IMS Paulista: os filmes de dezembro/2019

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14:00 A vida invisível (139’) 21:45 Meu amigo Fela (92’)

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14:00 Meu amigo Fela (92’) 16:00 Diante dos meus olhos (83’) 21:30 Diante dos meus olhos (83’)

14:00 Meu amigo Fela (92’) 16:00 Diante dos meus olhos (83’) 19:30 Sessão Cinética: debate Em 2019

14:00 A vida invisível (139’) 17:00 Meu amigo Fela (92’) 19:30 Sessão Cinética: O auge do humano (100’), seguido de debate

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14:00 A vida invisível (139’) 17:00 Meu amigo Fela (92’) 19:30 Silêncio da mulher (48’), seguido de debate com Aline Ferreira

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Neste dia não haverá sessões de cinema

Neste dia não haverá sessões de cinema

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A vida invisível (139’) Azougue Nazaré (82’) A vida invisível (139’) Meu amigo Fela (92’)

A vida invisível (139’) Meu amigo Fela (92’) Funeral de Estado (135’) Synonymes (123’)

14:00 Meu amigo Fela (92’) 16:00 Diante dos meus olhos (83’) 21:30 Diante dos meus olhos (83’)

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A vida invisível (139’) Meu amigo Fela (92’) Diante dos meus olhos (83’) Synonymes (123’)

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Natureza-morta (56’) A vida invisível (139’) Meu amigo Fela (92’) Diante dos meus olhos (83’) Synonymes (123’)

Sauerbruch Hutton Arquitetos (73’) Meu amigo Fela (92’) Caminhos cruzados (80’) A vida invisível Diante dos meus olhos (83’)

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A saída dos operários da fábrica (36’) Imagens de uma revolução (93’) No quarto da Vanda (178’) Diante dos meus olhos (83’) Synonymes (123’)

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14:00 A vida invisível (139’) 17:00 O auge do humano (100’) 19:30 Caminhos cruzados (80’)

22 Natureza-morta (56’) Diante dos meus olhos (83’) Azougue Nazaré (82’) Synonymes (123’) A vida invisível (139’)

28 A saída dos operários da fábrica (36’) Imagens de uma revolução (93’) A vida invisível (139’) Synonymes (123’) Meu amigo Fela (92’)

14:00 Meu amigo Fela (92’) 16:00 Diante dos meus olhos (83’) 19:00 A vida invisível (139’)

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7 A saída dos operários da fábrica (36’) Imagens de uma revolução (93’) Diante dos meus olhos (83’) A vida invisível (139’) Diante dos meus olhos (83’)

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Diante dos meus olhos (83’) Azougue Nazaré (82’) Silêncio da mulher (48’) Synonymes (123’)

29 Sauerbruch Hutton Arquitetos (73’) Diante dos meus olhos (83’) A vida invisível (139’) Synonymes (123’) Meu amigo Fela (92’)

14:00 Diante dos meus olhos (83’) 16:00 A vida invisível (139’) 19:00 Funeral de Estado (135’)


Funeral de Estado (State Funeral), de Sergei Loznitsa (Holanda, Lituânia | 2019, 135’, DCP)


destaques de dezembro 2019 Após quase 20 anos de seu lançamento, o Cinema do IMS exibe No quarto da Vanda, de Pedro Costa. Um marco na obra do diretor, este não é apenas o primeiro longa que Costa realizaria em digital, mas aquele no qual mudaria bruscamente a própria maneira de fazer filmes e concentraria sua atenção no antigo bairro de Fontainhas, em Lisboa. Realizado a partir de um farto acúmulo de imagens de arquivo da União Soviética, o mais recente documentário de Sergei Loznitsa, Funeral de Estado, remonta minuciosamente a cerimônia de sepultamento de Josef Stálin, em março de 1953. Nas palavras do diretor, o filme é “um estudo visual da natureza do culto à personalidade de Stálin e uma tentativa de desconstruir o ritual, que formou a base do regime sangrento”. No Dezembro vermelho, mês de conscientização para medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos de pessoas vivendo com HIV/Aids, Aline Ferreira, graduanda em psicologia, ativista do movimento social de Aids e integrante do coletivo Loka de Efavirenz, debate Silêncio da mulher, média-metragem de ficção moçambicano que aborda a trajetória de uma mulher que luta contra o estigma da dificuldade de ter filhos e posteriormente se descobre soropositiva. Integra a programação, ainda, Caminhos cruzados, vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 1989, que apresenta diferentes perfis de pessoas que faleceram por conta da doença e foram homenageadas no Aids Memorial Quilt, em Washington. 1

Funeral de Estado (State Funeral), de Sergei Loznitsa (Holanda, Lituânia | 2019, 135’, DCP)

Caminhos cruzados (Common Threads: Stories from the Quilt), de Rob Epstein, Jeffrey Friedman (EUA | 1989, 81’, DCP)

Diante dos meus olhos, de André Felix (Brasil | 2018, 83’, DCP)


A rotina dos dias de trabalho por Barbara Rangel

Texto originalmente publicado no blog Questões Cinematográficas, da revista piauí, no dia 23 de fevereiro de 2017. A publicação original pode ser lida em: bit.ly/brpedroc.

Entre 8 e 12 de fevereiro [de 2017], houve em Curitiba uma mostra dedicada à obra de Pedro Costa e Víctor Erice, que incluiu dois workshops: um com Costa e outro com sua colaboradora Patricia Saramago, com quem ele montou No quarto da Vanda, Onde jaz teu sorriso? (estes em parceria com Dominique Auvray) e Ne change rien. Em quatro manhãs, cada um deles discutiu seus métodos de trabalho, em dois encontros de quatro horas. A programação ainda incluía debates com a crítica espanhola Clara Sanz, especialista na obra de Erice e também realizadora. É muito difícil dizer algo sobre os filmes de Pedro Costa que já não tenha sido dito pelo próprio em entrevistas ou por outros, como Jacques Rancière, Tag Gallagher e João Bénard da Costa. A fala do realizador, como um labirinto sinuoso e finito, faz com que voltemos sempre para um mesmo lugar por um caminho diferente. 2

A impressão deixada após dois dias de encontros é que também a trajetória de Costa é labiríntica, assim como ele definiu a geografia do bairro das Fontainhas em um debate sobre Vanda: “Onde a entrada por uma casa pode significar a passagem para outras”. Há ali uma obra – um conjunto que espelha um processo contínuo em que se observam ecos de um trabalho anterior no seguinte. Um exemplo são as cartas das pessoas de Cabo Verde, encomendas dos participantes do filme Casa de lava, para seus parentes emigrados em Lisboa. Assim Costa conheceu Fontainhas, locação de Ossos. E, a partir de um comentário de Vanda, sobre o incômodo dela e da gente do bairro com a estrutura de filmagem ali montada – “por que não fazes um filme mais simples?” –, surgiu o ímpeto para se fazer No quarto da Vanda… Em um curso intensivo que ministrou no Japão, Costa disse: “A meu ver, há al­guns filmes que são como portas, ainda que neles não haja portas, filmes que se assemelham a portas que não permitem nossa entrada como protagonistas.

Mantemo-nos à margem. Vemos um filme e somos alguma coisa diversa dele. […] Essa porta é absolutamente necessária. Não é uma peça de propriedade privada, isto é, não é fechada de uma maneira autoritária. Podemos abri-la ou fechá-la, a escolha é nossa.”¹ Nesse mesmo texto, é mencionado um filme de Kenji Mizoguchi, A rua da vergonha. Seu título original, Akasen chitai, significa em japonês “a zona da linha vermelha”, em referência à prostituição existente na região de Tóquio onde se passa o filme. Ali há sempre muitas portas, umas tantas que se abrem e outras muitas que se fecham, e que aos poucos vão revelando tanto a estrutura do filme quanto as dinâmicas

1. “Uma porta fechada que nos deixa imaginar”, transcrição das falas de Costa neste curso, presente no catálogo O cinema de Pedro Costa, editado em 2010 por ocasião da mostra dedicada a seu trabalho no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo.


de poder entre as protagonistas, empregadas de um bordel do bairro. De forma semelhante, nos filmes de Costa – penso muito em Onde jaz teu sorriso?, No quarto da Vanda e Juventude em marcha –, há muitas portas por onde passam seus 3

personagens, onde se encostam, onde se sentam, por onde as pessoas vão e vêm, desenvolvendo um raciocínio, como vemos Jean Marie-Straub andar e divagar em Onde jaz… São atos que revelam e escondem ações, como ele mesmo ad­-

mite: às vezes o que não é dito é mais importante do que o que é dito. Na fala de Costa, há diversas portas fechadas. Ele não fala sobre a vida pessoal, talvez em um gesto para evitar malabarismos interpretativos que associem


seus filmes a sua trajetória íntima. Ao ser perguntado sobre seu método de direção de atores, é discretamente reticente. Tive a impressão de que ele não disserta profundamente sobre o tema em público, como quem evita ou mesmo resiste a qualquer tentativa de imitação. “Resistência” foi uma palavra que ele usou com uma certa frequência ao longo do workshop. Diante dos participantes, ele repetiu também palavras como “rigor”, “trabalho”, “justeza”, “rotina”, “Straub-Huillet”. Muito “Straub-Huillet”, principalmente sua experiência em Onde jaz o teu sorriso?, filme em que ele acompanha a rotina de Straub e Danièle Huillet na montagem de Gente da Sicília!. Há um momento nesse filme, quando o casal de diretores discute sobre o ponto de corte de um plano, em que Straub diz que “não é bom procurar uma solução intermediária – como a democracia, não funciona”. Em outro, ao relatar um jantar entre Luis Buñuel e Nicholas Ray, Straub faz referência ao espanto de Buñuel ao ouvir de Ray que, em Hollywood, um filme de um cineasta nunca poderia custar menos que seu filme anterior. Nota-se que 4

um tópico de preferência de Costa são os métodos de produção – há uma clara recusa à prática “clássica” do meio, que envolve uma grande equipe e orçamentos vultosos. Aqui não houve solução intermediária, mas uma ruptura com essas engrenagens. A partir de No quarto da Vanda, reduziu-se a equipe de filmagem, em que participam pouquíssimos colaboradores. Não há transcendência ou mistificações, há a busca de um trabalho que seja justo com aqueles que retrata, no qual a pessoa a filmar é tão importante quanto aquela que vende couves. Um ofício como outro qualquer, cuja atenção ao gesto e ao detalhe de uma cena durante a montagem é a mesma que um alfaiate emprega à costura, ao detalhe de uma roupa, como disse Costa ao evocar a profissão do avô. Fundamental é também o tempo. Nas produções vultosas, há pressa, pois há muito dinheiro envolvido, há uma equipe grande a ser paga, com um cronograma estrito a cumprir. Após Vanda, o que vemos nos filmes de Costa é o resultado de um trabalho partilhado entre realizador e “personagens”, cujo

efeito genuíno só é possível com o estabelecimento de uma rotina de trabalho e com a construção de uma intimidade, processo que ocorre a seu tempo – no caso de Vanda, três anos de filmagens e de intensa vivência nas Fontainhas. No final do primeiro dia, Costa evo-­ cou uma fala de Thom Andersen sobre Cavalo dinheiro, para quem o filme nos diz que “você acha que sabe algo sobre solidariedade, mas você não sabe”. O que era intuído ao ver os filmes de Pedro Costa se torna mais claro ao longo desses encontros: seus filmes são marcados por princípios rígidos e discretamente políticos. Dentre eles, a recusa da empatia sugestionada para que o espectador se reconheça naqueles personagens. Estamos sempre a uma distância muito próxima do que vemos, mas não há conciliação nem redenção. Ainda em torno da fala de Andersen, para Costa, “ser solidário é partilhar qualquer coisa que não se pode partilhar”. Nessa concepção de cinema, a porta fechada é o limite, e não cabe a nós ultrapassá-lo.


Amor pelas torrentes e liames O auge do humano (2016), de Eduardo Williams por Juliano Gomes

Nascido em 1987, Eduardo Williams é um dos jovens diretores atuais cuja obra possui uma inegável consistência, construída por meio de um constante risco. Esse seu primeiro passo em longa duração guarda muitas semelhanças com seus cinco curtas-metragens anteriores, que estabeleceram a justa fama do artista argentino em vários dos principais festivais do mundo. O auge do humano é mais um capítulo de sua exploração das múltiplas dimensões do que é ser jovem no mundo de hoje. Aqui, como nos filmes anteriores, o que se busca é, acima de tudo, um sentimento, uma sensação, em que o “deslocamento” é o motivo central – “motivo” como causa e também no sentido musical e composicional. Em seu primeiro longa, Williams compõe mais uma experiência de continuum por meio de longos planos em lentes abertas, ao mesmo tempo hiper-realistas e oníricos, em que o sentido é mais o da experiência do que o da informação. Quase nunca sabemos os nomes das personagens – se é que podemos chamá-las disso. Assim também com os lugares: 5

aqui, sua composição em fluxo atravessa três territórios em países e línguas diferentes: Argentina, Moçambique e Filipinas. Sempre acompanhando jovens, vivemos esses espaços em trânsito, como que celebrando ou mesmo “curtindo” cada pequeno elemento que muda ou modula: passar por uma porta, mudar do exterior para o interior, da alta para a baixa luz, e assim por diante. A obra de Williams e sua radicalidade do presente são a de

um amor desinteressado e insistente ao transitório. Esse cinema é um dos primeiros a se dedicar a uma espécie de mudança cognitiva que a geração nascida próximo à mudança de milênio vive. Nos filmes de Williams, experimentamos uma forma de sentir desgarrada, ao mesmo tempo dispersa e atenta, multifocal e acentrada. Muitas das cenas não têm um elemento central, assim como suas composições


visuais são quase sempre desequilibradas no sentido da simetria, tendo sempre um toque de artesania nos seus desenquadres. Mas a questão é justamente essa: o que parece estar em curso é a poética de um mundo sem centro, cujo vínculo se constitui justamente pela experiência do movimento. Mais moção do que exatamente emoção. E ter o movimento como perspectiva é abraçar uma forma distraída, porém tenaz, em que as conexões se dão de forma lateral: a inundação que rima com a caminhada na praia, o link transcontinental pela transmissão pornô e, sempre, as telas brilhantes dos celulares e computadores – que, não por acaso, sempre estão com problemas de funcionamento. Williams é um dos primeiros grandes poetas desse estado perceptivo pensando em sua positividade. Seu lema é algo como: “Distraídos, moveremos”. Entretanto, essa sua sensação de distração, na medida em que o filme espacialmente não se detém, desenha uma forma de perceber que desobedece hierarquias. Porque quando não há foco, não há dominância, as escalas se 6

confundem, e tudo pode ser o principal. É uma espécie de festa óptica o que se oferece, cheia de pequenos jogos, como a constante diferença entre a proximidade visual e auditiva (ouvimos de perto um personagem quando ele está espacialmente afastado no quadro). Esse cinema dos tempos dos gadgets, da sociedade em contínuo, do 24/7, oferece também seu antídoto. Porque, no capitalismo atual, a moeda, a matéria de desigualdade, é a informação. Ao Google, não importa tanto quem sou, mas meus padrões de compras, palavras-chave, trajetos recorrentes. Assim, o segredo e a opacidade se tornam armas políticas. O manejo sobre o não saber, o trabalho do indecodificável, é o que faz a máquina desacelerar, e aqui parece ser o fundamento de uma ética. Perambular, mas nunca devassar, estar junto, mas cultivar o que é secreto, sem com isso afrouxar os vínculos. Justo o contrário: em O auge do humano, se trata de como construir liames onde não podíamos suspeitar. É somente esse o desafio que esse cinema se coloca. Ao individualismo

liberal contemporâneo, o filme responde com um antiantropocentrismo radical. A ironia do título é só aparente: o “auge” do humano é quando essa categoria afinal se desfaz no mundo, nas coisas, se indiferencia, quando explora sua dimensão radicalmente comum, material, quando vira xixi ou formigueiro, para usar as matérias de transição usadas pelo filme. Mesmo na sua marcante cena final, em que vemos a fábrica dos equipamentos eletrônicos que unem todas as pessoas do filme, e para a qual a câmera se estabiliza pela primeira vez após uma hora e meia, o filme encontra uma imagem para “viajar”, para “brisar” mesmo: um painel cujo reflexo mostra uma forma indefinida e que reflete uma luz intermitente. Pronto, a festa perceptiva do que é vivente está também ali, deslocada de seu sentido original. Ao invés de uma condenação moral, uma torção sensorial. Esse golpe de vista é exemplar de um cinema não afeito a definições e que quer para si uma política dos vendavais, afeita a criar acolhedoras “desumanidades” em forma de ambientes transitórios. Que siga.


Em cartaz A vida invisível

Karim Aïnouz | Brasil, Alemanha | 2019, 139’, DCP Rio de Janeiro, 1950. Eurídice, 18, e Guida, 20, são irmãs inseparáveis: uma sonha se tornar pianista profissional, a outra, viver uma grande história de amor. Distanciadas por uma série de acasos, as irmãs nunca desistem de se reencontrar. A vida invisível, que é a indicação brasileira para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro para o Oscar de 2020, teve sua estreia mundial na mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes de 2019. Foi premiado como o Melhor Filme, a primeira vez que uma obra brasileira ganhou este troféu na competição. O longa é baseado no livro A vida invisível de Eurídice Gusmão, da pernambucana Martha Batalha. “Karim fez um melodrama, com personagens marcantes, cenários opressores e decadentes como o próprio machismo”, relata a autora à revista Continente. “É bonito e forte. Como espectadora, eu me vi envolvida pela trama por muitas horas após ter deixado o cinema. Interessante que esse é também o tipo de retorno que recebo com frequência de leitores: eles me escrevem para dizer que mesmo depois de terminar a leitura ainda refletem sobre ela. Fiquei feliz com o resultado, feliz que tenha tomado todas as liberdades criativas para fazer uma obra espetacular. É gratificante saber que um filme tão bonito e certamente inesquecível nasceu de algo que criei.” [Leia o artigo completo: bit.ly/AVidaInvisivelContinente] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia). 7

Para a exibição do filme no Cinema do IMS, o diretor Karim Aïnouz escreveu uma carta exclusiva aos espectadores: Queridx espectadorx, O filme que você viu ou verá é, acima de tudo, uma ode ao amor, ao amor de duas irmãs, duas mulheres. Desde que estreamos A vida invisível em maio deste ano no Festival de Cannes o filme vem ganhando o mundo, lotando salas e emocionando o público. Seja em Munique, Fortaleza, Paris, Belo Horizonte, Londres, Recife, São Francisco, Teresina, Nova York, Curitiba, Lima, São Paulo, Zurique, Mar del Plata, Rio de Janeiro, Morelia, hoje mais que ontem, sinto o filme forte em seu propósito de comunicar e fazer sentir. São muitos abraços e relatos que me acompanham desde o início dessa jornada. Pessoas que me procuram em cada uma dessas cidades que o filme já visitou, e contam emocionadas não apenas como o filme repercutiu dentro delas, mas também – e talvez mais importante – como ele conseguiu ativar dentro de cada uma a memória de suas mães, tias, avós e irmãs. O que me levou a adaptar A vida invisível foi justamente o desejo de dar visibilidade a tantas vidas invisíveis, mulheres daquela época e também dos nossos dias. As histórias dessas mulheres não foram contadas o suficiente, seja em romances, livros de história ou no cinema. A vida invisível é um esforço de desvelar o que foi por muito tempo sufocado. Que intercala suor e choro, dor e vida, perda e desejo. Que nos faz lembrar que família não é sangue, mas acima de tudo, amor. São quase cinco anos de trabalho diário ao lado de uma grande equipe que separam a ideia inicial do filme e esse grande momento que é tê-lo no circuito do cinema nacional. Que essa carta seja só o primeiro passo para uma troca. Minha vontade é saber de você, saber o que o filme te provocou. E finalmente, dedico este filme não só a Eurídice e Guida, mas também a todas as mulheres do Brasil e do mundo. Um grande abraço Karim


Azougue Nazaré

Tiago Melo | Brasil | 2018, 82’, DCP ​ atita e Darlene vivem em uma casa isolada em C meio a um imenso canavial próximo à cidade de Nazaré da Mata (PE). Ele participa escondido do maracatu, combatido como coisa do demônio pelo pastor Barachinha, líder da igreja frequentada por Darlene. O diretor Tiago Melo chegou a Nazaré da Mata, cidade onde sua avó nasceu, com a vontade de fazer um documentário. “Fui fazendo a pesquisa, conhecendo as pessoas, e foi me dando uma vontade muito grande de fazer uma ficção. Primeiro, porque eu ficava pensando lá se ia fazer mais um doc sobre maracatu, já existem tantos, tantos outros já abordaram a parte religiosa, e eu percebi que estava animado para fazer algo diferente”, relata o diretor em entrevista à revista Continente, na qual fala também sobre o processo de escolha do elenco: “Quem fez a pesquisa comigo foi Ítalo Gustavo, que é de Nazaré e trabalha comigo há muitos anos. Ele toca no maracatu, toca trombone, e eu pedi a ele que, durante o Carnaval, deixasse 8

um iPad meu na mão de todo mundo da Cambinda Brasileira. A ideia era que eles se filmassem sem a minha presença, e terminou que isso foi o casting que eu estava pensando em fazer. Foi aí nesses vídeos de Carnaval que me encantei mais com Valmir do Coco, que faz Catita, por exemplo. Já conhecia, achava interessante, mas achei bem mais forte. Várias outras pessoas do maracatu vieram também dessa forma. A ideia sempre foi usar o máximo possível de pessoas da Cambinda Brasileira, mas aí depois o processo abrangeu Nazaré como um todo.” [Leia a entrevista completa em: bit.ly/AzougueNazare] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

Diante dos meus olhos

André Felix | Brasil | 2018, 83’, DCP 45 anos após a dissolução da banda Os Mamíferos, os músicos Marco Antônio Grijó, Afonso Abreu e Mario Ruy vivem um cotidiano simples na cidade de Vitória. O documentário, longa-metragem de estreia de André Felix, aborda a história da cena cultural capixaba do final dos anos 1960, tendo a banda como principal fio condutor. Os Mamíferos participou ativamente da criação da paisagem cultural daquele período no Espírito Santo. Recentemente, a importância da banda, preservada em gravações e imagens de arquivo, tem sido reconhecida por jornalistas e pesquisadores. “O que mais me chamou atenção na história não era o que a tornava grandiosa, mas a questão do fracasso deles”, comenta o diretor André Felix em depoimento disponível no material de imprensa do filme. “Eu acho que esse é o elemento político, exatamente no momento em que nos permitimos documentar o nosso fracasso. E mexer na história da música brasileira, que é, em todos os sentidos, nosso maior bem, falar da geração dos anos 1960 e 1970, me encantava. Eu acredito que, quando existe uma falha, é muito mais interessante documentar do que quando se tem um sucesso.” Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).


Meu amigo Fela

Joel Zito Araújo | Brasil | 2019, 92’, DCP Revolucionário, visionário, gênio, guerrilheiro, pan-africanista e pop star. São muitos adjetivos que podem ser aplicados a Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti, mais conhecido como Fela Kuti. Nascido na Nigéria em outubro de 1938, Fela estudou música em Londres e faleceu em agosto de 1997, em decorrência de complicações do vírus HIV. O multi-instrumentista foi um dos pioneiros do gênero afrobeat, além de ter sido ativista político e defensor dos direitos humanos. Em Meu amigo Fela, o diretor brasileiro Joel Zito Araújo vai a Nova York entrevistar o cubano Carlos Moore, amigo íntimo e biógrafo oficial de Fela, com o objetivo de tentar entender o homem que viveu por trás do mito de “excêntrico ídolo pop africano do gueto”. Segundo o diretor, Carlos Moore não é o único amigo de Fela a que o título do filme faz referência. “Na realidade, o título Meu amigo Fela refere-se a todos os amigos de Fela Kuti que estão no filme, e indiretamente eu, um amigo mesmo que imaginá9

rio”, conta o realizador, em entrevista à Revista de Cinema. “O dispositivo fílmico para contar a história do Fela consistiu em buscar os relatos dos amigos íntimos desse grande e trágico artista. Lá, você verá o biógrafo, a amante norte-americana que fez a cabeça de Fela, o filho, uma das suas 27 esposas, os artistas gráficos, o baterista que ajudou a criar o afrobeat, e assim por diante. Eu queria, portanto, fazer um documentário que entrasse na intimidade de Fela, e esta foi a estratégia que inventei. Carlos Moore acabou tendo um papel discreto de condutor da memória coletiva. É importante também dizer que Fela foi a minha maneira de falar da África, da geração de pan-africanistas que sempre admirei e de minhas angústias com as tragédias que o continente viveu e vive. É, portanto, um filme que tem também o meu ponto de vista, nesse sentido.” [Leia a entrevista completa: bit.ly/MeuAmigoFela] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

Synonymes

Synonyms Nadav Lapid | França, Israel, Alemanha | 2019, 123’, DCP Yoav, um jovem israelense, chega a Paris determinado a apagar suas origens e se tornar francês. Ele abandona a língua hebraica e se esforça de todas as maneiras para encontrar uma nova identidade. “Eu acho que para mim há uma pergunta sobre o filme: seria específico para Israel ou não; ou poderia ter sido um filme sobre um suíço fugindo da Suíça”, comenta o diretor Nadav Lapid em entrevista ao portal Notebook. “Porque todos nós, ou a maioria de nós, amamos nossas amarras, enquanto outros olham para nossa identidade como nosso pior inimigo. Seja ou não específico para Israel... acho que ambos. Acho que há uma certa especificidade, mas digamos que o demônio de que ele está fugindo seja um demônio israelense. Talvez pudesse ter sido um demônio diferente? Mas no filme é um demônio israelense, ou política israelense, ou uma alma israelense.


Sessões especiais Quando penso nisso, ele não está fugindo, não é político no sentido estrito do termo, porque não é como se amanhã houvesse um primeiro-ministro diferente, e ele tivesse feito isso e aquilo, que ele diria: ‘Ah, que ótimo!’. Ele está fugindo, eu acho, da melodia existencial de Israel, da música de sua alma. E essa alma, eu acho, é caracterizada por homens fortes, com corpos musculosos e devoção e amor ilimitados pelo país. E ele é um homem extremamente atlético, que tem um ódio ilimitado de seu país, atraído também por esses homens [israelenses] fortes [que vivem em Paris] que amam seu país e, ao mesmo tempo, odiando eles. Então eu acho que o corpo é a contradição dentro desse projeto, e não é por acaso que ele está tentando aniquilar seu próprio corpo ao longo do filme.” Synonymes foi o vencedor do Urso de Ouro e do Prêmio da Crítica no Festival de Berlim deste ano. [Íntegra da entrevista, em inglês: bit.ly/nlsyno] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

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O processo, houve alguns trechos que não foram originalmente usados porque havia problemas técnicos, como a câmera tremendo. Se eu estivesse editando este filme na década de 1930, teria que retirar essas partes, mas elas funcionam agora de uma maneira muito diferente. Agora, mais do que qualquer outra coisa, essas imperfeições são quase uma confirmação da autenticidade do material.” [Leia a entrevista completa em inglês: bit.ly/FuneralDoEstado]

Funeral de Estado

State Funeral Sergei Loznitsa | Holanda, Lituânia | 2019, 135’, DCP A notícia da morte de Stálin, em 5 de março de 1953, mobilizou toda a União Soviética. A cerimônia de sepultamento foi assistida por dezenas de milhares de pessoas em luto. O documentário acompanha cada estágio do espetáculo fúnebre e aborda a questão do culto à personalidade de Stálin. Assim como seu filme anterior, O processo, em que Sergei Loznitsa apresenta um julgamento encenado, Funeral de Estado é feito a partir de imagens de arquivo da União Soviética. “Ao trabalhar com arquivos, fico limitado pelas imagens que tenho em mãos. Estou fazendo uma colagem do que está disponível, criando uma narrativa que levará o espectador e eu a algum tipo de significado.” “Alguns dos momentos mais interessantes estão escondidos nos clipes que originalmente seriam deixados no chão da sala de corte. Em

Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).


Dezembro vermelho

No quarto da Vanda

Pedro Costa | Portugal, Alemanha, Suíça | 2000, 170’, DCP Em seu primeiro trabalho em vídeo digital, Pedro Costa apresenta o cotidiano de Vanda Duarte, uma jovem que vive com dependência química e pouco contato com o mundo exterior, e seus vizinhos no bairro de Fontainhas, o qual enfrenta um processo de destruição. Próximo do fim do longa, Vanda declara: “A vida só me tem dado desprezos. Morar em casas-fantasma que outras pessoas deixaram. Estive em casas em que nem uma bruxa queria lá morar. Mas também estive em casas que valiam a pena. Todas as casas que ocupei eram casas clandestinas. Foram casas que as pessoas abandonaram, mas, se estivesse lá uma pessoa de bem, eles até não mandavam abaixo. E olha, foi assim, casa atrás de casa. Já paguei mais pelas coisas que não fiz que pelas coisas que fiz.” Um marco na carreira de Costa, o filme implicou a reelaboração da forma como o diretor fazia cinema e a estrutura mobilizada para produzir um 11

filme. Em depoimento a Cyril Neyrat, ele comenta: “Havia um mundo externo de produção, de estrangeiros, que me incomodava. Eu queria estar lá com as pessoas, mas de outra maneira. E o cinema não passava no bairro, nenhum filme podia ser feito lá. Essa é a força de Vanda: era preciso encontrar um filme que não fosse um filme, pelo menos não como Ossos. […] Impúnhamos um aparato enorme a um bairro já explorado por todo mundo, que não precisava ser ainda mais explorado pelo cinema. Já há a polícia, o desemprego, a droga, os brancos… e o cinema? Além disso, uma filmagem tem um lado muito ‘policial’. Chegamos como a polícia, e depois nos vamos como a polícia.” “Eu me libertava de um produtor, e agora me libertava ainda por cima do diretor de fotografia. […] Acontece que passei para vídeo porque é prático, mas em Vanda ou Juventude em marcha (2006), isso vai além do vídeo, é uma maneira de fazer um trabalho em imagens e sons.” [Depoimento de Costa concedido a Cyril Neyrat, disponível no livro que acompanha a edição em DVD de No quarto da Vanda na França (Nantes: Capricci, 2008). Os trechos aqui citados foram extraídos de um texto de Eduardo Escorel publicado no blog Questões Cinematográficas, em 2010, e disponível em: bit.ly/eevanda] Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).

No mês de conscientização para medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos de pessoas vivendo com HIV/Aids, o Cinema do IMS traz dois filmes que abordam o tema. Caminhos cruzados, documentário vencedor do Oscar de 1989, apresenta diferentes perfis de pessoas que faleceram por conta da doença e que foram homenageadas no Aids Memorial Quilt, uma colcha de retalhos quilométrica apresentada no passeio nacional em Washington em memória das vítimas da Aids. O documentário será apresentado em sua mais recente restauração, inédita no Brasil. O média moçambicano Silêncio da mulher revela a trajetória de Marta, que tem dificuldades para ter filhos e por isso é ostracizada por sua comunidade. Quando finalmente consegue engravidar, se descobre soropositiva. A primeira exibição do filme, no IMS Paulista, será seguida de debate com Aline Ferreira, graduanda em psicologia, ativista do movimento social da Aids e integrante do coletivo Loka de Efavirenz. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).


Silêncio da mulher

até chegarem nos cinco personagens principais do documentário. Caminhos cruzados, que será apresentado em sua mais recente restauração, inédita no Brasil, foi o vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 1989. Epstein já havia recebido a estatueta na mesma categoria em 1985, pelo filme Os tempos de Harvey Milk.

Gabriel Mondlane | Moçambique, Espanha | 2008, 48’, Arquivo digital Marta vive em uma comunidade rural com o marido e a família dele. As dificuldades para gerar um filho fazem com que ela seja constantemente cobrada por todos a sua volta. Quando, enfim, consegue engravidar, ela descobre que é soropositiva. O média-metragem foi realizado com o apoio da ONG catalã MedicusMundi e da União Europeia, com o objetivo de divulgar programas de prevenção da transmissão vertical do HIV e de segurança na maternidade. “Na África subsaariana, múltiplos fatores socioculturais contribuem a criar barreiras que dificultam a aderência das mulheres aos programas de prevenção da transmissão mãe-filho do HIV”, anunciam os créditos iniciais do filme. “Silêncio da mulher foi concebido como uma ferramenta para pesquisa e comunicação visual destinada a encorajar as comunidades a debater temas sensíveis relacionados com a vida reprodutiva da mulher, o diagnóstico do HIV durante a gravidez e o acesso aos programas de saúde disponíveis na rede sanitária, fatos sobre os quais outros atores sociais e familiares desempenham papéis decisivos.”

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[Leia a entrevista completa em inglês: bit.ly/CaminhosCruzadosDoc]

Caminhos cruzados

Common Threads: Stories from the Quilt Rob Epstein, Jeffrey Friedman | EUA | 1989, 81’, cópia restaurada em DCP Nos anos 1980, durante o auge da epidemia da Aids, os cineastas Rob Epstein e Jeffrey Friedman retratam cinco histórias de pessoas que faleceram por conta da doença e que foram homenageadas no Aids Memorial Quilt, uma colcha de retalhos quilométrica apresentada no passeio nacional em Washington em memória das vítimas da Aids. “Ficamos impressionados e comovidos com o tamanho da colcha e a intimidade proporcionada por ela”, conta Epstein à revista Variety. “Eu nunca havia visto nada assim. Estávamos com o nosso amigo [o cineasta] Peter Adair, e ele disse: ‘Alguém tem que fazer um filme sobre isso’. Jeffrey e eu corremos com isso e voltamos para São Francisco, nos encontramos com o pessoal do Names Project e começamos a investigar todo o material.” Eles leram as mais de duas mil cartas enviadas ao projeto, selecionaram 200 histórias, realizaram entrevistas por telefone e depois vídeo,

Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).


Sessão Cinética Em 2019

Em comemoração aos dez anos da Sessão Cinética no IMS, os críticos da revista elaboraram um debate intitulado Em 2019, que tem por objetivo discutir o ano no Brasil. De acontecimentos da macropolítica a pequenas performances cotidianas, os críticos da revista procuram construir uma imagem retrospectiva para estes 12 meses, que abarque contradições, simultaneidades, gramáticas, e que possa funcionar também, a médio prazo, como um testemunho do que o ano representou, em termos de imagens e sons. 11/12, quarta, 19h30. Entrada gratuita. Lugares limitados. Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.

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como algo único, que querem parecer importantes quando se referem a uma espécie inteira. Mas eu pensei que, com o filme, faz um bom contraste: o título parece pretensioso; o filme é áspero, obscuro, amador, misterioso e muito normal. No final, um título é usado para atrair pessoas. Eu pensei que seria bom chegar com grandes expectativas do aumento da própria espécie e depois ser enganado, mas subsequentemente surpreendido de outra maneira.”

O auge do humano

El auge del humano Eduardo Williams | Argentina, Brasil, Portugal | 2016, 100’, DCP Trabalhar e perder o emprego. Caminhar, chegar, cumprimentar. Conectar-se ou procurar por conexão. Para alguns jovens de Buenos Aires, Maputo ou Bohol, algumas coisas parecem ser iguais, ou quase. Em uma lenta perseguição, algo será revelado sobre esse mistério que une a todos, não somente os humanos. “O título estava lá quase desde o início. Veio de uma vontade de ver os humanos como apenas outra espécie que tem seus estágios de desenvolvimento, o nascimento, o auge e depois o desaparecimento”, conta o diretor Eduardo Williams à revista Mousse. “Isso me faz sentir bem e calmo; está tudo bem, é apenas mais um ciclo de algo acontecendo. Mas também me deixa nervoso: estamos no auge de alguma coisa? Isso me faz querer gritar por dentro. Eu também pensei que era um título horrível. Estou tão cansado de pessoas que querem falar sobre seres humanos

[Leia a entrevista completa em inglês: bit.ly/AugedoHumano] Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).


Susan Meiselas: mediações Imagens de uma revolução

Pictures from a Revolution Susan Meiselas, Richard P. Rogers, Alfred Guzzetti | EUA, Nicarágua | 1991, 93’, Arquivo digital Em um diálogo intelectualmente estimulante sobre o poder das imagens, a renomada fotógrafa Susan Meiselas retorna às cenas de uma revolução que ela testemunhou e capturou com sua câmera. Impregnado de contexto e cor, Imagens de uma revolução encontra os lugares e as pessoas por trás de fotografias icônicas de Meiselas na Nicarágua, devastada pela guerra, ao final dos anos 1970 e 1980. Mergulhando na vida de sandinistas, membros da guarda nacional e de civis, espalhados de Miami a Manágua, uma década depois de se enfrentarem em uma luta sangrenta, o filme encontra tanto sentimentos de decepção como de um orgulho modesto em meio ao revirar de memórias ainda frescas. As histórias por trás das fotos trazem um novo entendimento da questão social, enquanto convidam a refletir sobre o complexo relacionamento do fotógrafo de guerra com seus personagens. O filme complementa a exposição Susan Meiselas: Mediações, em cartaz no IMS Paulista. Entrada gratuita. Lugares limitados. Distribuição de senhas uma hora antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.

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Harun Farocki: quem é responsável? Entre 18 de setembro e 5 de janeiro de 2020, o IMS Paulista apresenta a exposição Harun Farocki: quem é responsável?, na Galeria 3, com videoinstalações sobre o mundo do trabalho e suas consequências na organização das sociedades. Farocki (1944-2014) se autodefinia como um antifascista incurável. A pergunta sobre o lugar de cada indivíduo na cadeia de produção global – levando-se em conta suas consequências mais violentas – e a investigação obsessiva sobre o papel das imagens nos sistemas de poder tornam sua obra espantosamente atual. Em paralelo à exposição, o cinema do IMS Paulista apresentará três filmes de Harun Farocki que discutem o mesmo tema: Sauerbruch Hutton Arquitetos (2013), Natureza-morta (1997) e A saída dos operários da fábrica (1995).

Natureza-morta

Entrada gratuita. Lugares limitados. Distribuição de senhas uma hora antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.

A partir de uma cena do filme La sortie des usines Lumière (A saída da fábrica Lumière), realizado em 1895 pelos irmãos Lumière, na França, Harun Farocki cria um ensaio documental com cenas que mostram a mesma situação ao longo da história do cinema. O filme inclui trechos de clássicos, como Metrópolis (1927), de Fritz Lang, Tempos modernos (1936), de Charles Chaplin, e Accattone – Desajuste social (1961), de Pier Paolo Pasolini.

Sauerbruch Hutton Arquitetos Harun Farocki | Alemanha | 2013, 73’, DCP

Durante seis meses, Harun Farocki acompanhou o dia a dia do escritório de arquitetura alemão Sauerbruch Hutton, conhecido pela criação de edifícios ecologicamente sustentáveis. O filme mostra o processo de criação de um projeto, envolvendo recursos de realidade virtual e conversas abstratas sobre o resultado estético. Sauerbruch Hutton Arquitetos é o último filme do cineasta.

Stilleben Harun Farocki | Alemanha | 1997, 56’, Arquivo digital Harun Farocki compara a fotografia publicitária de objetos do cotidiano com as naturezas-mortas realizadas por pintores flamengos no século 17. Ele acompanha o trabalho minucioso de fotógrafos profissionais na construção de imagens publicitárias que mostram uma tábua de queijos, copos de cerveja e um relógio.

A saída dos operários da fábrica Arbeiter verlassen die Fabrik Harun Farocki | Alemanha | 1995, 36’, DCP


coleção DVD | IMS

Criada em 2012 pelo então coordenador de cinema José Carlos Avellar (1936-2016), a coleção DVD | IMS já lançou diversos filmes, entre produções brasileiras e estrangeiras.

Vinicius de Moraes, um rapaz de família Susana Moraes | Brasil, 1983, 30’ Neste documentário – em versão cuidadosamente restaurada –, Susana Moraes retrata o pai, Vinicius, na intimidade. Distante de um possível retrato oficial do grande poeta, diplomata e criador da bossa nova, o filme mostra um homem entre amigos e familiares, desprendido de convencionalismos, numa atmosfera que se reflete também na linguagem despojada da obra. Sem dúvida, esse perfil afetivo, cotidiano e bem-humorado só foi possível porque a equipe de filmagem era formada por pessoas próximas e porque Vinicius nunca sai de seu círculo amistoso, composto por Oscar Niemeyer, Ferreira Gullar e Tom Jobim, entre outros. A edição inclui uma faixa comentada por Adriana Calcanhotto, Eucanaã Ferraz, Julia Moraes e Tuca Moraes; além de um livreto com textos de Walter Salles, Pedro Butcher e depoimento de Robert Feinberg.

O futebol, de Sergio Oksman O botão de pérola e Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán Photo: Os grandes movimentos fotográficos Homem comum, de Carlos Nader Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes Últimas conversas e Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos Imagens do inconsciente e São Bernardo, de Leon Hirszman Os dias com ele, de Maria Clara Escobar A tristeza e a piedade, de Marcel Ophüls Os três volumes da série Contatos: A grande tradição do fotojornalismo; A renovação da fotografia contemporânea; A fotografia conceitual La Luna, de Bernardo Bertolucci Cerimônia de casamento, de Robert Altman Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho

Vidas secas e Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos O emprego, de Ermanno Olmi Iracema, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna Cerimônia secreta, de Joseph Losey As praias de Agnès, de Agnès Varda A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch Diário 1973-1983 e Diário revisitado 1990-1999, de David Perlov Elena, de Petra Costa A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper Seis lições de desenho com William Kentridge Sudoeste, de Eduardo Nunes Shoah, de Claude Lanzmann Memórias do subdesenvolvimento, de Tomás Gutiérrez Alea E três edições voltadas à poesia: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade

Os DVDs podem ser adquiridos nas livrarias especializadas, nas lojas dos nossos centros culturais e na loja online do IMS: bit.ly/imsdvd. 15


Curadoria de cinema Kleber Mendonça Filho Programação de cinema e DVD Barbara Alves Rangel Programadores assistentes Ligia Gabarra e Thiago Gallego Projeção Ana Clara Costa e Lucas Gonçalves de Souza

Os filmes de dezembro

Meia-entrada

O programa de dezembro tem o apoio da Cinemateca do MAM, da revista Cinética e das distribuidoras Inquieta Cine, O2 Play, Fênix Filmes, Vitrine Filmes, Sony, Pique-Bandeira Filmes, RT Features e do Espaço Itaú de Cinema. E dedica agradecimentos a Aline Ferreira, Gabriel Mondlane, Maria Choustova, Sergei Loznitsa e Raquel Freire Zangrandi.

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos. Venda de ingressos Ingressos à venda pelo site ingresso. com ou na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 145 lugares. Devolução de ingressos Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em facebook.com/ cinemaims e ims.com.br. Não é permitido o acesso com mochilas ou bolsas grandes, guarda-chuva, bebidas ou alimentos. Use nosso guarda-volumes gratuito. Confira a classificação indicativa no site do IMS.

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O auge do humano (El auge del humano), de Eduardo Williams (Argentina, Brasil, Portugal | 2016, 100’, DCP) [capa] No quarto da Vanda, de Pedro Costa (Portugal, Alemanha, Suíça | 2000, 170’, DCP)


Caminhos cruzados (Common Threads: Stories from the Quilt), de Rob Epstein, Jeffrey Friedman (EUA | 1989, 81’, DCP)

Terça a sábado, sessões de cinema até as 22h; domingos e feriados, até as 20h. Visitação, Biblioteca, Balaio IMS Café e Livraria da Travessa Terça a domingo, inclusive feriados (exceto segundas), das 10h às 20h; quintas, até as 22h. Última admissão: 30 minutos antes do encerramento. Entrada gratuita. O IMS Paulista, a Livraria da Travessa e o café e restaurante Balaio estarão fechados nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1 de janeiro

Avenida Paulista 2424 CEP 01310-300 Bela Vista – São Paulo tel: (11) 2842-9120 imspaulista@ims.com.br

ims.com.br /institutomoreirasalles @imoreirasalles @imoreirasalles /imoreirasalles /institutomoreirasalles


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