JEAN ROUCH A PIRÂMIDE HUMANA COCORICO! MONSIEUR POULET CRÔNICA DE UM VERÃO INSTITUTO MOREIRA SALLES | CINEMA | FEVEREIRO 2014
EM 1964 Para mapear o ano em que se impôs a ditadura militar no Brasil, filmes, debates, espetáculos musicais, uma exposição e um website dedicado aos fatos culturais que marcaram 1964. No sábado dia 1, três filmes que estavam em exibição nos cinemas do Rio em fevereiro de 1964: A noite, de Michelangelo Antonioni, O processo, de Orson Welles, e a segunda parte de Ivan, o terrível, de Sergei Eisenstein.
Na primeira semana de fevereiro de 1964, quase ao mesmo tempo, a nave espacial norte-americana Ranger VI pousava na Lua, no mar da Tranquilidade (no domingo dia 2), Luiz Carlos Prestes chegava a Moscou para um encontro com Nikita Kruschev (na quinta dia 6), os Beatles chegavam a Nova York (na sexta dia 7) para uma apresentação no Ed Sullivan Show e a francesa Marissa Pelassier (também na sexta 7) pousava no aeroporto Santos Dumont, depois de um vôo solitário de doze dias num monomotor de turismo, para participar do baile do Municipal – como disse, ao desembarcar, às amigas Anésia Pinheiro e Vanja Orico (o marido de Vanja, o engenheiro André Rosenthal, planificara a trajetória Paris-Rio). Estava tudo pronto para o baile de gala de domingo no Teatro Municipal – o tema da decoração, Brasiliana, desenhado por Arlindo Rodrigues, homenageava a arquitetura colonial brasileira. Para o baile, três convidadas especiais: Brigitte Bardot, Elsa Martinelli e Isabel Valença, a Chica da Silva do desfile da Salgueiro no ano anterior. Antes do baile, no sábado, no Largo da Carioca e na Rio Branco, desfile de frevos e blocos. No domingo, na Presidente Vargas, as grandes escolas de samba. Nos dias de carnaval estavam suspensos os cortes de energia na cidade. Outro convidado para o carnaval carioca, Alberto Sordi. Depois de nadar um pouco na piscina do Copacabana Palace, “enxugou-se todo com uma toalha branca, demorando um pouco mais nos pés que foram meticulosamente lavados” – contava Beatriz Bonfim no Caderno B do Jornal do Brasil. “Sordi enxugou dedo por dedo, numa operação engraçada e trabalhosa, pois a cada instante, metia o pé de novo na água, conservando-se tranquilo e normal, sabendo que uma máquina fotográfica estava à espreita pelos arredores”. O ator italiano estava no Brasil para promover a estreia de Regresso ao lar (Tutti a casa, 1960), de Luigi Comencini, e o relançamento de Os boas-vidas (I vitelloni, 1953). Em Belo Horizonte três mil homens estavam escalados para o policiamento durante o carnaval. O chefe do Departamento de Investigações, Luís Soares da Rocha proibira o uso de lança-perfume e de biquinis, maiôs, fantasias decotadas ou calças Saint Tropez, com cintura abaixo do umbigo: eram “roupas que atentam contra a moral”. Ao divulgar a proibição, Soares da Rocha recusou veementemente “a ideia sugerida por um investigador, que os policiais usassem fantasias de mexicano ou roupas esporte para não serem percebidos no carnaval”.
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A Portela vencia o desfile das grande escolas de samba do Rio, mas o carnaval, “sem quebrar o ritmo dos blocos e dos passistas das escolas de samba” – comentava o Jornal do Brasil na quinta-feira 13 – “teve uma forte parcela de tristeza com a morte do compositor Ari Barroso, que deixou para sempre a beleza de sua música
e o valor de sua inspiração”. Ari morreu no domingo dia 9, pouco antes da Império Serrano homenageá-lo com o samba-enredo Aquarela brasileira, de Silas Oliveira. O governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, anunciava homenagem ao compositor com um monumento em sua cidade natal, Ubá. Um dólar valia 600 cruzeiros. O salário mínimo para a região do estado da Guanabara era fixado em 42 mil cruzeiros. A cidade de São Paulo fixava uma taxa oficial de 250 mil cruzeiros para a instalação de telefones residenciais. Em anúncio de páginas inteira nos jornais a Casa José Silva oferecia um carnê no valor de dez mil cruzeiros para quem comprasse duas roupas: dois ternos de linho, cada um por 19.800 cruzeiros, ou dois ternos de nycron, cada um por 29.500 cruzeiros. A casa Neno anunciava descontos de especiais de 50% : televisões a 75.750 cruzeiros, geladeiras a 69 mil, máquinas de lavar a 70 mil, máquinas de costura a 30 mil. O bilhete 25342 da Loteria Federal, vendido em São Paulo, recebia o prêmio de 20 milhões de cruzeiros. Pio Nascimento, superintendente da Sunab, achava normal a falta de açúcar na Guanabara: todos os dias, desde a madrugada até o anoitecer, milhares de pessoas faziam fila na Piedade para comprar cinco quilos de açúcar cada na Usina União, “uma das principais refinadoras de açúcar da Guanabara e que desde há alguns dias vem preferindo vender ao preço do varejo diretamente ao consumidor”. Em crônica publicada na revista Manchete da dia 8 de fevereiro, Raquel de Queiroz queixava-se da falta de açúcar, da falta de energia, “racionadíssima”, da falta de gás, “mais de três milhões de pessoas, de repente, da noite para o dia, sem gás nos fogões”, e dos transportes, “ora faltam trens, ora ônibus, ora lotações, ora bondes. Ou falta tudo junto”. O Rio, para Raquel, era uma Cidade sitiada : “A vantagem destas agruras, por que estamos passando os cariocas, é que, chegando o tempo de guerra de verdade, ninguém mais estranha. Vamos adquirindo a resistência espartana dos habitantes de uma cidade permanentemente sitiada, os quais pouco a pouco dispensam as amenidades da civilização. O cerco da nossa cidade aperta-se devagar, como os sítios antigos. Não tem nada da blitzkrieg que se costuma associar à guerra moderna. Conosco é no velho sistema medieval de aos poucos fechar todas as entradas, e aos poucos, lentissimamente, matar a população pela fome, a sede, as doenças e o desespero. Devagarinho. Mas sempre. Está todo dia faltando qualquer coisa. O leite. Quantas semanas faltou leite? A carne. O feijão, o açúcar, o arroz. O pão! A manteiga. Reparem que não falta nem peru, nem champanhas, nem uísque escocês, nem presunto tender-made, nem pâté-de-foi-gras, nem marron-glacé. Isso aí tem às pampas pelas lojas de comestíveis grã-finas. Falta sempre é o essencial. O comer de cada dia”.
Em fevereiro de 1964, no Rio, o ator italiano Alberto Sordi. Convidado para o Baile de Gala do Teatro Municipal, ao lado de Elsa Martinelli e Brigitte Bardot, e para promover a estreia de Regresso ao lar (Tutti a casa, 1960), de Luigi Comencini, e o relançamento de Os boas-vidas (I vitelloni, 1953), de Federico Fellini.
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A Fazenda estimava que os encargos da dívida externa para o triênio 63-64-65 chegariam a 300 milhões de dólares e o Ministro Nei Galvão apresentava às autoridades financeiras norte-americanas um plano para a recuperação econômica do Brasil. Em discurso transmitido por rádio e televisão, o Presidente João Goulart anunciava entendimentos com os principais credores do Brasil para o reescalonamento da dívida “sem qualquer intromissão na vida interna e na programação econômico-financeira do país”. Darcy Ribeiro, Chefe do Gabinete Civil da Presidência, também em cadeia de rádio e televisão, dizia que a tarefa do governo era transformar o Brasil, de “um clube fechado de cinco milhões de privilegiados, para uma nação só, que pertença efetivamente aos seus 80 milhões de habitantes, através das reformas agrária, eleitoral, tarifária, bancária e constitucional”. O Ministro da Guerra, General Jair Dantas, assegurava à Superintendência Regional de Política Agrária – supra – a disposição de dar ampla cobertura ao decreto de desapropriação de terras a ser assinado em março pelo Presidente João Goulart. O jornalista Wilson Figueiredo comentava: “De boa fonte sindical jorrou a revelação de que o Presidente da República decidiu fixar o dia 6 de março para a assinatura do decreto que reajusta os níveis do salário mínimo em todo o País. No mesmo cenário – a escadarias da estação da Central do Brasil, diante da multidão operária estendida à sua frente – o Sr. João Goulart vai assinar, afinal, o decreto que declarará de utilidade pública, para efeito de desapropriação, todas as terras situadas numa faixa de dez quilômetros de cada lado das rodovias, ferrovias e cursos de água navegáveis. A Supra encerra aí a primeira parte de sua missão”. O líder da bancada do psd (Partido Social Democrata) de Minas na Câmara Federal, Último de Carvalho, julgava legítimo que os proprietários de terras em Minas Gerais se armassem “para repelir possíveis ataques às suas fazendas”, e garantia: “se o Presidente João Goulart confiscar nossas propriedades ou se permitir que alguém as confisque, haverá também quem confisque o seu mandato de Presidente”.
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O senador Juscelino Kubitschek promovia uma reunião com Amaral Peixoto, Tancredo Neves e Martins Rodrigues e a cúpula do psd para a formação de uma frente de apoio às Reformas de Base tal como proposta pelo deputado San Tiago Dantas. Em Belo Horizonte, representantes da limde (Liga da Mulher Democrática) tumultuam um comício da Frente de Mobilização Popular. Em Salvador, os proprietários rurais do sudoeste da Bahia discutiam a criação de uma associação em defesa da propriedade privada. Em São Paulo, a Federação das Associações Rurais
Marcello Mastroianni e Monica Vitti : A noite
Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni: A noite
Jeanne Moreau : O processo
Anthony Perkins, Romy Schneider, Akim Tamiroff: O processo
Nos cinemas, em 1964: A noite: “Os que se emocionaram com a turbulência de A aventura poderão se decepcionar com o ritmo lento desse filme”, observa Tati Moraes em Última Hora. “Mas como ninguém antes, Michelangelo Antonioni disseca nesse filme a morte do amor em dois personagens que parecem inspirar-lhe sobretudo compaixão”. O processo: “Sonho lúcido? Pesadelo?”, pergunta Hélio Pólvora no Jornal do Brasil. “No filme de Orson Welles, como nos sonhos, a paisagem interior é a mesma, só as situações mudam”.
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do Estado de São Paulo considerava “de urgente necessidade a sindicalização dos proprietários de terra com o objetivo de contrabalançar a tempo a sindicalização dos camponeses e enfrentar a agitação que se intensifica nos campos”. Em Goiás, os fazendeiros se armavam para impedir as invasões de suas terras. Na Conferência do Desarmamento, em Genebra, o embaixador Josué de Castro defendia a redução dos orçamentos militares de todos os países do mundo. Em Paris, num novo encontro para um entendimento em torno da “guerra da lagosta”, o deputado Murilo Costa Rego, do ptb (Partido Trabalhista Brasileiro) de Pernambuco, almoçava com a deputada francesa Susanne Ploux, que um ano antes solicitara o envio de um navio de guerra ao Brasil. No Vietnã, os vietcongs intensificavam os ataques. Na França, De Gaulle pedia a neutralização do sudeste asiático. Nos Estados Unidos, Lyndon Johnson anunciava sua disposição de “levar a guerra contra os comunistas do Vietnã até o fim”. Na Alemanha, dois psiquiatras acusados de envolvimento com o campo de extermínio de Auschwitz, Werner Heyde e Wald Peters, enforcavam-se antes do julgamento, e um terceiro acusado, Friedrich Tillman, atirava-se do oitavo andar. No boxe, Cassius Clay derrotava Sonny Liston por nocaute técnico e tornava-se campeão mundial dos peso-pesados. No teatro de bolso, O cunhado do presidente de Aurimar Rocha. O projeto de Aluísio Magalhães era escolhido como a marca oficial para as comemorações do quarto centenário do Rio de Janeiro no ano seguinte. Nas livrarias, Lições de um ignorante de Millôr Fernandes, “livro de um civilizado em conflito com a estupidez humana, entediado diante do círculo vicioso de lugares comuns e, no fundo um cético” – analisa Lago Burnett no Jornal do Brasil. “O que ele não consegue esconder, como ocorre a certas senhoras em relação à anágua, é a presença da cultura nos seus trabalhos mais intencionais: há sempre uma pontinha à mostra a denunciar a presença de um homem atualizado com a sua época”. Na sexta-feira dia 21, com “um delicioso feijão-mateiga com lombo de Minas”, inaugurava-se o Zicartola, restaurante “montado na rua da Carioca 53, primeiro andar, com a ajuda de amigos e admiradores dos pratos de D. Zica. Na inauguração, os compositores Zé Keti, Carlos Moreira e Nelson Cavaquinho e sambistas da Escola de Samba da Mangueira”, noticiou o Jornal do Brasil no dia seguinte. 6
O festival de Cannes anunciava a redução do número de prêmios e de filmes selecionados para a competição: 22 países seriam convidados a participar – entre eles,
três latino-americanos: Brasil, México e Argentina. Os países não incluídos na lista preferencial poderiam indicar um título para a comissão de seleção. O Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica publicava a Revista do Geicine 1964, com o decreto da nova definição de filme brasileiro (de agosto de 1961) e do decreto fixando uma reserva de mercado de 56 dias por ano para o filme brasileiro (de novembro de 1963). Na revista, ainda, uma proposta de regulamentação dos preços de ingressos das salas de cinema, uma outra, de estímulo a acordos de coprodução, e de criação do Instituto Nacional de Cinema, encaminhado em agosto de 1963 ao Ministério da Indústria e do Comércio e ao Ministério da Reforma Administrativa. Caberia ao futuro inc “unificar as diversas formas de ação do Estado para o desenvolvimento da indústria de cinema”. No auditório do Palácio da Cultura continuava o ciclo de cinema brasileiro, mas nas salas comerciais da cidade, nenhum filme brasileiro em cartaz. O Eskye-Tijuca estava fechado pelo Serviço de Censura da Guanabara por ter retirado de cartaz o filme Casinha pequenina (de Mazzaropi e Glauko Mirko Laurelli, 1963). Nos cinemas, continuava em cartaz O processo (Le Procès, 1962), de Orson Welles, para Hélio Pólvora – Jornal do Brasil, 3 de janeiro – filme em que o diretor “soube captar bem e recriar o absurdo lógico de Kafka: emprestou um ritmo dinâmico à narrativa e utilizou um mesmo cenário: como nos sonhos, a paisagem interior é a mesma, só as situações mudam. As cenas se superpõem, quais folhas de um calendário”. Entre as estreias, a segunda parte de Ivan, o terrível (Ivan Grozniy, Skaz vtoroy: Boyarskiy zagovor, 1947), de Sergei Eisenstein, na Maison de France. Em 20 de fevereiro, em Última Hora, Tati de Moraes lembrava: “esta segunda parte de Ivan o terrível, sonegada durante muitos anos ao público, marcou o final da carreira ativa de um dos maiores gênios (para nós o maior) da cinematografia. Desde essa ocasião, Eisenstein, então com 48 anos, até sua morte, ficou reduzido a escrever livros e dar aulas de teoria cinematográfica. Conforme tão inteligentemente observou Marie Seton em sua biografia do cineasta, no capítulo referente à feitura de Ivan, o terrível, Eisenstein, com sua visão penetrante, conduz o espectador à conclusão de que homens como Ivan, para sobreviverem, são forçados a abandonar as concepções ortodoxas, e seus atos se situam acima do bem e do mal. ‘Cabe à arte tornar tangíveis as contradições do ser humano’, disse ele certa vez, e foi nessa base que realizou ambas as partes de Ivan, o terrível”. E em O Globo, Armindo Blanco comentava: “De um ponto de vista cinematográfico, a obra merece o mais profundo respeito, pelos ensinamentos que oferece no
No sábado 8 abertura da exposição Em 1964 e apresentação das músicas do espetáculo que marcou o ano de 1964 – Opinião – interpretadas por Joyce e pelo grupo Casuarina
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campo da síntese audiovisual e da utilização criadora dos recursos da montagem. A colaboração de Eisenstein com a ator Nikolai Tcherkassov, o compositor Prokofiev e os iluminadores Moskvin e Tissé, constitui um dos momentos mais altos da história da cinematografia, não obstante o barroquismo, a elaboração requintada e o preciosismo estético que dão a Ivan um sabor quase inumano. A riqueza plástica do filme frequentemente nos deixa atônitos, provocando um deslumbramento que permanecerá como uma inesquecível experiência”. No programa da Cinemateca do mam José Carlos Avellar comentava: “Assim como numa ópera, onde é todo ouvidos, o espectador é colocado diante de personagens que agem dramaticamente fazendo exatamente o que ele faz na platéia, ouvir – tal como em La Bohème Mimi se esconde por trás de uma árvore para ouvir o diálogo entre Rodolfo e Marcello –, em Ivan, o terrível os espectadores são colocados diante de personagens que fazem exatamente o que eles estão fazendo no cinema: agem pelo olhar. São muitas cenas em que os olhos se destacam num ícone pintado nas paredes do castelo do Ivan e, principalmente, muitas as cenas em que a luz e a composição do quadro concentram a atenção nos olhos do personagem – Ivan, Efrosínia, Vladimir, Basmanov. Ópera visual, Ivan, o terrível se caracteriza pela musicalidade do espaço, do gesto dos personagens e do entrelaçamento dos planos – a música aqui sentida como o que é capaz de acrescentar pelo contexto emocional tudo o que não consegue se expressar de outro modo”. Também nos cinemas do Rio, três filmes italianos – um lançamento, Regresso ao lar (Tutti a casa, 1960), de Luigi Comencini, e duas reapresentações:
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A primeira, Os boas-vidas (I vitelloni, 1953) de Federico Fellini, para Claudio Mello e Souza – Jornal do Brasil, 14 de fevereiro – talvez o mais perfeito filme do diretor. “Digo o mais perfeito, e não o mais poderoso, que ainda é, para os que não viram Oito e meio, A doce vida. Tenho que entre os dois filmes, há uma relação bastante nítida, não como semelhança de tema, mas como evolução de uma situação ou de um personagem. O Marcelo de A doce vida pode ser, e dramaticamente é, o rapaz que, numa certa manhã, resolve abandonar a sufocante vida da cidade de província para encontrar, não importa onde alguma coisa que se esvaía na companhia dos boas-vidas (...) A sequência de partida do jovem é uma das mais belas do filme e uma das mais bem concebidas em toda a obra de Fellini. Ele transporta para a câmera o movimento do trem e, em grandes mergulhos de despedida, revê, pela última vez, a cama desfeita de um, a mediocridade da vida de outro, a casa de um terceiro, locais e paisagem que ele já não suportava, mas a que, ainda, e sempre, estaria tragicamente ligado”.
Mikhail Kusnetsov e Nikolai Tcherkassov
Serafina Birman
Aleksandr Mgebrov
Nikolai Tcherkassov e Mikhail Kusnetsov
Nos cinemas, em fevereiro de 1964: Finalmente liberada em 1958, depois de proibida por mais de dez anos na União Soviética, a segunda parte de Ivan, o terrível chegava aos cinemas do Rio em fevereiro mas numa cópia inteiramente em preto e branco, sem o colorido da sequência do banquete. Ainda assim, como observou Armindo Blanco em O Globo, “a riqueza plástica do filme de Sergei Eisenstein frequentemente nos deixa atônitos, provocando um deslumbramento que permanecerá como uma inesquecível experiência”.
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A segunda reapresentação, A noite (La notte, 1961), de Michelangelo Antonioni, para Octavio Bonfim, em O Globo, “filme de um autor de substância, que usa a imagem em lugar da palavra, substituindo a pena (ou a máquina) pela câmera (...) porque seu estilo é frio, seus filmes possuem nítida atmosfera cerebral, exigindo muita atenção e participação ativa do espectador para serem compreendidos”. Para os irmãos José Renato e José Geraldo Santos Pereira, no Diário de Notícias, um filme “duro e belo, contundente e poético, desesperado e luminoso. A noite fascina da primeira à derradeira imagem”. Para Ely Azeredo, na Tribuna da Imprensa, “um filme sobre o desamparo do homem moderno”. Dos momentos de amargura, “como a agonia do amigo, a patética cena com a ninfomaníaca, a notícia a morte de Tommaso, a recusa amorosa de Valentina”, o Giovanni de Marcello Mastroianni “passa à reflexão sob a certeza de que toda experiência é vida e tem um sgnificado latente. Daí a minuciosa e lenta descrição dos passeios de Lídia, do andar sem destino entre os convivas da festa, do strip-tease no night club e da última caminhada, que constituem ora o equivalente mais rico do monólogo interior na arte do romance, ora a análise de um personagem sobre outro e sempre um processo de provocar reflexão no espectador, apelando mais para o distanciamento do que para a identificação”.
Em 1964
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No website do ims a partir de 5 de fevereiro: um texto de Hermínio Bello de Carvalho e um depoimento em vídeo de Sérgio Cabral sobre a inauguração do Zicartola. Um texto de Ana Miranda sobre a publicacão de O braço direito de Otto Lara Resende. E um depoimento em vídeo de Jorge Bodanzky sobre o golpe visto de Brasília.
Também nos cinemas: uma produção francesa, A guerra dos botões (La guerre des boutons, 1962), de Yves Robert, para Claudio Mello e Souza – Jornal do Brasil, 21 de fevereiro – “filme imperfeito, indeciso, muitas vezes, redundante em sua maior parte. E, no final, foge bastante à originalidade e à naturalidade do tratamento, para socorrer-se de elementos dramáticos já um pouco surrados pelo cinema. Mas, de qualquer forma, e descontados esses defeitos de organização e narração, o filme consegue ser inteligente e espontâneo, atento sempre às situações que só a infância pode tecer com sua imaginação liberta e sua agressividade sem freios”. E mais: um filme mexicano com Maria Felix, A guerrilheira (Juana Gallo, 1961), de Miguel Zacarías; um filme polonês O atentado (Zamach, 1959), de Jerzy Passendorfer; e os norte-americanos: Lancelot, o cavaleiro de ferro (Lancelot and Guinevere, 1963), de Cornell Wilde; Uma garota chamada Tamiko (A Girl Named Tamiko, 1962), de John Sturges, com Laurence Harvey; O menino e o delfim (Flipper, 1963), de James Clark, além de três westerns : Audácia de um estranho (The Tall Stranger, 1957), de Thomas Carr, com Joel McCrea; Pistolas do sertão (Guns of Wyoming, 1963), de Tay Garnett, com Robert Taylor; e No domínio da violência (The Devil’s Children, 1962), de James Sheldon, com Lee J. Cobb.
“Foi a filmagem mais divertida de minha vida. Cocorico! Monsieur Poulet foi pensado como um documentário sobre o comércio de galinhas. Ideia de Lam, que na época trabalhava vendendo frangos. Mudou tudo. Fizemos um filme de ficção com um novo tipo de realizador, coletivo e multinacional: Damoure Zika, Lam Ibrahim Dia e eu. Um filme produzido e dirigido por Da-La-Rou. Três cabeças que se conheciam há longo tempo: conheci o pescador Damoure em minha primeira viagem ao Níger. Conheci Lam um pouco mais tarde, quando desci o rio Níger numa piroga – aqueles canoas feitas de casca de árvore. Um filme de três cabeças porque não apenas uma decidiu como seriam as cenas, os enquadramentos e os movimentos de câmera. Os atores inventaram uma ação não planejada e cada linha de diálogo nascia em resposta à anterior. Três cabeças, mas nenhum juízo. Renunciamos a organizar o trabalho. Não conhecíamos a história que iríamos contar. Não queríamos conhecer. As peripécias da viagem, os constantes incidentes com o carro – ele enguiçava a toda hora – conduziram nossa improvisação. Câmera na mão, 16mm e apenas uma objetiva − uma 25mm, a lente normal, chamada assim por seu ângulo de visão semelhante ao do olho humano. O carro de Lam não tinha freios, nem faróis, nem os papéis em ordem. Nós o chamávamos de ‘Paciência’. Ele nos obrigava a parar quando queríamos ir em frente – culpa da mulher-diabo do mato, dizia Lam... O carro transformou-se na verdadeira vedete do filme, e graças aos caprichos de ‘Paciência’ a viagem foi
David Neves e Jean Rouch, Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio, 1973
MUITO PRAZER ! Montagem de depoimentos de Jean Rouch na entrevista coletiva após a projeção de Cocorico! Monsieur Poulet no Festival de Cannes, maio de1975.
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uma invenção contínua, só interrompida quando o filme acabava na câmera ou quando tudo tremia, microfones e câmeras, porque caíamos na gargalhada a cada novo incidente. As três travessias do rio: não se trata de truque de ficção, desmontávamos e remontávamos o carro para poder cruzar o rio, assim como se vê. A história do pneu: lá, sim, existe um truque. Levei comigo o sujeito que melhor sabe encher pneus. E por acaso estava lá um dos melhores marcadores de ritmo. Fizemos uma espécie de show improvisado. Os dois não tinham estado juntos antes. Mas habitualmente o trabalho de encher o pneu de um carro é acompanhado por uma percussão obtida por batidas no aro do pneu, no ritmo em que a bomba é pressionada. Quando começaram a encher o pneu lembrei-me deste costume e comecei a filmar. Só depois fiz a imagem do carro enguiçado.
O novo título da coleção dvd
do Instituto Moreira Salles reúne dois filmes de Jean Rouch: Cocorico Mr. Poulet e A pirâmide humana Na semana de lançamento do dvd, na loja do ims, os primeiros 50 compradores receberão um exemplar do catálogo do seminário Jean Rouch realizado no em julho de 2009.
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Sou o fotógrafo de meus filmes. É absolutamente importante poder observar diretamente pelo visor e escolher a composição da imagem. Com frequência trabalho com uma lente grande-angular para poder atuar no meio da cena. Como estou entre elas, as pessoas que filmo sabem se o que faço está correto, se compreendi com exatidão o sentido da cerimônia. Filmo na ordem dos acontecimentos, e para cada cena uma única tomada, take one. Podemos dizer que meus filmes são feitos de improviso e no momento da filmagem, pois, numa certa medida, enquanto filmo já começo o trabalho de montagem: todo movimento de câmera, toda decisão de cortar um plano ou deixá-lo seguir, todas as escolhas, constituem um trabalho de montagem no instante da filmagem. Enquanto filmo sou o primeiro espectador do filme; vejo o filme pelo visor da câmera, porque de fato o que filmo, o que acabei de filmar, é que conduz a continuação da filmagem. Fazer cinema desse modo é algo comparável à improvisação do toureiro diante do touro ou a uma espécie de transe cinematográfico em que o homem com a câmera deixa de ser ele mesmo para se transformar num olho mecânico e numa orelha eletrônica que se deixam conduzir pela intuição, pelos acontecimentos diante dele. Tudo sob o comando do humor e dos caprichos desse pequeno diabo que costumamos chamar de acaso, graças ao qual experimentamos um contentamento único, o cine-prazer que numa filmagem toma conta das pessoas filmadas e do homem com a câmera sempre que todos inventam livremente um modo de contar sua experiência de vida para os outros”.
OS FILMES DE FEVEREIRO No programa desse mês, um dos melhores filmes de todos os tempos. Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu e o lançamento de um dvd dedicado a Jean Rouch, com os filmes Cocorico! Monsieur Poulet e A pirâmide humana. No primeiro sábado de fevereiro, novo programa da série Em 1964, três clássicos que estavam em exibição nos cinemas do Rio há 50 anos: A noite, de Antonioni, O processo, de Orson Welles, e, liberado depois longa interdição da censura soviética, Ivan, o terrível - parte 2, de Eisenstein.
Ivan, o terrível
A noite
O processo
SÁBADO 1 14h00 : em 1964 O processo (Le procès) de Orson Welles com Anthony Perkins, Jeanne Moreau, Romy Schneider, Akim Tamiroff, Elsa Martinelli e Orson Welles (França, EUA, 1962. 118’) “O diretor soube captar bem e recriar o absurdo lógico de O processo” – para o crítico Hélio Pólvora. “Sabendo-se que o forte em Kafka é a inventiva, e que de inventiva se nutrem os bons filmes, conclui-se que Welles não precisou afastar-se muito do plot da novela para adaptá-la ao cinema”. 16h00 : em 1964 Ivan o terrivel, parte 2 (Ivan Grozniy, Skaz vtoroy: Boyarskiy zagovor) de Sergei Eisenstein (URSS, 1947. 88’) Esta segunda parte de uma projetada trilogia esteve proibida por mais de dez anos na então União Soviética. Sua liberação ocorreu apena dez anos depois da morte do diretor. Uma espécie de ópera visual, Ivan, o terrível caracteriza-se pela musicalidade que organiza o espaço, o gesto dos personagens e o entrelaçamento dos planos – a música aqui percebida como o que é capaz de acrescentar pelo contexto emocional o que não consegue se expressar de outro modo. [ Sessão precedida de uma breve introdução de José Carlos Avellar ] 17h50 : em 1964 A noite (La notte) de Michelangelo Antonioni, com Marcelo Mastroianni, Jeanne Moreau, Monica Vitti e Bernhard Wicki. (Itália, 1961. 115’ ) Antonioni fixa o desamparo do homem moderno (explosões a jato, a sequência dos foguetes) e de todo o equipamento de civilização e cultura face a problemas que há muito séculos persistem” observou Ely Azeredo em fevereiro de 1964. “Sua serenidade permite divisar – no quadro – o passageiro e o permanente”. 20h00 : em 1964 O processo (Le procès) de Orson Welles (França, EUA.1962. 118’)
DOMINGO 2 14h00 e 20h00 : Eu e você (Io e te) de Bernardo Bertolucci (Itália, 2012. 97’) “Fiquei fascinado pela ideia de transformar a “claustrofobia” óbvia de um porão asfixiante numa forma de “claustrofilia”, o amor pelo confinamento em lugares fechados. Um porão com uma aparência diferente em cada cena, um quarto de depósito feito para ser transformado. Um espaço que se transformasse constantemente, para o espectador encontrar algo novo de acordo com o desenrolar da história”. Um adolescente com dificuldades de se relacionar com os pais e colegas de estudo, abandona uma excursão escolar para ficar sozinho escondido no porão abandonado do prédio em que mora. 16h00: stanley kubrick Barry Lyndon (Barry Lyndon) de Stanley Kubrick com Ryan O’Neal, Marisa Berenson, Patrick Magee, Hardy Krüger, Steven Berkoff, Gay Hamilton e Marie Kean (EUA, 1975. 184’) “É uma história que não depende de surpresas”, comentou Kubrick na estreia do filme. “O que importa não é o que vai acontecer, mas como vai acontecer. Thackeray intencionalmente perde a atração da surpresa para ganhar significados que de outro modo poderiam parecer melodramáticos ou artificiais. Um exemplo é a cena em que o filme nos diz que o filho de Barry vai morrer enquanto vemos os dois juntos e felizes. Afasta-se a surpresa, mas cria-se suspense. Creio que Thackeray em seu livro deixa o personagem, Barry, contar a história de uma maneira deliberadamente distorcida para tornar a narrativa mais interessante e destacar o como no lugar do quê acontece. No lugar do narrador omnisciente, um observador imperfeito, ou mais exatamente: um observador desonesto. Cabe ao leitor julgar o que há de correto na narrativa do personagem. Difícil transpor uma narrativa na primeira pessoa para o cinema, pois na imagem do filme existe a realidade objetiva”.
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14h00: La Luna (La Luna) de Bernardo Bertolucci (Itália, EUA, 1978. 142’)
14h00: La Luna (La Luna) de Bernardo Bertolucci (Itália, EUA,1978. 142’)
14h00: La Luna (La Luna) de Bernardo Bertolucci (Itália, EUA, 1978. 142’)
“Em busca da memória de minha mãe lembrei-me de uma imagem da época em que tinha dois ou três anos: estou sentado numa cesta presa ao guidom de uma bicicleta, de costas para a estrada, e diante de mim, minha mãe que conduz a bicicleta. Olho para minha mãe e vejo por trás do rosto dela a lua cheia e confundo o rosto de minha mãe com a lua. Esta é a primeira lembrança de minha vida”. Bertolucci fez La Luna “para tentar compreender essa associação entre o rosto de minha mãe e o rosto da lua. Devo dizer que depois de terminado o filme tal associação tornou-se ainda mais misteriosa. E devo dizer que o filme, a princípio de uma maneira, obscura, enigmática, e no final de maneira explícita, busca também recuperar a figura paterna. Depois da morte de seu marido Caterina e seu filho Joe estão em busca do pai. Caterina vai a Parma ver seu velho professor de canto porque sente necessidaxe de uma ajuda paterna”.
Para o diretor, “um filme entre o melodrama e a ópera, um espaço privilegiado onde as mais fortes paixões, como o incesto, podem ser aceitos pelo público porque estão dentro de uma convenção ambígua, não realista – a ópera e o melodrama vão além do drama burguês. O final do filme, por exemplo, é puro inconsciente, significa o oposto do que parece significar – graças também à música de Verdi. Parece uma recomposição da família, mas, bem ao contrário, é a sua decomposição. É tudo totalmente ambíguo. A família está em frangalhos. ‘Ele morreu!’ são as últimas palavras cantadas por Caterina. A cena diz apenas que Joe está se tornando um adulto. A mãe canta que o menino morreu. Usei todas as receitas do melodrama. Caterina vive mergulhada no melodrama e não por acaso escolheu cantar Un ballo in Maschera de Verdi”.
“O fantasma do incesto é comum a todos os seres humanos. É uma etapa obrigatória em todas as relações entre mãe e filho, um tabu fundamental do qual não podemos escapar. Pode ser mesmo um fantasma consciente em ambos. Mas é um elemento arcaco, fica no inconsciente. Tentei enfatizar isso na cena em que Caterina beija Joe e diz: ‘foi aqui que seu pai me beijou ela primeira vez’. Até então eu não sabia o que estava fazendo, se o incesto deveria ocorrer ou não. Eu não tinha nada definido no roteiro. Pedi a Jill para improvisar, ela entendeu que o impulso incestuoso era uma fantasia. Levada adiante, a cena teria resultado num sacrifício da imagem maternal. O incesto me interessava como uma fantasia. Se ele realmente acontece torna-se algo mais – perversão, violência”.
16h40, 18h20 e 20h00 : Eu e você (Io e te) de Bernardo Bertolucci (Itália, 2012. 97’)
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QUARTA 5
““Eu ouvi Ragazzo solo, ragazza sola pela primeira vez há muito tempo, no rádio do meu carro, cruzando as ruas de Los Angeles, sem destino” – conta o diretor. “Era David Bowie cantando em italiano e tentando conter seu sotaque inglês. Era a versão italiana de Space Oddity. Ele canta Ground Control to Major Tom, This is Major Tom to Ground Control, etc. Em italiano ficou: Diga-me garoto solitário aonde você está indo porque há tanta dor... A canção de ficção científica de David Bowie virou uma música romântica italiana. A letra em italiano é de Mogol, que eu admiro muito. Ele é um grande letrista e a versão italiana parece que foi escrita para uma cena específica de Eu e você. Eu gosto de ter uma sequência musical. Como a grande tradição americana dos musicais nos ensinou: a música cria um momento único no qual tudo é possível”.
16h40, 18h20 e 20h00 : Eu e você (Io e te) de Bernardo Bertolucci (Itália, 2012. 97’) Lorenzo, um adolescente com dificuldades para se relacionar com seus pais e colegas de estudo, decide abandonar uma excursão escolar para ficar sozinho escondido no porão abandonado do prédio em que mora. Uma visita inesperada de sua meia-irmã mais velha muda tudo. Aos 25 anos, ela passa por um momento de fragilidade e atrapalha a tentativa de fuga da realidade do irmão.
Bernardo Bertolucci
16h40, 18h20 e 20h00 : Eu e você (Io e te) de Bernardo Bertolucci (Itália, 2012. 97’) “Há uns dois anos, Niccolò Ammaniti me mostrou sua novela recém-publicada Eu e você. Fazia 30 anos desde meu último filme em italiano. Eu estava querendo ouvir italiano num filme meu, com atores italianos e filmar na Itália. Depois de ler as primeiras páginas do livro, percebi a faísca de um novo projeto que se tornaria um filme inevitavelmente. O enredo da novela teve que ser modificado um pouco e passou por algumas transformações. Por isso que eu quis Ammaniti ao meu lado durante a escrita do roteiro, também com Umberto Contarello e Francesca Marciano. Porém, algumas das maiores diferenças entre o livro e o filme nem estavam no roteiro, elas aconteceram durante as filmagens – é a magia do cinema! Eu fiquei fascinado pela ideia de transformar a “claustrofobia” óbvia de um porão asfixiante numa forma de “claustrofilia”, o amor pelo confinamento em lugares fechados”.
SEXTA 7 14h00, 16h45 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) “Neste filme, Yoji Yamada se curva diante de seu mestre e modelo. Em 1953, então com 22 anos, Yamada foi assistente de direção de Yasujiro Ozu em Era uma vez em Tóquio, um comovente retrato de uma família japonesa depois da Segunda Guerra Mundial. Em seu remake, Yamada afasta-se pouco da obra-prima de Ozu, só o necessário para transpor a história do envelhecimento do casal Shukishi e Tomiko para o Japão de hoje. Mais uma vez, os dois decidem deixar a vida tranquila no campo para fazer uma visita aos filhos e netos, em Tóquio. Uma vez lá, eles descobrem que nem o filho mais velho, o médico Koichi, nem a filha mais velha Shigeko – que dirige um salão de beleza – têm tempo para eles: ambos muito ocupados, concentram-se nos problemas do dia a dia. Até mesmo o filho mais novo, seguiu o seu próprio caminho. O casal de idosos se sente sozinho e desorientado na metrópole de ritmo acelerado. Adotando o modo tranquilo com que Ozu observava a vida em família, a versão de Yamada não perde nada em atualidade. Mesmo 60 anos depois do filme de Ozu, o conflito de gerações continua uma questão viva. Na verdade, os jovens japoneses de hoje estão lutando para conseguir espaço em um mundo ainda mais confuso e num país onde as cicatrizes do tsunami de 2011 ainda interferem na vida cotidiana”. [ Texto do catálogo do Festival de Berlim, fevereiro de 2013, para a apresentar o filme exibido em sessão de gala no programa Berlinale Special. ]
SÁBADO 8 Não serão realizadas sessões de cinema. Abertura da exposição Em 1964 e apresentação das músicas do espetáculo Opinião interpretadas por Joyce e pelo grupo Casuarina
Yoji Yamada
Uma família em Tóquio
Programa sujeito a alterações Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em www.ims.com.br ou pelo telefone 3206 2500
DOMINGO 9 14h00, 16h45 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) Diretor de cinema desde 1960, realizador de 81 filmes e roteirista de outros 36, Yamada é especialmente conhecido pela série É difícil ser homem (Otoko wa Tsurai yo) 48 filmes com o personagem Torajiro Kuruma, o Tora-san que o Kiyoshi Atsumi interpretou até sua morte, em 1996. Uma família em Tóquio foi realizado para assinalar os 50 anos da morte de Ozu. Um novo filme de Yamada, Chiisai ouchi (A casa pequena), estreia agora na competição do Festival de Cinema de Berlim. “(...) Ozu implica a Tóquio uma representação de mundo, com sua mobilidade, as decorrências históricas, a cultura, a existência, o drama do homem em relação a esse mundo e, em suma, as questões fundamentais do homem que compreendem uma universalidade. O drama em Era uma vez em Tóquio não estava condicionado a uma moral, pois Ozu parecia ali registrar objetivamente uma situação. Já o Uma família em Tóquio de Yamada distingue dois mundos: o da cidade grande e sua aculturada lógica funcional, e o do campo, com as tradições devidamente preservadas. O longa de Yamada faz uma escolha moral entre essas duas condições. Não é um problema em si, e sim a confirmação de que Uma família em Tóquio carrega um drama bem mais interessante que o dos personagens: o do diretor. É mais interessante, ainda, sacar a possibilidade certeira de Yamada não ter realizado este trabalho para falar de si. É do filme que se extrai algo sobre o cineasta (…) [ Paulo Santos Lima, “O último homem” em revistacinetica.com.br ]
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TERÇA 11 14h00, 16h45 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) “Shukishi e Tomiko são, como Yoji Yamada, dois dinossauros que enxergam o mundo sob códigos de outros tempos. Simplificadamente, Uma família em Tóquio é a contradição entre os bons e saudosos tempos e a porcaria da atualidade. Mas o filme banca isso, assim com Yamada se garante como autor de um cinema démodé, mangado por vários como piegas, que constrói seus dramas sobre mandamentos “ultrapassados” como honra, coragem, honestidade, distinção, integridade, generosidade. A trajetória dos dois idosos, entre chegar a Tóquio, encantar-se (e se assustar) com o colosso urbano, passar de casa de um filho a hotel, de hotel a casa de outro filho, e depois voltar à ideal(izada) terra natal, há uma moral que recupera os valores fundamentais – de fundação mesmo – defendidos por cineasta, protagonistas e filme. É uma espécie de fábula, contada com precisão e clareza bastante didática, mas que, sob a superfície do enunciado, extrai um forte retrato do mundo do trabalho, que não é apenas o da capital japonesa, e que tomou o lugar de certos princípios fundamentais para remodelar os indivíduos à chapa da produtividade, do consumismo e do viver o instante”.
QUARTA 12 14h00, 16h45 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. (Japão, 2013. 146’) “Yamada tem sido, por mais de 50 anos, um artesão de muitas qualidades no cinema japonês: uma espécie de sobrevivente, um tanto tardio, do grande cinema clássico do país. Yasujiro Ozu compõe, ao lado de Kenji Mizogushi e Akira Kurosawa, o trio central do cinema do Japão. É preciosa a oportunidade de comparar um dos melhores filmes da história (Era uma Vez em Tóquio, 1953, de Ozu), com seu aplicado “remake” (Uma família em Tóquio, 2013, de Yamada). Yamada atualiza o filme de Ozu, acrescentando-lhe cores, por exemplo, modernizando certas circunstâncias, mas evita mexer tanto quanto possível nos seus significados. A mudança mais evidente diz respeito à trama envolvendo Noriko (que no filme de Ozu era viúva de um do filhos do casal, morto na guerra: aqui a moça ainda é noiva)”. [ Inácio Araujo em Folha de São Paulo, outubro de 2013 ]
[ Paulo Santos Lima, “O último homem” em revistacinetica.com.br ]
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Uma família em Tóquio, de Yoji Yamada
QUINTA 13 14h00, 16h45 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) Shukishi e Tomiko decidem deixar a vida quieta do interior para visitar os filhos e netos em Tóquio. Quando chegam lá, descobrem que nem o filho mais velho, o médico Koichi, nem a filha mais velha, Shigeko, dona de um salão de beleza, têm tempo para eles. Até o filho caçula seguiu seu próprio caminho. Os dois idosos sentem-se sozinhos e atordoados na acelerada metrópole.O diretor Yoji Yamada atualiza o clássico Era uma vez em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu, para o Japão de 2013.
SEXTA 14 14h00, 16h45 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) Diretor de cinema desde 1960, realizador de 81 filmes e roteirista de outros 36, Yamada começou nos estúdios da Sochiku como assistente de Ozu, em Era uma vez em Tóquio. Yamada é especialmente conhecido pela série É difícil ser homem (Otoko wa Tsurai yo) 48 filmes com o personagem Torajiro Kuruma, o Torasan que o Kiyoshi Atsumi interpretou até sua morte, em 1996. Uma família em Tóquio foi realizado para assinalar os 50 anos da morte de Ozu. Um novo filme de Yamada, Chiisai ouchi (A casa pequena), estreia agora na competição do Festival de Cinema de Berlim. Um casal idoso que vive no interior do país resolve passar uns dias em Tóquio, visitando os três filhos que há tempos se estabeleceram na capital e que pouco têm visto. Yamada inspira-se no filme de Ozu, de 1953, colocando os valores familiares e a vida urbana contemporânea como opostos. Aos poucos, os pais percebem que não têm espaço no cotidiano dos filhos. Yamada acescenta à aparente inocência da narrativa, alguns contextos realistas, como o problema do emprego no país e a tragédia de Fukushima, mas a força dramática do filme depende mesmo da simplicidade de sua forma. Nessa homenagem a Ozu, Yoji Yamada resgata não apenas o estilo narrativo de um mestre, mas também as ideias de um humanista.
SÁBADO 15 14h00 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’) 17h00 : Cocorico! Monsieur Poulet (Cocorico! monsieur poulet) de Damouré Zika, Lam Ibrahima Dia e Jean Rouch (DaLaRou). Com: Damouré Zika, Lam Ibrahima Dia, Tallou Mouzourane, Claudine, Baba Nore. (Niger, França, 1974. 94‘) Pequena comédia improvisada, em torno das aventuras de Lam, Damouré e Tallou numa caminhonete em busca de frangos para seu comércio. A viagem é pontuada de acontecimentos insólitos, como os encontros com uma mulher-diaba e as travessias do rio Niger com o carro, que é um dos protagonistas da história. Os mestres loucos (Le maîtres fous) de Jean Rouch. Som: Damouré Zika e Lam Ibrahima Dia. Montagem: Suzanne Baron. Com os sacerdotes Mountyeba e Moukayla, Lam, membros da seita dos Haukas e habitantes de Accra. (Gana, 1956. 26‘) Uma cerimônia de possessão anual dos membros da seita Hauka nos arredores de Accra (na sua maioria trabalhadores imigrantes vindos do Niger). A cerimônia é celebrada em torno do sacerdote Mountyeba. Tremores no corpo e respiração curta são sinais da chegada dos deuses que vêm se encarnar no corpo dos participantes do rito. Um dado confere ao filme uma inesperada dimensão política, acentuada pela inserção de cenas de um desfile de autoridades coloniais: os espíritos desse culto representam não os deuses tradicionais, mas uma série de personagens emblemáticas do poder colonial – o capataz, o governador, o médico, a mulher do capitão, o general, o condutor da locomotiva, etc... Na cerimônia, o sacrifício de um cachorro que será comido pelos possuídos. No dia seguinte todos voltam ao trabalho na cidade.
DOMINGO 16 14h00 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) 17h00 : A pirâmide humana (La pyramide humaine) de Jean Rouch. Fotografia: Louis Miaille, Roger Morilliere, Serge Ricci, Mario da Costa, Jean Rouch; Som: Michel Fano e Guy Rophé. Montagem: Marie Josèphe Yoyotte, Francine Grubert, Genevieve Bastid e Liliane Korb. Com: Nadine Ballot, Denise Dufour, Jacqueline, Dany, Elola, Alain, Raymond, Jean-Claude Dufour, Baka, Landry, Dominique, Nathalie, Jean Rouch e os alunos do Liceu de Abidjan. (Costa do Marfim, França, 1961. 89‘) Alunos do liceu de Abidjan, numa ação inteiramente improvisada, confrontam sem subterfúgios o problema do racismo interiorizado em cada um. Tornam-se amigos, nascem namoros, desejos e conflitos, sobretudo em torno de Nadine, dos quais vários colegas se enamoram ao mesmo tempo. Rouch interpreta seu próprio papel e também o do professor do Liceu. Ele pontua o filme com comentários sobre a experiência, que é também uma experiência com a palavra, e não por acaso mobiliza uma série de textos literários: Baudelaire (Le Beau Navire), Rimbaud (Enfance), Molière (Tartuffe), Jules de Résseguier (Sonnet) e Paul Eluard (La pyramide humaine). O mais importante, conclui Rouch, não foi o produto, mas seu processo: “graças ao filme, aqueles jovens aprenderam a se conhecer e a se gostar, com suas qualidades e defeitos”.
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TERÇA 18 14h00 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’)
14h00 e 19h30: Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’)
No cinema desde 1960, Yamada realizou 79 filmes – entre eles a série É difícil ser homem (Otoko wa Tsurai yo), 48 longa-metragens com o personagem Torajiro Kuruma, o Tora-san que o Kiyoshi Atsumi interpretou até sua morte, em 1996. “Em poucas palavras – resume Luiz Carlos Merten em seu blog – nesse remake de Era uma vez em Tóquio, Yoji Yamada reinventa a série É difícil ser homem e dá um banho de humanidade”.
Shukichi e Tomiko decidem deixar a vida quieta do interior para visitarem os filhos e netos em Tóquio.
17h00 : jean rouch Jaguar (Jaguar) de Jean Rouch. Som: Damouré Zika. Montagem: José Matarasso, Liliane Korb e Jean-Pierre Lacam. Música: Tallou Mouzourane (piano), Enos Amelodon (violão), Ami-sata Gaoudelize (canto), Yankori (violino), Ama (flauta) e Djenne Molo Kari (harpa). Com: Damouré Zika, Lam Ibrahima Dia, Illo Gaoudel, Douma Besso, Amadou Koffo. (Niger, Gana, França, 1954-1967. 89’)
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QUARTA 19
Quando começou a filmar, Rouch queria estudar a migração dos jovens que saíam do Niger para procurar trabalho em Gana – na época da filmagem, Costa do Ouro. “Como é difícil fazer um documentário sobre migrações – disse mais tarde – decidimos fazer um filme de ficção” improvisado nas filmagens e na sonorização: as aventuras do camponês Lam, do pescador Illo e do escrivão Damouré, que partir do Niger para Accra em busca de fortuna. Eles partem à pé, cruzam ilegalmente a fronteira e tomam direções diferentes. Illo torna-se pescador com os Ewé. Lam comerciante de perfumes. Damouré torna-se um “jaguar”: vive a vida da cidade: corridas, danças nas ruas, rituais dos Haukas.
17h00 : jean rouch Pouco a pouco (Petit à petit) de Jean Rouch. Assistente: Philippe Luzuy. Montagem: Josée Matarasso e Dominique Villain. Som: Moussa Hamidou. Música: Petit à Petit (Enos Amelolon), Jerk and Slow (Alan Helly) e Niger si nera (Amicale de Niamey). Com: Damouré Zika, Lam Ibrahima Dia, Illo Gaoudel, Safi Faye, Ariane Brunneton, Philippe Luzuy, Tallou Mouzourane, Mustapha Alassane, Marie, Idrissa Maiga, Michel Delahaye, Sylvie Pierre. (Niger, Costa do Marfim, França, 1968-1970. 92‘) Continuação de Jaguar com os mesmos atores: em Ayorou, Damouré Lam e Illo dirigem uma empresa de importação e exportação chamada Pouco a pouco. Ao decidir erguer um edifício, Damouré vai a Paris ver como os franceses vivem em casas de vários andares. Na cidade, etnografia às avessas, descobre os modos de viver e pensar dos parisienses, que descreve em cartões postais enviados regularmente a seus companheiros.
A pirâmide humana, de Jean Rouch
QUINTA 20 14h00 e 19h30: Uma família de Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Fotografia de Mafumi Chikamori. Montagem de Iwao Ishi. Com Isao Hashizume, Kazuko Yoshiyuki, Masahiko Nishimura, Yui Natsukawa e Tomo Nakajima (Japão, 2013. 146’) 20h00 : jean rouch Crônica de um verão (Chronique d‘un été) de Jean Rouch e Edgard Morin. Fotografia: Roger Morillère, Raoul Coutard, JeanJacques Tarbès, Michel Brault. Som: Guy Rophe, Michel Fano e Barthélémy. Montagem: Jean Ravel, Néna Baratier, Françoise Colin. Com: Marceline Loridan, Marie-Lou Parolini, Angélo, Jean-Pierre, os operários Jacques e Jean, os estudantes Regis Debray, Céline, Jean-Marc, Nadine Ballot, Landry e Raymond, os empregados Jacques e Simone, Henri, Madi, Catherine e Sophie. (França, 1960, 86‘) “Este filme não foi interpretado por atores, mas vivido por homens e mulheres que deram momentos de sua existência a uma experiência nova de cinema-verdade”. Com estas palavras Rouch abre este documentário um verão em Paris: como as pessoas vivem? São felizes? Marceline e Nadine entrevistam os transeuntes em Paris, Rouch e Morin seguem mais de perto um grupo de estudantes, trabalhadores e artistas. Cada um fala de si e também da França, de modo a que aflorem questões sobre o cotidiano: o trabalho, a solidão, o amor, a política, a guerra na Argélia, os traumas da Segunda Guerra (Marceline revela sua experiência num campo de concentração nazista de onde seus pais não voltaram). As férias chegam, as fábricas ficam vazias, as praias ficam cheias. Vemos os cineastas acompanhando em Saint Tropez alguns dos personagens. No final, as pessoas entrevistadas assistem a uma projeção do filme e os dois realizadores fazem um balanço da experiência.
SEXTA 21
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14h00 : Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
14h00 : Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
14h00 : Uma família em Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
17h00 : jean rouch A caça ao leão com arco (La chasse au lion à l’arc) de Jean Rouch. (Niger, Mali, Burkina Faso, França, 19581965. 78‘)
17h00 : jean rouch A pirâmide humana (La pyramide humaine) de Jean Rouch. (Costa do Marfim, França, 1961. 89‘)
17h00 : jean rouch Cocorico! Monsieur Poulet (Cocorico! monsieur poulet) de Damouré Zika, Lam Ibrahima Dia e Jean Rouch (DaLaRou). (Niger, França, 1974. 94‘)
Numa narrativa poética, a aventura de caça ao leão filmada ao longo de vários anos, desde os cuidadosos preparativos dos caçadores Gaos até as perigosas perseguições aos leões. “Fazer um filme é ver esse filme se fazer no visor de minha câmera”, disse o diretor. “Sei a cada momento se o que fiz está bem ou não. Essa tensão permanente é a febre indispensável para o êxito dessa caça aleatória às imagens e aos sons mais eficazes”. 19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. (Japão, 1953. 136’) “O mundo inteiro concentrado numa família. Os confins da terra estão ali perto, fora da casa. A câmera está no nível de uma pessoa sentada no tatami, cerca de um metro acima do solo. Essa é uma visão em repouso, um campo de visão limitado. É a atitude para ver e ouvir o palco no teatro Nô. É a posição em que participamos da cerimônia do chá. É a atitude estética, tradicional, passiva. A câmera, exceto em muito raras ocasiões, nunca se move, não existem panorâmicas, nem carrinhos, nem zooms. O único sinal de pontuação cinematográfica de Ozu é o corte, e não é o corte-rápido para o impacto ou o corte-justaposição, de sentido metafórico, mas o corte seco e suave que denota sucessão, continuidade constância rítmica. Não se deve, porém, confundir a ‘previsibilidade’ de Ozu com superficialidade ou obviedade”.
Alunos do liceu de Abidjan confrontam sem subterfúgios o problema do racismo interiorizado em cada um. 19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. Roteiro de Ozu e Kogo Noda. Fotografia de Yuharu Atsuta. Montagem de Yoshiyasu Hamamura. Com Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara e Haruko Sugimura (Japão, 1953. 136’) “Os tempos mudaram, temos que encarar esse fato, diz o sr. Hirayama a seus amigos de bebedeira; O que você vai ser quando crescer? Um médico como seu pai? Quando você se tornar um médico, me pergunto se ainda estarei viva, diz a sra. Hirayama a seu neto mais novo, que, brincando, nem ouve o que ela fala (...) Essa convivência com o tempo não é nada fácil, e leva uma das personagens a perguntar ‘A vida não é frustrante?’ a Noriko, ao que ela responde de forma serena com uma afirmativa (...)”. [ Ruy Gardnier: O tempo de viver e o tempo de morrer em www.contracampo.com.br ]
Pequena comédia improvisada, em torno das aventuras numa caminhonete em busca de frangos. 19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. (Japão, 1953. 136’) “A câmera estava a cerca de meio metro do chão (a posição habitual, na altura do olho do operador sentado) focalizando uma das atrizes. O método de Ozu era filmar um lado da conversa e depois o outro. Cada fala do diálogo era considerada uma unidade em si e deveria ser filmada como se nada mais existisse. Trata-se de um procedimento completamente diverso do normalmente usado em tais cenas. É bastante comum filmar separadamente cada lado da conversa, mas não é costume parar a câmera ao final de cada fala. A câmera grava o diálogo, tanto as deixas quanto as réplicas, que depois são intercaladas na montagem. Ozu gravava fala a fala. Dispara a câmera, depois para. O roteiro ficava aberto e ele o usava como um mapa, consultando-o constantemente e conferindo os esboços que desenhara nas margens, um desenho para cada fala do diálogo. “Ação!”, disse Ozu, e seu câmera, Yuharu Atsuta, agachado atrás da máquina, começou a filmar. O diretor acenou para Setsuko Hara, que pronunciou sua fala. “Corta!”, disse Ozu, e Atsuta parou de filmar. O diretor parecia satisfeito com o desempenho e passou para a próxima fala”. [Donald Richie, em Retratos japoneses, organização de Lúcia Nagib, editora Unesp, São Paulo, 2000]
[ Paul Schrader em Transcendental Style in Film – Ozu, Bresson, Dreyer. University of California Press, 1972 ]
Yasujiro Ozu
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14h00 : Uma família de Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
14h00 : Uma família de Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
14h00 : Uma família de Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
17h00 : jean rouch Eu, um negro (Moi un noir) de Jean Rouch. Som de André Lubin. Montagem de MarieJosèphe Yoyotte e Catherine Dourgnon. Música das orquestras La vie est belle (dirigida por Yapi Joseph Degré), Royale Goumbé e Les deux jumeaux e seus violões. Canções: Modiba Cha Cha Cha (Maryam Touré), Abidjan Lagune (N’Daye Yéro) e Tondi Boumyé (Amadou Demba). Com Oumarou Ganda (Edward G. Robinson), Petit Touré (Eddie Constantine), Alassane Maiga (Tarzan), Amadou Demba (Elite), Seydou Guede (carteiro), Karidyo Daoudou (Petit Jules) e Senhorita Gambi (Dorothy Lamour). Costa do Marfim, França, 1957. 72’)
17h00 : jean rouch Jean Rouch como se... (Mosso mosso, Jean Rouch comme si...) Direção e roteiro: Jean-André Fieschi. Fotografia: Jean-André Fieschi e Gilberto Azevedo. Som: Laurent Malan e Moussa Hamidou. Montagem: Danielle Anezin; Mixagem: Anne Louis e Pascal Rousselle. Música: Laurent Malan, Jocelyn Poulin e Didier Pougheon. Intérpretes: Jean Rouch, Damouré Zika, Tallou Mouzourane. (França, Níger, 1998. 73‘)
17h00 : jean rouch A caça ao leão com arco (La chasse au lion à l’arc) de Jean Rouch. Assistentes: Damouré Zika, Ibrahima Dia, Tallou Mouzourane. Som: Idrissa Meiga, Moussa Hamidou. Montagem: Josée Matarasso, Dov Hoenig. Com: Tahirou Koro, Wangari Moussa, Issiaka Moussa, Yeya Koro, Bellebia Hamadou, Ausseini Dembo, Sidiki Koro, Alii. (Niger, Mali, Burkina Faso, França, 1958-1965. 78‘)
Os jovens migrantes desempregados, “uma das doenças das cidades africanas”. Trabalhadores nigerianos em Treichville interpretam seu cotidiano. Uma semana de trabalho de um migrante apelidado de Edward G. Robinson: no trabalho, com os amigos, divertindo-se na praia, num jogo de futebol ou numa luta de boxe, paquerando as moças em bares e boates. O som gravado mais tarde num estúdio da Rádio Abidjan seus diálogos e monólogos cheios de verve fazem das perambulações de Robinson um apanhado da vida dos pobres em Treichville. 19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. Roteiro de Ozu e Kogo Noda. Fotografia de Yuharu Atsuta. Montagem de Yoshiyasu Hamamura. Com Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara e Haruko Sugimura (Japão, 1953. 136’)
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QUARTA 26
Feito para a série de televisão francesa Cinéma de notre temps, este documentário chama de “ficção como se...” o princípio fundamental do trabalho de Rouch. O filme viaja de Paris ao Níger para acompanhar as filmagens imaginárias de La vache merveilleuse, que Rouch finge fazer com seus amigos e cúmplices de sempre, Damouré e Tallou, mas sem Lam, já falecido. 19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. Roteiro de Ozu e Kogo Noda. Fotografia de Yuharu Atsuta. Montagem de Yoshiyasu Hamamura. Com Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara e Haruko Sugimura (Japão, 1953. 136’) A trama é simples: um casal de velhos do interior chega para visitar os filhos na Capital e só encontra carinho por parte da nora, cujo marido morreu na guerra. No tratamento dessa pequena história familiar, uma análise do conflito de gerações no Japão que começava a se recuperar do trauma da Segunda Guerra Mundial, sobretudo uma análise do conflito causado pela derrocada que o capitalismo emergente impunha às tradição cultural de origem feudal.
19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. Roteiro de Ozu e Kogo Noda. Fotografia de Yuharu Atsuta. Montagem de Yoshiyasu Hamamura. Com Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara e Haruko Sugimura (Japão, 1953. 136’) “(...) De maneira ambivalente Ozu evoca simultaneamente riso e simpatia por seus personagens. Mesmo quando trata seus personagens com uma certa ironia, como na cena em que eles bebem um pouco em demasia em Era uma vez em Tokyo, Ozu também evoca simpatia por eles. Sua câmera, sem piscar, impressiona o espectador com a sua justiça, sua vontade de presenciar todas as condutas de um homem, tanto a ridícula quanto a nobre, sem comentá-las. O diretor parece ter compaixão por seus personagens, respeita mesmo os seus sentimentos mais frívolo. Diante deles, comporta-se como um observador objetivo. Os personagens parecem ser autômatos, mas eles também parecem ter gestos humanos, naturais. A sensação incômoda de disparidade cresce e cresce” (...) [ Paul Schrader em Transcendental Style in Film – Ozu, Bresson, Dreyer. University of California Press, 1972 ]
SEXTA 28 14h00 e 19h30 : Era uma vez em Tóquio (Tokyo Monogatari) de Yasujiro Ozu. Roteiro de Ozu e Kogo Noda. Fotografia de Yuharu Atsuta. Montagem de Yoshiyasu Hamamura. Com Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara e Haruko Sugimura (Japão, 1953. 136’) “(...) Um primeiro contato com Ozu desarma o mais prevenido dos espectadores ocidentais. Nada a ver com a tradição dramatúrgica do cinema capitaneada por Hollywood. Era uma vez em Tóquio é um bom exemplo: começa no meio e acaba antes ou depois do fim. Ou seja, não há evolução dramática no sentido habitual do termo. Apenas um dia a dia vazio de surpresas e, até mesmo, de novidades. Os diálogos entre os parentes versam invariavelmente sobre o trivial, porque os personagens nada têm de incomum. As imagens são fixas e vistas de perto do chão. O cineasta observa com o mesmo interesse personagens, objetos e paredes ou biombos de fundo. E, no entanto, os filmes não são estáticos. A rigorosa e seca decupagem, a desejada neutralidade emocional dos enquadramentos estabelecem um contato direto entre personagens e espectador. Dificilmente vistos de muito perto, muitas vezes conversam sem se olharem (concretamente, ou pela ilusão da montagem), estão volta e meia de frente para a plateia, como que contemplando-a. São personagens ordinários em sua maioria, às vezes até mesquinhos. Nunca, porém, desprezíveis. Guardam sempre uma postura reverenciosa e digna (...)”. [ Ronald F. Monteiro, “Ritual de serenidade” Correio da Manhã, agosto de 1966. ]
16h45 : Uma família de Tóquio (Tokyo Kazoku) de Yoji Yamada. Roteiro de Yamada e Emiko Hiramatsu baseado em Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. (Japão, 2013. 146’)
OZU : ERA UMA VEZ EM TÓQUIO “(...) De filme a filme, seus temas e histórias se repetiam, apenas com leves variações. Ele os encenava como um mestre do chá, que repete os mesmos gestos ritualísticos ao longo de décadas a fim de aperfeiçoá-los. Ozu foi admitido na Shochiku como assistente de fotografia, em 1922, apenas dois anos após a fundação da empresa, e nela permaneceu até a morte, em 1963 – quando a Shochiku já se encontrava em franca decadência. Atravessou todos os estágios necessários, desde assistente de fotografia até chegar à direção – embora, ao contrário de seus sucessores, tenha ascendido rapidamente, em vista da baixa concorrência interna na empresa, ainda em fase de formação. Sua vida, assim, se confunde com a da Shochiku e seu estilo constitui quiçá a mais alta depuração do estilo Shochiku. Trabalhando sempre com praticamente os mesmos atores e a mesma equipe técnica, Ozu foi o mestre do gendaigeki [gênero de dramas cinematográficos sobre o Japão contemporâneo], do shomingeki [dramas sobre pessoas comuns] e do kazokumono [dramas familiares], os quais podem lhe ter sido impostos pelos interesses da produtora, mas receberam sua dedicação integral e constante. Seguindo o esquema tradicional dos baixos orçamentos, Ozu acabou se transformando no mestre da contenção, utilizando os cenários sóbrios, as vestes uniformizadas da classe média japonesa, o preto e branco e sobretudo a famosa câmera baixa, que produzia o que ficou conhecido como ‘plano-travesseiro’ e se tornou, com o tempo, completamente imóvel (...)” Lucia Nagib, no primeiro capítulo de Em torno da Nouvelle Vague japonesa, Editora Unicamp, Campinas, 1993.
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Shoah • La Luna Cerimônia de casamento Cerimônia secreta São Bernardo • Vidas secas Memórias do cárcere Poema sujo • As praias de Agnès O emprego • Consideração do poema Conterrâneos velhos de guerra Jean Rouch: A pirâmide humana e Cocorico Mr. Poulet DVD • COLEÇÃO • IMS à venda nas principais livrarias
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e na loja do site do ims: http://www.lojadoims.com.br/
Instituto Moreira Salles Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3206-2500 www.ims.com.br
Aberto ao público de terça a domingo das 11h às 20h Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café wifi Fundado em 1992, o ims é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem por finalidade exclusiva a promoção e o desenvolvimento de programas culturais. A sede do Rio de Janeiro – o ims tem centros culturais em São Paulo e em Poços de Caldas – abriga espaços expositivos, sala de cinema, sala de aula, biblioteca, cafeteria, loja de arte e ateliê infantil. O ims possui um acervo de fotografia (com mais de 550 mil imagens) de música (com cerca de 28 mil gravações), de literatura e de artes plásticas, instalados em reservas técnicas com padrões e tecnologia para a conservação e a restauração. Entre as coleções, fotografias de Marc Ferrez, Marcel Gautherot, José Medeiros, David Zing e Maureen Bisiliat, desenhos de Millôr Fernandes, as discotecas de Humberto Franceschi e José Ramos Tinhorão, os arquivos pessoais de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Elizeth Cardoso e Mário Reis, e as bibliotecas dos escritores Ana Cristina Cesar, Rachel de Queiroz, Otto Lara Resende e Carlos Drummond de Andrade. No site do ims está hospedada a Rádio Batuta, um ponto de seleção, entretenimento e análise da música popular brasileira. O Instituto edita uma revista quadrimestral de ensaios, Serrote, uma revista semestral de fotografia, Zum, e uma coleção de dvds, com doze títulos já editados: Shoah de Claude Lanzmann. La Luna, de Bernardo Bertolucci. Cerimônia de casamento, de Robert Altman. Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho. Vidas secas e Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos. São Bernardo, de Leon Hirszman. O emprego, de Ermanno Olmi. Cerimônia secreta, de Joseph Losey. As praias de Agnès, de Agnès Varda, A pirâmide humana e Cocorico Mr. Poulet de Jean Rouch, e duas edições de poesias: em Poema sujo Ferreira Gullar lê seu poema; em Consideração do poema, artistas lêem poemas de Carlos Drummond de Andrade. Próximos títulos da coleção dvd : Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, Elena, de Petra Costa, e Diário, de David Perlov. Superintendente Executivo : Flávio Pinheiro Coordenação do ims - rj : Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema : José Carlos Avellar Produção de cinema e dvd : Bárbara Alves Rangel
O programa de fevereiro conta com o apoio da da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, da Cinemateca da Embaixada da França, do Centro Técnico Audiovisual e com a parceria da Videofilmes e do Espaço Itaú de Cinema. Ingressos para as sessões de Eu e você, Uma família em Tóquio e Era uma vez em Tóquio : terça, quarta e quinta R$ 18,00 (inteira) R$ 9,00 (meia) Sexta, sábado, domingo e feriados: R$22,00 (inteira) e R$ 11,00 (meia) para todas as demais sessões, de terça a domingo: R$ 16,00 (inteira) e R$ 8,00 (meia) Passaporte : Com validade para 10 sessões das mostras Jean Rouch, Em 1964, para as sessões de La Luna e de Barry Lyndon, podem ser adquiridos na recepção passaportes no valor de R$ 40,00. Os passaportes deverão ser trocados por ingressos na recepção até meia hora antes do início da sessão. Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7417 As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao ims: 158 – Central - Gávea (via Praça Tiradentes, Flamengo, São Clemente) 170 – Rodoviária - Gávea (via Rio Branco, Largo do Machado, São Clemente) 537 – Rocinha - Gávea 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea Capa: Jean Rouch Quarta capa: Nikolai Tcherkassov, Ivan, o terrível - parte 2 de Sergei Eisenstein
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EM 1964 A NOITE IVAN, O TERRÍVEL – PARTE 2 O PROCESSO