Cinema IMS-RJ - Folheto Março/2017

Page 1

INSTITUTO MOREIRA SALLES

CINEMA

MARÇO 2017

WAITING FOR B | MINHA VIDA DE ABOBRINHA | EU NÃO SOU SEU NEGRO

JOHN FROM | ERA O HOTEL CAMBRIDGE | MATE-ME POR FAVOR


SESSÃO CINÉTICA: MULHERES DIABÓLICAS CUIDADO, MADAME Juliano Gomes

O título escolhido para o lançamento de La Cérémonie no Brasil, Mulheres diabólicas, funciona como uma espécie de pista falsa sobre o sistema de relações que Chabrol constrói no filme, baseado no romance L'Analphabète, de Ruth Rendell. Pista falsa, pois o que pode haver de “diabólico”, aqui, sem dúvida não é algo da ordem individual, mas sim da teia de relações entre as pessoas e as coisas. A simples história de uma família burguesa que contrata uma nova empregada doméstica (Sophie, numa brilhante composição de Sandrine Bonnaire) para sua casa no campo, onde as coisas não saem como o previsto, serve para Chabrol erguer um sistema complexo, cuja conclusão trágica não pode ser explicada por nenhum dos elementos apresentados de maneira isolada: o problema é justamente o conjunto. A prolífica carreira de Chabrol e sua posição de marginal dentro de uma superfície supostamente iconoclasta da nouvelle vague foram um campo fértil para a constituição de um estilo que conjuga uma face cristalina e fluida, herdada dos diretores clássicos, e um gosto pela irrupção violenta que o une a uma parte de seus contemporâneos. Chabrol parece ter interesse pelas fendas, por estudar onde os sistemas sucumbem, portanto, não é uma exceção que este A cerimônia (título português) seja um paciente tratado sobre a extensão e as características da fissura social que constitui a sociedade capitalista. A sensibilidade chabroliana para o conjunto quer nos fornecer elementos visíveis e invisíveis do lugar onde um agrupamento de ricos e pobres se desintegra.

Na quinta-feira (9) às 19h, o cinema do IMS-RJ exibe, em 35mm, Mulheres diabólicas, de Claude Chabrol. Após a sessão haverá um debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: revistacinetica.com.br

2

A força desta fábula aparentemente amoral reside na compreensão de um elo entre política e visibilidade. O filme compreende que o poder exercido pela família rica sobre a “classe serviçal” se vale da construção de uma superfície e de uma ideia de “normalidade”. O modo de vida “rico” se estrutura sobre certos costumes e pontos cegos. Uma das principais “invisibilizações”, profundamente explorada na inventiva construção da Jeanne de Isabelle Huppert, é o esvaziamento subjetivo dos “pobres”, realizado sob o verniz de “generosidade”. Jeanne é quem tem consciência desse acordo tácito, abrindo uma fissura no coração dele ao não aceitar sua ferramenta propagadora, que reside numa atitude geral de inviolabilidade, que podemos chamar de “boas maneiras” e ou ”civilidade”. Jeanne é a que entra sem pedir, pela janela, a que pega os objetos, a que desfaz um mandamento moral que jaz sobre a ideia de “propriedade”. Ela é permanentemente e deliberadamente imprópria: nas palavras, no corpo, nas ações. A uma certa estética anódina que a etiqueta burguesa requer, Jeanne só oferece contrastes e imposturas. Subvertendo a função da televisão, a tarefa de Jeanne aqui é de trabalhar sobre uma transmissão.


O conflito reside no embate entre uma força de revelação e outra de ocultamento. A forma mais eficiente de manutenção da desigualdade, de uma maneira geral, é um artifício moral que traveste uma situação distorcida de um verniz de equilíbrio. Levando adiante essa fórmula, talvez seja possível dizer que certo conjunto de procedimentos cinematográficos que constituem a convenção do clássico narrativo realiza tarefa semelhante com seu material de trabalho. O cinema que descende diretamente do teatro burguês, de longas-metragens, a que se leva a família, em que desfrutamos de um “ambiente respeitável”, se estruturou sobre uma expertise em inviabilizar suas fraturas, suas descontinuidades e suas anomalias. Arte essencialmente de colagem, um filme sincrônico, de enredo, é sempre, a priori, um mecanismo de invisibilização de seu mecanismo interno de composição (composições e junções arbitrárias, que resultam numa impressão de fluência, coincidência e linearidade). O poder de Chabrol no uso dessa gramática deságua justamente num “contrauso”, na medida em que almeja, pacientemente, sua dissolução. Não exatamente para revelar sua falsidade, mas para explicitar seu funcionamento. A opção por uma superfície não iconoclasta revela o modo da política de Claude Chabrol: uma paciência tenaz em desarmar os sistemas por dentro. E daí resulta num amplo inventário de gestos, objetos, posturas e imposturas, que constitui a fenda infinita que separa os dois grupos de pessoas. Neste jogo narrativo, o diabo está realmente nos detalhes. Nas armas no fundo de quadro, nas diferenças das comidas, no paisagismo contrastante, na boa consciência da filha rica, é aí que o assujeitamento em jogo sugere seu modo de aparição. O sistema chabroliano é biopolítico: envolve o corpo, a fala, a sexualidade, as imagens consumidas; vai, portanto, muito além da diferença de origem socioeconômica. E o cinema não pode estar neutro dentro disso. Uma das linhas desta fábula pode ser descrita assim: a justiça só se dará por dessincronia. Enfim, o fim deste mundo se dará por implosão.

Mulheres diabólicas (La cérémonie), de Claude Chabrol (França, 1995. 112')

3


OS FILMES DE MARÇO

TONI ERDMANN

(Toni Erdmann) de Maren Ade (Alemanha, Áustria, 2016. 162’. Exibição em DCP) DIAS 10, 12, 19, 24 E 26 DE MARÇO

O professor de música Winfried não vê muito sua filha Ines, uma executiva séria e dedicada. Ao se ver repentinamente sem alunos, decide surpreendê-la com uma visita. É uma decisão arriscada, porque Ines está trabalhando num projeto importante como estrategista empresarial em Bucareste. Disfarçado com um terno brega, uma peruca estranha e uma dentadura postiça Winfried assume o alter ego Toni Erdmann e invade a vida profissional de Ines em mais uma tentativa de aproximação. Em entrevista realizada para a promoção do filme, Maren Ade conta: "Todos os meus filmes são em parte autobiográficos no sentido de que tomo algo que conheço como ponto de partida. Com relação ao tema da família, foi interessante ver o quão pouco fui capaz de me afastar da minha própria família enquanto escrevia. Não há nada que você conheça melhor do que de onde veio. Você só tem uma família, e a relação entre pais e filhos é para toda a vida. É difícil escapar disso. E é o que acontece com a Ines em Toni Erdmann. Ela acha que a família na qual cresceu não tem nenhuma relevância na sua vida atual. Todos estão presos em seus papéis designados e suas interações são determinadas por padrões rígidos, quase ritualísticos, aos quais nenhum deles consegue escapar." "Eu não gosto de soluções narrativas fáceis. Preciso ser capaz de acreditar em cada passo que os personagens dão ao longo do caminho. Não precisa ser particularmente provável, mas pelo menos possível. Mesmo que o realismo fosse a principal consideração, eu ainda queria permitir surpresas e grandes 'momentos cinematográficos'. Mas queria que eles se desenvolvessem a partir dos personagens em vez de serem influenciados por mim como diretora. Por isso decidi criar uma situação que faz com que os personagens se sintam como se estivessem atuando em um filme. Toni introduz esse elemento na vida de Ines e Winfried

4

- um elemento de brincadeira, ousadia, liberdade - e lhes permite experimentar a si mesmos de uma nova maneira. Graças à ideia boba de Winfried, de repente tudo é possível."


ÓPERA NA TELA

RIGOLETTO

ópera em 3 atos de Giuseppe Verdi (França, 2015. 150’. Exibição em DCP)

Ópera de Paris Maestro: Nicola Luisotti Direção: Claus Guth Orquestra e Coro da Ópera de Paris.

8 DE MARÇO

Bobo da corte do Duque de Mântua, Rigoletto é odiado por todos. Amaldiçoado pelo Conde Monterone, tem sua filha Gilda raptada e cortejada pelo Duque disfarçado.

ÓPERA NA TELA

LÚCIA DE LAMMERMOOR ópera em 3 atos de Gaetano Donizetti (França, 2015. 150’. Exibição em DCP)

Grande Teatro do Liceu de Barcelona Maestro: Marco Armiliato Direção: Damiano Michieletto Orquestra Sinfônica e Coro do Grande Teatro do Liceu

22 DE MARÇO

Na Escócia, Lucia de Lammermoor vive um romance secreto com Edgardo, de uma família inimiga. Os amantes trocam alianças secretamente e Edgardo viaja, mas uma armação faz Lucia crer que o amado tem outra. A cada duas semanas, às quartas-feiras, a sala José Carlos Avellar recebe o festival Ópera na Tela. Uma série de programas organizados pela Bonfilm Audiovisual, com filmagens de encenações realizadas na Ópera de Paris, Teatro Alla Scala de Milão, Teatro Regio de Turim, Grande Teatro Liceu de Barcelona, Teatro an der Wien de Viena, Ópera de Los Angeles, e festivais líricos como os de Salzburgo e Baden Baden. A série, iniciada com La Traviata e O trovador, de Verdi segue com a apresentação de Os dois Foscari e Sansão e Dalila.

SESSÃO CINÉTICA

MULHERES DIABÓLICAS (La cérémonie) de Claude Chabrol (França, 1995. 111’. Exibição em 35mm)

9 DE MARÇO / SESSÃO SEGUIDA DE DEBATE COM OS CRÍTICOS DA REVISTA CINÉTICA

Discreta e calada, Sophie é escolhida pela rica família Lalièvre para tomar conta de sua mansão e faz amizade com Jeanne, dona do correio local. Jeanne, no entanto, tem inveja dos Lalièvre e arquiteta um plano para prejudicá-los. Uma vez ao mês, a revista Cinética organiza em parceria com o IMS uma sessão na Sala José Carlos Avellar, abrindo mais um espaço de reflexão e apreciação de filmes raros no circuito exibidor tradicional. Além disso, críticos da revista produzem textos especiais para as sessões e mediam um debate após a exibição.

5


SESSÃO VITRINE PETROBRAS

WAITING FOR B de Abigail Spindel e Paulo Cesar Toledo (Brasil, 2016. 71’. Exibição em DCP) DE 7 A 15 DE MARÇO

A saga de um grupo de fãs da cantora Beyoncé que, sem dinheiro para comprar o ingresso mais caro, passa dois meses acampando na porta do estádio onde será o show para garantir os lugares próximos da estrela internacional. Junnior Martins trabalha como cabelereiro para sustentar a família e depois encara uma viagem de três horas para o estádio. Gabriela Electra e suas amigas fazem bico como cover da diva pop. Charlles Felipe, um empresário nato, é o primeiro da fila no acampamento e mantém a organização das barracas. “A ideia surgiu quando o Paulo disse que havia fãs que acampariam por dois meses para o show da Beyoncé no Morumbi em 2013. Achei incrível”, conta a diretora Abigail Spindel, em entrevista ao portal Cine Resenhas. “Honestamente, eu nunca fui uma grande fã de alguém, com exceção do Bob Dylan, pois cresci em Boston, num mundo de individualismo, onde não se abaixa a cabeça para ninguém. Aqui no Brasil, há uma cultura de se construir um grupo para celebrar algo. Não se trata de perder a própria dignidade, mas de se inserir em um coletivo para celebrar a vida. Eu aprendi isso durante a realização do documentário”. [Entrevista completa em: https://goo.gl/RikU95]

MOONLIGHT - SOB A LUZ DO LUAR (Moonlight) de Barry Jenkins (EUA, 2016. 111’. Exibição em DCP) ATÉ 15 DE MARÇO

Segundo longa-metragem de Barry Jenkins (Medicine for Melancholy), Moonlight – Sob a luz do luar acompanha a tumultuada passagem para a vida adulta de um jovem do sul da Flórida ao longo de duas décadas. Vivendo em um bairro violento de Miami, Chiron deixa de ser um garoto inseguro para se tornar um adolescente vítima de bullying, indeciso quanto à sexualidade, e se transformar em homem maduro.

6


EU NÃO SOU SEU NEGRO (I Am Not Your Negro) de Raoul Peck (EUA, França, Bélgica, Suiça, 2016. 93’. Exibição em DCP) DE 7 A 15 DE MARÇO Roteiro: Raoul Peck, James Baldwin. Narração: Samuel L. Jackson. Produção: Rémi Grellety, Raoul Peck, Hébert Peck. Fotografia: Henry Adebonojo, Bill Ross, Turner Ross. Edição: Alexandra Strauss. Música: Alexei Aigui.

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos. Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor haitiano Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos. Em entrevista à National Public Radio, o diretor Raoul Peck declarou: "Eu não acho que um filme possa mudar o mundo ou que um filme possa mudar o destino de um país – pessoas mudam o destino de um país. Mas ao mesmo tempo, eu sei que um filme pode mudar uma pessoa, porque ele te pega no momento certo e te ajuda a realizar a mudança necessária." "Como uma pessoa negra e do terceiro mundo, eu não tenho a minha própria narrativa contada nesse meio que é o cinema. Desde o seu início, outras pessoas têm contado a história. Um nativo americano poderia refazer todos os westerns de John Wayne a partir de outra perspectiva. Isso é o que nós não temos: nossa própria história visual. Então, para mim, ser cineasta também significa tentar salvar parte da nossa memória, parte das nossas imagens, parte das nossas histórias. Eu considerei que uma das minhas responsabilidades era garantir que não estivéssemos totalmente apagados no filme."

Foto: Two Minute Warning, Spider Martin, 1965

[Entrevista completa em: https://goo.gl/vROpKb]

7


TERÇA 7

14h00 Eu não sou seu negro

QUARTA 8

14h00 Eu não sou seu negro

QUINTA 9

14h00 Eu não sou seu negro

15h45 Waiting for B

15h45 Waiting for B

15h45 Waiting for B

17h00 Eu não sou seu negro

17h00 Eu não sou seu negro

17h00 Eu não sou seu negro

18h45 Waiting for B

19h00 Ópera na Tela Rigoletto

19h00 Sessão Cinética Mulheres diabólicas

20h00 Moonlight - Sob a luz do luar

15

14 20h00 Moonlight - Sob a luz do luar

14h00 Eu não sou seu negro

16

14h00 Personal Shopper

15h45 Waiting for B

16h00 Invasão zumbi

17h00 Eu não sou seu negro

18h00 Mate-me por favor

18h45 Waiting for B

20h00 John From

20h00 Moonlight - Sob a luz do luar

21

22

14h00 Personal Shopper

23

14h00 Minha vida de abobrinha

16h00 John From

16h00 Invasão zumbi

16h00 Era o Hotel Cambridge

18h00 Personal Shopper

19h00 Ópera na Tela Lúcia de Lammermoor

18h00 A tartaruga vermelha

20h00 Invasão zumbi

2017 MARÇO 8

14h00 Mate-me por favor

28

20h00 Era o Hotel Cambridge

29 14h00 Minha vida de abobrinha

14h00 A tartaruga vermelha

16h00 Era o Hotel Cambridge

16h00 Era o Hotel Cambridge

18h00 A tartaruga vermelha

18h00 Minha vida de abobrinha

20h00 Era o Hotel Cambridge

20h00 Era o Hotel Cambridge


SEXTA 10

14h00 Eu não sou seu negro

SÁBADO 11

14h00 Eu não sou seu negro

DOMINGO 12

14h00 Eu não sou seu negro

15h45 Waiting for B

15h45 Waiting for B

15h45 Waiting for B

17h00 Eu não sou seu negro

17h00 Eu não sou seu negro

17h00 Eu não sou seu negro

19h20 Toni Erdmann

18h45 Waiting for B

19h20 Toni Erdmann

20h00 Moonlight - Sob a luz do luar

17

24

14h00 Invasão zumbi

18

14h00 Mate-me por favor

19

14h00 John From

16h00 Personal Shopper

16h00 John From

16h00 Mate-me por favor

18h00 John From

18h00 Personal Shopper

19h00 Toni Erdmann

20h00 Mate-me por favor

20h00 Invasão zumbi

14h00 A tartaruga vermelha

25

14h00 Minha vida de abobrinha

26

14h00 A tartaruga vermelha

16h00 Era o Hotel Cambridge

16h00 Era o Hotel Cambridge

16h00 Era o Hotel Cambridge

18h00 Minha vida de abobrinha

18h00 A tartaruga vermelha

18h00 Minha vida de abobrinha

19h20 Toni Erdmann

20h00 Era o Hotel Cambridge

19h20 Toni Erdmann

O CINEMA DE JOÃO PEDRO RODRIGUES A partir de 30 de março, por ocasião da estreia de O ornitólogo, o IMS-RJ realiza uma retrospectiva completa dos filmes de João Pedro Rodrigues, com exibições em DCP e 35mm e debate com o realizador. Em breve, programação disponível em ims.com.br 9


MATE-ME POR FAVOR de Anita Rocha da Silveira (Brasil, 2014. 101’. Exibição em DCP) DE 16 A 21 DE MARÇO

Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Uma onda de assassinatos invade o bairro. O que começa como uma curiosidade mórbida se apodera cada vez mais da vida dos jovens habitantes. Entre eles, Bia, uma garota de 15 anos. Após um encontro com a morte, ela fará de tudo para ter certeza de que está viva. “Para mim, era muito importante falar de uma geração que eu já conhecesse e retratar experiências que de certa forma vivi, presenciei”, diz a realizadora em entrevista ao site da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. “Conto do meu modo, que é exagerando e criando um universo alternativo. No fundo, é um filme sobre descoberta sexual, desejo, sobre pulsões que passam por todos os jovens, porém, em uma escala um pouco mais exagerada.” [Entrevista completa em: https://goo.gl/mZ1pFH]

JOHN FROM (John From) de João Nicolau (Portugal, França, 2015. 100’. Exibição em DCP) DE 16 A 21 DE MARÇO

Embora Rita não se queixe, suas férias escolares não são as mais animadas. Também não são as mais chatas: entre cafés gelados, tardes quentes de namoro juvenil e saídas noturnas com a amiga Sara, ela sempre arranja tempo para molhar o chão da varanda e tomar banho de sol. Muito naturalmente, de Portugal ao Pacífico Sul, sua rotina muda quando vai à exposição de um novo vizinho, bem mais velho do que ela, no centro comunitário local. Nas palavras de João Nicolau: "nada é tão feroz como o coração de uma menina. Se há coisa mais pura e violenta eu não sei qual é. Assumidamente pudico e lúdico, este filme procura auscultar a lógica e as metamorfoses da paixão juvenil. Respeitando os seus códigos particulares, acompanhando-os, a exploração a que me propus quis-se sempre distante daquela que olha a atração entre uma adolescente e alguém mais velho como uma disfunção psicológica ou um sintoma de doença social. Ao filme e à protagonista não restou por isso outro caminho senão o da constante transfiguração que nos aproxima daquilo que nessa paixão é mais verdadeiro: a beleza."

10


INVASÃO ZUMBI (Busanhaeng) de Yeon Sang-ho (Coreia do Sul, 2016. 118’. Exibição em DCP) DE 16 A 22 DE MARÇO

Em um trem de alta velocidade com destino à cidade de Busan, na Coreia do Sul, um vírus misterioso que transforma as pessoas em zumbis acaba se espalhando de maneira devastadora. A cidade de destino da locomotiva conseguiu com sucesso se defender da epidemia, mas até chegar lá eles deverão lutar pelas suas sobrevivências. Em entrevista ao portal Korea JoongAng Daily, o diretor Yeon Sang-Ho fala sobre suas referências durante a realização de Invasão Zumbi: "Eu me inspirei em filmes como Voo United 93 (2006) e Capitão Phillips (2013) [ambos dirigidos por Paul Greengrass] mais do que em filmes de zumbi. Esse filmes apresentam incidentes de forma realista em um espaço delimitado, assim como também os personagens de Invasão zumbi estão lutando com zumbis em um espaço delimitado. Eu também queria inserir um pouco do tom de O nevoeiro (Frank Darabont, 2007) e A estrada (John Hillcoat, 2009). O primeiro explora uma situação de pessoas presas em um supermercado sem saber o que se passa do lado de fora, e isso cria uma estrutura única e poderosa. O segundo apresenta um pai e um filho que vagam por um planeta Terra pós-apocalíptico. Com os protagonistas Seok-wu e sua filha Su-an, eu queria criar uma sensação apocalíptica." [Entrevista completa em: https://goo.gl/7uJuJ9]

PERSONAL SHOPPER (Personal Shopper) de Olivier Assayas (Brasil, 2016. 105’. Exibição em DCP) DE 16 A 22 DE MARÇO

Maureen é uma jovem americana que vive em Paris e trabalha comprando roupas para uma celebridade. Ela também tem a habilidade psíquica de se comunicar com espíritos, igual ao seu irmão gêmeo Lewis, que faleceu recentemente. Enquanto espera por um sinal de seu irmão, ela começa a receber mensagens de uma força desconhecida. "O que eu tentei fazer nesse filme foi conectar a realidade em que vivemos com a nossa imaginação", afirma Olivier Assayas na coletiva de imprensa do Festival de Cannes em 2016. "Eu acredito que vivemos em ambos os lados desse espelho. Temos nosso trabalho e temos a imaginação e temos, além disso, as pessoas que perdemos, e as nossas memórias, e isso tudo resulta em uma solidão muito povoada. E eu acho que a personagem da Maureen nesse filme está à procura de portas. Ela procura caminhos entre esses dois mundos. De algum modo estava interessado em pôr essa história no contexto da indústria da moda. Não poderia ser mais materialista do que isso, é a síntese do materialismo na sociedade moderna. Fui atraído pela ideia de alguém que está tentando escapar disso e, de alguma maneira, encontra salvação no invisível dos próprios sonhos. [Entrevista completa em: https://goo.gl/OvthQd]

11


MINHA VIDA DE ABOBRINHA (Ma vie de Courgette) de Claude Barras (Suiça, França, 2016. 66’. Exibição em DCP com legendas) DE 23 A 29 DE MARÇO

Após a morte repentina de sua mãe, Abobrinha torna-se amigo do policial Raimundo, que acompanha o garoto até seu lar adotivo repleto de outros órfãos de sua idade. A princípio, Abobrinha luta para encontrar seu lugar nesse ambiente estranho e, por vezes, hostil. Assim, com a ajuda de Raimundo e novos amigos, Abobrinha aprende aos poucos a confiar, encontrar o amor verdadeiro e esperar por uma nova família. "Eu me apaixonei por Autobiografia de uma Abobrinha, de Gilles Paris, um romance de formação tenro e poético", conta o diretor Claude Barras. "A história e seu tom me transportaram de volta a minha infância e me lembraram de meus primeiros alvoroços emocionais, da mesma maneira que acontece a um espectador assistindo a filmes como Os incompreendidos, Remi, Belle e Sebastian, Heidi e até Bambi. Com essa adaptação animada, quis partilhar com o público de hoje um pouco dessas emoções delicadas e formadoras que alimentaram e moldaram minha experiência de vida."

Ainda segundo o diretor, o filme, uma animação em stop-motion feita com cerca de 60 cenários e 45 marionetes, "foca na privacidade de seus personagens. Era importante para mim reservar tempo para pequenos gestos, expressões faciais, piscadelas, momentos de espera. A bagunça de um casal de pássaros ao construir seu ninho, paisagens urbanas, céus cheios de nuvens, tempestades e horizontes iluminados espelham as comoções nas almas dos personagens." "Eu usei frequentemente longos planos-sequência de olhares e emoções, mais do que o plano e contra-plano tipicamente usados em animações. Isso dá ao filme um ritmo único e retraído."

12


A TARTARUGA VERMELHA (La tortue rouge) de Michael Dudok de Wit (França, Bélgica, Japão, 2016. 80’. Exibição em DCP) DE 23 A 29 DE MARÇO

Após sobreviver a um naufrágio, um homem se vê em uma ilha completamente deserta. Ele consegue se manter por meio da pesca e tenta construir uma jangada que lhe permita deixar o local. No entanto, sempre que parte com a embarcação, ela é destruída por um ser misterioso. Em entrevista a Bernard Génin, publicada na revista Positif de número 665, o criador do filme Michael Dodok de Wit conta: "A ideia de criar uma história com uma tartaruga gigante me ocorreu há um tempo. Precisava ser uma criatura marinha majestosa e respeitosa. A tartaruga marinha é pacífica e solitária; ela desaparece nas profundezas do oceano por longos períodos de tempo e transmite uma impressão de quase imortalidade. Sua cor vermelha faz com que ela se destaque visualmente. Nós pensamos muito sobre o quanto de mistério gostaríamos de preservar na história. Nos filmes do Studio Ghibli, por exemplo, eu acho que a presença do mistério é muito bem administrada. É claro que o mistério pode ser maravilhoso, mas não ao ponto de desconectar o público do filme. Isso precisa ser gerenciado de forma bem sutil… E sem palavras, já que não existem diálogos no filme. É tão fácil explicar as coisas através do diálogo, mas existem outras forma, claro, como o comportamento dos personagens, a música e a edição. E, sem diálogos, os sons da respiração do personagens tornam-se, naturalmente, mais expressivos."

ERA O HOTEL CAMBRIDGE de Eliane Caffé (Brasil, França, Espanha, 2016. 94’. Exibição em DCP)

DE 23 A 29 DE MARÇO

A trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Em meio à tensão diária da ameaça do despejo, revelam-se dramas, situações cômicas e diferentes visões de mundo. “O Cambridge foi um hotel muito chique na São Paulo dos anos 1950 e 60. Ele fica no centro de São Paulo, próximo do metrô Anhangabaú, indo da 9 de Julho até os Jardins. Por conta de uma dívida enorme de IPTU, o hotel faliu e foi abandonado”, conta a diretora Eliane Caffé em entrevista ao portal Revista de Cinema. “Ao chegar lá, a Frente de Luta por Moradia, a FLM, que só ocupa prédios abandonados, colocou aquele edifício em ordem por dentro, deixando-o em condições de receber famílias. É lógico que esse gesto de entrar naquele espaço é uma medida provisória: ali é um lugar de passagem para os sem teto. Ocupa-se para expor a luta por moradia. E o nosso filme é, assumidamente, um instrumento de luta para a FLM. Quando nós assumimos a ideia de fazer o filme inteiro na zona de conflito que era e ainda é o Cambridge, a pulsação da vida fez com que personagens da realidade fossem interpretando a si mesmos. No resultado, a gente às vezes não enxerga onde é ficção e onde é realidade”. [Entrevista completa em: https://goo.gl/LESVAe]

13


RETROSPECTIVA

JOÃO PEDRO RODRIGUES A partir de 30 de março, o cinema do IMS-RJ apresenta uma retrospectiva completa do realizador português João Pedro Rodrigues. Além da estreia de O ornitólogo, a programação incluirá um debate com o realizador e exibições em DCP e 35mm de filmes como Morrer como um homem, Odete, O fantasma, A última vez que vi Macau, Manhã de Santo Antônio, China, China.

O ornitólogo (2016)

O fantasma (2000)

Em breve a programação estará disponível em ims.com.br

14

China, China (2007)


DVD | IMS

Instituto Moreira Salles

Homem comum, de Carlos Nader e Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes são os mais recentes lançamentos da coleção DVD | IMS que reúne os seguintes filmes: Últimas conversas, de Eduardo Coutinho. A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos. Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán. Imagens do inconsciente, de Leon Hirszman. Os dias com ele, de Maria Clara Escobar. A tristeza e a piedade, de Marcel Ophuls. Os três volumes da série Contatos: 1 - A grande tradição do fotojornalismo; 2 - A renovação da fotografia contemporânea; 3- A fotografia conceitual. Shoah, de Claude Lanzmann. La Luna, de Bernardo Bertolucci. Cerimônia de casamento, de Robert Altman. Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho. Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos. Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos. São Bernardo, de Leon Hirszman. O emprego, de Ermanno Olmi. Iracema, de Jorge Bodsnazky. Cerimônia secreta, de Joseph Losey. As praias de Agnès, de Agnès Varda. A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch. Diário, de David Perlov. Elena, de Petra Costa. Sudoeste, de Eduardo Nunes. A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo. Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper. Seis lições de desenho com William Kentridge. Memórias do subdesenvolvimento, de Tomas Gutiérrez Alea. E três edições de poesias: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade.

Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3284-7400 WWW.IMS.COM.BR

Superintendente Executivo: Flávio Pinheiro Coordenação do ims-rj : Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema: Kleber Mendonça Filho Produção de cinema e DVD: Bárbara Alves Rangel Assistência de produção: Thiago Gallego Aberto ao público de terça a domingo das 11h00 às 20h00. Guarda-volumes aberto até às 20h00. Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café wifi As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao IMS-RJ: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea

O programa de março tem o apoio da Sessão Vitrine Petrobras, da Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro, do festival Ópera na Tela, da Revista Cinética, das distribuidoras Vitrine Filmes, Bonfilm, Imovision, Fênix Filmes, California Filmes, Paris Filmes, Diamond Filmes, Sony Pictures, e do Espaço Itaú de Cinema. A exibição de Mulheres diabólicas conta com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français:

Sala José Carlos Avellar Ingressos para a Sessão Cinética: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia) para Waiting for B: R$ 12,00 (inteira) e R$6,00 (meia) para as sessões de Ópera na Tela: R$ 22,00 (inteira) e R$11,00 (meia) para as demais sessões: terça, quarta e quinta: R$ 22,00 (inteira) e R$11,00 (meia) sexta, sábado, domingo e feriados: R$26,00 (inteira) e R$ 13,00 (meia). Meia entrada com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos, portadores de HIV e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Passaporte no valor de R$ 40,00 com validade para 10 sessões das mostras organizadas pelo IMS. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com Devolução de ingressos: em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br

Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em www.ims.com.br, em nossas redes sociais ou pelo telefone 3284-7400

15


INSTITUTO MOREIRA SALLES

CINEMA

MARÇO 2017

INVASÃO ZUMBI | PERSONAL SHOPPER | A TARTARUGA VERMELHA

TONI ERDMANN | MOONLIGHT - SOB A LUZ DO LUAR

16


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.