Cinema do IMS Rio, dezembro de 22

Page 1

cinema dez.2022
Lxs dxs bichudas, de Jhoel Zempoalteca e La Jerry (México | 2022, 9’, DCP)

destaques de dezembro 2022

No mês em que completa 80 anos, o cineasta Jorge Bodanzky nos oferece um punhado das imagens que marcaram sua vida. A conturbada relação de um casal vivido por Gena Rowlands e Peter Falk sob as lentes de John Cassavetes, um cavalo que testemunha o fim do mundo como o conhecemos e as peripécias de Werner Herzog transportando um navio pela floresta amazônica são apenas algumas delas. Carta Branca a Jorge Bodanzky reúne sete filmes que marcaram o diretor em cópias digitais e em 35 mm.

Atrás de uma imagem, outra imagem: em Feature Film, o artista Douglas Gordon filma o renomado maestro James Conlon, que executa na íntegra a trilha sonora de Um corpo que cai, de Hitchcock. O filme-instalação será exibido e discutido na Sessão Cinética.

No dia mundial de luta contra o HIV aids, o Cinema do IMS, em parceria com o coletivo AMEM exibe um conjunto de sete filmes comissionados pelo Visual Aids para artistas de diferentes países que vivem com HIV. Entre a intimidade e a luta contra o estigma, os filmes disputam o imaginário em torno do que é viver com o HIV em 2022. No mesmo dia, entra em cartaz o longa-metragem Deus tem aids, de Fábio Leal e Gustavo Vinagre, que encampa a mesma disputa a partir do relato de artistas e ativistas brasileiros.

O IMS Rio celebra o aniversário de Clarice Lispector com a estreia da cópia restaurada do curta-metragem Perto de Clarice, de João Carlos Horta, e um debate com Heloisa Buarque de Holanda, Teresa Montero e Eucanaã Ferraz.

[imagem

da capa]

O peso dos sonhos (Burden of Dreams), de Les Blank (EUA | 1982, 95’, DCP)

3
Deus tem aids, de Fábio Leal e Gustavo Vinagre (Brasil | 2022, 81’, DCP) Na rédea curta, de Ary Rosa e Glenda Nicácio (Brasil | 2021, 95’, DCP) Uma mulher sob influência (A Woman Under the Influence), de John Cassavetes (EUA | 1974, 155’, 35 mm)

6

7

14:00 Serial Kelly (82’)

16:00 Deus tem aids (81’)

18:00 Na rédea curta (95’)

14:00 Serial Kelly (82’)

16:00 Na rédea curta (95’) 18:00 Deus tem aids (81’)

1

14:00 Na rédea curta (95’)

16:00 Deus tem aids (81’)

18:00 Dezembro Vermelho: Day With(out) Art 2022 (57’) 8

14:00 Na rédea curta (95’)

15:50 Pinóquio (117’)

18:00 O cavalo de Turim (146’)

13

14:00 Deus tem aids (81’)

16:00 Na rédea curta (95’)

18:00 Pinóquio (117’) 20

14:00 Deus tem aids (81’)

16:00 Na rédea curta (95’)

18:00 Aruanda + O peso dos sonhos (116’)

27

14:00 Serial Kelly (82’)

15:50 Pinóquio (117’)

18:00 A mãe (91’)

14

14:00 Na rédea curta (95’)

16:00 Deus tem aids (81’) 18:00 Pinóquio (117’) 21

14:00 Na rédea curta (95’)

16:00 Deus tem aids (81’)

18:00 Pinóquio (117’)

28

14:00 Serial Kelly (82’)

15:50 Pinóquio (117’)

18:00 A mãe (91’)

15

14:00 Deus tem aids (81’)

15:50 Pinóquio (117’)

18:00 Sessão Cinética: Feature Film (122’), seguida de debate com os críticos da revista 22

14:00 Serial Kelly (82’)

15:50 Pinóquio (117’) 18:00 A mãe (91’) 29

14:00 Shortbus (102’)

16:00 A mãe (91’) 18:00 Shortbus (102’)

4 quarta quinta terça

domingo

2

3

4

Neste dia não haverá sessões de cinema 9

14:00 Deus tem aids (81’)

16:00 Na rédea curta (95’)

18:00 Pinóquio (117’)

16

14:00 Na rédea curta (95’)

16:00 Deus tem aids (81’)

18:00 Pinóquio (117’) 23

14:00 Serial Kelly (82’)

15:50 Pinóquio (117’)

18:00 A mãe (91’) 30

14:00 Shortbus (102’)

16:00 A mãe (91’)

18:00 Shortbus (102’)

14:00 Na rédea curta (95’)

16:30 Dezembro Vermelho: Day With(out) Art 2022 (57’)

18:00 Deus tem aids (81’)

10

14:00 Pinóquio (117’)

16:10 Hiroshima meu amor (92’)

18:00 Hora de Clarice: Perto de Clarice, seguido de debate com Heloisa Buarque de Holanda, Teresa Montero e Eucanaã Ferraz

17

14:45 Pinóquio (117’)

17:00 Uma mulher sob influência (155’) 24

Neste dia o IMS Rio estará fechado 31

Neste dia o IMS Rio estará fechado

14:00 Serial Kelly (82’)

16:00 Deus tem aids (81’)

18:00 Na rédea curta (95’) 11

14:00 Na rédea curta (95’)

16:00 Ela volta na quinta (108’)

18:00 Nomadland (108’)

18

14:00 Deus tem aids (81’)

16:00 Na rédea curta (95’)

18:00 Pinóquio (117’) 25

Neste dia o IMS Rio estará fechado

Programa sujeito a alterações. Devido à Copa do Mundo, em dias de jogo do Brasil a programação pode sofrer alterações. Eventuais mudanças serão informadas em ims.com.br.

5 sexta
sábado

Carta Branca

Entre os filmes que marcaram a minha vida, tive que escolher apenas sete e confesso que foi difícil restringir essa lista. Optei por aqueles que, de algum modo, acabaram por influenciar a minha forma de pensar e realizar cinema.

Aruanda (1960). Em 1962, eu me inscrevi num curso prático de cinema docu mental com temas relacionados à reali dade, no Teatro de Arena de São Paulo. Promovido pela Cinemateca Brasileira, o evento foi organizado por Rudá de Andrade, Maurice Capovilla e Paulo Emílio Salles Gomes. Durante o curso, foi projetado o curta­metragem Aruanda, de Linduarte Noronha. Lembro­me que, ao ver as imagens cruas do Nordeste brasi leiro, com personagens tão verdadeiros, eu me identifiquei de imediato com essa forma de fazer cinema, pensando: eis aí algo que eu poderia fazer.

O peso dos sonhos (1982) [foto à direita] é um documentário making-of dirigido por Les Blank, filmado durante a conturbada produção do filme Fitzcarraldo (1982), de Werner Herzog, em loca ções nas selvas do Peru. Herzog é outro

6
Jorge

cineasta com quem me identifico: paisagens selvagens, a situação dos indígenas, o risco inerente a qualquer realização em situações tão adversas.

Uma mulher sob influência (1974), de John Cassavetes, estrelado por sua mulher, Gena Rowlands. É também um cinema muito livre, com situações e diálogos improvisados. Cassavetes gostava de filmar com a câmera na mão, com o auxílio de luz natural, imprimindo um tom documental a seus filmes, de baixíssimo orçamento, sempre buscando a espontaneidade de seus atores. Seus dramas mostravam personagens complexos, com pulsões e desejos meio incompreensíveis, mas sempre verossímeis.

Hiroshima meu amor (1959), de Alain Resnais, o mais famoso representante da nouvelle vague francesa. Sobre o filme, disse François Truffaut: “Uma vez que você viu Hiroshima meu amor , se torna impossível fazer filmes da mesma maneira que você costumava fazer”. Foi com este filme, com roteiro de Marguerite Duras, que Paulo Emílio Salles Gomes

deu durante um semestre o curso de Apreciação Cinematográfica em 1964, na Universidade de Brasília. A experiência foi fundante para mim, pois abriu os meus olhos para o cinema.

Ela volta na quinta (2014), de André Novais Oliveira. O cineasta propõe à sua família um roteiro e um processo de filmagem que transformam todos eles em personagens de ficção de si mesmos. Vemos diante de nossos olhos o cotidiano de uma família negra na cidade mineira de Contagem. Humano e realista. André é um cineasta que, ao tratar dos problemas do meio em que vive e atua, se torna universal.

O cavalo de Turim (2011), de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky. A história parte de um acontecimento muito conhecida: o filósofo Friedrich Nietzsche, em temporada na Itália, ao ver um cavalo ser violentamente espancado, se joga contra a carroça e, abraçando o pescoço do cavalo, chora desesperadamente. Imóvel e em silêncio, ele permanece durante dois dias em sua casa. Indagado sobre o tema do filme, o cineasta diz: “O filme aborda o peso da

existência humana, a dificuldade da vida diária, a monotonia da vida”. O espectador vê ações similares se repetindo sob diversas perspectivas e, ao contrário do Gênesis, vemos um mundo ir se descons truindo pouco a pouco, só restando na paisagem nublada as figuras difusas dos dois personagens centrais.

Nomadland (2020), de Chloé Zhao. O filme impacta pelas contradições. Noto certa semelhança na estrutura com o meu filme Iracema, uma transa amazô nica (1974), em que um ator contra cena com pessoas reais, estimulando as a narrarem suas histórias. Cinema de reflexão crítica, o filme não dá respostas, mas suscita várias questões. Os road movies são comuns no cinema, pois o espectador gosta de acompanhar, de sua poltrona, as peripécias de um personagem que se afasta da sociedade por vontade própria. A certa altura, alguém se indaga se o lar é apenas uma palavra, ou algo que levamos conosco, aonde vamos. A visão de um país e de pessoas à deriva é arguta, inteligente e até engraçada, mas sempre emocionante.

7

Um convite à presença

No fim de um ano marcado pela experiência de retorno às salas de cinema, a revista Cinética exibe um filme capaz de interrogar o modo como ocupamos o tempo na sala escura. Feature Film (1998) é um trabalho do artista visual escocês Douglas Gordon, realizado inicialmente para galerias de arte e museus, que merece ser visto dentro do regime de atenção da sala de cinema. O filme de Gordon pode ser reduzido a uma única proposição, que é execu tada pelo artista de maneira literal: o trabalho consiste no registro do maestro James Conlon conduzindo a orquestra da Ópera Nacional de Paris na execução da trilha sonora que Bernard Herrmann compôs para Um corpo que cai (Vertigo, 1958), de Alfred Hitchcock. A simplicidade da proposta resulta, contudo, em uma experiência profunda, que interroga a respeito dos modos de relação entre som e imagem que definem a própria forma do filme de ficção. Feature Film convida a ocupar a sala de cinema como um espaço singular de retenção do nosso corpo, no qual podemos conquistar uma

forma particular de concentração, em que a visão e a escuta podem descobrir entre si um novo jogo.

A obra de Douglas Gordon se tornou conhecida a partir do fim dos anos 1980 pelo modo como o artista constrói nos espaços de arte uma nova visibilidade para as imagens do cinema, em videoins talações como 24 hours Psycho e Déjà vu. A preocupação se renova em Feature Film a partir da maneira que, pela música, ele é capaz de dar a ver Um corpo que cai. Uma trilha sonora não é uma obra de arte autônoma, dotada de uma lógica e coerência interna capaz de conduzir a si mesma sozinha; ela depende de imagens que a animam, que motivam suas trans formações e fornecem um sentido de direção coerente. A experiência proposta é a de ver um maestro conduzindo uma peça musical que é, ela própria, condu zida por imagens ausentes. A escolha da trilha de Herrmann para Um corpo que cai não é motivada apenas por se tratar de uma das grandes realizações musicais da história do cinema, resultado de uma colaboração célebre entre compositor e

cineasta. Um corpo que cai é um filme sobre um homem que se apaixona por um fantasma, que internaliza em sua própria construção narrativa um certo jogo ambíguo entre presença e ausência. O que Douglas Gordon nos propõe a ouvir é justamente uma música assombrada por imagens de um outro lugar, que se presentificam de maneira inquietante na memória do espectador.

A música dos créditos iniciais de Um corpo que cai abre Feature Film , intro duzindo uma característica marcante desse trabalho musical de Herrmann: o movimento espiralado, pelo qual a música sempre retorna a si mesma sem nunca se resolver, se movendo sempre para uma direção nebulosa, que nunca parece chegar ao fim. A música instiga a um trabalho de rememoração, pelo qual tateamos nossa memória em busca das imagens ausentes, ao mesmo tempo que é capaz de presentificar, em momentos de grande beleza, o filme inteiro na nossa frente: o tema da espiral é, como sabemos, um motivo visual central de Um corpo que cai, presente na cena nos créditos

8
Feature Film (Douglas Gordon, 1998), por Hermano Callou

iniciais a partir do trabalho gráfico de Saul Bass, que dificilmente não virá à memória. O movimento espiralado da música não nos deixa esquecer que o filme pelo qual estamos assombrados é um filme sobre o tempo, que encena a obsessão com um passado que não cansa de retornar. Quando ouvimos em Feature Film o tema de Madeleine (Kim Novak) pela primeira vez, recordamos da cena célebre do primeiro encontro dos protagonistas no Ernie’s Restaurant, em que Scottie (James Stewart) a vê pela primeira vez. O tema, livremente inspirado na música Liebestod, da ópera de Wagner Tristão e Isolda, é inconfundivelmente um tema de romance, infiltrado, contudo, por uma profunda melancolia. O tema será retra balhado durante o filme, adquirindo ares de um mistério sinistro nos momentos seguintes, quando permite recordar a longa sequência de Um corpo que cai na qual Scottie persegue Madeleine e a observa silenciosamente em sua deriva pela cidade de São Francisco. A sequência jamais teria obtido o mesmo resultado sem a música de Herrmann, que temos

agora a chance de ouvir em seus próprios termos. A capacidade do compositor de sustentar a música em movimento sem nunca oferecer um pouso presen tifica as andanças de Scottie por São Francisco, em que ele começa lentamente a se perder em uma trama de amor obsessivo, cujo final mortífero a música, também ela, anuncia, cercando o tema romântico com a sugestão alarmante de perigo.

A grandeza trágica de Um corpo que cai não permaneceria a mesma sem a música que a anima, cuja beleza o filme de Gordon permite reviver.

A experiência de ver Feature Film é, antes de tudo, a de dedicar a nossa atenção à presença singular de James Conlon, que oferta em seu corpo uma nova imagem para a música composta por Herrmann. Os seus gestos seguros

9

encenam o mistério do corpo que se torna capaz de expressão. A câmera de Douglas Gordon mira os movimentos das mãos do maestro de um ponto de vista restrito, testemunhando com frequência o momento preciso em que o gesto se inicia e se interrompe. Ela mostra um homem inteiramente concentrado em sua atividade, sem revelar seu objeto de atenção. A orquestra se mantém ausente o tempo todo, sem que nunca duvidemos de sua presença sob o olhar crispado de Conlon. O filme nos faz acreditar continuamente, contudo, que a música se faz presente ali, naquele momento, mesmo que ele dissocie imagem e som, pondo a fonte sonora sempre fora de vista. Os gestos de Conlon nos convencem de que a música nasce ali, responsiva aos deslizamentos e retensões de suas mãos, visada pelo brilho vítreo dos seus olhos e sentida pela contração dos seus lábios. O modo de enquadrar de Gordon nem sempre visa a melhor visibilidade do gesto, em razão do seu caráter circunscrito: o que importa é o gesto sentido, que se presentifica mesmo

quando foge aos limites do campo. As mãos do maestro perpassam, velozes, o quadro, perdendo seus contornos, sem perder, contudo, sua força. O artista parece, inclusive, atento ao poder suges tivo da perda de foco, que instiga um envolvimento háptico, antes que visual, com a imagem.

O que Gordon mostra em seu filme é o próprio ato de se compenetrar em uma atividade que se sabe exercer com maestria. A excelência se revela na intimi dade consigo que os gestos de Conlon parecem nutrir: a graça com que exercem seu saber sem aparentar esforço. O trabalho de Gordon que melhor dialoga com este talvez não deva ser procu rado em suas videoinstalações sobre o cinema, mas em seu longa­metragem realizado junto com Philippe Parreno em 2006, Zidane: um retrato do século XXI. Zidane é também um filme sobre trabalho, que deseja evocar o estado de espírito próprio ao exercício concentrado de uma atividade. Em Zidane, o ato de concentração também se encontra divorciado do objeto de atenção: o filme se propõe

como uma observação em tempo real do jogador francês em uma partida de futebol, que nunca o perde de vista, mesmo quando o centro de interesse do jogo se move para outro lugar. Os olhos vivos de Zidane, que observam os movimentos de um jogo que não vemos, têm o vigor que encontramos em Conlon. O que parece mover ambos os filmes é a crença de que o retrato do trabalho compenetrado dos seus personagens pode gerar uma experiência particularmente intensa de beleza.

A concentração de Conlon oferece uma imagem do estado de atenção ideal do espectador de Feature Film. A sala de cinema com frequência convida a nos ausentarmos do mundo, mesmo que por um breve momento. O filme de Gordon solicita, contudo, uma consciência acentuada da nossa presença na sala escura, reivindicando uma experiência ativa de visão, escuta, espera e rememoração, que desafia os protocolos habituais da sala de cinema, interrogando de maneira radical o que significa ver um filme.

10

Em cartaz

A mãe

Cristiano Burlan | Brasil | 2022, 91’, DCP (CUP Filmes)

A jornada de Maria, migrante nordestina e vendedora ambulante em busca de seu filho Valdo, supostamente assassinado por policiais militares durante uma ação na vila onde mora. Ela não tem nenhuma notícia que a ajude a encontrá lo. Essa tragédia deixa uma ferida profunda na personalidade de Maria, que passa a viver sob a marca da insegurança e da impunidade.

A mãe foi o grande vencedor do 29o Festival de Cinema de Vitória, levando os prêmios de Melhor Filme, para os júris oficial, popular e crítica; Melhor Diretor, para Cristiano Burlan; Melhor Interpretação, para Marcélia Cartaxo; e Melhor Fotografia, para André S. Brandão. No Festival de Gramado, o filme recebeu os prêmios de Melhor Desenho de Som, para Ricardo Zollner, Melhor Atriz e Melhor Direção.

Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Deus tem aids

Fábio Leal e Gustavo Vinagre | Brasil | 2022, 81’, DCP (Vitrine Filmes)

40 anos depois do início da epidemia de aids, pessoas vivendo com o HIV – sete artistas e um médico ativista – oferecem novas imagens e perspectivas para lidar com a sorofobia no Brasil.

Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Na rédea curta

Ary Rosa e Glenda Nicácio | Brasil | 2021, 95’, DCP (Elo Studios)

Júnior tem 20 anos e mora com a mãe na periferia de Salvador quando descobre que vai ser pai. Para lidar com essa nova etapa, o jovem decide que precisa ir atrás do próprio pai, que nunca teve a oportunidade de conhecer. Mainha, uma mãe superprotetora, embarca junto com o filho em uma viagem divertida e atrapalhada à cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, para promover esse encontro.

Na rédea curta é a adaptação cinematográfica para a websérie de comédia de mesmo nome, de Thiago Almasy e Sulivã Bispo. Sucesso na inter net, a série chega aos cinemas sob a direção de Glenda Nicácio e Ary Rosa, da Rosza Filmes, responsáveis por produções como Café com canela (2017) e Ilha (2018), e conta com a participação especial da atriz Zezé Motta.

“Na rédea curta é um filme para levar a família para o cinema, é para assistir com a sua Mainha, com a Voinha, com o seu Júnior. É uma comédia que emociona, porque também somos nós

11

lá do outro lado da tela. Estamos falando com as nossas famílias, com as nossas comunidades, ouvindo as frases que toda mãe já disse ou que todo filho já ouviu, em situações absurdamente hilárias, numa viagem pela Bahia”, comentam os diretores. “Sendo uma produção realizada fora do eixo, apresentamos uma Bahia que é formada por Salvador mas também pela cultura reconvexa do interior; pela tradição e suas crenças mas também pela modernidade da juventude.”

Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Pinóquio Pinocchio

Guillermo del Toro e Mark Gustafson | EUA | 2022, 117’, DCP (O2 Play)

Uma releitura do clássico Pinóquio pelo trabalho dos diretores Guillermo del Toro (de A forma da água, Hellboy e O labirinto do fauno) e Mark Gustafson. O conto de Carlo Collodi sobre o boneco de madeira que sonha em se tornar um menino de verdade é reapresentado aqui em stop-motion e com as vozes de Ewan McGregor, Cate Blanchett e Tilda Swinton.

“Eu diria que quase todas as outras histórias de Pinóquio são sobre obediência, e a nossa é sobre desobediência”, comenta Guillermo del Toro em entrevista ao portal Collider. “A desobediência é o fator primordial para se tornar humano, e se tornar humano não significa mudar a si mesmo ou aos outros, mas compreender. O primeiro passo em direção à consciência e à alma, para mim, é a desobediência. [...] O filme também se distingue pelo fato de ser colocado em um cenário muito diferente, que ilumina um tipo diferente de estru­

tura paterna. Ele se passa num tempo de guerra, durante a ascensão de Mussolini, e é uma forma muito letal de controlar a paternidade.”

“Uma das coisas que queríamos era que você pudesse ver que é stop-motion. Você devia ser capaz de ver o tecido se movendo um pouco, e as coisas devem estar um pouco agitadas. Quando eu era criança, e isso vai revelar a minha idade, eu era fascinado pelo brinquedo View Master, que tinha maquetes de pequenos bonecos em peque nos mundos. Quando começamos a conversar, eu disse: ‘Quero que todos entendam logo no começo que são miniaturas e depois entrem de vez no mundo’. Era a única maneira de fazer isso. A chave para Pinóquio é Pinóquio.”

[Íntegra da entrevista de Guillermo Del Toro, em inglês: bit.ly/imspinoquio]

Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

12

Serial Kelly

René Guerra | Brasil | 2022, 82’, DCP (Vitrine Filmes)

Enquanto cumpre uma agenda de shows em inferninhos pelo sertão, Kelly, cantora de forró eletrônico, vai deixando um rastro de mortes pelo caminho. Em seu trajeto de consumo compulsivo e violência, ela atravessa um Nordeste novo, espiral de um desenvolvimento também apocalíptico. Quando passa a ser investigada pelos assassinatos de três homens, sua turnê mambembe se transforma em uma estratégia de fuga. De estrela ascendente, ela se torna uma heroína marginal, a temida e procurada Serial Kelly: a primeira serial killer mulher do Brasil.

Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

Shortbus

Shortbus retorna aos cinemas em versão remasterizada. No filme, jovens de Nova York se desafiam emocionalmente e navegam nas interseções cômicas e trágicas entre amor e sexo, dentro e ao redor de um clube subterrâneo. Uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo e passou anos fingindo, uma dominatrix que não consegue se conectar, um casal gay que está decidindo se deve ou não abrir seu relacionamento, e as pessoas que entram e saem de suas vidas. Todos convergem em um encontro semanal chamado Shortbus: um ambiente de arte, música, política e carnalidade polissexual.

Em 2006, o filme fez parte da seleção oficial dos festivais de Cannes e Toronto. Após trâmites burocráticos em torno dos direitos de distribuição, o filme ganhou uma nova versão remasterizada em 4K. Nas palavras do diretor John Cameron Mitchell, “assim como com Hedwig, encontrei espectadores em todo o mundo que me dizem

que Shortbus os ajudou a pensar sobre sua sexua lidade e a necessidade de conexão em uma época em que a cultura digital, a pornografia e os aplica tivos de namoro nos fazem sentir mais solitários. Acho que o filme é ainda mais necessário agora nesta época de ‘recessão sexual’, quando os jovens têm mais medo do que nunca da confusão da interação na vida real. Nós até mudamos as leis de censura na Coreia do Sul quando fomos bani dos lá. Nosso distribuidor levou isso ao Supremo Tribunal Coreano, que decidiu que não éramos ‘pornográficos’, mas sim uma obra artística sexual mente explícita que merecia ser vista. Eu fiquei bastante tocado que alguém da Suprema Corte tenha assistido ao filme.”

[O depoimento, extraído do portal Diaspora, pode ser lido em inglês e na íntegra em: bit.ly/imsjcm]

Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

13
John Cameron Mitchell | EUA | 2006, 102’, DCP (Imovision)

Sessão Cinética

Feature

Film [Longa-metragem]

Feature Film

Douglas Gordon | Reino Unido | 1999, 123’, cópia digital (acervo do artista)

Feature Film, que pode ser livremente traduzido como Longa-metragem, é uma videoinstalação do artista escocês Douglas Gordon. O filme reúne planos fechados das mãos e do rosto do maestro James Conlon enquanto rege uma orquestra executando a trilha sonora original de Bernard Herrmann para o filme Um corpo que cai (Vertigo, 1958), de Alfred Hitchcock. À época da realização desta obra, Conlon era o diretor musical da Ópera Nacional de Paris, e essa foi a primeira gravação disponível a apresentar toda a suíte escrita por Hermann.

“Entre 1993 e 1997 e 1998, a maior parte do meu trabalho em vídeo e cinema foi silenciosa, e esse silêncio insuportável foi o que me interes sou em olhar especificamente para o componente musical ou sonoro que já havia sido usado no filme”, comenta o artista Douglas Gordon, que já havia trabalhado o cinema de Hitchcock na obra 24 Hour Psycho. “Enquanto você assiste ao meu Feature Film, você está sempre consciente de que esta é a música de outro filme… Há uma imagem diante de seus olhos e uma imagem dentro de sua cabeça. Talvez haja algum tipo de conflito entre os dois, e esse conflito é o que eu chamaria de um jogo interessante de se jogar.”

[Citações do artista extraídas de: bit.ly/imsff]

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia),

Dezembro Vermelho: Day With(out) Art 2022

A partir de uma iniciativa do Coletivo AMEM em parceria com a Visual Aids, os Cinemas do IMS recebem a programação do Day With(out) Art 2022, apresentando Being & Belonging [Ser e Pertencer], um programa de sete vídeos curtos destacando histórias não contadas de HIV e aids pela perspectiva de artistas que vivem com HIV em todo o mundo. O programa apresenta sete filmes recém encomendados de artistas de diferentes nacionalidades que serão exibidos em mais de 100 museus, universidades e instituições culturais ao redor do mundo no dia 1 de dezembro. Desde navegar pelo sexo e intimidade até confrontar o estigma e o isolamento, Being & Belonging centra as realidades emocio nais de viver com HIV nos dias de hoje: como viver com HIV muda as formas como uma pes soa experimenta, pede ou fornece amor, apoio e pertencimento? Os filmes são um pedido de per tencimento daqueles que foram estigmatizados em suas comunidades ou deixados de fora das narrativas tradicionais de HIV/aids.

Dezembro é o mês de conscientização para medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos de pessoas vivendo com HIV/aids.

Ingressos: Entrada gratuita. Os ingressos serão distribuídos trinta minutos antes da sessão.

Memória vertical

Memoria vertical

Camila Arce | Argentina | 2022, 5’, DCP (Visual Aids)

Camila Arce apresenta um poema sobre a experiência de nascer com HIV e crescer como parte da primeira geração com acesso a medicamentos antirretrovirais na América do Sul.

14

O beijo da vida Kiss of Life

Clifford Prince King | EUA | 2022, 8’, DCP (Visual Aids)

Em O beijo da vida, pessoas negras descrevem suas experiências vivendo com HIV. Conversas cruas em torno da revelação, rejeição e amor próprio são expressas através de poesia visual e paisagens oníricas.

Aqui estamos nós: vozes de mulheres negras que vivem com HIV

Here We Are: Voices of Black Women Who Live with HIV

Davina “Dee” Conner, Karin Hayes | EUA | 2022, 7’, DCP (Visual Aids)

Davina “Dee” Conner foi diagnosticada com HIV em 1997. Por 18 anos, ela não conhecia mais ninguém que vivesse com HIV. Ao emergir do isolamento e do estigma internalizado, Davina procurou compreender as jornadas de outras mulheres negras vivendo com HIV. Aqui estão elas, ouça suas vozes.

Nuance

Jaewon Kim | Coreia do Sul | 2022, 7’, DCP (Visual Aids)

Por meio de uma coleção de imagens que se desdobram, Nuance reflete os pensamentos e sentimentos trocados entre o artista, que vive com HIV, e sua parceira soronegativa.

15

Lxs dxs bichudas

Jhoel Zempoalteca, La Jerry | México | 2022, 9’, DCP (Visual Aids)

Um diálogo poético de dança em zapoteca e espanhol que explora as maneiras pelas quais raça, gênero e geografia moldam a vida e os corpos das pessoas que vivem com HIV no México, um país marcado pelo projeto ideológico da mestiçagem.

Bandeiras vermelhas, uma carta de amor

Red Flags, a Love Letter Mikiki | Canadá | 2022, 10’, DCP (Visual Aids)

Por meio de uma cacofonia de membros e sons extraídos da cena da festa e da brincadeira, Mikiki fala com outros usuários de drogas sobre as possibilidades de representar o prazer do uso de substâncias além da estrutura do dano.

Os amarelos

Los amarillos

Santiago Lemus e

| Colômbia | 2022, 11’, DCP (Visual Aids)

Na Colômbia, muitas pessoas que vivem com HIV sofrem de icterícia – o amarelecimento dos olhos e da pele – como efeito colateral dos medicamentos antirretrovirais de baixo custo fornecidos pelo governo. Os amarelos aborda a alienação e a hipervisibilidade enfrentadas como resultado desse efeito colateral.

16
Camilo Acosta Huntertexas

Sobre a Visual Aids

Organização sem fins lucrativos com sede em Nova York que utiliza a arte para combater a aids, provocando o diálogo, apoiando artistas HIV+ e preservando um legado, porque a aids não acabou.

Sobre o coletivo AMEM

Coletivo multidisciplinar formado por artistas, produtores e pesquisadores pretes LGBTQIAPN+ que, desde 2016, levanta pautas que acendem debates de raça, classe, gênero, sexualidade, saúde da população preta e HIV, por meio do viés artístico performático em diálogo com a cultura ballroom, hip hop e outras culturas afro urbanas.

Carta Branca - Jorge Bodanzky

Em celebração aos 80 anos do fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky, o Cinema do IMS o convida a montar uma breve seleção de filmes que atravessaram sua vida enquanto artista e espectador.

Bodanzky nasceu em São Paulo, em 1942, for mou se em cinema pela Escola de Design de Ulm, na Alemanha, e iniciou sua carreira como fotógrafo incentivado por Amélia Toledo e Athos Bulcão. Começou sua carreira como repórter fotográ fico para o Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, as revistas Realidade e Manchete, e também para publicações alemãs. Estreou como diretor de cinema com o filme Iracema, uma transa ama zônica (1974), após ter fotografado uma série de filmes de longa metragem entre 1968 e 1974. Como fotógrafo, trabalhou com diretores como Hector Babenco, Antunes Filho, Maurice Capovilla, Ana Carolina, além de uma série de trabalhos rea lizados para a TV pública alemã. Desde 2013, o acervo de Bodanzky está sob a guarda do Instituto Moreira Salles.

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Aruanda

Linduarte Noronha | Brasil | 1960, 21’, 35 mm (CTAv)

Os quilombos marcaram época na história econômica do Nordeste canavieiro. A luta entre escravos e colonizadores terminava, às vezes, em episódios épicos, como Palmares. Olho d’Água da Serra do Talhado, em Santana do Sabugi (PB), surgiu em meados do século passado, quando o ex escravizado e madeireiro Zé Bento partiu com a família à procura de terra.

17

Ela volta na quinta

André Novais Oliveira | Brasil | 2014, 107’, DCP

“Alguém partiu, alguém ficou.”

Ela volta na quinta conta a história de Maria José e Norberto, casal que vive há 35 anos juntos, na cidade de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Bastante desgastado pelo tempo, o relacionamento dos dois se encontra em crise. Maria José, mesmo com problemas de saúde, resolve fazer uma viagem para Aparecida (SP), como forma de pensar se o divórcio é mesmo a solução. Norberto, por sua vez, fica e é confrontado dentro do seu relacionamento extraconjugal. A relação de Maria José e Norberto afeta a vida de seus filhos, Renato e André. Enquanto Renato pensa em casar e ter filhos com sua esposa, André só pensa em sair de casa e morar com sua namorada.

Este é o primeiro longa metragem de André Novais Oliveira (Temporada), cuja carreira de curta metragista já havia se notabilizado por filmes como Fantasmas (2010) e Pouco mais de um mês (2013). No filme, o diretor convida a própria família a interpretar versões ficcionais de si mesmos.

Hiroshima meu amor Hiroshima mon amour

Nomadland

Chloé Zhao | EUA | 2020, 108’, cópia digital (BV Licenciamentos)

Um encontro ocasional em Hiroshima desperta um romance entre um arquiteto japonês e uma atriz francesa, que está na cidade participando de um filme sobre a paz. A relação amorosa constitui a base para Resnais explorar a natureza da memória, da experiência e da representação. Além de amantes, eles também se tornam confidentes, o que traz a memória de uma história, nunca contada antes, do primeiro amor dela. Durante a Segunda Guerra Mundial, em Nevers, ela se apaixonou por um soldado alemão. No dia em que a cidade foi libertada, ele foi baleado e morto, e ela, submetida à humilhação e à desonra pública.

Com roteiro da escritora e cineasta Marguerite Duras, esse foi o primeiro longa metragem de fic ção de Alain Resnais.

\

Após o colapso econômico de uma colônia industrial na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos, Fern reúne suas coisas em uma van e parte rumo a uma viagem exploratória pelo oeste americano, como uma nômade dos tempos modernos.

Terceiro filme de Chloé Zhao, Nomadland soma a atuação de Frances McDorman, no papel da protagonista Fern, com a de pessoas que efeti vamente vivem como nômades, como Linda May, Swankie e Bob Wells. O filme foi o grande vence dor do Oscar 2021, com os prêmios de Melhor Filme, Direção e Atriz.

18
(Vitrine Filmes) Alain Resnais | França, Japão | 1959, 92’, DCP (Zeta Filmes)

O cavalo de Turim

Béla Tarr e Ágnes Hranitzky | Hungria, França, Suíça, Alemanha | 2011, 146’, DCP (Bretz Films)

No prólogo do filme, a voz de um narrador conta uma história em frases breves e fala pausada: “Em Turim, no dia 3 de janeiro de 1899, Friedrich Nietzsche sai de casa, rua Carlo Alberto, número 6. Não muito longe dali, um cocheiro tem problemas com um cavalo teimoso. O cavalo não se move, o cocheiro perde a paciência e começa a chicotear o cavalo. Nietzsche se aproxima e interrompe a cena brutal. Abraça o pescoço do cavalo e chora. O porteiro do prédio em que Nietzsche mora o leva de volta para casa, e ele permanece deitado num divã, quieto e sem dizer palavra, por dois dias, antes de murmurar suas últimas palavras famosas (‘Mãe, eu sou um idiota’). Viveu mais dez anos mergulhado no silêncio e na loucura, sob os cuidados de sua mãe e irmãs. Não sabemos o que aconteceu com o cavalo”.

“O ponto de partida do filme é muito sim ples”, explicou o diretor Béla Tarr ao apresentar o filme no festival de Berlim, em fevereiro de 2011. “Queríamos seguir a questão: o que se passou com o cavalo depois desse incidente? Não é um filme sobre Friedrich Nietzsche, mas o espírito desse acontecimento paira sobre o filme como uma sombra.”

Nesse mesmo festival, O cavalo de Turim rece beu o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio Fipresci.

O peso dos sonhos Burden of Dreams

Les Blank | EUA | 1982, 95’, DCP (Les Blank Films)

Documentário sobre as conturbadas filmagens de Fitzcarraldo, de Werner Herzog, na amazônia peruana. Com uma produção complicada e cara, o filme de Herzog passou por uma série de problemas: acidente de avião, chuvas constantes, ataques, uma guerra fronteiriça perto das locações e o abandono das filmagens por alguns dos atores. Tudo isso é registrado pela câmera de Les Blank, que retrata com precisão a obsessão de Herzog em ir até as últimas consequências com seu projeto.

Uma mulher sob influência A Woman Under the Influence

John Cassavetes | EUA | 1974, 155’, 35 mm (Cinemateca do MAM)

O casal Nick e Mabel Longhetti está sobrecarregado. O marido pelo trabalho em um estaleiro, a esposa pelo acúmulo das funções de esposa e mãe com o trabalho doméstico. Quando a estabilidade emocional de Mabel desmorona em uma depressão, e seu marido opta por psiquiatrizá­la, o casal tentará lidar com as consequências desse momento.

Marco do cinema independente norte ameri cano e talvez o filme mais famoso de Cassavetes, Uma mulher sob influência recebeu duas indica ções ao Oscar, em 1975: Melhor Diretor e Melhor Atriz, para Gena Rowlands.

19

Hora de Clarice

No dia 10 de dezembro, o IMS Rio celebra o dia do nascimento de Clarice Lispector. Neste ano, iremos apresentar, em única exibição, o curtametragem Perto de Clarice, de João Carlos Horta, de 1982, em nova versão digitalizada, a partir do original em 35 mm preservado pelo Centro Técnico Audiovisual (CTAv).

Após a exibição do filme, haverá uma conversa entre a escritora Heloisa Buarque de Holanda, que esteve envolvida na realização do filme e é viúva do diretor, e Teresa Montero, autora da mais recente biografia da escritora, À procura da própria coisa (Rocco, 2021), intermediada pelo consultor de literatura do IMS, o poeta Eucanaã Ferraz.

Perto de Clarice

João Carlos Horta | Brasil | 1982, 12’, cópia restaurada em DCP (acervo IMS)

O filme inicia com a oração fúnebre hebraica e imagens do velório e do enterro de Clarice Lispector, repleto de amigos e familiares, no Cemitério Israelita, um dia após o Shabat do ano de 1977. E termina com Clarice dizendo para a câmera da televisão: “Agora eu morri, vamos ver se eu renasço de novo”.

Tendo em vista o número expressivo de jovens leitores, traduções em língua estrangeira e estudos dedicados à sua obra, podemos dizer que nesses 45 anos que se seguiram à sua morte, Clarice vem renascendo – “de novo” – muitas vezes. No próximo dia 10, mais uma vez, o Hora de Clarice será celebrado em várias partes do mundo, em sua memória. A escritora completaria 102 anos.

Durante os 12 minutos do curta metra gem, em torno da presença, em imagem e som, de Clarice (em raro registro audiovisual para a TV Cultura meses antes de sua morte), se jun tam depoimentos em off de amigos, como Hélio Pellegrino e Nélida Piñon, e do filho, Paulo Gurgel Valente; leituras de trechos de sua obra por Ana Cristina Cesar; tomadas do Leme, bairro onde a autora viveu e morreu no Rio de Janeiro. Esses e outros fotogramas emocionalmente pontuados, aqui e ali, pela música de Chopin e pelo canto de Caetano Veloso.

20

Grey Gardens

Albert Maysles, David Maysles, Ellen Hovde, Muffie Meyer | EUA | 1975, 94’

As Beales de Grey Gardens

Albert Maysles e David Maysles | EUA | 2006, 91’)

Em 1973, um escândalo tomou as manchetes dos jornais americanos. Alegando falta de condições sanitárias, as autoridades de East Hampton, um balneário de luxo a 160 quilômetros de Nova York, tentaram expulsar as duas moradoras de uma mansão à beira­mar. Elas viviam isoladas ali, em Grey Gardens, há mais de 20 anos, entre guaxinins, sujeira e mato. Notícia banal, não fossem elas Edith Bouvier Beale e sua filha de 56 anos, Edie, respectivamente tia e prima de Jacqueline

Kennedy Onassis. Dois anos depois, Big Edie e Little Edie abriram as portas de Grey Gardens a Albert Maysles e David Maysles. Eles registraram a personalidade e os conflitos de mãe e filha, mulheres inteligentes e excêntricas.

Esta edição em DVD duplo inclui ainda As Beales de Grey Gardens, em que, passadas três décadas do lançamento de seu filme, os irmãos Maysles revisitam e apresentam parte das sobras de montagem.

Extras:

Faixa comentada por Albert Maysles, Ellen Hovde, Muffie Meyer e Susan Froemke

Entrevista de Albert Maysles a João Moreira Salles (2006)

Livreto com depoimentos de Albert Maysles, Susan Froemke e Ellen Hovde

Criada em 2012 pelo então coordenador de cinema José Carlos Avellar (1936 2016), a coleção DVD | IMS já lançou diversos filmes, entre produções brasileiras e estrangeiras.

O futebol, de Sergio Oksman

O botão de pérola e Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán

Photo: Os grandes movimentos fotográficos Homem comum, de Carlos Nader

Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes Últimas conversas e Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos

Imagens do inconsciente e São Bernardo, de Leon Hirszman Os dias com ele, de Maria Clara Escobar

A tristeza e a piedade, de Marcel Ophüls

Os três volumes da série Contatos: A grande tradição do fotojornalismo; A renovação da fotografia contemporânea; A fotografia conceitual La Luna, de Bernardo Bertolucci Cerimônia de casamento, de Robert Altman Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho

Vidas secas e Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos

O emprego, de Ermanno Olmi Iracema, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna Cerimônia secreta, de Joseph Losey

As praias de Agnès, de Agnès Varda

A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch Diário 1973-1983 e Diário revisitado 1990-1999, de David Perlov

Elena, de Petra Costa

A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo

Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper

Seis lições de desenho com William Kentridge

Sudoeste, de Eduardo Nunes Shoah, de Claude Lanzmann Memórias do subdesenvolvi mento, de Tomás Gutiérrez Alea

E três edições voltadas à poesia: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade

Os DVDs podem ser adquiridos nas livrarias especializadas, nas lojas dos nossos centros culturais e na loja online do IMS: bit.ly/imsdvd.

21
coleção DVD | IMS

Curadoria de cinema

Kleber Mendonça Filho

Programadora de cinema Marcia Vaz

Programador adjunto de cinema Thiago Gallego Produtora de programação de cinema

Quesia do Carmo

Assistente de programação/ produção

Lucas Gonçalves de Souza Projeção Adriano Brito e Edmar Santos

Legendagem eletrônica Pilha Tradução

Os filmes de dezembro

O programa do mês tem o apoio da Cinemateca do MAM, do coletivo AMEM, do Visual Aids, do CTAv, da Cinemateca de Bolonha, BV Licenciamentos, da Les Blank Films, LuxBoxFilms, da LostButFound e das distribuidoras CUP Films, Elo Studios, Imovision, O2 Play, Vitrine Filmes e Zeta Filmes.

Agradecemos a Flip Couto, Jorge Bodanzky, Persilia Caton, Hernani Heffner, José Quental, Félix Pimenta, Ákira Avalanx, Fênix Zion, Débora Butruce e Bruno Cosentino.

Meia-entrada

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos, pessoas que vivem com HIV e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito).

Venda de ingressos

Parceria

Exibição de Aruanda

Revista de Cinema IMS

Produção de textos e edição Thiago Gallego e Marcia Vaz

Diagramação Marcela Souza e Taiane Brito Revisão

Flávio Cintra do Amaral

Dezembro Vermelho

Ingressos à venda na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Vendas antecipadas no site ingresso.com. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala (113 lugares).

Devolução de ingressos

Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos ou por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br.

Programa sujeito a alterações. Acompanhe nossa programação em cinema.ims.com.br e facebook.com/cinemaims.

As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS Rio:

Troncal 5 Alto Gávea Central (via Praia de Botafogo) 112 Alto Gávea Rodoviária (via Túnel Rebouças)

538 – Rocinha Botafogo

539 – Rocinha Leme Ônibus executivo Praça Mauá Gávea.

22
Feature Film, de Douglas Gordon (Reino Unido | 1999, 123’, cópia digital)
Pinóquio (Pinocchio), de Guillermo del Toro e Mark Gustafson (EUA | 2022, 117’, DCP) Rua Marquês de São Vicente 476 CEP 22451 040 Gávea – Rio de Janeiro 21 3284 7400 imsrj@ims.com.br ims.com.br /institutomoreirasalles @imoreirasalles @imoreirasalles /imoreirasalles Visitação Terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 18h Entrada gratuita. Mais informações: ims.com.br

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.