ano 23/número 8 outubro/2016
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
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RESISTE
EXISTE Outubro/2016 ano 23/número 8
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
usjt
jornalismo universitário levado a sério
#hashtag
ano 23 |no8 |outubro/2016
#caro leitor,
Muito além do binarismo
#fração de segundo fotolegenda
Uma capa, dois modos de ler!! Uma pessoa, duas possibilidades de gênero? É isso? Será?...
Então, caríssimo leitor, esta edição do jornal laboratório Expressão traz como reportagem especial o debate sobre o que é a identidade de gênero. Afinal, que papo é esse? Mergulhamos no assunto. Sabe-se que a identidade de gênero é uma construção social, geralmente imposta pelo sexo biológico e reforçada socialmente. Nossa reportagem buscou compreender quais as diferenças entre sexo biológico e identidade de gênero. Por que o Brasil é o país do mundo que mais mata travestis e transexuais? Quais são os direitos da população transexual? Você sabe como pode evitar constrangimentos e ser respeitoso ao lidar com o universo trans? Como as políticas públicas de saúde lidam com a identidade de gênero e a orientação sexual? Quais os cuidados devem ser tomados quando uma criança se percebe transgênera? Como a moda chegou ao conceito de androginia ou plurissex? São dezenas de indagações, para muitas das quais não temos a pretensão ter respostas prontas... Sabemos que os pontos de interrogação pululam nas nossas mentes. Por isso, convidamos você, leitor, para navegar por algumas compreensões sobre o tema. E, vamos adiante? Na editoria Educação, clicamos na plataforma ‘Hora do Enem’ que oferece planos de estudo personalizado, vídeo-aulas e simulados para a galera que deseja se preparar bem para enfrentar o exame. Em Vida Digital, nossos repórteres mostram as transformações do audiovisual e as novas oportunidades para as produções cinematográficas. Tudo isso é possível com as câmeras integradas nos smartphones, sabia? Na editoria de Artes, destacamos o trabalho desenvolvido pelo Instituto Pombas Urbanas, na Cidade Tiradentes, que oferece diversas oficinas de artes para os jovens da região. E, vamos encerrar a edição no topo do edifício Copan. Isso mesmo, na editoria de Esporte&Lazer mostramos um encontro de meditação no alto de 37º andar do histórico prédio do centro de Sampa. Você não pode perder essa experiência do nosso repórter. Então, tenha uma ótima leitura!!
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
Pássaro 1o lugar no 8o Concurso Fotográfico “Fração de Segundo” com o tema 60 anos de Rock Nacional - “Até mesmo nessa dança não parei”, frase da música Rock’n Roll em Copacana, de Cauby Peixoto, considerada o primeiro rock brasileiro. Larissa Ferreira - aluna do 4º ano de Rádio e TV- Campus Mooca
Barba, #protagonista
o Bin Laden do centro velho Dono de bar é famoso por sua semelhança com ex-terrorista Diego Nascimento - Sem briga aqui! Parô, parôôôô! No mesmo tom de uma bomba que acaba de explodir, uma voz ecoa quando algumas pessoas se exaltam no interior de um bar. Um senhor de turbante, uma longa barba grisalha e trajando uma jaqueta militar adverte os presentes, impondo respeito e até um certo terror em quem o observa. Os norte-americanos dizem que ele morreu no dia 2 de maio de 2011 em uma operação do Comando de Operações Especiais Conjuntas, uma divisão militar dos Estados Unidos, com apoio da CIA, na cidade de Abbottabad, no Paquistão.
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Diagramação: Profa Iêda Santos
No entanto, quem frequenta um certo estabelecimento na Avenida Nove de Julho, no centro de São Paulo, diz que ele continua ‘vivinho da Silva’. Sim, trata-se do terrorista Osama Bin Laden. Porém, não é o mesmo responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001 e que destruiu as chamadas torres gêmeas do World Trade Center. O Bin Laden ‘brazuca’ é o cearense Francisco Elder Braga Fernandes, de 56 anos. Antes conhecido apenas como ‘Barba’, teve fama repentina após os atentados na cidade de Nova Iorque. “O bar estava fechado e eu dormia em meu quarto nos fundos, quanArquivo pessoal do fui acordado por várias batidas na porta de aço e gritos pelo meu nome. Era um cliente. Ele dizia que eu me parecia com Osama Bin Laden. Eu perguntei quem era esse cara e ele me disse que era o terrorista que havia sido responsável pela queda das torres gêmeas”, conta Francisco. A partir daí, muitos curiosos passaram a ir ao seu estabelecimento apenas para comprovar o que se dizia sobre o nosso protagonista. “No começo eu não gostei não. Ser comparado com um terrorista não parecia ser muito legal. Mas foi isso que acabou atraindo mais gente para o meu bar. Acabei abraçando a ideia”, diz o Bin Laden tupiniquim. E foi assim que Francisco nunca mais foi Francisco. Chamado carinhosamente de ‘Bin’ por quem frequenta o local, muitos não sabem qual é o seu verdadeiro nome. - Você conhece o Francisco? - Que Francisco? - Aquele cara ali atrás do balcão. - Ahhh, o Bin! Conheço, hahaha! Tá tranquilo, tá favorável? – ‘Bin’ abraçou a identidade de tal forma, que até videoclipe interpretando o líder da al-Qaeda ele já fez. Anterior ao hit “Tá tranquilo, tá favorável”, o funkeiro MC Bin Laden gravou o vídeo da música “O Bin Laden não morreu”, também conhecida como “O fuzil do Bin Laden é banhado a ouro” no qual Francisco está presente. Além disso, o nosso Osama costuma participar de programas de auditório, como do Silvio Santos e Geraldo Luís, normalmente em competições de sósias. - Bin, tira uma foto comigo? - Tiro sim, mocinha. Linda, linda, linda! Há há, ai, ai, ai... Aparecer é com ele mesmo. Muito simpático e sorridente, atende a todos os pedidos de fotos dos diversos curiosos e clientes que enchem o seu bar nas noites de sexta-feira e sábado. As paredes do estabelecimento, inclusive, são forradas de fotos de Francisco com frequentadores do ambiente. São pessoas bem singulares: roqueiros, góticos, punks, grunges, etc. “No meu bar só tocava forró, véi. Mas depois que passei a me vestir de Osama Bin Laden, a galera do rock passou a frequentar em peso aqui, mas eu não sei dizer o porquê. Então passei a colocar só rock para tocar”, comenta. Pois então, leitor. O exército dos Estados Unidos da América ainda não sabe, mas o nosso Osama Bin Laden está bem escondido no centro da capital paulista. Todavia, o quadro no fundo do bar escrito “Paz” com a imagem de Jesus Cristo parece indicar que esse ‘terrorista’, no fundo, é gente boa.
#fica a dica
Cânone Gráfico Obra permite leitor se familiarizar com clássicos da literatura através de uma adaptação nos quadrinhos Felipe Mascari
O cânone é uma linhagem de obras centrais e incontornáveis dentro de uma cultura. Organizado pelo escritor estadunidense Russ Kick, o Cânone Gráfico reúne, de forma antológica, clássicos da literatura mundial adaptados ao universo dos HQs. Em seus dois volumes, o livro é considerado uma intersecção que permite que os novos leitores revivam as principais obras que marcaram os séculos passados. “O livro é muito caro, mas foi uma gratíssima surpresa. Sabe quando você lê histórias e se sente mais culto? Foi o que senti. É uma produção muito boa”, afirma o estudante de História, Gabriel Valery. “Não há um foco apenas nas obras do ocidente, mas também no oriente. Há literaturas mais peculiares como a Inca, Maia, então, é um trabalho muito rico”, completa o leitor. O trabalho de Kick é marcado por absorver os clássicos de todas as partes do mundo, com obras de diversos os períodos da sociedade. No primeiro volume, por exemplo, o cânone adaptou A Epopeia de Gilgamesh – considerada a primeira literatura da história –; o Novo e o Velho Testamento; e até a poesia sufista de Rumi. Para que o leitor entenda a importância de cada obra, os quadrinhos possuem uma introdução com uma breve explicação do texto original, o que facilita o entendimento para aqueles que não estão familiarizados com os livros.
expediente Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Capa Foto: Denize Moraes
“O livro pega muita coisa do mundo antigo. Então, temos obras além da narrativa, como Aforismos do Confúcio ou um relato da Bíblia. Nele, tem algo que nunca tinha visto na vida que é uma cena do banquete de Platão, que são coisas não estão presentes na linguagem dos quadrinhos. É uma obra muito bonita”, acrescenta Valery. Os quadrinistas convidados para os volumes do Cânone Gráfico, entre eles o brasileiro Kako, tiveram total liberdade para criarem e adaptarem seus desenhos, desde que mantivessem a fidelidade ao título literário. Essa autonomia garantiu à obra muita riqueza na estética e nos traços, com característicos do mangá ao undergroud. O Cânone Gráfico é uma obra diversa. Permite que o leitor se familiarize com os clássicos através das 900 páginas e aprenda sobre a literatura de forma inusitada, diferenciada e, até mesmo, subversiva.
Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 1 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
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Educação
ano 23 |no 8| outubro/2016
Educação 2.0 é escolha do ENEM Plataforma surge como possível porta de entrada do estudante às universidades de todo o Brasil
São dez da noite e ele ainda não conseguiu começar a estudar. Exercícios? Simulados? Vídeo-aula? Resumos? Por onde começar? Não faz ideia, só pensa que seria muito mais fácil se um aluno conseguisse encontrar tudo isso num mesmo lugar. Fácil acesso, praticidade e objetividade. “E se tudo estivesse junto? Seria ótimo e adiantaria muito o meu estudo”, pensa. Inquietações à parte, foi exatamente esse questionamento que levou os executivos da Geekie – empresa responsável pelo desenvolvimento de plataformas voltadas para a educação – a criar o “A Hora do Enem”, app feito através da parceria entre a empresa de tecnologia, o Ministério da Educação e a TV Escola. Diferente e inovadora, a ferramenta é a primeira experiência brasileira neste campo e trabalha através de uma metodologia inteligente que direciona os estudos através do objetivo buscado pelo próprio estudante. E o que isso quer dizer? Logo após o cadastro inicial no site do app, o estudante precisa indicar a(s) carreira(s) que pretende seguir e, a partir disso, a plataforma pontua as principais áreas a serem es-
tudadas pelo aluno. Com um plano de ensino elaborado caso a caso - cada um tem o seu esquema exclusivo -, o secundarista pode acessar o site em computadores, notebooks, tablets e através do aplicativo da ferramenta, o MECFlix. Para a educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil - UniBrasil, Wanda Camargo, a novidade surge após uma longa reflexão acerca da educação brasileira. “Desde há muito, sabemos que algo anda mal no nível de conhecimento dos alunos que chegam ao ensino superior. Muitos artigos foram escritos, muitas novas metodologias e teorias entraram em pauta, sem que soluções concretas fossem atingidas. O Enem parece surgir como uma reflexão sobre o ensino médio”, diz. Além de elogiar a nova investida, a educadora ressalta um outro ponto importante no sucesso da plataforma. Apesar do grande número de brasileiros conectados à internet, ainda há uma quantidade maciça - principalmente nas regiões Norte e Nordeste - de jovens sem acesso à rede. Por isso, o Enem tem disponibilizado vagas exclusivas em universidades públicas e privadas
Arquivo pessoal/Geekie
Matheus Narcizo
Hora do ENEM oferece planos de estudo personalizado, vídeo-aulas e simulados ao aluno que deseja fazer o exame a quem não tiver conexão ao ambiente digital. “Uma iniciativa extremamente interessante foi possibilitar, ao estudante que não tem computador pessoal, utilizar 120 mil acessos por meio das universidades e institutos federais, instituições particulares e comu-
Hip Hop e a desconstrução social nas escolas Inclusão do movimento busca promover debates sobre direitos humanos e desigualdade Yury Ferrero Já imaginou uma escola diferente da convencional? Além da escolarização, a educação dos alunos tem ficado a cargo dos professores. Com isso, capacitar alunos construir bons cidadãos é uma missão cada vez mais difícil. Muitas vezes, o reforço vem das ruas. Deste modo, como repensar o modelo de formação dos jovens no Brasil? Ferramenta de estudos, o Hip Hop vem sendo difundido pela cultura pop brasileira contemporânea como nunca antes em nosso país. Arte de protesto, o estilo se popularizou por todo o continente americano, desde sua manifestação em guetos de Nova Iorque, na década de 70. Seu caráter contestador de desigualdades expõe as mazelas sociais e serve de instrumento de cidadania para muitos, sobretudo àqueles que vivem as carências da cidade grande. Em um momento tão propício de reconstrução da visão popular, movimentos como o feminismo, LGBT, entre outros, ganham força pelas ruas. E por elas conquistado seu espaço também na expressão político-cultural.
Para a pedagoga Renata Moura, mestre em educação e professora integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Poder, Cultura e Práticas Coletivas pela Universidade Federal do Pernambuco, o Hip Hop é a principal arma popular que fortalece e empodera a parcela da sociedade marginalizada por meio da arte. “Criar planos de ensino ou programas que abordem questões de combate as desigualdade é importantíssimo. Aproveitar a articulação de movimentos ligados à cultura de rua, como o Hip Hop, é de suma importância para o campo educacional, pois trazem a ‘linguagem’ desses jovens. É onde estruturam e aprofundam seu conhecimento acerca do exercício pleno da cidadania e de outras experiências proporcionadas pelo coletivo”, explica Renata Moura. Participante e organizadora, Renata relata promover, juntamente de ícones do Hip Hop, espaços de discussão dentro de eventos do movimento e em escolas públicas. Para ela, é preciso construir propostas educativas que tragam aspectos relacionados
às trajetórias de vida dos jovens para que estes se coloquem e expressem suas vivências e tensões, como o racismo e direitos sexuais e reprodutivos. Sugerido em 2003, o Projeto de Lei “Programa Hip Hop é Educação”, da ex-vereadora Claudete Alves, do Partido dos Trabalhadores, de São Paulo, propunha oficinas destinadas à realização de debates, palestras e aulas voltadas para a valorização cultural e fortalecimento da cidadania de crianças e adolescentes. No entanto, acabou encerrado em 2013 pelo término de legislatura. Para jovens estudante, inclusive ex-alunos da rede pública, a iniciativa seria positiva e necessária. É como pensa Gabryelle Pereira, estudante de radialismo e fã da cultura de periferia. “A gente ainda percebe e sente o pouco espaço de representatividade e preconceito que a mulher e os transexuais sofrem na sociedade. O machismo ganha espaço e se instala culturalmente, se o tema do debate não muda desde cedo com as crianças na escola” opina Gabryelle Pereira sobre a inclusão do Hip Hop na escola pública.
São Judas oferece estágios com bolsas de estudo
Áreas como Comunicação, Psicologia e Comércio Exterior oferecem oportunidades
nitárias e escolas estaduais de ensino médio. É uma iniciativa valiosa na direção da democratização do acesso ao ensino superior”, afirma. Estudante do terceiro ano do ensino médio, Ivan Leite já começou a pegar pesado nos estudos, principalmente
em áreas como Química, Física e Biologia. Pretendendo cursar Ciências Sociais no próximo ano, ele recebeu da plataforma um plano de ensino específico para as áreas voltadas às ciências exatas nas quais Ivan, futuro aluno de humanas, tem maior difi-
culdade. “No início, refutei um pouco pra começar a usar a plataforma. Parecia muito estranho ser orientado por um robô, Mas, agora, depois de conhecer a metodologia específica da ferramenta, me parece que a universidade fica cada vez mais próxima”.
PINGUE-PONGUE O começo...
de uma nova jornada Professora relata a importância do vestibular e como se preparar para o exame
Arquivo pessoal
Professora Thereza entre os alunos do Ensino Médio do Colégio Mary Ward Rebeca do Vale A transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio muitas vezes não é tarefa fácil para alguns estudantes. A inquietação paira sobre eles com as novidades que estão por vir. Geralmente eles são expostos desde os primeiros dias de aula aos assuntos relacionados ao vestibular. A dedicação, persistência e estudo são requisitos fundamentais para alcançar os objetivos. Professora de Língua Portuguesa, formada pela Universidade São Judas Tadeu, Thereza Camporesi conversou com a reportagem do Expressão e falou como auxilia, há 37 anos, seus alunos neste processo tão esperado por eles e afirma que manter a calma e o equilíbrio são essenciais para fazer um bom Ensino Médio e, consequentemente, um bom vestibular.
Luana Felix Para os alunos da São Judas que estão à procura de um estágio e entrar no mercado de trabalho, a instituição oferece processos seletivos com bolsas de estudo para quem deseja ingressar e praticar seu conhecimento adquirido em sala no próprio dia-a-dia de trabalho. De acordo com o Centro de Estágios da universidade, já são mais de 10.300 contratos efetivos desde janeiro de 2015. O contrato inicial varia de acordo com o curso e pode ser exercido por até dois anos, pois o aluno só pode estagiar até o 4º ano da faculdade sem haver possibilidade de efetivação, já que a vaga só oferece uma bolsa de estudo de 50% sob o valor da mensalidade e não uma bolsa remunerada. No entanto, para o curso de Publicidade há possibilidades de contratação caso haja bom desempenho do aluno.
A estudante Bruna Fillol é estagiária de Jornalismo e trabalha na Rádioweb São Judas, e conta que soube da vaga através de outros colegas. “Fiquei sabendo através de colegas que já estagiavam na faculdade e por professores. E quando me candidatei passei por testes relacionados à área do estágio, no caso, como sou da rádioweb precisei fazer um texto e um teste de locução”, diz a aluna. Além das áreas de Comunicação como Jornalismo, Rádio TV e Publicidade, há outras como: Direito, Fisioterapia, Ciências da Computação, Comércio Exterior, e muitas outras, e está aberto a qualquer aluno que deseja se candidatar e participar do processo. Basta procurar o coordenador de estágio dos cursos desejados e ficar por dentro das vagas.
Os estágios devem cumprir de 4 a 6 horas com um contrato prescrito pela faculdade e assinado pelo coordenador do curso visando as atividades e horários. “O aluno que ingressar em um estágio deve ter o contrato assinado pela instituição com regras, atividades, horários e condições que a empresa oferece. O aluno, o empregador e o coordenador do curso devem assinar”, diz o professor e Coordenador de Estágio Clóvis Furlanetto. Contudo, há outras áreas como a de saúde que oferecem atendimentos no Centro de Psicologia e visa como um meio de atividade supervisionada na qual o aluno atende a pacientes, e exerce a função na prática, porém, é necessário que haja supervisão de um responsável e é exigido um relatório de atividade obrigatória ao fim de todo atendimento.
Para estagiar: Procure o coordenador de estágio de seu curso e fique por dentro de vagas disponíveis em áreas como Jornalismo, Direito, Psicologia e Nutrição; A relação de vagas também pode ser encontrada no Centro de Estágios da universidade - 1º andar – Bloco A – sala 107-, responsável por orientar e encaminhar os alunos aos estágios.
Expressão - Quando os alunos ingressam no Ensino Médio questionamentos surgem a respeito de qual faculdade e curso fazer. O medo, a ansiedade e o nervosismo atrapalham o desempenho. Como faz para ajudar seus alunos a enfrentar esses obstáculos? Thereza Camporesi - Digo-lhes que a escolha não tem de ser definitiva, se não der certo existe a possibilidade de mudança. Em segundo lugar, oriento-lhes que quanto mais desespero eles tiverem, piores serão os resultados e, em alguns casos, ainda aconselho até um acompanhamento psicológico para ajudá-los. Expressão - Em qual série do Ensino Médio a senhora começa a focar nos temas dos vestibulares? Thereza - Desde a 1ª série, quando já faço uma palestra sobre Enem e vestibulares. Os alunos têm de entender que o vestibular é o final de um processo. Então não adianta falar sobre isso apenas na 3ª série.
Expressão - Quais os planejamentos que faz para prepará-los para os vestibulares? Thereza - Procuro informá-los da melhor maneira possível por meio de sites educativos, palestras e feiras estudantis. Outro ponto importante que falo para eles é resolver as questões de vestibulares anteriores da universidade em que pretendem ingressar. Expressão - Como preparar os alunos para a redação já que a escrita tem um grande peso no vestibular? Thereza - Passo pelo menos uma produção de texto por semana. Depois, alguns alunos leem o seu texto, e vou apontando o que esta bom e o que precisa melhorar. O resultado sempre é satisfatório. Outra dica é falar muito sobre atualidades, criar um debate na sala. Posteriormente ficará melhor para redigir um texto.
Expressão – Quais técnicas usa para os alunos absorverem os conteúdos?
Expressão - Os alunos têm dúvidas de como estudar e o que estudar. Como a senhora sugere a divisão entre tempo, matérias e relevância?
Thereza - Quando se trata de literatura, costumo contar algumas histórias dos clássicos a fim de que se sintam incentivados a ler as obras mais exigidas. Também levo os alunos ao teatro. Eles gostam muito. Existem ainda algumas regras gramaticais que são memorizadas por meio de músicas ou de versos rimados.
Thereza - Digo que a organização é tudo. Se o aluno optar por estudar em casa, é preciso fazer um cronograma de estudos e segui-lo à risca, de preferência por ordem de dificuldade. Por exemplo, se o maior problema é Física, então precisa estudar mais essa disciplina para não ser surpreendido no dia da prova.
Diagramação e Revisão da página: Luana Felix, Matheus Narcizo, Mayumi Kavazuro, Rebeca do Vale e Yury Ferrero
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especial
identidade de gênero
Sexo é biológico, gênero é social
No olho do furacão, a questão da identidade de gênero ainda é cercada por pontos de interrogação Lucas Galdino Imagine o seguinte: você se olha no espelho e não reconhece um milímetro sequer daquele corpo, daquela pessoa. Esse é o caso de Dália Gil, que desde os 16 anos tomou consciência de que não era quem sempre diziam que ela era. Dália nasceu Bruno. E há outras Dálias, e até mesmo Brunos, por aí. “No começo, eu só achava que era mais um menino homossexual efeminado. Que eu apenas gostava de outros meninos e me comportava de um jeito não-normativo. Mas não. Quando completei 16 anos comecei a perceber que eu era uma mulher. Vivia uma mulher dentro daquela carapaça masculina”, conta a transexual. E realmente é diferente. A a orientação sexual de Gil, que se refere à atração afetivo-sexual dela, não tem nada a ver com o seu gênero, ou seja, a forma como ela se identifica. Hoje, com 23 anos, ela é a mulher heterossexual que sempre foi. A identificação de gênero é um construto social, imposto de acordo com o nosso sexo biológico, ou seja, somos designados a ter comportamentos de acordo com a nossa genitália e crescemos sendo ensinados a ter um papel de gênero adequado a esse sexo. Pessoas que se encaixam com o gênero atribuído no seu nascimento são denominadas cisgênero ou cis, mas há uma diversidade considerável e abrangente de identidades, o que faz com que algumas pessoas não se vejam dentro do binarismo preestabelecido ao nascer. Esses indivíduos são considerados transgêneros ou trans, como Dália Gil.
E não para por aí! Existem ainda as pessoas que não se enxergam em nenhum dos dois gêneros e não há uma unanimidade em como chamá-las. Nos EUA, a Comissão de Direitos Humanos de Nova York, nos EUA, decidiu oficializar a multiplicidade das identidades de gênero e passou a reconhecer 31 diferentes tipos de gêneros. Leonardo, por exemplo, não se vê representado pelo masculino, muito menos pelo feminino. “Uno as duas coisas de ambos os gêneros: tenho barba, cabelo curto, unhas compridas pintadas e seios”, comenta. Ele se vê como um não-binário, uma das possibilidades de denominação dos transgêneros que não se encaixam no binarismo homem-mulher, como nos casos dos queer e dos andróginos.
Nathalie Provoste
Não-binário, Bruno (à direita) não se considera nem homem, nem mulher
Travestis na trilha da marginalidade Por que o Brasil odeia as travestis?
Monise Cardoso Como consequência, em Somos o país que mais mata travestis e transexuais. muitos casos, as travestis são Foram mais de 600 mortes em expulsas de casa, deixam de seis anos, segundo pesquisa estudar e caem na prostituição, realizada pela ONG Transgen- raros são os casos em que essa der Europe (TGEU), uma rede população consegue ocupar eseuropeia de organizações que paços como universidades, merapoiam os direitos da popu- cado de trabalho e política. lação transgênero. Este dado “Quando presente no Estadeveria ser suficientemente do ou na iniciativa privada, o assustador, mas, infelizmente, preconceito transfóbico causa ele é só a linha final do percur- grandes dificuldades de acesso violento pelo qual passam so aos serviços de cidadania”, as pessoas que vivem com co- afirma Symmy Larrat, primeira ragem a sua identidade. travesti a ocupar a função de De acordo com definições coordenadora-geral de Promomédicas, uma ou um travesti se- ção dos Direitos LGBT (Lésbiria aquele que se comporta e se cas, Gays, Bissexuais, Travestis veste como o outro gênero, mas e Transexuais) da Secretaria de não quer a cirurgia para mudar Direitos Humanos da Presidênseu órgão sexual. Diferentes cia da República dos/as transexuais, que sentem Saymmy explica que é a a necessidade de fazer a cirur- pauta mais urgente é a aprogia, pois se reconhecem pelo vação da Lei de Identidade de gênero oposto ao designado no Gênero. “O projeto de lei é de momento do nascimento. autoria dos deputados jean Segundo dados do Institu- Wyllys e Erika Kokay, entre outo Brasileiro de Geografia e Es- tros pontos, reconhece a identatísticas (IBGE), a expectativa tidade de gênero de pessoas de vida de uma pessoa cisgê- trans e lhes concedem alguns nera (que se identifica com o direitos como retificação de gênero a qual foi designada no nome sem laudo médico e cinascimento) é de 74 anos, en- rurgias pelo SUS”, explica. Exisquanto, de acordo com Pedro tem várias mudanças comporSammarco, autor do livro “Tra- tamentais que são importantes vestis Envelhecem”, as travestis para mudar o cenário, mas ter vivem, em média, 35 anos. O uma lei de amparo seria um grupo inserido no “T” da sigla grande passo para reparar a séLGBT, têm a longevidade e a rie de prejuízos. qualidade de suas vidas subjuLucas Galdino gadas por um contexto social onde a identidade de gênero não só é incompreendida, mas também hostilizada. Para Roy Von Der Oster, 28, que se identifica como não-binário (pessoa que não se identifica com nenhum dos dois gêneros) e se apresenta com roupas lidas como femininas, existe uma falsa tolerância daqueles que dizem aceitar. “A sociedade afirma que qualquer atitude que fuja dos padrões menino/menina deve ser repudiado. Para alguns, as pessoas podem até sair desse quadrado, mas sempre dentro de um limite que não agrida a heteroLara, uma das travestis presentes na Parada Gay normatividade”, defende.
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Apesar de complexa, a transgeneridade não deve ser tratada como um transtorno, e sim como uma questão de identidade intrínseca à existência do indivíduo. Até porque, de acordo com um estudo sobre as diferenças de gênero no cérebro humano, publicado em outubro de 2015 no periódico americano Proceedings of The National Academy of Sciences, não existe um cérebro masculino e outro feminino. De acordo com a análise, o cérebro é uma espécie de mosaico único, com características masculinas e femininas que se sobrepõem. Porém, “concepções patológicas conservadoras e moralistas influenciam a discriminação, a opressão e a violência que as pessoas não-cis enfrentam cotidianamente”, comenta Breno Rosostolato, psicólogo e educador sexual.
Ainda que no “olho do furacão” das discussões sociais e políticas atuais, a questão de gênero não é algo recente. Durante milhares de anos, as hijras, pessoas transgêneras, intersexuais e que compunham um terceiro gênero, foram líderes políticos, espirituais e ocupavam cargos de prestígio na justiça indiana. No século XIX, com a colonização da Índia pela Grã-Bretanha, foi decretada uma lei que criminalizava e marginalizava as hijras. Elas só voltaram a recuperar seus direitos em 2014, quando o governo indiano instituiu a categoria de terceiro gênero nos documentos oficiais e cotas de emprego e educação para essa população. Casos como os das pessoas transgêneras indianas refutam a teoria de que a questão de gênero é biológica e reforçam a ideia de que a identidade dos indivíduos é construída através da cultura, como defende a psicóloga Jaqueline Gomes: “o que define o comportamento masculino ou feminino das pessoas é a cultura. E isso muda de acordo com a cultura de que falamos”. Para ela, “o que importa na definição do que é ser homem ou mulher não são os cromossomos ou o genital, mas a forma como a pessoa se expressa socialmente”, finaliza. Entretanto, as discussões acerca da transgeneridade ainda estão longe de serem resolvidas, uma vez que a comunidade não busca definições (até porque serão, pelo menos, 31 definições). O grupo trans apenas almeja visibilidade para sua causa e respeito quanto à sua identificação.
Se liga nos direitos!
Legislação certifica garantias da população trans Ana Carolina Basile
Para ajudar os leitores a saberem mais sobre os direitos das travestis, transexuais e trangêneros, a equipe do “Expressão” conversou com Aurea Maria Manoel, coordenadora do Núcleo ‘Especializado de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
ano 23 22 | |nnoo10 | outubro/2016 outubro/2015 ano 8|
Quando a mídia ignora a realidade Milena Perilhão
Mesmo numa sociedade onde as minorias reivindicam seu espaço é um tanto quanto distante falar em representação, efetivamente. Se a educação em questões de gênero já é falha, a mídia, formadora de opinião, se abstém de promover o debate, isso quando não realiza um desserviço à luta por igualdade. “Numa visão que carece de aprofundamento, os indivíduos trans possuem representações que, quase sempre, estão ancoradas no humor e no fazer rir: um estereótipo da identidade”, destaca Christian Gonzatti, mestrando em Ciências da Comunicação na linha de pesquisa de Linguagens e Práticas Jornalísticas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Com isso, é notável que além de não abordar adequadamente, aqueles que deveriam difundir informação, quando o fazem, cometem inúmeros deslizes e tratam a transexualidade sem dignidade. “É uma relação de luta mediada pela tecnologia que deve ser desenvolvida, mas não estar somente no online”, salienta Christian.
NÃO
O universo trans e ser transexual no Brasil e no mundo ainda é objeto de desconhecimento da maioria das pessoas. Situações
constrangedoras causadas por não saber, por exemplo, qual o pronome de tratamento deve ser usado ao falar com ou sobre uma pessoa
Tamiris Versannio |
Um homem homossexual pode ser transexual? Sim. Identidade de gênero não está atrelada à orientação sexual.
Transexual é mulher ou homem? Depende da maneira como ele/ela se identifica. Tudo depende de como ele ou ela se aceita, independentemente do corpo.
Transexualidade ou transexualismo? SEMPRE transexualidade. O sufixo "ismo" possui várias possibilidades de significado, incluindo doença. Portanto, não é adequado usar transexualismo.
Quando nos referimos à/ ao transexual, qual a maneira correta de tratá-lx? Ele ou ela? Também depende da maneira como cada indivíduo trans se aceita.
Existe um cis trans? Expressão - Quais os principais direitos dos transexuais? Aurea Maria Manoel - Uso do nome social, do banheiro de acordo com a identidade de gênero e outros direitos comuns às pessoas, que as trans têm dificuldade de acesso, como direito ao trabalho e à saúde. Expressão - Como os órgãos públicos e privados devem agir para assegurar os direitos dessas pessoas? Aurea - O uso do nome civil é uma situação que expõe os transexuais a momentos vexatórios e, muitas vezes, eles acabam sofrendo preconceito pelos colegas. As empresas têm que colocar o nome social nos sistemas de trabalho e observar a utilização do banheiro de acordo com a identidade de gênero. Quando isso não ocorre e temos conhecimento do caso, fazemos atividades de conscientização e orientação, além de palestras para que funcionários passem a respeitar os gêneros dessas pessoas. Expressão - O Núcleo tem alguma estatística que mostra quantas travestis e transexuais tendem a procurá-lo para buscar seus direitos? Aurea - Em 2015, nós recebemos cerca de 310 denúncias de discriminação e 76% foram em relação à população LGBT. Temos diversas for-
Diagramação e Revisão da página: Arthur Ávila, Lucas Lucena
mas de acesso, como o atendimento pessoal e encaminhamento por outros órgãos ou centros de referência, mas a nossa maior porta de entrada é o disk 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Todas as denúncias da população LGBT feitas através desse serviço eletrônico, dentro do Estado de São Paulo, vêm para o Núcleo. Ao recebermos essas acusações, entramos em contato com a vítima, agendamos atendimento, colhemos as informações e, a partir daí, tomamos as providências cabíveis. Expressão - Em abril deste ano, a então presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que permite o uso do nome social em todo âmbito da administração pública federal. Qual impacto você acha que essa aprovação pode causar em relação aos direitos humanos? Aurea - O decreto é bem importante, mas é um primeiro passo. Com esse ato normativo federal, já se tem formalizada a obrigação das organizações públicas de respeitarem o nome social como um direito. O grande desafio mesmo é garantir a efetivação desta norma, que vem numa hora importante, num momento de retrocesso, de conservadorismo e de violação dos direitos das populações vulneráveis.
Não. Ou é cis, que aceita o gênero determinado no nascimento, ou é trans, que não se identifica.
Qual a diferença entre trans e cis? Trans é quem não se identifica com o gênero de nascimento. Cis é quem aceita e se identifica com a definição de nascimento.
E as drags? Onde se encaixam? Arthur Ávila
Xs drags são personagens performáticas, que se vestem e agem como uma caricatura do feminino estereotipado, independente de identidade de gênero e de orientação sexual. Existem duas dimensões que “classificam” xs transgênerxs: a de Identidade e a de Funcionalidade. Drag queens e kings, crossdressers e transformistas são de Funcionalidade. “Não me considero uma pessoa transgênero por me caracterizar. Passo maior parte do tempo desmontado, mesmo que eu só acesse meu Facebook montada e que 90% do dinheiro que eu gasto comigo, seja para a minha drag”, diz a drag queen Kira Lyon. A baixa remuneração dxs drags levou até a criação de um ditado, famoso no meio LGBT e no backstage das noitadas brasileiras, que faz crítica ao fato dos shows e performances serem mal remunerados: “consumação não paga peruca”. “Ao me montar não sou mulher, sou um homem performando uma ideia de mulher. Ser drag é libertar e ser liberto, é pensar e fazer pensar, é provocante e político. É revolucionário”, afirma Guilherme Terreri Pereira, o professor por trás da personagem youtuber Rita von Hunty.
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identidade de gênero
O som do lacre
Lucas Galdino Os movimentos musicais e seus representantes marcam gerações. Podemos citar como exemplo a bossa nova, tropicalismo, a resistência do samba nos anos 80 e o rap nacional nos anos 90. A geração atual também tem um movimento para chamar de seu, e é a nova MPB, Música Periférica Brasileira. Desafiadora, contestadora e libertadora, ela aparece de um jeito nunca visto antes. Liniker, Rico Dalasam, Xërxës, As Bahias e a Cozinha Mineira e MC Linn da Quebrada são alguns nomes dessa cena musical, que dão a cara à tapa e ao romper com os estereótipos. “Vemos agora um movimento musical que de certa forma tem um sabor político, mas que antes era até marginalizado. Eu tenho orgulho dos artistas desta geração e de fazer parte disso”, comenta Xërxes, que lançou sua primeira música, “Lixo Homofóbico”. Vindos da periferia, esses artistas são principalmente negros, que cutucam a ferida da LGBTfobia, do machismo e do racismo com influências do soul, MPB, samba, rap e funk, fazendo um som original e marginal. Uma forma diferente e empoderada de reivindicar direitos e falar de amor e transgressão.
ERRE transexual, ou até mesmo a simples falta de conhecimento em saber o que é o que dentre termos como “cisgênero”, “transexual”,
“gay”, “travesti”, entre outros, que parecem confusos, mas não o são. Confira o infográfico e as respostas para algumas perguntas frequentes.
| Mauro Almeida de Camargo
Transexuais recebem novos registros de identidade com a nova “definição”? Para conseguir novos documentos, que incluam o gênero com o qual a pessoa trans se identifica e nome novo. É preciso apresentar um laudo psiquiátrico e outro psicológico que atestem que a pessoa seja transexual.
Para ser transexual, a pessoa tem que fazer a cirurgia de mudança de sexo? Não, pois a cirurgia transexualizadora não define se a pessoa é trans ou não. O que determina isso é a autoidentificação.
Quais os requisitos para fazer a cirurgia transexualizadora? Maioridade, acompanhamento psicoterápico por pelo menos dois anos, laudo psicológico/psiquiátrico favorável e diagnóstico de transexualidade.
Existe cirurgia para mulheres terem pênis? Sim. O processo é baseado no uso de hormônios masculinos para aumentar o clitóris.
Homens operados podem engravidar? Não. Mesmo com a cirurgia, homens trans continuam sem útero.
Plurissex:
Wagner Alves
tendência em 2016
Homem de saia? Mulher de calças largas? Pode sim! A moda que tem conquistado cada vez mais adeptos Denize Moraes Se roupas são apenas roupas, então por que classificar em feminino ou masculino, se eu posso ser livre e usar o que eu quiser? É assim que a moda
Jorge Luiz em ensaio fotográfico
classificada como gender-bender, agender, androginia ou sim-
especial
Questão de saúde Por que eu nasci assim? Como as políticas públicas lidam com travestis e transexuais em São Paulo
Protecionismo, medo e preconceito contribuem com desenvolvimento de traumas infantis em crianças trans Lucas Lucena
Débora Britto Identidade de gênero e orientação sexual são fatores extremamente ligados a saúde. O motivo não é só por conta das relações sexuais e sociais, mas como frente na luta cotidiana contra preconceitos e violações aos direitos humanos. Entretanto, travestis e transexuais ainda fazem parte de um grupo de pessoas que mais estão afastados do serviço de saúde pública. A primeira cirurgia de transgenitalização foi realizada em Viena no ano de 1931. No Brasil, a primeira foi aconteceu em São Paulo em 1971, mas só foram legalizadas pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil em 1997, em apenas caráter experimental. Somente em 2002 a cirurgia foi autorizada a ser feita em qualquer hospital. Uma das tentativas do governo para deixar a saúde pública mais plural foi a garantia de tratamento de transição de gênero no SUS. No ano de 2010, foi criado em São Paulo, o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids – SP. O objetivo é atender travestis e transexuais de forma completa. Quem vai até o CRT passa por avaliação médica, endocrinológica, proctológica, fonoaudiológica e psicológica.
Após todo o acompanhamento o tratamento de transição de gênero começa. A diretora do ambulatório, Judit Lia Busanello explica que “os pacientes passam por um acompanhamento de dois anos até estarem aptos para cirurgia”. Hoje em São Paulo, somente o Hospital das Clínicas e o Hospital Mário Covas realizam a cirurgia de mudança de gênero. A média é de 1,3 cirurgias por mês, com isso a espera pode chegar a 20 anos devido a demanda. Em 2015 foram operadas 15 pacientes nos ambulatórios do SUS. A longa espera faz com que muitos travestis e transexuais optem pelo mundo da clandestinidade na procura de medicações e tratamentos estéticos, colocando sua integridade física em risco. E este é um fator que preocupa muito os profissionais da saúde, segundo Busanello o uso de silicone industrial foi responsável por mais de 500 atendimentos no Hospital Estadual de Diadema no ano de 2015. “A aplicação do silicone direto no corpo causa diversas infecções, necroses dos músculos além de obstruir vasos sanguíneos que pode levar à morte. E muitas vezes não tem muito o que fazer, e em casos muito graves é preciso fazer cirurgia para retirar o silicone”, alerta Judit.
O padrão homem/mulher é atribuído logo no nascimento de um novo ser, restando apenas aceitar o rótulo que lhe é determinado, mesmo que essa não seja sua vontade. Com a ideia de estar “vestindo” um corpo incompatível com seu gênero, mas biologicamente normal e funcional, a pessoa sente mal-estar e desconforto. No início do século XX, a ciência passa a considerar a existência de mais gêneros do que apenas masculino e feminino, possibilitando que a pessoa possa definir a sua identidade, da maneira que melhor lhe satisfaça, sem atribuir, de forma invasiva e impositiva, uma categoria pertencente ao binarismo. Amanda Gianetti é psiquiatra e defende que essa escolha deve ser incentivada, não induzida. “As crianças devem descobrir sozinhas o caminho que querem seguir, sem interferências de pais ou especialistas. Após um acompanhamento mais completo, ela poderá receber hormônios ou algo que irá retardar a puberdade, caso seja necessário”, explica. O maior medo dos pais é em relação às possíveis represálias que os filhos podem sofrer. Contudo, esse excesso de cuidados pode ser prejudicial. Na tentativa de conter a sexualidade da
criança, os responsáveis tentam controlar seu comportamento fora do ambiente familiar, dando a entender que é um hábito a ser alterado e repreendido. Além desse receio, alguns acreditam que se trata de uma fase temporária, atrasando na busca de informações e ajuda. “Meu marido e eu não estávamos confiantes. Achávamos que era algo passageiro. Essa negligência era prejudicial, minha filha se sentia muito mal”, conta Priscila Brasiliano, técnica em enfermagem. Priscila é mãe de uma menina trans de dez anos e relata que temia preconceito na sala de aula. “Não temia a reação das crianças em si, mas sim dos pais delas. Ninguém nasce com preconceito. Claro que atraiu a curiosidade dos colegas, mas continua sendo amiga de todos e é respeitada por alunos e professores”, completa. O processo com crianças transgêneras é feito através de acompanhamentos minuciosos, para que possa ser constatado e não ser confundido com homossexualidade. Quando confirmado, são administradas doses de remédios que visam o retardo dos efeitos da puberdade, como o crescimento de seios nas meninas ou surgimento de barba nos meninos. Na fase adulta, é permitida a cirurgia. Lucas Lucena
Armário com foto de desabafo sobre bullying
Nem um, nem outro
As ramificações da identidade podem abranger a inexistência dos padrões que reforçamos há séculos Reprodução
Caroline Beraldo Não se reconhecer em nenhum dos estereótipos de gêneros correntes nos discursos dominantes e não se enquadrar no perfil normativo imposto pela sociedade, nem mulher, nem homem. O gênero não é um corpo, ele é uma interpretação dele, por isso ao falarmos de não binarismo, devemos esquecer toda a cultura criada no feminino e masculino, assumindo uma postura neutra e sem tipificação. Podemos começar com uma pergunta, as pessoas não binárias são sempre trans? A resposta é sim, porque os gêneros designados não representam sua sexualidade como um todo. Por exemplo, ela pode se caracterizar pela ausência de gênero, ou carregar a existência dos dois ao mesmo tempo, ou até mesmo alterna-los durante sua vida. Assim como Luccas Alves, estudante de História, Gênero e Sexualidade, na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “Eu não tenho a intenção de me apresentar socialmente através de um corpo que seja inteligível, também não quero que as pessoas me ‘compreendam’ ou que, necessariamente, mudem suas verdades absolutas”. Pode parecer confuso, porque temos a necessidade plesmente unissex chega para mudar conceitos. A tendência “sem gênero” chegou com tudo as passarelas nacionais e internacionais ainda em 2015. E em 2016, a moda plurissex começa a surgir não só nas ruas, mas também nas vitrines das lojas. Quebrando os estereótipos que ditam quais peças e cores são femininas e masculinas. Entendemos por moda algo passageiro, de acordo com o gosto ou o momento, uma maneira de se vestir, tendências segundo o qual cada um faz as coisas. Caco Batista, estudante de design de moda no Senac define a moda apenas como livre. “Eu opto na minha linha de criação o
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de enquadramento do sujeito em um polo determinado, mas como já foi dito aqui, o corpo não representa a orientação sexual de um individuo, que acaba entrando em um gênero pré-discursivo, dado antes mesmo de seu nascimento, por relações semióticas arbitrárias.
sermos vistos na heteronormatividade? O empoderamento do discurso não binário talvez traga um olhar de desconstrução da identidade, um olhar com a possibilidade de não se identificar ou se completar, se assim for o caso, com a inexistência de uma tipificação do ser, ou não ser. Caroline Beraldo
Luccas Alves em sua quebra de padrão normativo, usando unhas negras e saia
Luccas é muito simples e direto ao dizer que devemos nos permitir a experimentar novas maneiras de se relacionar com o outro, com nós mesmos e com o mundo, e, que independente da forma que nos servir, que seja sempre leve. Precisamos mesmo de um gênero para socializarmos, ou
As designações são limitadas, há um momento que as certezas deveriam sair de campo, porque nada é de fato predefinido, mas o respeito e a visibilidade é dever e direito de todos, afinal, assim como Luccas, todos querem a liberdade, “ser respeitado em todos os espaços pelos quais eu decida transitar”.
estilo sem gênero, porque sinto a necessidade de trazer a mesma tendência para ambos os sexos. Eu procuro nas aulas criar modelos que não sejam esse clichê de feito para homens e feito para mulheres”, esclarece. Plurissex ou Genderless, que em inglês significa “sem gênero”, é uma expressão usada por pessoas que se manifestam através da moda e se expressam sem se classificar pelo o que é moda feminina ou masculina. Então, podemos entender que gênero tem mais a ver com o que o ser humano se identifica, seja como homem ou mulher. Mas o problema central que podemos achar na moda sem
gênero é o preconceito que algumas pessoas ainda sofrem ao adotar o estilo. Jorge Luiz Valente, estudante, resolveu aderir à moda genderless como uma forma de protesto “As pessoas precisam ver que não há problema algum em um homem ou uma mulher usar roupas que ‘não pertençam’ aos respectivos gêneros. Devemos usar aquilo que nos sentimos confortáveis e que achemos bonito, sem medo de estarmos cometendo algum atentado à sociedade, porque não estamos.” Após fazer um ensaio fotográfico usando saias e vestidos, Jorge Luiz conta que pode sentir o preconceito de algumas pes-
soas que passavam no local e o olhavam torto, davam risadas e faziam piadinhas do tipo “é menina ou menino?”. E diz que “É horrível ter que usar algo que você não gosta só para agradar outras pessoas. É desconfortável. Eu quero sair com a minha saia e me sentir confiante e seguro, quero estar em paz comigo mesmo e não sentir medos. Essa questão das roupas sem gênero virem à tona é ótimo.” Podemos ver que o plurissex chega para acabar com a divisão por gêneros, porém no momento o estilo é mais como uma novidade e não ainda um fenômeno social, já que ainda esbarramos em preconceitos pelas ruas.
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vida digital
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Muito além das selfies A tecnologia digital transformou o audiovisual, criando várias oportunidades para produções cinematográficas Taís Cruz Desde que o primeiro celular com uma câmera integrada foi lançado em 2000, até os smartphones mais modernos que prometem imagens em alta definição, muita coisa mudou no campo das imagens. A forma como o mundo inteiro se relaciona com a fotografia é outra, registrar cada momento da vida se tornou algo simples com o celular sempre à mão para isso. A conexão entre a tecnologia acessível e a criatividade deu origem a produções cinematográficas usando as filmagens da telinha do smartphone para projetar nas telonas do cinema. O seu custo quase zero atrai jovens cineastas e também os mais experientes, como diretor americano Sean Baker do filme Tangerine, que está dando o que falar nos festivais de cinema independente pelo mundo, com um filme totalmente feito em um iPhone. Em entrevistas o diretor afirmou que fez essa escolha por falta de verba. “As tecnologias digitais atuais trazem criatividade para o audiovisual.
A transição de novas tecnologias da comunicação é fundamental para que o cinema deixe de ser uma arte fotográfica dominada por poucos, para se tornar uma forma de comunicação democrática. Hoje, a produção cinematográfica não depende mais de grandes verbas ou de editais para serem realizadas, elas dependem muito mais da força de vontade e criatividade”, diz Anderson Lima, professor de cinema da Academia Internacional de Cinema. A câmera dos smartsphone tem se tornado um atrativo cada vez maior para os consumidores, tanto que as versões mais novas do iPhone e Samsung Galaxy prometem grande qualidade das imagens de suas pequenas câmeras de 12 megapixels, sensores potentes de capitação e ajuste de luz, vídeos em alta definição HD e resolução 4k, assim como as profissionais. As edições dos vídeos também podem ser feitas no próprio celular, o iPhone 6s, por exemplo, oferece um recurso para editar dois vídeos para criar o efeito picture-in-picture,
ferramenta que combina a sobreposição de vídeos para mostrar ação a partir de dois ângulos simultâneos diferentes, um desafio para muitos computadores. Além do celular há também outros equipamentos de boa qualidade que se tornaram acessíveis. “Com R$5 mil você consegue comparar uma boa câmera digital, tendo a câmera o resto vai no improviso mesmo. E muita coisa pode ser melhorada na edição, como a iluminação e o som. Para quem usa o celular nas filmagens, dá para usar aplicativos bons e muito simples de edição no próprio celular”, conta documentarista Juan Contador. Essas facilidades não são aproveitadas só pelo cinema, muitos YouTubers, músicos e fotógrafos fazem as suas imagens com um aparelho portátil para criar conteúdo, muitas vezes, de boa qualidade audiovisual. Além de ser uma ótima ferramenta para a democratização do conhecimento através de filmes, documentários ou mesmo vídeos para as redes sociais.
Sororidade
Vamos Juntas
Faça você mesmo Taís Cruz Ative o modo avião: assim, você não será interrompido por ligações ou mensagens. Libere o máximo de espaço possível. Se desfaça de aplicativos, fotos vídeos e músicas que não usa mais, isso vai te ajudar a filmar por mais tempo. Sempre filme no modo horizontal: filmar com o celular na vertical não é errado, mas se o objetivo for reproduzir a filmagem em uma TV LCD ou LED com certeza o conteúdo não vai ficar bom. Desative o zoom digital: se o seu telefone tem controle de zoom digital, opte por desativá-lo, pois esse tipo de recurso distorce a qualidade da imagem. Prefira sempre realizar a filmagem com um plano mais geral, aberto. Iluminação, a maioria dos celulares capta melhor a imagem em ambientes abertos e sob luz diurna, para usar a luz solar a seu favor procure filmar durante a amanhã até às 10h e à tarde depois das 16h. Procure se posicionar a favor da iluminação, isso vai exigir menos da câmera do aparelho e capta imagens mais iluminadas. Suportes e tripés. Invista em suportes que ajudem a manter a câmera fixa e firme por mais tempo, evitando que a imagem fique tremida ou desfocada. Baixe aplicativos de captura e edição. Disponíveis para Android e iOS, ferramentas facilitam a criação sem ajuda de um computador
a união entre as mulheres
Taís Cruz
Movimento criado no Facebook dá voz aos medos que podem ser evitados ao serem enfrentados em conjunto Ingrid Pap “Sempre falei com meu filho, que vai fazer 14 anos, sobre o respeito que deve ter pelas meninas. Essa idade dele, em que começa o desejo e que os amigos incentivam, é muito complicada. Esses dias li para ele as histórias do Vamos Juntas?, para que percebesse como nos sentimos em diversas situações. Ele ficou espantado e conversamos muito. No final da conversa, ele disse: ‘Eu não vou ser esse tipo de homem, mãe, nunca.’ Também tenho uma filha de 11 anos que já segue a página e que me mostra várias histórias, orgulhosa. Muito obrigada por me ajudarem a mostrar, ‘na prática’, o homem que meu filho não deve ser e a mulher que minha filha deve ser”, relato de Carolina Gordilho na página do Vamos Juntas?. Esse é um dos relatos encontrado na página Vamos Juntas? do Facebook. Na rede social já é possível contabilizar mais de 340 mil seguidores. Criada em junho de 2015 pela jornalista Babi Souza que, após enfrentar uma situação de risco, teve a ideia de compartilhar e dar voz a acontecimentos diários de mulheres oprimidas e que passaram por experiências ameaçadoras em todo o mundo, principalmente do Brasil, em que a presença de outra mulher, pode ser fundamental. O movimento Vamos Juntas? trouxe a tona a palavra sororidade — a união entre mulheres que se reconhecem irmãs e formam um grupo político e ético na luta pelo feminismo contemporâneo — e mostra a importância da aproximação, do contato e da união desse público feminino para evitar possíveis situações de risco. Uma pesquisa realizada no site do movimento, constatou que a principal causa da insegurança das mulheres é o machismo institucionalizado, com 38%. O segundo motivo, com 29%, são aquelas que sentem medo por já terem sofrido algum tipo de violência, seja física, moral ou psicológica. Principalmente em uma sociedade
O movimento divulga cartazes para incentivar a união das mulheres em prol da sororidade e assim, combater a violência
com altos índices de violência, já que 13 mulheres brasileiras foram mortas por dia em 2013, último ano dos estudos realizados pelo Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS). “Quando estava na graduação, eu voltava para casa tarde. Esperar o ônibus à noite sempre me deu medo, mas não tinha outra opção. Por isso, adquiri o habito de só ficar no ponto quando tinha a companhia de alguma mulher, mesmo que desconhecida, me sentia mais segura. Nunca foi preciso falar nada para nós duas entendermos que aquilo era um sinal de que estávamos juntas e, quem sabe, nos protegeríamos do pior, porque era sim uma situação de risco para nós mulheres”, relata Débora Stoll, jornalista e seguidora do Vamos Juntas?. Alile Dara
Primeira oficina de programação do coletivo PrograMaria, idealizado por Iana Chan, realizada em novembro de 2015 no Preto Café
Use ferramentas do seu próprio celular para fazer vídeos e filmes
Tecnologia para informação Como as técnicas hackers têm ajudado o jornalísmo Taimara Paschoaletti Sabe aquele site de mapeamento ou de infográficos que é bem simples de entender, de conseguir informações? Por trás desse recurso existe um processo bastante complexo e relativamente novo: o hack, que se popularizou a partir da década de 1980. Ao contrário do que muitos entendem, as técnicas hackers não são apenas formas de invasão e obtenção ilegal de materiais informativos, mas métodos de converter arquivos em formatos mais simples para tabulação, análise e passagem para plataformas da web. “A partir da Lei de Acesso à Informação em 2012, entes públicos de esferas federais, estaduais e municipais e também relacionados aos três poderes são obrigados a abrir ativamente na rede uma série de dados sobre a administração pública e isso é uma mina de ouro”, conta Tiago Mali, Coordenador de cursos da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. E aí entram as técnicas de hackeamento. O profissional que faz o download de arquivos que contêm dados, geralmente os encontra em formatos como relatório, PDF, XLS, CSV, JSON e XML. Mas para serem analisados, precisam ser convertidos, como explica a jornalista Ludimila Honorato. “É preciso passar para um formato de tabela e para isso podese usar o Tabula ou PDF Tables. Se está na página de um site, você pode usar o webscraper e, se já estiver nesse formato útil, é bom fazer uma limpeza do Open Refine, que entre outras coisas, padroniza a codificação de caracteres”. Depois desse processo, o material limpo pode ser aberto em um gerenciador de banco de dados, no Excel, Google Spreadsheets ou LibreOffice Calc. Tendo o arquivo num formato mais acessível, é hora de separar o que se vai usar desse banco de dados, passando o que for útil para um arquivo ainda mais simples, o XLS ou o CSV. A partir dessa modificação, aquilo que foi “filtrado” pode ser passado para softwares de visualização. “Os dados se transformam em gráficos de linha, de coluna, de barras, pizza, áreas, mapas ou infográficos mais incrementados. Mas também podem ser usados nos programas de cruzamento, que são feitos tanto a partir da programação, quanto de softwares como Infogram, CartoDB, TimelineJS, Plotly, StoryMap e Tableau”, afirma Ludimila Honorato.
Lugar de mulher é (também) na programação
O coletivo, formado por uma jornalista e designers, tem site e promove cursos para incentivar mulheres nas áreas tecnológicas, tradicionalmente ocupada por homens Victória Durães “Na minha turma de Engenharia da Computação se formaram aproximadamente 30 pessoas, e só 4 delas, incluindo eu, eram mulheres. Hoje [no trabalho] estou em um time com 10 pessoas e sou a única mulher”. O relato de Tassia Lisboa, formada em 2012 pela Universidade São Judas, poderia estar na campanha #SerMulherEmTech, criada em janeiro pelo PrograMaria, projeto com o objetivo de incentivar meninas e mulheres a programar. A ideia da tag é reunir experiências como a de Tassia e torná-las acessíveis para fomentar o debate e a discussão de gênero no meio tech, afinal, foi o questionamento sobre a falta de representatividade feminina nas áreas da tecnologia e nas dificuldades das mulheres entrarem nesses espaços que surgiu o PrograMaria. Idealizado pela jornalista Iana Chan e mais cinco designers, o PrograMaria começou como um “clube de programação” de apoio entre amigas, mas foi transformado em um projeto maior a partir da demanda. “A Programaria possui, essencialmente, três pilares: debater, inspirar e aprender. Dentro do pilar aprender promovemos cursos e workshops. No final de 2015, recebemos o Prêmio Mulheres Tech em Sampa para realizarmos dois cursos de média duração que tem
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como objetivo a formação em programação para mulheres iniciantes”, conta Luciana Heuko, designer e integrante do coletivo. Os pilares debater e inspirar são sustentados através do site, que disponibiliza e cria conteúdos reflexivos sobre a participação feminina na área tecnológica. “A programaria se tornou um canal de debate, apoio, incentivo e empoderamento para mulheres, tanto para as que querem entrar na tecnologia, quanto para as que já estão”, afirma Luciana. Apesar de ser em maioria nos cursos de ensino superior (IBGE 2010), são poucas as mulheres nas áreas relacionadas à computação. Segundo o Censo da Educação Superior 2013, o número de matrículas efetuadas nessas áreas aumentou 586%, porém o número de mulheres baixou de 35% (1991) para 15,5% (2013). Em outras palavras: numa sala de 100 pessoas, apenas 15 são mulheres. “Não há motivo algum para que as mulheres não tenham participação igualitária, seja em que área for. Somos culturalmente incentivadas a acreditar que não temos um raciocínio lógico tão bom quanto o dos homens, que a área de exatas não é muito para nós. De tanto ouvir isso, algumas acreditam. Não tiveram a chance de verem que são tão boas quanto, ou até melhores”, ressalta a designer.
Diagramação e Revisão da página: Marcos Pacanaro, Taís Cruz, Ingrid Pap
PrograMaria
artes
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Alline Carvalho
Arte na Cidade Tiradentes Instituto Pombas Urbanas oferece oficinas artísticas Jovens participam de aula de teatro no Centro Cultural Arte em Construção
Alline Carvalho Em meio a uma região marcada por estereótipos nada positivos, o bairro Cidade Tiradentes, extremo leste da cidade, que tem o maior conjunto habitacional da América Latina, possui um grande projeto de inserção de jovens no mundo da arte e da cultura, o Instituto Pombas Urbanas. A iniciativa teve inicio em setembro de 2002 pelo grupo teatral Pombas Urbanas, fruto do projeto Semear Asas, idealizado pelo ator, diretor e dramaturgo peruano, Lino Rojas (1942 – 2005). Por meio de contato
com a COHAB – Companhia Metropolitana de Habitação, foi ocupado um galpão de 1.600m², que encontrava –se abandonado e é localizado em uma das principais avenidas da região. O espaço passa a se chamar Centro Cultural Arte em Construção CCAC e sede do Instituto. Ao longo de seus mais de dez anos de existência, o Instituto gerou três coletivos que atuam diretamente em atividades desenvolvidas no CCAC, o Núcleo Teatral Filhos da Dita, Cia Teatral Aos Quatro Ventos e Grupo de Circo Teatro Palombar e que beneficia-
ram cerca de 2330 pessoas através de oficinas artísticas, cursos e apresentações gratuitas ao público. “Quando soube que existia o Centro Cultural, já morava há muitos anos na região. Acredito que pelo tamanho do bairro, o Instituto havia começado sua divulgação timidamente, mas depois que passei a participar de um dos projetos deles, me encantei e passei a indicar para meus amigos inclusive, os que moram em outros bairros”, conta Mayara Oliveira, estudante de psicologia e participante do Instituto Pombas Urbanas.
O grupo tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento do bairro que recentemente foi classificado como um dos piores IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, de acordo com pesquisa divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Os coletivos que além de ajudarem os jovens a aflorarem as veias artísticas, colaboram na formação pessoal dos mesmos por meio da abordagem de temas sociais durante as aulas. Além do CCAC, o bairro habita o Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes que
Um sax,um violino e uma Kombi
oferece programação cultural aos moradores e ainda disponibiliza cursos modulares de formação técnica em áreas relacionadas à arte e à cultura. A estrutura é composta por biblioteca, laboratório de línguas, telecentro, sala de exposição, cinema e teatro. Mesmo com essas iniciativas, ainda é precária a condição cultural dos bairros periféricos. Na própria zona leste, por exemplo, que de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a região mais populosa da ca-
pital paulista com 3,9 milhões de habitantes, equivalente a cerca de 40% da população, e também a que menos tem acesso a instrumentos culturais segundo informações da Rede Nossa São Paulo. “Noto que as periferias recebem poucos e desajustados recursos para manter ou criar mecanismos, assim são poucos os equipamentos que viabilizam este acesso, e os que têm estão sempre munidos de interesses políticos/partidários, e não focado no acesso cultural do povo”, diz Henrique Santana, Artista e arte-educador.
Grafite também é lugar de mulher
Proposta que começou de uma ideia espontânea hoje espalha a boa música em São Paulo Eduardo Nemer Rui Alves
Mag Magrela usa muros e telas para criar cenas de resistência Leomar Duarte Jazz na Kombi & Chaiss na Mala no SESC Pompeia
Você já imaginou assistir a um show de jazz em uma Kombi? Pois é o que o “Jazz na Kombi” oferece nas ruas da cidade de São Paulo. A ideia nasceu do trabalho de quatro jovens que propuseram o desafio de resgatar o ritmo que nasceu das ruas para a própria rua, o jazz. Da periferia paulistana com o objetivo de conquistar o mundo, Giovanni Baffô, Ana Carulina Laet, Thiago Calle e Leo Sarmento agregaram a simplicidade dos recursos que detinham para transformar uma perua em um verdadeiro centro de arte a céu aberto, regrado de muita música! O projeto desenvolvido pelos jovens organizadores do Jardim Boa Vista de São Paulo nasceu na estrada durante uma viagem à Paraty-RJ. A inspiração para a origem desta manifestação artística veio por meio de CD’s de jazz que compunham a trilha sonora daquele passeio. Diante disso, eles perceberam que houve uma sintonia perfeita entre o automóvel clássico da década de
50 e o calor da música: eis que surge o Jazz na Kombi. O músico Fábio Albuquerque, fundador da banda Chaiss na Mala, um dos grupos que se apresenta pelo Jazz na Kombi, afirma que o conjunto toca em muitos lugares, mas que mantém o foco em um festival no bairro do Butantã. “O festival se chama Iquiririm Jazz Festival e tem a periodicidade mensal, no segundo domingo de cada mês, sempre que possível. A ideia do IJF é trazer músicos consagrados, desconhecidos e os artistas independentes para um festival gratuito e aberto para todas as idades”. O primeiro evento do Jazz na Kombi foi na Praça Benedito Calixto com, apenas, uma caixa de som, um papelão escrito com o nome do projeto e um pen-drive. Com isso, os jovens faziam um som para as poucas pessoas que passavam por lá. Porém, atualmente, com a nova ideia que havia surgido, o projeto reúne várias bandas diferentes de jazz que utilizam da Kombi como um
verdadeiro palco, o que proporciona para cada uma delas um número maior de público. Um dos eventos realizados e de bastante importância foi o “ O menor festival de jazz no mundo”, que aconteceu na Praça Roosevelt, na Consolação. As escadarias do local serviram como um verdadeiro anfiteatro e as pessoas curtiam o som com muita empolgação, sentindo-se abraçadas pelo calor do jazz. “Quando eu senti pela primeira vez aquela vibe que vinha dos instrumentos, e a Kombi servindo como palco para as bandas que se apresentavam, foi bastante empolgante e arrepiante. Eles conseguiram trazer o jazz para as ruas, sendo que sua origem vem da cultura negra nos Estados Unidos. Fazer com que a galera se envolvesse com aquele som, criou uma forte sintonia com o pessoal que se apresentava, e isso realmente é mágico”, comenta Wellington Lauro, estudante de Jornalismo.
A artista plástica Mag Magrela usa os muros, as telas e as tintas para expressar o seu desconforto com os problemas que a mulher enfrenta no seu dia a dia. São suas armas contra o machismo. Embora ressalte que não começou a grafitar por nenhuma causa feminista, ela vem percebendo a força que o seu trabalho tem ao contrapor discursos misóginos. A paulista usa sua arte como um grito de resistência. “Eu comecei a pintar na rua com 24 anos. Não tinha um propósito feminista. Tudo aconteceu de maneira sutil. Eu gosto de pintar mulheres porque me vejo retratada nas telas. Sou in-
fluenciada por muitas coisas. É a mistura de viver em São Paulo, que traz a sensação de repressão, de luta diária, de medo, de guerra, de bloqueios, de tudo ser muito rápido. Junta com o fato de ser mulher, da sensibilidade aguçada e da cobrança de ser perfeita”, explica a artista. Talentosa com o grafite, ela é autodidata e sempre esteve em contato com a arte. Conta que sua casa era repleta de quadros pintados por seu pai. “Trago essa influência, mas me encontrei nas ruas”. Cores fortes estão sempre presentes em seus trabalhos. O laranja representa a terra e o resgate de elementos Leomar Duarte
Tela "Não trago seu amor de volta", de Mag Magrela
da base familiar. O pai sertanejo baiano e a mãe portuguesa. Na exposição que acontece no bairro Vila Madalena, onde a artista vive, estão exibidas algumas telas de técnica mista (spray e tinta comum), com rostos e corpos expostos. Mulheres seminuas, com expressões fortes e angustiantes. “Há um desconforto quando olho para as telas. Vejo o retrato e as dificuldades que as mulheres enfrentam nas ruas. Percebo as angústias, os medos, a dor e, ao mesmo tempo, a força da mulher”, opina o diretor de arte Emerson Sales. No mesmo espaço em que as telas estão distribuídas, há um arranjo feito pela própria artista, denominado Armas Contra o Fascismo. Neste arranjo, suspenso por um fio de linha, estão armas feitas com arame e recheadas com concreto, carvão e bicos de spray. Para ela, o concreto significa o muro, os bicos de spray são as tintas e o carvão é o grafite rudimentar. Significa a liberdade de criar e de combater o ódio. Se quiser conhecer um pouco mais do trabalho da artista, acesse a página https://www. facebook.com/magrela.mag/
d a e d i d n o r e v t i n e il A s diz Muito
em que o vinil está voltando, mas ele j á foi? Kaique Santos
Desde a invenção do cilindro fonográfico, a mais antiga forma de armazenamento de música, inventado em 1877 por Thomas Edison - sim, o mesmo Thomas Edison que você está pensando - diversas outras mídias surgiram, como o CD, o MP3 Player, a fita k7 e claro, o vinil. Apesar de toda portabilidade e facilidade do MP3, do CD e da fita, o disco de vinil nunca foi substituído totalmente. Algumas lojas continuaram fiéis à mídia e nunca deixaram seu mercado morrer, como o Museu do Vinil, dos irmãos Alexandre Belforti e João Gilberto Belforti. Há 17 anos no bairro do Ipiranga, o Museu do Vinil é uma daquelas lojas de garagem que, por dentro, guarda um mundo inteiro de raridades. O jornal Expressão foi até lá conversar com os irmãos Belforti e saber um pouco mais sobre a volta da “bolacha”, confira. Expressão: O vinil está realmente voltando? Alexandre: Não digo que ele esteja voltando, porque ele nunca foi. Digamos que ele saiu do mainstream e voltou para o undergorund. Nós [Brasil] estamos bem atrás da cena lá de fora, porque nós voltamos a reeditar discos só agora, lá fora isso acontece desde os anos 2000. João: Na verdade, lá fora nunca parou de fabricar. Essa paralização aconteceu só aqui no Brasil. Expressão: Há a possibilidade de uma nova fábrica de vinil ser inaugurada esse ano na Barra Funda. O acesso ao vinil será mai fácil?
Alexandre: Eu acho que sim, porque ai nós teremos duas fábricas em funcionamento aqui no Brasil. Já temos a Polysom, no Rio de Janeiro, que vem reeditando alguns trabalhos há um tempo, como álbuns do Jorge Ben, dos Mutantes e outros, mas acho que essa nova fábrica vai facilitar o acesso sim! Expressão: O que vocês acham daquela famosa “treta” CD x Vinil? Alexandre: Olha, é difícil você não reparar na parte técnica porque o vinil, digamos, tem um som “cheio”, ele preenche mais os espaços; já o CD não. Isso porque, na hora que você digitaliza uma música para o CD, os picos de graves e agudos existentes no vinil são perdidos. Assim como a natureza, o som do vinil é analógico; esse é o seu maior diferencial. Expressão: E o MP3? João: Ah, o MP3 é horrível, tecnicamente falando. Para mim isso não é música. A qualidade do MP3 é horrível! Expressão: Qual será o futuro do vinil? Alexandre: Como eu disse, não acho que agora ele voltou para o lugar dele e vai ficar lá, porque o vinil sempre teve seu espaço. Lógico que está cada vez mais difícil encontrar algumas raridades antigas, por isso que a reedição está vindo em boa hora. Mas voltando para o grande mercado ou não, o vinil tem o seu espaço, seu nicho.
Diagramação e Revisão da página: Eduardo Nemer, Kaique Santos, Alline Carvalho, Leomar Duarte
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esporte & lazer
ano 23 |no8 | outubro/2016
A paz que vem do alto Wellington Soares
Wellington Soares
São 7 horas da manhã, de um dia frio e nublado no centro de São Paulo. O congestionamento das vias, o transporte público sempre cheio e a correria já típica, são apenas algumas das características de uma cidade que parece não parar. Mas, há quem encontre espaço e tempo, acredite, para meditar, em um dos mais famosos cartões postais da cidade. É exatamente o que faz o monge budista Francisco Handa, 60, um jovem senhor de fala calma e explicativa do Templo Busshinji, na Liberdade. Há pelo menos 10 anos, uma vez por mês, Handa sobe os 37 andares do famoso edifício Copan – originalmente projetado por Oscar Niemeyer. São mais de 110 metros de altura, “cuidado com o lado direito, é uma queda livre”, alerta Handa. O vento forte e o frio não incomodaram o monge e o estudante de meditação, Joe. Ambos preparam-se para meditar enquanto admiram a cidade. Apesar das buzinas e todo barulho em torno, como helicópteros pousando, o lugar é muito propício. Em questão de minutos Handa veste a quesa – uma espécie de manto tradicio-
Meditação no famoso edifício Copan
nal, acomoda-se e logo inicia a sessão. “A meditação é uma pratica muito antiga, surgida na Índia”, explica Handa. Mas, devido à escassez de documentos, é complicado afirmar onde e quando se iniciou a pratica meditativa. Porém, estima-se que, tenha surgido
há pelo menos á 3000 mil anos no país hindu citado pelo monge. A meditação “zanzen” ou simplesmente “sentar-se”, explica o monge, é como meditar sem intenção de um objetivo específico. “É apenas sentar e trabalhar a respiração. É fazer sem intenção. De alguma for-
ma, eu estou em sintonia com a cidade de São Paulo. O ‘eu’ perde a força, o ego perde a força, então somos uma coisa só. É uma experiência concreta”, reflete Handa. “A realidade, é que, esta tudo conectado. Tudo esta ligado, nada é separado. É como se fosse uma rede de computador.
dia a dia, ou aparentemente calmas, ou quem procura realmente estudar esta filosofia. Não existe um limite de idade ou qualquer restrição. Qualquer pessoa, independente de religião pode praticar a técnica. “Existe uma técnica correta de respiração. Você respira com o diafragma, mas aí, precisa visitar o templo para conhecer melhor a meditação, depois iniciar-se nos encontros”, explica Handa. Chega o fim da sessão, são 8 horas. Handa toca um sino e emana um cântico, em chinês. “Este é o sutra da essência da sabedoria perfeita”, comenta o monge. Os encontros acontecem uma vez por mês. Porém, é necessário se informar com antecedência, para participar de uma sessão.
Fique de olho e anote na agenda
Tudo esta ligado no mundo. Uma coisa que acontece aqui pode repercutir lá na Coréia. E com nossa mente, também é a mesma coisa, existe uma rede extremamente ampla. Interconectada”, define Handa. Existe uma ampla procura pela pratica. Pessoas estressadas pela correria do
Templo Busshinji tel: (11) 3208-4515 www.sotozen.org.br
Fliperama não morreu Os tempos modernos chegaram, mas nem só de novas tecnologias vivem os gamers Yuri Cavichioli
vem gente jogar”, disse Luís Gonçalves, dono do Bar do Luizão da Vila Prudente. Dizem que a moda passa, mas o estilo e as histórias permanecem. Não é à toa que o rock nos dias de hoje talvez não seja comparável, para muitos, com o de antigamente. O clássico é muito lembrado e com uma gama de fãs enorme. O que acontece com alguns games, que mesmo com estilo mais próximos da realidade, tem os seus fãs no período em que nem tudo precisava de três dimensões. Com a moda do retrô em alta, a tecnologia parece conseguir ter um destaque interessante. E isso reflete em games. Em uma balada localizada na Rua Augusta, a Blitz, pode-se observar uma Jukebox e próximo a ela quatro máquinas de fliperamas, dos mais variados estilos de game. Em São Paulo podemos encontrar alguns estabelecimentos que contenham máquinas antigas que ainda fazem sucesso. É o caso da Lords, com a opção do bilhar, o lugar conta muito mais que isso. Temos pinball, jogos de carro, flipe-
Fliperama ainda respira
ramas de muitos estilos de jogos como futebol, luta, estratégica e aventura. “É impressionante como ainda vem gente aqui só pra
Tiro ao alvo Atração de Moema com música ao vivo e arco e flecha
Um bar aparentemente comum como a tantos outros espalhados por São Paulo, o Willi Willie Bar e Arquería chama atenção por um quesito não muito comum em outros bares da cidade. Logo na entrada, a primeira imagem que as pessoas se deparam é uma pista para a prática de arco e flecha. Por não ser muito conhecido, o esporte desperta grande curiosidade nas pessoas que frequentam o estabelecimento pela primeira vez, que logo se interessam em conhecer melhor essa modalidade. Para praticar o esporte, é preciso primeiro comprar os
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Tainá Carvalho “tiros” que custam dez reais e dão direito a atirar oito vezes. Existe também vários modelos para a prática do esporte: masculinos, femininos, canhotos, destros, compostos (que possuem uma polia de descanso) e os recursos (que possuem apenas uma corda), quando mais você puxa, maior a intensidade do tiro. Não é recomendado atirar após a ingestão de bebidas alcóolicas. O bar fica localizado no bairro de Moema, e é um dos locais mais conhecidos da região. Sua inauguração aconteceu 1978, e foi a primeira arquería do Brasil.
Yuri Cavichioli
Quem pensa que os fliperamas “morreram” está muito enganado. Presente em salão de jogos, em buffets, alguns bares e baladas, eles ainda fazem a alegria das pessoas, seja por seu estilo retrô ou pelo amor dos gamers, ele continua na ativa. A verdade é que muitos dos jogos que “nasceram” dos fliperamas foram remodelados para as novas plataformas. Exemplo disso é o Street Fighter. Jogo de luta que foi lançada no final da década de 80 e que ainda hoje tem seu título lançado para consoles como PS4 e Xbox One. Talvez o grande triunfo do fliperama seja a simplicidade e a nostalgia que ele causa, em épocas de uma tecnologia bem distante da que temos hoje, ele era o centro das atenções dos jovens da época. “Ainda tenho as máquinas aqui porque vem gente de toda idade jogar aqui. Claro que com o tempo diminuiu, mas ainda ganho um dinheirinho com essa velhinha aqui. Eu joguei há muito tempo, quando o bar ainda era do meu pai, e ainda
Anteriormente era localizado no Itaim, mas alguns anos depois se mudou para a avenida Chibarás, em Moema, onde ficou por mais onze anos. Foi só em 2000 que o bar foi transferido para a Alameda dos Pamaris, seu endereço atual, também em Moema. “O Willi Willie foi fundado por dois argentinos e o meu pai comprou esse bar em 1983, ele já tinha o arco e flecha, não sabemos de onde surgiu a ideia, porque os antigos proprietários não disseram. No início era muito pequeno, com capacidade apenas para 80 pessoas, não tinha banda, e havia um
disputar com os amigos corridas no fliperama. Torneios de luta de Street Fighter, brigas acirradas lá pela madrugada ainda tem gente jogando,
além da sinuca, a Lords tem atrativos interessantes”, conta Fábio, atendente da Lords. Aos mais velhos e, também, aos jovens que gostam
de videogames mais antigos, pode-se observar que ainda podem respirar aliviados, o fliperama não vai mesmo acabar.
barman, era na verdade um Pub. Já no segundo endereço, cabia um pouco mais de pessoas, também não tinha banda mas tinha um porão onde os casais namoravam, já tinha a arquería e o bar. Chegamos no endereço atu-
al em novembro de 2000, dezesseis anos praticamente que estamos aqui e este é o primeiro Willie que tem palco”, explica Marcelo Camarero proprietário. A segunda atração do bar são suas bandas, geralmen-
te de rock, atraem o público que gosta desse estilo musical, desde o mais clássico até o pop rock, é o que esclarece Fernanda Morais. “Frequento o Willi há mais o menos cinco anos e ele me conquistou pelo seu estilo musical. O bar continua o mesmo desde que eu o conheci, gosto muito das bandas, e posso considerar meu bar preferido da região”. Os frequentadores têm um perfil diversificado, em sua maioria entre jovens entre 25 e 35 anos. O local conta com apresentações de bandas de quarta a sábado e aos domingos apresentação de Stand Up e desde 2012 conta com transmissões ao vivo de esportes e shows em alta definição.
Tainá Carvalho
Willi Willie – Bar e Arquería Alameda dos Pamaris, 30 Moema - SP Atração do bar é o tiro ao alvo
Diagramação e Revisão da página: Tainá Carvalho, Taine Santos, Diego Nascimento, Gabriel Oliveira, Wellington Soares, Yuri Cavichioli