cinema abr.2019
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14:00 Sobre rodas (75’)
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16:00 António um dois três (95’)
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18:00 Diários de classe (72’)
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19:45 António um dois três (95’)
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21:45 Diários de classe (72’)
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É Tudo Verdade 2019 – 24° Festival
Internacional de Documentários
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Internacional de Documentários
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14:00 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
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14:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos
16:00 Diários de classe (72’)
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19:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’),
18:00 António um dois três (95’)
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20:00 Quem é Beta? (85’)
19:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’)
21:50 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
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14:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’)
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16:30 António um dois três (95’)
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16:30 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
seguida de debate com os diretores
19:00 Priscilla, a rainha do deserto (92’) 21:30 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
(114’)
19:00 Sessão Cinética O jardim das espumas (108’), seguido de debate com os críticos da revista
30 14:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’) 16:30 Kairo (15’) + Los silencios (86’) 19:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’) 21:30 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
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14:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’)
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16:30 António um dois três (95’)
16:30 António um dois três (95’)
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19:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’)
19:00 Quem é Beta? (85’)
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14:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’)
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18:00 Raízes do Brasil – Parte 1 (74’)
16:30 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
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20:00 Raízes do Brasil – Parte 2 (74’)
19:00 Chuva é cantoria na aldeia dos mortos (114’)
19:00 Sessão Cinética:
21:30 Kairo (15’) + Los silencios (86’)
O jardim das espumas (108’) 21:15 Priscilla, a rainha do deserto (92’)
Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em facebook.com/cinemaims e ims.com.br.
Priscilla, a rainha do deserto (The Adventures of Priscilla, Queen of The Desert), de Stephan Elliott (Austrália, Reino Unido, Alemanha | 1994, 92’, DCP) capa Chuva é cantoria na aldeia dos mortos, de João Salaviza e Renée Nader Messora (Brasil, Portugal | 2018, 114’, DCP)
destaques de abril 2019 Entre as cores da floresta, as cores do deserto e um mundo pós-apocalíptico, se encontram alguns dos destaques do mês de abril do cinema do IMS. Completando 25 anos de lançamento, é importante reencontrar hoje Priscilla, a rainha do deserto, um marco do queer no cinema que, ao mesmo tempo, foi duramente criticado pela representação estereotipada de personagens femininas e asiáticas. No dia 16 de abril, ocorrerá uma pré-estreia seguida de debate com os diretores de Chuva é cantoria na aldeia dos mortos, João Salaviza e Renée Nader Messora, que entra em cartaz no dia
18. Realizado ao longo de nove meses, a intimidade entre os realizadores e os indígenas retratados no filme fica palpável pelo retrato do cotidiano e dos dilemas dos Krahô, com uma fluidez entre momentos ficcionais e documentais. No título em francês de Quem é Beta? – Pas de violence entre nous [sem violência entre nós, em tradução livre] –, há sugestão de um intervalo de paz em um planeta devastado. Entre os poucos sobreviventes, um casal e a misteriosa Beta reveem memórias e combatem zumbis, nessa ficção científica de Nelson Pereira dos Santos lançada em 1973.
Quem é Beta?, de Nelson Pereira dos Santos (Brasil, França | 1973, 85’, 35 mm) 1
Kairo, de Fábio Rodrigo (Brasil | 2018, 15’, DCP)
Chuva é cantoria na aldeia dos mortos, de João Salaviza e Renée Nader Messora (Brasil, Portugal | 2018, 114’, DCP)
Priscilla, a rainha do deserto (The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert), de Stephan Elliott (Austrália, Reino Unido, Alemanha | 1994, 92’, DCP)
Los silencios Relato da diretora Beatriz Seigner
“Para mim, o processo de pesquisa é fundamental para a feitura de qualquer filme. Adoro mergulhar em universos que parecem distantes do meu, mas que logo descubro o quão íntimos e pessoais também podem ser. Quando percebo, me vejo no outro, e descubro nossa humanidade compartilhada. Este filme chegou até mim por uma amiga colombiana, que me contou uma história de quando imigrou para o Brasil, ainda criança. A partir daí, comecei a sonhar com as imagens que ela me trouxe e comecei a entrevistar mais de 80 famílias de imigrantes colombianos vivendo no Brasil, muitas delas em Manaus e em São Paulo, com o apoio do Fundo Ibermedia, para o desenvolvimento do projeto. Li dezenas de livros, passei meses viajando, tanto na Colômbia quanto na Amazônia brasileira, ouvindo relatos, absorvendo tudo. Para então deixar tudo de lado e começar a escrever e reescrever o roteiro, livremente, confiando que meu consciente havia absorvido tudo o que era necessário para contar esta história. Desde que ouvi a história de minha amiga, até o primeiro dia de filmagem, passaram-se 2
oito anos. Agora, no lançamento, vai fazer quase 10 anos que tudo começou. Eu estava buscando locações de comunidades de palafitas, quando encontrei a ilha da Fantasia, na fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, parcialmente submersa pelo rio Amazonas. Era o lugar perfeito para contar esta história de pessoas ‘entre mundos’: entre países, entre a vida e a morte, entre línguas, silêncios, entre fronteiras. Conversando com os habitantes do lugar, percebi que ali havia toda uma cosmologia fantasmagórica, que simplesmente era a concretização daquilo que estava buscando. Foi realmente mágico! Aí resolvi reescrever o roteiro, para poder ter aquelas pessoas de verdade atuando no filme, trazendo seus conflitos para a tela, como quando fazem a assembleia em que se negam a vender a ilha para um empreendimento imobiliário. Isso aconteceu de verdade ali. E essa tensão entre a resistência deles em permanecer naquele território e agentes que querem expulsá-los continua acontecendo. Como em tantas partes da América Latina. Durante as filmagens, fomos três vezes com a equipe rodar no Amazonas, pois
era importante pro filme pegar o movimento das águas, que sobem no filme e invadem a casa de palafitas onde a família está, conforme o processo de luto da mãe também transborda. Na época da cheia, tivemos que dividir as equipes em canoas e barquinhos: havia um barco para a câmera, onde só estava a DOP, o foquista e eu, para ser o mais estável possível, outro barco com a equipe de som, outro com a
equipe de arte, outro com o elenco, outro com a produção, e por aí vai. Teve uma vez que todos os barcos chegaram ao set de filmagem, mas o barqueiro do som, por algum motivo, se enganou, levou a equipe de som pro Peru. Ficamos um tempão esperando eles voltarem. Houve cenas também em que tivemos que andar mais de 45 minutos na floresta com a equipe e equipamentos, para rodar à noite num 3
canto onde acontece a cena final, com mais de 56 barqueiros. Houve tempestades que quase levaram nosso cenário embora. Teve de tudo. Dizem que a Amazônia te coloca de frente com seus maiores medos, e, sem dúvida, ali percebemos que somos formiguinhas com quase nenhum controle sobre a natureza. Eu só torcia para este não ser mais um Fitzcarraldo, e todos voltarem bem e salvos para casa.
Para além disso, tínhamos três bebês sendo amamentados enquanto rodávamos o filme. Eu era uma das mães amamentando, e isso também exigiu uma logística para que essas crianças pudessem estar conosco nessa região, num ambiente seguro.”
Jardim dos detritos O jardim das espumas (1970), Luiz Rosemberg Filho por Hermano Callou
Considerado por 30 anos um filme perdido, O jardim das espumas voltou à circulação no Brasil com a descoberta de uma cópia na França, em 2014. Marco do que se convencionou chamar de Cinema Marginal, trata-se ainda de um filme muito mais conhecido do que propriamente visto. O descobrimento de uma cópia tida como desaparecida não apenas tem permitido que uma outra geração tenha acesso a este trabalho de Luiz Rosemberg Filho, mas atribui ao filme a condição de uma ação diferida. O atraso com que o filme chega até nós permite que dois tempos díspares, separados por décadas, entrem em choque. O jardim das espumas é uma ficção científica terceiro-mundista, construída como resposta direta ao clima de derrota e desespero político que se seguiu ao fechamento do regime militar, representado pela promulgação do Ato Institucional n. 5, em 1968. O filme aterriza agora na segunda metade desta década não apenas em um novo contexto de deflagração política no Brasil e no mundo, mas em um momento em que a ficção especulativa tem representado para o cinema de invenção feito hoje 4
no país uma forma privilegiada para se acessar o presente. Um emissário de uma outra galáxia visita um planeta pobre e miserável, em nome dos planetas ricos. Interessado em negociações políticas e econômicas, o visitante se vê sequestrado por um grupo de rebeldes. O “planetazinho vagabundo” em que aterriza é habitado por mulheres e homens “primitivos”, de corpo semicoberto e cara pintada, que vivem em meio à natureza e sob o som de tambores, como se fossem personagens saídos de um filme de aventuras colonial. Os nativos são governados por um grupo de políticos engravatados, como o ministro de fala pomposa e ridícula que recebe o emissário em um palácio à beira-mar. A diferença entre sua galáxia de origem e o planeta em que chegou é apresentada pelo filme como uma diferença temporal, antes que espacial. A distinção entre os planetas ricos e os pobres repete aquela entre os povos civilizados e os selvagens. Para os rebeldes, o emissário ocupa o papel ambivalente de representante do futuro de prosperidade ambicionado e o inimigo que os mantém paralisados no
passado. “Estamos a um passo da idade científica”, diz uma sequestradora ao cativo, como se ambos os mundos estivessem na iminência de um grande acerto de contas. A experiência temporal do atraso, tão cara ao cinema moderno brasileiro, parece inoportuna para um momento como o nosso, quando a ideia de subdesenvolvimento não organiza mais o nosso campo cultural, mas não é o caso: o atraso é o signo de um descompasso dos tempos, a experiência que sempre nos retorna de não saber em que tempo nos encontramos. “O governo nos obrigou a voltar ao passado”, nos diz outro personagem, como não se tratasse agora de um futuro sempre postergado, mas de um passado que não deixa nunca de retornar. “Os nossos problemas ainda são os mesmos”, lamenta um personagem, respondido por um agente do governo: “Se os problemas são os mesmos é porque o vosso mundo é ingovernável”. O recurso à ficção científica parece servir, assim, para expressar uma certa experiência de desorientação temporal. O que parece caracterizar as ficções especulativas de sua geração, como Hitler 3º
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mundo (José Agripino de Paula, 1968), Brasil ano 2000 (Walter Lima Jr., 1969) e Quem é Beta? (Nelson Pereira dos Santos, 1973), assim como as desta década, como Era uma vez Brasília (Adirley Queirós, 2017), Brasil S/A (Marcelo Pedroso, 2014) e A seita (André Antônio, 2015), é uma desconfiança a respeito do curso do tempo. A ficção científica parece se tornar uma possibilidade criativa no Brasil, quando se suspeita que não há nenhum futuro nos esperando no horizonte. O jardim das espumas talvez possa vir a se revelar mais contemporâneo, inclusive, do cinema brasileiro dos anos 2010, que de sua própria época, sobretudo quando se observa mais atentamente as suas escolhas de construção cênica. Um traço marcante do filme de Rosemberg é a recusa ao desenvolvimento dramático no interior de cada cena individual, preferindo sempre a criação de situações em que o drama parece não sair do lugar, como se a ação se encontrasse aprisionada em um loop demoníaco. O filme destila, assim, longos planos-sequências, animados de gestos repetitivos, débeis, cíclicos, como se tratasse de uma ação temporalmente reversível: são personagens se 6
contorcendo em desespero, se espancando no chão, se remoendo de dor, andando em círculos, cantando e comendo lixo. As ações partem de um determinado ponto e retornam sempre ao mesmo lugar, sem produzir nenhuma transformação a não ser o acúmulo contínuo de gestos estabanados. O jardim das espumas é um filme exasperado, como tantas obras do Cinema Marginal, mas trata-se, no caso, de uma exasperação letárgica, não muito distante da estase que acomete os personagens de Era uma vez Brasília, possivelmente a ficção científica mais importante realizada no Brasil nessa década. A aura de O jardim das espumas de filme perdido e depois achado parece dizer ainda um pouco mais sobre a sua natureza. O filme de Rosemberg é, curiosamente, um filme feito de sobras. O seu procedimento é a colagem: a justaposição de materiais heterogêneos, que não se articulam em um todo orgânico, mas são agrupados de maneira disparatada e descontínua. Os fragmentos da narrativa da visita do emissário convivem com imagens de arquivo de Hitler e King Kong, programas de rádio, música africana, bateria de escola
de samba, música pop, publicidade, matérias de revista, discussões sobre os destinos do cinema brasileiro, registros dos campos de extermínio, imagens de guerra. O que são os elementos de uma colagem senão restos, partes desgarradas de um todo? O filme não por acaso privilegia as figuras do excedente – o vômito, o excremento, o lixo –, como se identificasse nos seus fragmentos a condição de dejeto, “parte maldita” expelida de uma ordem originária. A experiência de O jardim das espumas espelha, assim, a do seu protagonista: a descida do civilizado à barbárie, condensada na imagem do emissário acocorado em meio ao lixão, catando e devorando os detritos. O retorno ao primitivo não representa aqui, como poderia se esperar, a possibilidade de uma utopia nacional, mas apenas a suspeita de que talvez a única garantia que nos é dada pelo passar do tempo é o aumento inexorável da entropia.
Em cartaz António um dois três
Leonardo Mouramateus | Brasil, Portugal | 2017, 95’, DCP Lisboa, Portugal. Após passar a noite fora de casa, António descobre que seu pai recebeu uma carta anônima revelando que o filho abandonou a faculdade há cerca de um ano. Diante da situação, António foge e encontra abrigo na casa de Mariana, a sua ex-namorada. Lá, ele conhece Débora, uma brasileira que alugou um quarto por um único dia, e acaba se envolvendo com ela. António um dois três estreou no Festival de Roterdã em janeiro de 2017. Em entrevista ao site Cine Festivais, o diretor comenta: “A ideia inicial do António era fazer dele, o personagem, uma espécie de Carlitos ou sr. Hulot. Que as três ou mais histórias que eu filmasse com ele fossem autônomas. Adoro a ideia de que uma história narre uma grande desventura, mas que a seguir nada disso seja lembrado. É mais ou menos o que acontece nos livros de detetive, ou nos 007. Eu não sei em que momento me pareceu interessante essa relação entre continuidade de um personagem e descontinuidade de uma narrativa. [...] Filmamos em três partes, com uma média de seis meses de distância entre elas. Partia de um enredo bem simples, escrevia os diálogos em ‘brasileiro’ e, com os atores nos ensaios, transformávamos o enredo e a língua, filmávamos, editávamos e pensávamos no que viria a seguir, ou antes, porque tínhamos a possibilidade de reestruturar tudo de trás para a frente.” [Íntegra da entrevista em: bit.ly/123ant] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia). 7
Chuva é cantoria na aldeia dos mortos
João Salaviza e Renée Nader Messora | Brasil, Portugal | 2018, 114’, DCP Ihjãc é um jovem da etnia Krahô, que mora na aldeia Pedra Branca, em Tocantins. Após a morte de seu pai, rejeitando a ideia de se tornar um xamã, ele foge para a cidade. Longe de seu povo e da sua cultura, vai enfrentar as dificuldades de ser um indígena no Brasil contemporâneo. Realizado ao longo de nove meses, a intimidade dos realizadores com os Krahô é palpável através do retrato próximo de seu cotidiano e dos seus dilemas, com uma fluidez entre momentos ficcionais e documentais. Sobre esse processo, Salaviza comenta em entrevista ao jornal O Público: “Claro que há uma crença nossa de que o cinema pode ser uma forma de mediação e de encontro entre as pessoas [...]. Há a ideia de que a produção de um filme é também uma espécie de ritual branco, ocidental, europeu. Existe uma comunidade que vive de forma profundamente ritualizada e existe o cinema pelo meio, a aproximar-nos, mas ele acaba por se transformar num detalhe.” Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).
Diários de classe
Igor Souza e Maria Carolina da Silva | Brasil | 2017, 72’, DCP Diários de classe acompanha o cotidiano em sala de aula de três mulheres negras que estudam em centros de alfabetização para adultos em Salvador: Maria José, que também trabalha como empregada doméstica; Vânia Costa, em privação de liberdade; e Tifany Moura, uma jovem trans, moradora de um abrigo para menores. Durante seis meses, a equipe do filme acompanhou a rotina dessas mulheres. Também cineclubistas, os diretores também realizavam exibições de filmes nas salas de aula: “A gente começou um processo de cineclubismo mesmo em sala de aula, um processo que já vem de anos anteriores”, comenta Maria Carolina em entrevista ao site Cine Vitor. “Percebemos que os filmes eram importantes gatilhos pras discussões que a gente queria trazer para a tela. A partir dessas discussões, essas mulheres vieram nos procurar e dizer que queriam partilhar as histórias delas. Foi aí que a gente encontrou a Vânia.” “Queríamos trabalhar a questão do gênero, de raça e classe, então os filmes tinham que abor-
dar um pouco disso. Que horas ela volta? [de Anna Muylaert] impactou muito as mulheres. No presídio, tivemos um cuidado de não passar filmes que massacrassem ainda mais aquela realidade, queríamos levar filmes que trouxessem um pouco mais de acalento de um cotidiano bastante violento. Por isso, exibimos Vou rifar meu coração, de Ana Rieper, e foi muito bacana. O céu de Suely [de Karim Aïnouz] rendeu muitas discussões bacanas. Exibir os filmes nos fez compreender ainda mais o que queríamos abordar como linguagem.” Em 2018, no festival de documentários Pirenópolis Doc, Diários de classe recebeu os prêmios de Melhor Filme dos júris oficial, jovem e popular. É o primeiro longa-metragem dos realizadores, que iniciaram a parceria há cinco anos com o curta de animação Entroncamento e produzem a série de animação infantil Aventuras de Amí. [Íntegra da entrevista em: bit.ly/ddclasse] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).
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seguir se comunicar, que é um pouco a luta de Amparo, que fica rebatendo, fica falando, e fica cada vez mais aceitando esse silêncio de alguma maneira.” Los silencios teve sua estreia internacional na Semana da Crítica, no Festival de Cannes de 2018, e, no Brasil, foi exibido pela primeira vez no Festival de Brasília, onde recebeu os prêmios de Melhor Direção e Melhor Filme pela crítica. O curta Kairo, de Fábio Rodrigo, será exibido antes do longa.
Los silencios
Beatriz Seigner | Brasil, Colômbia, França | 2017, 86’, DCP Amparo (Marleyda Soto) e seus filhos chegam a uma pequena ilha amazônica, na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Fogem do conflito armado colombiano, onde o pai (Enrique Diaz) e a filha do casal desapareceram. Certo dia, ele reaparece na nova casa de palafitas. Inquieta com as dificuldades financeiras e de imigração, a família descobre que a ilha é povoada por fantasmas. Durante a concepção do roteiro, a diretora Beatriz Seigner entrevistou cerca de 80 famílias de refugiados colombianos vivendo no Brasil. Ela conta como dessas conversas também surgiu o título do filme: “Eu percebi que em várias entrevistas as pessoas falavam sobre silêncio. Sobre não poder falar sobre o trauma que estavam carregando, ter medo de revelar alguma coisa. [...] Mas era muito presente nas conversas esse desejo de conseguir se comunicar com uma realidade paralela, de você querer falar com uma pessoa e receber o silêncio de volta. Pra mim, é o som da morte. Me parece que a morte chega pelo ouvido, é esse silêncio, essa dificuldade de você con-
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).
Kairo
Fábio Rodrigo | Brasil | 2018, 15’, DCP Em uma escola na periferia de São Paulo, a assistente social Sônia precisa retirar Kairo da sala de aula para ter uma conversa difícil. O curta foi exibido na seleção do Festival de Brasília, no Festival Internacional de Curtas de São Paulo e também no Festival de Gramado. Neste último, recebeu o prêmio de Melhor Direção. Kairo é dedicado à vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
Sobre rodas
Mauro D’Addio | Brasil | 2019, 75’, DCP Lucas tem 13 anos. Cadeirante, passou um ano em casa depois do acidente que o deixou sem movimento nas pernas. Ao voltar à escola, conhece Laís, uma menina que ajuda a mãe no trabalho, mas não conhece o pai. Tem dele apenas uma fotografia, em que não é possível ver seu rosto, apenas seu caminhão. Juntos, Lucas e Laís partem em uma viagem pelas estradas do interior paulista em busca do caminhoneiro misterioso. Sobre a vontade de fazer um filme voltado ao público infantojuvenil, o diretor Mauro D’Addio conta: “Queria contar a história desse momento de passagem da infância para a adolescência, esse momento belo e tumultuado de nossas vidas, quando saímos da ‘concha’, fazemos amigos, nos apaixonamos.” Sobre rodas, seu primeiro longa-metragem, recebeu o prêmio de Melhor Filme, pela escolha do público, no Festival de Toronto, na sessão Tiff Kids, e também na Mostra Geração, do Festival do Rio. Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).
Sessão Cinética
Nelson Pereira em Cartaz
O jardim das espumas
Quem é Beta?
Um planeta dominado pela irracionalidade e opressão recebe a visita de um emissário estrangeiro interessado em um acordo econômico. Antes de se encontrar com o governante, ele é sequestrado por uma facção contraditória do sistema, o oposto de tudo aquilo que é dito oficialmente. Ao contrário da maior parte dos filmes de Luiz Rosemberg Filho, O jardim das espumas não foi barrado pela censura, apesar de lançar um olhar sobre os casos de sequestro durante a ditadura: “Um filme que refletia o meu estado e dos brasileiros, que, na ditadura, não podiam pensar, fazer filmes e criar. Tudo era censurado. Todos os meus filmes foram. Isso é muito chato e muito triste. Estava com muita raiva disso tudo e essa raiva se refletiu nos filmes.” A obra, considerada hoje um dos marcos do Cinema Marginal, foi dada como perdida por quase 30 anos e voltou à circulação no Brasil em 2014 com a descoberta de uma cópia na França.
Após um desastre que dizimou a sociedade humana, um casal sobrevive eliminando os “contaminados”, humanoides que se assemelham a zumbis, e assistindo a memórias do passado projetadas em 16 mm. Um dia, aparece a misteriosa Beta, que balança a dinâmica do casal e embaralha mais a tênue linha narrativa deste filme distópico de ficção científica. Coprodução franco-brasileira, Quem é Beta? foi um fracasso nas bilheterias – a trama inusitada e um bocado rocambolesca também foi pouco apreciada por críticos da época tanto na França quanto no Brasil. Uma das poucas vozes dissonantes nas interpretações negativas foi José Carlos Avellar, que enxergou no filme um paralelismo com a construção narrativa das histórias em quadrinhos: “Uma vez que o quadrinho não se move nas convenções narrativas tradicionais, é quase sempre associado a um estado de liberdade, a uma forma de viver livre, um mundo harmonioso e sem compromisso. [...] O antigo hábito de fazer filmes com personagens estereotipados, em colocar neles o espelho da virtude e noutro o espelho do mal, criou na plateia o vício de encontrar diretamente na fala e no comportamento do herói o sentido de tudo, é a mensagem do autor. Exatamente para isso, aqui e ali, as pessoas se preocupam nesta afirmação aparentemente sem sentido de que não se deve procurar mensagem no filme.”
Luiz Rosemberg Filho | Brasil | 1970, 108’, Arquivo digital
[Leia a entrevista completa para o jornal Hoje em Dia: bit.ly/RoEspumas] Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).
Nelson Pereira dos Santos | Brasil, França | 1973, 85’, 35 mm
Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).
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Sessão especial Raízes do Brasil
da Aids, pela branquitude de seus protagonistas e pelas representações femininas. Em texto de 2014 para a Out Magazine, Nathan Smith escreve: “Apesar de vermos [no filme] canção após canção, cantadas originalmente por mulheres como Vanessa Williams ou as ídolas do ABBA, as verdadeiras mulheres que os protagonistas encontram são pintadas com um pincel excessivamente patriarcal.”
Nelson Pereira dos Santos | Brasil | 2004, duas partes de 74’, 35 mm Documentário dividido em duas partes independentes, mas complementares, sobre a vida e a obra de Sérgio Buarque de Holanda, pensador e referência em cultura e história do Brasil, autor de livros como Raízes do Brasil e Visão do paraíso. Na primeira parte, a partir de entrevistas com familiares e amigos, o filme procura destacar aspectos menos conhecidos da intimidade de Sérgio Buarque: seu escritório, sua biblioteca, a vida com filhos e netos e a paixão pela pesquisa e pela leitura. A segunda parte, mescla imagens de arquivos pessoais e cenas históricas a apontamentos e trechos de textos do escritor lidos por seus familiares. “O projeto deste filme nasceu de uma predisposição familiar”, explica Nelson Pereira dos Santos, a quem os filhos do escritor encomendaram o filme. “E eu atendi a ela, com imenso prazer.” Ainda nas palavras do diretor,: “falar dele é relembrar uma geração de jovens inquietos, cultos e com particular senso de humor”. [Falas de Nelson Pereira dos Santos extraídas de reportagem da revista Época, por ocasião do lançamento do filme. Na íntegra em: bit.ly/nelson-rdb] Entrada gratuita.
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[Entrevista completa com Weaving: bit.ly/PriscillaRainha]
Priscilla, a rainha do deserto
The Adventures of Priscilla, Queen of The Desert Stephan Elliott | Austrália, Reino Unido, Alemanha | 1994, 92’, cópia restaurada em DCP Bernadette (Terence Stamp) é uma mulher transexual de meia-idade que vive o luto da recente morte de seu companheiro. Ela embarca em uma turnê de performances com suas amigas drag queens, Mitzi (Hugo Weaving) e Felicia (Guy Pearce). Pelas estradas do deserto australiano, elas viajam a bordo de um ônibus chamado Priscilla. “Esse é um daqueles filmes que se tornou um filme de festa, não é?” diz o ator Hugo Weaving. “Algo a que as pessoas assistem de novo e de novo. Se elas querem comemorar alguma coisa, assistem Priscilla. A premissa é maravilhosa; é uma história muito simples, vestida com roupas extraordinárias. (...) Eu acho que o filme foi lançado no momento certo, quando poderia ser acolhido por uma grande maioria de pessoas. Talvez cinco anos antes, não teria sido assim.” Desde o seu lançamento, o filme também foi criticado pela ausência de referências à epidemia
[Íntegra do texto de Nathan Smith para a Out Magazine, em inglês: bit.ly/OutPriscilla] Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).
coleção DVD | IMS
Criada em 2012 pelo então coordenador de cinema José Carlos Avellar (1936-2016), a coleção DVD | IMS já lançou diversos filmes, entre produções brasileiras e estrangeiras.
Iracema, uma transa amazônica
Orlando Senna, Jorge Bodanzky | Brasil | 1974, 90’
Realizado em 1974 para a ZDF, emissora de TV alemã, Iracema, uma transa amazônica retrata uma viagem da inocência à desintegração, da comunidade indígena mais isolada à periferia das grandes cidades. A jovem Iracema, vivida por Edna de Cássia, lança-se na vida pela estrada, de carona no caminhão de Tião Brasil Grande, personagem de Paulo César Pereio. O filme, que ficou proibido pela censura no Brasil durante seis anos, ganhou nesse período prêmios em festivais internacionais. Quando liberado no país, em 1980, foi escolhido como melhor filme do Festival de Brasília. Além do filme, o DVD traz os extras Era uma vez Iracema, de Jorge Bodanzky (45 min), feito em 2006 em parceria com a Videofilmes, de que participam profissionais que atuaram no filme de 1974 e admiradores da obra; e o inédito e exclusivo Ainda uma vez Iracema, também de Jorge Bodanzky (11 min), filmado em 2014 com o apoio do IMS, em que o diretor volta a Belém para apurar o estado da prostituição nos locais onde o filme foi feito; uma faixa com o filme comentado por Jorge Bodanzky, Eduardo Escorel e João Moreira Salles; e o livreto com os textos “Sem dentes e sem árvores”, de Antonio Callado, publicado na revista Isto É, em janeiro de 1979, antes de o filme ser liberado pela censura, e “O cinema verdade vai ao teatro. Palco: Transamazônica”, de Ismail Xavier, publicado em Filme e Cultura, periódico da Embrafilme, edição de janeiro/ março de 1981. 11
O futebol, de Sergio Oksman O botão de pérola e Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán Photo: Os grandes movimentos fotográficos Homem comum, de Carlos Nader Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes Últimas conversas e Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos Imagens do inconsciente e São Bernardo, de Leon Hirszman Os dias com ele, de Maria Clara Escobar A tristeza e a piedade, de Marcel Ophuls Os três volumes da série Contatos: A grande tradição do fotojornalismo; A renovação da fotografia contemporânea; A fotografia conceitual La Luna, de Bernardo Bertolucci Cerimônia de casamento, de Robert Altman Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho Vidas secas e Memórias do
cárcere, de Nelson Pereira dos Santos O emprego, de Ermanno Olmi Iracema, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna Cerimônia secreta, de Joseph Losey As praias de Agnès, de Agnès Varda A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch Diário 1973-1983 e Diário revisitado 1990-1999, de David Perlov Elena, de Petra Costa A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper Seis lições de desenho com William Kentridge Sudoeste, de Eduardo Nunes Shoah, de Claude Lanzmann Memórias do subdesenvolvimento, de Tomas Gutiérrez Alea E três edições voltadas à poesia: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade.
Os DVDs podem ser adquiridos nas livrarias especializadas, nas lojas dos nossos centros culturais e na loja on-line do IMS: bit.ly/imsdvd.
Curadoria de cinema
Os filmes de abril
Meia-entrada
Kleber Mendonça Filho
O programa de abril tem o apoio da Klaxon Cultura Audiovisual, da Regina Filmes, e das distribuidoras Elo Company, Olhar Distribuição, Park Circus, Vitrine Filmes e do Espaço Itaú de Cinema. E dedica agradecimentos a Luiz Rosemberg Filho, Cavi Borges, Leticia Monte, Ana Maria Magalhães, Marcia Pereira dos Santos e Diogo Dahl.
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.
É Tudo Verdade
Venda de ingressos
Programação de cinema e DVD Barbara Alves Rangel Programadores assistentes Ligia Gabarra e Thiago Gallego Projeção Ana Clara Costa e Miciano Manoel da Silva
Todas as sessões do É Tudo Verdade, 24ª edição do Festival Internacional de Documentários, são gratuitas, e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada exibição. Informações podem ser encontradas no site do evento (www.etudoverdade.com.br) e no site do IMS. apoio Nelson Pereira em cartaz
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Ingressos à venda pelo site ingresso. com ou na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 145 lugares. Devolução de ingressos Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em facebook.com/ cinemaims e ims.com.br. Não é permitido o acesso com mochilas ou bolsas grandes, guarda-chuva, bebidas ou alimentos. Use nosso guarda-volumes gratuito.
O jardim das espumas, de Luiz Rosemberg Filho (Brasil | 1970, 108’, Arquivo digital)
Quem é Beta?, de Nelson Pereira dos Santos (Brasil, França | 1973, 85’, 35 mm)
Terça a sábado, sessões de cinema até as 22h; domingos e feriados, até as 20h. Visitação, Biblioteca, Balaio IMS Café e Livraria da Travessa Terça a domingo, inclusive feriados (exceto segundas), das 10h às 20h; quintas, até as 22h. Última admissão: 30 minutos antes do encerramento. Entrada gratuita.
Avenida Paulista 2424 CEP 01310-300 Bela Vista – São Paulo tel: (11) 2842-9120 imspaulista@ims.com.br
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