Folheto de Cinema IMS Paulista - Dezembro/2017

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INSTITUTO MOREIRA SALLES

CINEMA

DEZEMBRO 2017

BINGO, O REI DAS MANHÃS • BLADE RUNNER 2049 • COMO NOSSOS PAIS • CORPO

PROJEÇÕES 2017 ELÉTRICO • CORRA! • DANCE SEU PHD • DEUS • DUNKIRK • O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS EU NÃO SOU SEU NEGRO • FRAGMENTADO • HISTORIETAS ASSOMBRADAS • IT - A COISA

JOAQUIM • MÃE! • MARTÍRIO • MOONLIGHT • MULHER-MARAVILHA • NADA • O ORNITÓLOGO • A PASSAGEM DO COMETA • RIFLE • TONI ERDMANN • TRAVESSIA • VANDO VULGO VEDITA • VAZANTE


PROJEÇÕES 2017

Projeções 2017 é uma revisão possível do ano que acaba, dentro do projeto curatorial das duas salas do Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A seleção, realizada a partir de discussões internas constantes da nossa equipe (com Barbara Rangel, Ligia Gabarra e Thiago Gallego), propõe uma revisão, ainda em tela grande e nesse mês de dezembro, de filmes que a partir de agora só poderão ser vistos longe das salas de cinema, nas diversas plataformas hoje disponíveis para uso pessoal e doméstico. Não tentamos com essa seleção especial reunir "Os Melhores do Ano", mas apresentar uma revisão possível do que foi lançado comercialmente no Brasil em 2017, obras que talvez tenham marcado esse período como pontos de cultura, sejam eles comerciais ou sem pretensões comerciais. E oferecemos isso nas condições excelentes de som e projeção 2D e 3D das nossas duas salas. E como filmes marcam seus determinados momentos na cultura? A pergunta permanece aberta para qualquer um tentar responder. O caso de Dunkirk (EUA/Inglaterra), de Christopher Nolan, por exemplo, é curioso. A Warner Bros., estúdio que foi a casa de Stanley Kubrick até a sua morte, em 1999, parece ter pego Nolan como substituto de Kubrick. Nolan realiza filmes comerciais com alguma postura autoral, e isso ficou claro este ano no enorme barulho feito em torno do uso de filme Kodak para rodar e exibir um projeto como Dunkirk. Em algum momento da máquina de marketing para o lançamento, parecia ser imperativo amar esse filme pelo simples fato de ter sido rodado em filme de 70 milímetros. Curiosamente, nenhuma cópia analógica chegou ao Brasil, onde seu lançamento bemsucedido no último mês de julho transcorreu apenas em sistema digital DCP. Como contraponto curatorial, programamos uma outra visão da Segunda Guerra Mundial para acompanhar a visão mais recente proposta por Nolan em Dunkirk, a cópia nova restaurada em 4K (lançada em setembro no Festival de Veneza) de

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Dunkirk (2017), de Christopher Nolan

Vá e veja (1985), de Elem Klimov


Vá e veja (Idi i smotri, URSS, 1985), de Elem Klimov. Essa obra difusa e impressionante nos dá uma outra imagem da guerra, por meio da experiência soviética, em que o horror é palpável e a ideia do herói é frágil. Chance rara de ver um dos grandes filmes do cinema e talvez o grande filme de guerra. O que dizer de Blade Runner 2049 (EUA), de Denis Villeneuve? Essa atualização preocupada em respeitar a property estabelecida ao longo de 35 anos pelo original Blade Runner (EUA, 1982), de Ridley Scott – que também vamos exibir em sessão dupla –, chegou com enorme expectativa em outubro: muitos gostaram, outros não muito, e houve decepção para os investidores. O novo Blade Runner talvez sugira mais uma discussão sobre os modelos de negócio que moldam os filmes caros feitos hoje do que uma outra discussão sobre inteligência artificial, ética e genética. Às vezes, a discussão pode ser estética e política, pois é quando o cinema reflete preocupações e conquistas que correm paralelas à vida em sociedade. Temos o ambiente de trabalho brasileiro e suburbano de Corpo elétrico (Brasil), de Marcelo Caetano, e a relação inebriante de natureza em O ornitólogo (Portugal/França/ Brasil), de João Pedro Rodrigues. Vale registrar o alcance que It – A Coisa (EUA), de Andy Muschietti, teve não só como produto comercial de terror, mas também a sua associação com a era Trump na presidência. Em Toni Erdmann (Alemanha), de Maren Ade, e Corra! (Get Out, EUA), de Jordan Peele, há dois outros exemplos de interesse bastante ilustrativos neste lote de filmes. O primeiro, algo parecido com uma comédia (mas não estou totalmente convencido) sobre um mundo engessado por um pensamento empresarial todo cheio de pequenas eficiências, nos sugere uma crônica sobre um presente que pode englobar também a realidade política e peluda do Brasil. O segundo, algo parecido com um filme de horror (mas não estou totalmente convencido), apresenta o ponto de vista (infelizmente ainda incomum) de um cineasta negro sobre viver em sociedade nos Estados Unidos, com resultados perturbadores, seja como relato social, seja como thriller. É também notável que o impacto de Corra! como crônica social tenha encontrado um sucesso comercial acachapante, e com isso uma geração instantânea de prestígio para o seu realizador, um estreante em longa-metragem. O filme é cotado atualmente para a chamada "temporada de prêmios", e isso inclui o recente ruído (e prova de que Corra! é esse agente cultural poderoso) via Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood. A indicação do filme na categoria Melhor Comédia levou Jordan Peele a rebater via Twitter: "É documentário". 3


Com Moonlight: sob a luz do luar (EUA), de Barry Jenkins, Corra! foi também o segundo filme autoral de 2017 com realizador, ponto de vista e personagens negros a ganhar lançamento nas salas multiplex brasileiras, algo infelizmente raro. O filme de Jenkins venceu o Oscar de Melhor Filme e ganhou espaço incomum para uma narrativa de cadência pessoal, com personagem principal negro e gay. Em 1989, vale informar, Faça a coisa certa (que exibimos em cópia importada cintilante neste último mês de novembro), o hoje clássico de Spike Lee, ganhou lançamento brasileiro com apenas duas cópias 35 mm para todo o território nacional, mesmo sendo um filme indicado ao Oscar de Melhor Roteiro (Lee) e Ator Coadjuvante (Danny Aiello). Talvez algum avanço tenha acontecido aí, com muito espaço ainda para melhorias. Há debates importantes acontecendo, olhares e posturas sendo reformadas em relação à representação e à ação do negro e da mulher no cinema, algo também notável no maior sucesso de bilheteria do ano nos EUA, Mulher-Maravilha (Wonder Woman, EUA), ter sido dirigido por uma cineasta, Patty Jenkins, algo inédito até então. De qualquer forma, as discussões surgem de filmes e de posturas, e duas artistas mulheres, realizadoras com trajetórias fortes no cinema, foram questionadas exatamente sobre como lidar com a representação da História: Daniela Thomas, em Vazante (Brasil), a partir de uma participação no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, encontra percepção semelhante na reação que Sofia Coppola

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Moonlight: sob a luz do luar (2016), de Barry Jenkins


teve à sua revisão de O estranho que nós amamos (The Beguiled, EUA) a partir do filme de Don Siegel de mesmo nome, lançado em 1971. Estaremos projetando as duas versões. Com tantas questões estéticas, políticas, sociais e de raça a partir de filmes em 2017, talvez a melhor coisa seja olhar para o futuro a partir de nossa pequena seleção de curtas-metragens brasileiros, todos lançados ou vistos por esta curadoria este ano. Há claramente novas vozes surgindo, e o cardápio de ofertas e pontos de vista me parece mais abrangente e rico. Talvez seja o acesso irrestrito e livre de teorias fílmicas e literárias que explique um musical como Pop, Dip and Spin, de Natália Oliveira e o Vogue 4, em que uma tese de doutorado em medicina forense é apresentada em um filme ágil e vibrante, originalmente feito apenas para a internet, mas que exibimos aqui nessa sessão. Deus, de Vinicius Silva, 25 anos, nos informa que "Deus é uma mulher negra", e ele usa a sua bagagem emocional de homem e negro para – mais uma vez – expressar-se, algo que Gabriel Martins também parece concordar ao nos dar o retrato de uma garota do mundo, mas de Contagem, Minas Gerais, no também poderoso Nada. Há algo de novo no roteiro do cinema, e nós apenas nos sentimos muito bem de poder reproduzir isso nas nossas salas. Kleber Mendonça Filho

Deus (2017), de Vinicius Silva

Nada (2017), de Gabriel Martins

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SESSÃO CINÉTICA: JEANNE DIELMAN TUDO ACONTECE

1 Nada acontece: o cotidiano hiperrealista de Chantal Akerman. São Paulo: Edusp, 206. ² Hours of the Day. Nova York: Carolina Nitsch/Lison, 2006.

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O livro escrito pela acadêmica e pesquisadora brasileira Ivone Margulies sobre a obra da cineasta belga Chantal Akerman, recentemente editado no Brasil pela Edusp1, traz em seu título uma síntese do estado de espírito requisitado ao espectador por um filme como Jeanne Dielman (Jenne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles): nada acontece. Há, no título do livro, um chiste com o tom jocoso facilmente aplicado aos filmes de Chantal Akerman, que, na secura de seu minimalismo, podem gerar a impressão de ser narrativas – muitas vezes longas, como aqui – ou composições plásticas nas quais nada acontece. Mas há, também, um segundo sentido contido no título do livro: mesmo o nada é algo que acontece. Guardados todos os pressupostos políticos e ideológicos que determinam, para cada espectador, o que é algo e o que é nada, até esse nada toma tempo e espaço, ocorre em lugar específico (no caso de Jeanne Dielman, um endereço no título que pode ser buscado com exatidão no Google Maps) e age sobre alguém. Essa percepção de Margulies, desdobrada de maneira muito rica em seu livro, é tão valiosa por apontar o movimento primordial feito por Chantal Akerman no seu mais célebre filme: promover uma profunda reavaliação das escalas. Ao dedicar tempo e atenção à rotina de Jeanne (Delphine Seyrig), esquadrinhada como uma operação tática de guerra ou como uma autópsia etnográfica, a cineasta condensa a expectativa do espectador a uma outra medida de percepção. Na musicalidade com que se descascam batatas, se lavam axilas ou se arrumam camas, Jeanne Dielman na verdade revela-se um filme de ação ininterrupta, cujas pequeníssimas variações ganham enorme peso dramático: tudo acontece. Esse sentimento seria literalmente condensado três décadas depois pela grande artista Louise Bourgeois: “O que você fez ao longo de 20 anos? Você jogou seu tempo fora. A mulher que perdeu toda a sua vida, ela cozinhou, limpou a casa, costurou, lavou, cuidou da escada, das janelas, do chão, do peixe e da sopa.”2 (Hours of the Day, 2006.) Tamanha mudança de escala promove um encontro entre o deslocamento do heroísmo para o homem comum, do Ulysses (1922) de James Joyce, com a perspectiva de um inventário espacial feminista de Virginia Woolf em Um teto todo seu (1929). Se Ulysses é, ainda, uma cartografia de Dublin, com seus cafés, praças e portos, Jeanne Dielman é uma exploração da potência de um endereço, dos sonhos e traumas que se inscrevem nas paredes, sempre pressionadas pelo fora de campo. Esse fora de campo, aqui, carrega o peso da guerra, dos pais e marido mortos, da identidade judaica em apagamento, das expectativas e demandas da vida por vir de seu filho. Em 23, Quai du Commerce, está impresso o século XX, pois “basta que entremos em qualquer cômodo de qualquer rua para que essa força extremamente complexa da feminilidade nos salte aos olhos por inteiro. E como poderia ser de outro modo? Pois


as mulheres têm permanecido dentro de casa por todos esses milhões de anos, de modo que a essa altura as próprias paredes estão impregnadas por sua força criadora, que, de fato, sobrecarregou de tal maneira a capacidade dos tijolos e da argamassa que deve precisar atrelar-se a caneta e pincéis e negócios e política”, escreveu Woolf. Ao fim da sessão, o espectador talvez seja capaz de descrever o cheiro e desenhar a planta baixa daquele apartamento (uma primeira surpresa, quando Jeanne e o filho saem de casa: um elevador! É um apartamento, não uma casa!), pois o filme lhe confere o privilégio de, simultaneamente, habitá-lo e observá-lo de fora. Esse estranho equilíbrio se dá porque a câmera de Akerman perscruta esses espaços de maneira ao mesmo tempo detalhada e distante, com a ambiguidade do registro científico e do recalcamento coletivo, cego e surdo à disritmia do moedor de carne que sustenta a aparente estabilidade do cotidiano. A fatura vem na infiltração progressiva desse cotidiano com um verdadeiro sentido de tragédia. “Quando ela bate com o copo de leite na mesa, e você pensa que o leite pode derramar, isso é tão dramático quanto um assassinato”, dizia Akerman. À medida que disrupções ditam uma outra percussão nessa coreografia emudecida, o filme de ação se torna filme de suspense. À primeira vista talvez reiterativo, Jeanne Dielman na verdade aplica, de maneira extremamente econômica, uma lógica de modulações – tão cara ao minimalismo quanto à cultura tradicional judaica – calcada em repetição e diferença. Não retornamos às mesmas ações da mesma maneira; há sempre uma pequena variação nas tarefas cotidianas, que sedimentam essa revolução imperceptível. A duração fazse proposição fundamental, pois as transformações – esse grande agente narrativo que encontra na imagem em movimento território privilegiado, seja num filme da Pixar ou nos retratos filmados de Andy Warhol – sempre ocorrem no tempo, acumulando como poeira nos batentes. Na redução de escala proposta, e levada às últimas consequências, por Akerman, o diabo se instaura nos mais ínfimos detalhes. Para alcançar esse nível de ambiguidade propositiva, a diretora promove uma combinação surpreendente entre narrativa e rarefação; compaixão e estoicismo; Bresson e Minelli; Hitchcock e Michael Snow. Se a obra de Akerman é um grande compêndio de gêneros e registros do cinema – do documentário à ficção; do cinema estruturalista à comédia musical –, Jeanne Dielman parece absorver e ressignificar toda essa vida de paixão pelas imagens e pela música das imagens, mudando o cinema dali por diante, e dali para trás. O cinema é um só e, na solidão esgarçada de Jeanne Dielman, ele encontra um dos mais belos e completos reflexos em sua curta história. Fábio Andrade

No domingo, dia 17, às 17h30, o cinema do IMS Rio exibe Jeanne Dielman, de Chantal Akerman, em DCP. Após a sessão, haverá um debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: revistacinetica.com.br

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OS FILMES DE DEZEMBRO

Vando Vulgo Vedita (2017), de Andréia Pires e Leonardo Mouramateus

NO INTENSO AGORA de João Moreira Salles (Brasil, 2017. 127'. Exibição em DCP)

Roteiro e texto: João Moreira Salles. Montagem: Eduardo Escorel, Laís Lifschitz. Música original: Rodrigo Leão. Produção executiva Maria Carlota Bruno. Pesquisa de imagens: Antonio Venancio. Edição de som e mixagem Denilson Campos. Coordenação de pós-produção: Marcelo Pedrazzi.

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Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial da Revolução Cultural, No intenso agora investiga a natureza de registros audiovisuais gravados em momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor quantidade, no Brasil. As imagens, todas elas de arquivo, revelam o estado de espírito das pessoas filmadas e também a relação entre registro e circunstância política. O ponto de partida do filme foram imagens captadas pela mãe do diretor, encontradas por ele na época da finalização de Santiago (2007). “Eu precisava de imagens da casa onde minha família morou, na Gávea, e pedi a alguém para procurar”, conta João Moreira Salles em entrevista ao jornal O Globo. “Encontramos as imagens, mas eu não sabia direito o que eram, qual o sentimento dela durante a viagem. Aí encontrei uma reportagem que ela escreveu sobre a viagem, em forma de diário, para a revista O Cruzeiro. Fiquei muito impressionado com a comoção dela diante de tudo o que viu lá. Minha mãe e a Revolução Cultural são opostos absolutos, seria fácil imaginar uma reação dogmática. Mas não, ela ficou deslumbrada com aquilo. E eu fiquei tocado com esse deslumbramento dela e com a intensidade com que ela o descreveu, porque minha mãe foi perdendo isso com o tempo.” [Leia a entrevista completa de João Moreira Salles para O Globo: https://goo.gl/CD8


COLO

de Teresa Villaverde (Portugal, 2017. 136'. Exibição em DCP) ATÉ 13 DE DEZEMBRO

Roteiro: Teresa Villaverde. Fotografia: Acácio de Almeida. Montagem: Rodolphe Molla. Som: Vasco Pimentel. Produção: Teresa Villaverde, Cécile Vacheret. Com João Pedro Vaz, Alice Albergaria Borges, Beatriz Batarda, Clara Jost.

A rotina de uma família lisboeta é absorvida pelos efeitos da crise econômica. A mãe se desdobra em dois empregos para pagar as contas, o marido está desempregado e a filha adolescente guarda seus próprios segredos. “Neste filme a crise é mais do que econômica", declara Teresa Villaverde. "É também a crise da família, do pouco tempo que as pessoas têm para viver, para falar umas com as outras. Quis retratar a solidão e o modo como ela existe dentro de uma estrutura que se deteriora, porque quando existe uma crise econômica todos os outros problemas parecem ser exacerbados. Dos meus filmes, talvez este seja aquele onde o silêncio se sente mais. É mais importante aquilo que não se diz, que fica por dizer.” O filme foi exibido na mostra competitiva do Festival de Berlim deste ano. [Leia a matéria completa no site do jornal Público: https://goo.gl/gp793D]

MEU CORPO É POLÍTICO de Alice Riff (Brasil, 2017. 72'. Exibição em DCP)

Roteiro: Alice Riff. Produção: Heverton Lima. Fotografia: Vinicius Berger. Edição: Yuri Amaral. Som: Tales Manfrinato.

O cotidiano de quatro pessoas LGBT que vivem na periferia de São Paulo: Linn da Quebrada, artista e professora de teatro, Paula Beatriz, diretora de escola pública no Capão Redondo, Giu Nonato, jovem fotógrafa em fase de transição, e Fernando Ribeiro, estudante e operador de telemarketing. Meu corpo é político estreou este ano no Festival Visions du Réel. Foi exibido também na Competição de Direitos Humanos do BAFICI – Festival de Cinema Independente de Buenos Aires, no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e ganhou o Prêmio Olhares Brasil no festival Olhar de Cinema.

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SESSÃO CINÉTICA

JEANNE DIELMAN

(Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles) Chantal Akerman (Bélgica, 1975. 200'. Exibição em DCP ) 17 E 28 DE DEZEMBRO A sessão do dia 17/12, às 17h30, será seguida de debate com os críticos da revista Cinética

Roteiro: Chantal Akerman. Fotografia: Babette Mangolte. Montagem: Patricia Canino. Com Delphine Seyrig, Jan Decorte.

Chance rara de ver em tela grande esse filme que sempre irá reverberar como obra de enorme influência no próprio Cinema (Apichatpong Weerasethakul, Gus Van Sant e Pedro Costa, para citar apenas três). Jeanne Dielman é o retrato de uma solitária viúva de meia-idade que mora com seu filho adolescente. Acompanhamos seus afazeres de mãe, dona de casa e também suas ações tranquilas na prostituição. O segundo longa-metragem de Chantal Akerman foi lançado quando ela tinha apenas 25 anos.

ÓPERA NA TELA

OS CONTOS DE HOFFMANN

(Hoffmanns Erzählungen) Ópera fantastique em um prólogo, três atos e um epílogo de Jacques Offenbach (Ópera Nacional de Paris, 2016. 205' - 2 intervalos. Exibição em DCP) 27 DE DEZEMBRO

Libreto de Jules Barbier. Maestro: Philippe Jordan. Figurino: Michael Levine. Direção: Robert Carsen. Orquestra e Coro da Ópera Nacional de Paris.

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Relato das decepções amorosas do poeta alemão Hoffmann, narrador e herói. Três épocas, três paixões, três mulheres : Olympia, Antonia e Giulietta. A cada duas semanas, às quartas-feiras, a sala José Carlos Avellar recebe o festival Ópera na Tela. Uma série de programas organizados pela Bonfilm Audiovisual, com filmagens de encenações realizadas na Ópera de Paris, Ópera do Estado da Bavaria, Teatro Antigo de Taormina, Grande Teatro do Liceu de Barcelona, Teatro Real de Madri e Teatro Alla Scala de Milão. A série, iniciada com Os contos de Hoffmann segue com a apresentação de A favorita e La Bohème.


PROJEÇÕES 2017

DE 9 A 23 DE DEZEMBRO DE 2017

BINGO - O REI DAS MANHÃS de Daniel Rezende (Brasil, 2017. 113'. Exibição em DCP) 20 DE DEZEMBRO

Montador experiente (foi indicado ao Oscar por Cidade de Deus), Daniel Rezende faz sua estreia na direção de longas-metragens neste que é o candidato brasileiro ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro. Augusto (Vladimir Brichta) é um artista que sonha com seu lugar sob os holofotes. A grande chance surge ao se tornar Bingo, um palhaço apresentador de programa infantil na televisão. Porém, uma cláusula no contrato não permite revelar quem é o homem por trás da máscara. O filme é livremente inspirado na vida de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo no programa matinal homônimo exibido no SBT durante os anos 1980.

BLADE RUNNER 2049 (Blade Runner 2049) de Denis Villeneuve (EUA, 2017. 163'. Exibição em DCP) 21 DE DEZEMBRO

35 anos após os acontecimentos do primeiro filme dirigido por Ridley Scott, um novo caçador de androides, K (Ryan Gosling), descobre um segredo genético. Com essa descoberta, ele se vê numa missão para encontrar Deckard (Harrison Ford), blade runner aposentado da polícia de Los Angeles. Em um filme de US$ 150 milhões que não foi um êxito comercial, Villeneuve trabalha numa chave respeitosa com a mística criada em torno do primeiro filme, mas termina fazendo um esforçado reboot que parece repetir o mesmo tipo de recepção dividida do filme de 1982. Os sets e a fotografia de Roger Deakins são algo de especial.

BLADE RUNNER, O CAÇADOR DE ANDROIDES (Blade Runner ) de Ridley Scott (EUA, 1982. 117'. Exibição em DCP) 21 DE DEZEMBRO

Da paisagem aérea de uma Los Angeles icônica que existe apenas nesse filme à trilha sonora poderosa de Vangelis, Blade Runner gerou dezenas de outros filmes nos últimos 35 anos. Oferecemos a oportunidade de (re)ver esse filme imperfeito, mas sempre a ser (re)descoberto lado a lado com a sua sequência Blade Runner 2049, de Denis Villeneuve. A versão que o IMS exibe é a final cut, lançada em 2007, a única na qual Scott teve total controle artístico. Nesta versão remasterizada em 4K, o diretor incluiu cenas que haviam sido cortadas das versões anteriores.

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TERÇA 5

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14h00 Meu corpo é político

QUARTA 6

15h30 No intenso agora

15h30 No intenso agora

18h00 Meu corpo é político

18h00 Meu corpo é político

19h30 Colo

19h30 Colo

15h00 Colo

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17h30 No intenso agora Projeções 2017 20h00 Como nossos pais

DEZEMBRO 2017

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14h30 No intenso agora

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15h00 Colo

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14h00 Colo 16h30 No intenso agora

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14h00 Meu corpo é político

Projeções 2017 17h40 Dunkirk

Projeções 2017 15h30 Rifle

19h40 Vá e veja

17h20 No intenso agora

15h00 No intenso agora

Projeções 2017 17h00 Martírio

Projeções 2017 17h20 Bingo

20h00 Eu não sou seu negro

19h40 It - A Coisa

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14h00 No intenso agora Projeções 2017 16h30 Blade Runner, o caçador de androides 19h00 Blade Runner 2049

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14h30 Meu corpo é político

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14h00 Meu corpo é político

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14h00 Meu corpo é político

16h00 No intenso agora

15h30 No intenso agora

15h30 No intenso agora

18h30 Meu corpo é político

Ópera na Tela 18h00 Os contos de Hoffman

18h00 Meu corpo é político

19h50 No intenso agora

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14h00 Meu corpo é político

QUINTA

19h30 Jeanne Dielman


SEXTA 8

14h00 Meu corpo é político

SÁBADO 9

11h30 Colo

15h30 Colo

14h30 No intenso agora

18h00 Meu corpo é político

Projeções 2017 17h00 Corra!

DOMINGO 10

Projeções 2017 11h30 Historietas assombradas 14h30 No intenso agora 20h00 Fragmentado

19h30 No intenso agora 19h00 Toni Erdmann

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14h00 Meu corpo é político

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Projeções 2017 16h00 O estranho que nós amamos (2017)

Projeções 2017 17h50 Vazante

Sessão Cinética 17h30 Jeanne Dielman sessão seguida de debate com os críticos da revista Cinética

20h00 O estranho que nós amamos (1971)

23

15h40 No intenso agora 18h00 Projeções 2017 Joaquim

Projeções 2017 11h30 O estranho que nós amamos (1971)

Projeções 2017 11h30 Corpo elétrico 15h00 No intenso agora

17h45 Curtas

20h00 Moonlight - Sob a luz do luar

14h00 Meu corpo é político

17

14h10 Meu corpo é político

15h20 No intenso agora

22

11h30 No intenso agora

24 NO DOMINGO, 24/12, NÃO HAVERÁ SESSÕES DE CINEMA

15h00 No intenso agora 17h20 Mãe

20h00 O ornitólogo 19h30 Mulher-Maravilha (3D)

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14h00 Meu corpo é político

30

11h30 Vá e veja

15h45 No intenso agora

15h00 Meu corpo é político

18h00 Meu corpo é político

16h30 No intenso agora

19h50 No intenso agora

19h00 Blade Runner, o caçador de androides

31 NO DOMINGO, 31/12, NÃO HAVERÁ SESSÕES DE CINEMA

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COMO NOSSOS PAIS de Laís Bodanzky (Brasil, 2017. 102'. Exibição em DCP)

12 DE DEZEMBRO

Rosa é uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Quarto longametragem de Laís Bodanzky, Como nossos pais estreou mundialmente em fevereiro na mostra Panorama do Festival de Berlim. Pouco antes de entrar em cartaz no Brasil, ganhou sete prêmios no Festival de Gramado, incluindo Melhor Filme, Direção e Atriz. "Minha ideia era mostrar que, mesmo num lugar de pessoas muito esclarecidas, existe uma certa opressão invisível sobre a mulher contemporânea", explicou Bodanzky ao site AdoroCinema. [A entrevista completa pode ser vista em: bit.ly/lais-cnp]

CORPO ELÉTRICO de Marcelo Caetano (Brasil, 2017. 94'. Exibição em DCP)

17 DE DEZEMBRO

Corpo elétrico talvez seja o abre-alas de uma nova safra de filmes brasileiros em que o trabalhador/ operário é personagem central (Arábia, Baronesa, As boas maneiras). Corpo elétrico foi exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Roterdã, na Holanda, no início do ano, e tem seguido carreira internacional notável, paralela ao lançamento nos cinemas brasileiros. No filme, o verão está chegando, e Elias tem sonhado muito com o mar. Na fábrica em que trabalha, as responsabilidades aumentam à medida que o fim de ano se aproxima. Ele tenta equilibrar seu cotidiano entre o trabalho em uma fábrica de roupas e encontros casuais com outros homens.

CORRA! (Get Out) de Jordan Peele (EUA, 2017. 104'. Exibição em DCP) 9 DE DEZEMBRO

Corra! foi recentemente indicado na categoria Comédia pelo Globo de Ouro. O diretor Jordan Peele prontamente respondeu, via Twitter, que o filme “é um documentário”. Peele filma a história de Chris, um jovem fotógrafo afro-americano que visita a casa da família de sua namorada branca. No decorrer do fim de semana, ele será confrontado por uma série de descobertas perturbadoras apresentadas por uma câmera que sugere fortes laços com Roman Polanski. Nas palavras de Juliano Gomes, da revista Cinética, é "um marco na história do cinema americano" e "um estudo sobre a sobrevivência da escravidão na América neoliberal pós-2008”.

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[Texto na íntegra em: goo.gl/rRhB2s]


DUNKIRK (Dunkirk) de Christopher Nolan (EUA, França, Reino Unido, Holanda, 2017. 120'. Exibição em DCP) 13 DE DEZEMBRO

Durante a Segunda Guerra, nas praias de Dunquerque, centenas de milhares de soldados das forças aliadas são cercados pelo exército alemão. O filme acompanha o resgate desses soldados por terra, água e ar. O tom é mais próximo de um ensaio do que o de uma narrativa tradicional, muito embora siga a tradição da lógica da guerra no cinema ocidental. Christopher Nolan goza de uma rara liberdade criativa e orçamentária trabalhando para o estúdio Warner. Ele fez questão de filmar Dunkirk em película, muito embora nenhuma cópia em película deste filme tenha chegado ao Brasil. Propomos um diálogo entre Dunkirk e o soviético Vá e veja (1985). Cobrem uma mesma época histórica, mas em lados opostos da Europa.

O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS (Beguiled) de Sofia Coppolla (EUA, 2017. 94'. Exibição em DCP) 16 DE DEZEMBRO

Um soldado da União, ferido em combate durante a Guerra de Secessão, acaba encontrando refúgio num internato para mulheres localizado em território confederado. O caos instala-se. A releitura de Coppola para o filme de Don Siegel é esbelta, preferindo não incluir a escravidão, o sexo e o horror, numa fábula de apertados espartilhos.

O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS (The Beguiled) de Don Siegel (EUA, 1971. 105'. Exibição em DCP) 16 DE DEZEMBRO

Um soldado da União, ferido em combate durante a Guerra de Secessão, acaba encontrando refúgio num internato para mulheres localizado em território confederado. O caos instala-se. A versão de Siegel lançada em 1971 é um produto inconfundível da sua época, quando o cinema americano avançava em territórios novos e sem cintos de segurança. Escravidão, horror e erotismo numa luta sanguinária pelo poder masculino/feminino. Uma fábula de terror, a força de mulheres e uma desconstrução de Clint Eastwood. Para ser visto com a versão soft de 2017 de Sofia Coppola.

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EU NÃO SOU SEU NEGRO (I Am Not Your Negro) de Raoul Peck (EUA, França, Bélgica, Suíça, 2016. 93'. Exibição em DCP) 19 DE DEZEMBRO

Em entrevista à National Public Radio, o diretor Raoul Peck disse: "Como uma pessoa negra e do terceiro mundo, eu não tenho a minha própria narrativa contada nesse meio que é o cinema. Desde o seu início, outras pessoas têm contado a história. Então, para mim, ser cineasta também significa tentar salvar parte da nossa memória, parte das nossas imagens, parte das nossas histórias. Eu considerei que uma das minhas responsabilidades era garantir que não estivéssemos invisibilizados no filme." Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre ser negro nos EUA. Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, Remember This House, relatando as vidas e os assassinatos dos líderes ativistas que marcaram a história social e política americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. O manuscrito inacabado foi confiado ao diretor haitiano Raoul Peck, que combina o material com um rico arquivo de imagens dos movimentos pelos direitos civis e do Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.

FRAGMENTADO (Split) de M. Night Shyamalan (EUA, 2017. 117'. Exibição em DCP) 10 DE DEZEMBRO

Autor do cinema americano que já teve liberdade para gerir orçamentos gigantescos, M. Night Shyamalan (O sexto sentido, A vila, A dama na água) revitaliza sua carreira após uma série de filmes caros que não tiveram sucesso comercial. Feito por apenas (na língua de Hollywood) US$ 9 milhões, Fragmentado tornou-se um dos maiores êxitos de Shyamalan. Kevin (James McAvoy) possui 23 personalidades distintas e consegue alterná-las apenas com a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra num estacionamento. O filme vem com o tipo de virada final que ajudou a dar fama comercial a Shyamalan. É bem feito e divertido.

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HISTORIETAS ASSOMBRADAS - O FILME de Victor-Hugo Borges (Brasil, 2017. 90'. Exibição em DCP) 10 DE DEZEMBRO

Victor-Hugo Borges já havia feito um curta-metragem e uma série para a televisão com os mesmos personagens deste filme. Agora chega com vigor ao ainda incipiente mercado brasileiro de longasmetragens de animação. Pepe é um menino de 12 anos que mora com sua avó, uma bruxa-empresária. Após descobrir que é adotado e que seus pais estão vivos, ele decide sair em busca deles, mas assim acaba atraindo a atenção de Edmundo, um vilão biomecânico.

IT - A COISA (It) de Andy Muschietti (EUA, 2017. 135'. Exibição em DCP) 20 DE DEZEMBRO

Quando crianças começam a desaparecer misteriosamente na pequena cidade de Derry, no estado do Maine, um grupo de adolescentes é obrigado a enfrentar seus maiores medos ao desafiar um palhaço (o segundo da seleção Projeções 2017) maligno chamado Pennywise. O renascer de Stephen King no cinema num filme que foi adotado como retrato da América de Trump.

JOAQUIM

de Marcelo Gomes (Brasil, 2017. 102'. Exibição em DCP) 22 DE DEZEMBRO

Exibido na competição oficial do Festival de Berlim 2017, Joaquim traz olhar incomum para a figura histórica de Tiradentes. Ao abordá-lo, Marcelo Gomes mescla situações fictícias com relatos históricos para retratar um homem comum, com seus defeitos, contradições e medos. "A coisa que não compreendo é: como esse cara, que vivia no Brasil colonial, cruel, terrível, desumano, que matava os índios, que escravizava os africanos, como ele, que trabalhava para a coroa portuguesa como um soldado, decidiu mudar seu paradigma e se tornar um revolucionário", explicou o cineasta à Agência EFE.

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MÃE! (Mother!) de Darren Aronofsky (EUA, 2017. 121'. Exibição em DCP) 23 DE DEZEMBRO

Um casal leva um vida tranquila em uma casa de campo, ela (Jennifer Lawrence) quer um bebê, ele (Javier Barden) é poeta, mas sofre de bloqueio criativo. A relação dos dois é testada por um visitante inesperado (Ed Harris). Mãe! dividiu opiniões de crítica e público em 2017. Para uns, é brilhante e audacioso, e para outros, histérico e afetado. Acreditamos que como cinema de gênero feito por estúdio, Mãe! é um filme incomum, e um exercício e tanto.

MARTÍRIO

de Vincent Carelli (Brasil, 2017. 160'. Exibição em DCP) 19 DE DEZEMBRO

A grande marcha de retomada dos territórios sagrados dos Guarani-Kaiowá pelas filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens desse genocídio, fazendo um grande apanhado histórico que remonta às origens da colonização portuguesa no Brasil. Um dos documentários mais comentados do ano. "Todo dia bate à porta das nossas consciências, através das redes sociais, a notícia de um assassinato brutal, de um violento despejo", declara Vincent Carelli. "Do outro lado, na grande imprensa, nas sentenças judiciais, nos discursos dos lobistas do agronegócio, vemos a ignorância ou a omissão total da história, a inversão cínica de papéis se apropriando da palavra 'resistência', frente ao suposto 'terrorismo' dos índios."

MOONLIGHT - SOB A LUZ DO LUAR (Moonlight) de Barry Jenkins (EUA, 2016. 110'. Exibição em DCP) 15 DE DEZEMBRO

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Barry Jenkins filma um personagem que é visto três vezes (infância, adolescência e idade adulta). Parte do sucesso desse relato vem da qualidade humana de cada uma das três partes, que abordam aspectos da vida do homem negro nos EUA hoje a partir de relações familiares, dos modelos de masculinidade e orientação sexual. Um Oscar de Melhor Filme ajudou Moonlight a ser descoberto em multiplexes de todo o mundo.


MULHER-MARAVILHA (Wonder Woman) de Patty Jenkins (EUA, 2017. 141'. Exibição em DCP - 3D ) 23 DE DEZEMBRO

Diana, princesa das Amazonas na desconhecida ilha de Themyscira, descobre que um grande conflito assola o mundo quando um piloto americano cai com seu avião nas areias da costa. Convencida de que é capaz de vencer a ameaça de destruição, Diana deixa a ilha e descobre todos os seus poderes. Mulher-Maravilha quebrou recordes de bilheteria em 2017. Entre os filmes dirigidos apenas por mulheres, é o mais bem-sucedido de todos os tempos. É o melhor resultado entre os filmes do chamado "Universo Estendido da DC Comics", que engloba super-heróis como Batman e Superman. Patty Jenkins também comandará a continuação deste filme, tornando-se a diretora mais bem paga da história, segundo a revista Variety.

O ORNITÓLOGO

de João Pedro Rodrigues (Portugal, França, Brasil, 2016. 118'. Exibição em DCP) 23 DE DEZEMBRO

Os filmes de João Pedro Rodrigues se destacam na cinematografia portuguesa pós-João César Monteiro e Manoel de Oliveira e parecem ir além do rótulo cinema queer, muito embora tragam em vários deles o fetiche e as questões de gênero e sexualidade. As imagens de João Pedro ganham a larga expansão confirmada em O ornitólogo, em que pela primeira vez o diretor trabalha em tela larga CinemaScope. Esse filme de aventura rio abaixo e floresta adentro mantém sua origem luso-ibérica em cada quadro, e enriquece essa filmografia única, cuja escrita deve ser descoberta sempre.

RIFLE

de Davi Pretto (Brasil, 2016. 88'. Exibição em DCP) 14 DE DEZEMBRO

Exibido este ano na mostra Fórum do Festival de Berlim, Rifle já havia ganhado no ano passado os prêmios de Melhor Filme do Júri da Crítica, Melhor Roteiro e Melhor Som do Festival de Brasília, além de Melhor Filme do 12o Panorama Internacional Coisa de Cinema. Para o diretor Davi Pretto, Rifle “é um filme sobre identidade, em um contexto de interior esvaziado, pós-êxodo rural, no qual permanecer no campo é um ato de resistência diário, em que todos os detalhes do cotidiano empurram as pessoas pra fora dessa região para irem pra cidade. Por causa disso, acaba sendo também um filme sobre violência. Não só a violência física, mas a violência silenciosa do capitalismo expansionista descontrolado, do progresso, da mecanização em massa que apaga o trabalho manual do ser humano, da ideia de ser alguém na vida.” [Entrevista na íntegra no Vertentes do Cinema: goo.gl/mcmkNK]

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TONI ERDMANN (Toni Erdmann) de Maren Ade (Alemanha, Áustria, 2016. 162'. Exibição em DCP) 9 DE DEZEMBRO

O professor de música Winfried não vê muito sua filha Ines, uma executiva dedicada. Ao ver-se repentinamente sem alunos, decide surpreendê-la com uma visita. Há lembranças possíveis dos dentes e narizes postiços de Peter Sellers, do Tony Clifton de Andy Kaufman, da comédia de tensões extremas que sugerem a contraposição da arte contra as rígidas imposições de mercado. Uma comédia, um drama familiar e uma performance art. Uma refilmagem norte-americana já está a caminho, fala-se que com Jack Nicholson e Kristen Wiig nos papéis principais.

VAZANTE

de Daniela Thomas (Brasil, 2017. 116'. Exibição em DCP)

15 DE DEZEMBRO

Retrato duro de um período muito específico do Brasil colonial e da escravidão, Vazante chegou aos cinemas num momento em que as discussões sobre raça e representatividade negra no cinema estão aguçadas. Dentre as diversas questões suscitadas pelo filme e pelos vários acalorados debates em torno dele, uma se sobressai: a representação das pessoas escravizadas aqui é uma constatação ou uma reiteração da violência desse período?

VÁ E VEJA (Idi i smotri) de Elem Klimov (União Soviética, 1985. 142'. Exibição em DCP) 13 DE DEZEMBRO

Florya, um garoto de 12 anos, perambula pela terra arrasada da Bielorrússia sob a invasão nazista. Ele afunda numa atmosfera de horror e pouco parece entender. Vá e veja oferece a visão soviética da Segunda Guerra Mundial, diferente em tom do que o cinema americano normalmente explora. O fato de a obra de Klimov ser relativamente obscura no ocidente nos diz muito sobre o peso político do cinema, muito embora o filme e suas ideias tenham deixado marcas em Império do sol (Empire of the Sun, 1987) e O resgate do soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998), ambos de Steven Spielberg. Projetado em cópia restaurada que estreou no último Festival de Veneza.

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PROJEÇÕES 2017 - SESSÃO DE CURTAS 16 DE DEZEMBRO

O Cinema do IMS fez uma pequena seleção de curtas metragens brasileiros que se destacaram durante o ano por sua qualidade e inventividade. Coincidentemente ou não, são filmes em que as questões raciais, de gênero e sexualidade estão fortemente presentes.

DANCE SEU PHD 2017 - POP, DIP & SPIN: O LENDÁRIO BIOSENSOR PARA CIÊNCIAS FORENSES (Dance Your PhD 2017 - Pop, Dip and Spin: The Legendary Biosensor For Forensic Sciences) de Natália Oliveira e William Oliveira (Brasil, 2017. 5'. Exibição em cópia digital)

O concurso Dance seu PhD, realizado há 10 anos pela revista Science como uma forma de disseminar o conhecimento científico para além da academia, foi vencido este ano, na categoria Júri Popular, por este curta-metragem que utiliza um esquadrão de dançarinos do grupo Vogue 4 Recife para demonstrar a utilização de biossensores para as ciências forenses. A técnica é tema do projeto de doutorado de Natália Oliveira na UFPE.

DEUS

de Vinícius Silva (Brasil, 2017. 25'. Exibição em DCP)

A rotina de Roseli, mulher negra da periferia de São Paulo que cuida sozinha do seu filho, Breno. Melhor curta metragem brasileiro no Janela Internacional de Cinema do Recife.

NADA

de Gabriel Martins (Brasil, 2017. 27'. Exibição em DCP)

O final do ano aproxima-se e junto dele o ENEM. A escola e os pais de Bia pressionam para que ela decida o curso no qual vai se inscrever. Bia, no entanto, não quer fazer absolutamente nada. Seleção Oficial da Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes.

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A PASSAGEM DO COMETA de Juliana Rojas (Brasil, 2017. 20'. Exibição em DCP)

1986. Na sala de espera de uma clínica, a recepcionista, uma paciente e uma acompanhante aguardam a passagem do cometa Halley, enquanto a médica enfrenta dificuldades com um dos procedimentos. Seleção Oficial do Festival de Brasília.

TRAVESSIA

de Safira Moreira (Brasil, 2017. 5'. Exibição em DCP)

Travessia parte da busca pela memória fotográfica das famílias negras e assume uma postura crítica e afirmativa diante da quase ausência e da estigmatização da representação do negro. Imagens felizes. Prêmio de melhor curta metragem no Cachoeiradoc. Na 9ª Semana, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri, Prêmio de Melhor Curta-Metragem do Júri de estudantes de audiovisual e prêmio especial do Júri da Crítica.

VANDO VULGO VEDITA de Andréia Pires e Leonardo Mouramateus (Brasil, 2017. 20'. Exibição em DCP)

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Vando (vulgo Vedita) não é visto faz um tempo nas ruas da Barra. Prêmio de Melhor Curta Metragem na Mostra de Tiradentes.


DVD | IMS ÚLTIMO LANÇAMENTO

O BOTÃO DE PÉROLA (Chile, França, Esapanha, 2015)

de Patricio Guzmán

Instituto Moreira Salles Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3284-7400 WWW.IMS.COM.BR

Aberto ao público de terça a domingo, das 11h00 às 20h00. Guarda-volumes aberto até 20h00. Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local.

Com os extras: Encontros (Chile, 2015-2017. 35'), um filme de Patricio Guzmán realizado durante as filmagens de O botão de pérola; Livreto com ensaio de Eduardo Escorel e entrevista de Patricio Guzmán a Frederick Wiseman.

O programa de dezembro tem o apoio da Cinemateca do mam do Rio de Janeiro, do Festival Ópera na Tela, da revista Cinética, das distribuidoras Bonfilm, Imovision, Olhar Distribuição, Paramount Pictures, Sony Pictures Brasil, Universal, VideoFilmes, Vitrine Filmes, Warner Bros, Zeta Filmes, e do Espaço Itaú de Cinema.

Café, wifi Fundado em 1992, o IMS é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem por finalidade exclusiva a promoção e o desenvolvimento de programas culturais. A sede do Rio de Janeiro abriga espaços expositivos, sala de cinema, sala de aula, biblioteca, cafeteria e loja de arte. O ims possui também centros culturais em Poços de Caldas e São Paulo. O IMS conta com um acervo de fotografia (mais de 2 milhões de imagens), de música (cerca de 28 mil gravações), de literatura e de artes plásticas, instalados em reservas técnicas para conservação e restauração. Entre as coleções, fotografias de Marc Ferrez, Marcel Gautherot, Augusto Malta, José Medeiros, Thomaz Farkas, David Zingg, Haruo Ohara, Jorge Bodanzky, Maureen Bisilliat e Mário Cravo Neto, desenhos de J. Carlos, Millôr Fernandes e Glauber Rocha, as discotecas de Humberto Franceschi e José Ramos Tinhorão, os arquivos pessoais de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Elizeth Cardoso, Baden Powell, Hekel Tavares e Mário Reis, e originais dos escritores Ana Cristina Cesar, Rachel de Queiroz, Otto Lara Resende, Clarice Lispector, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. No site do IMS está hospedada a Rádio Batuta, ponto de seleção, entretenimento e análise da música popular brasileira. O ims edita uma revista quadrimestral de ensaios, serrote, uma revista semestral de fotografia, Zum, e uma coleção de DVDs. Superintendente Executivo: Flávio Pinheiro Coordenação do ims-rj : Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema: Kleber Mendonça Filho Produção de cinema e DVD: Barbara Alves Rangel Assistência de produção: Ligia Gabarra, Thiago Gallego

Sala José Carlos Avellar Ingressos para Jeanne Dielman, Blade Runner, o caçador de androides, O estranho que nós amamos (1971), Sessão de Curtas e Vá e veja: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia) para Mulher-Maravilha (3D): R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia) para as demais sessões: terça, quarta e quinta: R$ 22,00 (inteira) e R$ 11,00 (meia) sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 26,00 (inteira) e R$ 13,00 (meia). Meia-entrada com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos, portadores de hiv e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com Programa sujeito a alterações. Devolução de ingressos: em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos ou por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS-RJ: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 537 – Rocinha - Gávea 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea

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INSTITUTO MOREIRA SALLES

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CINEMA

DEZEMBRO 2017

VÁ E VEJA • O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS • JEANNE DIELMAN ELEM KLIMOV • DON SIEGEL • CHANTAL AKERMAN


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