IMS Rio: os filmes de janeiro/2020

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30 O farol (109’) O filme do Bruno Aleixo (87’) O paraíso deve ser aqui (97’) Sessão Mutual Films: O Grande Bizarro (60’) + O retrato da escuridão (38’)

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26 Meu amigo Fela (92’) O farol (109’) O filme do Bruno Aleixo (87’) Primata (105’) O filme do Bruno Aleixo (87’)

11:30 Meu amigo Fela (92’) 14:00 O farol (109’) 17:00 Sessão Mutual Films: O retrato da escuridão (38’) + O Grande Bizarro (60’), seguida de debate com Aaron Cutler e Mariana Shellard 20:00 O filme do Bruno Aleixo (87’)

Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em facebook.com/cinemaims e ims.com.br.


Primata (Primate), de Frederick Wiseman (EUA | 1974, 105’, 16 mm) [capa] O filme do Bruno Aleixo, de João Moreira e Pedro Santo (Portugal | 2019, 92’, DCP)


destaques de janeiro 2020 Em celebração aos 90 anos de Frederick Wiseman, comemorados no dia 1° de janeiro, será exibido, em cópia em 16 mm, seu filme Primata, lançado em 1974, no qual o diretor acompanha o funcionamento de um centro de pesquisas em primatologia. A primeira sessão do filme, no dia 21 de janeiro, será acompanhada por uma conversa com a pesquisadora Juliana Fausto. De galáxias luminosas à padronagem de tecidos, a Sessão Mutual Films exibe trabalhos recentes de Jodie Mack e Takashi Makino, dois jovens e renomados cineastas experimentais que utilizam em suas obras técnicas dos primórdios do cinema. Ainda em janeiro, estreiam O farol, com William Dafoe e Robert Pattinson, exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes, onde recebeu o Prêmio da Crítica, e O filme de Bruno Aleixo, dos mesmos criadores do personagem português que ficou conhecido no Brasil via YouTube.

Primata (Primate), de Frederick Wiseman (EUA | 1974, 105’, 16 mm)

O retrato da escuridão (The Picture from Darkness), de Takashi Makino (Japão | 2016, 38’, DCP)

O paraíso deve ser aqui (It Must Be Heaven), de Elia Suleiman (França, Catar, Alemanha, Canadá, Turquia, Palestina | 2019, 97’, DCP)

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O farol (The Lighthouse), de Robert Eggers (Canadá, EUA | 2019, 109’, DCP)


Sessão Mutual Films Mack/Makino: O Grande Bizarro + O retrato da escuridão por Aaron Cutler e Mariana Shellard

Me interessa criar uma experiência única… Eu também procuro combater a noção de cinema como objeto reprodutível... Me oponho à necessidade de algo ser lucrativo para poder acontecer, e procuro existir no mundo em favor de uma abordagem artesanal. Jodie Mack, em entrevista para o site Desistfilm1

No início da década de 1950, quando a televisão se popularizava nos Estados Unidos, causando um declínio no fluxo de espectadores nas salas de cinema, a Twentieth Centur y Fox criou um novo formato de projeção chamado CinemaScope, para se distinguir do “cinema em casa”. Na primeira década do século XX, quando o cinema começou a dominar o mercado do entretenimento, acreditou-se que uma nova era surgia e que colocaria um ponto-final nas apresentações teatrais. Hoje, o streaming e as grandes empresas do ramo sugerem que a experiência da sala de cinema tornou-se 1. desistfilm.com/jodie-mack-interview. 2

algo do passado. Aos poucos, entra em decadência o cinema de entretenimento de grandes massas e se consolida o cinema cuja finalidade é artística e educativa – uma ferramenta cultural, independente do ramo industrial. À frente dessa transformação, despontam artistas experimentais e preservacionistas que valorizam a experiência coletiva da sala de cinema e retomam o uso da película cinematográfica como material de criação e preservação, impulsionando a volta da produção e da comercialização desse suporte. Dois fortes expoentes do cinema experimental contemporâneo, a inglesa Jodie Mack (nascida em 1983 e radicada nos Estados Unidos) e o japonês Takashi Makino (nascido em 1978), se apropriam de técnicas e práticas dos primórdios do cinema – exploradas pelos surrealistas na França e os formalistas na Rússia –, como a animação quadro a quadro, a sobreposição de imagens e a sonorização ao vivo, participando de um movimento que é, em essência, estético e coletivo. De maneiras distintas, Mack e Makino trabalham com a saturação de informação resultante do

acúmulo de imagens (em um único quadro ou numa sequência), produzindo abstrações nas quais o esvaziamento do significado de cada objeto é consequência da abundância de um mundo artificial. Ambos os artistas propõem imersões em universos muito particulares que se abrem ao espectador, para que este incorpore seu próprio contexto e receba as obras também de uma forma pessoal. Mack recicla uma inf inidade de objetos do cotidiano, que adquirem um espírito próprio ao se transformarem em protagonistas de suas animações. São papéis de presente, em New Fancy Foils (2013); circuitos eletrônicos de computadores, em Wasteland No. 1: Ardent, Verdant (2017); cartazes, em Dusty Stacks of Mom: The Poster Project (2013); tecidos metálicos, em Razzle Dazzle (2014); e tricô, em Blanket Statement #2: It’s All or Nothing (2013). A artista também cria instalações e performances com monitores velhos e variações de zootrópios com bicicletas, discos de vinil e miniaturas, comentando o excesso da produção de lixo a


partir do excesso de estímulos, atirado aos olhos (e às vezes aos ouvidos) em repetições obsessivas. Seu primeiro longa-metragem, O Grande Bizarro (The Grand Bizarre, 2018), remete a sinfonias da cidade e a musicais hollywoodianos clássicos, em especial Um pijama para dois (The Pajama Game, 1957), de Stanley Donen e George Abbott – sobre conflitos entre funcionários e supervisores 3

em uma fábrica de pijamas. Tecidos coloridos e dançantes são animados quadro a quadro ao ritmo de uma trilha sonora original, criada a partir da reciclagem de sons. Os tecidos proliferam ao redor do mundo, chamando a atenção para um processo de produção industrial que ainda depende das mãos do trabalhador, tratadas pela sociedade com o mesmo desprezo dispensado a uma

peça de roupa barata. O título do filme brinca com o Grande Bazar, em Istambul – um enorme mercado coberto que fez parte das filmagens –, enquanto estabelece um modus operandi artesanal fascinado em ver e ouvir o potencial infinito do trabalho humano. Em seus filmes, videoinstalações e trabalhos de cinema expandido, Takashi Makino recorre a uma lembrança de


infância – uma experiência sensorial de quase morte após um acidente de carro – para criar universos paralelos, ao mesmo tempo expansivos, como galáxias, e introspectivos, como sonhos, descritos nos títulos de obras como Gerador (Generator, 2011), Memento Stella (2018) e A origem dos sonhos (Origin of the Dreams, 2016). O artista faz isso por meio de um processo rigoroso, no qual utiliza milhares de fotografias (em película ou digitais) sobrepostas e manipuladas digitalmente com técnicas aprendidas durante seus anos de trabalho como colorista. O espectador é então convidado a dar forma às novas configurações produzidas pelo artista, ou simplesmente se deixar levar pelo fluxo sensorial, acompanhado de trilhas sonoras minimalistas realizadas por compositores como Jim O’Rourke, Machinefabriek e o próprio Makino. O retrato da escuridão (The Picture from Darkness, 2016) parte de outro encontro sensorial com a morte, o processo de cegueira enfrentado no final da vida por Derek Jarman – cuja obra foi uma importante referência na formação do cineasta 4

japonês. A convite de Simon Fisher Turner (compositor de vários filmes de Jarman), Makino colide sua experiência passada com a do cineasta inglês, retratada no filme Azul (Blue, 1994) e em seu estudo sobre a cor, Chroma (1995). A partir de sobreposições de imagens capturadas em seu jardim por meio de câmeras Super 8, 16 mm e 4K, Makino cria gradualmente uma efusão de luzes e cores. Assim como em todos seus filmes, o movimento na imagem evoca o fluxo de vida em um corpo humano, estabelecendo um paralelo entre micro e macrocosmos. Outras influências cinematográficas citadas por Mack e Makino incluem os trabalhos do norte-americano Tony Conrad – cujo filme estroboscópico The Flicker (1966) consiste em alternações entre quadros pretos e brancos – e animadores como Oskar Fischinger, Len Lye e Norman McLaren, que desenvolveram métodos lúdicos de representação do som em imagens. O diálogo dos cineastas com seus materiais e referências estende-se às suas relações com o público e com artistas contemporâneos. Além de

trabalharem como professores, ajudam jovens artistas a se firmarem no meio – Mack leciona na Faculdade de Dartmouth e fundou o Florida Experimental Film Festival, e Makino leciona na universidade EQZ, na Espanha, e conduz um projeto chamado [+] (Plus), que promove a obra de cineastas experimentais no Japão. Em uma entrevista recente, Makino comentou: “Eu sou um artista, então não consigo me imaginar em qualquer outra posição que não seja ajudando outros artistas. Não importa se eu tivesse nascido em outra vida: isso seria igual, e assim continuaria sendo.”2 Mais informações sobre os artistas da Sessão Mutual Films de janeiro de 2020, inclusive filmografias completas, podem ser encontradas em seus sites – jodiemack.com e makinotakashi.net. A sessão é dedicada à memória dos grandes artistas e pesquisadores do cinema que faleceram em 2019, entre eles, Doris Day, Gustav Deutsch, Stanley Donen, Thomas Elsaesser, Machiko Kyo, Suzan Pitt, Phil Solomon e Peter Whitehead.

2. blog.nipponconnection.com/2019/05/29/ guest-in-focus-takashi-makino.


Em cartaz

O farol

The Lighthouse Robert Eggers | Canadá, EUA | 2019, 109’, DCP Início do século XX. Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso à torre do farol é proibido ao novato. Enquanto Ephraim fica cada vez mais curioso sobre o local, fenômenos estranhos começam a acontecer. “Escrevi o filme com o meu irmão, e ele teve a ideia de fazer uma história de fantasma que se passasse em um farol. No final, acabou não saindo bem assim, mas logo no começo do projeto eu imediatamente imaginei um filme em preto em branco, com uma atmosfera suja e antiga e um enquadramento que ficasse em formato de caixa na tela”, comenta o diretor em entrevista à 43ª Mostra de São Paulo. “As câmeras não tinham nada em especial, mas a maioria das lentes era da década de 1930. Também usamos uma lente de 1905, da Pathé, e lentes inspiradas no design do 5

século XIX. E gravamos com uma película ortocromática – do começo da fotografia de cinema –, que não é sensível ao vermelho e transforma tudo que é vermelho em preto. Então, o tom rosa da pele caucasiana se torna obscuro, e você pode ver todos os poros e vasos sanguíneos no rosto da pessoa. Isso ajudou o Robert Pattinson a ficar ainda mais parecido com um marinheiro.” Do mesmo diretor de A bruxa, O farol foi exibido na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes de 2019, e foi premiado pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. [Íntegra da entrevista em: bit.ly/farolmostra] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

O filme do Bruno Aleixo

João Moreira, Pedro Santo | Portugal | 2019, 92’, DCP Bruno Aleixo foi convidado a escrever um filme autobiográfico. Sem muitas ideias, resolveu pedir ajuda aos amigos mais próximos. O personagem, criado em 2008 por João Moreira e Pedro Santo, também diretores do longa, ficou conhecido em vídeos do YouTube, na rádio e na TV. Em entrevista a Luiza Wolf para a 43ª Mostra de São Paulo, o diretor João Moreira comenta que, “quando recebemos o convite da produtora [O Som e a Fúria] para fazer o filme, consideramos que o Aleixo é que estava recebendo esse convite. E por isso que, no filme, o Luis Urbano, que é o próprio produtor, faz a proposta ao Bruno Aleixo.” “E pensamos que ele chamaria os amigos para ajudá-lo”, completa Pedro Santo. “E aí eles não entendem muito de cinema, mas usam referências de filmes que já viram. [...] As ideias que aparecem ali são dos personagens. Nós tentamos desconstruir os gêneros cinematográficos. Mas nós somos


meros veículos daqueles personagens, então pensamos nas ideias que eles teriam e só fomos costurando isso no filme. Nós colocamos vários gêneros de filme ali e tivemos preocupações estéticas, mas fomos desconstruindo as narrativas do cinema.” [Íntegra da entrevista em: bit.ly/bamostra] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

Meu amigo Fela

Joel Zito Araujo | Brasil | 2019, 92’, DCP Revolucionário, visionário, gênio, guerrilheiro, panafricanista e pop star. São muitos adjetivos que podem ser aplicados a Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti, mais conhecido como Fela Kuti. Nascido na Nigéria em outubro de 1938, Fela estudou música em Londres e faleceu em agosto de 1997, em decorrência de complicações do vírus HIV. O multi-instrumentista foi um dos pioneiros do gênero afrobeat, além de ter sido ativista político e defensor dos direitos humanos. Em Meu amigo Fela, o diretor brasileiro Joel Zito Araújo vai a Nova York entrevistar o cubano Carlos Moore, amigo íntimo e biógrafo oficial de Fela, com o objetivo de tentar entender o homem que viveu por trás do mito de “excêntrico ídolo pop africano do gueto”. Segundo o diretor, Carlos Moore não é o único amigo de Fela a que o título do filme faz referência. “Na realidade, o título Meu amigo Fela refere-se a todos os amigos de Fela Kuti que estão no filme, e indiretamente eu, um amigo mesmo 6

que imaginário”, conta o realizador em entrevista à Revista de Cinema. “O dispositivo fílmico para contar a história do Fela consistiu em buscar os relatos dos amigos íntimos desse grande e trágico artista. Lá, você verá o biógrafo, a amante norte-americana que fez a cabeça de Fela, o filho, uma das suas 27 esposas, os artistas gráficos, o baterista que ajudou a criar o afrobeat, e assim por diante. Eu queria, portanto, fazer um documentário que entrasse na intimidade de Fela, e esta foi a estratégia que inventei. Carlos Moore acabou tendo um papel discreto de condutor da memória coletiva. É importante também dizer que Fela foi a minha maneira de falar da África, da geração de pan-africanistas que sempre admirei e de minhas angústias com as tragédias que o continente viveu e vive. É, portanto, um filme que tem também o meu ponto de vista, nesse sentido.” [Leia a entrevista completa: bit.ly/MeuAmigoFela] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).


O paraíso deve ser aqui recebeu a Menção Especial do Júri no Festival de Cannes de 2019. [Íntegra da reportagem da Folha de S.Paulo em: bit.ly/eliafsp] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

O paraíso deve ser aqui

Synonymes

Elia Suleiman deixa a Palestina em busca de um novo lar, apenas para encontrar problemas similares em todo lugar. A promessa de uma nova vida se transforma em uma comédia de erros e em situações inusitadas com a polícia, a modernidade e o preconceito. Por mais longe que ele vá, de Paris a Nova York, algo sempre o lembra de sua terra natal. “Meu filme tenta abordar a expansão global da questão palestina, porque hoje todos os lugares vivem uma guerra não declarada”, diz o diretor em depoimento reproduzido na Folha de S.Paulo. “Em todos os lugares para onde o personagem principal vai, ele percebe que não se distanciou nem um centímetro da situação de seu país natal. Por causa da globalização e do pós-colonialismo, estamos na beira de um precipício, há um desespero existencial e econômico generalizado.”

Yoav, um jovem israelense, chega a Paris determinado a apagar suas origens e se tornar francês. Ele abandona a língua hebraica e se esforça de todas as maneiras para encontrar uma nova identidade. “Eu acho que para mim há uma pergunta sobre o filme: seria específico para Israel ou não; ou poderia ter sido um filme sobre um suíço fugindo da Suíça”, comenta o diretor Nadav Lapid em entrevista ao portal Notebook. “Porque todos nós, ou a maioria de nós, amamos nossas amarras, enquanto outros olham para nossa identidade como nosso pior inimigo. Seja ou não específico para Israel... acho que ambos. Acho que há uma certa especificidade, mas digamos que o demônio de que ele está fugindo seja um demônio israelense. Talvez pudesse ter sido um demônio diferente? Mas no filme é um demônio israelense, ou política israelense, ou uma alma israelense.

It Must Be Heaven Elia Suleiman | França, Catar, Alemanha, Canadá, Turquia, Palestina | 2019, 97’, DCP

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Synonymes Nadav Lapid | França, Israel, Alemanha | 2019, 123’, DCP


Sessão especial Quando penso nisso, ele não está fugindo, não é político no sentido estrito do termo, porque não é como se amanhã houvesse um primeiro-ministro diferente, e ele tivesse feito isso e aquilo, que ele diria: ‘Ah, que ótimo!’. Ele está fugindo, eu acho, da melodia existencial de Israel, da música de sua alma. E essa alma, eu acho, é caracterizada por homens fortes, com corpos musculosos e devoção e amor ilimitados pelo país. E ele é um homem extremamente atlético, que tem um ódio ilimitado de seu país, atraído também por esses homens [israelenses] fortes [que vivem em Paris] que amam seu país e, ao mesmo tempo, odiando eles. Então eu acho que o corpo é a contradição dentro desse projeto, e não é por acaso que ele está tentando aniquilar seu próprio corpo ao longo do filme.” Synonymes foi o vencedor do Urso de Ouro e do Prêmio da Crítica no Festival de Berlim deste ano. [Íntegra da entrevista, em inglês: bit.ly/nlsyno] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

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A primeira exibição de Primata será seguida de convera com a pesquisadora Juliana Fausto, professora-visitante na UFPR, que estuda as áreas de filosofia e questões ambientais, com ênfase na relação dos animais (não humanos) com a política. Exibição realizada em parceria com o Instituto Serrapilheira. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).

Primata

Primate Frederick Wiseman | EUA | 1974, 105’, 16 mm Primata apresenta as atividades cotidianas do Centro de Pesquisa Nacional de Primatas de Yerkes, no estado de Atlanta, nos EUA. No filme, aparecem cientistas preocupados com o estudo do desenvolvimento físico e mental de primatas. A capacidade de aprender, lembrar e aplicar competências linguísticas e manuais, o efeito do álcool e das drogas no comportamento, o controle do comportamento agressivo e sexual, e outros determinantes neurológicos e psicológicos do comportamento constituem parte do trabalho experimental mostrado no filme. Em janeiro de 2020, o diretor Frederick Wiseman completa 90 anos e cerca de 50 anos de carreira. Wiseman dirigiu mais de 40 documentários, a maioria apresentando as dinâmicas de espaços institucionais nos EUA. Alguns dos filmes do diretor já exibidos no cinema do IMS foram Ex libris: a Biblioteca Pública de Nova York (2017) e La Danse – O Balé da Ópera de Paris (2009).


Sessão Mutual Films Mack/Makino A Sessão Mutual Films começa o ano com trabalhos recentes de dois jovens e renomados cineastas experimentais que utilizam técnicas dos primórdios do cinema para criar obras refrescantes, mostrando que o meio segue se reinventando. Em O Grande Bizarro, Jodie Mack filma quadro a quadro, em 16 mm, uma viagem internacional conduzida por tecidos coloridos, padrões e algoritmos multiculturais, tomando como inspiração sinfonias da cidade e musicais hollywoodianos para explorar as relações comerciais do mundo globalizado. Em O retrato da escuridão, Takashi Makino cria galáxias luminosas em perpétuo movimento, a partir de sobreposições de imagens capturadas em película e em digital, em colaboração com o compositor e músico Simon Fisher Turner e em homenagem ao cineasta Derek Jarman, morto em 1994. As jornadas sensoriais de Mack e Makino terão suas estreias brasileiras no IMS. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).

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O Grande Bizarro

The Grand Bizarre Jodie Mack | EUA | 2018, 60’, 16 mm para DCP Em sequência, uma fogueira, um horizonte de panos coloridos atrás do qual quebram ondas no mar e, sobre outras ondas, boiam trapos coloridos. Assim começa a jornada, malas repletas de malas, malas repletas de tecidos. Em vagões de trens, nas ruas, mais malas e mais tecidos. Mapas e globos, aviõezinhos de papel e ainda mais tecidos. O Grande Bizarro mostra um mundo brilhantemente colorido e dominado por fábricas, padrões e cores, que dançam na tela ao ritmo quebrado de uma batida pop inventada. Tudo se movimenta na imagem construída, figura e fundo. Tecidos são pássaros, tecidos são náufragos, tecidos são turistas e trabalhadores que saltam de malas, que são refletidos em espelhos de carros, táxis e bancas de vendas. As paisagens produzem um espaço artificial e esfuziante, como um globo espelhado que reflete luz. A renomada cineasta experimental Jodie Mack (que nasceu na Inglaterra em 1983 e se radicou

nos EUA) viajou por mais de 15 países com sua câmera Bolex 16 mm. Seu primeiro longa-metragem é uma jornada eletrizante – filmada quadro a quadro e protagonizada por panos coloridos cheios de padrões geométricos e florais – que explora a sociedade moderna e sua infinita capacidade de desperdício, em países como China, Grécia, Índia, Marrocos, México, Nova Zelândia, Polônia e Turquia. A trilha sonora criada pela cineasta também incorpora materiais achados, acompanhando as imagens com canções feitas a partir de sons captados in loco e remixes surpreendentes. Tudo é resto e reciclável, aí reside sua criatividade. O Grande Bizarro estreou no Festival de Locarno em 2018, na mostra Signs of Life [Sinais de Vida], e desde então tem sido apresentado em diversos formatos, de película a videoinstalação.


O retrato da escuridão

The Picture from Darkness Takashi Makino | Japão | 2016, 38’, DCP Na escuridão, a percepção é gradualmente invadida por frequências sonoras que se mantêm em um ritmo suave e constante. A sonoridade hipnotizante antecede o cardume ou a revoada de pontos luminosos que seduzem o olhar, convidando-o para uma dança sideral. O espectador gradualmente mergulha em um espaço cósmico pujante, criado a partir de fragmentos de imagens que se projetam como galáxias azuis, pretas, cor de laranja, multicoloridas, antes de sucumbir novamente à escuridão. Em O retrato da escuridão, o prolífico cineasta e artista Takashi Makino (nascido em Tóquio em 1978) sobrepõe imagens captadas em Super 8, 16 mm e 4K, ao ponto de torná-las abstrações, por meio das quais a imaginação cria novas formas possíveis. Makino, que frequentemente colabora com músicos estrangeiros em seus filmes e performances de cinema expandido, foi convidado pelo músico Simon Fisher Turner para 10

criar uma obra inspirada no filme Azul (1994), de Derek Jarman – com quem Turner trabalhou durante anos. Tomando como ponto de partida a cegueira progressiva de Jarman no final de sua vida e que o levou a explorar a luz e a cor de forma poética e filosófica em um livro chamado Chroma (1995), Makino constrói seu próprio universo onírico de luzes e cores, contrapondo-o à experiência da escuridão. O retrato da escuridão estreou no BFI London Film Festival em 2016, na sala IMAX do British Film Institute. A trilha sonora foi originalmente tocada ao vivo, e posteriormente incorporada ao filme.


coleção DVD | IMS

Criada em 2012 pelo então coordenador de cinema José Carlos Avellar (1936-2016), a coleção DVD | IMS já lançou diversos filmes, entre produções brasileiras e estrangeiras.

Conterrâneos velhos de guerra Vladimir Carvalho | Brasil, 1990, 175’ O filme de Vladimir Carvalho aborda o período da construção da capital federal e as precárias condições de trabalho dos cerca de 50 mil operários. O longa conta com depoimentos de todas as partes envolvidas e imagens raras de arquivo. “Épico às avessas, Conterrâneos contrapõe as visões dos artífices da utopia de Brasília — como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa etc — com a daqueles que a construíram, os candangos”, explica Sérgio Moriconi, jornalista e cineasta, no livreto que acompanha o DVD. O livreto conta ainda com texto do crítico Carlos Alberto Mattos e com um depoimento do próprio Vladimir Carvalho, que afirma que “o documentário, mesmo o mais radical dos documentários, tem muito de autobiografia, tem muito de quem o fez. Fiquei 20 anos fazendo Conterrâneos velhos de guerra, porque ninguém queria falar do massacre de trabalhadores no começo da década de 1970. Só se falava disso à boca miúda. O povo, humilde, tinha medo de falar do massacre. Só entre 1988 e 1989 algumas pessoas começaram a concordar em ser entrevistadas.”

O futebol, de Sergio Oksman O botão de pérola e Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán Photo: Os grandes movimentos fotográficos Homem comum, de Carlos Nader Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes Últimas conversas e Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos Imagens do inconsciente e São Bernardo, de Leon Hirszman Os dias com ele, de Maria Clara Escobar A tristeza e a piedade, de Marcel Ophüls Os três volumes da série Contatos: A grande tradição do fotojornalismo; A renovação da fotografia contemporânea; A fotografia conceitual La Luna, de Bernardo Bertolucci Cerimônia de casamento, de Robert Altman Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho

Vidas secas e Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos O emprego, de Ermanno Olmi Iracema, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna Cerimônia secreta, de Joseph Losey As praias de Agnès, de Agnès Varda A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch Diário 1973-1983 e Diário revisitado 1990-1999, de David Perlov Elena, de Petra Costa A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper Seis lições de desenho com William Kentridge Sudoeste, de Eduardo Nunes Shoah, de Claude Lanzmann Memórias do subdesenvolvimento, de Tomás Gutiérrez Alea E três edições voltadas à poesia: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade

Os DVDs podem ser adquiridos nas livrarias especializadas, nas lojas dos nossos centros culturais e na loja online do IMS: bit.ly/imsdvd. 11


Curadoria de cinema Kleber Mendonça Filho Programação de cinema e DVD Barbara Alves Rangel Programadores assistentes Ligia Gabarra e Thiago Gallego Projeção Adriano Brito e Edmar Santos

Os filmes de janeiro

Meia-entrada

O programa de janeiro tem o apoio da Serrapilheira, da Zipporah Films e das distribuidoras O2 Play, Fênix Filmes, Vitrine Filmes, Imovision e do Espaço Itaú de Cinema. E dedica agradecimentos a Valéria Guimarães, José Sarmiento Hinojosa, Eduardo Valente e Sergio Minehiro Kitayama.

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos, portadores de HIV e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Venda de ingressos Ingressos à venda na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Vendas antecipadas no site ingresso.com. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala (113 lugares). Devolução de ingressos Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos ou por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site.

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Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br. Programa sujeito a alterações. Acompanhe nossa programação em cinema.ims.com.br e facebook.com/cinemaims. As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS Rio: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea.


O paraíso deve ser aqui (It Must Be Heaven), de Elia Suleiman (França, Catar, Alemanha, Canadá, Turquia, Palestina | 2019, 97’, DCP)


Terça a domingo, sessões de cinema até as 20h. Visitação Terça a domingo, inclusive feriados (exceto segundas), das 11h às 20h. Entrada gratuita.

Rua Marquês de São Vicente 476 CEP 22451-040 Gávea – Rio de Janeiro 21 3284 7400 imsrj@ims.com.br

ims.com.br /institutomoreirasalles @imoreirasalles @imoreirasalles /imoreirasalles /institutomoreirasalles

O Grande Bizarro (The Grand Bizarre), de Jodie Mack (EUA | 2018, 60’, 16 mm para DCP)


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