Cinema IMS-RJ - Folheto Dezembro/2016

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INSTITUTO MOREIRA SALLES

CINEMA

DEZEMBRO 2016

SHAKESPEARE E CINEMA


SHAKESPEARE E CINEMA NOTAS SOBRE ALGUNS FILMES SHAKESPEREANOS Roberto Rocha

Laurence Olivier (1907-1989), no prefácio que escreveu para a edição do roteiro de seu filme Henrique V (1944), afirma que “Shakespeare, de certa forma escreveu para o cinema”. Olivier argumenta que, mais do que qualquer outra forma de escritura dramática, o teatro shakespeariano se prestaria, pelas suas próprias características formais, ao tratamento cinematográfico. Que características seriam essas? A unidade do drama elisabetano em geral e do shakespeariano em particular não é o ato, como na Grécia Antiga, no classicismo francês e mesmo no drama realista moderno de Henrik Ibsen, mas a cena. A ação das peças de Shakespeare desenvolvese por uma série de cenas mais ou menos independentes, como ressalta Olivier em seu texto. Dessa forma, tempo e espaço tornam-se descontínuos, podendo ser bastante estendidos. Em Henrique V (1599), por exemplo, a ação transcorre na Inglaterra e em várias regiões da França do início do século 15. O que Olivier sugere é que a descontinuidade espaço-temporal da escritura dramática elisabetana teria afinidades profundas com a sintaxe cinematográfica, baseada na montagem e na constante mudança de planos. O filme shakespeariano seguinte de Olivier, Hamlet (1948), se tornaria imediatamente um clássico absoluto. Quando o realizou, Olivier já era um consagrado ator de teatro, com uma sólida carreira no cinema inglês e em Hollywood. Basta lembrar o seu desempenho em O morro dos ventos uivantes (1939), de William Wyler (1902-1981), ou em Rebecca, a mulher inesquecível (1940), de Alfred Hitchcock (1899-1980), outro importante artista cinematográfico que a guerra obrigara cruzar o Atlântico.

1. “Shakespeare, in a way, wrote for the film.” (OLIVIER, Laurence. The Making of Henry V. In SINCLAIR, Andrew (Ed.). Masterworks of the British Cinema: Brief Encounter, Henry V, The Lady Vanishes. London: Faber & Faber, 1990. p. 193.)

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A leitura freudiana que Olivier impõe à tragédia de Shakespeare impressionou os críticos e fez do filme o grande vencedor do Oscar daquele ano, levando, entre outros, os prêmios de melhor filme e melhor ator. O maneirismo do cenário, com suas escadarias íngremes e espiraladas, representando visualmente as angustiantes aspirações do protagonista, assim como a forte sexualização de certos ambientes, principalmente o quarto da rainha Gertrude, muito devem às ideias expressas no artigo “Um estudo psicanalítico de Hamlet” (1922), do psicanalista inglês Ernest Jones (1879-1958). O filme de Olivier teria forte influência nas adaptações da tragédia que o sucederam, principalmente na de seu conterrâneo Kenneth Branagh (1960). O Hamlet, de Branagh (1996), teve como diferencial o fato de apresentar a versão integral da peça, com uma duração de mais de quatro horas. Porém, em várias partes do mundo, como no Brasil, o filme foi lançado em uma versão reduzida. Em sua interpretação de Hamlet, Branagh dá um vigor físico ao personagem, ausente em Olivier, e que muitas vezes chega a lembrar estilo de atuação de um Errol Flynn (1909-1959),


sobretudo na cena final, em que o príncipe literalmente voa em direção ao vilão Claudio, sustentando-se em um dos candelabros da sala do trono. Muitas vezes, uma adaptação de Shakespeare para o cinema baseia-se não apenas no texto dramático, como também em uma montagem específica da peça em questão. É o caso do Rei Lear (1970), de Peter Brook (1925), versão cinematográfica da montagem por ele dirigida para a Royal Shakespeare Company, em 1962, fortemente influenciada pelo ensaio de Jan Kott (1914-2001), “King Lear, ou Fim de Jogo”, no qual o crítico polonês aproxima o universo trágico de Shakespeare do absurdo de Samuel Beckett (1906-1989) e Eugène Ionesco (1909-1994). Numa entrevista dada na época da produção da peça, Peter Brook afirmou que o Rei Lear era “o primeiro exemplo do Teatro do Absurdo, do qual o que de melhor no teatro contemporâneo se originou”. No ano seguinte, o diretor soviético Grigori Kozintsev (1905-1973) estreia a sua versão de Lear. Nela, estão refletidas de forma contundente as palavras do protagonista quando ele toma consciência da situação humana no mundo que o cerca: “Pobres coitados, nus, onde estiverdes/ Sofrendo o desabar desta tormenta / Como vos vão defender de estações/ Assim, cabeças sem teto, estômagos/ Vazios, andrajos esburacados?/ Ah! como eu fui tão descuidado disso!” (Tradução de Aíla de Oliveira Gomes, 2000). No filme de Kozintsev, o absurdo do mundo de Lear tem um fundo político que não pode ser descartado.

Rei Lear (King Lear), de Peter Brook (1970)

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É curioso que um filme no qual a linguagem de Shakespeare está totalmente ausente possa ser considerado uma das mais fiéis adaptações de outra de suas tragédias. Akira Kurosawa transportou a história de Macbeth para o Japão. Seguindo de perto o enredo shakespeariano, os principais personagens estão todos presentes, mas com uma roupagem tipicamente japonesao ao estilo do teatro nô e dos filmes de espada japoneses, gênero extremamente codificado. A Escócia medieval retratada em Macbeth, de William Shakespeare, em muito se assemelha ao período Sengoku, ou dos Estados em guerra, retratado no filme de Kurosawa, no qual a conquista do poder é uma batalha sangrenta eivada de estratagemas e traições. O Castelo da Teia de Aranha, título original do filme (que aqui se chamou Trono manchado de sangue), é um espaço claustrofóbico onde os personagens tramam a tomada do poder, e são bem-sucedidos, mas finalmente são destruídos pelos conflitos internos e externos criados por eles mesmos. Talvez tenha sido a violência gráfica presente em Shakespeare (lembre-se do assassinato da esposa de Macduff e seus filhos) que atraiu Roman Polanski (1933) para adaptar Macbeth junto com o crítico Kenneth Tynan (1927-1980) em 1971. Polanski escolheu Jon Finch (1942-2012) para viver um Macbeth jovem e ambicioso, capaz de levar seu destino até o fim, sublinhando dessa forma o heroísmo de um individualista radical já presente no texto shakespeariano. Porém, o mal que impregna o mundo não é debelado, e a cena final do filme de Polanski, ausente em Shakespeare, indica que o círculo de violência se fecha apenas para ser reaberto uma vez mais. Quando se pensa em um filme shakespeariano, pensa-se normalmente na adaptação de suas peças. Esquece-se, assim, que ele também foi um grande poeta. Seu livro de sonetos (1609) possui alguns dos momentos mais fortes da lírica em língua inglesa. Essa sequência de 154 poemas, que adquire sua unidade a partir de um tênue fio narrativo, figura os diferentes estados subjetivos que emergem em uma relação amorosa que envolve três sujeitos: um jovem aristocrata, um poeta maduro e uma mulher que se interpõe entre os dois. The Angelic Conversation (1985), de Derek Jarman (1942-1994) acentua a temática homoerótica da obra pela escolha dos poemas lidos por Judi Dench, que se sobrepõem às imagens de dois homens jovens que ora são mostrados juntos, ora separados. O filme é um exemplo marcante do que Pier Paolo Pasolini (1922-1975) chamou de cinema de poesia, em oposição ao cinema de prosa, numa polêmica célebre com o diretor Éric Rohmer (1920-2010).

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Em 1979, com A tempestade (1979), filme baseado na peça homônima que talvez seja a última de William Shakespeare, Jarman fez um filme em estilo camp, no qual a ilha paradisíaca do original é substituída por um decadente palácio aristocrático.


Esse radical posicionamento estético se afasta drasticamente da leitura tradicional da peça de Shakespeare, que figura Próspero como um retrato do artista. Ao invés disso, Jarman mostra-o como um tirano que usa a arte da magia e os poderes sobrenaturais de Ariel para controlar e submeter todos os outros habitantes da ilha, incluindo sua filha Miranda e o amado dela, Ferdinando. É um filme que, além disso, aponta para o controle da sexualidade como a mais poderosa arma de controle social. Na escolha de um conceito visual na adaptação das peças, vários têm sido os procedimentos adotados. Podem os diretores optar por ambientar as peças na época em que Shakespeare as escreveu (entre 1590 e 1610, aproximadamente), no tempo e no lugar em que supostamente as histórias se passam, ou ainda em uma época posterior. No caso de Romeu e Julieta (1968), o diretor Franco Zeffirelli (1923), seguindo os preceitos do “verismo”, caro aos diretores italianos que formaram seu estilo a partir do neorrealismo, escolheu dois jovens atores com idades bem próximas às de Romeu e Julieta de Shakespeare, 16 e 14 anos respectivamente. Quanto ao período histórico, ele reconstitui fielmente a Itália renascentista do século 14. O uso abundante de diferentes locações ajuda a criar a atmosfera propícia para os vários episódios da história dos dois jovens amantes, locais mais amenos para as cenas românticas e locais mais áridos para as cenas de violência.

A tempestade (The Tempest), de Derek Jarman (1979)

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No caso de Ricardo III (1995), dirigido por Richard Loncraine (1946) e estrelado e corroteirizado por Ian McKellen (1939), os autores do filme decidiram localizar a peça numa fictícia Inglaterra totalitária da década de 1930, em clara referência ao nazismo alemão e ao fascismo italiano. O filme, na verdade, adapta para o cinema uma encenação da peça dirigida por Richard Eyre (1943) para o Royal National Theatre de Londres, estreada em 1992, e onde Ricardo era concebido como um ditador moderno. Muitas vezes, os diretores decidem fazer não um filme de Shakespeare, mas um filme com Shakespeare. Um exemplo marcante é Garotos de programa (My Own Private Idaho, 1991). Apesar de incluir no seu diálogo trechos de Henrique IV, Primeira Parte (1597), o filme se abebera muito mais do Falstaff, de Orson Welles (19151985), de 1966. O herói do filme de Gus van Sant, Mike Waters (River Phoenix), é criado a partir de um personagem secundário da peça e do filme de Welles, Pons, um dos companheiros de farra do Príncipe Hal, o futuro rei Henrique V. Da mesma forma que Hal irá repudiar Falstaff no final da peça e do filme de Welles, afastandose assim do universo popular e carnavalizado no qual viveu até se tornar rei, Scott Favor (Keanu Reeves) repele Waters e o ambiente contracultural onde os dois jovens se conheceram. César deve morrer, de Paolo Taviani (1931) e Vittorio Taviani (1929), de 2012, embaralha as fronteiras dos gêneros para documentar/recriar uma encenação de Júlio César (1599) feita com atores amadores em uma prisão italiana de alta periculosidade. O claustrofóbico ambiente carcerário, onde grande parte do filme é rodado em preto e branco, serve de metáfora para a Roma shakespeariana dividida entre os que lutam pela manutenção da República e de sua liberdade individual e os que querem impor o regime imperial, dominado por uma figura carismática (César) com poderes quase absolutos. Os procedimentos aqui elencados e as respectivas posições estéticas dos filmes citados demonstram a riqueza com que a obra shakespeariana tem sido recriada no cinema. Cada um dos filmes nomeados constitui uma obra autônoma que conquista seu valor não por se basear em obras de Shakespeare, mas pelos meios de (re) criação por eles engendrados a fim de tornar essa obra ainda artisticamente viva e significativa, passados 450 anos da morte de seu autor.

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Macbeth (The Tragedy of Macbeth), de Roman Polanski (1971)

De 1 a 11 de dezembro, o cinema do IMS-RJ exibe 13 filmes realizados a partir da obra de William Shakespeare. Garotos de programa (My Own Private Idaho), de Gus Van Sant (1991)

César deve morrer (Cesare deve morire), de Paolo e Vittorio Taviani (2012)

No sábado (3) de dezembro, a exibição do Rei Lear dirigido por Peter Brook, às 16h, será seguida por um debate em torno das adaptações cinematográficas da obra de Shakespeare com Roberto Rocha, Professor Adjunto de Literaturas de Língua Inglesa na UFRJ.

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SESSÃO CINÉTICA: ANNA ANNA E ANNA Juliano Gomes

Anna é um filme. Anna é uma jovem italiana, grávida, que encontra na piazza Navona, em Roma, o cineasta Alberto Grifi e o ator Massimo Sarchielli. Este último convida Anna para ir a sua casa e realizar um filme. Anna, o filme, é o resultado do encontro da visão desses homens de cinema com essa jovem mulher. Ao trio, adiciona-se uma variada fauna de tipos humanos, habitantes dessa praça pública que fazem suas considerações sobre política, a situação da Itália no período, os anos 1970, e sobre Anna. Anna é uma estranha espécie de retrato caleidoscópico de um tempo, de um lugar, de um país, de uma situação e de um modo de ver, em que nada está propriamente definido, só o próprio estado de indefinição generalizada. Se o trajeto tradicional de apresentação de um personagem tenderia a nos levar, com o passar do tempo, a uma aproximação, a um grau maior de “conhecimento” dessa personalidade, algo diferente ocorre aqui. Passadas as mais de três horas de projeção, a impressão que se tem é que, mesmo tendo partilhado por muito tempo da sua presença na tela, sabemos cada vez menos sobre Anna. Anna narra a saga de uma ausência, de um distanciamento, de uma impossibilidade. Uma espécie de “maldição” parece acometer a personagem: quanto mais ela é vista, menos é compreendida, decodificada, percebida em seus próprios termos. Mesmo a fascinação da câmera de Alberto Grifi pelo rosto de Anna não consegue retirar dele nenhum segredo, nenhuma ideia fixa com a qual possamos descrevê-la seguramente. Anna se torna uma espécie de mote, de motivo , de frase, para uma exploração sobre como se relacionar com a alteridade e como narrativizá-la de maneira deliberadamente esquizofrênica.

No sábado (17) às 16h, o cinema do IMS-RJ exibe Anna, de Massimo Sarchielli e Alberto Grifi. Após a sessão haverá um debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: revistacinetica.com.br

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Anna recorre a inúmeros expedientes para desnaturalizar a representação. A apresentação do filme já introduz um dos tabus do documentário tradicional: a reencenação. Massimo, ator que trabalhou com Fellini, Fulci, entre outros, conversa com Anna na piazza sobre como encenar o primeiro encontro entre eles para a câmera. A partir daí, nenhuma ingenuidade sobre certa espontaneidade ou pureza do registro é possível. Anna funciona por camadas, por um acúmulo de níveis de encenação e discursividade que vai se formar justamente por esse amontoado de imagens e palavras, em que opacidades e transparências estão permanentemente em choque. Algo decisivo na direção dessa evidência de uma face artificial é o uso pioneiro do vídeo, transferido para película 16 mm e recentemente restaurado para vídeo digital de alta definição. A textura das imagens é instável, muitas vezes borrada, em outras quase ilegível, precária. Essa dimensão de uma espécie de materialidade do registro não cessa de nos lembrar da intransponibilidade da tela que nos separa e que separa Anna daqueles homens.


A porosidade do filme varia entre a face da jovem que resiste a qualquer síntese e uma profusão de discursos, de narrativas dessas figuras que duram o tempo de suas falas, esse trânsito caótico, e é contraposta por uma espécie de muro. A imprevisibilidade de Anna inspira a dinâmica selvagem de Anna, porém, acabado o filme, desapertado o botão “gravar”, Anna existe, persiste, sobrevive. Um dos eixos que baseia boa parte da discussão ética do documentário é justamente a sobrevivência da pessoa filmada para além dos limites do filme. E, nesse sentido, poucos filmes são tão dúbios em relação aos seus personagens como o filme de Grifi e Sarchielli. A regra aqui é da exposição. Anna é um convulsivo estudo sobre os limites da representação, da ética, do poder sobre o outro, das formas discursivas, da crueldade e do fascínio. Anna ultrapassa todos eles, em seu nível mais alto e mais baixo. É a documentação dessa ultrapassagem a partir de um experimento com o real que chama o abjeto e o sublime à baila simultaneamente. Depois de sua conclusão, nos anos 1970, o filme pouco circulou e não teve maior repercussão. Recentemente, sua restauração suscitou um debate que parece ainda maior que à época de produção. Toda uma cultura do cinema documentário como campo de invenção e expressão artística, que se consolidou e ganhou outra escala a partir dos anos 1990, constitui um cenário ideal para vivenciar um filme como Anna. A importância de vê-lo hoje repousa na maneira como consegue desdobrarse em ser testemunha de si, de seus logros e falhas, ao apostar na exposição de suas variações e incoerências, que nos são oferecidas como evidência do fracasso de um desejo de aproximação – e uma relação inerente entre eles. Anna funciona como um testemunho ao avesso da união das falhas do Estado e da arte em negociar com modos de vida para o qual eles não estão preparados previamente. O gesto de Anna é justamente o de se entregar a esse movimento de abismo, de tentar “falhar melhor”, mesmo que a relação nunca se dê plenamente. A garota se vai, o filme se esfumaça até se desintegrar de nossa vista, porém o que sobra é justamente este desejo, destrambelhado, selvagem, errático, às vezes, de se entregar a uma experiência em uma amplitude de sentimentos e sensações que não se imaginava possível. Não é menos que isso o que Anna e Anna pedem de nós: “Ir para o outro lado”.

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O QUE ESTÁ POR VIR PRESENTE CONTÍNUO Tatiana Monassa

O que está por vir é composto de três momentos distintos na linha do tempo dos personagens: um curto prelúdio; em seguida, o corpo principal do filme, que se passa anos depois; e, por fim, um epílogo, situado um ano à frente. Essa estrutura em três períodos, bastante clássica, cumpre aqui a função narrativa e dramática de traduzir a percepção da travessia das fases de uma vida, da constante transfiguração da existência, observada dentro de um quadro familiar, mais precisamente do ponto de vista de sua protagonista, Nathalie Chazeaux (Isabelle Huppert). Nathalie representa o ideal da mulher francesa emancipada, integrante de uma classe média esclarecida, cujo pertencimento a um estilo de vida profundamente burguês é pretensamente compensado por um elaborado arcabouço intelectual que assegura a todo instante a boa consciência do “livre pensamento”. Ela tem uma vida confortável e é professora de filosofia no ensino médio (profissão dos pais da cineasta, que serviram de livre inspiração ao roteiro); é casada com um professor (também de filosofia) e mãe de dois filhos. O que está por vir se apresenta como um retrato dessa mulher (ou se pensarmos de forma um pouco mais abrangente, dessa família) sob o prisma da passagem do tempo, tema caro à cineasta. Nathalie inicia o filme como mãe de uma criança e de uma adolescente, e termina como avó dedicada de um bebê. Essa relação da narrativa e de um tempo estendido (podemos estimar que de dez a 15 anos se passem entre o primeiro plano e o último) é contrabalanceada com uma mise en scène que favorece o tempo presente, as ações espontâneas e o sentimento de imprevisibilidade dos acontecimentos. O quadro flutuante de uma câmera extremamente fluida acompanha assim os deslocamentos dos personagens nos espaços, sempre pronta a acolher os movimentos e os gestos de um ou de outro, como se a escolha se desse de improviso no ato.

Na quinta-feira (22) estreia, no cinema do IMS-RJ O que está por vir, novo longametragem de Mia Hansen-Løve.

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Desse modo, o contingente e o inesperado se aliam na construção de um naturalismo apropriado a uma pequena ficção sobre pessoas comuns, foco principal do cinema de Hansen-Løve. Isabelle Huppert colabora intensamente para a construção dessa tonalidade, posicionando-se longe dos “grandes papéis” e assumindo uma interpretação e uma dicção em tom menor, que ela domina perfeitamente. Tudo isso emerge com vigor no bloco central da narrativa, que corresponde a um momento de grande transformação na vida da protagonista: seu marido assume que tem uma amante e pede a separação, e sua mãe, que sofre de problemas psiquiátricos, morre. Esse aparente declínio brutal de uma existência que atinge a maturidade será então paulatinamente ressignificado como a descoberta de uma nova liberdade – o que talvez explique a escolha de filmá-lo no verão. Os acontecimentos decisivos, que


sobrevêm como ruídos cortantes em meio a um burburinho de fatos cotidianos, configuram, assim, uma espécie de porta para uma outra vida dentro da própria vida, ou uma janela privilegiada para observar o eterno vir a ser de si e dos outros. O fato é que, apesar da aparente espontaneidade com a qual Hansen-Løve aborda o universo da protagonista, espontaneidade própria a quem filma aquilo que conhece intimamente, ela elabora um discurso a partir desse universo, e que toca em questões contemporâneas, ligadas sobretudo à esfera política. Não por acaso, Nathalie, sendo professora de filosofia, se vê confrontada por um lado com os jovens secundaristas que se mobilizam contra as mudanças das leis trabalhistas, e, por outro, com um exaluno envolvido com ideias libertárias (flertando com o anarquismo), que envereda pela via da “comunidade alternativa”. Ambos os elementos constituem claras referências à atualidade francesa, como a mobilização Nuit Debout, largamente conduzida por jovens, inclusive muitos de ensino médio, e os coletivos libertários ou revolucionários que pensam em novas formas de ação, como o Comité Invisible, autor coletivo e anônimo do livro-manifesto L’Insurrection qui vient [“A insurreição que vem”, 2007], que terminou com vários membros acusados de incitação à violência e táticas terroristas. A partir desses elementos, a articulação do roteiro, razoavelmente esquemática, visa a traduzir uma posição política e social alinhada à esquerda, mas “ponderada”, que nada mais é do que o testemunho de certa situação confortável de intelectual “observador do mundo”. Desse modo, Nathalie dirá com todas as letras que seu compromisso consiste em ensinar os jovens a pensar por si mesmos. Essa afirmação da moderação e do equilíbrio, frequente em quem prefere filmar afetos a ideias, emoções mais ou menos flutuantes a engajamentos fortes, é sem dúvida o parti pris de Hansen-Løve, que multiplica alusões à política apenas para desviar em seguida. Temos, portanto, a inserção de jovens “radicais”, que são acusados de se preocuparem com as alterações na aposentadoria antes mesmo de fazer o vestibular; ou a breve aparição do ex-presidente de direita Nicolas Sarkozy dando uma entrevista na televisão, na qual faz comentários condescendentes sobre o “povo”, enquanto a mãe de Nathalie contenta-se com o comentário: “Ele é feio”; ou ainda as discussões no seio da comunidade alternativa sobre a microfísica do poder em torno do conceito de autor, das quais Nathalie se mantém voluntariamente apartada. A insistência em fazer constar a esfera política no universo do filme, quando o interesse dramático é o futuro (a tradução literal do título original: L’Avenir) sob a perspectiva do presente, torna seu “descarte” extremamente problemático. Essa recusa vai se construindo aos poucos, desde a caracterização caricatural dos

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personagens engajados, cujas menções a maio de 1968 terminam por soar risíveis, até diálogos mais explícitos, como a revelação de Nathalie de que teria sido “comunista” na juventude, que ganha ares de uma vergonhosa confissão. Se, por um lado, essas referências históricas podem ser interpretadas como uma alusão a um cinema francês do passado do qual a cineasta deseja se apartar, por outro, são afirmações realizadas em relação ao momento histórico presente, que se encontra absolutamente submerso nas manobras do grande capital, e no qual os engajamentos já tendem a ser constantemente desencorajados... A tendência à apatia é tal que mesmo o aspecto preciso da ordem mundial atual que vem afetar Nathalie – a substituição do valor de “prestígio” de uma coleção de livros pelo de “atrativo comercial” – é recebido com uma impassibilidade quase cínica. A proposta da editora de modernizar o visual da coleção de livros de filosofia que ela coordena, seguida da reformulação de seu manual pedagógico (o que significa convidar outro escritor), para tornar ambos mais atraentes para os consumidores, mais competitivos no mercado, aparece, desse modo, como apenas mais um efeito de caricatura do cenário contemporâneo. Como o filme é absolutamente centrado na figura de Nathalie, seu ponto de vista praticamente apolítico termina por ser também o do filme. Se esse aspecto não ofusca inteiramente seu brilho humanista na representação da vida como passagem, como uma série de estados provisórios que se substituem entre nascimentos e mortes, ele situa o cinema da realizadora num determinado lugar discursivo, que é o da clausura num mundo protegido de ameaças estruturais. No conforto de uma classe bem alimentada intelectualmente e em termos de lazer, realizada profissionalmente e em termos familiares, em suma, uma classe humana privilegiada, que pode se dar ao luxo de viver plenamente o seu presente, e se espantar positivamente com o que está por vir.

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OS FILMES DE DEZEMBRO

Blow-Up (Blow-Up), de Michelangelo Antonioni (1966)

Anna (Anna), de Massimo Sarchielli e Alberto Grifi (1975)

Cinema Novo, de Eryk Rocha e Creepy, de Kiyoshi Kurosawa seguem em cartaz na Sala José Carlos Avellar, no IMS-RJ. Integram a programação também a mostra Shakespeare e Cinema, entre os dias 1 e 11 de dezembro, e os filmes Blow-Up, de Michelangelo Antonioni, relançado em cópia restaurada em digital, e O que está por vir, de Mia Hansen-Løve. Parte do festival Ópera na Tela, Gianni Schicchi, de Giacomo Puccini, em montagem dirigida por Woody Allen e Kathleen Smith, será exibida na quartafeira, 14 de dezembro. No sábado 17, a Sessão Cinética exibe Anna, de Massimo Sarchielli e Alberto Grifi, seguido de debate com os críticos da revista eletrônica de mesmo nome.

O que está por vir (L'Avenir), de Mia Hansen-Løve (2016)

Aos fins de semana, Improvável encontro, de Lauro Escorel, complementa a exposição “Modernidades fotográficas 1940-1964”.

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SHAKESPEARE E CINEMA De 1 a 11 de dezembro, a Sala José Carlos Avellar exibe uma seleção de adaptações para o cinema da obra de William Shakespeare, em homenagem aos 400 anos de sua morte, completados em 2016. No sábado (3), após a exibição de Rei Lear, dirigido por Peter Brook, haverá um debate com Roberto Rocha, Professor Adjunto de Literaturas de Língua Inglesa na UFRJ. Dentre os filmes exibidos estão algumas das mais famosas tragédias do escritor, como Hamlet, nas versões de Laurence Olivier e Kenneth Branagh, Rei Lear de Peter Brook e o de Grigori Kozintsev, Macbeth, dirigido por Roman Polanski e Romeu e Julieta por Franco Zeffirelli. A mostra inclui ainda releituras de tragédias por Akira Kurosawa em Trono manchado de sangue, Richard Loncraine em Ricardo III, Oliver Parker em Othello e pelos irmãos Taviani em Cesar deve morrer.

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QUINTA 1 Hamlet, de Laurence Olivier

Trono manchado de Sangue de Akira Kurosawa

14h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. Montagem: Renato Vallone. Desenho sonoro: Edson Secco. Produção: Diogo Dahl. (Brasil, 2016. 90’) Um ensaio poético sobre um dos principais movimentos cinematográficos latinoamericanos, por meio de fragmentos de filmes e do pensamento de seus principais autores. O filme mergulha na aventura da criação de uma geração de cineastas que inventou uma nova forma de fazer cinema no Brasil, a partir de uma atitude política que juntava arte e revolução. Dirigido por Eryk Rocha, Cinema Novo recebeu o Olho de Ouro, prêmio voltado a documentários no Festival de Cannes 2016. 15h40: Creepy (Creepy) de Kiyoshi Kurosawa Com Hidetoshi Nishijima, Yuko Takeuchi, Teruyuki Kagawa, Haruna Kawaguchi, Masahiro Higashide. (Japão, 2016. 130’)

Rei Lear, de Grigori Kozintsev

Ricardo III, de Richard Loncraine

Após um traumático incidente, o detetive Takakura, da polícia de Tóquio, se aposenta e começa a dar aulas na universidade. Esperando uma vida mais tranquila, ele e sua esposa Yasuko se mudam para um bairro no subúrbio. Takakura, no entanto, não consegue conter sua curiosidade quando um ex-colega pede um conselho sobre o estranho caso do desaparecimento de uma família. 19h00: shakespeare e cinema Hamlet (Hamlet) de Laurence Olivier (Reino Unido, 1948. 161’) Além de assinar a direção, Laurence Olivier interpreta Hamlet nessa adaptação da peça homônima de Shakespeare, vencedora do Oscar de Melhor Filme e Melhor Ator em 1949, e do Leão de Ouro no Festival de Veneza do mesmo ano. Na famosa tragédia, o príncipe dinamarquês Hamlet jura vingar a morte de seu pai, o rei assassinado pelo irmão, que ambicionava alcançar o trono.

Dirigidos por Derek Jarman, serão exibidos A tempestade, que teria sido a última peça escrita pelo autor, e The Angelic Conversation, realizado a partir dos sonetos de Shakespeare para um jovem aristocrata. The Angelic Conversation, de Derek Jarman


SEXTA 2 14h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. Montagem: Renato Vallone. Desenho sonoro: Edson Secco. Produção: Diogo Dahl. (Brasil, 2016. 90’) 15h40: Creepy (Creepy) de Kiyoshi Kurosawa (Japão, 2016. 130’) Em entrevista ao portal rogerebert.com, Kiyoshi Kurosawa comenta a forma como, para ele, um filme se situa em algum lugar entre uma narrativa ficcional e um documentário acerca do que acontece na frente da câmera: “Por exemplo, o vento. Em Creepy, está sempre ventando. Às vezes as árvores atrás das personagens se movem ou o cabelo da personagem balança. Tudo isso acontece por acidente. No entanto, para capturar esses acidentes, tentávamos começar a gravação em momentos em que parecesse estar prestes a ventar. Às vezes ventava, às vezes não. De qualquer modo estava bom. Eu não sei como essa rajada de vento afeta a história. E tudo bem com isso. Acho que é disso que o filme trata.” 18h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. Montagem: Renato Vallone. Desenho sonoro: Edson Secco. Produção: Diogo Dahl. (Brasil, 2016. 90’) 20h00: shakespeare e cinema Trono manchado de sangue (Kumonosu-jō) de Akira Kurosawa (Japão, 1957. 111’) No Japão do século XVI, os samurais Washizu e Miki encontram uma misteriosa senhora na volta para casa, após vencerem uma batalha. Ela prevê que Washizu será o Senhor do Castelo. Esse é o início de uma sangrenta luta pelo poder. Dirigido por Akira Kurosawa, Trono manchado de sangue transpõe a tragédia Macbeth, de William Shakespeare, para o Período Sengoku do Japão feudal.

SÁBADO 3

DOMINGO 4

13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)

13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)

14h30: shakespeare e cinema Cesar deve morrer (Cesare deve morire) de Paolo e Vittorio Taviani (Itália, 2012. 77’)

14h00: shakespeare e cinema Ricardo III (Richard III) de Richard Loncraine (EUA, Reino Unido, 1995. 104’)

Os irmãos Paolo Taviani e Vittorio Taviani acompanham por seis meses a montagem e encenação da peça Júlio César de William Shakespeare por detentos do presídio de segurança máxima de Rebibbia, nos arredores de Roma. 16h00: shakespeare e cinema Rei Lear (King Lear) de Peter Brook (Dinamarca, Reino Unido, 1970. 137’) Sessão seguida de debate com Roberto Rocha, Professor Adjunto de Literaturas de Língua Inglesa na UFRJ. Após montar a clássica tragédia de Shakespeare para o teatro, Peter Brook dirige sua própria adaptação de Rei Lear para o cinema. Lear, o já idoso rei da Grã-Bretanha, decide repartir as terras de seu reino entre as três filhas de acordo com o amor que cada uma lhe declarasse. Ao se negar a adular o pai em troca de seu quinhão, Cordélia, a filha mais nova, é banida do reino. As filhas mais velhas ficam, cada uma, com uma metade das terras e, aos poucos, restringem os poderes do pai. Fraco e impotente, Lear cede à loucura enquanto seu império desmorona. 19h30: shakespeare e cinema Macbeth (The Tragedy of Macbeth) de Roman Polanski (EUA, Reino Unido, 1971. 140’) Jon Finch interpreta Macbeth, o herói de guerra escocês cuja ambição desmedida desencadeia um ciclo de violência. Induzido pela profecia das três bruxas, Macbeth é incitado por sua esposa a matar o Rei Duncan e assumir o trono. Filmado no acidentado Norte de Gales, em Macbeth, Polanski usou a paisagem para acentuar os elementos visuais da peça de Shakespeare.

A história de Shakespeare sobre um traiçoeiro usurpador do trono ganha novos contornos nessa versão em que o personagem principal é retratado como um ditador fascista do século XX. O filme se passa na década de 1930, quando uma guerra civil eclode no Reino Unido, colocando a Casa de Lancaster contra a Casa de York. O Duque de Gloucester, Ricardo III, está determinado a vencer a guerra e instaurar uma monarquia absolutista. Adaptado da aclamada montagem de Richard Eyre para o teatro, o roteiro do longa foi escrito pelo diretor Richard Loncraine junto a Ian McKellen, que também protagoniza o filme. 16h00: shakespeare e cinema Hamlet (Hamlet) de Kenneth Branagh (EUA, Reino Unido, 1996. 242’) Em mais uma de suas adaptações da obra de William Shakespeare, Kenneth Branagh interpreta Hamlet. Na famosa tragédia, o príncipe da Dinamarca jura vingança quando o fantasma de sei pai revela ter sido assassinado pelo irmão, o atual rei Claudius, que ambicionava alcançar o trono. 20h00: shakespeare e cinema Garotos de programa (My Own Private Idaho) de Gus Van Sant (EUA, 1991. 104’) Dois garotos de programa ganham a vida nas ruas. Mike é um rapaz sensível e narcoléptico, atormentado por um tenso passado familiar. Scott, seu melhor amigo e objeto de desejo, é o filho do prefeito de Portland e está em permanente conflito com sua condição privilegiada. Adaptação híbrida, o filme de Gus van Sant usa elementos do romance City of Night, de John Rechy, e das peças Henrique IV p.1, Henrique IV p.2 e Henrique V, de William Shakespeare.

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TERÇA 6 14h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. Montagem: Renato Vallone. Desenho sonoro: Edson Secco. Produção: Diogo Dahl. (Brasil, 2016. 90’) Um ensaio poético sobre um dos principais movimentos cinematográficos latinoamericanos, por meio de fragmentos de filmes e do pensamento de seus principais autores. O filme mergulha na aventura da criação de uma geração de cineastas que inventou uma nova forma de fazer cinema no Brasil, a partir de uma atitude política que juntava arte e revolução. Dirigido por Eryk Rocha, Cinema Novo recebeu o Olho de Ouro, prêmio voltado a documentários no Festival de Cannes 2016. 15h40: Creepy (Creepy) de Kiyoshi Kurosawa Com Hidetoshi Nishijima, Yuko Takeuchi, Teruyuki Kagawa, Haruna Kawaguchi, Masahiro Higashide. (Japão, 2016. 130’) 18h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. Montagem: Renato Vallone. Desenho sonoro: Edson Secco. Produção: Diogo Dahl. (Brasil, 2016. 90’) 19h45: shakespeare e cinema Romeu e Julieta (Romeo and Juliet) de Franco Zeffirelli (Itália, Reino Unido, 1968. 138’)

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Franco Zeffirelli dirige esta adaptação da tragédia romântica de Shakespeare escolhendo como protagonistas os jovens atores Leonard Whiting, de 17 anos, e Olivia Hussey, de 15 anos. Narrado por Laurence Olivier e gravado na Toscana e em Siena, em busca do autêntico toque renascentista italiano, essa co-produção Ítalo-Britânica ainda apresenta a famosa trilha sonora, escrita por Nino Rota, que enfatiza o desenlace fatal e romantizado desses dois jovens amantes. O filme foi o vencedor do Oscar nas categorias Melhor fotografia e Melhor Figurino no ano de 1969.

QUARTA 7 14h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. Montagem: Renato Vallone. Desenho sonoro: Edson Secco. Produção: Diogo Dahl. (Brasil, 2016. 90’) 15h40: Creepy (Creepy) de Kiyoshi Kurosawa (Japão, 2016. 130’) Após um traumático incidente, o detetive Takakura, da polícia de Tóquio, se aposenta e começa a dar aulas na universidade. Esperando uma vida mais tranquila, ele e sua esposa Yasuko se mudam para um bairro no subúrbio. Takakura, no entanto, não consegue conter sua curiosidade quando um ex-colega pede um conselho sobre o estranho caso do desaparecimento de uma família. 18h00: Cinema Novo de Eryk Rocha. (Brasil, 2016. 90’) 19h45: shakespeare e cinema Othello (Othello) de Oliver Parker (EUA, Reino Unido, 1995. 123’) Oliver Parker estreia na direção com essa adaptação híbrida da tragédia de Shakespeare que combina o texto original com discussões em torno de sexo e violência. Laurence Fishburne interpreta Othello, o general mouro que passa a ser visto como herói após deter uma tentativa de invasão pelo exército turco. Recém-casado com Desdêmona, Othello passa a questionar a fidelidade da esposa devido às intrigas do manipulador Iago.

Othello, de Oliver Parker

QUINTA 8 14h00, 16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos. Baseado no conto Las Babas del Diablo de Julio Cortázar, Blow up tem a trilha sonora composta por Herbie Hancock. 18h30: shakespeare e cinema The Angelic Conversation (The Angelic Conversation) de Derek Jarman (Reino Unido, 1985. 78’) Em The Angelic Conversation, imagens de jovens figuras masculinas são contrapostas com as leituras de Judi Dench para 14 sonetos de William Shakespeare. Dos textos de Shakespeare selecionados por Derek Jarman, a maior parte pertence à série de 126 sonetos amorosos dirigidos a um jovem rapaz. 20h00: shakespeare e cinema A tempestade (The Tempest) de Derek Jarman (Reino Unido, 1979. 92’) Derek Jarman adapta aquela que teria sido a última peça escrita por William Shakespeare, numa representação evocativa em torno de colonialismo, vingança e reconciliação. Após ser exilado em uma ilha, Próspero, o antigo duque de Milão, planeja sua vingança contra aqueles que o traíram. Acompanhado pela filha Miranda, pelo espírito Ariel e pelo traiçoeiro Caliban, ele se vale da magia para conjurar uma tempestade e atrair o irmão usurpador e o rei de Nápoles, impondo a eles uma série de provações.


SEXTA 9 14h00, 16h00, 18h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. Com David Hemmings, Sarah Miles, Vanessa Redgrave, Verushka. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Em entrevista ao crítico Roger Ebert, Antonioni disse: “Em Blow-Up as pessoas gastaram muita energia tentando decidir se havia ou não um assassinato quando, na verdade, o filme não era sobre um crime, mas sobre um fotógrafo. Aquelas fotos que ele tirou foram apenas uma das coisas que aconteceram a ele, mas qualquer coisa poderia ter acontecido: ele era uma pessoa vivendo naquele mundo com aquela personalidade.” 20h00: shakespeare e cinema Garotos de programa (My Own Private Idaho) de Gus Van Sant (EUA, 1991. 104’) Dois garotos de programa ganham a vida nas ruas. Mike é um rapaz sensível e narcoléptico, atormentado por um tenso passado familiar. Scott, seu melhor amigo e objeto de desejo, é o filho do prefeito de Portland e está em permanente conflito com sua condição privilegiada. Adaptação híbrida, o filme de Gus van Sant usa elementos do romance City of Night, de John Rechy, e das peças Henrique IV p.1, Henrique IV p.2 e Henrique V, de William Shakespeare.

Sala José Carlos Avellar Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em www.ims.com.br, em nossas redes sociais ou pelo telefone 3284-7400

SÁBADO 10 13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’) Totalmente realizado sobre fotografias de José Medeiros e Thomaz Farkas, o filme narra suas trajetórias, seu encontro, o desenrolar da sua amizade e as influências recíprocas. Através do diálogo entre as imagens, o documentário nos mostra a contribuição que os jovens José Medeiros e Thomaz Farkas deram para a consolidação da moderna fotografia brasileira, inaugurada nas décadas de 1940/50. As fotografias de Medeiros e Farkas daquele período contribuíram de forma significativa para o estabelecimento de uma nova representação visual do país. 14h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos. 20h00: shakespeare e cinema Ricardo III (Richard III) de Richard Loncraine (EUA, Reino Unido, 1995. 104’) A história de Shakespeare sobre um traiçoeiro usurpador do trono ganha novos contornos nessa versão em que o personagem principal é retratado como um ditador fascista do século XX. O filme se passa na década de 1930, quando uma guerra civil eclode no Reino Unido, colocando a Casa de Lancaster contra a Casa de York. O Duque de Gloucester, Ricardo III, está determinado a vencer a guerra e instaurar uma monarquia absolutista. Adaptado da aclamada montagem de Richard Eyre para o teatro, o roteiro do longa foi escrito pelo diretor Richard Loncraine junto a Ian McKellen, que também protagoniza o filme.

DOMINGO 11 13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’) 14h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) 17h15: shakespeare e cinema Rei Lear (King Lear) de Peter Brook (Dinamarca, Reino Unido, 1970. 137’) Após montar a clássica tragédia de Shakespeare para o teatro, Peter Brook dirige sua própria adaptação de Rei Lear para o cinema. Lear, o já idoso rei da Grã-Bretanha, decide repartir as terras de seu reino entre as três filhas de acordo com o amor que cada uma lhe declarasse. Ao se negar a adular o pai em troca de seu quinhão, Cordélia, a filha mais nova, é banida do reino. As filhas mais velhas ficam, cada uma, com uma metade das terras e, aos poucos, restringem os poderes do pai. Fraco e impotente, Lear cede à loucura enquanto seu império desmorona. 19h45: shakespeare e cinema Rei Lear (Korol Lir) de Grigori Kozintsev (URSS, 1971. 130’) Rei Lear é o último longa-metragem do aclamado escritor, teórico, diretor de teatro e cinema Grigori Kozintsev. Baseado na tradução do poeta e romancista Boris Pasternak para a tragédia homônima de William Shakespeare e com música composta por Dmitri Shostakovich, o filme abre mão de cenários elaborados ou efeitos especiais para contar a história de Lear que, decidido a afastar-se do governo, resolve dividir seu reino entre as filhas Goneril, Regan e Cordélia. Em troca, pede às filhas declarações públicas de afeto. Exasperado diante do posicionamento de Cordélia – sua preferida – e das traições cometidas pelas outras, Lear vê seu mundo ruir, enquanto, aos poucos, perde a sanidade.

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TERÇA 13 14h00, 16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos. Em entrevista ao crítico Roger Ebert, Antonioni declarou: “Em Blow-Up as pessoas gastaram muita energia tentando decidir se havia ou não um assassinato quando, na verdade, o filme não era sobre um crime, mas sobre um fotógrafo. Aquelas fotos que ele tirou foram apenas uma das coisas que aconteceram a ele, mas qualquer coisa poderia ter acontecido: ele era uma pessoa vivendo naquele mundo com aquela personalidade.”

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Gianni Schicchi, ópera de Giacomo Puccini

QUARTA 14 14h00, 16h00, 18h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) 20h00: ópera na tela Gianni Schicchi de Giacomo Puccini Ópera de Los Angeles Direção: Woody Allen e Kathleen Smith Belcher. Maestro: Grant Gershon. Orquestra e Coro da Ópera de Los Angeles. Elenco: Plácido Domingo, Arturo ChacónCruz, Andriana Chuchman, Meredith Arwady. (EUA, 2015. 50’) A cada duas semanas, às quartas-feiras, a sala José Carlos Avellar recebe o festival Ópera na Tela. Uma série de programas organizados pela Bonfilm Audiovisual, com filmagens de encenações realizadas na Ópera de Paris, Teatro Alla Scala de Milão, Teatro Regio de Turim, Grande Teatro Liceu de Barcelona, Teatro an der Wien de Viena, Ópera de Los Angeles, e festivais líricos como os de Salzburgo e Baden Baden. A série, iniciada com La Traviata e O trovador, de Verdi segue com a apresentação, entre outros espetáculos, de Fausto, Otello, O navio fantasma e O Quebra Nozes.

QUINTA 15 14h00, 16h00, 18h00, 20h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos. Em depoimento registrado por Aldo Tassone no livro Antonioni, o realizador diz: “Eu ignoro como é a realidade. Ela nos escapa e muda sem cessar. Quando acreditamos tê-la alcançado, a situação já é diferente. Eu desconfio sempre daquilo que vejo, daquilo que uma imagem me mostra, porque eu ‘imagino’ o que exista do outro lado. Ora, ignoramos o que existe por trás de uma imagem. O fotógrafo de Blow-Up, que não é um filósofo, desejou ver mais de perto. Entretanto, como ele ampliou demais o objeto, este se decompôs e desapareceu. Portanto, existe um momento em que apreendemos a realidade, mas onde, pouco depois, ela nos escapa. É um pouco a significação de BlowUp. Isso pode soar estranho, mas Blow-Up é um pouco meu filme neo-realista sobre as relações entre o indivíduo e a realidade, mesmo se aí entra um componente metafísico justamente por causa dessa abstração da aparência. Depois desse filme, eu desejei ir olhar o que havia por trás, qual era minha própria aparência no interior de minha pessoa, um pouco como havia feito em meus primeiros filmes. Foi assim que nasceu O passageiro - Profissão: Repórter, outro passo adiante no estudo do homem atual. Em BlowUp, as relações entre o indivíduo e a realidade são, talvez, o tema principal, enquanto em Profissão: Repórter eu analiso as relações do indivíduo consigo mesmo”.


SEXTA 16 14h00, 16h00, 18h00, 20h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos. Em depoimento registrado por Aldo Tassone no livro Antonioni, o realizador diz: “Eu ignoro como é a realidade. Ela nos escapa e muda sem cessar. Quando acreditamos tê-la alcançado, a situação já é diferente. Eu desconfio sempre daquilo que vejo, daquilo que uma imagem me mostra, porque eu ‘imagino’ o que exista do outro lado. Ora, ignoramos o que existe por trás de uma imagem. O fotógrafo de Blow-Up, que não é um filósofo, desejou ver mais de perto. Entretanto, como ele ampliou demais o objeto, este se decompôs e desapareceu. Portanto, existe um momento em que apreendemos a realidade, mas onde, pouco depois, ela nos escapa. É um pouco a significação de BlowUp. Isso pode soar estranho, mas Blow-Up é um pouco meu filme neo-realista sobre as relações entre o indivíduo e a realidade, mesmo se aí entra um componente metafísico justamente por causa dessa abstração da aparência. Depois desse filme, eu desejei ir olhar o que havia por trás, qual era minha própria aparência no interior de minha pessoa, um pouco como havia feito em meus primeiros filmes. Foi assim que nasceu O passageiro - Profissão: Repórter, outro passo adiante no estudo do homem atual. Em BlowUp, as relações entre o indivíduo e a realidade são, talvez, o tema principal, enquanto em Profissão: Repórter eu analiso as relações do indivíduo consigo mesmo”.

SÁBADO 17

DOMINGO 18

13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)

13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)

Totalmente realizado sobre fotografias de José Medeiros e Thomas Farkas. Narra o encontro, a amizade e as influências recíprocas que contribuíram para a consolidação da moderna fotografia brasileira, inaugurada nas décadas de 1940/50.

Totalmente realizado sobre fotografias de José Medeiros e Thomaz Farkas, o filme narra suas trajetórias, seu encontro, o desenrolar da sua amizade e as influências recíprocas. Através do diálogo entre as imagens, o documentário nos mostra a contribuição que os jovens José Medeiros e Thomaz Farkas deram para a consolidação da moderna fotografia brasileira, inaugurada nas décadas de 1940/50. As fotografias de Medeiros e Farkas daquele período contribuíram de forma significativa para o estabelecimento de uma nova representação visual do país.

14h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) 16h00: sessão cinética Anna (Anna) de Massimo Sarchielli e Alberto Grifi (Itália, 1975. 225’) Sessão seguida de debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: http://revistacinetica.com.br "Piazza Navona, Roma, um dia qualquer do começo de 1972. O ator Massimo Sarchielli conhece ao acaso Anna, uma garota de 16 anos, grávida de oito meses, que sobrevive na rua em condições precárias, sob efeito de drogas e cercada de opressão por todos os lados. Após esse encontro furtivo, convida-a para viver com ele em sua casa, e convida também o cineasta Alberto Grifi (à época, um realizador proeminente do underground italiano que esboçava as primeiras experiências com uma câmera de vídeo) para, juntos, fazerem um filme com ela. No curto período entre o primeiro contato e o parto, a câmera de Grifi registra obsessivamente o cotidiano da garota em companhia de Massimo, em encenações e reencenações que compõem um retrato de Anna e uma narrativa processual desse encontro." [Crítica de Victor Guimarães para a revista Cinética] Transferido para 16mm e recentemente restaurado pelo laboratório L`Immagine Ritrovata, Anna é um registro da dinâmica entre o cineasta e seu tema.

14h00, 16h00, 18h00, 20h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. Elenco: David Hemmings, Sarah Miles, Vanessa Redgrave, Verushka. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos.

Improvável encontro, de Lauro Escorel

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TERÇA 20 14h00, 16h00, 18h00, 20h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos.

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Em depoimento registrado por Aldo Tassone no livro Antonioni, o realizador diz: “Eu ignoro como é a realidade. Ela nos escapa e muda sem cessar. Quando acreditamos tê-la alcançado, a situação já é diferente. Eu desconfio sempre daquilo que vejo, daquilo que uma imagem me mostra, porque eu ‘imagino’ o que exista do outro lado. Ora, ignoramos o que existe por trás de uma imagem. O fotógrafo de Blow-Up, que não é um filósofo, desejou ver mais de perto. Entretanto, como ele ampliou demais o objeto, este se decompôs e desapareceu. Portanto, existe um momento em que apreendemos a realidade, mas onde, pouco depois, ela nos escapa. É um pouco a significação de BlowUp. Isso pode soar estranho, mas Blow-Up é um pouco meu filme neo-realista sobre as relações entre o indivíduo e a realidade, mesmo se aí entra um componente metafísico justamente por causa dessa abstração da aparência. Depois desse filme, eu desejei ir olhar o que havia por trás, qual era minha própria aparência no interior de minha pessoa, um pouco como havia feito em meus primeiros filmes. Foi assim que nasceu O passageiro - Profissão: Repórter, outro passo adiante no estudo do homem atual. Em BlowUp, as relações entre o indivíduo e a realidade são, talvez, o tema principal, enquanto em Profissão: Repórter eu analiso as relações do indivíduo consigo mesmo”.

QUARTA 21 14h00, 16h00, 18h00, 20h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni, Tonino Guerra, Edward Bond. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Frank Clarke. Música: Herbie Hancock. Produção: Carlo Ponti, Pierre Rouve. Com David Hemmings, Sarah Miles, Vanessa Redgrave, Verushka. (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos.

QUINTA 22 14h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. Com Isabelle Huppert, André Marcon, Roman Kolinka, Edith Scob, Sarah Le Picard, Solal Forte, Elise Lhomeau, Lionel Dray, Grégoire Montana-Haroche, Lina Benzerti. (França, 2016. 102’) 16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Em entrevista ao crítico Roger Ebert, Antonioni declarou: “Em Blow-Up as pessoas gastaram muita energia tentando decidir se havia ou não um assassinato quando, na verdade, o filme não era sobre um crime, mas sobre um fotógrafo. Aquelas fotos que ele tirou foram apenas uma das coisas que aconteceram a ele, mas qualquer coisa poderia ter acontecido: ele era uma pessoa vivendo naquele mundo com aquela personalidade.” 18h00, 20h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. (França, 2016. 102’) Nathalie ensina filosofia em uma escola secundária em Paris. Ela é apaixonada por seu trabalho e gosta particularmente de transmitir a seus alunos o prazer de pensar. É casada, tem dois filhos e divide o seu tempo entre a família, os antigos alunos e a sua mãe possessiva. Um dia, seu marido anuncia que está deixando-a por outra mulher. De repente, Nathalie se percebe em completa liberdade e tem de reinventar a sua vida.

Isabelle Huppert: O que está por vir


SEXTA 23

NÃO SERÃO REALIZADAS SESSÕES DE CINEMA NO SÁBADO 24 E DOMINGO 25

14h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. Com Isabelle Huppert, André Marcon, Roman Kolinka, Edith Scob, Sarah Le Picard, Solal Forte, Elise Lhomeau, Lionel Dray, Grégoire Montana-Haroche, Lina Benzerti. (França, 2016. 102’) 16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia. Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos.

Blow-Up, de Michelangelo Antonioni

18h00, 20h00: O que está por vir (L'Avenir) de Mia Hansen-Løve (França, 2016. 102’) "Eu nunca disse à Isabelle Huppert para andar de uma forma específica", disse Mia HansenLøve em entrevista ao portal IndieWire, "mas eu sempre presto muita atenção nos sapatos que os atores usam, porque isso influencia a forma de andar, e a de falar também. É verdade que nos meus filmes se vê gente andando com frequência. Sempre me dizem que eu continuo filmando caminhadas, pessoas flanando e, embora eu não estivesse ciente disso, me fez perceber que retratar pessoas, capturar as suas presenças, tem a ver com pensar e falar, mas também tem a ver com a aparência, não só do rosto, mas como andam, como se portam, como se apresentam fisicamente, com o corpo inteiro." "Eu sei que isso continua aparecendo nos meus filmes de novo e de novo, mas não consigo imaginar um retrato em que não possa ver a personagem andando na rua, descendo as escadas."

O que está por vir, de Mia Hansen-Løve

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TERÇA 27

QUARTA 28

14h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. (França, 2016. 102’)

14h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. (França, 2016. 102’)

14h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. (França, 2016. 102’)

16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’)

16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’)

16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’)

18h00, 20h00: O que está por vir (L'Avenir) de Mia Hansen-Løve (França, 2016. 102’)

18h00, 20h00: O que está por vir (L'Avenir) de Mia Hansen-Løve (França, 2016. 102’)

18h00, 20h00: O que está por vir (L'Avenir) de Mia Hansen-Løve (França, 2016. 102’)

SEXTA 30

NÃO SERÃO REALIZADAS SESSÕES DE CINEMA NO SÁBADO 31 E DOMINGO 1

14h00: O que está por vir (L'Avenir) Direção e roteiro: Mia Hansen-Løve. Fotografia: Denis Lenoir. Montagem: Marion Monnier. Música: Raphael Hamburger. Produção: Charles Gillibert. (França, 2016. 102’) 16h00: Blow-Up (Blow-Up) de Michelangelo Antonioni (EUA, Itália, Reino Unido, 1966. 111’) 18h00, 20h00: O que está por vir (L'Avenir) de Mia Hansen-Løve (França, 2016. 102’)

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QUINTA 29

Blow-Up, de Michelangelo Antonioni


DVD | IMS Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes. Últimas conversas, de Eduardo Coutinho, A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos, Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán, Imagens do inconsciente, de Leon Hrszman, Os dias com ele de Maria Clara Escobar, A tristeza e a piedade, de Marcel Ophuls, e os três volumes da série Contatos: 1 - A grande tradição do fotojornalismo; 2 - A renovação da fotografia contemporânea; 3- A fotografia conceitual são os mais recentes lançamentos da coleção DVD | IMS que reúne os seguintes filmes: Shoah, de Claude Lanzmann. La Luna, de Bernardo Bertolucci. Cerimônia de casamento, de Robert Altman. Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho. Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos. Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos. São Bernardo, de Leon Hirszman. O emprego, de Ermanno Olmi. Iracema, de Jorge Bodsnazky. Cerimônia secreta, de Joseph Losey. As praias de Agnès, de Agnès Varda. A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch. Diário, de David Perlov. Elena, de Petra Costa. Sudoeste, de Eduardo Nunes. A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo. Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper. Seis lições de desenho com William Kentridge. Memórias do subdesenvolvimento, de Tomas Gutiérrez Alea. E três edições de poesias: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade.

Instituto Moreira Salles Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3284-7400 WWW.IMS.COM.BR

Superintendente Executivo: Flávio Pinheiro Coordenação do ims-rj : Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema: José Carlos Avellar (in memoriam)

Ingressos para Cinema novo, Creepy, Blow-Up, O que está por vir: terça, quarta e quinta: R$ 22,00 (inteira) e R$11,00 (meia) sexta, sábado, domingo e feriados: R$26,00 (inteira) e R$ 13,00 (meia). para o festival Ópera na Tela: R$ 22,00 (inteira) e R$11,00 (meia)

Produção de cinema e DVD: Bárbara Alves Rangel

para a Sessão Cinética e os filmes da mostra Shakespeare & Cinema: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia)

Assistência de produção: Thiago Gallego

As exibições de Improvável encontro têm entrada franca.

Aberto ao público de terça a domingo das 11h00 às 20h00.

Meia entrada com apresentação de documentos comprobatórios para professor da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos, portadores de HIV e aposentados por invalidez.

Guarda-volumes aberto até às 20h00. Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café wifi As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao ims: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 537 – Rocinha - Gávea 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea O programa de dezembro tem o apoio da Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro, da Cinemateca Brasileira, do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, do festival Ópera na Tela, da Revisa Cinética, da Cineteca di Bologna e das distribuidoras Vitrine Filmes, Zeta Filmes, Mares Filmes, Bonfilm e do Espaço Itaú de Cinema.

Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Passaporte no valor de R$ 40,00 com validade para 10 sessões das mostras organizadas pelo IMS. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com Devolução de ingressos: em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br

A mostra Shakespeare e Cinema é uma parceria entre o IMS, BFI e British Council através do programa Shakespeare On Film:

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INSTITUTO MOREIRA SALLES

BLOW-UP

CINEMA

MICHELANGELO ANTONIONI

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DEZEMBRO 2016


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