Versos de circunstância

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A Otto Maria Carpeaux O enigma é claro; o claro, obscuro./ Se decifrares meus arcanos,/ caro Carpeaux, prometo e juro/ que farei logo cinquent’anos. [dedicatórias de CLARO ENIGMA]


A Lygia F. Telles e Goffredo Poeta magro, livro magrinho,/ sobrepairando os horizontes,/ ofertam seu melhor carinho/ ao bom casal de Martins Fontes. [dedicat贸rias de CLARO ENIGMA]


A José Olympio No Olimpo literário, José Olympio/ merece do louvor a nobre palma,/ pois soube conservar — agudo instinto —/ a poesia na ação e dentro d’alma. [dedicatórias de CLARO ENIGMA]


A Rachel De Queiroz “Cultiva o teu jardim.” Rachel o sabe,/ mas, na Ilha Feliz, ela não deixa/ de guardar em ternura quanto cabe/ no coração, e ouvir a humana queixa. [dedicatórias de CLARO ENIGMA]


A Nazinha Mattioli Leva, meu pombo-correio,/ um bilhete para o sul:/ A Nazinha, um ano cheio/ de cor-de-rosa e de azul. [BOAS-FESTAS 1951-1952-1953]


A N. M. À oficina do futuro/ peço um ano especial,/ tão porto-alegre, tão puro/ como não haja outro igual,// para Nazinha, ao destino,/ por muito lhe querer bem./ No descampado sulino,/ ano-bom, te espera alguém.// Depressa, à rua Pestana/ (Augusto!) meu mensageiro,/ leva à moça da ventana/ este afeto verdadeiro. [BOAS-FESTAS 1951-1952-1953]


Ao meu caro Ribeiro Couto, douto/ diplomata bem como fino poeta,/ venho ofertar, roceiro, esta lavoura/ feita de admiração e antigo afeto. * A Freddy Guerreiro de Barros,/ esta fazenda diferente:/ terra em fumaça de cigarros,/ e bois de nuvens já no poente. * [dedicatórias de FAZENDEIRO DO AR]


n. m. s. e p. b. U m vago fazendeiro do ar,/ entre as nuvens de sua tenda,/ contempla outra maior fazenda,/ que Niomar extraiu do mar,// Terra onde a arte moderna, trigo/ bem semeado, ir谩 florescer./ (E a Paulo Bittencourt, amigo,/ manifesta o seu bemquerer.) [dedicat贸rias de FAZENDEIRO DO AR]


PAULO GOMIDE De Paulo Gomide/ a poesia agride/ toda convenção./ É sarcasmo, chama/ (compreende quem ama)/ ardendo em canção./ Fere, mas consola/ essa humana viola/ (outra igual não vi),/ angústia remota,/ flor em terracota/ para [Uáuádiquí?] [EM BENEFÍCIO DA CONSTRUÇÃO DA IGREJINHA DE COPACABANA]


A JOÃO CABRAL A João Cabral, que tem por sina/ a poesia gravada em carne,/ não seja a vida severina/ e lhe dê sempre um novo carme/ que entre duas águas humanas/ acrescente o geral tesouro./ E viva assim por muitos anos,/ a transformar o barro em ouro. * [BOAS-FESTAS 1956-57]


AGRADECENDO UM DOCE DE AMÊNDOAS Da vida os tristes fardos/ esqueço, ante as amêndoas,/ dom de Stella Leonardos,/ tão doces. E, comendo-as,// outra maior doçura/ vem-me à lembrança: aquela/ que impregna e transfigura/ a poesia de Stella.// 10.ix.57 [BOAS-FESTAS 1956-57]


ave azul a vi a z u l/ano azul salve azul//(não é poema concreto/é pura simples mensagem/de afeto/ins/pirada na plumagem/blau/da ave de Aldemir Martins) [BOAS-FESTAS 1956-57]


Depressa: leva-lhe os votos, estafeta!/ Seja-lhe a vida rósea, não violeta.// (Violeta de Sá) * As santas deste Greco americano,/ entre nuvens e palmas, em revoada,/ voltando pelos céus, a todo pano,/ deem meu abraço a Lauro, na Embaixada.// (Lauro Escorel) * Neste ano-novo que desejo diferente,/ transforme a vida sua face de Górgona/ em manso rosto protetor e resplendente/ para alegrar Estela e João, em Barcelona.// ( João Cabral de Melo Neto) [DIVERSOS]


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