INSTITUTO MOREIRA SALLES
CINEMA
OUTUBRO 2016
VINICIUS DE MORAES, UM RAPAZ DE FAMÍLIA DE SUSANA MORAES
Foto: Ana Sette
OS FILMES DE OUTUBRO
Em outubro, além da programação do Festival do Rio 2016, o cinema do IMS-RJ exibe Visita ou memórias e confissões, de Manoel de Oliveira, Coração de cachorro, de Laurie Anderson e O botão de pérola, de Patricio Guzmán.
Oscar Niemeyer, Vinicius de Moraes e Susana Moraes durante as filmagens de Vinicius de Moraes, um rapaz de família
Lancelot do lago, de Robert Bresson, será exibido em 35mm, seguido por um debate com os críticos da revista Cinética. De terça a domingo, às 12h, como parte da exposição “Anri Sala: o momento presente” , o cinema do IMS-RJ exibe 1395 Days without Red, de Anri Sala.
Coração de cachorro, de Laurie Anderson
Aos fins de semana e feriados, às 13h, o filme Improvável encontro, de Lauro Escorel, complementa a exposição “Modernidades fotográficas 1940-1964”.
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O botão de pérola, de Patricio Guzmán
“No primeiro dia em que eu estava no Rio de Janeiro, encontrei João, um amigo que trabalhava com Fabiano Canosa, curador do Public Theater, de Nova York. Ele me levou para Ipanema. Eu não tinha o telefone de ninguém. E eu não sabia nada do Brasil. A única coisa que eu sabia era “Garota de Ipanema”. Mas eu nem sabia que Vinicius tinha feito a música. Eu era ignorante. Não falava português.”
VINICIUS DE MORAES, UM RAPAZ DE FAMÍLIA
“Eu estava sentado no Veloso, o bar mais famoso do Rio, na rua Montenegro, com Pedrinho, e Susana apareceu, andando com Georgiana ou com uma amiga. Ela estava usando um Patek Philippe “desse tamanho”. Eu olhei e falei, “it’s a lot of gold”. Ela: “É, mas eu sei como usar”. Acho que foi em 1975, por aí. Eu já estava aqui, sem destino, tentando pensar qual seria meu próximo passo. Fiquei superinteressado na Susana. Ela estava novamente acabando com um casamento, e a gente ficou junto.”
Trechos do depoimento de Robert Feinberg, produtor de Vinicius de Moraes, um rapaz de família.
“Aí a Susana teve a ideia de fazer um filme. A gente falava muito de cinema. E eu, além de ser namorado, marido, era amigo. O casamento no papel foi depois. Drummond foi o padrinho. Ele dizia que era o segundo casamento a que ele tinha ido. O primeiro foi o dele.” “A gente queria fazer esse filme direito, limpo, elegante. Digo “a gente”, mas era principalmente, ou exclusivamente, eu, que vinha da NYU Film School, com Hollywood e Martin Scorsese na cabeça. Não entendia que no Brasil se fazia também filmes na base da amizade. Todo mundo gostava da Susana, e ela queria fazer com a família, com Pedrinho, e a equipe foi montada assim, sem compromisso de pagamento. A gente disse: “Vamos gravar o som direto, mesmo sem imagem”. Então a gente tinha três ou quatro horas a mais de som. As duas únicas claquetes que sobraram foram aquelas sobre a cara do Tom Jobim. Das coisas mais absurdas.” “Tudo o que foi rodado ficou no Lider. Mas quando a gente foi ver o material revelado, parecia Hiroshima. Estava velado, mas velado de um jeito Jackson Pollock. Tinha imagem, e depois tinha uma explosão de cor. Não tinha imagem, então a gente chegou à conclusão de que não foi estragado na câmera. Foi no laboratório que trocaram as latas. Nós ficamos com filmes estragados. Sei lá, eu nunca vi uma coisa dessas. Tínhamos talvez 40 minutos de material de imagem, quatro horas de som e duas claquetes.”
Novo título da coleção DVD | IMS, o filme, dirigido por Susana Moraes, será exibido na quartafeira 19 em versão restaurada, seguido por uma leitura de poemas de Vinicius de Moraes. O DVD inclui uma faixa comentada por Adriana Calcanhotto, Eucanaã Ferraz, Julia Moraes e Tuca Moraes, e um livreto com textos de Walter Salles, Pedro Butcher e a íntegra do depoimento de Robert Feinberg.
“O filme só foi finalizado em 1983. A coisa que eu mais lembro desse meio-tempo é que Susana brigou comigo e saiu de casa. E eu saí do filme. Eu tinha montado, colocado o som. Então, Marta Luz entrou, e o Mair Tavares, que sabia tudo de montagem. Mas o filme estava basicamente como está. Susana ficou fazendo os acabamentos com a Marta.” “Quando vi esta cópia restaurada, eu achei outro filme. Acho que é a visão que Susana sempre teve na cabeça dela. Você pode restaurar uma obra e o restauro ficar mais importante que o projeto. E tem o momento em que você perde o sentimento do filme, porque está fora de tom. Eu acho que Um rapaz de família ficou perfeito agora.”
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PAI PAÍS, MÃE PÁTRIA José Carlos Avellar Trecho de Pai país, mãe pátria, um longo ensaio sobre a representação da família no cinema brasileiro recente, escrito por José Carlos Avellar e editado postumamente pelo IMS. A partir de cenas e diálogos de alguns dos principais filmes produzidos no Brasil, sobretudo a partir da metade dos anos 1990, Avellar analisa como os personagens destas obras encarnam nos indivíduos os dramas do coletivo.
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“Nossa, mãe, que claridade!” Tiago ajeita os óculos com a ponta dos dedos. Bota, tira e bota de novo as lentes diante dos olhos e ri de contente com o que vê, o sorriso da mãe “fica maior”. Maior ao ver o filho com os óculos do moço da cidade. Parte da cena é o que nela se vê. Parte, o que nela se representa. Tão importante quanto perceber os dois planos pelo que significam na narrativa em que estão inseridos, é percebêlos como uma imagem da estrutura que organiza a narração. Mais exatamente, é percebê-los como produtos e produtores da estrutura narrativa de Mutum (Sandra Kogut, 2007). O filme começa a contar aqui a despedida do menino Tiago da vida no campo. Primeiro, as árvores, as galinhas ciscando ali perto, o céu distante lá longe, nuvens, quietude e silêncio. No segundo dos cinco planos que nos contam a despedida, a mãe – o olhar perdido ao longe. O filho entra em quadro perguntando pelo homem que passava de visita. Depois da resposta, “Foi caçar lá na vereda grande, mas antes de ir pra cidade ele volta”, uma conversa, mãe e filho, jeito triste, voz doce e sussurrada, lágrima escondida no fundo dos olhos. “Tiago”, ela chama, “o moço disse que, se você quiser, ele te leva junto com ele”. Em primeiro plano o rosto de Tiago, parado, em silêncio. Ele sai de quadro. Voltamos ao rosto da mãe. Ela também sai do plano. Um instante vazio, como uma reticência antes de nova palavra. Então, imagem mais longa, a conversa prossegue, marcada por reticências. Mãe e filho de cabeça baixa, arriscando vez por outra uma troca de olhares. O menino não diz nada, a mãe é só meia-voz. “O moço é compadre de seu Aristeu”, diz. “Lá na cidade ele te compra óculos”. E diz mais, “te põe na escola”. E ainda, “depois, você aprende um trabalho”. Faz força para esconder o choro, abraça o filho, “você quer ir?”, e insiste: “Vai filho. Se der, no fim do ano a gente faz uma viagem também. Um dia todo mundo se encontra”. Na imagem fechada no rosto da mãe e do filho a gente vê quase só o silêncio de Tiago, silêncio que se estica pelos planos seguintes, o menino brincando na terra e o aberto do campo, antes da preparação para a cidade. “Você quer levar o chinelinho do Felipe? Ele serve em você. Quer?”. Na hora da partida, uma pergunta para a mãe: a cidade, “é pro mar ou para o lado do tabuleiro branco? É longe?”. E outra para o moço da cidade, apontando para os óculos: “Posso?”. E então, no menino míope, um último sorriso (ou o primeiro?) de quem vê pela primeira vez (ou a última?) as gentes e as coisas da fazenda. Em cena, a mãe vista pelos olhos do filho. Graças aos óculos emprestados, ele vê pela primeira vez a mãe que via sem ver direito todos os dias. O pequeno míope vive, então, uma experiência semelhante à de uma primeira ida ao cinema. A alegria de Tiago com os óculos emprestados pelo viajante não é apenas o que o espectador
vê como se fosse o personagem de olhos bem abertos para o brilho das cores e o tamanho das formas através das lentes. É também uma representação da descoberta do cinema, um modo de dizer que um filme é como os óculos que abrem a visão de Tiago. É ainda, talvez, uma delicada figura da relação do país com o filho: um modo de se perguntar se o que a mãe diz ao filho, que ele deve ir para a escola da cidade e para os óculos, não é o que a mãe pátria diz a seu filho sempre que o pai não está. Mutum é uma soma de detalhes colados um depois do outro como anotações soltas: no quintal, o vento forte derruba tudo; depois da chuva, as crianças brincam na lama; na roça, o trabalho de capinar com o pai; na porta da cozinha, um riso solto e aberto; no céu azul, uma nuvem branca perdida; na gaiola, os passarinhos tomam um banho de chuveiro; no rosto de Tiago, a tristeza pela doença do irmão. As imagens não se articulam por uma qualquer relação de causa e efeito. Soltas, independentes umas das outras, estão unidas pela comum preocupação de ver o mundo do ponto de vista de uma criança duas vezes míope. Tiago é míope porque seus olhos não veem em foco e porque a presença bruta do pai não deixa perceber o que se passa no mundo dos adultos. O mundo do pai, da mãe e do tio está permanentemente fora de foco. O pai briga com a mãe por trás da porta fechada. O tio lhe dá uma carta para entregar em segredo, sem ler. Quando finalmente o mundo se descobre, graças aos óculos (tudo fica maior, e, em torno da mãe, quanta claridade!), nenhum efeito especial – apenas foco e boa luz, apenas um instante em que um plano responde em direta continuidade ao que veio antes dele: corte do rosto do filho para o da mãe quase nem se nota – a ação parece ocorrer numa imagem contínua. Para destacar os óculos no rosto de Tiago, um plano aberto e de maior profundidade de foco, claro e nítido até onde a vista alcança. É o suficiente para que se possa sentir (muito provavelmente sem ter consciência disso) que até então, desde a primeira imagem (o foco preciso no detalhe da crina do cavalo que leva Tiago de volta para casa), o filme nos convida a ver como um míope – para não perder Tiago de vista, para continuar com os olhos nele mesmo quando ele não se encontra em cena. Mais do que não tirar os olhos de Tiago, trata-se de ver a história pelos olhos de Tiago. A miopia aqui é a ficção: vemos o menino de perto, perdemos os adultos de foco. Esse olhar limitado por uma aparente miopia, (para o espectador, um olhar ilimitado exatamente pela miopia), contribui para a compreensão de como a realidade se apresenta para o filho quando o pai não está ou está como força bruta. A câmera míope é também um modo de sugerir que, na relação entre pais e filhos, o país está fora de foco; a mãe, cercada de claridade. 5
Em Juízo e em Jogo de cena o documentário incorpora procedimentos de ficção. Em Mutum, o caminho inverso. A ficção incorpora procedimentos do documentário. Na origem, um texto de Guimarães Rosa. Para transformar o texto em filme, muitas viagens pelo sertão e quatro ou cinco versões de roteiro (de Sandra Kogut, com a colaboração de Ana Luiza Martins Costa), mas, a rigor, a filmagem não seguiu o escrito ao pé da letra. Mutum não poderia existir sem o roteiro, mas não é uma reprodução objetiva dele. Está mais próximo de uma refilmagem do filme projetado no imaginário da realizadora e anotado no papel – processo nem tão raro na invenção cinematográfica: muitos filmes são efetivamente uma refilmagem do previamente visto pelo realizador. Com algum exagero, é possível dizer que Sandra escreveu um filme não para filmá-lo tal como anotado, mas sim tal como ficou guardado na memória ao longo da preparação do roteiro. Temos aqui, talvez, uma pequena semelhança com o processo de criação literária de Guimarães Rosa. Uma adaptação mais fiel ao escritor que ao texto, mais preocupada em conversar com o modo de Rosa se relacionar com o sertão, as pessoas e as palavras. Para Sandra, Mutum “não é exatamente uma adaptação. Acho que é mais uma conversa com o livro”. Essa mais-conversa-que-adaptação levou à decisão de não mostrar o roteiro a ninguém, nem aos intérpretes nem à equipe técnica, “tudo foi transmitido oralmente. Levou também à decisão de adotar na filmagem um certo quê de cinema documentário. Intérpretes não profissionais, gente da região – “as crianças e os vaqueiros nunca haviam ido a um cinema” – foram convidados a viver a história com seus nomes verdadeiros, e não com os nomes dos personagens de Guimarães Rosa. “O trabalho dos intérpretes construiu-se a partir da proximidade entre a vida deles e a de seus personagens”, em improvisações estimuladas pela diretora. Reunidos numa fazenda não muito diferente e nada distante do espaço em que viviam, esses intérpretes espontâneos se deixaram filmar (quase exatamente) assim como são. A ficção – para se realizar com ficção e não para fingir que é outra coisa – estimulou algo entre a improvisação e a reconstituição. A câmera, parece, lembrou-se da recomendação feita certa vez por Joaquim Pedro a Paulo José, e pediu o mesmo a seus não intérpretes: não interpretem. A ficção de Mutum documenta a rotina de uma fazenda que continuou funcionando durante as filmagens, “cuidavam dos bichos, capinavam, trabalhavam juntos, com as roupas deles, e brincavam com os brinquedos deles também”. Funcionando durante as filmagens e, numa certa medida pelo menos, funcionando também para as filmagens.
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O Tiago do filme é em parte o protagonista da história de Guimarães Rosa e em parte ele mesmo, Tiago da Silva Mariz, menino de dez anos que não sabia o que era cinema nem ouvira falar do escritor. Na tela, vemos Tiago e seu eu-outro, o
intérprete espontâneo que existe nele. Da fusão do eu e do eu-outro de Tiago nasce o personagem do filme. Esse desejo de manter a ficção presa ao documental não resulta de uma preocupação de cunho etnográfico, mas de um processo de construção de personagens inspirado pelo escritor, esclarece Sandra. Para ela, os livros de Guimarães Rosa “documentam” detalhes da natureza e da vida no sertão através da ficção: “o texto não é descritivo, tudo ali fala do mundo interno dos personagens, as paisagens do livro são, para mim, paisagens interiores”. Em Mutum, um plano visto isoladamente parece documentário, cena que incorpora o gesto real de uma pessoa real. Mas essa “imagem mais crua e simples” está de fato a serviço da ficção. Trata-se de espontaneidade cuidadosamente construída fora de quadro para “manter as relações entre os personagens sempre em primeiro plano: a mãe consolava Tiago quando ele levava uma bronca, mesmo quando eu não a filmava”. Portanto, espontaneidade trabalhada fora de quadro para que os intérpretes “não se sentissem dominados pelo dispositivo do cinema”. Imaginemos que Mutum procure o documentário assim como Juízo e Jogo de cena procuraram a ficção. Imaginemos que a ficção procure seu eu-outro, o documentário, para esquecer o dispositivo do cinema, para reinventar o dispositivo do cinema, para reinventar a cena. O importante era “jamais esquecer que estávamos fazendo um filme”. Cinema, conclui Sandra, documentário ou ficção, “é sempre uma questão de mise-en-scène. A única realidade que existe num filme é a realidade interna de um filme”. Desse modo, na realidade interna de Mutum, lágrima escondida no fundo do olho, a mãe pátria diz para o filho que ele deve ir embora. Se der, no fim do ano ela viaja também. Um dia todo mundo se encontra.
No dia 8 de outubro às 18h após a exibição de Ganga Bruta, de Humberto Mauro, o IMS e o Festival do Rio farão uma homenagem ao crítico de cinema, curador, cineasta e gestor público José Carlos Avellar (1936-2016). Nesse dia a sala de cinema do IMS-RJ, programada por ele de 2008 até sua morte, passará a se chamar Sala José Carlos Avellar. Acontece também, no mesmo dia, o lançamento do livro Pai país, mãe pátria.
À esquerda: Mutum, de Sandra Kogut (2007). Foto: Ana Stewart
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SESSÃO CINÉTICA: LANCELOT DO LAGO MAIS VALE UM PÁSSARO A VOAR QUE DOIS PÉS NO CHÃO Pedro Henrique Ferreira
Na quinta-feira (27) às 19h, o cinema do IMS-RJ exibe em cópia 35mm Lancelot do lago, de Robert Bresson. Após a sessão haverá um debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: revistacinetica.com.br
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Quando Lancelot (Luc Simon) decide participar de um torneio de batalhas, o faz secretamente. Surge um cavaleiro capaz de derrotar a todos. Mas a decupagem de Bresson não enfatiza o personalismo do herói: não vemos seu rosto, seu corpo está coberto por uma armadura, não há bandeiras que o identifiquem, a plateia não tem convicção de sua identidade. A trama revelou o seu paradeiro. Mas temos dificuldades para saber se é ele. Não é que Bresson construa um mistério em torno do sujeito mais hábil. Pelo contrário, toda a sequência é reduzida a uma mecânica repetitiva entre pés de cavalos e cavaleiros, flâmulas erguidas, olhares da plateia e uma nova lança nas mãos do especialista. Os golpes mesmo são omitidos ou interrompidos por cortes bruscos. A primorosa cena é um mostruário do cinema rarefeito de Bresson: o minimalismo dos elementos e gestos; a encenação rígida e desdramatizada; a construção por meio de repetições e motes vazios; a recusa à humanização dos personagens; a composição pictórica árida. Recorda-nos, por exemplo, o exercício frequente de André Devigny em Um condenado à morte escapou (Un condamné à mort s’est échappé ou Le vent souffle où il veut, 1956) ou a prática da rapinagem de Michel em O batedor de carteiras (Pickpocket, 1959). Mas há uma diferença fundamental que destaca Lancelot do lago: ele não está se preparando para nada. Ao contrário, ele já é o combatente mais hábil. O longa-metragem gira em torno de um momento póstumo, como nos revela o texto inicial: os cavaleiros da Távola Redonda saíram à procura do Graal, retornaram para casa com as mãos vazias, incertos de que o Graal (ou Deus) é uma realidade. Acompanhamos o intervalo pós-jornada, quando encontram-se perdidos, sem propósito real, e o Rei já não pode governar. Essa condição ganha um sentido alegórico: o homem saiu ao mundo à procura de Deus, falhou, e está agora aprisionado nesta condição tão frequentemente indagada pelo existencialismo e a fenomenologia (Sartre, Heidegger, Husserl), pela literatura da primeira metade do século XX (Camus), e mesmo por uma certa corrente cinematográfica tipicamente europeia, para quem a questão do divino se encontrava em xeque (Dreyer, Rossellini, Tarkovski). Ninguém levou tão longe quanto Bresson as consequências deste estado de paralisia, incorporando-o ao estilo artístico de maneira orgânica: um repertório de pés caminhando, mãos portando espadas, rostos que são máscaras, corpos armadurados vagando como bonecos; a dramaturgia objetiva na qual o ator (ou “modelo”, como Bresson preferia chamá-los) mais recita que fala, move-se com dureza e sai de cena peremptoriamente; a frequente recusa do raccord contínuo entre duas imagens, estas mais friccionadas que criadoras de um espaço harmônico. Estes recursos dão forma a um estado de espírito do homem em meio ao despropósito da existência, abandonado por Deus e por valores morais. O que lhe resta?
A técnica. É por ela que Lancelot se destaca, e que, na cena da batalha, faz com que todos instintivamente o reconheçam. Michel era um exímio ladrão. André estudava como fugir da prisão. Lancelot é um hábil combatente com a mesma razão descompensada: exercita sua prática com euforia, mas já sem o sentido que antes o animou. Lancelot do lago começa e termina com luta e morte, filmadas de modo a sublinhar seu caráter autômato, profano e desenraizado. Não se enganem: a técnica é o ponto máximo deste beco sem saída. É a válvula de escape para a ausência sentida após o abandono do sagrado. Mas a técnica é insuficiente. E andar a esmo conduz a labirintos cada vez mais sombrios. O radicalismo de Bresson conduz tais premissas a um limite que nos lega a questão do lugar do divino no mundo contemporâneo. Em Lancelot do lago, é na morte que os cavaleiros finalmente se deparam com a liberdade que ansiavam. Não se trata apenas de um elogio à finitude. Cessa a técnica como obsessão, os pés não andam mais a esmo. Como o antagonista de Jornada tétrica (Wind Across the Everglades, de Nicholas Ray, 1958) - que tarde demais compreende a beleza das aves que caçava - o cavaleiro pode enfim repousar, parar de olhar os pés que andam perdidos e ver um pássaro a voar.
Lancelot do lago (Lancelot du lac), de Robert Bresson (França, 1974)
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TERÇA 4
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QUARTA 5
12h00, 14h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00, 14h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores.
A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores.
15h00, 16h30, 18h30, 20h00: Visita ou memórias e confissões de Manoel de Oliveira. Diálogos: Agustina Bessa-Luís. Fotografia: Elso Rique. Som: Joaquim Pinto e Vasco Pimentel. Montagem: Manoel de Oliveira, Ana Luísa Guimarães. (Portugal, 1982. 68’)
15h00, 16h30, 18h30, 20h00: Visita ou memórias e confissões de Manoel de Oliveira. (Portugal, 1982. 68’)
Filme autobiográfico sobre a vida e a casa de Manoel de Oliveira (1908-2015). Rodado no ano de 1981 sob a condição de ser apresentado somente depois de sua morte, o longa relata a importância que essa residência teve na vida do diretor. “O título duplo e alternativo já nos permite pressentir um de seus traços mais marcantes (e desconcertantes)”, escreve a crítica Tatiana Monassa, “trata-se de um filme de estatuto ambíguo, quase esquizofrênico, que oscila entre uma ficção ensaística sobre uma visita a uma morada e um documentário-diário em primeira pessoa sobre a vida do realizador, passada em sua maior parte nesta mesma morada. A casa aparece, assim, como um objeto central, um personagem do filme e seu locus solus. Pois se trata igualmente de um testamento para ela, de uma despedida por meio da celebração de sua beleza e riqueza ‘semântica’. Deste modo, Oliveira fala de si sem falar apenas de si, em conformidade com o pudor manifestado na apresentação: talvez não devesse fazer um filme assim, mas está feito.”
Filme autobiográfico sobre a vida e a casa de Manoel de Oliveira (1908-2015). Rodado no ano de 1981 sob a condição de ser apresentado somente depois de sua morte, o longa relata a importância que essa residência teve na vida do diretor.
Manoel de Oliveira: Visita ou memórias e confissões
QUINTA 6 12h00, 14h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’) 15h00, 16h30, 18h30, 20h00: Visita ou memórias e confissões de Manoel de Oliveira. (Portugal, 1982. 68’) “Uma casa é uma relação íntima, pessoal onde se encontram as raízes”, afirma o diretor no livro Conversas com Manoel de Oliveira, resultado de 22 horas de entrevistas do cineasta a Antoine de Baecque e Jacques Parsi. “A casa que filmei em Visita ou memórias e confissões foi feita por mim. Dirigi-me a um arquiteto amigo, José Porto, que tinha estudado em França no tempo dos grandes arquitetos, Le Corbusier, Perret. Tinha uma formação muito boa. É ele que, na mesma época, assina os cenários de Aniki-Bobó. Ele imaginou excelentes soluções para o posicionamento da câmera…quanto à casa, segui de perto o desenvolvimento do traçado, que foi recomeçado três vezes. A minha casa é o lado imaterial. É uma maneira de fixar o espírito. Temos a sensação que isso ficará para sempre. Mas os filmes desaparecem. Tudo desaparece.”
SEXTA 7
SÁBADO 8
DOMINGO 9
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
14h00: festival do rio Tempestade (Tempestad) de Tatiana Huezo (México, 2016. 105’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
13h30: festival do rio Snow Monkey (Snow Monkey) de George Gittoes (Austrália, Noruega, Afeganistão, 2015. 148’)
14h00: festival do rio Uma criada para cada uma (Makhdoumin) de Maher Abi Samra (Líbano, França, Noruega, Emirados Árabes Unidos, 2015. 67’)
O artista e ativista George Gittoes trabalha com crianças e excluídos em Jalalabad, no Afeganistão. Fornecendo equipamento de vídeo, ele incentiva os meninos locais a fazer seus próprios filmes.
A diretora Maher Abi Samra acompanha a rotina de um dos muitos ambientes de trabalho libaneses em que estrangeiros vivem em regime análogo à escravidão.
Em uma manhã qualquer, Miriam é presa e acusada sem provas de tráfico de pessoas. Adela trabalha como palhaça em um circo itinerante. Todas as noites durante o show ela evoca sua filha desaparecida. Um retrato do poder paralisante do medo e do impacto da violência que aflige o México. 16h00: festival do rio As vidas chinesas de Uli Sigg (The Chinese Lives of Uli Sigg) de Michael Schindhelm. (Suiça, 2016. 93’) Documentário sobre a vida e a trajetória do suiço Uli Sigg. Diplomata, empresário e colecionador de arte, Sigg teve grande impacto nas mudanças da política econômica da China em sua era pós-maoísta. Ele estabeleceu também a mais significativa coleção de arte contemporânea chinesa no mundo. 18h00: festival do rio Fome de viver (The Hunger) de Tony Scott Com David Bowie, Catherine Deneuve, Susan Sarandon. (Reino Unido, 1983. 97’) Miriam é uma vampira que se mantém viva e bela através dos séculos com o sangue dos seus amantes. Em retribuição, os jovens e as moças que se envolvem com ela não envelhecem. Infelizmente, John, seu atual parceiro, está envelhecendo extremamente rápido e sua expectativa de vida é de apenas 24 horas. 20h00: festival do rio A banda prometida (The Promised Band) de Jen Heck. (EUA, Israel, Palestina, Nepal, 2016. 89’) Na fronteira entre Israel e Palestina, uma jovem produtora americana decide promover um encontro entre um grupo de mulheres dos dois territórios. Elas decidem então criar uma banda, mesmo que, fora a cantora, não sejam musicistas.
16h15: festival do rio Histórias dos dois que sonharam (Historias de Dos que Soñaron) de Andrea Bussmann e Nicolás Pereda (México, Canadá, 2016. 82’) 18h00: festival do rio Ganga Bruta de Humberto Mauro (Brasil, 1933. 82’) Exibição em 35mm em homenagem a José Carlos Avellar e Paulo Emílio Sales Gomes. A sessão contará com a presença de Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, Wieland Speck, programador da sessão Panorama do Festival de Cinema de Berlim e Klaus Eder, secretário geral Federação Internacional de Críticos de Cinema. Neste dia será lançado também o livro Pai país, mãe pátria, escrito por José Carlos Avellar e editado postumamente pelo IMS. 20h00: festival do rio Jonas Mekas: I had nowhere to go (I Had Nowhere To Go) de Douglas Gordon (Alemanha, 2016. 100’) Aos 93 anos, o cineasta, crítico e curador Jonas Mekas sobriviveu à perseguição nazista e viveu cinco anos em um acampamento para refugiados em Kassel antes de imigrar para o Brooklyn, onde se tornou o “padrinho do cinema de vanguarda americano”.
16h00: festival do rio Afeganistão (Afghanistan) de Ria Hackin (França, 1934-1940. 57’) Ao longo dos anos 1930, Ria Hackin filmou os importantes sítios arqueológicos de Begram e Bamiyan, no Afeganistão. Inaugurando o século dezenove: 1896 (Opening the Nineteenth Century: 1896) de Ken Jacobs (EUA, 1990. 9’) Três travellings filmados no fim do século XIX em Paris, Veneza e Cairo, respectivamente de um trem, uma gôndola e um barco à vela. 17h45: festival do rio Richard Linklater - sonho é destino (Richard Linklater - Dream is Destiny) de Louis Black e Karen Bernstein (EUA, 2015. 93’) A trajetória do cineasta Richard Linklater de sua pequena cidade no Texas até a recepção calorosa no circuito internacional e em grandes premiações pelo mundo. 20h00: festival do rio Essa sensação (Esa Sensación) de Julián Génisson, Juan Cavestany e Pablo Hernando. (Espanha, 2016. 80’) Uma mulher se relaciona patologicamente com objetos inanimados. Um homem segue seu pai pelas ruas em busca de um segredo. Um vírus faz com que o infectado diga coisas que normalmente não diria.
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NÃO SERÃO REALIZADAS SESSÕES DE CINEMA NA TERÇA 11
Os filmes de outubro Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em www.ims.com.br, em nossas redes sociais ou pelo telefone 3284-7400
QUARTA 12 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
14h00: festival do rio Hissein Habré, uma tragédia no Chade (Hissein Habré, Une Tragédie Tchadienne) de Mahamat-Saleh Haroun (França, 2016. 80’)
14h00: festival do rio Ator Martinez (Actor Martinez) de Nathan Silver e Mike Ott (EUA, 2016. 75’) Para realizar o seu sonho de ser ator, Arthur Martinez contrata dois cineastas independentes para registrarem sua vida e transformá-lo em uma estrela. Em pouco tempo fica claro que filmá-lo na prática de tai chi ou interagindo com o grupo de teatro local não será sufiente para sustentar uma trama. 15h30: festival do rio Christine (Christine) de Antonio Campos (EUA, 2016. 123’)
Sonita, uma rapper afegã, de Rokhsareh Ghaem Maghami
Christine é âncora de um telejornal em Sarasota, Flórida. Aos 29 anos, ela tem que lidar com as dificuldade de ser uma mulher independente na tumultuada década de 1970. A história real da repórter que chocou os Estados Unidos ao se suicidar ao vivo, em frente às câmeras de um telejornal. 18h00: festival do rio Solar (Solar) de Manuel Abramovich (Argentina, 2016. 76’)
Floresta de êxtase, de Robert Gardner
Com apenas 10 anos de idade, Flavio Cabobianco se tornou um best-seller na Argentina ao publicar Venho do Sol, livro onde filosofa sobre Deus e o universo. Vinte anos mais tarde, ele decide reeditá-lo e aceita a proposta para que façam um documentário sobre sua história, mas se mostra resistente às ideias do diretor. 20h00: festival do rio Redemption Song (Redemption Song) de Cristina Mantis (Itália, Brasil, Guiana, Senegal, 2015. 73’)
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Redemption Song, de Cristina Mantis
QUINTA 13
Cissoko é um refugiado da Guiné na Itália. O desejo de contar sua experiência a seu povo o levou a filmar os aspectos pouco atraentes do mundo ocidental em crise.
Em 2013, Hissein Habré, ex-ditador do Chade, foi preso no Senegal. O diretor Mahamat Saleh Haroun vai ao encontro daqueles que sobreviveram ao seu regime. 16h00: festival do rio Floresta de êxtase (Forest of Bliss) de Robert Gardner (EUA, 1986, 90’) O cineasta e antropólogo Robert Gardner transita entre o ensaio poético e o filme etnográfico para abordar os ritos funerários de Benares, a cidade mais santa da Índia. Carregadores (Cargadores) de Joelle de la Casinière (Peru, 1971. 13’) Nas ruas de Cuzco, Joelle de la Casinière - diretora de filmes de aspecto etnográfico muito impregnados pela cultura Beat - filma um a um os homens que transportam nas costas enormes pacotes de mercadoria. 18h00: festival do rio Tomcat (Kater) de Händl Klaus (Áustria, 2016. 114’) Andreas e Stefan vivem em uma bela e antiga casa numa região de vinhedos em Viena na companhia de seu amado gato Moses. Porém, uma inesperada explosão de violência abala o relacionamento dos dois. 20h00: festival do rio 10 bilhões – O que tem para comer? (10 Milliarden – Wie werden wir alle satt?) de Valentin Thurn (Alemanha, 2015. 107’) Em 2050, prevê-se que o crescimento populacional terá contribuído para uma grave escassez de alimentos. Valentin Thurn viaja o mundo em busca de alternativas ecológicas e economicamente viáveis.
SEXTA 14
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DOMINGO 16
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
14h00: festival do rio Posto-avançado do progresso de Hugo Vieira da Silva (Portugal, 2016. 121’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
Dois oficiais da colônia portuguesa chegam a um remoto posto de negociação de marfim no Congo com a missão de fazer o mercado local voltar a fluir. No entanto, os trabalhadores congoleses não parecem interessados em colaborar.
14h00: festival do rio Funk de favela na cabeça (Inside the Mind of Favela Funk) de Elise Roodenburg e Fleur Beemster (Holanda, 2016. 68’)
14h00: festival do rio Central de Tatiana Sager e Renato Dornelles (Brasil, 2015. 75’) Representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público e pesquisadores analisam a situação crítica do Presídio Central de Porto Alegre, considerado em 2008 o pior do país pela CPI do Sistema Carcerário e alvo de denúncias de violações dos direitos humanos feitas à OEA.
16h30: festival do rio Xapiri de Gisela Motta e Leandro Lima (Brasil, 2012. 55’) Xapiri acompanha dois encontros de xamãs na aldeia Watoriki, no Amazonas, em parceria com o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, a pesquisadora de cinema Stella Senra e o etnólogo-escritor Bruce Albert. Interfaces II - As viagens da alma de Oskar Metsavaht (Brasil, 2015. 20’) Realizado durante uma viagem à terra do povo Ashaninka, no estado do Acre, o filme acompanha a festa sagrada Piyaretsi. 18h10: festival do rio Massimo Bottura: teatro da vida (Theater of Life ) de Peter Svatek (Canadá, 2016. 90’) O renomado chef Massimo Bottura convidou 60 de seus colegas internacionais para se juntarem a ele na transformação de alimentos que iriam para o lixo em refeições para populações carentes da Itália.
Olympic Favela (Olympic Favela) de Marc Ohrem-Leclef (EUA, Brasil, 2016. 19’) No Rio de Janeiro, duas famílias da favela Vila Autódromo, às margens da Lagoa de Jacarepaguá, estão sendo removidas das suas casas a fim de dar espaço para o parque Olímpico que será construído. 16h30: festival do rio E Donald chorou (Donald Cried) de Kristopher Avedisian. (EUA, 2016. 85’) Peter deixou para trás sua vida de proletário em Rhode Island para se reinventar em Wall Street. Quando sua avó morre, 15 anos mais tarde, ele é forçado a voltar à casa onde cresceu e rever o amigo de infância Donald Treebeck. 18h15: festival do rio O Cristo cego (El Cristo Ciego) de Christopher Murray (Chile, França, 2016. 85’) Quando seu amigo de infância se envolve em um acidente, Michael inicia uma peregrinação rumo ao deserto, com os pés descalços, a fim de curá-lo com um milagre.
20h00: festival do rio JT Leroy - A história de um autor (Author: The JT Leroy Story) de Jeff Feuerzeig. (EUA, 2016. 110’)
20h00: festival do rio Um grande plano (Film Kteer Kbeer) de Mir-Jean Bou Chaaya (Líbano, Qatar, 2015. 107’)
Uma investigação em torno de JT LeRoy, escritor cuja prosa dura sobre sua sórdida infância havia cativado ícones e astros mundo afora. Em 2005, a New York Magazine impressionou o mundo editorial ao revelar que o escritor fora criado pela roqueira e operadora de tele-sexo, Laura Albert.
Jad está prestes a deixar a prisão após ter sido preso por um crime cometido por seu irmão cinco anos atrás e se vê novamente envolvido em uma megaoperação de contrabando internacional de anfetamina.
15h45: festival do rio Sonita, uma rapper afegã (Sonita) de Rokhsareh Ghaem Maghami (Alemanha, Irã, Suiça, 2015. 91’) Sonita, uma refugiada afegã adolescente, precisa tomar uma atitude drástica quando sua família resolve levá-la de volta ao Afeganistão para se casar com um homem mais velho e sanar seus problemas financeiros. Por meio da música, ela cria um manifesto contra o casamento forçado, atraindo a atenção de aliados poderosos. 17h30: festival do rio Dancer (Dancer) de Steven Cantor (Reino Unido, EUA, Rússia, Ucrânia, 2016. 82’) Um olhar sobre a vida do dançarino Serge Polunin, que se tornou o mais jovem diretor do Royal Ballet de todos os tempos, mas se afastou da carreira no auge do sucesso, aos 25 anos. 19h20: festival do rio Kékszakállú (Kékszakállú) de Gastón Solnicki (Argentina, 2016. 72’) Um retrato de mulheres distintas imersas em seus corpos, amigos, amantes, rotina e, sobretudo, numa cultura de recessão econômica e espiritual em Buenos Aires e Punta del Este.
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TERÇA 18 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’) A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores. 1395 Days without Red faz parte da exposição “Anri Sala: o momento presente”, em cartaz no IMS-RJ até o dia 20 de novembro de 2016. Um filme de Anri Sala em colaboração com Liria Bégéja, a partir de um projeto de Šejla Kamerić e Anri Sala em parceria com Ari Benjamin Meyers. Cortesia Marian Goodman Gallery; Hauser & Wirth. 14h00, 16h00, 18h00, 20h00: Coração de cachorro (Heart of a dog) de Laurie Anderson (EUA, França, 2015. 75’) “Este é o meu corpo onírico, o que eu uso para passear nos meus sonhos”, diz a voz de Laurie Anderson logo após os créditos inicias. “Neste sonho, estou num leito de hospital e parece uma cena de um filme que você já viu um milhão de vezes. O doutor está segurando um pacotinho rosa. Ele se debruça sobre a cama e me entrega o pacotinho. É uma menina, ele diz, ela não é linda? E enrolada no pacote vejo o rosto da minha cadela, uma pequena rat terrier chamada Lolabelle”. Realizado após a morte de Lolabelle, em Coração de cachorro a artista norteamericana une memórias de infância e relatos pessoais a reflexões em torno do acúmulo de dados, da cultura de vigilância nos EUA pós 11/9 e da concepção budista de vida após a morte.
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12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
14h00, 16h00, 18h00: Coração de cachorro (Heart of a dog) de Laurie Anderson (EUA, França, 2015. 75’)
14h00, 16h00,18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’)
Realizado após a morte de sua rat terrier Lolabelle, em Coração de cachorro a artista norteamericana Laurie Anderson une memórias de infância e relatos pessoais a reflexões em torno do acúmulo de dados, da cultura de vigilânciaa nos EUA pós 11/9 e da concepção budista de vida após a morte.
O oceano contém a história de toda a humanidade. No mar estão as vozes da Terra e de todo o espaço. O litoral chileno esconde o segredo de dois misteriosos botões encontrados no fundo do mar. Com mais de 4 mil km de costa e o maior arquipélago do mundo, o Chile apresenta uma paisagem sobrenatural, com vulcões, montanhas e glaciares. Nessa paisagem estão as vozes da população indígena da Patagônia, dos primeiros navegadores ingleses que chegaram ao país, e também a voz dos presos políticos do governo de Augusto Pinochet. Alguns dizem que a água tem memória. Este filme mostra que ela também tem voz. Segundo Guzmán, a porta de entrada para o filme é um encadeamento que mostra “a Terra, os vestígios fotográficos dos indígenas desaparecidos e a água, que é ao mesmo tempo a matéria da qual nosso planeta é feito e que era o modo de vida desses indígenas do extremo sul do continente, que mal conhecemos. Eles merecem ser nomeados: são os Kawéskar, os Sélknam, os Aoniken, os Hausch, os Yamanas.” “Foi um padre austríaco, Martin Gusinde, quem os fotografou maravilhosamente entre 1900 e 1913. Fiz questão de inserir essas fotos, que vemos ao longo do filme, porque elas mostram quem são essas pessoas, sua incrível doçura, suas crenças e sua cosmogonia pintadas no próprio corpo, e que permanecem um mistério apesar das interpretações que foram feitas. Essas fotos são também o testemunho da última fase da sua vida coletiva. Vinte anos mais tarde, é o fim definitivo desse mundo. Restam hoje dezenove sobreviventes desse povo, dos quais filmei alguns.”
19h30: lançamento de dvd Vinicius de Moraes, um rapaz de família de Susana Moraes (Brasil, 1983. 30’) Sessão seguida por uma leitura de poemas de Vinicius de Moraes por poetas contemporâneos. Neste documentário — em versão cuidadosamente restaurada —, Susana Moraes retrata o pai, Vinicius, na intimidade. Distante de um possível retrato oficial do grande poeta, diplomata e criador da bossa nova, o filme mostra um homem entre amigos e familiares, desprendido de convencionalismos, numa atmosfera que se reflete também na linguagem despojada da obra. Sem dúvida, esse perfil afetivo, cotidiano e bem humorado só foi possível porque a equipe de filmagem era formada por pessoas próximas e porque Vinicius nunca sai de seu círculo amistoso, composto por Oscar Niemeyer, Ferreira Gullar e Tom Jobim, entre outros. Segundo Walter Salles, o filme é “uma das experiências mais originais do documentário brasileiro das últimas décadas”. O DVD Vinicius de Moraes, um rapaz de família inclui uma faixa comentada por Adriana Calcanhotto, Eucanaã Ferraz, Julia Moraes e Tuca Moraes, e um livreto com textos de Walter Salles, Pedro Butcher e depoimento de Robert Feinberg.
SEXTA 21 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’) A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores. 14h00, 16h00,18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’)
O botão de pérola, de Patricio Guzmán
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12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’)
Totalmente realizado sobre fotografias de José Medeiros e Thomas Farkas. Narra o encontro, a amizade e as influências recíprocas que contribuíram para a consolidação da moderna fotografia brasileira, inaugurada nas décadas de 1940/50.
Totalmente realizado sobre fotografias de José Medeiros e Thomas Farkas. Narra o encontro, a amizade e as influências recíprocas que contribuíram para a consolidação da moderna fotografia brasileira, inaugurada nas décadas de 1940/50.
14h00, 16h00,18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’)
14h00, 16h00,18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’)
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TERÇA 25 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’)
A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores. 1395 Days without Red faz parte da exposição “Anri Sala: o momento presente”, em cartaz no IMS-RJ até o dia 20 de novembro de 2016. Um filme de Anri Sala em colaboração com Liria Bégéja, a partir de um projeto de Šejla Kamerić e Anri Sala em parceria com Ari Benjamin Meyers. Cortesia Marian Goodman Gallery; Hauser & Wirth.
A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores.
14h00, 16h00,18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’) O oceano contém a história de toda a humanidade. No mar estão as vozes da Terra e de todo o espaço. O litoral chileno esconde o segredo de dois misteriosos botões encontrados no fundo do mar. Com mais de 4 mil km de costa e o maior arquipélago do mundo, o Chile apresenta uma paisagem sobrenatural, com vulcões, montanhas e glaciares. Nessa paisagem estão as vozes da população indígena da Patagônia, dos primeiros navegadores ingleses que chegaram ao país, e também a voz dos presos políticos do governo de Augusto Pinochet. Alguns dizem que a água tem memória. Este filme mostra que ela também tem voz.
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QUARTA 26
14h00, 16h00,18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’) Segundo Guzmán, a porta de entrada para o filme é um encadeamento que mostra “a Terra, os vestígios fotográficos dos indígenas desaparecidos e a água, que é ao mesmo tempo a matéria da qual nosso planeta é feito e que era o modo de vida desses indígenas do extremo sul do continente, que mal conhecemos. Eles merecem ser nomeados: são os Kawéskar, os Sélknam, os Aoniken, os Hausch, os Yamanas.” “Foi um padre austríaco, Martin Gusinde, que os fotografou maravilhosamente entre 1900 e 1913. Fiz questão de inserir essas fotos, que vemos ao longo do filme, porque elas mostram quem são essas pessoas, sua incrível doçura, suas crenças e sua cosmogonia pintadas no próprio corpo, e que permanecem um mistério apesar das interpretações que foram feitas. Essas fotos são também o testemunho da última fase da sua vida coletiva. Vinte anos mais tarde, é o fim definitivo desse mundo. Restam hoje dezenove sobreviventes desse povo, dos quais filmei alguns.”
QUINTA 27 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’) 14h00, 16h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’) 19h00: sessão cinética Lancelot do lago (Lancelot du lac) de Robert Bresson (França, Itália, 1974. 85’) Exibição em 35mm, seguida de debate com os críticos da revista Cinética, disponível em: http://revistacinetica.com.br Ao abordar a lenda da Távola Redonda, Robert Bresson toma como protagonista o cavaleiro Lancelot. Sobre o filme, escreve Pedro Henrique Ferreira (revista Cinética): “O longa-metragem gira em torno de um momento póstumo, como nos revela o texto inicial: os cavaleiros da Távola Redonda saíram à procura do Graal, retornaram para casa com as mãos vazias, incertos de que o Graal (ou Deus) é uma realidade. Acompanhamos o intervalo pós-jornada, quando encontram-se perdidos, sem propósito real, e o Rei já não pode governar.” “Essa condição ganha um sentido alegórico: o homem saiu ao mundo à procura de Deus, falhou, e está agora aprisionado nesta condição tão frequentemente indagada pelo existencialismo e a fenomenologia, pela literatura da primeira metade do século XX, e mesmo por uma certa corrente cinematográfica tipicamente europeia, para quem a questão do divino se encontrava em xeque.”
SEXTA 28 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’) A Orquestra Filarmônica de Sarajevo pratica o primeiro movimento da Sinfonia Patética, a sexta e última composta por Tchaikovsky, em 1893. Ao mesmo tempo, uma musicista atravessa a cidade sitiada a caminho do ensaio. O filme faz referência aos 1.395 dias do cerco de Sarajevo, entre 5 de abril de 1992 e 29 de fevereiro de 1996, durante a guerra da Bósnia-Herzegovina, quando vestir roupas vermelhas e brilhantes era extremamente perigoso por atrair a atenção dos francoatiradores. 1395 Days without Red faz parte da exposição “Anri Sala: o momento presente”, em cartaz no IMS-RJ até o dia 20 de novembro de 2016. Um filme de Anri Sala em colaboração com Liria Bégéja, a partir de um projeto de Šejla Kamerić e Anri Sala em parceria com Ari Benjamin Meyers. Cortesia Marian Goodman Gallery; Hauser & Wirth. 14h00, 16h00, 18h00, 20h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’) “Um dos personagens”, diz Guzmán, “chama-se Claudio Mercado, é antropólogo e músico. É um especialista no canto dos índios. Ele tomou deles a maneira de cantar para imitar a água. É muito estranho. Quando eu o encontrei pela primeira vez, falávamos dos indígenas, e de repente ele me disse ‘posso cantar para você alguma coisa em torno da água’. Ele fechou os olhos, respirou profundamente e lançou essa sequência de onomatopeias muito estranha e bela que me surpreendeu. É um personagem extraordinário, que faz concertos de canto tradicional que têm um certo sucesso junto aos jovens. Fiz questão de filmá-lo novamente, mas dessa vez no exterior, à beira de um curso de água. Ao adotar esse costume indígena ele é o único que pode, finalmente, de certa forma, restituir um som a essas fotografias mudas.”
SÁBADO 29 12h00: anri sala: o momento presente 1395 Days without Red de Anri Sala (Bósnia e Herzegovina, Reino Unido, 2011. 44’) 13h00: modernidades fotográficas Improvável encontro de Lauro Escorel (Brasil, 2016. 24’) Totalmente realizado sobre fotografias de José Medeiros e Thomaz Farkas, o filme narra suas trajetórias, seu encontro, o desenrolar da sua amizade e as influências recíprocas. Através do diálogo entre as imagens, o documentário nos mostra a contribuição que os jovens José Medeiros e Thomaz Farkas deram para a consolidação da moderna fotografia brasileira, inaugurada nas décadas de 1940/50. As fotografias de Medeiros e Farkas daquele período contribuíram de forma significativa para o estabelecimento de uma nova representação visual do país. 14h00: O botão de pérola (El botón de nácar) de Patricio Guzmán (Chile, França, Espanha, 2015. 82’) “Os indígenas mortos e os mortos de Pinochet. Essa analogia não estava lá desde o começo”, conta Patricio Guzmán. “Duas visitas ao museu suscitaram-na. A primeira, ao museu de Punta Arenas, onde fui ver as fotos dos indígenas. Foi lá que tomei conhecimento da história de Jemmy Button, esse indígena que aceitou ir para a Inglaterra em troca de um botão perolado. Ele retornou transformado, alguns anos depois, como se fosse um marciano entre seu povo. Essa história para mim era a imagem que anunciava a morte iminente dessa cultura. A segunda visita foi ao museu Villa Grimaldi em Santiago, onde vi um daqueles trilhos aos quais os torturadores fascistas amarravam suas vítimas antes de afogá-las, com um botão de pérola colado sobre elas. Fiz imediatamente a ligação com o outro botão e o filme se construiu sobre essa relação.”
NÃO SERÃO REALIZADAS SESSÕES DE CINEMA NO DOMINGO 30
Os filmes de outubro Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em www.ims.com.br, em nossas redes sociais ou pelo telefone 3284-7400
1395 Days without Red, de Anri Sala
O botão de pérola, de Patricio Guzmán
Lancelot do lago, de Robert Bresson
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DVD | IMS
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Vinicius de Moraes, um rapaz de família, de Susana Moraes. Últimas conversas, de Eduardo Coutinho, A viagem dos comediantes, de Theo Angelopoulos, Nostalgia da luz, de Patricio Guzmán, Imagens do inconsciente, de Leon Hrszman, Os dias com ele de Maria Clara Escobar, A tristeza e a piedade, de Marcel Ophuls, e os três volumes da série Contatos: 1 - A grande tradição do fotojornalismo; 2 - A renovação da fotografia contemporânea; 3- A fotografia conceitual são os mais recentes lançamentos da coleção DVD | IMS que reúne os seguintes filmes: Shoah, de Claude Lanzmann. La Luna, de Bernardo Bertolucci. Cerimônia de casamento, de Robert Altman. Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho. Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos. Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos. São Bernardo, de Leon Hirszman. O emprego, de Ermanno Olmi. Iracema, de Jorge Bodsnazky. Cerimônia secreta, de Joseph Losey. As praias de Agnès, de Agnès Varda. A pirâmide humana e Cocorico! Mr. Poulet, de Jean Rouch. Diário, de David Perlov. Elena, de Petra Costa. Sudoeste, de Eduardo Nunes. A batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo. Libertários, de Lauro Escorel, e Chapeleiros, de Adrian Cooper. Seis lições de desenho com William Kentridge. Memórias do subdesenvolvimento, de Tomas Gutiérrez Alea. E três edições de poesias: Poema sujo, dedicado a Ferreira Gullar; Vida e verso e Consideração do poema, dedicados a Carlos Drummond de Andrade.
MITO, TEATRO, HISTÓRIA
“Meu ponto de partida: uma trupe de teatro em turnê pela província, uma longa viagem no espaço grego e na história bastante conturbada da Grécia entre 1939 e 1962”. Em Mito, teatro, história, no livreto que acompanha o DVD de A viagem dos comediantes (O Thiassos), Theo Angelopoulos diz que pouco a pouco “outros elementos vieram enxertarse nessa ideia básica, em especial uma transposição das relações dos personagens do mito dos Atridas. Tínhamos então uma estrutura dada – pai, mãe, filhos, filhas, amantes, o poder, os assassinatos –, que funciona tão bem como mito quanto como história concreta. O mito dos Atridas me permitiu enxergar aquela trupe teatral como uma célula, e assim, através dela, voltar o olhar para todo esse período histórico”. O ano de 1952 foi tomado então como “o trampolim de largada e a partir daí fiz recuos no tempo, que não obstante, não deveriam ter a forma de “flashbacks” tradicionais. Não é uma memória individual que está em jogo, e sim uma memória coletiva. Começamos em 1952 e o último plano do filme se passa em 1939, havendo nisso uma curiosa regressão. Nesse último plano vemos todos os personagens da trupe, que conheceram destinos diferentes, alguns morreram, executados ou não, outros envelheceram, outros ainda mofaram na prisão”. “O Thiassos é movido pela noção do plano-sequência: nunca dividíamos uma cena em dois planos quando era possível filmar apenas um. Para mim, a unidade do espaço e tempo é muito importante. Não gosto de quebrar o ritmo interno dos planos com montagem, prefiro realizar uma espécie de montagem no interior dos planos. O plano-sequência nos dá maior liberdade, além de exigir um espectador mais atento. Conservando o mesmo plano, estimulo o espectador a construir uma visão própria. O plano-sequência supõe um elemento dialético que não existe na montagem: a noção de um “espaço off”, um fora de quadro, um campo vazio.” O DVD de A viagem dos comediantes encontra-se à venda nas livrarias, na loja e no site do Instituto Moreira Salles: www.ims.com
Instituto Moreira Salles Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3284-7400
Ingressos
DVD | IMS
Homem comum
para Visita ou memórias e confissões, Coração de cachorro e O botão de pérola: terça, quarta e quinta: R$ 22,00 (inteira) e R$11,00 (meia) sexta, sábado, domingo e feriados: R$26,00 (inteira) e R$ 13,00 (meia).
de Carlos Nader (Brasil, 2014)
para as sessões do Festival do Rio: R$ 22,00 (inteira) e R$11,00 (meia)
Extra:
para a Sessão Cinética e Vinicius de Moraes, um rapaz de família: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia)
PRÓXIMO LANÇAMENTO
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Aberto ao público de terça a domingo das 11h00 às 20h00. Guarda-volumes aberto até às 20h00. Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café wifi Fundado em 1992, o IMS é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem por finalidade exclusiva a promoção e o desenvolvimento de programas culturais.
Livreto com ensaio de José Miguel Wisnik.
A sede do Rio de Janeiro abriga espaços expositivos, sala de cinema, sala de aula, biblioteca, cafeteria, loja de arte e ateliê infantil. O Instituto possui também centros culturais em São Paulo e em Poços de Caldas. O IMS conta com um acervo de fotografia (mais de 2 milhões de imagens), de música (cerca de 28 mil gravações), de literatura e de artes plásticas, instalados em reservas técnicas para conservação e restauração. Entre as coleções, fotografias de Marc Ferrez, Marcel Gautherot, Augusto Malta, José Medeiros, Thomaz Farkas, David Zingg, Haruo Ohara, Jorge Bodanzky, Maureen Bisilliat e Mário Cravo Neto, desenhos de J. Carlos, Millôr Fernandes e Glauber Rocha, as discotecas de Humberto Franceschi e José Ramos Tinhorão, os arquivos pessoais de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Elizeth Cardoso, Baden Powell, Hekel Tavares e Mário Reis, e originais dos escritores Ana Cristina Cesar, Rachel de Queiroz, Otto Lara Resende, Clarice Lispector, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. No site do IMS está hospedada a Rádio Batuta, ponto de seleção, entretenimento e análise da música popular brasileira. O Instituto edita uma revista quadrimestral de ensaios, serrote, uma revista semestral de fotografia, Zum, e uma coleção de DVDs. Superintendente Executivo: Flávio Pinheiro Coordenação do ims-rj : Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema: José Carlos Avellar (in memoriam) Produção de cinema e DVD: Bárbara Alves Rangel Assistência de produção: Thiago Gallego
As sessões de Improvável encontro e 1395 Days whithout Red têm entrada franca. Meia entrada com apresentação de documentos comprobatórios para professor da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos, portadores de HIV e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Passaporte no valor de R$ 40,00 com validade para 10 sessões das mostras organizadas pelo IMS. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com
O programa de outubro tem o apoio da Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro, da Cinemateca Brasileira, do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, da Cinemateca da Embaixada da França, da Revisa Cinética, do Festival do Rio, da Companhia das Letras, da VM Cultural, das distribuidoras Bretz Filmes e Filmes da Mostra e do Espaço Itaú de Cinema. Foto capa: Ana Sette
Devolução de ingressos: em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site. Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao ims: Troncal 5 - Alto Gávea - Central (via Praia de Botafogo ) 112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 537 – Rocinha - Gávea 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea
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FESTIVAL DO RIO FOME DE VIVER | TONY SCOTT
VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES | O BOTÃO DE PÉROLA CORAÇÃO DE CACHORRO | IMPROVÁVEL ENCONTRO 20
LANCELOT DO LAGO | 1395 DAYS WITHOUT RED