Breves danças para pequenas telas: percursos de mediação

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breves danças para pequenas telas percursos de mediação

Este roteiro de mediação busca, por meio de perguntas e instigações, auxiliar pais, educadores e qualquer pessoa que interaja com crianças de 0 a 6 anos a provocarem desdobramentos a partir da série de vídeos criada pela dançarina Carol Cony à convite do IMS. O objetivo é que a mediação promova uma observação atenta e curiosa dos vídeos, desvelando camadas de percepção e interpretação e sugerindo desdobramentos criativos com o corpo e com a mente!


apresentação Tenho me encantado ultimamente com as possibilidades de convites sensíveis através da arte. Convidar e ser convidado é um acontecimento afetivo, que pode impulsionar conversas, invenções, movimentos, brincadeiras, sabores e ações. Gosto de pensar a arte como convite sensível, que permite o encontro e, através dele, a experiência. Essa experiência que Jorge Larrosa nos convida a refletir e nos impulsiona ainda mais para o sensível: “A experiência é aquilo que nos passa, que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca” (2002). A experiência que permite a transformação daquele que convida e daquele que é convidado. Aqui, a dança é como um convite amplo também. Aquele e aquela que é convidado a contemplar pode dançar, imitar, inventar, repetir, virar, desvirar, ou simplesmente contemplar. É deixar o convite se transformar em outros convites, gerando movimentos que nos atravessam e nos transformam. Carol Cony criadora da série Breves Danças para Pequenas Telas

Vídeos de dança para a infância, faz sentido? Faz sim, e muito! Quantos universos podemos explorar a partir de uma paisagem ou de um sentimento? Quem dança brinca, imita, investiga e subverte. Move o corpo com e move o mundo e suas coisas: árvores, grãos de areia e formigas; roupas, sombras, objetos e ideias. O pensar da criança, tal qual o do artista, se move como quem dança: buscando novos pontos de contato, outros pontos de vista e equilíbrio. Bagunça-se tudo buscando sentido, embaralhando para reorganizar, para poder entender. A arte potencializa o atávico desejo infantil de se comunicar, de fabular com o outro e, neste processo, fazer sentido da vida. Mas não nos enganemos justificando por demasiado a dança. Atendamos ao convite para dançar por dançar e pronto. Com o corpo e, de preferência, com a mente também. Maria Emília Tagliari Santos Supervisora Ação Educativa - IMS Rio


um reviravolta

Uma volta sobre si. Uma volta sobre si somada a outra volta sobre si. Duas voltas sobre si com mais algumas voltas… sobre si. Voltas sobre a própria cabeça somadas a outras voltas sobre ombros e cabeça. Três... quatro… cinco… e algumas tantas voltas sobre si... mais de dez, de cem. Mil voltas? Escorrega. Cai... e mais voltas sobre si. Muitas voltas sobre uma reta. Não tão reta. Não reta. Constante. Quase infinita. Quase chegando. Quase para sempre. Voltas para chegar na tão desejada Reviravolta. O percurso. O redondo do mundo.

mediação

vamos nos mover!

Faça um convite para verem o vídeo mais uma vez: É possível reconhecer onde a cena está passando?

Vocês podem se mover junto com o vídeo: dar cambalhotas; voltas em torno de si; se equilibrar nas pontas dos pés; observar o mundo e (por que não?) o próprio vídeo de cabeça para baixo…

O que está acontecendo na imagem?

Acabou?

Tentem juntos observar elementos da paisagem e as ações que a dançarina faz no espaço: os movimentos dela provocam alguma alteração nas dunas?

E agora, o que os corpos de vocês chamam para fazer depois de ver este vídeo?

Carol Cony

E os sons, são muito esquisitos, engraçados?

Podemos imaginar que o corpo dela faz os grãos de areia dançarem, o que acham?

Pensem bem: quando damos uma cambalhota, o mundo gira com a gente? Tentem contar quantas cambalhotas aparecerão no vídeo! Quantos giros vocês conseguiram contar? Quantas vezes o mundo girou junto com as cambalhotas?

Quais convites o espaço em que vocês estão fazem ao corpo? Será que vocês conseguem imaginar sons para cada movimento? Podem descansar um pouco também, aproveitem e observem como nossa respiração mexe com a nossa barriga, nosso peito!

Dançando será que fazemos o mundo dançar?


dois bom dia

Imagine... Imagine um lugar... Imagine um lugar surpreendente... Imagine um lugar surpreendente para dançar, para relaxar, para refrescar. Imagine um lugar espaçoso. Imagine um espaço grandioso. O que pode caber nele? E se o espaço diminuir, diminuir, diminuir? Imagine um pequeno espaço Imagine um miniespaço... E dance… Carol Cony

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Vamos nos mover!

Enquanto assistem ao vídeo provoque a(s) criança(s) com algumas perguntas:

Dancem embalados por essas lembranças!

O vento está dançando? O que o vento faz dançar junto com ele?

Vocês podem usar acessórios divertidos que ajudem a imaginar esses lugares queridos.

Aí onde vocês moram, o que dança junto com o vento? As plantas, as roupas no varal… Busquem imitar esses movimentos provocados pelo vento: como se move uma folha que rodopia no ar ou uma cortina que escapa pela janela? E os sons de cada espaço do vídeo, fazem a gente lembrar de algum lugar? Que lugares são esses pelos quais a personagem passeia, vocês conseguem reconhecer? Agora imaginem um lugar, que lugar seria esse? Para onde nossos pensamentos nos levam: um dia bem gostoso na praia, um passeio com os amigos da escola, para a casa da vovó?

Será que quando imaginamos fazemos os pensamentos dançarem?


três a vida louca das roupas

No mundo dos objetos... ...segredos O que falam as roupas? Sobre o que elas conversam? Que língua falam? Um monte de objetos é um monte de histórias. Será que eles possuem memória? De onde será que eles partiram? Por quais caminhos eles seguiram? Quais pessoas vestiram? O mundo dos objetos e seus segredos... Mistérios guardados em armários, gavetas e sacolas... Histórias, memórias e... muitas, muitas perguntas! Carol Cony

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vamos nos mover!

Junto com a(s) criança(s), vejam novamente o vídeo.

Experimentem dançar com as diferentes roupas que vocês têm em casa.

Reparem nos movimentos que as roupas fazem. Nos pequenos acontecimentos que se desenrolam, nas diversas cores e tipos de vestimentas.

Será que rodopiar com uma saia é a mesma coisa que com uma calça jeans?

Como essas roupas ganharam vida? Será que cada uma tem uma personalidade, um jeito de ser?

Algumas peças têm tecidos mais duros, outras são molengas, umas têm várias camadas, outras podemos esticar bastante.

Talvez uma goste mais de praia, outra seja festeira... De quem será que são todas essas roupas? O que estão tramando, para onde elas estão levando a personagem?! E vocês?

E se usar um chapéu ou um lenço?

Será que cada peça nos sugere um movimento, ou até um personagem diferente? Como esses diferentes personagens dançam?

Qual é a sua roupa preferida? Que histórias essa roupa tem a nos contar: fez parte de alguma ocasião importante, você ganhou de alguém especial... costuma usá-la para ir aonde? Imaginem se ela caminhasse por aí sozinha, como seriam seus movimentos: rápidos, longos, ágeis ou preguiçosos?

Será mesmo que os objetos têm vida? Ou somos nós que damos vida a eles?


quatro seres dançantes

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Vamos nos mover!

Que bicho é este?

Será que cada parte do nosso corpo é um ser dançante?

Reparem juntos nos seus movimentos: alguns são pequeninos, outros bem dinâmicos, amplos. Percebam que em vários momentos a sombra também “faz parte” deste corpo! Conseguimos descobrir bichos reais e imaginários nestas imagens? Será que é um pequeno inseto dentro de uma flor? Pode estar dentro de uma lâmpada? Pode ser ainda um ser enorme numa geleira...

Experimentem dançar com as sombras, movendo apenas o dedo mindinho ou os pés. Depois com o corpo inteiro, como se fossem desenhar algo no ar: linhas retas, diagonais, sinuosas. Gestos rápidos ou beeeem lentos. Deixem os movimentos fluírem, dance livremente e, de repente, congele numa pose… E os seres que estão ao nosso redor, que movimentos eles fazem? Como podemos brincar e dançar como eles?

Tentem dançar bem pertinho do chão, como uma cobra ou um besouro que se equilibra nas folhas de uma planta, por exemplo. Depois, imaginem que são um morcego, vendo tudo de cabeça para baixo, desviando dos obstáculos em seu voo no escuro. Que outros bichos podem ser vistos ao redor: os passarinhos, o gato e o cachorro?

Ao mudar o ponto de vista, podemos mudar tudo. Que novos seres criamos em nós mesmos se observarmos o mundo de um novo ponto de vista?


Coordenação: Renata Bittencourt Mediação: Leticia Souza e Maria Emília Tagliari Santos Imagem: vídeo Reviravolta, Carol Cony


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