Cinema IMS-RJ (Mostra Doku.Arts) - Folheto Maio/2012

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INSTITUTO MOREIRA SALLES

| CINEMA

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MAIO 2012

DOKU.ARTS


DOKU.ARTS

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O ARTISTA É A OBRA

| LAURA ERBER

Um garoto em Flims: inventa mundos pelos corredores de um hotel alpino comandado por mulheres. Frequentemente perde a hora do jantar, mas não é grave. Um garoto na periferia industrial de uma cidade russa: enquanto cresce vai sendo atingido pela beleza bruta do coração dos bêbados, dos gangsters e dos cachorros mancos. Outro garoto, um canadense, filho único: detesta ir a escola, a hora do recreio lhe parece um momento infernal de sociabilidade forçada, bastam-lhe a cumplicidade silenciosa do cachorro Nick e a voz do seu piano. No início do século passado: uma menina passeia pelas ruas Choisy-le-Roi com o pai e a governanta. Aquelas tardes, aquela cumplicidade pérfida, o terror de carregar segredos pérfidos formará a matéria vibrante na cabeça da velha na qual a menina se transformará. Um garoto em Nova Iorque: o pai interdita certas coisas: brincadeiras na rua e formar frases, por exemplo; aos quatro anos o menino brinca com as palavras, só pensa em sair dali. Um filho de imigrantes alemães em Milwaukee: nos intervalos do treino de beiseball ele observa a paisagem, o fluxo do tempo, pouco a pouco percebe que há algo de trágico e maravilhoso naqueles grandes espaços vazios. O que aproxima essas crianças não é tanto a solidão, um evento traumático ou uma genialidade precoce, mas o fato de que todas elas acabaram se tornando artistas. E o que ainda resta, apesar de todos os abusos, dessa palavra gasta, incerta e tão pouco confiável nos dias que correm? Diante da impossibilidade de oferecer uma definição pacificadora para a pergunta “o que é um artista?” o cinema se apresenta como um dispositivo particularmente potente, capaz de nos colocar muito próximos dos pensamentos e da vida desses a quem chamamos artistas. Desde os seus primórdios, o cinema foi fascinado pelas outras artes - a dançarina da serpentina, mágicos, palhaços e atores-acrobatas do teatro popular foram os primeiras figuras transpostas para a telas dos nickelodeons. Pois foi também da vontade de interrogar o artista que surgiu o festival Doku.Arts que apresenta uma seleção de seis títulos no Instituto Moreira Salles, no ano em que irá dedicar, em setembro próximo, em Berlim, uma coleção de documentários brasileiros. Concebido pelo diretor alemão Andreas Lewin o festival dedica-se a exibir exclusivamente documentarioss que têm como tema a arte e os artistas, de todas as áreas e de preferência pouco conhecidos do grande publico. Desde a sua criação em 2006 o Doku.Arts já recebeu convidados como Agnès Varda, Shirin Neshat, Olivier Assayas, Helmut Lachenmann e Bruno Monsaingeon, para citar apenas alguns nomes. A idéia de criar um festival com re-


Glenn Gould, para alĂŠm do tempo de Bruno Monsaingeon

Paul Bowles: que venha a tempestade, de Jennifer Balchwal


corte tão específico surgiu depois que o próprio Lewin decidiu interrogar mais a fundo a trajetória enigmática do ator Klaus Kammer, falecido aos 34 anos em circunstâncias obscuras e responsável por uma das mais brilhantes interpretações do texto de Kafka Relatório para uma academia. O projeto resultou no longa Er spielte seinen Schatten mit (Ele interpretava sua sombra) e despertou o interesse de Lewin pela produção de filmes sobre atores feitos por atores ou que de algum modo se arriscavam além da zona de conforto dos portraits jornalísticos de celebridades. Doku.Arts é hoje o único festival europeu dessa importância devotado exclusivamente à rica produção de filmes (e videos) documentais sobre artes e artistas. Evitando os “biopics” o festival privilegia produções autorais que abordam artistas menos conhecidos do grande público. Os filmes apresentados no Brasil permitem vislumbrar diferentes pactos de filmagem entre os diretores e seus objetos de admiração. Todos eles parecem partir do princípio de que, quando se trata de filmar um artista, a contemplação edulcorante já era, é preciso recusar tanto a distância demasiado cômoda do olhar oculto quanto o excesso de intervenção. Porque dificilmente o artista se oferece como objeto de estudo ou de análise, tendendo sempre a barrar o gesto interpretativo. O cineasta que se propõe abordar esse animal indócil enfrenta tanto as inflações do ego quanto as esquivas, o questionamento incessante da própria imagem que se deseja produzir em torno dele. O documentário Louise Bourgeois, talvez o menos ambicioso na forma, realizado por Nigel Finch para a BBC, exibe claramente esse embaraço. O filme é pontuado por momentos de forte tensão entre o diretor e a artista que não se furta em devolver ao diretor as perguntas que ela considera capciosas, inconsistentes. É interessante ver Louise, a rainha do discurso autobiográfico e subjetivista detendo as interpretações Nigel e saber que um de seus trabalhos mais emblemáticos, O arco da histeria, tem como modelo o corpo de um homem, o seu assistente Jerry Gorovoy. Já o filme James Benning Circling the Image do diretor alemão Reinhard Wulf acompanha o trabalho de um dos mais ousados diretores norte-americanos em atividade. O filme acompanha Benning da California até Utah onde realiza as filmagens de 13 Lakes. Benning vem realizando há várias décadas um trabalho sério e solitário que dissolve as fronteiras entre o cinema e as artes plásticas, captando a potência dos lugares em longos planos sequência que colocam o espectador em contato com a pulsação das paisagens americanas. Na direção contrária da tendência das megaproduções com enormes equipes, Benning concebe o ato cinematográfico como algo solitário, um ritual solene, quase monástico de comunhão silenciosa com os espaços terrestres.


Bem diferente é Paul Bowles - Let it Come Down que nos lança numa série de associações para retratar o pensamento do escritor e compositor Paul Bowles. Mais conhecido entre nós como o autor de O céu que nos protege (A sheltered sky) – tornado célebre na adaptação de Bertolucci – publicado em 1954 e escrito em grande parte no deserto, onde os acontecimentos se desenrolam, foi um viajante inveterado e quando jovem frequentou o grupo de amigos de Gertrud Stein. O filme se tece a partir de entrevistas realizadas com Bowles na sua casa em Tanger, onde viveu a maior parte de vida. Consegue captar muito bem o espírito de Bowles, um transgressor não violento, ao mesmo tempo plácido e intransigente, alguém capaz de falar de si mesmo e da própria arte com uma lucidez tranquila, arrebatadora. Daniel Schmid – Le chat qui pense de Pascal Hoffman e Benny Jaberg mostra a instigante trajetória do diretor suiço radicado na Alemanha, realizador de uma série de filmes exuberantes e de forte teor operístico. O filme aborda a inserção da obra de Schmid no contexto do cinema político alemão, sua colaboração com Ingrid Caven e a relação tumultuada com Fassbinder. Estréia de Hofmann e Jaberg, o filme inclui farto material de arquivo, e belos momentos como a cena em que Schmid e Fassbinder cantam uma canção de Zarah Leander diante de Caven que os observa meio atônita. O filme traduz com precisão a estética decadentista e um tanto melancólica dos filmes de Schmid e consegue discutir os nexos entre esse cinema aparentemente desengajado e o cinema engajado alemão dos anos 1960-1970. Para o público brasileiro é um convite à obra de um diretor ainda praticamente desconhecido entre nós. Mas a melhor surpresa do festival é o ensaio poético Boris Rhyzy, sobre o poeta russo que se suicidou em 2001 aos 26 anos. “Todos os meus poemas são sobre amor e morte, não há outros temas” dizia Rhyzy em várias entrevistas. Além de poeta reconhecido e premiado em vida Rhyzy foi um boxeador e vivia bem de perto a criminalidade efervescente durante a Perestroika. Propondo-se inicialmente a tarefa ingrata (e aparentemente ingênua) de interrogar os motivos do suicídio de Rhyzy, a diretora Aliona van der Horst consegue com grande habilidade desarmar os clichês que envolvem o mito do poeta suicida. O filme desvela pouco a pouco o contexto sórdido da região do Ural onde Rhyzy vivia e de onde desentranhava seus poemas. O filme tem ainda o grande mérito de evitar o cotejamento esquemático entre matéria poética e a matéria vivida, criando uma atmosfera pesada e enigmática que envolve suavemente o espectador para conduzi-lo até o pequeno cemitério onde jazem vários dos seus colegas de escola, em luxuosas sepulturas de granito negro decoradas com seus retratos, em escala humana.


Há ainda um documentário sobre Glenn Gould, Glenn Gould au delà du temps, elaborado a partir de precioso material de arquivo muitíssimo bem urdido por Bruno Monsaignon. De certo modo, o filme de Monsaingeon – que além de diretor é violinista e já realizou documentários sobre outros grandes músicos do século XX – sintetiza a proposta do festival como uma plataforma de reflexões densas sobre artistas que, pela força de sua produção e pela forma como conduziram suas vidas, continuam a reverberar sobre nós e sobre nosso tempo. Nesse sentido, todos os seis filmes questionam a idéia de tempo com que opera a indústria cultural contemporânea, que torna tudo rapidamente obsoleto e descartável. Numa época como a nossa, em que a crítica de arte tende cada vez mais a ser mero guia de consumo, esses filmes devolvem complexidade ao campo artístico, revelando os contraditórios e inusitados processos geradores da arte que nos cerca.

Boris Rhyzy, de Aliona van der Horst


Com a palavra, Perrault |

Mateus Araújo Silva

Três anos depois de um ciclo itinerante de retrospectivas de filmes e de colóquios internacionais consagrados à obra de Jean Rouch (iniciados em 2009 e prolongados em 2010), a Associação Balafon traz ao Brasil, novamente em parceria com o IMS, um novo ciclo itinerante, agora em torno do quebequense Pierre Perrault (1927-1999), outro cineasta de proa da segunda metade do século vinte, considerado um dos expoentes do cinema direto canadense. Viabilizada por uma nova parceria com o IMS, pelos apoios fundamentais do ONF (Office National du Film du Canada) e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, assim como por uma série de parcerias com universidades e órgãos culturais canadenses, franceses e brasileiros (ver os créditos completos nesta brochura), esta escolha responde à mesma urgência que motivou a aposta anterior em Rouch: a de contribuir, na esfera – inevitavelmente limitada – do cinema, para preencher lacunas graves em nosso ambiente cultural. Como a de Rouch, a obra de Perrault ainda padece de uma flagrante desproporção entre sua envergadura inconteste e sua magra recepção anterior no Brasil.1 Além dessa urgência comum, a natureza mesma do cinema de Perrault nos levou quase diretamente a ele depois do nosso longo esforço rouchiano – que já incluía, aliás, uma conferência de Marcos Uzal sobre as relações entre o cinema dos dois mestres. Rouch e Perrault desempenharam papel decisivo na renovação do documentário mundial no pós-guerra. Assim como o conjunto dos cinemas novos surgidos em toda parte desde o fim dos anos 1950, o cinema de ambos se reapropriou de progressos técnicos que resultaram em equipamentos mais leves de filmagem e libertaram assim o cineasta moderno das estruturas industriais de produção, franqueando-lhe uma relação mais próxima com os indivíduos que ele escolheu filmar. Usando as novas técnicas para escaparem das coerções criadas pelo aparato tecnológico tradicional do cinema, ambos empenharam o principal de sua liberdade num mergulho na alteridade de universos culturais frequentemente à margem da civilização industrial da qual saíram. Nesse processo, reinventaram sua identidade no diálogo com grupos culturais até então carentes de cidadania cinematográfica, aos quais deram expressão, aproximando-se de sua experiência bruta para reorganizar de modo original seus dados imediatos, tanto na imagem quanto no som. Menos reconhecido que Rouch fora do universo da francofonia, Perrault permanecia até aqui muito pouco visto no Brasil. É bem verdade que dois dos mais importantes festivais de documentários existentes no país renderam-lhe

1. Mesmo na França, que sempre valorizou Perrault desde os anos 60, sua recepção me parece morna há algum tempo, sob diversos aspectos. Michel Marie, que foi amigo do cineasta e continua sendo um dos maiores conhecedores na França da sua obra, chama a minha atenção para o título de Doutor Honoris Causa que a Université de Lyon-II lhe outorgou em 1995, e para outras homenagens que lhe foram rendidas por universidades francesas, como a Jornada de estudos de 25/3/2009 na Université de Rouen, que reatou com um Colóquio mais antigo organizado sobre ele em La Rochelle (24-28/3/1982) e com um outro evento posterior em Poitiers. Desde os anos 60, o único livro inteiramente consagrado a ele na França, afora as atas do referido Colóquio organizadas por Guy Gauthier (Écritures de Pierre Perrault: actes du colloque “Gens de paroles” - La Rochelle, 24-28 mars 1982 -, Montréal et Paris, La Cinémathèque québécoise, Musée du cinéma et Edilig, 1983), ainda é a co-edição franco-canadense organizada há quase 30 anos, pelo mesmo Guy Gauthier e por Yves Lacroix: Pierre Perrault, Caméramages (Paris / Montréal, Edilig / L’Hexagone, 1983).


homenagens significativas: a 3ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico do Rio de Janeiro exibiu, em 1996, sete de seus filmes em sua presença, e convidou-o para uma mesa redonda com Rouch, também homenageado pelo evento naquele ano; o 14° Forumdoc.bh (Festival do filme documentário e etnográfico de Belo Horizonte) mostrou, em 2010, seis de seus filmes (junto com sete de Michel Brault) numa vasta retrospectiva de 53 filmes consagrada à produção do cinema direto, com ênfase nos cineastas dos Estados Unidos (R. Pennebaker, irmãos Maysles, R. Drew e F. Wiseman, entre outros). Embora notáveis, tais episódios permaneceram porém isolados e, salvo algum lapso meu, a recepção de Perrault no Brasil nunca foi muito além do impacto local e imediato daquela dúzia de sessões naqueles Festivais – em meio a outras atrações que disputavam com elas a atenção do público.

2. Caso do importante Espelho partido: tradição e transformação do documentário (Rio: Azougue, 2004, versão publicada da dissertação de mestrado defendida por Silvio Da-Rin em 1995) ou dos proveitosos É tudo verdade: reflexões sobre a cultura do documentário (São Paulo: Ed. Francis, 2005, coletânea de breves artigos de intervenção de Amir Labaki no jornal Valor Econômico) e O cinema do real (São Paulo: Cosac Naify, 2005), organizado com Maria Dora Mourão pelo mesmo Labaki a partir de algumas intervenções dos Colóquios que secundaram anualmente o festival É tudo verdade,

por ele dirigido.

Se a exibição dos filmes de Perrault por aqui ficou escassa, ainda mais rara foi a sua discussão fixada em textos. Os artigos brasileiros sobre o cineasta se contam nos dedos de uma mão, e o silêncio em torno de sua obra predominou até mesmo no âmbito mais especializado da cultura do documentário, que se alargou entre nós nos últimos anos sem incorporar Perrault ao nosso repertório. Para dimensionarmos tal silêncio, basta espiarmos alguns dos livros brasileiros mais atentos ao documentário mundial, que se sucedem devagarinho sem nenhuma referência a Perrault,3 ou com referências pontuais e pouco desenvolvidas a ele em discussões mais genéricas sobre o braço quebequense do cinema direto4. E no entanto, afora a sua importância como cineasta tout court, que já bastaria para tornar urgente sua incorporação ao nosso ambiente cultural – e para justificar este novo esforço da Balafon –, Perrault desenvolveu um trabalho múltiplo, cuja apresentação e cujo exame nos parecem particularmente pertinentes para o contexto brasileiro. Este trabalho esteve sempre ancorado na palavra, desdobrando-se em várias frentes que se articularam intimamente ao longo dos anos em cronologias paralelas e propiciaram a Perrault pelo menos três carreiras de destaque: no rádio, no cinema e na literatura. Seu gosto pela escrita e seus numerosos artigos publicados desde 1948 em jornais e revistas canadenses o levaram em 1955 ao rádio, para o qual escreveu com constância doze séries de programas (com cerca de 675 emissões ao todo) até 1965 e, de modo mais esporádico, cinco outras de 1969 a 1993 (com cerca de 70 emissões), a última das quais correspondendo a uma longa entrevista a Paul Warren sobre seu trabalho, transformada posteriormente em livro. Uma das séries radiofônicas, Au pays de Neufve-France (1956-7), deu origem em 1959-60 a um ciclo homônimo de treze curtas-metragens realizados para a televisão canadense em colaboração com René Bonnière.


E esta experiência televisiva abriu o caminho para a carreira propriamente cinematográfica de Perrault, iniciada em 1963 com o longa Pour la suite du monde (co-realizado com Michel Brault) e interrompida após seu último média, Cornouailles (1994). Os trinta anos de sua carreira de documentarista de cinema deixaram um saldo de 11 longas, 4 médias e 2 curtas. Embora menos numerosa que a de outros expoentes do documentário mundial (como J. Ivens, J. Rouch, S. Alvarez, J. Van der Keuken, R. Dindo, F. Wiseman, R. Depardon, etc), esta produção considerável deu corpo, em todo caso, a uma obra fílmica de importância capital. Ela coexistiu, em estreita sintonia, com uma carreira literária igualmente fecunda. Do seu volume de estréia (1961) ao último que ele deixou no prelo pouco antes de morrer em 1999, Perrault publicou 23 livros: 8 de poemas, 2 de narrativas, 2 de ensaios, 1 de teatro e 1 de entrevista, afora os 8 com descrições, diálogos e comentários de seus próprios filmes, e o álbum de fotos e testemunhos Discours sur la condition sauvage et québécoise (1977). Esta fase madura da sua carreira, marcada pelo convívio estreito entre literatura e cinema, se funda na redescoberta decisiva dos falares quebequenses. Se sua literatura esteve profundamente impregnada por eles (a ponto de mimetizar sua dicção), seu cinema se pôs sempre à sua escuta: “em meus filmes, eu não tomo a palavra, eu a concedo”, dizia o cineasta. Uma centena de artigos, setecentas e cinquenta emissões agrupadas em dezessete séries radiofônicas, um ciclo televisual de treze curtas, seguido de vinte e três livros e dezessete filmes, sem falar nas várias peças de teatro, encenadas em palcos ou na televisão canadense. Os números são eloquentes e permitem dimensionar a energia criativa de Perrault ao longo de toda a sua carreira plural. Naturalmente, seria inviável e fugiria ao alcance do nosso evento examinar o conjunto da produção de Perrault nestes diversos terrenos aos quais ele se dedicou. Sem se desinteressar das outras facetas de sua obra multiforme, nossa aproximação inicial privilegia seu polo cinematográfico, atravessado pela dupla obsessão com a palavra falada e com o Québec, que marca seu trabalho inteiro. Em seus documentários, que se sucederam com regularidade em ciclos muito coerentes, Perrault não cessou de interrogar a formação histórica e cultural dos povos quebequenses, suas práticas materiais e simbólicas, suas identidades e seus destinos, sua memória oral e suas aspirações autonomistas, sua geografia e seu imaginário, sua invenção linguageira e suas prosódias particulares. Apresentando e discutindo seu cinema, estaremos visitando um universo suficientemente distante de nós (o Québec) para que possamos vê-lo de fora, sem ilusões de familiaridade. Mas estaremos também revisitando questões suficientemente próximas de nós para que possamos renovar debates

3. Caso do alentado Mas afinal… o que é mesmo documentário? (São Paulo: SENAC, 2008, 448p.), de Fernão Ramos, primeiro estudo brasileiro de fôlego sobre o documentário a abordar Perrault, ao qual se refere em cinco breves passagens, sem chegar porém a discuti-lo de modo mais frontal e circunstanciado. De outras contribuições brasileiras ao debate sobre Perrault, uma tal abordagem também está ausente. Ver, por exemplo, a seção de André Parente sobre o cinema direto em seu livro Narrativa e modernidade: os cinemas não-narrativos do pós-guerra (Campinas: Papirus, 2000) e os textos de Paulo Maia, Rubens Caixeta de Queiroz e Nísio Teixeira sobre o direto ou sobre Michel Brault no Catálogo do Forumdoc BH.2010 (Belo Horizonte, 2010).


que nos mobilizaram no âmbito do cinema brasileiro, ou que nele ganharam contornos particulares. Assim, a preocupação constante de Perrault em dar a palavra aos que dela foram despojados reencontra a seu modo o debate brasileiro sobre «a voz do outro» que mobilizou nossos cineastas e estudiosos; seu respeito pelas tradições populares e pela sua memória oral o aproxima de toda uma vertente do documentarismo brasileiro moderno; seu trabalho com a palavra ou, mais precisamente, com a escuta da palavra alheia, permite uma comparação estimulante com o de Eduardo Coutinho, outro cineasta da palavra; seus filmes dando a ver visitas de brancos a grupos ameríndios do Québec nos convidam a um cotejo com o ciclo variado de filmes brasileiros dos, ou sobre os, grupos ameríndios daqui (penso em certos trabalhos de Andrea Tonacci ou na produção do Projeto Vídeo nas Aldeias, mas os exemplos seriam legião), assim como seus filmes sobre o mundo rural de Abitibi, protagonizados por Haurris Lalancette, convidam a um cotejo com o ciclo de filmes brasileiros redescobrindo o mundo rural do nordeste (os documentários da “escola paraibana” de Linduarte Noronha e Vladimir Carvalho, a “trilogia do sertão” de Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha e Ruy Guerra em 1963/64, os filmes da Caravana Farkas etc); da mesma forma, seus filmes que procuram reconstruir o elo entre o passado e o presente de indivíduos ou de comunidades quebequenses podem ser aproximados do ciclo variado de filmes brasileiros preocupados em reatar o «fio da meada», segundo a bonita expressão de Roberto Schwarz – que, ao forjá-la, discutia Cabra marcado para morrer (Coutinho, 1984), mas nos deixava também uma boa chave de compreensão para vários outros longas que vieram depois, de Serras da desordem (Tonacci, 2006), Santiago ( João Moreira Salles, 2008) e O tempo e o lugar (Eduardo Escorel, 2008) a Corumbiara (Vincent Carelli, 2009). E assim por diante.

Mateus Aarújo Silva é co-organizador, com Michel Marie, Juliana Araújo e Michèle Garneau do Seminário Pierre Perrault, o cinema da palavra

Se a exibição da filmografia completa de Perrault dá ao público brasileiro a primeira ocasião de conhecer por inteiro uma obra maior do documentarismo moderno, sua discussão no Colóquio do IMS, e nas mesas organizadas em seguida nas outras cidades, nos ajuda a atualizar nosso repertório de Perrault junto aos colegas estrangeiros, canadenses e franceses, alguns dos quais especialistas notórios, outros dos quais admiradores do seu trabalho. Com a palavra, Perrault.


Seminário | Pierre Perrault | O CINEMA DA PALAVRA Em paralelo à retrospectiva Pierre Perrault, um Seminário Internacional irá discutir a obra do documentarista canadense entre a quinta 24 e o sábado 26. O Seminário terá entrada franca mediante a retirada de senhas na portaria do Instituto. A Retrospectiva e Seminário Pierre Perrault tem organização de Michel Marie, da Université Sorbonne Nouvelle Paris 3, França; Michèle Garneau da Université de Montréal, Canadá; Mateus Araujo Silva e Juliana Araújo da Balafon, Brasil; e conta com o apoio do Office National du Film du Canada, da Association Internationale des Études Québécoises, do Observatoire du Cinema Québécois de l’ Université de Montréal e da Universidade Federal do Rio de Janeiro Quinta 24 13h00 : Itinerários de Pierre Perrault Yolande Simard-Perrault: Minha colaboração à obra de Pierre Perrault Yves Lacroix (Université de Montréal) Formação cultural de Pierre Perrault Daniel Laforest (Université d’Alberta) : Pierre Perrault o americano : relações inéditas do field-recording 16h30: Documentário e ficção em Perrault Michel Marie (Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3): Filmagem e montagem em Perrault Fernão Ramos (Universidade de Campinas): A encenação de Perrault César Guimarães (Universidade Federal de Minas Gerais): Real e ficcional: notas sobre a relação entre documentário e ficção em Pierre Perrault

Sexta 25 13h00 : Perrault e o cinema direto Silvio Da-Rin (cineasta): Cinema Direto – invenção canadense? Vincent Bouchard (Université de Louisiane): Pierre Perrault e a técnica cinematográfica Marcius Freire (Universidade Estadual de Campinas) : Perrault, Rouch: derivas entre o “cinema direto/verdade” e o “cinema vivido.” 16h30: Imagens e figuras em Perrault Henri Gervaiseau (USP, cineasta) : Perrault e a narrativa de travessias Barbara Le Maitre (Université de la Sorbonne – Paris 3) : A fera luminosa : do original ao figural Phillipe Dubois (Université de la Sorbonne – Paris 3) : Acontecimentos imagéticos no cinema de Pierre Perrault

Sábado 26 13h00 : Palavra e identidade em Perrault Amaranta Cesar (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia): O documentário como tomada de palavra e a invenção de uma identidade. Marc-Henri Piault (cineasta e antropólogo) : Uma apropriação do meio e um apelo à palavra Roger Odin (Université de la Sorbonne – Paris 3) : Os filmes de Perrault: filmes de família? 16h30: Palavra e autoridade em Perrault Anita Leandro (UFRJ, cineasta): A palavra analfabeta e o olhar cego Mateus Araujo Silva (filósofo, ensaísta): Atos quebequenses de fala na era de sua reprodutibilidade técnica Michèle Garneau (Université de Montréal) : Ser ou não ser o autor de seus documentários


NO TEATRO DA BARAFUNDA

| JOSÉ CARLOS AVELLAR

É como se a província lembrada em Amarcord tivesse chegado à metrópole – ou vice versa, como se a capital tivesse retornado à província. Roma: o jovem acabou de chegar do interior e se instala na casa de parentes na via Albalonga. De noite, desce para jantar no restaurante em frente. As mesas se espalham sobre a calçada e sobre metade da rua, que se transforma num imenso restaurante com uma estreita faixa para a circulação do bonde. Como em Amarcord, parte da cena parece uma recordação, outra, uma fantasia livremente delirada – recordação trabalhada pela imaginação, comentada pelo inconsciente. Para contar a primeira noite de um jovem da província na capital italiana, um cenário de grandes proporções construído em Cinecittà. Numa área de 79 metros de comprimento por 10 metros de largura foram armadas as fachadas dos edifícios em tamanho natural, apoiada em estruturas metálicas. No chão do cenário a base de metal foi coberta por uma camada de asfalto para ganhar a solidez necessária à passagem de um bonde – um bonde de verdade. Nesta rua meio de mentira, enquanto reconstituição da via Albalonga da Roma de 1938, meio de verdade, enquanto projeção de imagens inventadas pelo diretor nesta rua, nas mesas em volta dos trilhos de bonde, duzentos atores e figurantes encenam um banquete popular. No jantar ao ar livre, a via Albalonga transformada numa imensa tratoria, sem deixar de se dar conta da forma cuidadosamente organizada da cena, o espectador percebe primeiro a desorganização da forma. O filme, então, parece perder-se numa conversa sem rumo. Todo mundo fala ao mesmo tempo. Uma frase começa e não termina: um grito fanhoso ao lado, ou uma canção igualmente fanhosa, ou um ainda mais fanhoso pedido de esmola, bota uma outra questão sobre a mesa. Uma fala atropela a outra. Ouvir o que o outro diz não importa. Importante mesmo é jogar conversa fora, é manter a conversa aberta para tratar de toda e qualquer coisa sem efetivamente tratar de nada. Antes dessa cena e depois dela, Roma incorpora a lição do jantar ao ar livre. Fala da Roma de então e da Roma das lições da escola, da Roma sonhada da província e da Roma que, para Fellini, era a “plataforma ideal para vôos fantásticos”: “Quando estava na escola, Roma era Júlio César e Nero, uma sociedade decadente e corrompida, povoada por gente gorda, que comia sem parar, e por guerreiros invencíveis. Era a loba amamentando Rômulo e Remo, era a aparição de Mussolini, eram os conjuntos populares da Piazza Venezia, era a imagem plebeia do espaguete e do frascati. Mais tarde, quando eu era um adolescente, amigos chegados de uma viagem de negócios ou da lua de mel falavam


alegremente da cidade. Roma era então o Papa, São Pedro, um mar de peregrinos, padres e freiras. Cheguei a Roma de trem, em 1938. Fiquei surpreendido com o clima, o calor, os passos lentos das pessoas, o dialeto, as crianças que brincavam na rua, as mulheres que amamentavam seus filhos. Roma é uma cidade horizontal, de água e terra, uma cidade estendida, a plataforma ideal para vôos fantásticos. Os intelectuais e os artistas, que vivem sempre entre duas dimensões diferentes, a realidade e a fantasia, encontram nela o impulso liberador para sua atividade mental, com a vantagem da existência de um cordão umbilical que mantém as pessoas solidamente presas às coisas concretas. Roma é uma grande mãe para todos”. Uma estátua, uma cena de teatro, um cartaz de filme, uma típica canção italiana do final da década de 1930, as mesas do restaurante no meio da rua. A câmera passeia em torno das coisas sem se deter em nenhuma delas, sem dedicar atenção especial a nenhum personagem. Num passeio constante, surpreende meio gesto, meia fala, meia expressão. Uma qualquer meia coisa de traços bem definidos como os de uma caricatura. Os desenhos que o diretor costuma fazer durante a preparação de seus projetos são mais do que simples rascunhos para a futura construção dos personagens. Nos desenhos já se encontra o filme. “Durante a preparação de um filme escrevo pouco, prefiro desenhar. Desenho personagens e cenários. É um hábito que nasceu quando eu ainda trabalhava para pequenos teatros de revista na província. Depois, conservei o hábito e o prazer de desenhar o que vem à cabeça. Procuro traduzir toda ideia numa imagem, e existem mesmo ideias que nascem diretamente sob a forma de um desenho. Desenhar para mim é um modo de me concentrar nos problemas que surgem na preparação de um filme. Uso os desenhos até mesmo para explicar a meus colaboradores o que pretendo fazer. Desenhar é melhor e mais eficiente que fazer um longo discurso. Quando esta fase de estudos preliminares parece concluída, quando percebo que não adianta mais prosseguir neste caminho, reuno os desenhos, as anotações escritas, em geral diálogos, algumas fotografias, recortes de jornais – um material desordenado, em suma – alugo uma sala num lugar desconhecido, e coloco nos jornais um pequeno anúncio que diz mais ou menos: ‘Federico Fellini está pronto para encontrar todos os que desejam vê-lo’. Nos dias seguintes recebo centenas de pessoas. É uma espécie de loucura surrealista, uma atmosfera muito estimulante. Roubo um pouco da personalidade de cada visitante. Todos os loucos de Roma aparecem, e a polícia aparece às vezes com eles. Algumas vezes acrescento um personagem

Federico Fellini: desenho para As tentações do doutor Antônio


no filme em função de um rosto que descubro então. Vejo mil pessoas para escolher duas ou três, mas assimilo algo de todos os que me visitam, porque cada rosto me diz mais ou menos o seguinte: Olhe bem, eu sou uma pequena parte do mosaico que você quer montar.” Roma é um filme que se faz como se fosse uma exposição de desenhos. A unidade nasce de um determinado modo de ver as coisas, do estilo do desenhista. Cada desenho, cada cena, cada instante do filme, parece independente do outro – e ainda assim, em conexão com ele. Não existe propriamente uma narrativa, as imagens não se unem para contar uma história, pelo menos não uma história capaz de ser reproduzida em palavras. Temos um estímulo puramente audiovisual, um imenso mosaico em que cada pequena parte se revela essencial. Não importa que o intérprete esteja perto da câmera ou afastado dela, no centro ou no canto do quadro, por muito tempo ou só por um instante. Ele se comporta como se não existisse câmera alguma, como se tivesse sido surpreendido por uma objetiva, oculta, invisível. A ilusão de se encontrar em meio a um acontecimento não previamente ensaiado, não controlado, cresce à medida em que a sequência avança no tempo e mantém as mesmas características. Torna-se difícil acreditar que as brincadeiras dos atores foram planejadas, que tudo ali é pura encenação. Quer dizer, a questão é mais complicada: parte da imagem diz claramente para o espectador que ele vê uma farsa, um fingimento, um exagero, uma caricatura. Outra parte diz o contrário, diz que não importa que pareça um delírio: tudo se move como na realidade. Ali, no cinema, o filme é um realismo/outro, igual ao do sonho enquanto sonhamos, delírio indisciplinado vivido como experiência viva de verdade O grande cenário da via Albalonga parece real não por ser uma cópia conforme da via Albalonga, mas por ser uma cópia não conforme, por ser uma caricatura. O grande palco é dividido em uma série infinita de pequenos palcos, onde se desenvolvem ações diversas e independentes umas das outras. O marido chama a mulher na janela, zangada ela não quer descer para o jantar; uma menina faz caretas, outra sobe na mesa e começa a cantar; uma mulher reclama com o garçom a falta de bananas, outra faz cara feia para o prato oferecido ao jovem recém chegado da província. Compostas as situações, o trabalho consiste em coordenar o movimento da câmera com o dos intérpretes de modo a conduzir o olhar do espectador para o ponto de interesse – que se desloca a todo momento de uma mesa para outra. Um figurante entra no quadro por um canto junto à câmera e caminha para o centro do quadro, ou a cena começa com o protagonista em primeiro plano, mas meio fora de quadro. A câmera é dirigida como se fosse ela mesma uma personagem, interage e dialoga com os demais,


participa do jantar entrecortado pela passagem do bonde entre as mesas. Num cenário de quinhentos metros, antigas ruínas romanas são recriadas em tamanho natural, alguns telões no fundo da cena reproduzem conjuntos residenciais da cidade, joga-se água sobre o cenário para criar a ilusão de um dia de chuva. Tudo parece de verdade porque é uma caricatura, paisagens e pessoas. Para voltar à cidade de sua juventude, para falar do fascismo, não precisa sair da atmosfera de teatro meio circense de Roma. Basta interromper o espetáculo no Barafonda para o apresentador anunciar a derrubada de aviões aliados. Basta apontar, aqui e ali, o comportamento inculto das pessoas, pois, sublinha Fellini, “o fascismo é a ausência de cultura, antes de ser uma doutrina política inteiramente louca. O fascismo não permanece hoje numa pessoa ou em um grupo de pessoas em particular, é um dos componentes do espírito humano. É uma atitude psicológica devida à ignorância e a uma reduzida capacidade de pensar.” Como trabalha em cenários artificiais, Fellini pode alterar a feição da realidade para torná-la o caminho ideal para a livre movimentação da câmera. O mundo passa a ser feito para atender às exigências do cinema, como acontece também em outra sequência, a do passeio de automóvel pelo Raccordo Anulare – construído igualmente em estúdio numa área de quinhentos metros quadrados – e ainda na sequência do Piccolo Teatro della Barafonda, em que palco e plateia foram feitos segundo exigências arquitetônicas impostas pela câmera. No teatro (tal como no jantar na via Albalonga) importa mesmo é manter a atenção no que em verdade primeiro primeiro nos filmes de Fellini o rosto e os gestos dos personagens. A escolha dos rostos e a caracterização dos personagens são as verdadeiras engrenagens que sustentam esta ficção que, a rigor, não conta com protagonistas nem com uma história. Roma é um painel em que pessoas e coisas são definidas pelas suas aparências. Pela aparência primeira, quase sempre caricata – a mulher muito gorda, o homem muito magro, o gesto muito desajeitado, o prato muito cheio sobre a mesa, um qualquer sinal muito, em suma. A caricatura nos filmes de Fellini resulta da vontade de concentrar numa só imagem os traços essenciais de uma ação, da vontade de congelar num instante um movimento que se alonga no tempo. Resulta da vontade de representar o mundo numa imagem entre um desenho animado e uma cena como as do Piccolo Teatro della Barafonda. Na realidade, nenhuma expressão, quer pela sonoridade quer pelo sentido, resume melhor o cinema de Fellini: barafunda. Seus filmes se desenham na tela como um pequeno teatro da barafunda.

Na série de filmes que acompanham a exposição Tutto Fellini, destacam-se esse mês: o paralelo entre Roma, (1972) e Roma, cidade aberta (1945) a estreia de Fellini no cinema, como roteirista. E o paralelo entre o final de Os boas vidas, a partida da província para a capital e o começo de Roma, a chegada do trem da provínicia na capital


OS FILMES DE MAIO terça 1 14h00 : Roma, cidade aberta (Roma, città aperta) de Roberto Rosselini (Itália, 1945. 100’) Um dos líderes da Resistência italiana contra os nazistas,

Giorgio, se esconde em casa do amigo Francesco. Pina, noiva de Francesco, deve prevenir o padre Pellegrini que Giorgio precisa deixar a cidade. Um dos marcos inaugurais do neorrealismo italiano e primeiro trabalho cinematográfico de Federico Fellini, que escreveu o roteiro em colaboração com Sergio Amidei. Quando em 1980 realizou o seu Roma, Fellini fez uma homenagem à intérprete principal do filme de Rosselini, Anna Magnani. 16h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) “Uma obra de risco e entrega, como era de risco e entrega a arte de Pina Bausch (1940-2009). Wenders consegue mostrar o que há de único na coreógrafa e dançarina alemã: o rigor mesclado com a intuição; a capacidade de extrair de cada bailarino sua linguagem corporal pessoal e intransferível; o talento para criar, mediante o movimento, uma representação precisa da vida tal como ela é e tal como deveria ser (....) Nas coreografias encenadas no filme, do Café Müller à Sagração da primavera, parece haver um motivo básico recorrente: o corpo como campo de batalha entre a liberdade e a constrição”. ( José Geraldo Couto, Corpo e alma em três dimesões, em www.ims.com.br). 17h45 : Roma (Roma) de Federico Fellini (Itália, França, 1972. 128’) O jovem acabou de chegar do interior e se instala na casa de parentes. De noite desce para jantar no restaurante em frente. As mesas se espalham sobre a calçada e sobre a metade da rua, que se transforma num imenso restaurante com uma estreita faixa aberta para a circulação do bonde. A cena é (ou parece ser) uma recordação do que o diretor viveu em sua chegada à capital italiana em 1938, mas uma recordação fantasiada, livremente reinventada pela imaginação – algo mais perto de uma caricatura do que de uma foto de família num álbum de retratos. 20h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’)

quinta 3 14h00 Os boas vidas (I vitelloni) de Federico Fellini (Itália, França, 1953. 101’) Hoje, a cena final, Moraldo, o mais jovem dos “vitelões”, parte da província para a capital, continua numa das primeiras cenas de Roma, a chegada do trem à capital. 16h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) 18h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) sexta 4 14h00 : Os palhaços (I clown) de Federico Fellini (Italia, França, 1970. 92’) “Se o cinema não existisse, se eu não tivesse conhecido Rosselini, eu teria adorado ser o diretor de um grande circo”, disse o diretor no lançamento do filme”. Sessão seguida de debate com Hernani Heffner. Entrada franca 17h00 : Doku. Arts: Louise Bourgeois: No Trespassing (Louise Bourgeois) de Nigel Finch (Inglaterra, 1994. 54’) Nessa entrevista feita para a série Arena da BBC, a artista explica as motivações de seus trabalhos. Entre os muitos comentários irônicos sobre si mesma e suas criações, Louise Bourgeois (1911-2010) faz uma advertência para a câmera com um cartaz em que se lê: “no trespassing”. 18h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) 20h00 : Doku.Arts James Benning, ao redor da imagem (James Benning - Circling the image) de Reinhard Wulf (Alemanha, 2003. 84’) Um retrato do diretor americano, durante as filmagens de 13 Lakes. No cinema desde 1971, autor de mais de 50 documentários, produções independentes feitas de longos planos-sequência, num diálogo entre o cinema e a pintura.


domingo 6 14h00 : E la nave va (E la nave va) de Federico Fellini (Italia, França, 1983. 132’) Durante a preparação do filme (até certo ponto inspirado em dois sonhos de fevereiro de 1982, reproduzidos na exposição Il tutto Fellini), o diretor encontrou no rosto de Pina Bausch a figura ideal para viver a princesa Lherimia, a irmã cega do Grão Duque. 16h30 : Doku.Arts: Louise Bourgeois: No Trespassing (Louise Bourgeois) de Nigel Finch (Inglaterra, 1994. 54’)

Uma longa viagem documentário de Lucia Murat em exibição a partir da sexta 11

sábado 5 13h30 : Roma (Roma) de Federico Fellini (Itália, França, 1972. 128’) 16h00 : Doku.Arts : Que venha a tempestade: a vida de Paul Bowles (Let it come down: the life of Paul Bowles) de Jennifer Balchwal (Canada, EUA, 1998. 72’) O escritor de O céu que nos protege e Que venha a tempestade, Paul Bowles (1910-1999) visto em depoimentos de William Burroughs, Allen Ginsberg, Mohamed Choukri, Mohamed Mrabet, Tom McManus e Amina Bakalia – entre outros. 18h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) 20h00 : Doku.Arts: Glenn Gould, para além do tempo (Glenn Gould, au delà du temps) de Bruno Monsaingeon (Canadá, 2006. 106’) Autor de uma série de documentários sobre músicos (entre outros David Oistrakh, Yehudi Menuhim, Svyatoslav Richter e Dietrich Fischer-Dieskau, Monsaingeon reúne nesse documentáriosa um precioso material de arquivo sobre Gould.

18h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) 20h00 : Doku.Arts : Daniel Schmid, o gato que pensa (Daniel Schmid, le chat qui pense) de Pascal Hoffman e Benny Jaberg (Suiça, 2010. 83’) Com depoimentos de Ingrid Caven, Werner Schroeter, Renato Berta, Bulle Ogier e Shigueniko Hasumi, um retrato do realizador suiço (1941-2006) autor de filmes marcados pela influência da ópera e do teatro japonês – como por exemplo: La Paloma (La Paloma, 1974; A sombra do anjo (Schatten der Engel, 1976) e Beresina (Beresina,1999) TERÇA 8 14h00 : Os boas vidas (I vitelloni) de Federico Fellini (Itália, França, 1953. 101’) Na província, o cotidiano de uns boas-vidas durante a luade-mel do casamento apressado de Fausto, que engravidou Sandra, irmã de seu amigo Moraldo o mais jovem dos “vitelões”, que no final parte de trem para Roma. 16h00 : Doku.Arts : Que venha a tempestade: a vida de Paul Bowles (Let it come down: the life of Paul Bowles) de Jennifer Balchwal (Canada, EUA, 1998. 72’) 18h00 : Doku.Arts : Ele interpretava sua sombra (Er spielte seinen Schatten mit) de Andreas Lewin (Alemanha, 2002. 75’) Sessão seguida de debate com Andreas Lewin e Laura Erber.


QUARTA 9 14h00 : Ensaio de orquestra (Prova d’orchestra) de Federico Fellini (Italia, Alemanha. 1978. 70’) Durante a gravação da música de um de seus filmes, o diretor viu “chegar ao estúdio indivíduos muito diferentes uns dos outros, carregando seus instrumentos e seus problemas pessoais”. E decidiu fazer um filme sobre “a fusão daquela massa heterogênea numa forma única, que é a música”. 16h00 : Doku.Arts: Boris Ryzhy A feiura é uma beleza que não cabe na alma (Boris Ryzhy - ugliness is beauty that cannot be contained within the soul) de Aliona van der Horst (Holanda, 2009. 60’) “Todos os meus poemas são sobre amor e morte, não há outros temas” dizia Boris Rhyzy poeta russo que se suicidou em 2001 aos 26 anos. Além de poeta reconhecido e premiado em vida Rhyzy foi um boxeador e vivia bem de perto a criminalidade efervescente durante a Perestroika. 18h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) 20h00 Doku.Arts: Glenn Gould, para além do tempo (Glenn Gould, au delà du temps) de Bruno Monsaingeon (Canadá, 2006. 106’) quinta 10 14h00 : E la nave va (E la nave va) de Federico Fellini (Italia, França, 1983. 132’) 16h30 : Doku.Arts : James Benning, ao redor da imagem (James Benning - Circling the image) de Reinhard Wulf (Alemanha, 2003. 84’) 18h00 : Pina (Pina) de Wim Wenders (Alemanha, 2011. 103’) 20h00 : Doku.Arts: Boris Ryzhy A feiura é uma beleza que não cabe na alma (Boris Ryzhy - ugliness is beauty that cannot be contained within the soul) de Aliona van der Horst (Holanda, 2009. 60’)

Em parceria com Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, com o Departamento de História do Cinema da Federação Internacional da Crítica Cinematográfica – Fipresci – e a Associação Brasileira de Cineastas – Abraci – três programas para homenagear os 80 anos de Roberto Farias. Na sexta 11: Rico ri à toa, seu primeiro longa-metragem; no sábado 12: Pra frente Brasil (1982); e no domingo 13, Assalto ao trem pagador (1962). Em 55 anos de cinema, Roberto dirigiu 25 filmes para cinema e para televisão, e em sua produtora, a R.F. Farias, produziu inúmeros outros, desde a metade da década de 1960. Entre 1974 e 1979, foi o Diretor Presidente da Embrafilme.


sexta 11 14h00 : Uma introdução a E la nave va. Debate com Dinara Guimarães e José Carlos Avellar Entrada franca 16h00 e 18h00 : Uma longa viagem de Lucia Murat (Brasil, 2011. 97’) Um retrato do Brasil da década de 1970 por meio de uma narração na primeira pessoa e da leitura de cartas do irmão caçula da diretora, na época enviado para Londres para evitar que ele seguisse o exemplo da irmã, então presa política, e participasse da luta armada contra a ditadura. 20h00 : Rico ri à toa de Roberto Farias (Brasil, 1957. 102’) Zé da Fubica, chofer de táxi, feliz com sua profissão, mora com a mulher e a filha num barraco de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Vivem em harmonia até que um advogado aparece com uma herança de um irmão do Zé, que faleceu em Portugal. Interpretado por Zé Trindade, Violeta Ferraz e Armando Camargo, é o primeiro filme de Roberto Farias. sábado 12 14h00 : Pra frente Brasil de Roberto Farias (Brasil, 1982. 110’) No aeroporto Santos Dumont, Jofre divide um táxi com um desconhecido que desembarcara com ele do vôo de São Paulo. O táxi é atacado a tiros pela polícia, o desconhecido morre e Jofre é levado preso para um centro de torturas. Premiado nos festivais de Gramado, Berlim e Huelva. 16h00, 18h00 e 20h00 : Uma longa viagem de Lucia Murat (Brasil, 2011. 97’) domingo 13 14h00 : Assalto ao trem pagador de Roberto Fariss (Brasil, 1962. 90’) Um grupo de seis homens liderados por Tião Medonho assalta o trem pagador da Central do Brasil.

quarta 16 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00 : Uma longa viagem de Lucia Murat (Brasil, 2011. 97’) quinta 17 14h00, 16h00 e 18h00 : Uma longa viagem de Lucia Murat (Brasil, 2011. 97’) 20h00 : Pré-estreia Romance de formação de Julia de Simone (Brasil, 2011, 74’) Para a diretora, um filme de descobertas e questionamentos “As escolhas e experiências de quatro jovens em busca de aperfeiçoamento no mundo profissional (....) Os questionamentos ficam para os espectadores: quais foram as suas escolhas? Em busca de que estamos caminhando? É a educação que nos levará ao sucesso? O que é, enfim, o sucesso?” Sessão seguida de debate com a realizadora sexta 18 14h00 : Entrevista com Federico Fellini (A Director’s Notebook ) de Federico Fellini (Itália, 1969. 54’) O processo de trabalho do diretor em um filme feito para a televisão durante a preparação de Satyricon. Tobby Dammit (Toby Dammit) de Federico Fellini (Episódio de Histoires extraordinaires França, Itália 1968.) Um ator alcoólatra chega a Roma para interpretar um western católico, mistura de Zinnemann, Pasolini e Ford. Entrada franca 16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: L’Anse-aux-basques (Canadá, 1960. 29’) Diamantes do Canadá (Diamants du Canada) (1960. 29’) Tête-à-la-Baleine (Canadá, 1963. 29’) Três filmes de René Bonnière

16h00, 18h00 e 20h00 : Uma longa viagem de Lucia Murat (Brasil, 2011. 97’)

18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: A traversia de inverno na Île-Aux-Coudres (La traversée d’hiver à l’Ile-Aux-Coudres) O vale do Gouffre (La Rivière du Gouffre) Voltando de Saint Hilarion (En revenant de Saint Hilarion) Três filmes de René Bonnière.

terça 15 14h00, 16h00, 18h00 e 20h00 : Uma longa viagem de Lucia Murat (Brasil, 2011. 97’)

20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Para que o mundo prossiga (Pour la suite du monde) de Pierre Perrault e Michel Brault (Canadá, 1963. 105’)


sábado 19 14h00 : Os palhaços (I clown) de Federico Fellini (Italia, França, 1970. 92’) “Se o cinema não existisse, se eu não tivesse conhecido Rosselini e se o circo ainda fosse um tipo de espetáculo com uma certa atualidade, eu teria adorado ser o diretor de um grande circo”, disse o diretor no lançamento do filme. 16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O reino do hoje (Le règne du jour) de Pierre Perrault (Canadá, 1967. 118’) 18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O bom prazer (Le beau plaisir) de Pierre Perrault, M. Brault e B. Gosselin (Canadá, 1968. 15’) As balsas (Les Goélettes) de René Bonnière (Canadá, 1960. 29’) O Jean Richard (Le Jean Richard) de René Bonnière (Canada, 1960. 29’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Os carros d’água (Les voitures d’eau) de Pierre Perrault (Canada, 1968. 110’)

Federico Fellini, desenho para Abismo de um sonho

domingo 20 14h00 : Satyricon (Fellini Satyricon) de Federico Fellini (Itália 1969. 128’) “Trabalhei como um louco, consultei textos e textos e finalmente descobri uma chave para a realização ”, disse o diretor no Festival de Veneza. “Procurei mostrar o que era a Antiguidade antes da moral cristã impor suas regras”.

terça 22 14h00 : Abismo de um sonho (Lo sceicco bianco) de Federico Fellini (Itália, 1952. 86’) Um casal em lua de mel em Roma, o marido procura uma audiência com o Papa, a esposa, o herói de uma foto-novela, o Sheik Branco. Numa breve cena, Giulieta Masina esboça a personagem central de As noites de Cabíria.

16h30 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Oumigmag ou o objetivo documentário (L’oumigmag ou l’objectif documentaire) de Pierre Perrault (Canadá, 1993. 28’) Cornouailles de Pierre Perrault (Canadá, 1994. 52’)

16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Um reino vos espera (Un royaume vous attend) de Pierre Perrault (Canadá, 1975. 110’)

18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Um país sem bon senso! (Un pays sans bons sens!) de Pierre Perrault (Canadá, 1970. 118’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Acadie, Acadie !?! (L’Acadie, l’Acadie !?!) de Pierre Perrault e Michel Brault (Canadá, 1971, 117’)

18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Os carros d’água (Les voitures d’eau) de Pierre Perrault (Canada, 1968. 110’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Gente de Abitibi (Gens d’Abitibi) de Pierre Perrault (Canadá, 1980, 107’).


quarta 23 14h00 : A estrada da vida (La Strada) de Federico Fellini (Italia,1954. 108’) Pela janela do carro, numa estrada, Fellini passou ao acaso por “um homem forte conduzindo uma carreta empurrada por uma mulher pequenina e magra”. Daí nasceu a história de Gelsomina e Zampanô, ela vendida pela mãe para trabalhar com ele, um ator ambulante. 16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Gente de Abitibi (Gens d’Abitibi) de Pierre Perrault (Canadá, 1980, 107’). 18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O retorno à terra (Le retour à la terre) de Pierre Perrault (Canadá, 1976. 57’) Era um quebequense na Bretanha, senhora! (C’etait un Québécois en Bretagne, Madame! ) de Pierre Perrault (1977. 60’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Um reino vos espera (Un royaume vous attend) de Pierre Perrault (Canadá, 1975. 110’) quinta 24 14h00 : Amarcord (Amarcord) de Federico Fellini (Italia, França, 1973. 123’) “Amarcord, na verdade não quer dizer eu me recordo’”, anotou o diretor no material de divulgação. “É uma espécie de fórmula cabalística, um chamariz, marca de bebida, algo assim: Amarcord.”

sexta 25 14h00 : As tentações do doutor Antônio (La tentazioni del dottor Antonio) de Federico Fellini (episódio de Boccaccio 70, Itália, França, 1962. ) Um moralista obcecado com a enorme imagem de uma mulher sensual num cartaz em frente à janela de sua casa. Autorretrato de Fellini (Fellini : autoritratto ritrovato) de Paquito del Bosco (Itália, 200. 54’) Montagem de depoimentos para a televisão italiana e de entrevista diversas durante a filmagem de A doce vida. Entrada franca 16h30 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: L’Anse Tabatière de René Bonnière (Canadá, 1960, 29’ ) Alta velocidade (La grande allure - 1. De Saint Malo à Bonavista) de Pierre Perrault (Canadá, 1985. 60’) 18h30 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Alta velocidade (La grande allure - 2. De Bonavista à Quebec) de Pierre Perrault (Canadá, 1985. 74’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O país da terra sem árvore (Le Pays de la terre sans arbre ou le Mouchouânipi) de Pierre Perrault (Canadá, 1980. 110’) sábado 26 14h00 : Ensaio de orquestra (Prova d’orchestra) de Federico Fellini (Italia, Alemanha. 1978. 70’)

16h30 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Toutes isles de René Bonnière (Canadá, 1960. 29’). As velas baixas e transversais (Les voiles bas et en travers) de Pierre Perrault (Canadá, 1983. 58’)

16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O gosto da farinha (Le gout de la farine) de Pierre Perrault (Canadá, 1977. 108’)

18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: A moça (La Pitoune) René Bonnière (Canadá, 1960. 29’) Attiuk de René Bonnière (Canadá, 1963. 29’) Ka ke ki ku de René Bonnière (Canadá, 1960. 29’)

18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O país da terra sem árvore (Le Pays de la terre sans arbre ou le Mouchouânipi) de Pierre Perrault (Canadá, 1980. 110’)

20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O gosto da farinha (Le gout de la farine) de Pierre Perrault (Canadá, 1977. 108’)

20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: A fera luminosa (La Bête lumineuse) de Pierre Perrault (Canadá, 1982. 128’)


domingo 27 14h00 : Os palhaços (I clown) de Federico Fellini (Italia, França, 1970. 92’) 16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O reino do hoje (Le Règne du jour) de Pierre Perrault (Canadá, 1967. 118’) 18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Para que o mundo prossiga (Pour la suite du monde) de Pierre Perrault e Michel Brault (Canadá, 1963. 105’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Os carros d’água (Les voitures d’eau) de Pierre Perrault (Canada, 1968. 110’)

terça 29 14h00 : Oito e meio (Fellini Otto e mezzo) de Federico Fellini (Itália, 1963. 145’) “Um meio termo entre uma desordenada sessão de psicanálise e um ainda mais desordenado exame de consciência numa atmosfera nebulosa”, disse Fellini em maio de 1963 . “Durante mais de um ano eu fiquei andando às cegas em torno de uma ideia que me fascinava exatamente por sua imprecisão”. 16h30 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Os traços do sonho (Les traces du rêve) de Jean-Daniel Lafond (Canadá, 1986. 95’) Pierre Perrault, poeta (Pierre Perrault, poète) de Jean-Claude Labrecque (trecho de La nuit de la poèsie, 1980. 5’) 18h30 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Oumigmag ou o objetivo documentário (L’oumigmag ou l’objectif documentaire) de Pierre Perrault (Canadá, 1993. 28’) Cornouailles de Pierre Perrault (Canadá, 1994. 52’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Toutes isles de René Bonnière (Canadá, 1960. 29’). As velas baixas e transversais (Les voiles bas et en travers) de Pierre Perrault (Canadá, 1983. 58’)

quarta 30 14h00 : La dolce vita (La dolce vita) de Federico Fellini (Itália, 1960. 174’) Para Pasolini, num texto escrito na época do lançamento do filme, “uma obra importante demais para que se fale dela assim como se fala de um qualquer filme (...) Não existe nele um único personagem triste, digno de pena. Todo mundo é belo, todo mundo é gentil, embora nada funcione”. 17h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Pierre Perrault, a açnao da palavra (Pierre Perrault, l’action parlé) de Jean Louis Comolli e André S. Labarthe (França, 1968. 52’) 18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: L’Anse Tabatière de René Bonnière (Canadá, 1960, 29’ ) Alta velocidade (La grande allure - 1. De Saint Malo à Bonavista) de Pierre Perrault (Canadá, 1985. 60’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Alta velocidade (La grande allure - 2. De Bonavista à Quebec) de Pierre Perrault (Canadá, 1985. 74’)

quinta 31 14h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Um país sem bon senso! (Un pays sans bons sens!) de Pierre Perrault (Canadá, 1970. 118’) 16h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: Acadie, Acadie !?! (L’Acadie, l’Acadie !?!) de Pierre Perrault e Michel Brault (Canadá, 1971. 117’) 18h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: O país da terra sem árvore (Le Pays de la terre sans arbre ou le Mouchouânipi) de Pierre Perrault (Canadá, 1980. 110’) 20h00 : Retrospectiva e seminário Pierre Perrault: A fera luminosa (La Bête lumineuse) de Pierre Perrault (Canadá, 1982. 128’)


Ingressos Uma longa viagem: terça, quarta e quinta: R$16,00 (inteira) e R$8,00 (meia). Sexta, sábado, domingo e feriados: R$18,00 (inteira) e R$9,00 (meia) Pina, exibição em 3D: Terça, quarta e quinta: R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia) Sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 25,00 (inteira) R$ 12,50 (meia)

Instituto Moreira Salles Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3284-7400 www.ims.com.br De terça a domingo das 11h às 20h Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café WiFi.

Como chegar as seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS:

Sessões da mostra Fellini, da mostra Pierre Perrault e dos programas em parceria com a revista Cinética, a Abraci e a Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)

158 – Central-Gávea (via Praça Tiradentes, Flamengo, São Clemente)

O seminário Pierre Perrault e as sessões das sextas feiras às 14h00 têm entrada franca mediante a retirada de senhas na portaria

593 – Leme-Gávea (via Prudente de Morais, Bartolomeu Mitre)

Passaporte O Passaporte para o mês de maio – no valor de R$ 30,00 – é válido para 10 sessões dos programas dedicados a Federico Fellini e a Pierre Perrault. O passaporte é pessoal e intransferível. Deve ser adquirido exclusivamente na bilheteria do Instituto. O portador deverá apresentá-lo até 15 minutos antes da sessão com documento de identidade para a retirada do ingresso.

Capacidade da sala: 113 lugares. Os ingressos e senhas estão sujeitos à lotação da sala. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com

170 – Rodoviária-Gávea (via Rio Branco, Largo do Machado, São Clemente) 592 – Leme-São Conrado (via Rio Sul, São Clemente)

Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea

O programa de cinema de maio tem o apoio da Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro, do Instituto Goethe, Doku.Arts, do Instituto Luce, do Instituto Italiano de Cultura, de Cinecittà, do Office National du Film du Canada, da Université de Montreal, da Université Sorbonne Nouvelle Paris 3, e da Balafon. O programa conta ainda com a parceria do Espaço Itaú de Cinema, da Videofilmes, da www.revistacinetica.com.br e da Associação Brasileira de Cineastas. Curadoria: José Carlos Avellar. Coordenação do IMS - RJ: Elizabeth Pessoa. Assessoria de coordenação: Laura Liuzzi. Capa : Louise Bourgeois de Nigel Finch Quarta capa : filmagem de Pour la suite du monde de Pierre Perrault


PIERRE PERRAULT O CINEMA DA PALAVRA Retrospectiva ; de sexta 18 a quinta 31 de maio Seminรกrio ; quinta 24, sexta 25 e sรกbado 26 de maio


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