4
Direção: Bento Oliveira Montagem e Design Gráfico: Francisco Gomes Fotografia: Francisco Gomes Revisão de textos: Susana Ladeiro Propriedade: Portal iMissio 2017©iMissio
Escrevem Bento Oliveira Claudine Pinheiro Daniela Rodrigues Fernando Cassola Marques Inácio Carvalho Dias Isabel Canotilho Figueiredo João Galamba de Almeida Nuno Miguel Guedes Paulo Vasconcelos Carvalho Pedro Cotrim Rui Pedro Vasconcelos Sónia Neves Oliveira
Fredo
Daniela Rodrigues
Bem cedo percebeu que seria um sortudo. Afinal, diz, teve direito a três mães e um pai. Chama-se Alfredo, ou Fredo, como carinhosamente lhe chamam as crianças, jovens e adultos que têm o privilégio de se cruzarem com ele, e coleciona memórias na história da sua vida. Figura franzina, reveladora de quem investia na corrida, percorrendo livremente o bairro, de ponta a ponta. Dono de uma voz firme e meiga que manifesta maturidade, de quem pensa, antes de falar, com a autoridade certa, respeitável e terna. Ternura essa, talvez, herdada da matriarca da família, sua avó-madrasta, por quem foi muito amado e por quem nutria um enorme amor. Era a pessoa mais presente na sua vida, aquela que, ao seu estilo, mais o mimava. Se, porventura, fizesse alguma asneira, Fredo ficava triste, não pelas palmadas certeiras – que apenas ela, e só ela, tinha autoridade para aplicar – ou pela repreensão, mas por perceber que tinha desapontado a sua querida avó. Perdeu este grande amor aos oito anos. Esta perda transformou a sua existência. A figura paterna passou a estar mais presente na sua vida. Seu pai, homem austero e muito respeitado no bairro, tratava dos assuntos domésticos com a rigidez da brutalidade. Cenário que passou a ser habitual com a morte da avó e ao qual ninguém escapava: a madrasta, os irmãos e ele próprio. Quando fazia asneiras não escapava à “chapada” ou ao castigo de não “ir à rua”. Todavia, era uma tentativa frustrada de repreensão, pois acabava sempre por fugir e ir para o bairro, a sua “verdadeira casa”. O pai de Fredo faleceu quando este tinha 12 anos. Desde então, é lembrado com amor, carinho e saudade. Não nega aquela postura um pouco violenta, mas realça que muitos dos valores que o ajudaram a construir-se como pessoa, se devem ao seu pai.
1
a ser palmilhado. A verdade é que Fredo não mais parou. Do seu percurso tirou valiosíssimas lições que partilha com os que se cruzam com ele. Na sua simplicidade e humildade, não tem receio de julgamentos, pois sabe que agora está a tomar as decisões certas.
Não foram raras as vezes em que Alfredo não teve uma refeição, embora não considerasse isso um problema. Tornava-se uma oportunidade para ir à casa dos seus amigos, dos vizinhos, ou mesmo para roubar, “tal como todos faziam”. Às vezes roubavam pela adrenalina, pelas influências ou mesmo por necessidade. Fredo assume que a razão que o levava a roubar era o estatuto no bairro, de ter mais do que os seus amigos e, também, de retribuir o que lhe davam... Uma forma de ser empreendedor, como diz, com um ar traquina: “Roubava. Usufruía. Partilhava e no final ainda conseguia tirar lucro...”
Hoje é feliz. Tem sonhos, projetos, ambições. Regressou há uns dias de Cabo Verde, onde esteve em Missão de Voluntariado pelo projeto Gás-África. É uma referência para todos os meninos, jovens e idosos do Projeto Raiz. É uma voz querida e respeitada no Bairro. É um ser humano que, nas suas palavras, quer começar “hoje a construir o seu passado”.
A partida do pai levou consigo alguns sonhos: a constituição de uma família, um trabalho honesto, a conquista de alguns bens... Fredo sentia-se só, desamparado, sem ninguém em quem pudesse confiar e que ajudasse a potenciar estas ambições...
Alfredo Ferreira nasceu em Ramalde, Porto. Foi capaz de se tornar diferente. E, hoje, com 23 anos, faz a diferença.•
Caminhos alternativos ao do crime pareciam distantes, mas não tanto assim. Aos treze anos, contrariamente ao julgamento da família (“afinal, tinham tudo. Só faltava a comida de vez em quando, andavam na rua até às três da manhã, faltavam às aulas...”), foi para uma instituição de acolhimento com dois irmãos. Foi a partir daqui que, juntamente com o apoio do Projeto Raiz – Centro Comunitário de Ramalde, foi descobrindo um caminho para a sua vida. Foi neste momento que encontrou a sua mãe biológica e os seus oito irmãos... A vida estava a recompor-se. Saiu da instituição, por vontade do irmão mais velho, dois anos depois. Voltou para o Bairro com um curriculum de roubo bem admirado pelos seus companheiros. Mas Fredo sentia que a admiração, agora, devia passar pela mudança. Continuando a frequentar o Projeto Raiz, tornouse voluntário nesta casa, ajudando todas as crianças que por lá passassem. A perda de um irmão, que num “ato de egoísmo decidiu acabar com a própria vida aos 26 anos”, podia fazer vacilar todo um caminho que já estava 2
“Fazer a diferença hoje” Paulo Vasconcelos Carvalho O desafio presente no pequeno lema desta edição é de grande envergadura. Normalmente questionamo-nos ou questionamos os outros sobre o “mundo do amanhã”, “o que ser quando for grande”, “o projeto de vida”, etc… É sempre mais fácil fazer planos “à la longue” com pequeno grau de compromisso nem necessidade de concretização. Pensar no presente que está a acontecer não dá margem de fuga, nem no tempo nem no espaço: ou é ou nunca será naquele determinado presente que, entretanto, já é passado. “Apressa-te devagar”, dizia sabiamente o imperador Augusto. A tentação de viver no futuro, de forma a ser o primeiro a saber, a ter, a lá chegar, é uma utopia que nos aliena do presente e esvazia a vida vivida, retira-lhe o prazer de saborear cada momento, de aprender com cada erro, de nos situarmos no caminho, de não nos perdermos dos outros e de redefinirmos prioridades. No início deste ano letivo, fui surpreendido pelo acolhimento do diretor do Agrupamento de escolas na sua mensagem de boas vindas. Aconselhou todos os docentes a esquecerem as matérias nestas
semanas de setembro e a aproveitarem para “namorar os alunos”, criarem laços, passarem tempo com eles, sem pressas nem pressões. Fazer a diferença hoje, na escola, pode muito bem ser aceitar este desafio e assumir a importância do tempo que passamos com os alunos, que deve ir muito mais além de uma relação estritamente académica. Sabemos, além do mais, que, quando o aluno cria um vínculo significativo com o professor e/ou a disciplina, todo o tempo vivido a criar laços torna-se um investimento a dar frutos no futuro, mas com enorme recompensa pessoal e académica no presente. A atenção ao detalhe de cada momento, de cada aluno ou colega, de cada atividade, deve ser a estratégia para fazer a diferença hoje na escola, apercebendonos da pessoa, da vida, das expetativas, dos medos presentes em cada um dos detalhes. Às vezes, a palavra de incentivo, o pequeno louvor, a correção amiga, a proposta adequada, o conhecimento das capacidades e limites de cada um, a capacidade de nos deixarmos surpreender podem fazer a diferença na vida de quem tocamos. Na terça-feira, numa aula de 1º ano, um menino com necessidades educativas especiais com 6 anos de idade, na realização de uma tarefa onde lhe foi pedido que desenhasse algo que o deixava feliz e algo que o deixava triste, desenhou um menino e seu pai a jogar à bola, como exemplo de felicidade, e um sol na parte inferior da folha com uma árvore virada ao contrário na parte superior, como exemplo de algo que o deixava triste. Os alunos da turma, respeitosamente, não reagiram, tendo em conta o aluno em questão. Mas o aluno fez questão de explicar que o deixava triste “ver o mundo ao contrário”. Ficamos boquiabertos. Fazer a diferença hoje pode ser começar por aprender a ver a vida e o mundo sem preconceitos.•
3
4
Fora de época Pedro Cotrim
chegam as Boas Festas. Uma órbita varrida e eis-nos novamente em tempo de celebrações e elucubrações. O Solstício de Inverno é na realidade o Solstício de Verão, uma vez que somos lançados novamente no carreiro dos dias crescentes.
Os dias tomam-se de sombras. O preto da nossa cabeça no chão fica a vários metros dos nossos olhos e torna-se fácil fintar este sol enganador de Outubro, bastando-nos um qualquer recanto da cidade ou do campo. Estes calores ‘fora de época’, como se ouve por vezes, têm assento na feição atlântica do nosso clima. A parte temperada setentrional do oceano ainda está quente e o Pólo Norte terá mesmo atingido a sua temperatura mais elevada do ano há uma semana ou duas. As correntes de oeste empurram esta doçura para a nossa terra firme e entregam-nos este bálsamo em pleno Outono.
O nascimento dos profetas e os grandes rituais pagãos foram sempre colocadas por alturas do Sol parado. Desce, desce, desce, desce. Desce, deixou de descer, parou mesmo, continua parado, continua parado, espera, espera, começa a subir! Vivam as divindades e viva a nova vida, cheia de novas esperanças para todos nós. A esperança, seja numa saúde melhor para nós e para os nossos queridos, em novos amores ou num iate de última geração. Sem ela deixaríamos de viver. Um vocábulo fundamental que incorpora o elemento espera numa parte essencial da sua composição.
Amanhece tarde, como reparam até os menos matutinos. Já nos faltam apenas dois meses para o Solstício de Dezembro e no final do mês haverá uma tentativa de compensação por estas manhãs tão tardias. A hora de Inverno, amaldiçoada por tantos, permite-nos ir para a escola ou para o trabalho ainda de dia, obrigando-nos a tornar a casa já noite escura. Tem estreia nacional e europeia na noite de 28 para 29 deste mês. O universo é perfeito e o dá e tira cósmico nunca é injusto para ninguém; esforçamonos continuamente por nos adaptarmos a ele e não temos outro remédio.
E a espera, que tem tanto a ver com o Advento que se aproxima com a passada larga dos dias curtos, cai muitas vezes no olvido. Na sociedade da informação, insaciável, os momentos, os instantes de espera para captar um acontecimento desaparecem e a voragem, nossa e das circunstâncias, impelenos a reacções muitas vezes destravadas. E
E daqui a pouco mais de dois meses
5
arrependemo-nos quando percebemos a rapidez do que não vivemos. Saibamos acolher a espera. O momento maravilhoso que estamos a viver não tem de ir já para as redes sociais, para o instagram ou para o whatsapp. Desfrutemo-lo e partilhemo-lo mais tarde, deixando-o permanecer connosco um pouco mais. Se soubermos acarinhar a espera, a vida será menos voraz. Os acontecimentos benditos durarão o que merecerem durar e o próximo ocupará a sua vez sem vir a destempo. Se os amontoarmos uns em cima dos outros não os conseguimos destrinçar e o tempo escapar-nos-á. Pousemos os telemóveis e os computadores. Olhemos para o mundo e para quem nos ama, tomemos os dias, leiamos, observemos e vivamos. Usemos as maravilhas da tecnologia como instrumento e não deixemos que sejam elas a instrumentalizar-nos; senão estamos condenados.•
6
Ser Escuteiro é ser diferente? Fernando Cassola Marques Esta pergunta que muitas vezes coloco aos adolescentes e jovens escuteiros é hoje o mote com o qual pretendo, contigo, refletir! Se observasse as respostas dadas por eles rapidamente diria que sim. Pois várias vezes ouço-os dizer que sim!
Um escuteiro é diferente porque se sente parte de uma organização mundial com mais de 70 milhões de jovens, de diferentes raças e credos, que, todos juntos compõem esta fraternidade mundial;
Um escuteiro é diferente porque se veste de forma pouco usual (uniforme escutista);
Um escuteiro é diferente porque é através do serviço aos outros, sem esperar outra recompensa, que se sente mais completo e realizado;
Um escuteiro é diferente porque muitas vezes vai acampar para o meio da floresta;
Um escuteiro é diferente porque sabe estar em sociedade e sente-se parte fundamental de algo maior, porque vai deixar o mundo melhor do que o encontrou;
Um escuteiro é diferente porque reúne por bandos, patrulhas, equipas e tribos (pequenos grupos) onde cada um tem o seu papel bem definido;
Enfim, poderia estar aqui o tempo todo a escrever muito daquilo que eles me têm dito, mas pergunto-lhes eu: não será que todos estes valores, ideais, formas de estar na vida e na sociedade deveriam também ser o leit motiv das restantes pessoas?
Um escuteiro é diferente porque, orientado pelo seu irmão mais velho, tenta seguir os ensinamentos de Baden Powell; Um escuteiro é diferente porque aprende as coisas não através de métodos teóricos, mas sim metendo as mãos na massa, ou seja, aprende fazendo;
Para que, ao olharem para nós, cristãos, escuteiros e demais pessoas de bem, pudessem dizer: “olhem como eles se amam”… Sim! Eu, tu, nós podemos fazer a diferença hoje… porque, como nos legou o fundador do escutismo, “O caminho para se conseguir a felicidade é contribuindo para a felicidade dos outros”.•
7
Pacientes, hoje como ontem Inácio Carvalho Dias
Os cidadãos querem, acima de tudo, ter saúde e felicidade, os governos e os seus economistas tentam, a todo o custo, uma cobertura e distribuição racional dos serviços médicos, com pessoas e infraestruturas adequadas aos cuidados de saúde.
Hoje, como ontem, haverá sempre doentes que, com mais ou menos sofrimento, vão sendo sujeitos a tratos médicos que escapam, muitos deles, ao conhecimento do paciente. Sempre houve uma relação de confiança entre os envolvidos.
Em tempos bem remotos, os pacientes As anomalias do sistema, ou a falta de consideravam a medicina uma “arte mágica”, para além do seu conhecimento, na qual apenas os respostas atempadas, geram protestos nos “físicos” tinham, supostamente, as competências consumidores, sendo que lhes foi incutida, numa ótica comercial, a ideia simplista de que a saúde é inerentes. como qualquer outro produto de consumo e que Se é certo que o trato médico sofreu uma o seu descontentamento, a existir, é indicador de notável evolução ao longo do tempo (muito algo errado com o sistema ou os seus agentes. contribuindo a electromedicina, os meios de Será que caminhamos para o fim da mortalidade diagnóstico ao dispôr e, a farmacêutica), as decisões dos médicos eram e continuam a ser humana? Por exigência do consumidor? esporadicamente questionadas. Não estaremos nós a voltar aos tempos A ignorância dos pacientes começou a ser remotos, onde os físicos com a sua “arte mágica”, minorada, após as “disciplinas médicas” ficarem terão uma contribuição decisiva?! Fica à atenção acessíveis na sua globalidade por via da Internet dos senhores do “marketing”. ou outras. Terminamos com um pensamento de Aristóteles abreviado e adaptado (pelo escrevente). As “coisas” da saúde mudaram e… continuarão em moto-contínuo. …No tempo todas as coisas surgem e Com a criação “dos grandes supermercados perecem, por isso alguns o chamam o mais da saúde”, o marketing e a legislação vão sábio (proporcionando um acumular de transformando o paciente em consumidor. De vez conhecimentos)…No entanto e, bem pelo contrário, outros lhe chamam o mais ignorante, em quando lá vamos nós “às compras”! pois é também com o tempo que ocorre o Sendo a Internet um veículo de informações esquecimento… para a maioria das pessoas, o objetivo é dar poder Deixaremos ao leitor uma dúvida final: não será (“conhecimento é poder”) a quem necessita de cuidados, oferecendo-lhe uma dilatada montra ele (o tempo) antes causa de destruição do que de geração?• de produtos de saúde. Não ter acesso a esses produtos começa a ser comparado a não ter televisão ou telemóvel! 8
Ser mais próximo, ser mais perdão, ser mais Amor Isabel Canotilho Figueiredo
A partir do momento em que foi diagnosticada a doença, passaram-se vinte e nove dias. O tempo ficou suspenso, entre exames e análises, pontas de febre, faltas de apetite, pequenos sorrisos em fotografias partilhadas entre a família e os amigos. Gerou-se uma rede imensa de afetos e confiança. De uma forma só explicável pelo Amor, conhecidos e desconhecidos, família e amigos, rezaram dia e noite. Em casa, no trabalho, à volta da mesa da Eucaristia, sozinhos e acompanhados. Adormecíamos na partilha das últimas notícias e acordávamos na expectativa das próximas notícias. A Fé pedia-nos a cura que permitisse o voltar para casa, retomando a normalidade da vida de sempre. Mas na verdade, ninguém compreende o tempo de Deus, que em tudo nos ultrapassa. Os dias foram passando, e a vida foi ficando cada vez mais frágil até ao limite daquele último sopro, em que tudo se entrega. E quando nos encontrámos todos, numa igreja imensa, luminosa, repleta, foram possíveis os abraços, os cânticos, as palavras e os gestos de amor e de saudade. Parecia inexplicável aos olhos dos homens, sabíamos só possível pela presença de Deus. Não era um aceitar de braços caídos, face à incapacidade de superar uma doença; não era
o desespero de quem não aceita a tragédia; era antes um quase consolo de quem não entende o porquê, mas confia. Confia na eternidade, no abraço amoroso do Pai, no encontro prometido pelo Filho. O consolo de quem se sabe amado. No regresso a casa, as palavras foram poucas. Todos precisávamos daquele silêncio que deixa espaço para pensar com o coração. Na verdade, quando a nossa vida é sacudida pelo inesperado de uma doença e quando essa doença nos revela como é breve esta vida que vivemos, tantas vezes de forma distraída, é preciso parar e ouvir o que Deus tem para nos dizer. Não para que tenhamos receio deste não saber o dia nem a hora de cada um de nós. Mas para que nós possamos interrogar, arriscar novos caminhos, recomeçar, renovar promessas e fidelidades. Para que possamos viver conscientes da graça de cada dia que começa, da beleza da vida, do valor da amizade, da família, do amor. Para que possamos olhar à nossa volta e perceber o bem que podemos fazer. Foram só vinte e nove dias, mas deixaram uma marca profunda em todos os que partilhamos este tempo de provação e de confiança, de dor e de esperança. E é muito real o desejo de fazer novo, de ser melhor, de 9
dar mais aos outros. De ser mais atento, mais decidido a não perder tempo com tudo o que nos atrase o passo para o encontro, com tudo o que nos condiciona no perdão. Porque há sempre um tempo novo, em cada dia que começa. Foram só vinte e nove dias, mas transformaram-se num tempo capaz de nos explicar o que realmente importa numa vida inteira. Não voltaremos a ser os mesmos, porque experienciamos a fragilidade e partilhamos a fortaleza. Neste ano que recomeça, com ou sem sobressaltos, temos de ser capazes de arriscar um ser melhor que não ambiciona mais do que ser mais próximo, ser mais perdão, ser mais Amor.•
Os neo-heróis (psicopatas) João Galamba de Almeida
Recordo-me, em criança, do fascínio que sobre mim exerciam os super-heróis. Aos finsde-semana, muito cedo, saltava da cama, instalando-me diante da tv, onde assistia, em estado de deslumbramento, horas a fio, às aventuras e feitos do Homem-Aranha, Batman, Quarteto Fantástico, Flash Gordon, entre muitos, muitos outros. No essencial, estes heróis lutavam contra o mal, que assumia múltiplas identidades e disfarces. Os super-heróis eram justiceiros, defensores dos vulneráveis e oprimidos, tendo referências éticas e morais muito sólidas.
com a tv, de quando em vez, presto atenção ao que os meus próximos elegem como programas de referência. Nos derradeiros anos, sobretudo, dei-me conta da existência de inúmeras séries de proveniência norte-americana e brasileira onde os personagens principais, de forma mais ou menos dominante, apresentam traços anti-sociais ou verdadeiras psicopatias estruturadíssimas (Dexter e os protagonistas de House of Cards, nomeadamente). Nos últimos tempos, face à popularidade crescente de House of Cards junto dos mais seletos dos meus amigos, decidi experimentar o perfume da série. House of Cards retrata a dinâmica dos corredores do poder, particularmente, em Washington. A avaliar pelos primeiros episódios (ainda não terminei a série I…), as relações entre os diferentes personagens obedecem a uma ética precisa, apoiada na
Por razões de vária ordem (onde figura a snobeira), há sensivelmente dez anos, cortei relações com a televisão. Felizmente para mim, o entretenimento, dentro de casa, passou a dispensar ´a caixa que mudou o mundo´. Apesar do meu divórcio por acordo mútuo
10
respeito pelo outro, a qualquer preço. Sublinho que o diagnóstico desta perturbação obedece a critérios claros e pré-definidos, apenas estando habilitados a fazê-lo alguns profissionais de saúde mental - psicólogos, médicos psiquiatras e pedo-psiquiatras, nomeadamente!
ambição, poder e ganância. Em nome do desejo animal, voraz, pelo poder e domínio, recorre-se à maldade mais crua e inconcebível, sem pudor, nem ponta de remorso. Diria que esta série ilustra o modus operandi da psicopatia, que obedece a um padrão de desrespeito essencial pelo outro e seus direitos.
Sendo certo que a psicopatia / estrutura antisocial se mantém dentro dos valores há muito descritos (entre 2 a 4% da população mundial, segundo as diferentes classificações e estudos), o que mudou?
House of Cards será uma notável criação artística, constituindo uma variante livre e actual de Macbeth, dir-me-ão. Recentemente, um colega e amigo, que muito prezo e respeito, integrou a lista de candidatura a uma autarquia da área metropolitana de Lisboa, lista encabeçada por um conhecido político, entretanto condenado a prisão efectiva por corrupção, fraude fiscal, abuso de poder, crimes cometidos enquanto dirigia a mesma autarquia. Espantosamente, há escassos dias, enquanto confrontava o meu amigo com a circunstância de ele próprio, de algum modo, legitimar a conduta de um autarca onde a componente psicopática encontra uma expressão não negligenciável, o meu caro amigo apresenta-me dados objectivos, provenientes de sondagens, que apontam, unanimemente, para uma putativa vitória do mesmíssimo autarca. A popularidade do autarca corrupto mantém-se inabalável, portanto… apesar de tudo…
A meu ver - e aqui reside o âmago da minha reflexão - mudou o centro de interesse dos humanos… Embora persistam os heróis de outrora - os fazedores do Bem -, a ética da ausência de escrúpulos, do triunfo a todo o preço, da ascensão meteórica, do poder ilimitado, do dinheiro fácil e rápido, de forma muito preocupante, vem ganhando espaço, conquistando insidiosamente um lugar amplo. Cada vez mais, teremos, nas telas, nos écrans, na literatura, na política, personagens torpes, vis, más e cruas, que gozam de um sucesso inusitados, assente na ética do desvio, do sadismo e crueza. Embora os psicopatas estejam onde sempre estiveram, hoje, gozam de um olhar conivente, aclamados pela admiração e fascínio dos espectadores… e votos dos eleitores ;)•
Nos últimos anos, dia após dia, a imprensa vainos mostrando gestores, dirigentes e políticos, outrora enaltecidos e agraciados, condenados pela justiça, com comportamentos criminosos, cuja popularidade, em muitos casos, não cessa de crescer. Esta minha curta reflexão não pretende sustentar a chegada ao Inferno ou a proximidade do Apocalipse! Longe disso! Mas… A psicopatia é uma perturbação da personalidade, com vários graus de gravidade, que sempre existiu e sempre existirá, desde que o homem é homem. Basicamente, o psicopata é alguém que almeja poder, prazer e status, sem
11
12
Fazer diferente para obter resultados diferentes Bento Oliveira
Estou quase a terminar, assim o desejo, esta fase robocop. Só mesmo eu para me lembrar de entrar num táxi pelo parabrisas! Tanto tento pensar fora da caixa, que me deixei levar por um impulso (leia-se, distração) de experimentar algo totalmente novo. O resultado está à vista, na minha coluna, na minha imagem, no tempo que levo de pausa laboral. Tem sido um tempo bastante bom para pensar e integrar aprendizagens feitas. Aprendizagens que me têm tornado imune a muito desalento. É sobre uma dessas aprendizagens que hoje quero escrever.
história contada pelo Nuno Cerdeira, um homem do norte, tripeiro, com os seus quase dois metros. O Nuno tocou de perto uma realidade com a qual vivo todos os dias: os alunos, as crianças, as filhas. A história de um menino que tinha uma caixa de rótulos, que só se interessava por coisas criativas, que tinha imensas dificuldades de relacionamento, que era observado com muita frequência por psicólogos e psiquiatras, cujo percurso passava já por várias mudanças de escolas, e que poucas pessoas acreditavam que poderia ser diferente, a começar por ele próprio.
No passado mês de julho, participei numa formação que se chamava “Top Trainers”, formação que tinha como objetivo treinar a condução de apresentações em grupo, desenvolver e melhorar a técnica de comunicar em grupo. Desenvolvemos muitas ferramentas, muitas técnicas, observamos muitos aspetos importantes a termos presente sempre que falamos em grupo. O grupo sentiu-se desafiado a fazer uma pequena apresentação: durante três minutos, teríamos de contar uma história da nossa vida que tivesse conteúdo, mensagem e que cativasse a audiência. Quanto à plateia, sabíamos que estariam presentes os alunos do curso e que tinha sido feita a divulgação desse evento por diversas pessoas da localidade em que nos encontrávamos. As pessoas foram-se inscrevendo.
O processo repetia-se: a cada consulta que ia, a cada diferente técnico que consultava, a terapêutica era muito similar: deixar de tomar este medicamento, passar a tomar aquele, além de receitas para os pais concretizarem com o miúdo. Estavam todos a ficar cansados desta situação, das constantes mudanças de técnicos, mas com terapêuticas semelhantes. Os pais estavam desesperados. Tinham um filho que não era normal, que não era como os outros meninos, que só fazia perguntas estranhas. Até ao dia.
Uma das apresentações marcou-me: a
Até ao dia em que, já em desespero, resolveram consultar um novo psicólogo que alguém tinha recomendado. O pai era o mais relutante em relação a esta consulta: imaginava que se repetiria aquilo a que estava habituado e sentia-se a perder o seu precioso tempo. Na consulta, o psicólogo passou quase todo o tempo a interagir
13
com o miúdo, a observar o miúdo, a dialogar com o miúdo. No fim da sessão passou a “receita”! A “receita” contemplava quatro tarefas, que na opinião do psicólogo iriam ajudar a ultrapassar as dificuldades de relação, de integração, de autoestima: 1. meditar 30 minutos por dia; 2. fazer desporto; 3. estar em contacto 30 minutos por dia com a natureza; 4. cuidar da alimentação. O pai, se tinha entrado reticente, saiu completamente desiludido. “Vai lá agora o meu filho dedicar-se àquelas cenas do om, de fechar os olhos”, pensava o pai. Porém, o que é certo é que ficou a curiosidade! O filho comprometeu-se a fazer o que lhe tinha sido “receitado”. Durante as semanas seguintes, o pai foi observando o miúdo: aquilo que começou por ser um motivo de gozo passou a ser entendido como fator de aceitação, de libertação e de encontro consigo. O exercício ainda hoje é mantido por esta pessoa. Cada um faz o melhor que sabe e pode com os recursos de que dispõe. Por vezes, o que necessitamos é de aceder a novos recursos, a novas formas de fazer, a fazer diferente para obter resultados diferentes. A atenção à pessoa, o escutar a pessoa, o observar a pessoa é a base para se ligar com ela. Este psicólogo fez a diferença na vida deste miúdo. Este miúdo irá fazer a diferença na vida de outros adultos. Esses adultos irão fazer a diferença na vida de muitos adultos. Está tudo bem.• 14
A DIFERENÇA Nuno Miguel Guedes
«Se fosse concebível condenarmonos obedecendo a Deus e salvarmo-nos desobedecendo-Lhe, eu escolheria ainda assim a obediência»
pouco acessível a todos. Mas é possível, à nossa medida, replicá-lo. Qualquer pequeno gesto – de um olhar à oração, de uma cortesia à ajuda mais funda – faz a diferença e faz-nos cristãos. Se é verdade que a santidade está, em potencial, para todos nós, pouquíssimos serão os que a poderão ostentar. Mas pratiquemo-la dentro dos dias, junto de amigos e desconhecidos. Pode parecer pequeno ao início; mas não o é. É essencial e é o que Cristo nos ensinou. O Outro, sempre o Outro.
Simone Weil
Em Dezembro de 2016, a cidade síria de Aleppo esteve no centro dos conflitos entre rebeldes, “estado islâmico” e tropas do governo. Foram dias intensos de tiroteio e bombardeamentos que torturaram ainda mais quem já nada tinha. Deus parecia ter fechado os Seus olhos à habitual barbárie humana.
Façamos então a diferença, seguindo os Seus passos à medida dos nossos.•
Chegou-se a um cessar-fogo para que os civis pudessem ser evacuados. Muitos conseguiramno mas não todos. E o horror regressou. Uma das bombas rebentou na missão jesuíta de Aleppo, destruindo-a em grande parte. Todos os sacerdotes lá se encontravam, prestando auxílio a quem não podia sair daquele inferno. Apesar de terem a opção de partirem, os missionários ficaram. Depois do ataque e quando confrontado com o porquê dessa escolha, um dos missionários – que preferiu ficar anónimo – explicou: « Por vezes, face ao desastre, as pessoas pensam que Deus não o deveria ter permitido. Mas nós, que vivemos com a morte – por escolha, pois poderíamos tê-la evitado – conseguimos ver que Deus está sempre aqui. A sua Providência alivia o mal até à possibilidade que o livre-arbítrio do homem o permite». Foi esta história que imediatamente me veio à memória ao reflectir sobre o que é fazer hoje a diferença. Isso e a citação de Simone Weil, que coloquei em epígrafe. O que aconteceu em Aleppo foi enfrentar a Cruz e colocar o Outro à frente, nas condições mais terríveis. Isso, sabemos, é difícil e 15
As Cartas de Etty Hillesum Rui Pedro Vasconcelos | Fundamentos
A nossa experiência cristã tende a transportar um sentido moralista, uma água que dilui o sabor e a força do vinho novo da Graça (a imagem é de António Couto). Somos diferentes, somos a diferença no que fazemos, ou no que não podemos fazer? Será a diferença, a qualidade da nossa presença, dependente de ações e atitudes que tomamos, iniciativas, objetivos, programas e virtudes? Ou não seremos chamados a fazer a diferença, a sermos diferentes, diante das situações que nos ultrapassam, dos limites que nos são impostos, das fraquezas e debilidades que transportamos? Como refere o filósofo italiano Giorgio Agamben (uma frase de que gosto muito), «a arte de viver é a capacidade de nos mantermos numa relação harmoniosa com aquilo que nos escapa».
Já as suas Cartas – publicadas também entre nós – não encontraram o mesmo eco. Talvez o motivo esteja na sua linguagem mais unida aos acontecimentos e vivências que Etty atravessou entre a sua cidade, Amesterdão (já com as políticas restritivas aplicadas aos judeus), e o campo de Westerbrok, ponto de transição para os “transportes” (termo muito utilizado por Etty) em direção aos campos de extermínio no leste. E neste registo de Etty (entre os anos de 41 e 43) encontramos o modo como a política alemã de eliminação dos judeus ganhou a forma de um sistema perfeitamente organizado, burocratizado, onde os próprios judeus colaboravam nas estruturas dos campos – tudo para criar nas pessoas o sentimento de impotência. A Maria Tuinzing, companheira de habitação e amiga íntima de Etty (seria Maria Tuinzing a responsável pela herança dos diários de Etty após a morte desta), escreveu Etty:
A figura de Etty Hillesum é já conhecida entre nós: judia holandesa, iniciou em 1941 uma aventura espiritual testemunhada pelo seu Diário que a conduzirá até ao contexto da desumanização mais profunda de um campo de concentração. No Diário encontramos passagens notáveis de uma confiança em Deus no seio da violência da história, da capacidade de encontrar os sinais do Divino e da liberdade que em nós habita nos símbolos de uma flor que desponta no deserto, do céu que se contempla por entre as grades, do enamoramento alimentado pelos poetas, pelos profetas bíblicos, pelos evangelhos.
«Muitos sentem o seu amor pela humanidade definhar neste lugar, por não receber alimento. Dizem que as pessoas aqui não nos dão muitos motivos para as amarmos. ‘A massa é um monstro horrendo; os indivíduos são deploráveis’, afirmou alguém. Contudo, a minha experiência mostrame cada vez mais que não existe relação de causa e efeito entre o comportamento dos seres humanos e o amor que se sente por eles. O amor pelo nosso semelhante é como um brilho 16
de uma positividade, de uma motivação, de um propósito espiritual de crescimento, da busca de uma perfeição moral; brota, sim, do encontro, do discernimento, da atenção à presença do Mistério de Bondade no seio da morte e do caos humano.
elementar que nos sustenta. O nosso semelhante por si só quase não tem nada a ver com isso. Oh, Maria, o amor aqui é escasso, e eu própria sintome imensamente rica; não posso explicá-lo». Etty não procurou as dificuldades, nem escolheu morrer num estúpido sistema de eliminação de um povo. É verdade que terá recusado a possibilidade de entrar na clandestinidade, e quis abraçar a condição do seu povo servindo voluntariamente no campo de Westerbrok, antes de se tornar aí habitante residente. Não poderemos imaginar o quão diferente seria a vida de Etty se não tivesse iniciado, um ano antes, um caminho espiritual orientado pelo psicólogo Julius Spier. A sua diferença está no modo como não se deixa cair no desespero, ou numa resignação pragmática. Tendemos a construir mentalmente o nosso caminho espiritual e o nosso modo de viver num contexto idealizado, perfeito, que não existe; e a realidade?
«Deus meu, fizeste-me tão rica, deixa-me, por favor, partilhar generosamente essa riqueza. A minha vida tornou-se um diálogo ininterrupto Contigo, meu Deus, um grande diálogo. Quando estou em algum canto do campo, de pés plantados na Tua terra, os olhos levantados para o Teu céu, há alturas em que me correm lágrimas pelas faces, brotadas de uma comoção e gratidão interiores, que procuram uma saída. Do mesmo modo, à noite, quando estou deitada e descanso em Ti, meu Deus, as lágrimas de gratidão corremme, por vezes, pelo rosto, e isso é, também, a minha prece. Há já alguns dias que me sinto muito cansada, mas esse cansaço também há-de passar, tudo é regido por um ritmo interno próprio e é necessário ensinar as pessoas a escutá-lo; isso é o que de mais importante se pode aprender nesta vida.
«Vou tentar filosofar a altas horas da noite, com os olhos a teimar em fechar com sono. Por vezes, as pessoas dizem: ‘Consegues tirar o melhor partido de tudo’. Acho esta expressão desmoralizante. Em todo o lado, tudo está perfeito e, ao mesmo tempo, péssimo. Ambos estão em equilíbrio, em todo o lado e sempre. Nunca sinto que tenho de tirar o melhor partido; tudo está perfeito como está. Qualquer situação, por muito miserável que seja, é absoluta e contém em si o bem e o mal.
Não me revolto contra Ti, meu Deus, a minha vida é um diálogo ininterrupto Contigo. Talvez nunca venha a tornar-me a grande artista que, na verdade, gostaria de ser, mas já estou demasiado protegida em Ti, meu Deus. Por vezes, gostaria de registar pequenas sabedorias e relatos vibrantes, mas volto sempre à mesma palavra – Deus – que compreende tudo, pelo que nada mais necessito de dizer. E toda a minha força criativa se converte em diálogos interiores Contigo, o bater do meu coração tornou-se aqui mais amplo e agitado e tranquilo ao mesmo tempo, e é como se a minha riqueza interior crescesse cada vez mais...».•
Só queria mesmo dizer isto: para mim, a expressão ‘tirar o melhor partido’ é realmente horrível, tal como ‘ver o lado positivo em todas as situações’, gostaria de explicar melhor porquê...». O caminho de Etty atravessa a debilidade, a fragilidade, a mais radical experiência de impotência: como agir perante um sistema quase infalível, perfeitamente organizado, no qual não se encontram quaisquer brechas ou rotas de fuga? A qualidade da sua diferença – cuja herança e riqueza espiritual continuam a inspirar a tantas pessoas, 74 anos depois da sua morte – não brota
Para aprofundar: Etty Hillesum, Cartas. Ed. Assírio&Alvim, Lisboa 2009
17
18
SpotyFaz | Fazer a diferença (I was here) Claudine Pinheiro
Tópicos possíveis para discussão:
Pela primeira vez, vou sugerir um tema em inglês.
O que significa dizer “I was here”
Trata-se de umas das músicas que mais gosto, sobretudo pela sua mensagem: “I was here” (2011), interpretada pela Beyoncé. O videoclip foi lançado em 2012, tendo sido gravado na sede das Nações Unidas, na celebração do Dia Mundial da Ajuda Humanitária (19 de agosto)
O que significa ter um propósito de vida Com que frase se identificam mais e porquê Pertinência da mensagem da música Para se viver uma vida com sentido, é necessário estar envolvido em grandes operações de ajuda humanitária?
Podes encontrar o videoclip aqui https://www. youtube.com/watch?v=i41qWJ6QjPI A letra e uma tradução possível está nesta ligação: https://www.vagalume.com.br/ beyonce/i-was-here-traducao.html
É fácil viver como sugere a música? De que forma é que eu posso fazer a diferença onde vivo?
Para começar
Ponte com a vida e a Palavra
1.Projeta o vídeo da canção, sem distribuíres ainda a letra.
A partir desta última questão, apresenta a vida de Jonas. Deus pede-lhe que faça a diferença, mas ele recusa-se. Tem medo e vai precisamente no sentido oposto daquele que Deus lhe propõe. No final, confia naquilo que Deus lhe confia e consegue fazer a diferença na vida dos habitantes de Nínive.
No final, questiona se já conheciam o tema e explica o que são as Nações Unidas e o contexto em que o vídeo foi gravado. 2. Distribui a letra com a tradução e aprofunda o sentido do tema.
O importante é salientar que aquilo que 19
parece impossível aos olhos do Homem nunca é impossível aos olhos de Deus. Deus sabe bem daquilo que somos capazes. E com ele, os impossíveis tornam-se possíveis. Para tornar esta ideia clara, sugerimos terminar o encontro com o “Desafio do papel” Para terminar - Atravessar a folha de papel Dá uma folha A4 a cada um, e pede que a atravessem. Isso mesmo: que passem o seu corpo através da folha que lhes deste. O mais provável é que comecem a corta-la, fazendo um buraco pelo meio. Mesmo que o consigam, dificilmente passarão através da folha sem a rasgarem. Esta técnica é conhecida como “O desafio do papel” e explicada aqui neste vídeo: https://www. youtube.com/watch?v=L9LleKUZKGc Sublinha que podemos sempre fazer a diferença no mundo em que vivemos, mesmo que às vezes nos pareça impossível. A maior parte das vezes, basta vontade, criatividade e confiança total em Deus. Encerra a reunião com uma oração, pedindo a Deus que aumente a vossa confiança nos impossíveis que Ele vos pede.•
20
Cristo na Empresa: Fazer a diferença no dia-a-dia Sónia Neves Oliveira de venda, salários, taxas de juros, rendas, rentabilidade, etc.) podem ser consensualizadas com mais rapidez e sentido de justiça. Porque mais do que uma “grande fatia” de um “pequeno bolo”, em conjunto, podemos fazer crescer um “grande bolo” em que cada um participe na “justa fatia” que facilmente será maior do que a “grande fatia” do pequeno bolo que antes tão avidamente cada um queria garantir para si.•
Nos últimos dias tenho sido interpelada por vários elementos da minha equipa acerca de uma nova categoria profissional que parece estar a ganhar adeptos em algumas das maiores empresas mundiais. Chamam-lhe “happiness manager” e surge com um descritivo funcional que coloca o posto algures entre o departamento de marketing/comunicação interna e recursos humanos. Entre outras tarefas, este ‘gestor da felicidade’ tem de organizar eventos de motivação dos colaboradores, festas de Natal, acompanhar o primeiro dia de novos colaboradores, recolher ideias que promovam o bem-estar geral dos trabalhadores da empresa, etc. À troca de mensagens que se instalou no nosso grupo de whatsapp respondi: “Muito bom! Ainda bem que já temos este objetivo na nossa forma de gestão, como parte das funções essenciais de cada um de nós. Acho que pode até ser mais eficaz se não existir apenas um “happiness manager”, mas se todos nos identificarmos com essa missão e a levarmos a sério no dia-a-dia”. Acredito muito no poder da procura sincera de felicidade de todos os stakeholders da empresa. Pessoas felizes são muito mais produtivas e geram negócios muito mais valiosos e mais sustentáveis. E não me parece que exista qualquer conflito entre a felicidade dos vários interessados no sucesso da empresa. Em rigor, se todos nos sentirmos parte de um mesmo projeto em cuja missão acreditamos, certamente que as repartições de resultados que permanentemente estão em equação (preços de produtos de compra, preços de produtos
21