lugares do mundo com talento nessa disciplina. Informações sobre as inscrições no site Olímpiada Brasileira de Matemática- ww.obm.org.br

Giacomo Vicenzo

Pesquisa aponta que 75% dos brasileiros não sabem fazer contas

Reflexão Punição? OU

Novas medidas socioeducativas em escolas privadas visam mudar a mentalidade de alunos indisciplinados e torná-los responsáveis

ilmicrofono.it

Medidas severas tomadas pelas escolas podem atrapalhar o rendimento dos alunos no dia a dia

Guilherme Vieira Colégios implementam novas ideias para fazer estudantes que infringem regras se redimirem, e, além disso, contribuírem para um ambiente escolar mais saudável. Essas medidas socioeducativas têm sido usadas como uma nova forma de punição, que também visa ensinar aos jovens que seus atos geram consequências e eles precisam aprender a lidar com o problema. Exemplos disso são iniciativas em que os alunos fazem atividades como organizar livros da biblioteca escolar, ajudam colegas mais novos e montam projetos de pesquisa. A coordenação de algumas escolas oferece aos pais dos jovens esse tipo de atividade para que eles se responsabilizem em contraponto às tradicionais advertências e suspensões. As punições alternativas não são as únicas novidades apresentadas por essas escolas. Em alguns colégios, quando há casos de indisciplina, a coordenação não chama para si a tarefa de ligar para os pais e informar o acontecido. Ao invés disso, os estudantes fazem relatórios explicando o que houve, como se

Felipe Paciullo, Giacomo Vicenzo, Guilherme Vieira e Murilo Trivella

sentiu, o que o motivou a tomar tal atitude, e depois os apresentam para os pais dos alunos. “Pessoalmente eu gosto dessas novas alternativas, porque elas mostram as crianças que tudo o que elas fazem tem consequências e podem despertar nelas um senso de responsabilidade desde pequenas. Mas acho

“Responsabilidade em contraponto às tradicionais advertências e suspensões” que cabe às escolas, e aos pais também, ser duros quando necessário”, afirma Elane Silva, mãe de dois filhos pequenos. Entretanto, há opiniões contrárias a essas iniciativas. De acordo com os críticos, tarefas essenciais para a vida escolar dos alunos e seu desenvolvimento não podem ser usadas de forma

a puni-los, como afirma Ayla Meireles, professora de comunicação empresarial: “Sinceramente, eu acredito que este tipo de atividade deve ser incentivada como uma tarefa essencial e não como uma punição. Escolas, ou até pais que aderem a este tipo de punição, ao meu ver, querem é se livrar da responsabilidade da execução da tarefa ou preferem atalhos no projeto educacional.” Violações de conduta e mau comportamento são elementos que fazem parte da vida escolar das crianças e adolescentes. Existem casos e casos, alguns mais leves, outros mais graves. Assim como há alunos que quebram regras apenas uma vez, e outros que têm uma tendência e propensão para a desordem. Tradicionalmente as escolas punem tais atitudes de acordo com a gravidade da infração. Na maioria das vezes o aluno recebe uma advertência que deve ser entregue aos pais para que eles tomem ciência das atitudes do jovem. Situações mais graves e, ou, recorrentes são punidas de forma mais severa, por meio de suspensões ou até mesmo expulsão da escola em casos mais graves.

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s

especial

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CIRCO

A diversao vai comecar! s

Moças . s e r o h s e sen inos e me- , a r o h n n e o Se Públic zes. M e rapa espeitável spetáculo R ninas. ! O maior e omeçar o c atençã rasil já vai B do A cortina se abre e as luzes se acendem. Palhaços animados entram em cena, correm de um lado para o outro, dando cambalhotas e piruetas, revezando com os malabaristas. O mágico, congela olhares e num passe de mágica, tira uma infinidade de lenços da cartola. Lá no alto, os equilibristas desafiam a gravidade e os trapezistas voam sem medo. O circo chegou! O circo contemporâneo é apresentado com características inovadoras: a técnica dos artistas com acrobacias quase impossíveis, os elementos teatrais, a trilha sono-

ra e uma sequência lógica, são como um fio condutor para o espetáculo. Um bom exemplo disso, é o Cirque du Soleil, o maior circo do mundo, com mais 5 mil funcionários e mais de 1300 artistas de diversos países. Como existem circo espalhados por todo Brasil, é difícil saber com exatidão, quantos são, mas segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2000, mais de 2 mil pessoas realizavam atividades relacionadas ao circo. Dentre os maiores no país estão o Stankowich, Circo Spacial e Circo Maximus. A arte circense é acompanhada por diversas associações que objetivam utilizar a arte como ferramenta educacional. “Na nossa Associação nós temos vários artistas cadastrados, palhaços, mágicos, ilusionistas, trapezistas, malabaristas. O objetivo principal é mostrar o circo como ele é em sua essên-

A arte circense vista de todos os ângulos Martina Ceci

cia”, diz Felipe Nunes, participante da Associação Circo. De acordo com o Centro de Memória do Circo, desde a antiguidade já existem registros de atividades circenses. A partir do século IV a.C, acrobacias e contorcionismos já apareciam em narrativas gregas. O termo ‘circo’ foi inicialmente utilizado para denominar uma edificação em formato ovalado. O primeiro, a se tornar conhecido, foi o Circus Maximus, inaugurado no século VI a.C. em Roma e tinha capacidade para 150 mil pessoas. Era uma arena que servia de palco para jogos, dançarinos armados, malabaristas e festivais. A magia do circo começou a encantar os brasileiros a partir do século XIX, quando grupos e famílias se deslocavam por cidades mais afastadas, levando sua arte. Eles mostravam habilidades como doma e ilusionismo. A primeira

companhia organizada, chegou no Brasil em 1833, se chamava “Circo dos Chiarini”, era de origem italiana. A princípio, o circo tinha modalidades diferentes. Lutas de gladiadores, engolidores de fogo, mulher barbada e apresentações com animais, eram as atrações mais esperadas pelo público. Elefantes, leões, ursos e macacos. Os animais eram capturados no seu habitat natural, transportados em condições precárias, mantidos em jaulas menores do que precisavam e também privados de alimentação e água para serem domados. Mas com o tempo, a participação desses animais começou a ser repensada. A partir de 2005, a proibição dos animais no circo ficou mais forte no Brasil e no mundo. “ O circo é sempre surpreendente, desde a época dos animais, até hoje com tantos artistas talen-

tosos. Tudo é diferente, os palhaços que eram a maior sensação do espetáculo, estão em segundo plano, mas apresentações enchem os olhos. Se eu pudesse, deixaria tudo para viajar com o circo, enquanto não posso, fico admirando”, conta Beatriz Souza, estudante de artes circenses.

E hoje tem marmelada? Tem sim senhor!

tem goiabada? Tem sim! senhor

O espetáculo não pode parar!

Talento passado por gerações A família Robattinni Carvalho tem a tradição de trabalhar no circo há muitos anos Amanda Nicácio

Você deixaria sua família para viajar pelo mundo, conhecer outros lugares e ainda assim continuar trabalhando? Ficou na dúvida? Mas e se sua família fosse junto? A redação do Expressão visitou o picadeiro e conheceu uma família que tem todos esses benefícios trabalhando no circo há décadas. A matriarca, ex-trapezista e atual mágica no Circo Ramito, Liliane Robattinni Carvalho, conta que a sua geração é a quinta na arte. “Sou mãe de três filhos e todos atuam no circo. Minha filha mais nova é malabarista, o do meio trapezista e o mais velho atua no globo da morte. Assim como eu via quando morava com meus pais, eles viam a arte dentro de casa”, diz. Ter uma rotina é um fato para os artistas circenses, com uma única diferença das famílias tradicionais: a casa é dentro de uma carreta. “Eu tenho uma vida comum com responsabilidades de mãe, além das tarefas domésticas. Meus

filhos sempre frequentaram a escola e ainda levo a mais nova para as aulas”, conta Liliane. Leonardo Robattini Carvalho, filho de Liliane, que nasceu na Argentina durante uma viagem do circo, conta que o seu interesse por essa arte veio desde pequeno. Ele começou como palhacinho aos 8 anos apenas por curiosidade. Aos 15 anos ele se interessou pelo trapézio e pelo globo da morte. Foi quando decidiu conciliar a rotina de treinos, apresentações e estudos. Hoje, Leonardo trabalha longe da mãe, no Circo Stankowich há mais de oito anos e ainda faz galas (participações especiais em outros circos no final do ano) inclusive fora do Brasil, como na Itália e Portugal. Entretanto, viajar tantas vezes pode trazer algumas limitações. “Estudei até o terceiro ano do colegial. Sempre que viajávamos, eu tinha que mudar de escola. Porém, recebíamos uma declaração de adesão que obrigava a escola da próxima cidade que iríamos morar a ter uma vaga disponível para que eu pudesse continuar meus estudos. O lado bom é que já conheci muita

gente. O ruim é que estudei em mais de 200 escolas durante esse tempo”, explica Leonardo. Dúvidas como “Meu filho irá gostar desse trabalho?” ou “Será que ele quer seguir outros caminhos?” já passaram pela mente de Liliane. Porém, ela sempre apoiou todos os filhos nas escolhas deles. Mas, pelo menos dentro da família Robattinni Carvalho a tradição familiar será mantida nessa geração. “Eu nunca me acostumaria com uma vida fora do circo. Morei um mês na casa da minha avó, mas não me encaixei com o estilo de vida. Meu maior sonho é continuar trabalhando como artista circo e quem sabe entrar no Cirque du Soleil”, planeja Leonardo.

Uma pirueta, duas piruetas... Bravo! Bravo! Há nove anos no circo Stankowich, o Palhaço Chumbrega faz a alegria do público e encanta a todos com suas emboscadas e confusões. Mas por trás deste personagem há o ator Athos Silva Miranda, que está nesta profissão há 56 anos, seguindo a tradição de sua família. Seu avô e seu pai já carregavam consigo a missão de tornar do mundo um lugar melhor, através do riso. Agora, a herança já passa para a quarta geração, com seu filho de 28 anos, que hoje é o seu parceiro de palco. Nascido em Birigui, numa das visitas do circo em que seus pais trabalhavam a São Paulo, Athos seguiu carreira firme em espetáculos por todo o Brasil e até perdeu a conta de quantos circos já trabalhou.

Expressão: Como nasceu o Palhaço Chumbrega e qual o motivo deste nome? Palhaço Chumbrega: Meu primo estava precisando de um parceiro para trabalhar com ele, porque de última hora seu colega havia deixado o circo, e então ele acabou me chamando. Na época eu já trabalhava como artista de picadeiro e fui com o intuito de somente ajudar naquela ocasião de necessidade, mas acabei me apaixonando por esta função. O nome surgiu na hora da apresentação mesmo, ele começou a dizer: “Como é que chama o palhaço? Como é que chama

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o palhaço? O palhaço se chama Chumbrega!”. E foi aí que nasceu o meu personagem. Expressão: Sua família já vem de três gerações trabalhando em Circo. Em algum momento da sua vida, o senhor pensou em seguir outro caminho? Chumbrega: Eu já nasci lá dentro e nunca pensei em seguir outra profissão. Tenho muito amor pelo que faço e desde o dia que me “entendi por gente” e comecei a trabalhar, nunca mais quis sair. Estou com 76 anos e pretendo me aposentar profissionalmente, mas jamais sairei do circo. Tudo isso aqui me realiza, é o meu prazer, vivo o meu sonho. Expressão: Há alguma apresentação especial, que ficou marcada em sua memória?

Chumbrega: Eu já passei por muitos circos e cada um me trouxe uma experiência boa. Uma das que ficaram marcadas, foi quando eu trabalhava com o ator Marcos Frota e fizemos uma apresentação no Rock in Rio. Nunca aconteceu nada igual, ficará guardada para sempre comigo. Expressão: Qual é o seu maior desejo para o futuro do Circo? Chumbrega: Eu gostaria muito que o circo, principalmente no Brasil, progredisse e que as autoridades do nosso país valorizassem mais os artistas circenses, reconhecessem o nosso lado, porque hoje nós andamos com as nossas próprias pernas. Expressão: Ainda hoje, há muitas piadas ofensivas relacionadas ao circo e principal-

Diagramação e Revisão da página: Martina Ceci, Bianca Gonçalves, Amanda Nicácio

Trapalhadas e cambalhotas que se transformam em um amor incondicional pela profissão! Bianca Gonçalves

mente aos palhaços. Como o senhor lida com isso? Chumbrega: Eu fico realmente chateado. Quando acontece qualquer coisa na política, por exemplo, e a imprensa fala que “só falta colocar a lona para o circo ficar completo”, isso mexe muito comigo. A questão é que o circo não mostra isso! O circo mostra cultura, mostra arte, traz alegria e não toda essa sujeirada que a gente vê. Chamar aqueles “caras” de Brasília de palhaço? Palhaço não faz aquilo. Não é uma ofensa ser um palhaço e sim um elogio.

Bianca Gonçalves

Palhaço Chumbrega, circo Stankowich


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CIRCO

especial

Das arenas para os galpões das academias

O mundo encantado do circo atrai crianças e adultos, pensando nisso academias passaram a incluí-lo em suas modalidades Samara de Abreu Nos dias de hoje é possível encontrar companhias especializadas em artes circenses e também academias de ginástica que fornecem aos seus alunos o conhecimento e a prática de diversos exercícios realizados num picadeiro. Para aqueles que são apaixonados pela arte do circo, é possível buscar em academias e locais especializados a beleza e a leveza do picadeiro nas salas de ginástica. Além dos benefícios físicos, os desafios impostos pelo aprendizado das técnicas estimulam a confiança, a autoestima, o autoconhecimento, e a determinação em superar desafios, sem contar a diversão. A companhia Galpão do Circo possui uma média de 350 alunos, a maioria deles busca o circo como uma atividade física ou lazer. Alguns estão na escola há sete anos, e destes, poucos se profissionalizaram na carreira circense. No Galpão do Circo existem dois grandes público: Os alunos de cursos pagos e os do Projeto Social Aprendiz de

Samara de Abreu

Tecido acrobático é uma arte originalmente circense

Circo, uma ação totalmente voltada para um público de baixa

renda. “O projeto trata-se de um curso pré-profissionalizante. São

ministradas 18 horas semanais de aulas de circo, alguns dos jovens que fazem parte do projeto são artistas de rua, farol, praças, e outros entram para dar início a uma carreira profissional”, explica Dario Diniz, Coordenador do Galpão e Circo. As aulas de circo começam com um aquecimento para as articulações. Os iniciantes fazem todo um trabalho preparatório antes de começar a utilizar os equipamentos aéreos (trapézio, lira, tecido e corda indiana). Já a criançada merece atenção especial. Diferente das aulas dos adultos, os professores contam histórias, fazem gincanas e brincadeiras. Pros menores a indicação é para o melhor desenvolvimento do repertório motor, trabalhando a coordenação, o equilíbrio, a lateralidade e noção de espaço. Mas, assim como adultos, depois partem para aprender todas as técnicas de circo. “Superar limites para mim foi o mais desafiador, pois com a prática, passamos a acreditar mais em nosso corpo, assim

trabalhamos a mente para irmos além. Outro ponto que foi crucial na escolha das aulas foi o fortalecimento da musculatura, pois o circo trabalha tanto membros superiores como inferiores, sem contar à socialização, já que aulas são em grupo e todos acabam se divertindo como se voltássemos a infância”, conta a aluna e educadora física, Dayanne Frasson. Galpão do Circo Rua Girassol, 323 Vila Madalena/SP Tel.: (11) 3812-1676 Companhia Circo e Dança Rua República do Iraque, 1866 Campo Belo/SP Tel.: (11) 5543-0620 DK Academia Rua Itaqueri, 1226 Mooca/SP Tel.: (11) 2604-4946

O riso é o melhor remédio! A importância dos trabalhos voluntários nos asilos e hospitais como ação social Marina Nahas Já reparou como é um corredor de um hospital? Um quarto de um asilo? Tristes, silenciosos e muitas vezes vazios. As pessoas que estão nesses lugares não estão porque querem, e sim porque precisam estar, e para amenizar a dor e alegrar um pouco o ambiente existem grupos que tem o objetivo levar a alegria e um simples sorriso a essas pessoas através do circo. Existem diferentes formas de se apresentar nesses locais, há ONGs espalhadas por São Paulo que se dedicam muito a esse trabalho, como por exemplo, a instituição hospitalhaços, que foi fundada em 1999, atende 22 hospitais, e são divididos em 27 equipes, tem conhecidos “Doutores da Alegria” que foi fundada em 1991 e tem um elenco de aproximadamente 30 palhaços, entre eles 9 ocupam funções pedagógicas e de coordenação, e mais de 20 profissionais

das áreas administrativa, acadêmica, de marketing, comunicação e serviços gerais. A instituição Esparatrapo promove a humanização no ambiente hospitalar por meio do riso, da interação com pacientes, seus acompanhantes e profissionais da saúde, e estão há 8 anos em atividade. O grupo Os Desordineiros iniciou os trabalhos em 2012 com 4 participantes, com o passar dos anos atingiram um número aproximado de 30 pessoas, e hoje, tem em média 8 pessoas fixas. O grupo busca apoio através de doações para a casa de idosos de Ondina Lobo e tem como principal objetivo levar amor e alegria aos moradores deste asilo. ”Recebi o convite para participar do grupo no Natal de 2012 e desde então faço parte da equipe, realizamos visitas mensalmente, mais precisamente todo último sábado do mês e sou muito

grata por levar alegria e despertar um sorriso das pessoas que vivem ali”, diz Juliana Simões, inte-

dual nesses locais.“Não tenho um grupo de palhaços ainda, mas sonho com isso, gostaria muito de

vontades de crescer nessa área não me faltam”, afirma Angelica Jacomini, atuante individual de viCarolina Barros

Grupo “Os Desordineiros” visitando asilo em São Paulo grante e voluntária do grupo Os Desordineiros. Por outro lado, existem também pessoas que atuam de forma indivi-

treiná-los, adquirir experiência e criar uma ONG. O curso de palhaços não é barato e isso dificulta um pouco, mas sonhos e

sitar para os pacientes do Hospital Infantil Sabará. As regras e rituais que se tem nos momentos das visitas em clínicas e hos-

pitais são basicamente as mesmas.“Temos regras de higiene, de como agir e, principalmente, de não chorar na frente dos pacientes. No início e no fim, realizamos uma roda e oramos, independente da religião de cada um, para atrair coisas positivas para a visita’’, diz Juliana. Nos hospitais as regras de higiene são obrigatórias.“Existem apenas regras de segurança do hospital em relação aos cuidados com o paciente. Um ritual que sempre tenho comigo mesma é pedir proteção à Deus”, conta Angelica. O objetivo dessas pessoas que fazem o trabalho voluntário é apenas “levar a alegria, o amor, através do personagem que se transformam por algumas horas, receber sorrisos e olhares de gratidão”, completa Juliana e “minha meta é me divertir, fortalecer o relacionamento com todos os envolvidos e alegrar o pessoal”, conclui Angelica.

O picadeiro como você jamais imaginou! Os bastidores de um espetáculo circense também fazem parte de um mundo de alegria e diversão Jéssica Venâncio Martina Ceci

Maquete mostra detalhes da estrutura de um circo A magia de uma atração circense nos faz viajar na diversão dos palhaços, acrobatas, mágicos e equilibristas. Mas para apresentar esse show é necessária uma grande produção. Já parou para imaginar em como é realizada toda a montagem? Como fazem para levantar a

grande lona? A equipe do Expressão foi conferir os bastidores desta grande criação. Seu Raimundo Ferreira, que trabalha há 47 anos no circo, começou como vendedor de amendoim e pouco tempo depois foi para a parte técnica de produção. “Sou o encarregado

pela montagem e desmontagem do Circo Stankowich há 32 anos. Gosto bastante do que faço e ao ver o resultado dos espetáculos, percebo que vale muito a pena todo o esforço e dedicação na montagem de toda a estrutura”, comenta. A preparação das torres metálicas e a lona são os principais elementos que compõem a estrutura do espetáculo. “A lona é um trabalho totalmente braçal, pois temos que abrir as dez partes e emendar uma na outra, chamamos esse processo de ‘costura’. Depois de pronto o pessoal começa a subi-la para poder colocar as partes de baixo, com o nome de ‘pau de roda’, que são canos de quatro metros que ficam em pé ao redor do circo para fazer o formato de roda. São necessárias dez pessoas para realizar todo esse procedimento”, explica Seu Raimundo. Marlene Querubin é diretora-fundadora do Circo Spacial e atua na Presidência da União Brasileira dos Circos Itinerantes (UBCI). Com mais de 2 mil ci-

Diagramação e Revisão da página: Jéssica Venâncio, Marina Nahas, Samara de Abreu

dades visitadas, ela conta como é realizado o processo de mudança do Spacial: “Elaboramos com antecedência uma programação de toda a logística necessária para a locomoção e seguimos o cronograma, os equipamentos são levados em 22 carretas e 35 trailers. Normalmente fazemos a montagem de duas lonas, a primeira é a do hall de entrada que mede 16 mt por 32 mt (acomoda até 750 pessoas), e a segunda é a lona principal utilizada para os espetáculos que possui 43 mt por 43mt (acomoda 3 mil pessoas sentadas)”, conta. O picadeiro é itinerante, toda sua trupe e equipamentos estão sempre se deslocando de uma região para outra. E para a escolha de um novo local, geralmente é levado em consideração uma localização que seja próxima de avenidas movimentadas ou perto de shoppings que tenha um grande espaço para se alocarem. Há quase dez anos, Luís Marcelo Brasil faz parte do grupo de produção técnica do Stankowich.

“Fazemos o transporte dos equipamentos dentro de baús que são colocados em várias carretas, engatadas umas nas outras, para conseguir realizar a viagem”, diz. Depois de definir o novo território é a hora de erguer o circo. Normalmente todo o processo demora dois dias e é necessário em média, entre 20 a 30 pessoas para ajudar no trabalho técnico de montagem e desmontagem. Apesar de todo esse trabalho o picadeiro não tem um tempo determinado para ficar em uma região. “O tempo que ficamos em um local depende do movimento. Podemos ficar meses ou apenas alguns dias. Desmontamos tudo, colocamos nas carretas e seguimos viagem novamente. Pode parecer cansativo, mas é muito bom atuar na elaboração dos espetáculos, trabalhamos e nos divertimos. Pretendo fazer isso para o resto da minha vida. Onde o circo for eu vou junto”, garante Luís Marcelo.

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vida digital

ano 23 |no7 | setembro/2016

Acurta

Vida celulareS dos

Essenciais no cotidiano, porém, quando surge algo novo, são facilmente substituíveis Matheus Oliveira

Se a tecnologia deixa os aparelhos de celular rapidamente desatualizados e ultrapassados, a vida útil também não colabora. Uma pesquisa realizada pela Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) afirma que o objeto eletrônico com menor tempo de vida é o celular. Segundo a pesquisa realizada em 2015, o brasileiro fica com o mesmo aparelho por no máximo três anos, contra dez anos de eletrodomésticos como geladeiras, fogões e até mesmo televisores. Cerca de 65% das mulheres trocam de celular por mau funcionamento, enquanto que 55% dos homens, decidem mudar para utilizar um com alguma tecnologia mais nova. Outro dado da pesquisa realizada pela Idec é que 81% das pessoas escolhem trocar de aparelho sem antes consultar um local de conserto. A maioria afirma que a falta de confiança na solução do problema e os altos custos de mão de obra e peças fazem a primeira escolha ser mesmo a mudança.

“Quando alguém decide jogar um celular no lixo, deve ter a consciência de separá-lo. Afinal, os aparelhos de celular, são compostos por ferro, aço, metais, cobre e alumínio, vidro e plásticos. São materiais nocivos ao meio ambiente e podem contaminar o solo e a água. E o pior, é caro o processo de reciclagem, por isso, acaba mesmo sendo totalmente descartado”, diz Raimundo Humberto de Souza, ajudante de uma empresa de reciclagem. Tais condições nos remetem à obsolescência programada, que é uma forma utilizada por empresas para que o tempo de vida útil de seus produtos durem menos do que a tecnologia. Assim, eles se tornam ultrapassados rapidamente, levando o consumidor a comprar um novo modelo. “Essa ideia é relativamente nova, no começo do século passado, as empresas ainda criavam seus produtos para que durassem o máximo possível. Mas com o crescimento econômico dos últimos anos, as empresas utilizam a estraté-

gia do consumo desenfreado para conseguir mais lucro”, afirma Rodrigo Gonçalves, analista de sistemas. “O processo de vida útil dos aparelhos eletrônicos já está ligado ao desenvolvimento social, pois trocar de telefone, está longe de ser algo apenas técnico, e sim, é fruto de um convívio social no qual tudo vive em transformação. O que é útil nesse momento, pode não ser útil daqui uma hora, e infelizmente não há espaço para pensar em bem ambiental”, detalha Elaine Gomes, psicóloga especializada em consumismo compulsivo. Em 2015, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) divulgou que existem mais de 283 milhões de linhas ativas em todo o país, esse número já supera o de habitantes. A Região Sudeste lidera com 125. O Nordeste vem em segundo com 71, seguido da região Sul com 41 números de telefone.

Redes sociais: do perigo à legislação

Tecnologia

auxilia

vida mais

Daniella Cirera

SAUDÁVEL Thainá Palheta Imagine um mundo no qual a tecnologia pudesse reverter todos os danos causados por doenças ou pela idade. Bem, sabemos isso ainda não é possível. Porém com o auxílio de alguns aplicativos, auxiliam e facilitam diagnósticos, tratamentos e dosagens de medicações. Uma pesquisa realizada, em 2014, pela AppFigures mostrou que existem 1,43 milhão de aplicativos para serem baixados na Play Store da Google. Desses, mais de 5 mil são exclusivos da área da saúde. Entre eles, é possível encontrar desde simples cadernetas de vacinação até aqueles para medir a pressão arterial ou auxiliares para controlar a diabetes. Heitor Fidelis, 36 anos, utiliza o Glucose Buddy, que facilita no controle da diabetes. “Eu utilizo esse aplicativo há quase um ano, ele é bem prático e

me auxilia a verificar o nível de açúcar de cada alimento, além de facilitar no controle do nível de glicose do meu organismo. Facilita muito, principalmente quando você ainda não entende bem a doença”. Muitos médicos possuem aplicativos próprios para suas especialidades. Esses auxiliam trazendo informações teóricas-práticas e complementam o conhecimento desses especialistas. Além de serem ferramentas auxiliares para diagnósticos ou tratamentos. Um aplicativo muito utilizado são as calculadoras de dosagens, desenvolvidas para facilitar a receita da medicação. “Tenho o Epocrates, que é em inglês, porém é bem fácil de mexer”, conta o médico Felipe Carvalho, clínico geral no Hospital Estadual de Sapopemba. O propósito desse app é fornecer para enfermeiros, médicos e outros profissionais

que trabalham na área, novas ferramentas para tomada de decisão e acelerar o processo de tratamento. Alguns desses apps, podem ser comprados com acessórios. Um desses é o Withings, que auxilia no controle da pressão arterial. Junto vem um medidor de pressão que ao ser plugado no smartphone mede de maneira precisa a pressão arterial do usuário. Além disso, ele mantém relatórios das últimas checagens e mostra melhoras ou alerta caso seja necessário ir ao médico. “Esses projetos são maravilhosos. Dá para ter uma ideia do que pode ser a medicina daqui a alguns anos e como ela está agora. Pensando que um paciente pode ter um grande conhecimento na palma da sua mão e acessar onde ele desejar é incrível”, fala o médico Felipe Carvalho, clínico geral no Hospital Estadual de Sapopemba. Thainá Palheta

As redes sociais apresentam grande perigo para os usuários que sabem utilizá-la com sabedoria Daniella Cirera A internet mudou as formas de comunicação, encurtou distâncias, aproximou indivíduos de todo o mundo e se tornou item fundamental na rotina das pessoas. Com opções como Facebook, Twitter, Instagram e Snapchat, Ela possibilita a disseminação infinita de conteúdo, como fotos, vídeos e textos através das redes sociais. Mas afinal, quais conteúdos postados on line são enquadrados como crimes virtuais? É possível estar 100% seguro atrás da tela de um computador? A partir do momento em que a liberdade de expressão é ultrapassada e prejudica outro cidadão, seja moralmente ou materialmente, o crime virtual está instalado. Ações como divulgar conteúdos difamatórios, preconceituosos, racistas e obscenos são consideradas crime, podendo gerar processos legais. “Ao utilizar as redes sociais, é preciso que o usuário tenha

a consciência de que a internet é um ambiente público, qualquer conteúdo publicado pode ser visto por um número muito grande de pessoas. Dependendo do número de compartilhamentos que uma publicação tiver, muito dificilmente ela vai conseguir ser excluída”, explica Pedro Guimarães, analista de redes sociais. Por mais que o Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, assegure a liberdade de expressão, certificando que a internet seja um ambiente democrático, aberto e livre, o Código Penal Brasileiro caracteriza como crime contra honra as seguintes ações: calúnia, difamação e injúria. Mas afinal, quais as diferenças desses crimes contra honra? A calúnia é cometida quando existe uma acusação falsa de que alguém cometeu um ato considerado criminoso. Por exemplo, alegar que tal pessoa roubou dinheiro de uma empresa, sendo que essa afirma-

tiva é inverídica, é considerada calúnia. Já a difamação acontece quando tal afirmação ofende a reputação de uma pessoa, independentemente de ser verdade ou não. A injúria, por outro lado, se dá ao referir-se à alguma pessoa de um modo negativo e que ofenda a dignidade e/ou decoro dela. Esse tipo de crime pode ser praticado através de um perfil, uma comunidade, troca de recados, e-mail ou em um perfil falso criado – nesse caso, se agrega mais delitos, como injúria, difamação e falsidade ideológica. “Em casos onde ofensas foram publicadas em alguma rede social, seja através de uma imagem ou de algum conteúdo, o indicado é ingressar com uma ação judicial e pedir uma medida liminar. Essa medida garante a concessão de uma rapidez para tirar o conteúdo da internet”, afirma Monica Aguiar, advogada.

Médicos podem utilizar calculadoras para auxiliar na dosagem da medicação aos pacientes

Aplicativos ajudam na organização das finanças pessoais Giovanna Amalfi

A desorganização presente na vida de muitos brasileiros pode causar grandes problemas financeiros. A tecnologia, por sua vez, pode se tornar uma aliada na hora de pagar as contas. Mecanismos digitais presentes em tablets e smartphones foram criados com o objetivo de ajudar a população a lidar melhor com suas finanças e seus salários. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédi-

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to (SPC) com 662 consumidores em 2015 revela que a falta de organização é a principal aliada da inadimplência. Entre os aplicativos existentes nos sistemas Android e IOS, podemos citar o Guia Bolso, o Mobilis, o Moni e o Minhas Economias. No primeiro é registrado toda a entrada e saída de dinheiro sem precisar preencher planilhas, a partir do acesso ao seu Internet Banking da conta corrente ou

Diagramação e Revisão da página:

da conta poupança. É possível também visualizar os meses anteriores, com o intuito de analisar como poderia ter feito uma maior economia. No Mobilis, é possível inserir seu orçamento mensal e receber alertas quando os gastos chegarem a 80% do valor. A ferramenta digital também separa os gastos do usuário em categorias e avisa sobre contas que estão pendentes. Já o diferencial do Moni é a alternativa

de escrever observações sobre cada despesa para que o motivo da saída de dinheiro não caia no esquecimento. Já no Minhas Economias, o usuário pode montar planilhas para controlar a quantidade de saldo existente na conta, quais foram os custos atuais e quais serão as próximas despesas sem estar conectado à internet. O uso das ferramentas digitais é o primeiro passo, mas sozinhas não garantem a saú-

de financeira. “Os aplicativos são eficazes e podem facilitar muito o processo de organização financeira, principalmente para os jovens, que já nasceram nessa rotina de tecnologia, mas não devemos esquecer que apenas controlar as finanças não é garantia de ser saudável financeiramente. É preciso vir acompanhado de uma reeducação financeira”, afirma Reinaldo Domingos, mestre em Educação Financeira e terapeuta financeiro.

Maíra Lobo, Giovanna Amalfi, Daniella Cirera, Thainá Palheta, Cláudia Capato, Matheus Oliveira

A base para economizar é mirar em um objetivo e estabelecer metas. “São elas que nos farão ter disciplina para não gastar compulsivamente, nos forçando a seguir um planejamento em prol da realização de objetivos maiores. Poupar por poupar não é eficaz, uma vez que, se o dinheiro não tiver destino estabelecido, ele será alvo fácil de gastos supérfluos,” explica o especialista em finanças.


artes

ano 23 |no7 | setembro/2016

Talento em preservar memórias Parceria entre o MuBE e arteterapeutas realiza projeto com obras de arte contra o esquecimento Joyce Sales A arte conversa com a mente e recria memórias que o tempo é capaz de apagar. Quem não conhece uma pessoa com mais idade que tenha problemas de esquecimento? Pensando nisso, as arteterapeutas Cristiane Pomeranz e Juliana Naso em parceria com o Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) idealizaram o curso Faça Memórias, que estimula a criação e o desenvolvimento de idosos que tenham Alzheimer ou dificuldades de lembrar ou recordar algo. A criação do curso foi inspirada em uma proposta oferecida pelo Modern Museum of Art, de Nova York, nos EUA, que usa o próprio acervo para atender pessoas com Alzheimer.

Em 2007 Cristiane e Juliana tinham idealizado no MuBE o atelier de Arte&inclusão que acolhe pessoas com necessidades especiais trabalhando na reabilitação motora e cognitiva. Através deste trabalho as arteterapeutas sentiram a necessidade de acolher o público idoso, que, segundo elas, é um público ainda excluído das atividades culturais. “Nunca focamos na doença. Focamos sempre no que ainda é possível! Este é nosso diferencial. É o que faz o Faça Memórias ser tão especial como atitude inovadora em lidar com as demências”, ressalta Cristiane Pomeranz, arteterapeuta e idealizadora do projeto. Desde 2009 em funcionamento, o Faça Memórias trabaJuliana Naso

Colocando a mão na massa: idosos com problemas de memórias realizam obras de arte em atelier com a ajuda da arte terapia

Juliana Naso

Acreditamos na importância do participante gostar do que está fazendo e ter orgulho de sua produção. Expor a peça feita em casa ou presentear alguém faz com que o idoso se sinta valorizado. A resposta à produção é sempre positiva e eles gostam do que produzem. Normalmente a casa de nossos participantes é repleta dos objetos, quadros, vasos e figuras que eles fazem em nosso atelier”, complementa Juliana.

Box de Serviço Alguns dos trabalhos realizados pelos idosos com Alzheimer do grupo Faça Memórias que foram baseados em obras de arte expostas no MuBE sob orientação das arteterapeutas Juliana e Cristiane lha com a arte como terapia que estimula o cérebro, dando enfoque às artes plásticas, história da arte e técnicas artísticas. Cristiane e Juliana trazem objetos do cotidiano para resgatar as memórias dos seus alunos. Com a ideia de agarrar o tempo os idosos visitam e inspiram-se nas exposições do museu, para depois produzirem seus trabalhos baseados nas lembranças daquilo que viram. “O projeto além de abordar questões de arte e saúde, também colaboram para que a instituição, sua equipe e seus frequentadores valorizem e tra-

balhem juntos pelo direito social de acessibilidade. Vemos seus resultados no dia a dia. Alguns estão conosco há anos e seus familiares, durante o acolhimento pela coordenação, nos relatam uma visível melhora na sensação de bem-estar dos participantes. É claro que mesmo com esse bom retorno estamos sempre buscando alternativas e atividades que reflitam na vida de nossos alunos”, comenta Nathalia Bevilacqua, coordenadora de cursos no MuBE. O curso é um projeto permanente do museu. Para participar, primeiro os idosos são recepcionados e entrevistados, as

professoras conversam com as famílias para saberem o estado clinico da doença e o envolvimento que eles têm com a arte. Depois disso, começa a parte prática, a visita no museu e logo depois colocam a mão na massa e criam suas obras de arte. As aulas ocorrem semanalmente e depois de produzidas eles levam suas criações artísticas para casa e podem expor no museu em datas especificas. “Nossos alunos gostam muito do que é feito no curso, pois quando aplicamos uma proposta queremos sempre que esta seja esteticamente interessante.

Inscrições: cursos@mube.art.br

Outras informações: (11) 2594- 2601 R: 12 MuBE: Av. Europa, 218

Arte também pode ser comestível No backstage dos festivais

Açúcar, pasta americana, glacê e corantes, ingredientes principais dessa modalidade Larissa Bosco Quem nunca ficou com dó de comer um doce que parecia uma obra de arte? Esses são os doces artísticos, essa modalidade chegou com força nos últimos tempos, levando boleiros e doceiras a aprimorarem suas técnicas para atender o gosto da clientela. Presente em casamentos, festas de aniversários ou em qualquer outra comemoração, para adoçar o dia a dia, os doces roubam a cena com tantos detalhes e unidos a um sabor maravilhoso conquistam o coração de todos. Caseiros, feitos, na maioria das vezes, com doces comuns, como por exemplo, brigadeiro, alfajores e muito chocolate, eles ganham formas e cores diferentes na mão de artistas. Utilizando pasta americana um cupcake pode se transformar em rosas perfeitas ou beijinhos comuns transformam-se em Olaf (Personagem da Dysney). “Minhas inspirações vem de tudo. Como sou filha de professora de artes, desde muito pequena desenho e pinto. Desconheço o mundo sem cores. Por este motivo, meus doces sempre serão coloridos. A vida não tem a menor graça se for monocromática. A cor nos transmite alegria e isso que eu quero que os meus clientes sintam ao verem meus doces”, comenta a publicitaria e dona da Uli Bakery, Uliana Lorenzi. Os doces artísticos não são encontrados facilmente, existem pessoas especializadas nesse ramo que virou moda há pouco tempo no Brasil. Alguns doceiros acreditam que essa nova febre começou a

Bianca Gonçalves

Procedimentos de antemão são essenciais para o sucesso de sua realização

Tatiana Navarro Os grandes festivais de música têm presença garantida no Brasil. Contando com grandes nomes da música mundial dos mais diversos gêneros, eles arrastam multidões todos os anos. Por trás

desses espetáculos, porém, existe toda uma fase de planejamento e execução para que tudo ocorra dentro dos conformes. José Norberto Flesch é jornalista e ex-produtor musical, e trabalha no ramo desde a década de 90. Ele ganhou notoriedade ao utilizar as redes sociais para divulgar negociações de artistas e bandas, assim como datas de shows no país antes da grande mídia. Hoje, sua conta no Twitter já passa dos 80 mil seguidores.

Tatiana Navarro

A criatividade não tem limites; os beijinhos, tão conhecidos, se transformaram em Olaf (personagem do filme da Disney, Frozen) partir dos programas de televisão que expõe essa modalidade, como por exemplo, Cake Boss (programa americano que relata o cotidiano do confeiteiro Buddy Valastro). “Atualmente as pessoas buscam exclusividade, e os doces personalizados fazem muito sucesso, todo mundo quer algo diferente em sua festa, e este é um diferencial”, afirma Simone Gonçalves, dona da loja Doce Divino.

Segundo Uliana, quando se trabalha com arte, se trabalha com criatividade, para ela o legal é poder ir além do que está sendo oferecido nos temas hoje trabalhados nas festas infantis, por exemplo, e poder criar novos temas, cores, padrões e formas. “Eu acredito que o doce tenha que ser uma continuidade da festa, não pode estar ali sozinho na mesa. Deve fazer parte do cenário como um todo. É também uma obra de arte”, observa. Uliana Lorenzi

Decoração que a confeitaria Uli Bakery faz nas festas de seus clientes. Uma mistura de cupcakes e pirulitos de choclate artesanais decorados artisticamente com pasta americana Diagramação e Revisão da página:

Show da banda de rock americana Twenty one pilots no festival Lollapalooza Brasil 2016 animou a plateia que lotava a frente do palco com suas batidas misturando rap e poperô Expressão: Como é o processo que antecede um festival? Como acontece o planejamento/pesquisa de público/escolha de local? Flesch: Depende de muita coisa. Normalmente, há uma ideia inicial, que gênero ou estilo será o festival. Ele pode ou não sair já com patrocínio. Se tem patrocínio, o cliente pode querer opinar. Costuma-se usar redes sociais para pesquisa, mas há quem vá pelo feeling. Isso varia de uma produtora para outra, e de acordo com o tamanho do festival. A escolha do local segue o mesmo: depende do tamanho do evento. Há uma estimativa de público e segue-se uma busca de datas disponíveis em lugares do porte. É habitual consultar mais de um lugar. Expressão: Como é o processo de sondagem de bandas e até que ponto o interesse do público é relevante nesse aspecto, em contraste com a disponibilidade do artista e o cachê requerido? Flesch: Cada produtora pode optar por fazer isso à sua manei-

Tatiana Navarro, Larissa Bosco, Joyce Peres, Nathalia Braga, Caroline Lainara

ra. Há dois jeitos de buscar uma banda: ir atrás ou aceitar ofertas de agentes de bandas, quando o próprio artista se oferece para tocar. Isso acontece quando o festival já está consagrado. Uma pesquisa com o público pode influenciar, mas não vai adiantar o público querer se a banda for cara ou se não estiver disponível. Expressão: Quanto tempo antes se iniciam as negociações para que todas estejam confirmadas a tempo de liberarem o line up sem maiores problemas? Flesch: Não há um prazo fechado. O que existe é um deadline. Há negociações rápidas, outras são demoradas. Quanto mais

cedo você começar a negociar, melhor. Expressão: Enquanto alguns festivais chegam ao fim, outros como o Lollapalooza acontecem anualmente, e há também o surgimento de novos. Como você consideraria o cenário atual de festivais no Brasil? Flesch: Temos novos festivais no Brasil a cada ano, ao mesmo tempo em que outros deixam de ser realizados. O cenário é propício aos festivais, mas sinto o perigo de uma certa saturação por data e/ou gênero. Se muitos acontecerem ao mesmo tempo, dificilmente um não roubará público do outro. Tatiana Navarro

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esporte & lazer

ano 32 |no 7 | setembro/2016 Ricardo Bufolin

Vida de ginasta começa e termina cedo

O esporte é precoce e exige grandes escolhas e esforços Isabela Guiaro

C

hegar aos 30 anos e já ter cerca de 25 anos de experiência profissional parece impossível? Na verdade, não é. No mundo da ginástica artística, isso é normal. Aos 5 anos, crianças, juntamente com seus pais, tomam a importante decisão de seguir uma carreira que exige grande esforço físico e dedicação durante a infância, adolescência e parte da vida adulta. “A ginástica pode ser praticada por todos, independentemente da idade ou gênero. Mas, no caso da ginástica competitiva, o ideal é começar quando criança, geralmente entre os 5 e 8 anos”, afirma Romulo Rocha, técnico no centro de treinamento Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. Isso acontece porque, nesta fase, o sistema motor do corpo humano ainda está se desenvolvendo, sendo mais fácil de aumentar sua flexibilidade e adquirir maior coordenação dos movimentos. Além disso, a partir dos 8 anos já é possível participar de competições nacionais, e às vezes internacionais, na categoria júnior. João Pires

“Praticante todos os atletas da ginástica já podem ser considerados como profissionais. A questão é quantos chegarão à fase adulta competitiva. Em média são 10 anos de treinamento até chegar lá”, comenta Romulo. Desta forma, a categoria sênior começa entre os 15 e 18 anos, idades mais comuns entre os ginastas que competem em mundiais e olimpíadas. Quanto ao corpo ideal, existe o mito de que a prática da ginástica atrapalha no crescimento. “O que acontece, na verdade, é que pessoas com estatura mais baixa possuem maior facilidade para realizar os movimentos e, por conta disso, são mais facilmente selecionadas para as equipes”, explica a ex-ginasta Carolina Andrade. Vale ressaltar que isso não é regra e atletas como a russa Svetlana Khorkina e a norte-americana Nastia Liukin têm quase 1,70m e são medalhistas em mundiais e Jogos Olímpicos. Com o início precoce, o término da carreira também chega mais cedo. Aos 30 anos de idade, o ginasta passou por cerca de

25 anos de treino intenso e já atingiu seu auge de performance física. Incentivos e sua posição nos rankings nacional e mundial podem definir sua permanência no esporte. São poucos os casos como o da uzbeque Oksana Chusovitina, que, aos 40 anos, está indo para sua 7ª Olimpíada, ou o da romena Catalina Ponor, que, aos 29, já retornou da aposentadoria duas vezes para ajudar a sua equipe. Chegar a essa idade como profissional, porém, não depende apenas da motivação e do incentivo. Manter cuidados com a saúde e condicionamento físico para evitar machucados que possam comprometer as habilidades do ginasta é essencial. “É preciso saber balancear bem os treinos, administrar o cansaço e fazer trabalhos de prevenção durante a vida útil do atleta para tentar minimizar as lesões que, muitas vezes, são inevitáveis por se tratar de um esporte que o impacto acontece a todo momento, mesmo nos acertos”, diz Romulo.

O tenista brasileiro que fez história Nicole Merighi Mineiro, 34 anos de idade, Bruno Soares é um dos principais nomes da história do tênis brasileiro. Ao ganhar o US Open nas duplas mistas, em 2012, se juntou ao seleto grupo de campeões de Grand Slam brasileiros.Em janeiro de 2016, no Australian Open, conseguiu o feito inédito de vencer o 1º. Grand Slam de duplas, com Jamie Murray e de conquistar também o troféu nas duplas mistas, com Elena Vesnina, se tornando o primeiro brasileiro desde Maria Esther Bueno, em 1960 a vencer dois títulos no mesmo torneio. Expressão- Quando você sentiu que era a hora de deixar a categoria juvenil para ingressar na profissional? Bruno - Mais ou menos com 16 anos foi quando eu comecei a visualizar mais o lado profissional. Tive até tomar essa decisão final, com 18 anos, alguns anos para amadurecer essa ideia, mas com 15 comecei a acreditar que seria um tenista profissional.

nologias, a cada dia o esporte está mais profissional, as pessoas trabalhando para alongar a carreira, vários atletas sendo bem sucedidos aos 40 anos. Daniel é um dos maiores exemplos, que com 42 anos continua na atividade, ainda jogando em alto nível. Então pra mim é muito bacana ter sucesso depois dos 30 e saber que ainda posso continuar jogando por muitos anos.

Expressão- Como analisa o fato de grandes tenistas como você rompendo a barreira dos 30 anos em altíssimo nível? Bruno - O tênis sempre foi um esporte que teve uma carreira muita curta e o pessoal acabava parando precocemente. Mas com o desenvolvimento de novas tec-

Expressão- Como foi a adaptação e como você descreve a mudança de um parceiro destro para um canhoto? Bruno - Olha... A adaptação não é fácil quando você joga com um parceiro canhoto os efeitos e a forma de jogar são bastante diferente do destro,

então requer muito treinamento, muita conversa e principalmente muito jogo, porque querendo ou não, por mais que você treine bastante, onde você realmente sente como vai ser , o jogo é quando está valendo, mas felizmente com o Jamie aconteceu de forma muito natural e rápida. Expressão-Você gosta da superfície do Australian Open? Qual superfície você prefere? Bruno - Gosto muito da superfície do Australian Open, apesar de antes eu nunca ter tido muito sucesso do torneio, mas de ser um lugar que eu sempre me senti bem, sempre achei que tava jogando bem, gostava das condições e este ano finalmente consegui ganhar os dois títulos.

A superfície que eu prefiro é a quadra rápida. Expressão- Para finalizar, qual mensagem você deixa, aos jovens tenistas brasileiros que pretendem seguir uma carreira profissional no esporte. Bruno - É o que eu sempre falo, se você quer ser um tenista, um atleta ou qualquer coisa de forma profissional , você tem que se dedicar 110% aquilo que está fazendo, abrir mão de muita coisa, realmente querer, é o que eu costumo falar para a turma: nos momentos que ninguém está te vendo que você consegue fazer diferença, quando você está lá treinando sozinho, naquelas horas adicionais que você vai se dedicar no seu dia a dia.

Brasil ultrapassa Rússia no recorde mundial de queda livre Equipes participaram da queda simultânea e agora lutam para entrar no Guinness Talita Coutinho Um louco e amante dos esportes radicais realizou seu grande sonho ao reunir 149 pessoas para saltar da ponte Estaiada de Hortolândia, interior de São Paulo. Ele se chama Alan Ferreira e pratica rapel há 20 anos. Agora a luta é para ter seu recorde reconhecido pelo Guinness, que vai custar para as equipes participantes cerca de 1.100 dólares. Eles precisam reunir vídeos, fotos e testemunhas para enviar o material para a equipe analisadora. A repercussão foi muito grande e inesperada. Cerca de 230 países divulgaram o recorde e em todo o território nacional foi o evento radical mais falado na mídia. “Não esperava que fosse ser tão grande a repercussão, queria somente entrar no livro dos recordes, agora estamos arrecadando dinheiro da galera para podermos finalizar o processo”, comenta Alan. Ele visualizou na internet um vídeo de um recorde da Rússia com 133 pessoas, o que fez com que a força de vontade aumentasse para superar os rus-

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sos. A organização foi feita em segredo, somente ele sabia, passou dois anos em busca do local perfeito para realizar o evento. Alan realizou a busca em diversas cidades, a ponte precisava ter em média de 20 a 30 metros e de 100 metros de vão livre, até que localizou na cidade de Hortolândia com 30 metros e a escolheu. O aventureiro conseguiu reunir 19 equipes, somando 149 pessoas. A parte de segurança foi totalmente pensada antes e haviam profissionais capacitados, caso ocorresse algum imprevisto. Uma equipe de resgate posicionada na água que utilizavam seis barcos, uma corda de vida, bóias e coletes salva vidas. “Convoquei os participantes dois meses antes para reuniões com o objetivo de explicar todas as medidas de segurança, simulações do salto e posicionamento do participante junto à grade da ponte mediante ao som da buzina e sucessivamente o salto em conjunto”, enfatiza. Para Elisabeth Rodrigues, esposa de Alan, pular no pêndulo era novidade, pois só praticava rapel há 8 meses, o primeiro

salto no pêndulo foi no recorde mundial. “A sensação foi única de participar, hesitei saltar no começo, porque sempre tive medo da sensação de queda livre, mas fui levada pela vibe positiva das pessoas envolvidas.”, comenta. O grande dia foi 10 de abril de 2016. Todos os participantes utilizaram os equipamentos de segurança obrigatórios que foram capacete, cadeirinha, mosquetes, oito freio, uma fita de 60 cm, cordins de 7 mm, uma ancoragem de 10 m, uma corda de 30 m. “Após 8 horas de montagens dos equipamentos estávamos prontos, peguei um megafone e gritei que todos se posicionassem juntos aos seus lideres para executarmos nosso mega evento. Deveriam conectar-se uns aos outros, o que ocorreria uma corrente humana, o qual evitaria qualquer colisão entre os participantes, contagem regressiva e pulamos ao som da buzina e isso foi exatamente o que aconteceu, um sincronismo humano, e coragem deslumbrante de cada um de nós, o salto saiu perfeito. Graças a Deus!”, relembra emocionado.

Diagramação e Revisão da página: Isabela Guiaro e Talita Coutinho

Arquivo pessoal


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