IMS Paulista: os filmes de janeiro/2020

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cinema jan.2020


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O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’) Meu amigo Fela (92’)

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O IMS estará fechado neste dia

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O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’) Meu amigo Fela (92’)

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14:00 O farol (109’) 16:30 Synonymes (123’) 19:00 Primata (105’), seguido de debate com Juliana Fausto

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16:00 O farol (109’) 19:00 Portal da carne (90’) 21:15 Mire na viatura (84’)

16:00 O farol (109’) 19:00 Fera adormecida (85’) 21:15 Tudo vai mal (72’)

16:00 O farol (109’) 19:00 Abaixo os vândalos (80’) 21:15 Detetive Bureau 2-3 (89’)

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16:00 O farol (109’) 19:00 Tóquio violenta (83’) 21:15 Elegia da briga (86’)

16:00 O farol (109’) 19:00 A marca do assassino (91’) 21:15 História de melancolia e tristeza (91’)

16:00 O farol (109’) 19:00 Zigeunerweisen (144’) 21:45 O farol (109’)

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19:00 Yumeji (139’)

19:00 Pistol Ópera (112’)

19:00 Princesa Guaxinim (101’)

O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’) Meu amigo Fela (92’)

14:00 Meu amigo Fela (92’) 16:00 O farol (109’) 20:00 Sessão Mutual Films: O retrato da escuridão (38’) + O Grande Bizarro (60’)

* Na programação de 1 a 9/2 estão apresentados somente os filmes da retrospectiva Seijun Suzuki Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em facebook.com/cinemaims e ims.com.br.


sexta 3 12:00 14:00 16:30 19:00 21:30

Natureza-morta (56’) O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’) Meu amigo Fela (92’)

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A saída dos operários da fábrica (36’) O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’) Meu amigo Fela (92’)

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sábado

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12 Imagens de uma revolução (93’) O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’) Meu amigo Fela (92’)

18 Meu amigo Fela (92’) O farol (109’) Synonymes (123’) O farol (109’)

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14:00 O farol (109’) 16:30 Synonymes (123’) 19:00 O farol (109’)

14:00 O farol (109’) 16:30 Synonymes (123’) 19:00 O farol (109’)

19 Imagens de uma revolução (93’) Meu amigo Fela (92’) Primata (105’) Synonymes (123’) O farol (109’)

14:00 Meu amigo Fela (92’) 16:00 Sessão Mutual Films: O Grande Bizarro (60’) + O retrato da escuridão (38’) 19:00 Synonymes (123’)

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16:00 O farol (109’) 19:00 Nosso sangue não perdoa (97’) 21:15 A juventude da besta (92’)

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16:00 O farol (109’) 19:00 Kagero-za (139’) 21:45 O farol (109’)

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15:00 Zigeunerweisen (144’) 18:00 Kagero-za (139’) 21:00 Yumeji (139’)

18:30 Pistol Ópera (112’) 20:00 Princesa Guaxinim (101’)

Imagens de uma revolução (93’) Mire na viatura (84’) Fera adormecida (85’) Tudo vai mal (72’)

18:00 Abaixo os vândalos (80’) 20:00 Detetive Bureau 2-3 (89’)

2/2 Nosso sangue não perdoa (97’) Tóquio violenta (83’) Elegia da briga (86’) A juventude da besta (92’)

16:00 A marca do assassino (91’) 18:00 História de melancolia e tristeza (91’) 20:00 Portal da carne (90’)


Primata (Primate), de Frederick Wiseman (EUA | 1974, 105’, 16 mm) [capa] A marca do assassino (Koroshi no rakuin), de Seijun Suzuki (Japão | 1967, 91’, 35 mm) © 1967 Nikkatsu Corporation


destaques de janeiro 2020 Hiperestilizados, divertidos, ligeiramente niilistas – são alguns dos traços da obra do cineasta Seijun Suzuki. A partir do dia 21 de janeiro, o IMS apresenta em retrospectiva 17 de seus filmes, sendo 15 deles em cópias em 35 mm provenientes do Japão. Os filmes exibidos percorrem distintos momentos de sua carreira, de diretor de filmes B na Nikkatsu a seu último filme, Princesa Guaxinim. Em celebração aos 90 anos de Frederick Wiseman, comemorados no dia 1o de janeiro, será exibido seu filme Primata, lançado em 1974, no qual o diretor acompanha o funcionamento de um centro de pesquisas em primatologia. A primeira sessão do filme, no dia 14, será acompanhada por uma conversa com a pesquisadora Juliana Fausto. Ainda em janeiro, ocorre a estreia de O farol, com William Dafoe e Robert Pattinson, exibido na Quinzena dos Realizadores, de 2019, em Cannes.

O retrato da escuridão (The Picture from Darkness), de Takashi Makino (Japão | 2016, 38’, DCP)

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© 1960 Nikkatsu Corporation

Mire na viatura (Jusango taihisen yori: Sono gososha o nerae), de Seijun Suzuki (Japão | 1960, 84’, 35 mm)

Primata (Primate), de Frederick Wiseman (EUA | 1974, 105’, 16 mm)

O farol (The Lighthouse), de Robert Eggers (Canadá, EUA | 2019, 109’, DCP)


Seijun Suzuki, o antimestre por Ruy Gardnier

Os mestres do gênero cinematográfico geralmente são aqueles que o levam ao apogeu de perfeição estilística. São frequentemente artistas que se identificam com os valores do gênero em questão e usam de sua mestria artesanal para criar peças meticulosamente equilibradas e bem-dosadas. Mas e quando o gênio organiza sua mestria para ir contra o gênero, para explodir o gênero por dentro, para sapatear em cima de suas convenções? Se pudermos chamar esse tipo de artista de antimestre, então o primeiro cineasta a quem devemos atribuir essa designação será Seijun Suzuki. Suzuki é mais conhecido pela exuberância anárquica de A marca do assassino (Koroshi no rakuin, 1967) e pelo escândalo em que se envolveu com a produtora Nikkatsu, que considerou a narrativa “incompreensível” e o baniu da indústria cinematográfica japonesa. Mas a rebeldia moral e a inquietação artística características de Suzuki já podem ser sentidas desde o começo de sua trajetória como cineasta. Depois de um período protocolar como assistente de direção, ele subiu na 2

hierarquia da indústria escrevendo roteiros e, em 1956, dirigiu seu primeiro longa, um filme de encomenda no gênero kayo eiga, ou “filme de canção popular”. Ele se estabeleceu na Nikkatsu fazendo filmes baratos e rápidos (no modelo de três semanas de filmagem e três dias de montagem), geralmente com jovens estrelas da cultura pop. A partir de 1960, ele começou a fazer filmes policiais no estilo mukokuseki akushon (literalmente, “ação sem nacionalidade”), sob a influência do cinema noir e dos filmes de gângster americanos. No mesmo ano, ele filmou também Tudo vai mal (Subete ga Kurutteru), um drama existencialista sobre juventude transviada que o aproxima estilística e tematicamente da florescente nouvelle vague japonesa. A audácia em filmar jovens despojados vadiando na rua em estilo semidocumental evoca o paralelo com Acossado, de Jean-Luc Godard, marco da nouvelle vague francesa lançado no mesmo ano. Mas é com os filmes policiais “sem nacionalidade” que o estilo visual de Suzuki se desenvolve, tomando as

convenções do gênero e levando-as a extremos. O que interessa no cinema de gângster não são os confrontos e tiroteios? Então por que encher linguiça com a cadência narrativa quando, no fundo, o que importa é outra coisa? A partir de Detetive Bureau 2-3 (Tantei jimusho 23: Kutabare akuto-domo, 1963), o cinema de Suzuki começa a zombar da verossimilhança e importar-se pouco com a clareza ou a complexidade narrativa, fazendo de tudo para potencializar o espetáculo visual e cinético. A escolha de Joe Shishido para protagonista reflete a proposta cinematográfica: hiperestilização antipsicológica e insolência bem-humorada. Cores chamativas, explosões, gestualidade de interpretação expandida, cortes abruptos (jump cuts): é a poesia do movimento e do choque em plena atividade. De 1963 a 1967, Suzuki procede à radicalização de seu estilo. A quebra da verossimilhança atinge não só a interpretação e as guinadas narrativas, mas também a direção de arte e o espaço cênico, que se tornam elementos de simbologia e de beleza visual. A depuração narrativa


chega a um limite com Tóquio violenta (Tokyo nagare-mono, 1966) e A marca do assassino. A trama é desenvolvida em seu mínimo para estabelecer a vaga ideia de que todo mundo quer matar o protagonista, e depois é ele que vai tentar matar todo mundo. Uma vez que isso está assentido, o que resta é elaborar cenas de ação fragmentárias em que o importante é a construção visual, o charme da atmosfera e a excentricidade do estilo. O antimestre mostra as suas garras: ele leva o gênero ao máximo de sua expressividade, mas, ao fazer isso, não produz mais, a rigor, filmes de gênero, e sim obras abstratas e modernistas, em par com toda a reconstrução da linguagem cinematográfica que era operada pelos cinemas novos ao redor do globo nos anos 1960. Banido e ostracizado da indústria, Suzuki fica dez anos sem filmar. Quando volta, não é mais como cineasta dentro de um regime industrial, mas como autor independente, com total autonomia sobre os projetos em que se engaja. Naturalmente, a abstração e a fragmentação, que eram incidentais nas obras anteriores, passam 3

a estar no cerne dos filmes que vêm a seguir. Em História de melancolia e tristeza (Hishu Monogatari, 1977) e na celebrada “trilogia Taisho”, há uma aparente indistinção entre sonho e realidade. Tudo parece factível, e nada parece palpável. Surgem um mundo de requinte visual e rítmico pleno e um regime narrativo em que as leis de causalidade não funcionam mais: personagens que somem ou morrem reiteradamente e voltam com indefinido estatuto de realidade (eles mesmos ou fantasmas?), além de uma pronunciada sensação de inebriamento – tanto pela beleza da cor, do enquadramento, dos movimentos e da música quanto pela suspensão da lógica que imprime a tudo um caráter onírico. Pistol Ópera (Pisotoru Opera, 2001) e Princesa Guaxinim (Operetta tanuki goten, 2005) são o dístico final de uma trajetória de artista experimental que recupera elementos da cultura pop para criar beleza ríspida e abstrata. Pistol Ópera é uma espécie de reencenação de A marca do assassino, mas agora em chave declaradamente vanguardista, mais Raúl Ruiz que

Jean-Pierre Melville. Personagens morrem repetidas vezes e voltam, até mesmo a personagem principal. A linearidade dá lugar a um eterno recomeço, que é o prazer da cena, da cor, do ritmo, da ambientação. Mas nada é plácido. Afinal, Seijun Suzuki é um mestre e um antimestre do movimento. Seu último filme, Princesa Guaxinim, é um conto de fadas e uma opereta. Dois gêneros tidos como menores, não sérios. Um tendendo à simbologia; outro, ao espetáculo musical ligeiro. A concreção dos dois num filme só é uma perfeita explicitação do que Suzuki ama: o signo opulento, recheado de alusões, mas sem significado preciso; a velocidade das superfícies contra a falsa profundidade da seriedade; o poder sem limites da invenção visual e rítmica, com ênfase nas síncopes do jump cut e das quebras de sentido operadas pela montagem. Um pintor, pelo apreço à cor, um músico, pela dedicação ao ritmo, um bárbaro, pelo prazer em burlar as regras, um cineasta, pela conjugação de todos os elementos em experiências audiovisuais intensas, que pedem olhos ávidos.


Sessão Mutual Films Mack/Makino: O Grande Bizarro + O retrato da escuridão por Aaron Cutler e Mariana Shellard

Me interessa criar uma experiência única… Eu também procuro combater a noção de cinema como objeto reprodutível... Me oponho à necessidade de algo ser lucrativo para poder acontecer, e procuro existir no mundo em favor de uma abordagem artesanal. Jodie Mack, em entrevista para o site Desistfilm1

No início da década de 1950, quando a televisão se popularizava nos Estados Unidos, causando um declínio no fluxo de espectadores nas salas de cinema, a Twentieth Centur y Fox criou um novo formato de projeção chamado CinemaScope, para se distinguir do “cinema em casa”. Na primeira década do século XX, quando o cinema começou a dominar o mercado do entretenimento, acreditou-se que uma nova era surgia e que colocaria um ponto-final nas apresentações teatrais. Hoje, o streaming e as grandes empresas do ramo sugerem que a experiência da sala de cinema tornou-se 1. desistfilm.com/jodie-mack-interview. 4

algo do passado. Aos poucos, entra em decadência o cinema de entretenimento de grandes massas e se consolida o cinema cuja finalidade é artística e educativa – uma ferramenta cultural, independente do ramo industrial. À frente dessa transformação, despontam artistas experimentais e preservacionistas que valorizam a experiência coletiva da sala de cinema e retomam o uso da película cinematográfica como material de criação e preservação, impulsionando a volta da produção e da comercialização desse suporte. Dois fortes expoentes do cinema experimental contemporâneo, a inglesa Jodie Mack (nascida em 1983 e radicada nos Estados Unidos) e o japonês Takashi Makino (nascido em 1978), se apropriam de técnicas e práticas dos primórdios do cinema – exploradas pelos surrealistas na França e os formalistas na Rússia –, como a animação quadro a quadro, a sobreposição de imagens e a sonorização ao vivo, participando de um movimento que é, em essência, estético e coletivo. De maneiras distintas, Mack e Makino trabalham com a saturação de informação resultante do

acúmulo de imagens (em um único quadro ou numa sequência), produzindo abstrações nas quais o esvaziamento do significado de cada objeto é consequência da abundância de um mundo artificial. Ambos os artistas propõem imersões em universos muito particulares que se abrem ao espectador, para que este incorpore seu próprio contexto e receba as obras também de uma forma pessoal. Mack recicla uma inf inidade de objetos do cotidiano, que adquirem um espírito próprio ao se transformarem em protagonistas de suas animações. São papéis de presente, em New Fancy Foils (2013); circuitos eletrônicos de computadores, em Wasteland No. 1: Ardent, Verdant (2017); cartazes, em Dusty Stacks of Mom: The Poster Project (2013); tecidos metálicos, em Razzle Dazzle (2014); e tricô, em Blanket Statement #2: It’s All or Nothing (2013). A artista também cria instalações e performances com monitores velhos e variações de zootrópios com bicicletas, discos de vinil e miniaturas, comentando o excesso da produção de lixo a


partir do excesso de estímulos, atirado aos olhos (e às vezes aos ouvidos) em repetições obsessivas. Seu primeiro longa-metragem, O Grande Bizarro (The Grand Bizarre, 2018), remete a sinfonias da cidade e a musicais hollywoodianos clássicos, em especial Um pijama para dois (The Pajama Game, 1957), de Stanley Donen e George Abbott – sobre conflitos entre funcionários e supervisores 5

em uma fábrica de pijamas. Tecidos coloridos e dançantes são animados quadro a quadro ao ritmo de uma trilha sonora original, criada a partir da reciclagem de sons. Os tecidos proliferam ao redor do mundo, chamando a atenção para um processo de produção industrial que ainda depende das mãos do trabalhador, tratadas pela sociedade com o mesmo desprezo dispensado a uma

peça de roupa barata. O título do filme brinca com o Grande Bazar, em Istambul – um enorme mercado coberto que fez parte das filmagens –, enquanto estabelece um modus operandi artesanal fascinado em ver e ouvir o potencial infinito do trabalho humano. Em seus filmes, videoinstalações e trabalhos de cinema expandido, Takashi Makino recorre a uma lembrança de


infância – uma experiência sensorial de quase morte após um acidente de carro – para criar universos paralelos, ao mesmo tempo expansivos, como galáxias, e introspectivos, como sonhos, descritos nos títulos de obras como Gerador (Generator, 2011), Memento Stella (2018) e A origem dos sonhos (Origin of the Dreams, 2016). O artista faz isso por meio de um processo rigoroso, no qual utiliza milhares de fotografias (em película ou digitais) sobrepostas e manipuladas digitalmente com técnicas aprendidas durante seus anos de trabalho como colorista. O espectador é então convidado a dar forma às novas configurações produzidas pelo artista, ou simplesmente se deixar levar pelo fluxo sensorial, acompanhado de trilhas sonoras minimalistas realizadas por compositores como Jim O’Rourke, Machinefabriek e o próprio Makino. O retrato da escuridão (The Picture from Darkness, 2016) parte de outro encontro sensorial com a morte, o processo de cegueira enfrentado no final da vida por Derek Jarman – cuja obra foi uma importante referência na formação do cineasta 6

japonês. A convite de Simon Fisher Turner (compositor de vários filmes de Jarman), Makino colide sua experiência passada com a do cineasta inglês, retratada no filme Azul (Blue, 1994) e em seu estudo sobre a cor, Chroma (1995). A partir de sobreposições de imagens capturadas em seu jardim por meio de câmeras Super 8, 16 mm e 4K, Makino cria gradualmente uma efusão de luzes e cores. Assim como em todos seus filmes, o movimento na imagem evoca o fluxo de vida em um corpo humano, estabelecendo um paralelo entre micro e macrocosmos. Outras influências cinematográficas citadas por Mack e Makino incluem os trabalhos do norte-americano Tony Conrad – cujo filme estroboscópico The Flicker (1966) consiste em alternações entre quadros pretos e brancos – e animadores como Oskar Fischinger, Len Lye e Norman McLaren, que desenvolveram métodos lúdicos de representação do som em imagens. O diálogo dos cineastas com seus materiais e referências estende-se às suas relações com o público e com artistas contemporâneos. Além de

trabalharem como professores, ajudam jovens artistas a se firmarem no meio – Mack leciona na Faculdade de Dartmouth e fundou o Florida Experimental Film Festival, e Makino leciona na universidade EQZ, na Espanha, e conduz um projeto chamado [+] (Plus), que promove a obra de cineastas experimentais no Japão. Em uma entrevista recente, Makino comentou: “Eu sou um artista, então não consigo me imaginar em qualquer outra posição que não seja ajudando outros artistas. Não importa se eu tivesse nascido em outra vida: isso seria igual, e assim continuaria sendo.”2 Mais informações sobre os artistas da Sessão Mutual Films de janeiro de 2020, inclusive filmografias completas, podem ser encontradas em seus sites – jodiemack.com e makinotakashi.net. A sessão é dedicada à memória dos grandes artistas e pesquisadores do cinema que faleceram em 2019, entre eles, Doris Day, Gustav Deutsch, Stanley Donen, Thomas Elsaesser, Machiko Kyo, Suzan Pitt, Phil Solomon e Peter Whitehead.

2. blog.nipponconnection.com/2019/05/29/ guest-in-focus-takashi-makino.


Em cartaz

O farol

The Lighthouse Robert Eggers | Canadá, EUA | 2019, 109’, DCP Início do século XX. Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso à torre do farol é proibido ao novato. Enquanto Ephraim fica cada vez mais curioso sobre o local, fenômenos estranhos começam a acontecer. “Escrevi o filme com o meu irmão, e ele teve a ideia de fazer uma história de fantasma que se passasse em um farol. No final, acabou não saindo bem assim, mas logo no começo do projeto eu imediatamente imaginei um filme em preto em branco, com uma atmosfera suja e antiga e um enquadramento que ficasse em formato de caixa na tela”, comenta o diretor em entrevista à 43ª Mostra de São Paulo. “As câmeras não tinham nada em especial, mas a maioria das lentes era da década de 1930. Também usamos uma lente de 1905, da Pathé, e lentes inspiradas no design do 7

século XIX. E gravamos com uma película ortocromática – do começo da fotografia de cinema –, que não é sensível ao vermelho e transforma tudo que é vermelho em preto. Então, o tom rosa da pele caucasiana se torna obscuro, e você pode ver todos os poros e vasos sanguíneos no rosto da pessoa. Isso ajudou o Robert Pattinson a ficar ainda mais parecido com um marinheiro.” Do mesmo diretor de A bruxa, O farol foi exibido na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes de 2019, e foi premiado pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. [Íntegra da entrevista em: bit.ly/farolmostra] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

Meu amigo Fela

Joel Zito Araujo | Brasil | 2019, 92’, DCP Revolucionário, visionário, gênio, guerrilheiro, panafricanista e pop star. São muitos adjetivos que podem ser aplicados a Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti, mais conhecido como Fela Kuti. Nascido na Nigéria em outubro de 1938, Fela estudou música em Londres e faleceu em agosto de 1997, em decorrência de complicações do vírus HIV. O multi-instrumentista foi um dos pioneiros do gênero afrobeat, além de ter sido ativista político e defensor dos direitos humanos. Em Meu amigo Fela, o diretor brasileiro Joel Zito Araújo vai a Nova York entrevistar o cubano Carlos Moore, amigo íntimo e biógrafo oficial de Fela, com o objetivo de tentar entender o homem que viveu por trás do mito de “excêntrico ídolo pop africano do gueto”. Segundo o diretor, Carlos Moore não é o único amigo de Fela a que o título do filme faz referência. “Na realidade, o título Meu amigo Fela refere-se a todos os amigos de Fela Kuti que estão no filme, e indiretamente eu, um amigo mesmo


que imaginário”, conta o realizador em entrevista à Revista de Cinema. “O dispositivo fílmico para contar a história do Fela consistiu em buscar os relatos dos amigos íntimos desse grande e trágico artista. Lá, você verá o biógrafo, a amante norte-americana que fez a cabeça de Fela, o filho, uma das suas 27 esposas, os artistas gráficos, o baterista que ajudou a criar o afrobeat, e assim por diante. Eu queria, portanto, fazer um documentário que entrasse na intimidade de Fela, e esta foi a estratégia que inventei. Carlos Moore acabou tendo um papel discreto de condutor da memória coletiva. É importante também dizer que Fela foi a minha maneira de falar da África, da geração de pan-africanistas que sempre admirei e de minhas angústias com as tragédias que o continente viveu e vive. É, portanto, um filme que tem também o meu ponto de vista, nesse sentido.” [Leia a entrevista completa: bit.ly/MeuAmigoFela] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).

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Synonymes

Synonymes Nadav Lapid | França, Israel, Alemanha | 2019, 123’, DCP Yoav, um jovem israelense, chega a Paris determinado a apagar suas origens e se tornar francês. Ele abandona a língua hebraica e se esforça de todas as maneiras para encontrar uma nova identidade. “Eu acho que para mim há uma pergunta sobre o filme: seria específico para Israel ou não; ou poderia ter sido um filme sobre um suíço fugindo da Suíça”, comenta o diretor Nadav Lapid em entrevista ao portal Notebook. “Porque todos nós, ou a maioria de nós, amamos nossas amarras, enquanto outros olham para nossa identidade como nosso pior inimigo. Seja ou não específico para Israel... acho que ambos. Acho que há uma certa especificidade, mas digamos que o demônio de que ele está fugindo seja um demônio israelense. Talvez pudesse ter sido um demônio diferente? Mas no filme é um demônio israelense, ou política israelense, ou uma alma israelense.

Quando penso nisso, ele não está fugindo, não é político no sentido estrito do termo, porque não é como se amanhã houvesse um primeiro-ministro diferente, e ele tivesse feito isso e aquilo, que ele diria: ‘Ah, que ótimo!’. Ele está fugindo, eu acho, da melodia existencial de Israel, da música de sua alma. E essa alma, eu acho, é caracterizada por homens fortes, com corpos musculosos e devoção e amor ilimitados pelo país. E ele é um homem extremamente atlético, que tem um ódio ilimitado de seu país, atraído também por esses homens [israelenses] fortes [que vivem em Paris] que amam seu país e, ao mesmo tempo, odiando eles. Então eu acho que o corpo é a contradição dentro desse projeto, e não é por acaso que ele está tentando aniquilar seu próprio corpo ao longo do filme.” Synonymes foi o vencedor do Urso de Ouro e do Prêmio da Crítica no Festival de Berlim deste ano. [Íntegra da entrevista, em inglês: bit.ly/nlsyno] Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia).


Sessão especial

Sessão Mutual Films Mack/Makino A primeira exibição de Primata será seguida de convera com a pesquisadora Juliana Fausto, professora-visitante na UFPR, que estuda as áreas de filosofia e questões ambientais, com ênfase na relação dos animais (não humanos) com a política. Exibição realizada em parceria com o Instituto Serrapilheira. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).

Primata

Primate Frederick Wiseman | EUA | 1974, 105’, 16 mm Primata apresenta as atividades cotidianas do Centro de Pesquisa Nacional de Primatas de Yerkes, no estado de Atlanta, nos EUA. No filme, aparecem cientistas preocupados com o estudo do desenvolvimento físico e mental de primatas. A capacidade de aprender, lembrar e aplicar competências linguísticas e manuais, o efeito do álcool e das drogas no comportamento, o controle do comportamento agressivo e sexual, e outros determinantes neurológicos e psicológicos do comportamento constituem parte do trabalho experimental mostrado no filme. Em janeiro de 2020, o diretor Frederick Wiseman completa 90 anos e cerca de 50 anos de carreira. Wiseman dirigiu mais de 40 documentários, a maioria apresentando as dinâmicas de espaços institucionais nos EUA. Alguns dos filmes do diretor já exibidos no cinema do IMS foram Ex libris: a Biblioteca Pública de Nova York (2017) e La Danse – O Balé da Ópera de Paris (2009). 9

A Sessão Mutual Films começa o ano com trabalhos recentes de dois jovens e renomados cineastas experimentais que utilizam técnicas dos primórdios do cinema para criar obras refrescantes, mostrando que o meio segue se reinventando. Em O Grande Bizarro, Jodie Mack filma quadro a quadro, em 16 mm, uma viagem internacional conduzida por tecidos coloridos, padrões e algoritmos multiculturais, tomando como inspiração sinfonias da cidade e musicais hollywoodianos para explorar as relações comerciais do mundo globalizado. Em O retrato da escuridão, Takashi Makino cria galáxias luminosas em perpétuo movimento, a partir de sobreposições de imagens capturadas em película e em digital, em colaboração com o compositor e músico Simon Fisher Turner e em homenagem ao cineasta Derek Jarman, morto em 1994. As jornadas sensoriais de Mack e Makino terão suas estreias brasileiras no IMS. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).


O Grande Bizarro

The Grand Bizarre Jodie Mack | EUA | 2018, 60’, 16 mm para DCP Em sequência, uma fogueira, um horizonte de panos coloridos atrás do qual quebram ondas no mar e, sobre outras ondas, boiam trapos coloridos. Assim começa a jornada, malas repletas de malas, malas repletas de tecidos. Em vagões de trens, nas ruas, mais malas e mais tecidos. Mapas e globos, aviõezinhos de papel e ainda mais tecidos. O Grande Bizarro mostra um mundo brilhantemente colorido e dominado por fábricas, padrões e cores, que dançam na tela ao ritmo quebrado de uma batida pop inventada. Tudo se movimenta na imagem construída, figura e fundo. Tecidos são pássaros, tecidos são náufragos, tecidos são turistas e trabalhadores que saltam de malas, que são refletidos em espelhos de carros, táxis e bancas de vendas. As paisagens produzem um espaço artificial e esfuziante, como um globo espelhado que reflete luz. A renomada cineasta experimental Jodie Mack (que nasceu na Inglaterra em 1983 e se radicou 10

nos EUA) viajou por mais de 15 países com sua câmera Bolex 16 mm. Seu primeiro longa-metragem é uma jornada eletrizante – filmada quadro a quadro e protagonizada por panos coloridos cheios de padrões geométricos e florais – que explora a sociedade moderna e sua infinita capacidade de desperdício, em países como China, Grécia, Índia, Marrocos, México, Nova Zelândia, Polônia e Turquia. A trilha sonora criada pela cineasta também incorpora materiais achados, acompanhando as imagens com canções feitas a partir de sons captados in loco e remixes surpreendentes. Tudo é resto e reciclável, aí reside sua criatividade. O Grande Bizarro estreou no Festival de Locarno em 2018, na mostra Signs of Life [Sinais de Vida], e desde então tem sido apresentado em diversos formatos, de película a videoinstalação.

O retrato da escuridão

The Picture from Darkness Takashi Makino | Japão | 2016, 38’, DCP Na escuridão, a percepção é gradualmente invadida por frequências sonoras que se mantêm em um ritmo suave e constante. A sonoridade hipnotizante antecede o cardume ou a revoada de pontos luminosos que seduzem o olhar, convidando-o para uma dança sideral. O espectador gradualmente mergulha em um espaço cósmico pujante, criado a partir de fragmentos de imagens que se projetam como galáxias azuis, pretas, cor de laranja, multicoloridas, antes de sucumbir novamente à escuridão. Em O retrato da escuridão, o prolífico cineasta e artista Takashi Makino (nascido em Tóquio em 1978) sobrepõe imagens captadas em Super 8, 16 mm e 4K, ao ponto de torná-las abstrações, por meio das quais a imaginação cria novas formas possíveis. Makino, que frequentemente colabora com músicos estrangeiros em seus filmes e performances de cinema expandido, foi convidado pelo músico Simon Fisher Turner para


Retrospectiva Seijun Suzuki © 1960 Nikkatsu Corporation

criar uma obra inspirada no filme Azul (1994), de Derek Jarman – com quem Turner trabalhou durante anos. Tomando como ponto de partida a cegueira progressiva de Jarman no final de sua vida e que o levou a explorar a luz e a cor de forma poética e filosófica em um livro chamado Chroma (1995), Makino constrói seu próprio universo onírico de luzes e cores, contrapondo-o à experiência da escuridão. O retrato da escuridão estreou no BFI London Film Festival em 2016, na sala IMAX do British Film Institute. A trilha sonora foi originalmente tocada ao vivo, e posteriormente incorporada ao filme.

A partir do dia 21 de janeiro, o cinema do IMS Paulista recebe uma retrospectiva do cineasta japonês Seijun Suzuki (1923-2017), que ficou conhecido por seu trabalho iconoclasta e seu senso de humor particular, além de trabalhar com a desconstrução espaço-temporal em filmes como Tóquio violenta e Portal da carne. Suzuki teve uma carreira longeva de cerca de 50 anos, quando produziu filmes formativos para nomes como Quentin Tarantino, Jim Jarmusch e Takeshi Kitano. Serão apresentados 17 filmes, 15 em cópias em 35 mm, com o apoio da Fundação Japão. As sinopses da mostra foram escritas pelo crítico Ruy Gardnier. Entrada gratuita. Sujeita à lotação da sala. Ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão. Uma senha por pessoa.

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Mire na viatura

Jusango taihisen yori: Sono gososha o nerae Seijun Suzuki | Japão | 1960, 84’, 35 mm Um camburão é atacado no meio da estrada, e dois prisioneiros morrem alvejados por um franco-atirador. Daijiro Tamon, o policial encarregado de fazer a segurança do carro de polícia, é acusado de negligência e suspenso por seis meses. Indignado, ele começa a fazer por si mesmo uma investigação para descobrir os mandantes do atentado. À medida que desvenda fatos novos sobre algumas mulheres ligadas aos presos assassinados, surgem outros crimes relacionados ao caso, e diversas pistas apontam para a empresa Hamaju, uma agência de talentos dirigida pela misteriosa Yuko Hamashima, que gerencia modelos de striptease e garotas de programa. Este é um dos primeiros filmes dirigidos por Suzuki no subgênero do mukokuseki akushon (borderless action), filmes de ação e mistério caracterizado pela influência dos filmes de gângster do cinema americano.


© 1960 Nikkatsu Corporation

© 1960 Nikkatsu Corporation

© 1960 Nikkatsu Corporation

Fera adormecida

Tudo vai mal

Abaixo os vândalos

Depois de dois anos trabalhando em Hong Kong, o executivo Junpei Ueki volta a Tóquio e está prestes a se aposentar, mas desaparece misteriosamente depois de uma festa de despedida oferecida pela empresa em que trabalha. Preocupada com o sumiço do pai, a jovem Keiko começa a investigar as circunstâncias do desaparecimento, em conjunto com seu namorado, o jornalista Shotaro Kasai. As primeiras descobertas fazem Shotaro mergulhar na vida noturna de Tóquio e de Yokohama, onde ele descobre que o pai de Keiko está envolvido com um grupo criminoso que tem origens numa seita de culto ao Deus-Sol. Keiko se recusa a acreditar que seu pai leva uma vida criminosa, e Shotaro explica que toda pessoa tem um “animal dormente” dentro de si, podendo ser acordado a qualquer momento. Narrativa detetivesca típica da produção “B” da Nikkatsu no período, à qual Suzuki incrementa seu estilo visual marcante.

Relato de um grupo de adolescentes que rouba carros e organiza estupros coletivos, dentre os quais está Jiro, que convive com eles, mas não se mete em crimes ou em promiscuidade. Jiro vive com sua mãe, Misayo, uma viúva que há anos é sustentada pelo amante, o sr. Nanbara, um executivo da indústria bélica. Quando descobre que o sr. Nanbara estará presente no aniversário de sua mãe, Jiro revolta-se e entra para a vida transviada de seus amigos. Depois de seu primeiro roubo, os amigos vão ao bar para comemorar, e a bela Toshimi se oferece para passar a noite com ele. Enquanto isso, Etsuko, uma estudante que vive um relacionamento sem compromissos, descobre que está grávida e tenta correr atrás de dinheiro para o aborto. A vida de todos esses personagens se entrelaçará de modo surpreendente. Narrativa de juventude desenfreada, que contém muitos pontos de contato com Conto cruel da juventude (Nagisa Oshima, 1960), marco da nouvelle vague japonesa.

Criado como órfão, Sadao Matsudaira é um jovem que trabalha como assistente de pintor, até descobrir que é o único herdeiro de uma família nobre que vive numa ilha paradisíaca. Seu senso de integridade faz com que ele recuse a herança num primeiro momento, mas, diante da promessa de que ele conheceria finalmente sua mãe, aceita viajar até a ilha ancestral da família. Lá, ele conhece sua avó, que parece recebê-lo com efusividade excessiva para um neto ilegítimo, e também trava contato com um suspeito grupo de empresários que quer transformar a ilha na “Mônaco do Oriente”. Com o dinheiro herdado, ele constrói um parque público e um albergue para jovens. O que Sadao não sabe é que a namorada do chefe dos empresários é ninguém menos do que aquela que ele busca desde que chegou à ilha: sua mãe. Neste primeiro filme em cores de Suzuki, a narrativa mescla elementos de melodrama com filme de rock’n’roll.

Kemono no nemuri Seijun Suzuki | Japão | 1960, 85’, 35 mm

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Subete ga Kurutteru Seijun Suzuki | Japão | 1960, 72’, 35 mm

Kutabare gurentai Seijun Suzuki | Japão | 1960, 80’, 35 mm


© 1963 Nikkatsu Corporation

Detetive Bureau 2-3

A juventude da besta

Portal da carne

A polícia japonesa fica apreensiva depois que um carregamento de armas do exército americano é roubado e ocorre um violento tiroteio entre gangues Yakuza rivais. O inspetor Kumagai prende Manabe, um dos sobreviventes do tiroteio, a fim de interrogá-lo e conseguir informações sobre as ações criminosas recentes. Sem acusação contra Manabe, a polícia precisa soltá-lo, mas isso significaria entregá-lo nas mãos dos criminosos. Aí entra o detetive particular Hideo Tajima, chefe do Bureau 2-3, que se oferece para ser o guarda-costas de Manabe e envolver-se nos meios criminosos para recuperar as armas roubadas. O que se segue é um carnaval de cenas de tiroteio, música e comédia. Primeiro longa de Suzuki protagonizado por Joe Shishido, que atuaria no papel principal de mais cinco de seus filmes, incluindo sua obra mais conhecida, A marca do assassino. O filme teve uma continuação, dirigida por Nozomu Yanase.

Joji Mizuno era policial até ir para a cadeia, vítima de uma cilada da Yakuza. Depois de cumprir a pena, ele tem notícias da morte de um amigo, no que parece ter sido um duplo suicídio. Desconfiado, ele fará de tudo para descobrir a verdade sobre a morte do amigo. Assim, ele começa a agir como um bandido brutal, até chamar a atenção de um chefe da Yakuza, que o chama para a organização. Uma vez lá, ele começa a negociar com uma facção rival e cria situações para instigar uma guerra de gangues, ganhando muito dinheiro e status, enquanto os dois grupos se esfacelam. Será Mizuno desmascarado antes de descobrir como morreu seu amigo? A juventude da besta é considerado um marco na obra de Suzuki pelo modo como o estilo visual excêntrico começa a tender para a abstração, sendo o início do momento mais rico da primeira metade de sua carreira.

Alguns anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial, um grupo de prostitutas habita um bairro sujo e destroçado. Elas moram num prédio em ruínas e seguem um código de comportamento severo, que envolve a proteção do território, a recusa de cafetões e a proibição estrita de fazer sexo não remunerado. Maya, uma jovem que perdeu toda a família na guerra, aparece por lá e começa a fazer parte do grupo. Em seguida, chega Shintaro, um ladrão que matou um soldado americano do exército de ocupação. Como ele está baleado e muito fraco, elas permitem que ele se esconda no prédio. À medida que o tempo passa, as mulheres passam a desenvolver sentimentos conflitantes em relação a Shintaro, especialmente Maya. Mas apaixonar-se é um tabu, e isso pode levar à expulsão dos dois do grupo. Segunda adaptação cinematográfica do popular romance homônimo de Taijiro Tamura, publicado em 1947.

Tantei jimusho 23: Katubare akutodomo Seijun Suzuki | Japão | 1963, 89’, 35 mm

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Yaju no seishun Seijun Suzuki | Japão | 1963, 92’, DCP

Nikutai no mon Seijun Suzuki | Japão | 1964, 90’, DCP


© 1964 Nikkatsu Corporation

© 1966 Nikkatsu Corporation

© 1966 Nikkatsu Corporation

Nosso sangue não perdoa

Tóquio violenta

Elegia da briga

Ryota e Shinji eram crianças quando o pai deles foi assassinado pela Yakuza. Em seu leito de morte, a vontade final do pai foi que seus filhos jamais entrassem para a organização criminosa. Dezoito anos passados, o clamor de vingança reaparece. Ryota não obedeceu aos desígnios do pai e é um eficiente chefe na Yakuza, apesar da fachada de empresário bem-sucedido e da reputação de chefe de família. Shinji, por sua vez, trabalha como publicitário, mas seu sangue quente faz com que ele também se sinta tentado a flertar com o mundo do crime, principalmente depois que é demitido do emprego por suas arruaças. Ryota fará de tudo para que seu irmão menor não enverede pelas mesmas vias que ele. Mas, quando os dois irmãos têm a chance de fazer justiça a seu pai, eles se unem, e a narrativa conduz a um desfecho violento.

Kurata, um chefe da Yakuza, decide abandonar as atividades criminosas e dedicar-se apenas aos negócios lícitos. Ele desmembra seu grupo, mas Tetsuya “Phoenix Tetsu” Hondo, seu fiel escudeiro, decide acompanhá-lo. Depois de recusar a oferta de participar do clã Yakuza liderado por Otsuka, Tetsu começa a ser vítima de atentados, mas sempre escapa. Kurata convence Tetsu a sair de Tóquio e virar um andarilho, evitando assim novos ataques. Tetsu obedece, mas os atentados continuam, aonde quer que ele vá. Quando se encontra com Umetani, um aliado de Kurata, Tetsu descobre que seu antigo chefe uniu-se a Otsuka para matá-lo. Sentindo-se traído, o andarilho volta a Tóquio para confrontar-se com todos aqueles que planejaram matá-lo. Tóquio violenta é um dos filmes mais delirantes de Suzuki, e talvez aquele em que ele vai mais longe no uso da abstração e da cor em seu período na Nikkatsu.

Okayama, anos 1930. O jovem Kiroku frequenta o ensino médio e fica hospedado na casa de uma família católica. Ele se apaixona por Michiko, a filha da família. Incapaz de expressar seus sentimentos, por timidez e culpa católica, Kiroku canaliza sua libido na violência. Ele faz amizade com Turtle, um arruaceiro da área, aprende a lutar e entra para uma gangue da escola, a OSMS. Sua vida é brigar com as outras gangues da escola. Depois que Turtle desentende-se com o líder do bando, Kiroku assume a liderança do grupo e impõe um severo regime de desobediência total às regras da escola, além de proscrever o convívio com mulheres. Posteriormente, Kiroku é expulso e foge de Okayama junto com Turtle. Kiroku vai morar com seus tios em Fukushima e retoma a escola, mas novamente tenta entrar em gangues da área. Roteiro adaptado por Kaneto Shindo para o romance de Takashi Suzuki, tendo como âncora histórica a tentativa de golpe de Estado pelo exército imperial, em fevereiro de 1936.

Oretachi no chi ga yurusanai Seijun Suzuki | Japão | 1964, 97’, 35 mm

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Tokyo Nagramono Seijun Suzuki | Japão | 1966, 83’, 35 mm

Kenka erejii Seijun Suzuki | Japão | 1966, 86’, 35 mm


A marca do assassino

© 1977 Shochiku Co., Ltd. / Sankyo Eiga Co., Ltd.

Koroshi no rakuin Seijun Suzuki | Japão | 1967, 91’, 35 mm Goro Hanada é o “Número 3” no ranking de assassinos de aluguel do submundo japonês. Chegando a Tóquio, ele reencontra Kasuga, um ex-assassino de aluguel que trabalha como taxista. Juntos, eles são contratados para escoltar um cliente até Nagano. No trajeto, eles sofrem uma série de emboscadas, em que estão envolvidos o “Número 2” e o “Número 4” do ranking, que morrem no tiroteio. Ninguém conhece a identidade do “Número 1”, mas supõe-se que ele também esteja envolvido no esquema. Na volta para casa, ele conhece Misako, uma mulher misteriosa com obsessão por coisas mortas. Ela oferece a Hanada um contrato para matar quatro pessoas. Por causa de uma borboleta que pousa no cano de sua arma, ele erra o último alvo e precisa se esconder para continuar vivo. O estilo selvagem e elíptico do filme levou Suzuki a ser banido da indústria, por ter realizado uma obra “incompreensível”. Hoje, o filme é considerado um marco de invenção formal, fonte de inspiração para incontáveis cineastas.

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Zigeunerweisen

Zigeunerweisen Seijun Suzuki | Japão | 1980, 144’, 35 mm

História de melancolia e tristeza Hishu Monogatari Seijun Suzuki | Japão | 1977, 91’, 35 mm

Reiko Kashiwagi é uma modelo profissional. Ela é contratada e transformada em golfista por uma revista de moda que pretende usá-la como garota-propaganda de uma nova marca de roupas para golfe. Reiko sagra-se campeã logo em seu primeiro torneio e torna-se famosa da noite para o dia. Ela vira uma sensação televisiva, aparecendo frequentemente de biquíni e com um taco de golfe. Tudo começa a degringolar quando a sra. Semba, sua vizinha, desenvolve uma obsessão por Reiko, telefonando insistentemente e pedindo autógrafos no estúdio da TV. Saindo de uma noitada, Reiko e seu empresário atropelam acidentalmente a sra. Semba, e fogem sem prestar ajuda, temendo que o caso arruíne a carreira da modelo. Mas a sra. Semba sobrevive e passa a chantagear Reiko. Primeiro filme de Suzuki depois de dez anos de ostracismo, em estilo mais sereno e depurado, em comparação com as obras dos anos 1960.

Aochi, um professor universitário de alemão, encontra com seu antigo colega Nakasago quando viaja de férias para um vilarejo à beira-mar. Nakasago vive como nômade e é perseguido por um grupo local, acusado de ter seduzido e assassinado a mulher de um pescador. Depois que Aochi resolve a situação do amigo com a polícia, os dois jantam e conversam sobre a vida, acompanhados pela gueixa Koine. Seis meses depois, Aochi volta para visitar o amigo e descobre que ele está casado com Sono, uma mulher incrivelmente parecida com Koine. Repentinamente, Nakasago foge com Koine, abandonando Sono, que está grávida. Mas tudo pode ser sonho, delírio ou realidade. Acompanhando a trama, a peça musical “Zigeunerweisen” (1878), de Pablo de Sarasate, toca com insistência. Primeiro filme da “trilogia Taisho”, que faz referência ao Japão dos anos 1910-1920, foi vencedor de quatro prêmios da Academia Japonesa em 1981, incluindo os de Melhor Filme e Melhor Diretor.


Kagero-za

Yumeji

Pistol Ópera

Tóquio, 1926. Shunko Matsuzaki é um dramaturgo de teatro shinpa (moderno), e tem como mecenas o poderoso Tamawaki. Um dia, ele se depara com a bela Shinako numa ponte. Ela pede que Matsuzaki a acompanhe até o hospital para fazer uma visita a uma mulher moribunda. Ela deseja sua companhia pois tem medo de encontrar uma senhora vendedora de fisális, fruta que supostamente contém as almas das mulheres. Matsuzaki recusa, mas Shinako retorna em outras aparições, e torna-se sua amante. Em seguida, ela desaparece. Tempos depois, Matsuzaki descobre que Shinako pode ser o fantasma de uma antiga esposa de Tamawaki. Depois de receber uma carta de Shinako, Matsuzaki viaja para Kanazawa a fim de encontrá-la. No trem, ele encontra Tamawaki, que diz estar viajando para presenciar um suicídio por amor. Segundo filme da “trilogia Taisho”, que segue o mesmo estilo alucinatório do primeiro.

A vida ficcionalizada do pintor e poeta Yumeji Takehisa (1884-1934). Yumeji está em Kanazawa, esperando a chegada de sua amante Hikono, quando se depara com a bela viúva Tomoyo, que perambula pelas cercanias de um lago procurando o corpo de seu marido Wakiya, supostamente assassinado por um bandido. O pintor fica impressionado com Tomoyo e ajuda a viúva em sua busca. Em seguida, eles se tornam amantes. A trama fica mais complexa quando aparecem Matsu, o suposto bandido assassino, e a modelo Oyo, também amante de Yumeji. Até que o próprio Wakiya reaparece, sem que saibamos tratar-se de um fantasma ou de uma presença real. Último volume da “trilogia Taisho”, o filme intensifica os procedimentos oníricos e alucinatórios dos filmes anteriores, chamando mais a atenção para os elementos simbólicos e as atmosferas do que para a trama.

Miyuki Minazuki, apelidada de Gata de Rua, é a “Número 3” no Sindicato de Assassinos. Ela mora com sua avó, e sua arma preferida é uma pistola. Gata de Rua recebe suas ordens de Sayoko Uekyo, uma mulher enigmática de vestido branco. Ela parece confortável com sua posição no ranking, mas a rivalidade se intensifica quando o misterioso “Número 1”, apelidado de 100 Olhos, começa a atacar os outros assassinos que estão no topo da hierarquia. Quando Sayoko informa Gata de Rua de que 100 Olhos agora é um alvo para o sindicato, surge a oportunidade para matá-lo e assumir o primeiro lugar. Espécie de remake e continuação de A marca do assassino (Goro Hanada, protagonista em 1967, é agora “Número 0”, um conselheiro de Gata de Rua), o filme aplica o estilo tardio de Suzuki à matriz dos filmes de gângster que ele fazia na Nikkatsu, resultando num painel delirante de cores e ritmos, um balé ou uma ópera de sedução e morte.

Kagero-za Seijun Suzuki | Japão | 1981, 139’, 35 mm

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Yumeji Seijun Suzuki | Japão | 1991, 128’, 35 mm

Pisoturo Opera Seijun Suzuki | Japão | 2001, 112’, 35 mm


Susan Meiselas: mediações Princesa Guaxinim

da questão social, enquanto convidam a refletir sobre o complexo relacionamento do fotógrafo de guerra com seus personagens.

Operetta tanuki goten Seijun Suzuki | Japão | 2005, 101’, 35 mm A vida do príncipe Amechiyo está em risco depois que um profeta ou oráculo anuncia a seu pai, o lorde Azuchi Momoyama, que ele deixará de ser o mais belo entre todos os seres do universo. Lorde Azuchi ordena então que um monge vá até a Montanha Sagrada e mate o príncipe. Este é salvo por uma horda de guaxinins, que atacam o monge na floresta. A Princesa Guaxinim, em sua forma humana, encontra Amechiyo adormecido na floresta e cuida dele até que ele recobre os sentidos. No caminho para o palácio Guaxinim, a princesa fere seu pé numa armadilha, e agora é Amechiyo que salva sua vida. Os dois se apaixonam. Quando chegam ao palácio Guaxinim, os nobres rejeitam a união, pois é tabu que humanos e guaxinins possam se amar. Enquanto isso, lorde Azuchi descobre o paradeiro do filho e declara guerra ao reino guaxinim. Em seu último filme, Suzuki mergulha na fantasia do conto de fadas e da comédia musical, criando uma apoteose de cor e movimento.

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O filme complementa a exposição Susan Meiselas: mediações, em cartaz no IMS Paulista. Entrada gratuita. Lugares limitados. Distribuição de senhas uma hora antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.

Imagens de uma revolução

Pictures from a Revolution Susan Meiselas, Richard P. Rogers, Alfred Guzzetti | EUA, Nicarágua | 1991, 93’, Arquivo digital Em um diálogo intelectualmente estimulante sobre o poder das imagens, a renomada fotógrafa Susan Meiselas retorna às cenas de uma revolução que testemunhou e capturou com sua câmera. Impregnado de contexto e cor, Imagens de uma revolução encontra os lugares e as pessoas por trás de fotografias icônicas de Meiselas na Nicarágua, devastada pela guerra, ao final dos anos 1970 e 1980. Mergulhando na vida de sandinistas, membros da guarda nacional e de civis, espalhados de Miami a Manágua, uma década depois de se enfrentarem em uma luta sangrenta, o filme encontra tanto sentimentos de decepção como de um orgulho modesto em meio ao revirar de memórias ainda frescas. As histórias por trás das fotos trazem um novo entendimento


Harun Farocki: quem é responsável? Entre 18 de setembro e 5 de janeiro de 2020, o IMS Paulista apresenta a exposição Harun Farocki: quem é responsável?, na galeria 3, com videoinstalações sobre o mundo do trabalho e suas consequências na organização das sociedades. Farocki se autodefinia como um antifascista incurável. A pergunta sobre o lugar de cada indivíduo na cadeia de produção global – levando-se em conta suas consequências mais violentas – e a investigação obsessiva sobre o papel das imagens nos sistemas de poder tornam sua obra espantosamente atual. Em paralelo à exposição, o cinema do IMS Paulista apresenta filmes de Harun Faroccki (1944-2014) que discutem o mesmo tema: Natureza-morta (1997) e A saída dos operários da fábrica (1995). Entrada gratuita. Lugares limitados. Distribuição de senhas uma hora antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.

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Natureza-morta

Stilleben Harun Farocki | Alemanha | 1997, 56’, Arquivo digital Harun Farocki compara a fotografia publicitária de objetos do cotidiano com as naturezas-mortas realizadas por pintores flamencos no século XVII. Ele acompanha o trabalho minucioso de fotógrafos profissionais na construção de imagens publicitárias que mostram uma tábua de queijos, copos de cerveja e um relógio.

A saída dos operários da fábrica Arbeiter verlassen die Fabrik Harun Farocki | Alemanha | 1995, 36’, DCP

A partir de uma cena do filme La sortie des usines Lumière [A saída da fábrica Lumière], realizado em 1895 pelos irmãos Lumière, na França, Harun Farocki cria um ensaio documental com cenas que mostram a mesma situação ao longo da história do cinema. O filme inclui trechos de clássicos, como Metrópolis (1927), de Fritz Lang, Tempos modernos (1936), de Charles Chaplin, e Accattone – Desajuste social (1961), de Pier Paolo Pasolini.


coleção DVD | IMS

Criada em 2012 pelo então coordenador de cinema José Carlos Avellar (1936-2016), a coleção DVD | IMS já lançou diversos filmes, entre produções brasileiras e estrangeiras.

Conterrâneos velhos de guerra Vladimir Carvalho | Brasil, 1990, 175’ O filme de Vladimir Carvalho aborda o período da construção da capital federal e as precárias condições de trabalho dos cerca de 50 mil operários. O longa conta com depoimentos de todas as partes envolvidas e imagens raras de arquivo. “Épico às avessas, Conterrâneos contrapõe as visões dos artífices da utopia de Brasília — como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa etc — com a daqueles que a construíram, os candangos”, explica Sérgio Moriconi, jornalista e cineasta, no livreto que acompanha o DVD. O livreto conta ainda com texto do crítico Carlos Alberto Mattos e com um depoimento do próprio Vladimir Carvalho, que afirma que “o documentário, mesmo o mais radical dos documentários, tem muito de autobiografia, tem muito de quem o fez. Fiquei 20 anos fazendo Conterrâneos velhos de guerra, porque ninguém queria falar do massacre de trabalhadores no começo da década de 1970. Só se falava disso à boca miúda. O povo, humilde, tinha medo de falar do massacre. Só entre 1988 e 1989 algumas pessoas começaram a concordar em ser entrevistadas.”

O futebol, de Sergio Oksman O botão de pérola e Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán Photo: Os grandes movimentos fotográficos Homem comum, de Carlos Nader Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes Últimas conversas e Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos Imagens do inconsciente e São Bernardo, de Leon Hirszman Os dias com ele, de Maria Clara Escobar A tristeza e a piedade, de Marcel Ophüls Os três volumes da série Contatos: A grande tradição do fotojornalismo; A renovação da fotografia contemporânea; A fotografia conceitual La Luna, de Bernardo Bertolucci Cerimônia de casamento, de Robert Altman Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho

Vidas secas e Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos O emprego, de Ermanno Olmi Iracema, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna Cerimônia secreta, de Joseph Losey As praias de Agnès, de Agnès Varda A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch Diário 1973-1983 e Diário revisitado 1990-1999, de David Perlov Elena, de Petra Costa A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper Seis lições de desenho com William Kentridge Sudoeste, de Eduardo Nunes Shoah, de Claude Lanzmann Memórias do subdesenvolvimento, de Tomás Gutiérrez Alea E três edições voltadas à poesia: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade

Os DVDs podem ser adquiridos nas livrarias especializadas, nas lojas dos nossos centros culturais e na loja online do IMS: bit.ly/imsdvd. 19


Curadoria de cinema Kleber Mendonça Filho Programação de cinema e DVD Barbara Alves Rangel Programadores assistentes Ligia Gabarra e Thiago Gallego Projeção Ana Clara Costa e Lucas Gonçalves de Souza

Os filmes de janeiro

Meia-entrada

O programa de janeiro tem o apoio da Serrapilheira, da Zipporah Films, da Nikkatsu, da Shochiku, da Little More, da NBCUniversal Entertainment Japan, e das distribuidoras O2 Play, Fênix Filmes, Vitrine Filmes, Sony, Supo Mungam Films e do Espaço Itaú de Cinema. E dedica agradecimentos a Valéria Guimarães, José Sarmiento Hinojosa, Eduardo Valente e Sergio Minehiro Kitayama.

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.

apoios Retrospectiva Seijun Suzuki

Venda de ingressos Ingressos à venda pelo site ingresso. com ou na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 145 lugares. Devolução de ingressos Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em facebook.com/ cinemaims e ims.com.br. Não é permitido o acesso com mochilas ou bolsas grandes, guarda-chuva, bebidas ou alimentos. Use nosso guarda-volumes gratuito. Confira a classificação indicativa no site do IMS.

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O Grande Bizarro (The Grand Bizarre), de Jodie Mack (EUA | 2018, 60’, 16 mm para DCP)


Terça a sábado, sessões de cinema até as 22h; domingos e feriados, até as 20h. Visitação, Biblioteca, Balaio IMS Café e Livraria da Travessa Terça a domingo, inclusive feriados (exceto segundas), das 10h às 20h; quintas, até as 22h. Última admissão: 30 minutos antes do encerramento. Entrada gratuita.

Avenida Paulista 2424 CEP 01310-300 Bela Vista – São Paulo tel: (11) 2842-9120 imspaulista@ims.com.br

ims.com.br Zigeunerweisen, de Seijun Suzuki (Japão | 1980, 144’, 35 mm)

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