INSTITUTO MOREIRA SALLES
CINEMA
OUTUBRO 2017
RETROSPECTIVA ANDRZEJ ŻUŁAWSKI ELES VIVEM • JOHN CARPENTER
ATRÁS DA MÁSCARA: O CINEMA DE ANDRZEJ ŻUŁAWSKI Ela Bittencourt
Nos dias 26 a 29 de outubro e 2 de novembro, o cinema do IMS Rio realiza uma retrospectiva de filmes do diretor polonês Andrzej Żuławski. No sábado, dia 28, a exibição do primeiro longametragem de Żuławski, A terça parte da noite, às 16h, será seguida por um debate com a curadora da mostra, Ela Bittencourt.
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Quando perguntado sobre seu uso de cinema de gênero em Possessão, Żuławski respondeu com a frase larvatus prodeo – o latim para “aproximar-se vestindo uma máscara”. – Daniel Bird, “Devils' Games”, em Story of Sin: Surrealism in Polish Cinema Andrzej não gostava de ser classificado como “surrealista” ou “fantástico”. Talvez o único adjetivo que ele detestasse mais era “histérico”. Isso é compreensível. Em entrevistas, na televisão ou em revistas, sempre parecia extremamente equilibrado. Suas respostas eram medidas e bem pensadas; revelavam sua ampla leitura da filosofia, da arte e da literatura – essa última sua primeira paixão, e talvez a mais duradoura. Para um cineasta conhecido por façanhas visuais elaboradas, ele era incrivelmente ligado ao texto. Não há nenhuma contradição nesse fato. Foi precisamente a sua destreza em ambos, imagem e texto, que o fez um cineasta intrigante e complexo. Em seu primeiro longa, A terça parte da noite (Trzecia część nocy, 1971), um homem jovem, Michał, perde sua esposa e seu filho pequeno nas mãos dos nazistas. Conhece então uma mulher casada, Marta, que está em trabalho de parto. Sob a influência dela, retorna ao seu antigo emprego num instituto alemão, onde alimenta com seu próprio corpo as sanguessugas que serão usadas no desenvolvimento de uma vacina contra a febre tifoide. Michał finge que ajuda os alemães, mas, na realidade, faz parte da resistência. Tudo está bem, exceto pelo fato de Marta, por quem Michał se apaixona, ser uma cópia exata de sua falecida esposa. Na verdade, elas são, ou no mínimo podem ser, a mesma mulher. Será que Michał está vendo fantasmas? Essa é a sua segunda chance de ser feliz, ou ele enlouqueceu? Ou ambos? À medida que o mundo colapsa ao redor de Michał, ele perde sua capacidade de distinguir entre o sonho e a realidade. As mudanças bruscas – de tempo, lugares e pontos de referência – fizeram com que os críticos chamassem o cinema de Żuławski de “absurdo”. Ele concordou, mas enfatizou: “Tudo o que você vê é real”. Na verdade, a história de Michał é baseada nas experiências do próprio pai do diretor durante a Segunda Guerra Mundial. Żuławski visitou o instituto onde o seu pai trabalhava, e viu como a cura da febre tifoide funcionava. As cobaias desenvolviam febre alta e alucinavam. Daí surgiu a afirmação de Żuławski de que tudo no seu filme era real – as imagens espantosas, a perda de orientação, a claustrofobia enlouquecedora, tudo aquilo poderia ter acontecido com o seu próprio pai. No entanto, podemos considerar que a escolha consciente de Żuławski de levar essa ideia ao extremo, tanto na narração quanto na linguagem visual, seja uma “máscara”. Quando Andrzej Wajda, renomado cineasta polonês que empregou Żuławski como
assistente, viu o roteiro do filme, recomendou mudar tudo. A história precisava fazer sentido, ser linear. Żuławski, é claro, não seguiu o conselho do mestre. Ele queria provocar desconforto e vertigem nos espectadores. Assim concebeu o seu “hiperrealismo”. Anos mais tarde, em uma longa entrevista aos críticos de cinema Piotr Kletowski e Piotr Marecki (publicada originalmente como livro), Żuławski explicou sua escolha da máscara, ou seja, o gênero de horror, dizendo: “Não tem como explicar isso [a guerra, o holocausto]. Não tem como explicar o mal.” No final, na visão de Żuławski, tudo se resume à questão da representação. Como mostrar o que não pode ser mostrado? Expressar o inexprimível? Żuławski não estava sozinho nessa preocupação. Os escritores Primo Levi e Samuel Beckett, ou o diretor Claude Lanzmann, entre outros, imediatamente vêm à mente. Em inúmeras cenas de Possessão (Possession, 1981), Anna (Isabelle Adjani), uma esposa perturbada, gagueja, luta visivelmente por palavras. O tormento de Anna é inexprimível. Seu desejo é tão abrupto que ela é literalmente “possuída”. O objeto de seu desejo é um monstro bizarro, viscoso, escondido num apartamento quase vazio em Kreuzberg, no lado ocidental de Berlim. Segundo Żuławski, sua equipe de filmagem se instalou perto do Muro de Berlim, e sua mente estava sempre do outro lado. Enquanto filmava, se lembrava das razões que os levaram a deixar seu país após os filmes ousados, como O diabo (Diabel, 1972), que trata da tragédia de
A terça parte da noite (1971), de Andrzej Żuławski
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O globo de prata (1976/1988), de Andrzej Żuławski
um grupo de conspiradores do século xviii, mas se refere claramente aos eventos pós-1968 – quando a Polônia e outros países do bloco oriental invadiram Praga, terminando o período de descongelamento político conhecido como Primavera de Praga – e a seu épico, O globo de prata (Na srebrnym globie), que ele nunca conseguiu terminar, e cujos figurinos foram destruídos dias antes de completar a filmagem (em 1986, Żuławski seria convidado para retomar O globo de prata, mas consideraria a finalização impossível, acrescentando apenas um contexto contemporâneo para explicar o que se passou durante a rodagem; as cenas adicionais de Varsóvia dos anos 1980 ampliam o significado histórico e social do filme). Neste contexto pessoal e histórico complexo, a máscara representa muitos rostos. Há monstruosidade na paixão de Anna, mas também na possessividade do seu marido Mark (Sam Neill). A violência do casal é grotesca, mas ela ecoa o mundo que o rodeia – o absurdo das políticas internacionais da Guerra Fria como a “aniquilação total”. E, embora essa seja uma leitura muito pessoal, sempre que vejo os corpos sangrentos de Anna e Mark e a luz penetrante e ofuscante que preenche o último quadro do filme, não consigo deixar de pensar nas fobias e no medo real da guerra nuclear daquela época, ou na tragédia que aconteceria cinco anos depois, em Chernobyl.
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Quem já viu uma criança vestida de monstro para o Halloween sabe que a máscara pode tanto aterrorizar como divertir. Algo parecido acontece no cinema de Żuławski. Possessão é, ao mesmo tempo, um dos filmes mais belos e mais angustiantes que
tratam da liberdade. Não perdeu sua potência, nem mesmo nesta época pós-feminista. É interessante comparar Possessão com O importante é amar (L’Important c’est d’aimer, 1975), rodado seis anos antes, em que Jacques Dutronc interpreta um marido que, ao se sentir incapaz de fazer sexo com sua mulher, decide liberá-la para buscar outros parceiros. A cena em que Nadine (uma atriz pornô decadente) e Jacques decidem se separar num café é, possivelmente, uma das mais dolorosas na história do cinema. Jacques sabe instintivamente que não consegue sobreviver sem ela. Nadine se sente imensamente grata a Jacques. Acima de tudo, ainda o ama. No entanto, no universo de Żuławski, a paixão física e a arte estão tão intrinsicamente entrelaçadas que perder uma delas significa um golpe mortal. Em Possessão, Mark – um empresário, ou talvez um espião – sabe que Anna está infeliz, mas não quer libertá-la. Um dos (vários) pontos culminantes no filme ocorre novamente num espaço público: Mark libera sua fúria contra Anna no Café Einstein, em Berlim – hoje um lugar turístico, mas que já foi mais boêmio. O título do filme em si soa irônico. Quem é verdadeiramente possuído? A infeliz Anna, que encontra prazer na “monstruosidade” do sexo, ou seu marido obcecado? Carnalidade gera infelicidade para ambos. No entanto, comparado com Anna e suas emoções fortes, Mark parece um pouco como um “morto-vivo”. Por fim, nem Anna nem Mark são livres. A liberdade, em uma escala muito mais ampla, metafísica, é também o tema da adaptação que Żuławski fez da trilogia de ficção-científica O globo de prata, escrita em 1903 por seu tio-avô Jerzy Żuławski, em que um grupo de astronautas sofre um acidente num planeta distante e cria uma nova civilização. Como em Possessão e O importante é amar, Żuławski conta a história de um ménage-a-trois permeado pelo ciúme e pela possessão – entre Marta (Iwona Bielska), que se torna a mãe arquetípica, e os homens da missão intergaláctica. A nova raça rapidamente cria seus mitos, crenças misteriosas que, ao longo do tempo, começam a escravizá-la. Nesse sentido, podemos ver o fascínio de Żuławski pelo conceito de religião, particularmente pelos rituais (Żuławski foi fascinado não apenas pelo teatro altamente ritualístico de seu compatriota Jerzy Grotowski, mas também pelos rituais de vudu). Por que precisamos de mitos, de máscaras, Żuławski parece perguntar ao longo de sua carreira? Em O diabo, o personagem principal (interpretado por Wojciech Pszoniak, que também foi Robespierre em Danton, de Andrzej Wajda), usa a máscara de um infiltrador. Um jovem revolucionário, Jakub (Leszek Teleszyński), sai da prisão. Ao descobrir que sua noiva o traiu e que a sua família foi morta, ele se submete aos sussurros do infiltrador, “o diabo”, e se torna um assassino. Mas e se o diabo – e 5
deus – não existirem? E se a máscara cair e revelar Jakub como idealista, intolerante e predisposto aos crimes terríveis? Żuławski, que admirava Fiódor Dostoiévski, cria sua própria visão do fervor niilista. Há traços de Shakespeare em O diabo, quando Jakub se encontra na companhia de artistas de teatro, como Hamlet na companhia de Rosenkrantz e Guilderstein (é um ator que fala para Jakub as palavras-chave: “Agora tudo é permitido”; mais tarde, no filme, uma trupe de atores apresenta uma cena de Hamlet). A jovem noiva de Jakub é uma figura parecida com Ofélia. Em seu vestido diáfano, e com olhos que expressam inocência e terror, a noiva cai no desespero quando vê Jakub, que acreditava morto. Żuławski também mostrou sua paixão pela literatura no seu último filme, Cosmos (2015), uma adaptação do romance heterônimo do escritor modernista Witold Gombrowicz, no qual dois jovens passam alguns dias no interior em circunstâncias estranhas. Sinais, coincidências misteriosas e pensamentos obsessivos permeiam a narrativa. O conceito da adaptação é ousado: Żuławski levanta as passagens do original com sua linguagem arcaica, mas também acrescenta diálogos contemporâneos. Dessa forma, sobrepõe espaços temporais diversos. Por um lado, uma homenagem, por outro, um pastiche. Mistura registros altos e baixos, cenas macabras e prosaicas. O personagem central do filme é um jovem escritor ambicioso – como Gombrowicz ou o próprio Żuławski poderiam ter sido na juventude –, cuja imaginação robusta o confunde e o desorienta. A sensualidade, o humor, o grotesco – Żuławski transpôs esses elementos principais da sua arte para o cenário da província francesa. Uma homenagem surpreendentemente delicada e, ao mesmo tempo, brincalhona, ao enfant terrible das letras polonesas. Pois o próprio Gombrowicz adorava zombar do esnobismo das pessoas cultas e exaltava a beleza e a força da juventude rural. Nesse sentido, era um pouco como Pier Paolo Pasolini, que preferia a aspereza da fala e dos costumes populares às formas refinadas da elite urbana. No mundo de Żuławski, não há mais latifundiários, como havia no mundo de Gombrowicz, mas a capacidade humana para acreditar, ou até criar seus próprios absurdos e desajustes sociais, continua a mesma.
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FESTIVAL DO RIO
Titicut Follies (1967), de Frederick Wiseman
Senhora Fang (2017), de Wang Bing
Tripas de anjo: sala vermelha (1979), de Chûsei Sone – exibição em cópia 35 mm
Na programação do Festival do Rio 2017, a Sala José Carlos Avellar exibe Titicut Follies, primeiro longa-metragem de Frederick Wiseman, em cópía DCP restaurada. O filme, que completa 50 anos de lançamento, acompanha a rotina de um hospital para criminosos com transtorno mentais nos EUA e teve suas exibições públicas proibidas por mais de 20 anos. Em Senhora Fang, premiado como melhor filme no Festival de Locarno deste ano, Wang Bing acompanha os últimos momentos da vida da idosa Fang Xiu-Ying. O ims recebe ainda uma seleção da retrospectiva dedicada ao Roman Porno, selo de filmes adultos produzidos e lançados no Japão entre 1971 e 1988, com exibições em 35 mm de Uma mulher chamada Sada Abe, O voyeur do telhado e Tripas de anjo: sala 7 vermelha.
OS SEGREDOS DAS RUAS Kleber Mendonça Filho
Não muito diferente da tela retangular numa sessão de filme, um par de óculos lembra o Cinema. O Cinema propõe um foco, um quadro a partir do qual veremos algo que talvez não estivesse sendo percebido tão bem. Os óculos achados em caixas num beco de Los Angeles em Eles vivem (They Live, 1988), de John Carpenter, têm essa função no plot de "sci-fi e aventura de invasão alienígena" com subtextos sociais agudos: não só oferecem nitidez e boa imagem, mas revelam os segredos das ruas, da paisagem urbana e das pessoas. As reações dos personagens são perfeitamente estarrecidas, e logo o espectador poderá lembrar da sua própria relação com a realidade da sua vida. Para quem nunca viu, descobrir Eles vivem em 2017, essa joia de Carpenter, pode ser uma sensação renovadora. Revê-lo, um prazer grande, uma obra de gênero com tantas ideias. Quando foi lançado, há 29 anos, a mídia analógica e eletrônica dos jornais, revistas, rádio e TV ainda não sonhava em transformar-se na tempestade de informação e intriga digital que temos hoje. Nosso lixo midiático hoje propõe uma luta constante e inédita entre noções de verdade que talvez aprovemos, e quantidades industriais de mentira impostas com a ajuda de bilhões de handsets, telas de todos os tamanhos, vídeos que somos todos hoje capazes de fazer (e de duvidar da veracidade deles), da augmented reality vista ao vivo com coordenadas de gps. "Vidi Well, Vidi Well..." Os óculos de hoje ficaram ainda mais sofisticados, e Eles vivem estava certo como comentário social e visão de mundo. De fato, o filme, como fruto da cultura industrial e pop (o cinema), tornou-se ícone, espécie de versão mais realista e de esquerda de Matrix, lançado 12 anos depois, já em plena era da internet.
Eles vivem (They Live, 1988), de John Carpenter, será exibido no cinema do IMS Rio, no sábado, 21 de outubro, às 18h, e na terça, 31 de agosto, às 20h, em DCP.
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Imagens do filme de Carpenter (que também assinou o roteiro como Frank Armitage, adaptando um conto de Ray Nelson) são hoje consumidas como traduções jocosas e afiadas da realidade na qual estamos inseridos, com especial destaque para a participação de Eles vivem na campanha presidencial que viu Trump ser eleito à presidência dos Estados Unidos. Vídeos, memes do filme com um Trump-caveira (cabeleira laranja intacta), renovaram o interesse por Eles vivem num nível comparável à referência política e social de Vampiros de almas (Invasion of the Body Snatchers, 1956), de Don Siegel, nos anos 1950, a parábola sci-fi que fingia não ser sobre o anticomunismo da época nos EUA. Se Matrix era um empolgante filme de ação sobre uma realidade paralela imposta, o tom parecia almejar a alma moderna adolescente dos que não são compreendidos por um mundo adulto boring e reacionário.
Em Eles vivem, nossos heróis são adultos, todos pobres, trabalhadores desempregados e moradores de rua, uma escolha de personagens principais com os quais o espectador médio é levado a se identificar, radical para uma produção americana, mesmo uma feita fora do esquema dos estúdios. E nosso herói é um peão de construção (Roddy Piper, falecido em 2015, aos 61 anos). É nesse grupo de gente perseguida por um estado policial que surge a compreensão do que realmente há de errado no mundo. Uma invasão de alienígenas prega o consumo como religião, e a norma é baixar a cabeça para os grandes poderes sem questionamentos. Isso será combatido num enredo de resistência, tiro e explosões com a escala do Cinema B que os valores de produção americanos eram capazes de nos dar na época. A química do tempo que atua sobre Eles vivem é das mais felizes. Como cinema de gênero, é divertido, engraçado e surpreendente, sua personalidade B amplificada pela imagem anamórfica Panavision e os efeitos ópticos que não fazem mais parte do vocabulário contemporâneo. Como "Cinema Político", é de uma acidez e precisão que parecem fugir de filmes autodenominados "políticos" e "sérios", pois lhes falta o bom humor e, principalmente, a raiva para pintar retrato tão verdadeiro e tão sentido do estado do mundo.
Eles vivem (1988), de John Carpenter
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SESSÃO CINÉTICA: HISTÓRIA DE TAIPEI O LUSCO-FUSCO NEON DE CHIN E LON Pablo Gonçalo
Uma lâmpada solta que pisca, oscila pela sala num fio e quebra-se no vidro. Uma dança interrompida pela falta de energia elétrica e que continua junto ao acender e apagar da flâmula de um isqueiro. Neons verdes e brancos de uma publicidade que ilumina as ruas escuras de Taipei. Em boa parte dos seus filmes, Edward Yang constrói cenas recorrentemente marcadas por uma luz trêmula – ora presente, ora em desaparição. É uma luz que percorre o espaço, os objetos, os personagens, e está prestes a ceder à escuridão, aos pontos negros da imagem. Com eles, ela flerta e, elegantemente, deles se afasta. Entre sua aurora e seu ocaso, essa luz conta um instante, um gesto delicado, que ilumina um afeto na mesma cadência que o dissipa. É uma luz gráfica, na inversão da fotografia, mas que também grifa – no modo como se inscreve na superfície visível – uma preciosa distância ética ao olhar as emoções dos personagens; fugidia, ela, a luz, rapidamente expia aquilo que permitiu espiar. Se essa é uma marca do estilo fílmico de Yang, constata-se, na sua trajetória, como essa dramaturgia de uma luz descontínua brota e se esboça em História de Taipei (Qing mei zhu ma, 1985). A sequência de abertura é reveladora dessa cadência. Vê-se Lon (Hou Hsiao-hsien) e Chin (Tsai Chin) num apartamento vazio, que possivelmente alugarão: um espaço que seria futuramente preenchido pela televisão, pelo videocassete e por outros objetos eletrônicos essenciais, como bem diz Chin. Fecha-se a porta. Vê-se a sala vazia diante de uma janela que aponta para um horizonte urbano. Complexa e articulada, a dramaturgia visual e espacial de Yang intercala três aspectos distintos que solicitam um destaque: as mudanças nas faces (urbana) de Taipei e (íntima) dos personagens; os desencontros sentimentais de três pares de casais; e a forma como as paisagens imbricam a interioridade da cidade com a exterioridade dos dramas pessoais.
Na quinta-feira, dia 19, às 19h, o cinema do IMS Rio exibe História de Taipei, de Edward Yang, em cópia restaurada em DCP. Após a sessão, haverá um debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: revistacinetica.com.br
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Tão discreto quanto primoroso, o raccord, a rima visual e cinematográfica da cena inicial, muito traduz dos dilemas que perpassam Lon e Chin. De forma sintomática, eles nunca estarão plenamente juntos. Abrirão e fecharão portas e olharão seus destinos por diferentes janelas. São quartos, casas antigas e novas, prédios abandonados, ruas vazias em travelings noturnos e fachadas tradicionais que reverberam entre os afetos de Lon e as sofisticadas intermitências de Chin, num contraponto que intercala auroras e noites súbitas: são espaços líquidos. Essa força de inscrição espacial repercute dramaticamente no fato de Chin trabalhar numa grande corporação imobiliária. Numa das suas conversas com Mr. Ke (Ke I-cheng), o arquiteto da empresa onde trabalha, ele confessa confundir-se e não reconhecer com precisão os prédios que projetou daqueles de outros arquitetos. É essa a face sem rosto, a imagem sem espelho, dessa cidade nova, dessa Taipei que se distancia das heranças mais tradicionais, que Yang quer captar no lusco-fusco das suas ruas e no ir e vir dos seus personagens.
No segundo aspecto salientado, vê-se o tema da separação e da autonomia feminina, tão caros aos anos 1980. História de Taipei torna-se um filme sobre mentiras, traições e instantes de abandono, enganos e sinceridades que transitam entre casais, amigos, familiares. Não por acaso, ao redor de Lon e Chin orbitam outros casais com dramas afins. O arquiteto Mr. Ke hesita em continuar seu casamento para viver de forma plena com sua amante. Mais velhos, os pais de Chin estão na iminência de uma separação. E Ch’en (Wu Nien-jen), antigo amigo de Lon, é abandonado por sua mulher. São casais em desmantelos. Mas são também mulheres que começam a reivindicar um protagonismo. É notório como Yang se filia à dramaturgia cotidiana e comum de Yasujiro Ozu, com a diferença de que uma personagem feminina como Chin permitese a recusa, algo que jamais passaria pelo mestre japonês. E se a obra de Ozu é marcada pelo tema do casamento, o que se vê em História de Taipei são as luzes e sombras dos instantes que circunscrevem a separação – e a autonomia feminina – na cultura oriental. O terceiro aspecto é o mais luminoso e reflete-se nas paisagens que estão ao redor de Chin e Lon. Chin é solar e circula elegante, com seus charmosos óculos escuros, exalando uma exterioridade translúcida como os vidros dos prédios que empreende. Lon, por sua vez, perambula por ambientes mais tradicionais, noturnos e escuros, vinculados à paixão pelo beisebol, aos jogos mundanos, conectados a uma pobreza de Taipei que remete mais diretamente à herança chinesa; é opaco, arisco, difícil, um tanto adolescente, reticente em aceitar as regras do mundo adulto – e capitalista. São ambos personagens permeados por uma interioridade opaca e uma exterioridade luminosa que reverberam nas ruas, nos neons salpicantes que anunciam a Fuji Film e que enlevam um gesto de um carinho fortuito. Ao final, na última cena, são os carros, o trânsito e as próprias veias abertas de Taipei que se refletem numa fronteira borrada entre o vidro dos prédios da cidade e os óculos escuros, espelhados, de Chin. A luz urbana a todos perpassa e já não abriga mais ninguém. História de Taipei foi um filme que já nasceu histórico, mas também reivindica um lugar de maior centralidade no cinema contemporâneo. Brota histórico, pois revela Hou Hsiao-hsien numa atuação ímpar e irrepetível. As histórias, no entanto, acenam para algo maior. Se a chamada Escola de Taiwan – que também acolhe o próprio Hou junto a Tsai Ming-liang – emerge como uma fonte de inspiração para inúmeros cineastas, esse fio soa um tanto frouxo e solto com o maior desconhecimento da potente obra de Edward Yang. Revê-lo propicia uma oportunidade única de observar, ao menos por alguns fotogramas, uma genuína luz dramática, uma fotogenia que precisamos reter com mais carinho. Como se a história também voasse nas asas de um vaga-lume, e o lusco-fusco da suas imagens embalasse novos vértices e vórtices das suas forças e vetores.
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OS FILMES DE OUTUBRO A cidade é uma só? (2013), de Adirley Queirós
PENDULAR
de Julia Murat (Brasil, Argentina, França, 2017. 108'. Exibição em DCP) ATÉ 5 DE OUTUBRO
Roteiro: Matias Mariani, Julia Murat. Fotografia: Soledad Rodrigues. Som direto: Catriel Vildosola. Montagem: Lia Kulaukauskas, Marina Meliande. Música: Lucas Marcier, Fabiano Krieger. Edição de som: Daniel Turini, Fernando Henna. Mixagem de som: Daniel Turini, Jean Guy Veran. Coreografia: Flavia Meirel. Esculturas: Elisa Bracher, Marina Kosovski.
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Um jovem casal se instala em um grande galpão industrial abandonado. Uma fita laranja colada ao chão separa o espaço em duas partes iguais: à direita, um ateliê de escultura; à esquerda, um espaço de ensaio de dança. Pendular acontece neste ambiente, onde arte, performance e intimidade se misturam, e onde os personagens perdem aos poucos a capacidade de distinguir entre seus projetos artísticos, o passado de cada um e sua relação amorosa. O segundo longa de Julia Murat recebeu o prêmio Fipresci no Festival de Berlim em 2017. A diretora conta que sua inspiração para o filme veio de uma performance de 1980, de Marina Abramović e seu parceiro da época, Ulay. "O trabalho de Marina costuma envolver duros testes de resistência, ao explorar as relações e os comportamentos humanos. Em Rest Energy, os dois seguravam um arco tensionado apenas pelo peso de seus corpos, com uma flecha apontando para o coração de Marina. O leitmotiv de Pendular é o estabelecimento de um nível extremo de confiança e de vulnerabilidade inerente a um relacionamento profundo." [Leia o depoimento completo da diretora em: https://goo.gl/Wmfhau ]
A GENTE
de Aly Muritiba (Brasil, 2013. 89'. Exibição em DCP) ATÉ 5 DE OUTUBRO
Roteiro: Aly Muritiba. Fotografia: Elisandro Dalcin. Som direto: João Menna Barreto. Desenho de som: Alexandre Rogoski. Montagem: Aly Muritiba, João Menna Barreto.
Durante sete anos, Aly Muritiba trabalhou em uma prisão, onde fez parte da Equipe Alfa. Após estudar cinema e dirigir alguns curtas-metragens, ele voltou ao seu antigo local de trabalho para reencontrar seus colegas e realizar um filme. A Equipe Alfa é formada por 28 pessoas, homens e mulheres de origens e formações distintas, que fazem a guarda e a custódia de cerca de mil criminosos de uma penitenciária. Um dos personagens do filme é Walkiu, que se torna o chefe da equipe e espera fazer um bom trabalho, mas percebe que suas mãos estão algemadas. A gente é a terceira parte da série de filmes que Aly Muritiba apresenta sobre o cotidiano das prisões brasileiras, após os curtas A fábrica (2011) e Pátio (2013).
SESSÃO VITRINE PETROBRAS
AS DUAS IRENES de Fabio Meira (Brasil, 2017. 89'. Exibição em DCP) ATÉ 5 DE OUTUBRO Com Priscila Bittencourt, Isabela Torres, Marco Ricca, Susana Ribeiro, Inês Peixoto, Teuda Bara.
Aos 13 anos, Irene descobre que seu pai tem uma outra família e, nela, uma segunda filha com sua mesma idade também chamada Irene. Em segredo, ela se arrisca para conhecer a irmã e acaba encontrando uma Irene completamente diferente de si.
NA PRAIA À NOITE SOZINHA (Bamui haebyun-eoseo honja) de Hong Sang-soo (Coreia do Sul, 2017. 101'. Exibição em DCP) A PARTIR DE 17 DE OUTUBRO Roteiro: Hong Sang-soo. Fotografia: Kim Hyung-koo, Park Hongyeol. Som: Kim Mir, Song Yeajin. Montagem: Hahm Sung-won. Com Kim Min-hee, Seo Young-hwa, Jung Jae-young, Moon Sung-keun, Kwon Hae-hyo, Song Seon-mi.
Após ter um relacionamento com um homem casado, a famosa atriz coreana Young-hee resolve dar um tempo e viaja para a cidade de Hamburgo, na Alemanha. Lá, em uma conversa com uma amiga, ela se pergunta se o amante a seguirá ou se ele sente sua falta tanto quanto ela. Ao retornar à Coreia, reencontra alguns velhos amigos na cidade costeira de Gangneung, onde comem e bebem juntos. Já meio bêbados, Young-hee provoca, insulta e irrita os amigos. As conversas entre eles ficam cada vez mais fora de controle. Em seguida, ela se retira para uma praia deserta. Qual é a importância do amor na vida de alguém? Young-hee quer saber. Na praia à noite sozinha fez parte da seleção oficial do Festival de Berlim, em 2017, e rendeu à Kim Min-hee o Urso de Prata de Melhor Atriz.
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RETROSPECTIVA SESSÃO VITRINE
A CIDADE É UMA SÓ? de Adirley Queirós (Brasil, 2013. 73'. Exibição em DCP) A PARTIR DE 17 DE OUTUBRO Roteiro: Adirley Queirós, Thiago Mendonça. Fotografia: Leonardo Feliciano. Montagem: Marcius Barbieri. Som direto: Francisco Craesmeyer. Com Dilmar Durães, Nancy Araújo, Marquim do Tropa, Wellington Abreu.
“Daí eu pensei em como fazer um filme agradável, legal e gângster: Brasília, I love you”. Assim Adirley Queirós apresentou a primeira exibição pública de A cidade é uma só? no Festival de Tiradentes, em 2013. Sua indagação parte da Ceilândia, uma cidade-satélite de Brasília. O nome vem da sigla CEI (Campanha de Erradicação de Invasões), projeto criado nos anos 1970 com o intuito de remover os barracos que ocupavam os arredores de Brasília e dar a eles um novo espaço. 50 anos depois da criação do Distrito Federal, A cidade é uma só? reflete sobre o processo de exclusão territorial e social entre a capital e seu entorno. Alguns personagens desse longa presenciaram a criação de Ceilândia, outros, vivem o cotidiano da cidade. Um deles, Dildo, é um irreverente candidato a deputado distrital que pretende levar as incongruências da Ceilândia para a assembleia legislativa.
RETROSPECTIVA SESSÃO VITRINE
DIVINAS DIVAS de Leandra Leal (Brasil, 2016. 110'. Exibição em DCP) A PARTIR DE 22 DE OUTUBRO Roteiro: Carol Benjamin, Leandra Leal, Lucas Paraizo, Natara Ney. Fotografia: David Pacheco. Montagem: Natara Ney.
As Divinas Divas são ícones da primeira geração de artistas travestis no Brasil dos anos 1960. Um dos primeiros palcos a abrigá-las foi o Teatro Rival, dirigido por Américo Leal. Em seu primeiro longa- -metragem como diretora, a atriz Leandra Leal, neta de Américo, propõe a Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Camille K., Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios a montagem de um espetáculo que celebre suas carreiras. Nesse processo, Leandra investigará a intimidade, o talento e as histórias dessas artistas. Na edição de 2016 do Festival do Rio, o documentário recebeu o Prêmio de Melhor Documentário pelo voto popular e foi eleito Melhor Documentário pelo Prêmio Felix (voltado para produções com temáticas relativas à diversidade de gênero).
RETROSPECTIVA SESSÃO VITRINE
DOCE AMIANTO de Guto Parente e Uirá dos Reis (Brasil, 2013. 70'. Exibição em DCP) A PARTIR DE 17 DE OUTUBRO
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Com Deynne Augusto, Uirá dos Reis, Dario Oliveira, Rodrigo Fernandes.
Amianto vive isolada num mundo de fantasia habitado por seus delírios de incontida esperança, onde sua ingenuidade e sua melancolia convivem de mãos dadas. Após sentir-se abandonada por seu amor, Amianto encontra abrigo na presença de sua amiga morta, Blanche.
ELES VIVEM
(They Live) de John Carpenter (EUA, 1988. 93'. Exibição em DCP) 21 E 31 DE OUTUBRO
Roteiro: Ray Nelson, John Carpenter. Fotografia: Gary B. Kibbe. Montagem: Gib Jaffe, Frank E. Jimenez. Música: John Carpenter, Alan Howarth Com Roddy Piper, Keith David, Meg Foster, George ‘Buck’ Flower.
John Nada, um operário recém-chegado a Los Angeles, descobre um óculos especial, com o qual é possível ver uma realidade subliminar: os alienígenas controlam a humanidade a partir do consumismo. Questionado em 2016 sobre a influência da presidência de Ronald Reagan sobre o filme, o diretor John Carpenter reflete: “Os anos 1980 nunca acabaram, Eles vivem persiste mais como um documentário do que como um filme. Esses personagens são reais, não são lagartos e esfinges. Reagan é um ícone, pelos valores que ele trouxe a esse país. O mercado nos controla. Controla nossa política. Um mercado desregulado ainda vai destruir o mundo.” [Leia na íntegra a entrevista de John Carpenter para a Indie Wire (em inglês): https://goo.gl/jsyeZf] SESSÃO CINÉTICA
HISTÓRIA DE TAIPEI
(Qing mei zhu ma) de Edward Yang (Taiwan, 1985. 110'. Exibição de cópia restaurada em DCP ) 19 E 22 DE OUTUBRO A sessão do dia 19/10, às 19h, será seguida de debate com os críticos da revista Cinética
Roteiro: Edward Yang, Hou Hsiao-hsien, Chu T’ien-wen. Fotografia: Yang Wei-han. Montagem: Wang Chi-yang, Song Fen-zen. Música: Edward Yang.
Terceiro longa-metragem de Edward Yang, produzido por Hou Hsiao-hsien, História de Taipei revela uma cidade presa entre o passado e o futuro, a partir do estranhamento entre seus dois protagonistas. Hou é um ex-jogador de beisebol, que trabalha na fábrica de sua família, mas vive preso a um passado de glória. Sua namorada trabalha no mercado de desenvolvimento imobiliário e prospera com o crescimento econômico da cidade. Entre os sonhos de casamento e imigração do casal, o filme ilumina a precariedade da vida doméstica e do desespero trazidos pela globalização de Taiwan.
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TERÇA 3
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14h00 As duas Irenes
QUARTA 4
16h00 Pendular
18h00 A gente
18h00 As duas Irenes
18h00 A gente
20h00 Pendular
20h00 Pendular
20h00 Pendular
Festival do Rio
11
18h00 Exercícios de memória 20h00 Mamãe coronel & Desculpe, me afoguei
OUTUBRO 2017
31
14h00 As duas Irenes
16h00 Pendular
16h00 Uma mulher chamada Sada Abe
24
5
16h00 Pendular
14h00 Que língua você fala? & Cabelo bom
17
14h00 A gente
QUINTA
14h00 A cidade é uma só?
18
Festival do Rio
14h30 O diabo e o Padre Amorth
16h00 Eu não sou uma feiticeira
16h00 Tripas de anjo: sala vermelha
18h00 Paula Rego, histórias e segredos
18h00 Sociedade do almoço grátis
20h00 O venerável W.
20h00 Últimos homens em Aleppo
14h00 Doce Amianto 16h00 Na praia à noite sozinha
18h00 Doce Amianto
18h00 A cidade é uma só?
20h00 Na praia à noite sozinha
20h00 Na praia à noite sozinha
25
Festival do Rio
14h00 Batalhas íntimas
16h00 Na praia à noite sozinha
14h00 A cidade é uma só?
12
14h00 Doce Amianto
19
14h00 A cidade é uma só? 16h00 Na praia à noite sozinha Sessão Cinética 19h00 História de Taipei seguido de debate com os críticos da revista Cinética
26
14h00 A cidade é uma só?
16h00 Na praia à noite sozinha
16h00 Na praia à noite sozinha
16h00 Doce Amianto
18h00 Doce Amianto
18h00 A cidade é uma só?
18h00 Na praia à noite sozinha
20h00 Na praia à noite sozinha
20h00 Na praia à noite sozinha
Andrzej Żuławski 20h00 O importante é amar
14h00 Doce Amianto
1
nov
14h00 A cidade é uma só?
16h00 Na praia à noite sozinha
16h00 Na praia à noite sozinha
18h00 A cidade é uma só?
18h00 Doce Amianto
20h00 Eles vivem
20h00 Na praia à noite sozinha
2
nov
11h30 Divinas divas 14h00 A cidade é uma só? 16h00 Na praia à noite sozinha
16
Andrzej Żuławski 18h00 A terça parte da noite 20h00 Cosmos
SEXTA 6
Festival do Rio 15h30 Piazza Vittorio
SÁBADO 7
17h00 Marcelo Gomes Anatomia de um dançarino
Festival do Rio 15h00 Long Strange Trip: A viagem do Greatful Dead
DOMINGO 8
16h00 Amantes são molhados 20h00 Beuys
19h00 Geografia da arte seguido de debate com Guto Barra, Tatiana Issa e Marc Pottier
13
20
27
Festival do Rio
18h00 12 dias 20h00 Livres
14
Festival do Rio
14h00 Los territorios
14h00 Sua pele tão macia
16h00 O voyeur do telhado
16h00 Tudo é projeto
17h45 Política, manual de instruções
18h00 Bombástica: a história de Hedy Lamarr
20h00 Estado de exceção
20h00 Muitos filhos, um macaco e um castelo
14h00 A cidade é uma só?
21
14h00 A cidade é uma só?
16h00 Na praia à noite sozinha
16h00 História de Taipei
18h00 Doce Amianto
18h00 Eles vivem
20h00 Na praia à noite sozinha
20h00 Na praia à noite sozinha
14h00 Doce Amianto 16h00 A cidade é uma só? 18h00 Na praia à noite sozinha Andrzej Żuławski 20h00 Cosmos
Festival do Rio 14h00 Titcut Follies
28
11h30 Divinas divas 14h00 Na praia à noite sozinha Andrzej Żuławski 16h00 A terça parte da noite seguido de debate com a curadora Ela Bittencourt
15
Festival do Rio 14h00 Autocrítica de um cão burguês 16h00 Noite das felinas 17h30 Cicciolina - Madrinha do escândalo 18h45 Roberto Bolaño: A batalha futura (Chile) 20h00 Senhora Fang
22 No domingo, 22 de outubro, não haverá sessões de cinema por ocasião do show 'Choros de Garoto'
29
11h30 Divinas divas Andrzej Żuławski 15h00 O importante é amar 17h00 O globo de prata 20h00 O diabo
19h45 Possessão
Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em cinema.ims.com.br, em nossas redes sociais ou pelo telefone 3284-7400
17
FESTIVAL DO RIO
12 DIAS
(12 jours) de Raymond Depardon (França, 2017. 87'. Exibição em DCP) 8 DE OUTUBRO, 18h
Fotografia: Raymond Depardon. Montagem: Simon Jacquet. Música: Alexandre Desplat.
Desde que uma nova lei entrou em vigor na França, em 2013, todo o paciente que tenha dado entrada em um hospital psiquiátrico contra sua vontade precisa aparecer perante um juiz dentro de 12 dias, e, a partir de então, a cada seis meses, caso necessário. Raymond Depardon filma alguns desses pacientes confrontados pelos juizes que decidirão entre prolongar ou não sua internação. Para proteger o anonimato de seus personagens, nomes e lugares foram modificados. FESTIVAL DO RIO
AMANTES SÃO MOLHADOS (Koibito-tachi wa nureta) de Tatsumi Kumashiro (Japão, 1973. 76'. Exibição em DCP ) 8 DE OUTUBRO, 16h Roteiro: Kumashiro Tatsumi, Kamoda Yoshifumi. Fotografia: Himeda Shinsaku. Montagem: Osamu Inoue.
Esperando deixar seu passado em Tóquio, Nakagawa Katsu retorna pela primeira vez em cinco anos à pequena aldeia onde nasceu. Lá, trabalha em um pequeno cinema pornô, onde é responsável pela divulgação da programação e mantém um relacionamento com Yoshie, a esposa do dono do estabelecimento. Um dia, Katsu flagra um ex-colega de escola fazendo sexo com a namorada em local público. FESTIVAL DO RIO
AUTOCRÍTICA DE UM CÃO BURGUÊS (Selbstkritik eines bürgerlichen Hundes) de Julian Radlmaier (Alemanha, 2017. 99'. Exibição em DCP) 15 DE OUTUBRO, 14h
Roteiro e montagem: Julian Radlmaier. Fotografia: Markus Koob.
Quando seu último roteiro é rejeitado por uma instituição de financiamento, Julian é forçado a assumir o cargo de selecionador de frutas em uma fazenda. Tentando viabilizar o projeto, ele convence a jovem canadense Camille de que está trabalhando na pesquisa de um conto de fadas comunista, no qual ela desempenhará o papel principal. FESTIVAL DO RIO
BATALHAS ÍNTIMAS (Batallas intimas) de Lucía Gajá (México, 2016. 87'. Exibição em DCP) 11 DE OUTUBRO, 14h
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Fotografia: Marc Bellver. Montagem: Francisco X. Rivera, Lucía Gajá, Mariana Rodríguez.
Cinco mulheres vítimas de violência doméstica relatam suas histórias e lutas por sobrevivência. Vindas de diferentes partes do mundo, elas são bastante distintas entre si. Gravado durante oito anos, o filme aborda os impactos, as sequelas e os traumas físicos e emocionais causados pela violação.
FESTIVAL DO RIO
BEUYS
(Beuys) de Andres Veiel (Alemanha, 2017. 107'. Exibição em DCP) 7 DE OUTUBRO, 20h
Fotografia: Jörg Jeshel. Montagem: Stephan Krumbiegel, Olaf Voigtländer.
Um retrato do artista visual Joseph Beuys realizado por meio de áudios e imagens de arquivo inéditas. Beuys foi o primeiro alemão a receber uma exposição individual no Museu Guggenheim de Nova York, enquanto, em seu país natal, tinha seu trabalho desvalorizado. FESTIVAL DO RIO
BOMBÁSTICA: A HISTÓRIA DE HEDY LAMARR (Bombshell: The Hedy Lamarr Story) de Alexandra Dean (Estados Unidos, 2017. 90'. Exibição em DCP) 14 DE OUTUBRO, 18h Roteiro: Alexandra Dean. Fotografia: Buddy Squires. Montagem: Lindy Jankura.
A diretora Alexandra Dean revela uma faceta desconhecida na biografia da atriz hollywoodiana Hedy Lamarr, conhecida por sua marcante presença nas telas. Judia e imigrante austríaca, Lamarr foi responsável por desenvolver um sistema de comunicação secreto que auxiliou os Aliados na luta contra o Nazismo, e que viria a ser a gênese dos telefones celulares.
FESTIVAL DO RIO
CABELO BOM de Swahili Vidal e Claudia Alves (Brasil, 2016. 15'. Exibição em DCP) 10 DE OUTUBRO, 14h
Fotografia: Pedro Pipano. Montagem: Bruno Regis. Música: Marina Iris.
omo o cabelo crespo de três jovens mulheres é parte fundamental de suas histórias de vida. Por C meio dele, elas nos contam histórias de preconceito, autoaceitação e, principalmente, libertação e tomada de consciência. O cabelo crespo é o motor da reafirmação de suas identidades. FESTIVAL DO RIO
CICCIOLINA - MADRINHA DO ESCÂNDALO (La Cicciolina. Göttliche Skandalnudel) de Alessandro Melazzini (Alemanha, França, 2016. 54'. Exibição em DCP) 15 DE OUTUBRO, 17h30
Fotografia: Alessandro Soetje. Montagem: Massimiliano Cecchini. Música: Luca Vasco. Com Ilona Staller, Ludwig Koons, Debora Attanasio.
A vida de Ilona Staller, mais conhecida como Cicciolina. Emigrando da Hungria comunista, ela encontrou na Itália o ambiente ideal para uma vida dedicada ao escândalo. Com uma ascensão profissional meteórica, ela rapidamente despontou nas páginas de revista para alcançar os domínios do rádio, da TV, dos filmes eróticos e da pornografia, até ser eleita membro do parlamento italiano e ganhar atenção mundial com uma votação inesperada.
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FESTIVAL DO RIO
DESCULPE, ME AFOGUEI (Sorry I Drowned) de Hussein Nakhal, David Habchy (Líbano, 2017. 7'. Exibição em cópia digital) 10 DE OUTUBRO, 20h
Música: Samer Saem El Daher.
Inspirada em uma carta aparentemente encontrada junto ao corpo de uma vítima de afogamento no mar Mediterrâneo, a animação aborda a realidade de milhões de pessoas que fogem de guerras e perseguições políticas. FESTIVAL DO RIO
ESTADO DE EXCEÇÃO (State of Exception) de Jason O'Hara (Brasil, Canadá, 2017. 89'. Exibição em cópia digital) 13 DE OUTUBRO, 20h
Montagem: Katharine Asals, Jason O’Hara. Música: Edgardo Moreno.
Enquanto o Rio de Janeiro se prepara para sediar a Copa do Mundo da Fifa 2014 e as Olimpíadas de 2016, uma comunidade de índios urbanos é ameaçada de despejo, para dar espaço à reforma de um estádio que recebe o mesmo nome dos indígenas originais daquele território: Maracanã. FESTIVAL DO RIO
EU NÃO SOU UMA FEITICEIRA (I Am Not a Witch) de Rungano Nyoni (Reino Unido, França, Zâmbia, 2017. 95'. Exibição em DCP) 11 DE OUTUBRO, 16h
Roteiro: Rungano Nyoni. Fotografia: David Gallego. Montagem: Yann Dedet, George Cragg, Thibault Hague. Música: Matthew James Kelly.
Após um incidente em sua aldeia, Shula, uma garota de nove anos, é obrigada a viver em um acampamento itinerante de bruxas. Segundo as responsáveis pela comunidade, qualquer tentativa de fuga transformará Shula automaticamente em uma cabra. Enquanto transita em sua nova vida com suas colegas bruxas e um funcionário do governo que casa com ela e passa a explorar sua inocência em benefício próprio, ela precisa decidir se lidará com as consequências de buscar a liberdade.
FESTIVAL DO RIO
EXERCÍCIOS DE MEMÓRIA
(Ejercicios de memoria) de Paz Encina (Argentina, Paraguai, França, Alemanha, 2016. 72'. Exibição em DCP) 10 DE OUTUBRO, 18h
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Roteiro: Paz Encina. Fotografia: Matías Mesa. Montagem: María Astraukas.
Entre 1954 e 1989, o Paraguai viveu uma das mais longas ditaduras da América Latina. Augustin Goiburú, oponente político mais importante ao regime de Stroessner, desapareceu em 1976 no Paraná, província de Entre Ríos, Argentina, onde havia se exilado meses antes. Trinta e cinco anos depois, Rogelio, Rolando e Jazmin, seus três filhos, voltam ao local onde Goiburú foi visto pela última vez.
FESTIVAL DO RIO
GEOGRAFIA DA ARTE de Guto Barra, Tatiana Issa (Brasil, 2017. 108'. Exibição em cópia digital)
6 DE OUTUBRO, 19h / Sessão seguida de debate com Guto Barra, Tatiana Issa e Marc Pottier Roteiro: Guto Barra, Tatiana Issa. Fotografia: Gustavo Nasr. Montagem: Rodrigo Brazão, Paulo Testolini.
Uma seleção de dois episódios da série Geografia da arte, que analisa a relação entre artistas e os lugares que os inspiram. Em "Ragnar Kjartansson + Islândia", um dos artistas mais importantes da arte contemporânea prepara uma retrospectiva no Museu de Arte de Reykjavík, explorando sua conexão com a cultura do país. Já em "Henri Cartier-Bresson + Índia", descobrimos como o fotógrafo conheceu Mahatma Gandhi, em 1948. Sua câmera registrou a última aparição do líder, na noite anterior a seu assassinato. As fotos ajudaram a catapultar Cartier-Bresson para a fama internacional como fotojornalista. FESTIVAL DO RIO
LIVRES
de Patrick Granja (Brasil, 2017. 80'. Exibição em DCP) 8 DE OUTUBRO, 20h
Roteiro e produção: Káliman Chiappini. Fotografia: Fernando Macedo. Montagem: Vitor Ribeiro.
A história de um grupo de homens que, ainda presos, pensaram em uma forma de usar o cinema como instrumento de denúncia e visibilidade para as mazelas das prisões brasileiras. Neste misto de documentário e ficção, são mostradas cenas do cotidiano da prisão a partir do ponto de vista de seis personagens, além do depoimento de criminalistas e sociólogos. FESTIVAL DO RIO
LONG STRANGE TRIP: A VIAGEM DO GRATEFUL DEAD (Long Strange Trip) de Amir Bar-Lev (Estados Unidos, 2016. 260'. Exibição em DCP) 7 DE OUTUBRO, 15h
Fotografia: Nelson Hume. Montagem: Keith Fraase, John Walter. Com Dennis McNally, Barbara “Brigid” Meier, Alan Trist, Bob Weir, Phil Lesh.
Notoriamente hostil à publicidade, a banda Greatful Dead não gravou um hit até o fim de sua carreira de 30 anos. Com uma produção distante da sonoridade exigida pelas rádios da época, eles desafiaram as convenções da indústria doando suas gravações ao vivo para uma rede global de trocas de fitas K7. Tornaram-se, somente por meio do boca a boca, a banda que mais ganhou dinheiro com shows em toda a história.
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FESTIVAL DO RIO
LOS TERRITORIOS
(Los territorios) de Iván Granovsky (Argentina, Brasil, Palestina, 2017. 101'. Exibição em DCP) 13 DE OUTUBRO, 14h
Roteiro: Iván Granovsky, Ezequiel Pierri, Ana Godoy, Félipe Galvez. Fotografia: Tebbe Schöningh.
Após o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo em Paris, Ivan, filho de um proeminente jornalista argentino, embarca em uma jornada pelos cenários de diferentes eventos geopolíticos no planeta. Ele parece subestimar, no entanto, a tarefa de documentar os conflitos do mundo contemporâneo. Da Grécia ao Brasil, do País Baco a Jerusalém, Ivan parece estar sempre atrasado ou adiantado demais. FESTIVAL DO RIO
MAMÃE CORONEL (Mama Colonel) de Dieudo Hamadi (Congo, França, 2017. 72'. Exibição em DCP)
10 DE OUTUBRO, 20h Roteiro e fotografia: Dieudo Hamadi. Montagem: Anne Renardet.
Coronel Honorine, mais conhecida como “Mamãe Coronel”, trabalha para a polícia da República do Congo, à frente da unidade de proteção a menores e combate à violência sexual. Tendo trabalho por 15 anos em Bukavu, leste do país, ela acaba de saber que foi transferida para Kisangani, onde terá que enfrentar novos desafios. FESTIVAL DO RIO
MARCELO GOMES - ANATOMIA DE UM DANÇARINO (Anatomy of a Male Ballet Dancer) de David Barba, James Pellerito (Estados Unidos, Brasil, Grécia, Japão, Rússia, 2017. 80'. Exibição em DCP) 6 DE OUTUBRO, 17h
Roteiro: David Barba, James Pellerito, Fernanda Rossi. Música: Giovanni Spinelli.
Um retrato do bailarino brasileiro Marcelo Gomes, de sua infância no Amazonas à carreira adulta em importantes palcos do Brasil, Rússia, Japão, Ucrânia e Grécia. Aos 37 anos, ele luta contra as limitações físicas para seguir vivendo da dança. FESTIVAL DO RIO
MUITOS FILHOS, UM MACACO E UM CASTELO (Muchos hijos, un mono y un castillo) de Gustavo Salmerón (Espanha, 2017. 91'. Exibição em DCP) 14 DE OUTUBRO, 20h
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Roteiro: Gustavo Salmerón, Raúl De Torres, Beatriz Montañez. Montagem: Raúl De Torres, Dani Urdiales.
Julita é uma mulher de 81 anos cujos três desejos de infância se tornaram realidade: ter muitos filhos, um macaco e um castelo na Espanha. Quando seu filho mais novo descobre que sua mãe perdeu a vértebra de sua bisavó, guardada por três gerações, a família embarca em uma detalhada busca em meio aos objetos mais peculiares e estranhos que Julita acumulou ao longo da vida.
FESTIVAL DO RIO
NOITE DAS FELINAS (Mesunekotachi no yoru) de Noboru Tanaka (Japão, 1972. 70'. Exibição em DCP ) 15 DE OUTUBRO, 16h
Roteiro: Akira Nakano. Fotografia: Kenji Hagiwara. Montagem: Akira Suzuki. Música: Kôichi Sakata.
Três mulheres trabalham em uma casa de banho que presta serviços de prostituição em Shinjuku. Noite das felinas foi a segunda produção do Roman Porno, um selo de filmes adultos produzidos e lançados nos cinemas pela Nikkatsu, um dos principais estúdios e distribuidoras do Japão, entre 1971 e 1988. Em 2017, Kazuya Shiraishi prestou uma homenagem ao título em seu novo filme pornô, Crepúsculo das gatinhas, que também integra a programação do Festival do Rio 2017. FESTIVAL DO RIO
O DIABO E O PADRE AMORTH (The Devil and Father Amorth) de William Friedkin (Estados Unidos, 2017. 68'. Exibição em DCP) 12 DE OUTUBRO, 14h30
Fotografia: William Friedkin. Roteiro: William Friedkin, Mark Kermode. Montagem: Gary Leva. Música: Christopher Rouse.
Mais de 40 anos depois do lançamento de O exorcista, o diretor William Friedkin se pergunta o quão perto seu filme chegou da realidade. Depois de conhecer o padre Gabriele Amorth, um senhor de 91 anos conhecido como o "Mestre dos Exorcistas", Friedkin consegue permissão para acompanhar e filmar o mais recente exorcismo executado pelo sacerdote: uma mulher italiana que vem sofrendo incômodas mudanças físicas e de comportamento que seu psiquiatra não consegue solucionar. FESTIVAL DO RIO
O VENERÁVEL W. (Le vénérable W.) de Barbet Schroeder (França, Suíça, 2017. 95'. Exibição em DCP) 11 DE OUTUBRO, 20h
Fotografia: Victoria Clay -Mendoza. Montagem: Nelly Quettier. Música: Jorge Arriagada.
Venerável Wirathu é um monge respeitado e altamente influente em Myanmar, onde é o líder do partido racialista Ma Ba Tha. Um retrato dos paradoxos de um páís onde o discurso de ódio e a islamofobia se desdobram em violência e destruição. FESTIVAL DO RIO
O VOYEUR DO TELHADO (Edogawa Ranpo ryôki-kan: Yaneura no sanposha) de Noboru Tanaka (Japão, 1976. 76'. Exibição em cópia 35 mm ) 13 DE OUTUBRO, 16h
Roteiro: Akio Ido. Fotografia: Masaru Mori. Montagem: Osamu Inoue. Música: Jiro Sarashina.
Goda Saburo vive em uma pensão em Asakusa, Tóquio. Seu maior fetiche consiste em subir até o terraço de seu prédio para espiar a vida dos outros inquilinos, em especial a janela da sala de Minako, onde ela e seu amante praticam um estranho jogo sexual de dominação.
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FESTIVAL DO RIO
PAULA REGO, HISTÓRIAS E SEGREDOS (Paula Rego, Secrets and Stories) de Nick Willing (Reino Unido, 2017. 93'. Exibição em DCP) 11 DE OUTUBRO, 18h
Fotografia: Juvenal de Figueiroa. Música: Madison Willing.
Nick Willing filma sua mãe, a pintora Paula Rego, que lhe revela histórias e segredos da sua jornada: uma vida de luta contra o fascismo, o misógino mundo da arte e a depressão. Nascida em Portugal, Rego usou suas imagens como uma arma contra a ditadura antes de se estabelecer em Londres. FESTIVAL DO RIO
PIAZZA VITTORIO (Piazza Vittorio) de Abel Ferrara (Itália, 2017. 75'. Exibição em DCP) 6 DE OUTUBRO, 15h30
Fotografia: Tommaso Borgstrom. Montagem: Fabio Nunziata.
Abel Ferrara retrata um dia na vida da piazza Vittorio, a maior praça de Roma. Tanto ali quanto nos distritos adjacentes de Esquiline, a variedade multiétnica de seus habitantes é notável. É também ponto de encontro de artistas, como Matteo Garrone e Willem Dafoe.
FESTIVAL DO RIO
POLÍTICA, MANUAL DE INSTRUÇÕES (Política, manual de instrucciones) de Fernando León de Aranoa (Espanha, 2016. 120'. Exibição em DCP) 13 DE OUTUBRO, 17h45
Roteiro: Fernando León de Aranoa. Fotografia: Jordi Abusada. Montagem: Yago Muñiz. Música: Antonio Sánchez.
"Então crie seu próprio partido!" − esta foi a resposta dada pelos dois maiores partidos políticos espanhóis quando jovens tomaram as ruas e vociferaram contra os programas de austeridade adotados no país. Em seu novo filme, Fernando León de Aranoa (Segunda-feira ao sol) acompanha a fundação do Podemos, partido fundado em 2014.
FESTIVAL DO RIO
QUE LÍNGUA VOCÊ FALA? de Elisa Bracher (Brasil, 2017. 65'. Exibição em DCP) 10 DE OUTUBRO, 14h
Fotografia: Lalo de Almeida. Montagem: Veronica Saenz. Música: Ivan Vilela.
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Primeiro filme da artista plástica Elisa Bracher, o documentário foi rodado no Brasil e na Inglaterra e aborda o grande movimento migratório que existe hoje no mundo, com milhões de pessoas fugindo de guerras, catástrofes naturais ou condições sociais que dificultam sua sobrevivência. Crianças, jovens e adultos falam sobre a imigração e o processo de adaptação cultural.
FESTIVAL DO RIO
ROBERTO BOLAÑO: A BATALHA FUTURA (CHILE) Roberto Bolaño: La batalla futura (Chile) de Ricardo House (Chile, Espanha, 2016. 63'. Exibição em DCP) 15 DE OUTUBRO, 18h45
Montagem: Ana Pfaff, Gines Olivares, Estel Román. Música: Fernando Milagros, Pap Smith.
Um olhar atento sobre o prestigiado escritor Roberto Bolaño e a turbulência provocada por seu estranho relacionamento com o Chile, seu país de origem. Ricardo House retrata-o por meio de seus amigos, entrevistas gravadas no México, Espanha e Chile, além de material de arquivo inédito. FESTIVAL DO RIO
SENHORA FANG
(Fang Xiu Ying) de Wang Bing (Hong Kong, França, Alemanha, 2017. 86'. Exibição em DCP) 15 DE OUTUBRO, 20h
Roteiro: Wang Bing. Fotografia: Wang Bing, Ding Bi-han, Shan Xiao-hui. Montagem: Wang Bing, Dominique Auvray. Com Fang Xiu-ying.
Fang Xiu-ying nasceu em Huzhou, Fujian, em 1948, e sofreu de Alzheimer durante os últimos oito anos de sua vida. Em 2015, mudou-se para um lar para idosos, mas seus sintomas já eram bastante avançados. Constatando-se a ineficácia do tratamento desempenhado pelo lar, a internação foi interrompida em junho de 2016, fazendo Fang retornar a sua casa. O diretor Wang Bing (A oeste dos trilhos, Até que a loucura nos separe) acompanha Fang primeiro em 2015 e depois em 2016, nos últimos dez dias de sua vida. Premiado como melhor filme no Festival de Locarno, em 2017. FESTIVAL DO RIO
SOCIEDADE DO ALMOÇO GRÁTIS (Free Lunch Society) de Christian Tod (Áustria, Alemanha, 2017. 95'. Exibição em DCP) 12 DE OUTUBRO, 18h
Roteiro: Christian Tod. Fotografia: Lars Burguer. Montagem: Cordula Werner, Elke Groen.
Há alguns anos, uma renda básica universal poderia ser considerada irrealizável. Hoje, intensas discussões ganham espaço em diversos campos políticos e científicos. Sociedade do almoço grátis aborda essa proposta e busca explicações, possibilidades e experimentos de implementação. FESTIVAL DO RIO
SUA PELE TÃO MACIA (Ta peau si lisse) de Denis Côté (Canadá, 2017. 93'. Exibição em DCP) 14 DE OUTUBRO, 14h
Fotografia: François Messier-Rheault. Montagem: Nicolas Roy.
Jean-François, Ronald, Alexis, Cédric, Benoit e Maxim são gladiadores dos tempos modernos. Do homem forte ao bodybuilder de primeira classe, passando pelo veterano que se tornou um treinador, todos compartilham da mesma obsessão pela superação de suas limitações físicas. Eles estão se preparando para a próxima competição, trabalhando duro na academia e seguindo dietas rigorosas.
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FESTIVAL DO RIO
TITICUT FOLLIES
(Titicut Follies) de Frederick Wiseman (Estados Unidos, 1967. 84'. Exibição em DCP, cópia restaurada ) 8 DE OUTUBRO, 14h
Produção e montagem: Frederick Wiseman. Fotografia: John Marshall.
Acompanhando a rotina do Hospital Estadual de Bridgewater para Criminosos com Transtorno Mentais, em Massachusetts, Frederick Wiseman oferece uma perspectiva rigorosa da internação de presidiários nos EUA dos anos 1960. Em seu primeiro longa-metragem, Wiseman retrata as muitas maneiras como os presos eram tratados por guardas, assistentes sociais e psiquiatras. Titicut Follies foi chamado de "um pesadelo de obscenidade macabra" pelo Juiz Harry Kalus, da Suprema Corte de Boston, cuja sentença proibiu exibições públicas por mais de 20 anos. O filme será exibido em cópia DCP restaurada, celebrando os 50 anos de seu lançamento. FESTIVAL DO RIO
TRIPAS DE ANJO: SALA VERMELHA (Tenshi no harawata: Akai kyôshitsu) de Chûsei Sone (Japão, 1979. 79'. Exibição em cópia 35 mm ) 12 DE OUTUBRO, 16h
Roteiro: Ishii Takashi, Chûsei Sone. Fotografia: Mizuno Nobumasa. Montagem: Jun Nabeshima.
Muraki Tetsuro, editor de uma pequena revista pornográfica, está de férias em um resort de águas termais quando assiste a um filme pornô chocante. O realismo do filme em 8 mm, retratando o estupro coletivo de uma professora por um grupo de alunos, perturba Muraki, que fica obcecado em descobrir a verdade por trás da fita. FESTIVAL DO RIO
TUDO É PROJETO de Joana Mendes da Rocha, Patricia Rubano (Brasil, Portugal, 2017. 74'. Exibição em DCP)
14 DE OUTUBRO, 16h Roteiro: Joana Mendes da Rocha, Patricia Rubano, Selma Perez. Fotografia: Pablo Hoffmann. Montagem: Selma Perez. Música: Gustavo Garbato, Guilherme Garbato.
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O arquiteto Paulo Mendes da Rocha revela seu processo criativo, a construção de seu raciocínio e suas escolhas por meio de entrevistas com sua filha e projetos desenvolvidos por ele. Recentemente, ele ganhou importantes prêmios de arquitetura, como o Pritzker, em 2006.
FESTIVAL DO RIO
ÚLTIMOS HOMENS EM ALEPPO (Last Men in Aleppo) de Firas Fayyad (Dinamarca, Síria, 2017. 104'. Exibição em DCP) 12 DE OUTUBRO, 20h
Fotografia: Thaer Mohammed, Mojahed Abo Al Joud. Montagem: Steen Johannessen.
A guerra da Síria chega ao seu quinto ano, e os habitantes que ainda resistem se preparam para um cerco. Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance, em 2017, Últimos homens em Aleppo acompanha Khaled, Mahmoud e Subhi. Os três fazem parte da organização civil e voluntária de defesa e salvamento conhecida como Os Capacetes Brancos, que permanece na região para ajudar os cidadãos em uma cidade sob fogo cruzado. FESTIVAL DO RIO
UMA MULHER CHAMADA SADA ABE (Jitsuroku Abe Sada) de Noboru Tanaka (Japão, 1975. 76'. Exibição em cópia 35 mm ) 10 DE OUTUBRO, 16h
Roteiro: Akio Ido. Fotografia: Masaru Mori. Montagem: Shinji Yamada. Música: Kôichi Sakata. Com Junko Miyashita, Eimei Esumi, Genshû Hanayagi.
Dois hóspedes dão entrada em uma pousada em Arakawa, Tóquio: um homem chamado Ishida Kichizo, dono de um restaurante em Nakano, e uma mulher chamada Sada Abe, empregada em seu estabelecimento. Eles se conheceram há cerca de um mês, quando começaram a trabalhar juntos, e logo se tornaram íntimos. A visita à pousada trata-se na verdade de uma fuga, visto que o casal acabou de ser descoberto pela esposa de Kichizo. Durante vários dias, eles mal deixarão o quarto, levando ao extremo jogos de submissão, sexo e morte.
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O diabo (1972), de Andrzej Żuławski
RETROSPECTIVA
ANDRZEJ ŻUŁAWSKI
DIAS 26 A 29 DE OUTUBRO E 2 DE NOVEMBRO
O ims Rio, o Instituto Adam Mickiewicz e o Polish Film Institute apresentam uma pequena retrospectiva da produção de Andrzej Żuławski, cineasta franco-polonês falecido em 2016 − poucos meses após receber o prêmio de melhor diretor no Festival de Locarno por seu último filme, Cosmos.
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Um dos destaques da retrospectiva é O globo de prata (1976/1988) que, nas palavras do crítico americano J. Hoberman, em crítica para o jornal The New York Times, seria “a obra-prima de Żuławski, comparável por pura estranheza a Duna, de David Lynch.” Rodado na costa báltica, no deserto de Gobi e na península da Crimeia, o filme foi censurado pelo governo militar polonês e exibido pela primeira vez apenas em 1988. Serão exibidos ainda Cosmos, O diabo, Possessão, pelo qual Isabelle Adjani ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes, O importante é amar, que rendeu a Romy Schneider o prêmio César de melhor atriz, e o primeiro longa-metragem do diretor, A terça parte da noite (1971). No sábado, 28 de outubro, a sessão de A terça parte da noite, às 16h, será seguida por um debate com Ela Bittencourt, curadora da mostra.
A TERÇA PARTE DA NOITE (Trzecia część nocy) de Andrzej Żuławski (Polônia, 1971. 101'. Exibição em DCP) A exibição do dia 28 de outubro, às 16h, será seguida de debate com Ela Bittencourt
Żuławski conta as experiências de seu pai, Mirosław, na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. O pai trabalhou num instituto na Cracóvia no qual os nazistas usaram poloneses como cobaias para desenvolver uma vacina contra a febre tifoide. Żuławski parte do fato de as cobaias terem contraído a febre e sofrido alucinações para construir a história de um homem que sofre a perda trágica de sua mulher e seu filho, misturando elementos de horror e de romance. Naquele ano, o diretor recebeu o prêmio nacional de Andrzej Munk.
O DIABO
(Diabeł) de Andrzej Żuławski (Polônia, 1972. 119'. Exibição em DCP)
Durante uma invasão prussiana da Polônia, em 1793, o jovem nobre Jakub é salvo da prisão por um estranho. Abalado emocionalmente, vendo apenas corrupção, deslealdade e morte ao seu redor, Jakub cai na tentação do “diabo” e comete crimes violentos.
O IMPORTANTE É AMAR
(L'important c'est d'aimer) de Andrzej Żuławski (França, Itália, Alemanha Ocidental, 1975. 110'. Exibição em DCP)
A austríaca Romy Schneider faz o papel de Nadine Chevalier, uma atriz pornô que sonha em voltar ao teatro. Ela se apaixona pelo fotógrafo Servais, que tentará ajudá-la financiando uma montagem de Ricardo III, ao mesmo tempo que se vê presa ao casamento com Jacques. O importante é amar é uma adaptação do romance La nuit américaine, de Christopher Frank. Schneider recebeu o prêmio César de melhor atriz, em 1976. O filme também foi indicado nas categorias Melhor Montagem e Cenografia.
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POSSESSÃO
(Possession) de Andrzej Żuławski (França, Alemanha Ocidental, 1981. 127'. Exibição em DCP)
A história de um casal transtornado e de uma mulher infeliz que sonha em retomar sua liberdade. Um filme que se passa na Berlim Ocidental e mistura melodrama, horror e ficção-científica. Parcialmente inspirado na vida do diretor, Possessão recebeu o prêmio da crítica na Mostra Internacional de São Paulo, em 1981. No mesmo ano, Isabelle Adjani recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, onde o filme também foi indicado à Palma de Ouro. Em 1982, Adjani receberia ainda o César de Melhor Atriz por Posessão.
O GLOBO DE PRATA (Na srebrnym globie) de Andrzej Żuławski (Polônia, 1976/1988. 157'. Exibição em DCP)
Uma adaptação do livro de ficção-cientifica, O globo de prata (1903), de Jerzy Żuławski, o tio-avô do diretor, no qual astronautas sofrem um acidente no espaço e criam uma nova civilização. O filme foi interpretado como um ataque contra o regime militar polonês, a produção foi interrompida e quase todo o cenário e figurinos foram destruídos. Żuławski deixou o país e, convidado a retomar o filme 10 anos mais tarde, achou o projeto impossível e acrescentou apenas um contexto contemporâneo para explicar o que se tinha passado durante a filmagem. As cenas adicionais de Varsóvia dos anos 1980 ampliam o significado histórico do filme. Uma visão da Polônia depois da vitória e posterior derrota do Solidariedade fazem o plano de fundo para a visão pessimista do projeto original.
COSMOS
(Cosmos) de Andrzej Żuławski (França, Portugal, 2015. 103'. Exibição em DCP)
Witold acaba de ser reprovado na faculdade de direito, enquanto Fuch pediu demissão da empresa de moda parisiense onde trabalhava. Eles resolvem passar alguns dias distantes de tudo em uma pousada familiar, onde são recebidos por uma série de presságios inquietantes: um pardal e um pedaço de madeira pendurados na floresta, além de objetos estranhos no teto e no jardim. Cosmos é baseado no livro homônimo de Witold Gombrowicz e estreou em 2015 no Festival de Locarno, onde Żuławski ganhou o prêmio de melhor diretor.
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DVD | IMS
Instituto Moreira Salles
ÚLTIMO LANÇAMENTO
Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3284-7400
O BOTÃO DE PÉROLA
WWW.IMS.COM.BR
(Chile, França, Esapanha, 2015)
de Patricio Guzmán Com os extras: Encontros (Chile, 2015-2017. 35'), um filme de Patricio Guzmán realizado durante as filmagens de O botão de pérola; Livreto com ensaio de Eduardo Escorel e entrevista de Patricio Guzmán a Frederick Wiseman.
Aberto ao público de terça a domingo, das 11h00 às 20h00. Guarda-volumes aberto até 20h00. Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café, wifi. As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS-RJ: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 537 – Rocinha - Gávea 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea Superintendente Executivo: Flávio Pinheiro Coordenação do ims Rio: Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema: Kleber Mendonça Filho Produção de cinema e DVD: Barbara Alves Rangel Assistência de produção: Ligia Gabarra, Thiago Gallego
O programa de outubro tem o apoio da Cinemateca do mam do Rio de Janeiro, da revista Cinética, das distribuidoras Vitrine Filmes, Zeta Filmes, Olhar Distribuição, do Festival do Rio e do Espaço Itaú de Cinema.
A Retrospectiva Andrzej Żuławski, com curadoria de Ela Bittencourt, é correalizada pelo Instituto Adam Mickiewicz e cofinanciada pelo Polish Film Institute. Correalização:
Sala José Carlos Avellar Ingressos para Pendular, Na praia à noite sozinha e A gente: terça, quarta e quinta: R$ 22,00 (inteira) e R$ 11,00 (meia) sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26,00 (inteira) e R$ 13,00 (meia). para os filmes do Festival do Rio: R$ 22,00 (inteira) e R$ 11,00 (meia) para As duas Irenes, A cidade é uma só?, Doce Amianto e Divinas divas: R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia) para Eles vivem, História de Taipei e Retrospectiva Andrzej Żuławski: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia) Meia-entrada com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos, portadores de hiv e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Passaporte no valor de R$ 40,00 com validade para 10 sessões das mostras organizadas pelo ims. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com Devolução de ingressos: em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos ou por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br
Cofinanciamento:
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INSTITUTO MOREIRA SALLES
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CINEMA
OUTUBRO 2017
FESTIVAL DO RIO: FREDERICK WISEMAN SESSÃO CINÉTICA: EDWARD YANG