Cinema IMS-RJ - Folheto Setembro/2013

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O EMPREGO 1


UMA VIDA SEM SONHOS E SEM AMBIÇÕES

| MARIAROSARIA FABRIS

Filho de um camponês e de uma operária, funcionário de uma empresa para a qual realizou curtas-metragens, Ermanno Olmi, como outros diretores que o antecederam (Roberto Rossellini, Michelangelo Antonioni) ou de sua geração cinematográfica (Francesco Maselli, Vittorio De Seta), estreou como documentarista. As origens familiares e a experiência profissional anterior serão o húmus de sua produção de ficção e estão presentes, tanto no conteúdo quanto no estilo, em seu segundo longa-metragem, O emprego (Il posto), saudado no Festival de Veneza de 1961 como uma das obras que vinham renovar o cinema italiano, ao lado de Desajuste social (Accattone), de Pier Paolo Pasolini, e Bandidos em Orgosolo (Banditi a Orgosolo), de De Seta.

Especial Olmi domingo

8 de setembro

três filmes de

ermanno olmi:

O emprego A árvore dos tamancos A lenda

do santo

beberrão

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Ao narrar a história de Domenico, um rapaz de origem camponesa que consegue um trabalho na cidade grande, O emprego mostra toda a esqualidez de uma vida condicionada por uma rotina metódica e repetitiva. Uma vida sem sonhos, nem ambições: Antonietta, a colega pela qual se interessa, acaba não correspondendo à sua afeição; o emprego, uma vez conseguida a vaga almejada, não oferecerá novas perspectivas. Um cotidiano vivido da forma mais comezinha, pois o contato com uma realidade cosmopolita como a de Milão não representará o alargamento do próprio horizonte, uma vez que o espaço urbano, no qual todas as manhãs trens e bondes despejam um enorme contingente humano, só o “acolhe” enquanto massa produtiva – como na sequência em que Domenico, na companhia de seu pai e de outros trabalhadores que madrugaram, se dirige para seu primeiro dia na firma. Um dos raros momentos em que a narração não se deixa levar pela condição de solidão, a que todos parecem condenados, é ao focalizar a pausa para o almoço, no dia dos testes. Depois de uma refeição frugal, Domenico e Antonietta passeiam pelo centro. O frescor dos dois jovens intérpretes remete ao do casal de O teto (Il tetto, 1956), de Vittorio De Sica, o qual, apesar das condições adversas que enfrenta, busca uma alternativa. Em O emprego, ela não existe e as vitrines das lojas que os dois olham, bem como os canteiros de obras, dos quais observam a cidade que cresce, reforçam a ideia de exclusão do bem-estar burguês dessas camadas sociais alojadas nos bairros periféricos ou nos lugarejos ao redor da capital da Lombardia.

É uma sequência extremamente instigante, em que o filme parece deixar de lado a ficção para registrar a realidade, como havia acontecido também numa passagem de O teto, quando, no ônibus que está levando o jovem casal de volta


para Roma (depois da noite de núpcias na aldeia da garota, à beira-mar), a câmera abandona os protagonistas e, durante alguns instantes, passa a focalizar, por uma das janelas do veículo e independente do olhar deles, só a paisagem marítima e, por meio de fusão, a paisagem urbana que vai se desenhando na periferia da cidade. Ou ainda, de modo mais radical, em outra obra de De Sica, Il funeralino, eliminada da edição final de O ouro de Nápoles (L’oro di Napoli, 1954), por não ser espetacular e não contar com astros consagrados entre seus intérpretes, como os demais episódios. O cortejo fúnebre, que percorre parte da cidade, serve de pretexto para investigar, de forma quase documental, o comportamento do povo napolitano no enterro de uma criança. Evocar De Sica significa lembrar Cesare Zavattini, que preconizava para o neorrealismo a observação premente do ser humano, de qualquer ser humano. Isso leva Olmi a focalizar até gestos aparentemente insignificantes, os quais, ao contrário do que apontaram alguns críticos, não são supérfluos, pois ajudam a construir as personagens em sua psicologia. Se, em O emprego, há algo de “supérfluo” é quando a câmera se demora na descrição do cotidiano dos colegas de escritório, pois a esqualidez com que é retratada a existência de Domenico é suficientemente paradigmática para que o filme se perca em digressões.

Ermanno Olmi

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Embora, como os diretores neorrealistas, Olmi tenha optado por um estilo antiespetacular e por uma narração em tom menor de uma vida sem desejos, eivada de melancolia, em seu filme estamos diante de uma nova realidade social, a do neocapitalismo, a mesma angustiante realidade que leva ao suicídio o operário de O grito (Il grido, 1956-1957), de Antonioni, e à morte o lumpemproletário de Desajuste social. Essa falta de perspectivas de personagens populares no seio da sociedade capitalista é condenada pela crítica de esquerda que ataca os dois filmes: o de Antonioni, por atribuir a um representante da classe trabalhadora uma crise existencial burguesa; o de Pasolini, por apresentar uma condição social sem saída. É a temática da alienação, que terá destaque no cinema italiano engajado dos anos 1960-1970, do qual os exemplos mais emblemáticos, nesse sentido, são A classe operária vai ao paraíso (La classe operaia va in paradiso, 1971), em que Elio Petri lança um olhar desencantado sobre as contradições de um proletariado dividido entre dois mitos, o da revolução e o do bem estar burguês, e Trevico-Turim: viagem no Fiat-Nã (Trevico-Torino... viaggio nel Fiat-Nam, 1973), no qual Ettore Scola documenta o violento choque que o pragmatismo do “capitalismo selvagem” representou para trabalhadores saídos de zonas rurais.

Luchino Visconti, de certa forma, já havia focalizado esse tema em Rocco e seus irmãos (Rocco e i suoi fratelli, 1960) e, dois anos depois de O emprego, é a vez de Mario Monicelli, num episódio de Boccaccio 70 (Boccaccio ’70, 1963), Renzo e Luciana, transposição de A aventura de um casal (L’avventura dei due sposi, 1958), de Italo Calvino, conto que, posteriormente, integrará o volume Os amores difíceis (Gli amori difficili, 1970). Monicelli, ao agregar-lhe alguns elementos do romance Os noivos (I promessi sposi, 1840-1842), de Alessandro Manzoni, confere às desventuras de um jovem casal, cuja intimidade é afetada pelos turnos de trabalho em horários diferentes, uma conotação social bem marcada: a de uma crítica irônica aos ritmos de trabalho ditados pela lógica industrial. A Itália estava adentrando a era do boom econômico, mas nem todas as suas camadas sociais estavam preparadas para sofrer o impacto da desumanização imposta pelos modernos “servos do capital”. É isso, em última instância, que um diretor católico – e não de esquerda – como Olmi constata num filme que, tendo reduzido ao mínimo indispensável a ficccionalização do tema, em vários momentos se apresenta quase como um documentário. 4


As vitrines das lojas que Domenico e Antonietta olham reforçam a ideia de exclusão do bem-estar burguês da cidade que cresce / O emprego de Ermanno Olmi

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A FICÇÃO COMO DOCUMENTÁRIO

| ERMANNO OLMI

Primeiro escrevo a sugestão ou a indicação de um assunto ou de uma história e depois a divido em vários capítulos, vários momentos, como os movimentos de um concerto. Depois, tudo o que vem à minha mente a respeito de um desses capítulos – a qualquer momento, quando estou definindo as locações ou algo assim – anoto em pedaços de papel e incorporo ao capítulo em questão. Chega a hora de filmar: organizo cada pedaço da história que estou filmando da forma mais precisa possível. Mas na filmagem, geralmente estou pronto para, não vamos dizer mudar tudo, mas adicionar ou subtrair, quando acho adequado. É por isso que nunca tenho um roteiro concluído. Todo o tempo acrescento novas anotações. É assim que gosto de trabalhar.

Fragmentos de declarações feitas no Festival de Cannes, em 1978 no encontro com a crítica depois da exibição de A árvore dos tamancos

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No início, não penso na câmera, mas no que deve ser apresentado: o lugar, a luz, as pessoas, as cores. Eu construo a ficção que preciso e quando sinto que ela corresponde às minhas necessidades, vou para a câmera e me deixo levar pela cena, sem estabelecer de antemão: aqui vou fazer um close-up; ali, um plano-sequência; mais adiante, um movimento de câmera. Participo instintivamente, respondo ao que acontece. É raro decidir qualquer coisa com antecedência. Trabalho com uma câmera portátil e filmo em som direto quando há diálogo. Digo portátil, mas a câmera é pesada, pois filmo em 35mm, tenho que colocá-la em um tripé com rodas. Não uso carrinhos ou trilhos, nem coloco a câmera em um nível superior ou inferior ao de uma linha horizontal traçada na altura dos olhos, e trato de movimentá-la como se ela fosse parte de mim. Filmo assim porque é importante que o trabalho técnico seja envolvido pelas emoções do momento em que se vive a cena.

Para mim, a técnica de filmagem de ficção é quase a mesma do documentário. A diferença: num documentário eu filmo uma realidade que não depende de minha vontade, apenas escolho o enquadramento que, naquele momento, julgo mais interessante para registrar o evento. No caso de um filme de ficção, a realidade não está além da minha vontade, é organizada por mim, isto é: meu juízo crítico e minha elaboração do conteúdo estão acima de tudo na organização da cena. De qualquer modo, minha abordagem no instante da filmagem é a mesma, faço a ficção como um documentário, trabalho de forma a não enganar o espectador com acrobacias de câmera, um efeito de luz ou uma trucagem no laboratório. Na minha ficção a câmera é tão objetiva quanto a de um documentário, mas o que se impõe é minha subjetividade.


Uso atores não-profissionais mais ou menos pelas mesmas razões que me levam a filmar em paisagens reais. Para Barry Lyndon, por exemplo, Stanley Kubrick procurou por toda a Europa a paisagem e a atmosfera que correspondiam às suas necessidades expressivas. Nessa região rural implantou seus atores profissionais. Eu prefiro continuar essa relação com a realidade com atores não-profissionais. A árvore verdadeira é continuamente criativa, a árvore artificial não. A árvore falsa responde às necessidades criativas de um fato (vamos chamá-lo assim) já estabelecido e definido, e para por aí. A árvore verdadeira tem virtudes contínuas: ela recebe e reflete a luz sempre de novas maneiras. Quando você filma no estúdio, estabelece a iluminação com antecedência e as luzes são as mesmas do início ao fim. Você pode fazer uma centena de tomadas – terá sempre a mesma. A árvore verdadeira, por outro lado, está em evolução contínua, modificando-se dentro da situação, tanto que você fica com receio de que não seja capaz de capturar o momento especial quando a luz está mudando. Isto é muito bonito, também, porque entre a primeira tomada e a quarta, e a quinta, existem variações. Cada nova tomada de um mesmo plano é continuamente palpitante, podemos dizer assim. A mesma coisa acontece com os intérpretes. A atores profissionais: não uso um figo para representar uma pera. Prefiro a grande autenticidade do personagem verdadeiro. Para um filme sobre camponeses, escolho os atores do mundo camponês. Essas pessoas trazem para o filme um peso, uma constituição de verdade, que, provocada pelas situações em que os personagens se encontram, cria palpitações – são vibrações tão certas, tão reais, tão críveis, que não se repetem. Na vigésima tomada, o ator profissional chora do mesmo modo. O intérprete verdadeiro, o personagem tirado da vida, não. Não repete. É como captar uma luz: ou você a consegue naquele momento, ou não consegue nunca mais. Minha emoção está preocupada em seguir as coisas no momento em que elas ocorrem.

O cinema é uma linguagem que, em vez de ter apenas palavras, tem palavras, imagens, sons. É uma linguagem, em suma. É a linguagem da própria vida. Falamos com gestos, com olhares, com o som da palavra bem como com o seu significado. Se eu digo “boa noite” de três maneiras diferentes, com um som diferente a cada vez, com uma expressão facial diferente a cada vez, terei três diferentes significados. Isso é cinema: substantivos, adjetivos, partes de frases que pertencem a uma sintaxe e organização especiais.

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dvd coleção ims

Iniciada em outubro de 212, com Shoah e O relatório Karski, de Claude Lanzmann, a coleção dvd | ims lança seu oitavo título, O emprego (Il posto) filme realizado em 1961 por Ermanno Olmi e jamais exibido comercialmente em cinemas brasileiros – A árvore dos tamancos (L’albero degli zoccoli), Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1978, e A lenda do santo beberrão (La legenda del santo bevitore), Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1988, foram os primeiros filmes do diretor exibidos no Brasil. Os dois títulos se apresentam este mês no cinema do Instituto, no domingo dia 8, no programa Especial Olmi, organizado para assinalar o lançamento do dvd de O emprego.

oitavo título da coleção dvd \ ims,

O emprego

se exibe no sábado 7 e no domingo 8.

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no domingo 8, dois outros filmes de Ermanno Olmi: A árvore dos tamancos e A lenda do santo beberrão.

Cada exemplar da coleção dvd | ims vem acompanhado de um livreto com uma introdução crítica ao filme. Shoah e O relatório Karski, de Claude Lanzman, uma caixa com cinco discos, traz o ensaio de Gertrude Koch, A transformação estética da imagem do inimaginável. O segundo título da coleção, La Luna, de Bernardo Bertolucci, o ensaio Necessariamente sonhar... projeção e proteção onírica em La Luna, de T. Jefferson Kline. No terceiro, Cerimônia de casamento, de Robert Altman, um ensaio de Jonathan Rosenbaum, A propósito de um casamento, e outro de Hernani Heffner, Quatro notas sobre Robert Altman. No quarto, Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho, uma introdução do diretor, Pantasmas de Brasília, e um texto de Sérgio Moriconi, O real desencantado. Com Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos, análises de Jean-Claude Bernardet, O homem brasileiro, José Carlos Avellar, O proveito de beijo, e Júlio Bressane, Vida luz deserto. Com São Bernardo, de Leon Hirszman, o ensaio Acerto de contas, de José Carlos Avellar. Com Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos, um texto do diretor, Oito notas para entrar e sair do cárcere, um Depoimento de Ricardo Ramos, e uma análise de José Carlos Avellar, Três notas para recuperar a memória. No livreto que acompanha O emprego, um ensaio de Millicent Marcus, O descrédito no milagre econômico, define o trabalho de Olmi como um preciso retrato da Itália de 1961: “É como se estivéssemos visitando a família Ricci de Ladrões de bicicletas treze anos após, para encontrar Antônio não só confortavelmente empregado, mas pai de dois filhos que subiram ainda mais na escala social. Em Il posto, Olmi oferece um exemplo visual de ascensão social intergeracional ao mostrar Domenico e seu pai saírem de manhã para trabalhar, vestidos com roupas adequadas às classes agora divergentes a que pertencem”.


Shoah, La Luna, Cerimônia de casamento, Vidas secas, Conterrâneos velhos de guerra, São Bernardo, Memórias do cárcere e O emprego à venda nas principais livrarias e na nova loja do site do ims:

http://www.lojadoims.com.br/ims/

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O CONDUTOR CONDUZIDO

| ARTIGAS - LA REDOTA

Para César Charlone, uma questão anotada numa das primeiras versões do roteiro de Artigas - La Redota resume o ponto de partida do filme: “Nas principais praças de todas as cidades, uma estátua equestre; nas paredes de escolas e de repartições públicas, um retrato imponente. José Gervasio Artigas é uma figura emblemática. Por que existem em torno dele tantas histórias desencontradas? Como entender que na sangrenta década de 1970 tanto a esquerda radical armada quanto os golpistas da extrema direita reivindicaram seu nome como o mentor de seus ideais?” Para buscar respostas a essas questões, a decisão de filmar “um Artigas de carne e osso, não repetir o bronze das estátuas, não apenas repetir o que se conta na História tradicional”. O filme parte do pintor uruguaio Juan Manuel Blanes. Em 1884, encarregado de fazer um retrato de José Artigas. Sem qualquer imagem para servir de base para o quadro além de um esboço impreciso, Blanes se vê obrigado a imaginar o rosto de Artigas a partir das ideias e ações do líder da rebelião de 1811 contra a junta de Buenos Aires e o governador espanhol de Montevideo. Ele se inspira então nas anotações de Anibal Larra, espião espanhol contratado pelo Triunvirato de Buenos Aires para assassinar Artigas. O roteiro, conta Pablo Vierci, começou de muitas leituras. “Livros e livros de história. Depois, como diz Borges, não quis mais saber de História, para ter a liberdade de criar uma história. Armada minha história, voltei aos livros e ao apoio generoso de historiadores para evitar erros”. O filme passou então a contar com a colaboração da historiadora Ana Ribeiro: “procurei assinalar o que parecia incorreto do ponto de vista histórico. É uma ficção, mas nela é importante a reconstituição mais ou menos fiel do período em que os fatos se sucedem. Sugeri palavras e frases para obedecer à linguagem de então, sugeri o tom psicológico dos personagens. E apontei elementos conceituais: deveríamos ter na tela representantes dos criollos de pele clara, porque a revolução não foi apenas protagonizada por índios e negros; deveríamos ter referências à religião e também: deveria ficar claro que a rebelião começou em nome de Fernando VII e pouco a pouco foi surgindo a ideia de tornar–se independente da Espanha”.

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Vierci se define como “um trabalhador obsessivo”. Acha difícil sair da história que escreve, “acordo de madrugada com os personagens na cabeça. Sonho com eles”. E por isso prefere escrever muito, “desenvolver um primeiro tratamento de 300 páginas, para depois remover, remontar, reorganizar, até chegar a um texto enxuto para o diretor”. A primeira versão do roteiro de Artigas, La Redota


”dava um filme de mais de três horas. Ele é uma metralhadora de ideias” – conta Charlone. A colaboração entre o roteirista e o diretor resulta de uma longa amizade, “desde o tempo de escola, desde os seis anos”, diz Vierci, “eu sempre mais ligado à palavra e ele à imagem. Começamos a fazer cinema juntos, em 1984, no filme Aqueles dois, de Sérgio Amon – eu roteirista, ele fotógrafo. Embora tenha se dedicado principalmente à fotografia, César é um diretor nato, tem aquela especial aptidão para as artes, para a música, para a interpretação, para o ritmo. É até um bom ator. Quando tem uma ideia, me pergunta: Quer que eu diga ou que interprete para você? Prefiro sempre que ele interprete. Eu me sinto como se estivesse na poltrona de um cinema vendo um filme”. Uma das chaves do trabalho de direção Charlone diz ter encontrado numa observação de seu roteirista. “Pablo Vierci sempre se referia a Artigas como um um condutor conduzido. Gostei da definição e decidi adotar o mesmo comportamento para a direção do filme. Eu me deixei conduzir pelas pessoas encarregadas das diferentes áreas do filme. Foi assim até no que diz respeito à escolha do elenco. Recebia sugestões e ia aceitando. Testamos muitos bons atores. Todos, absolutamente todos dariam excelentes Artigas. Consultei muito os que me rodeavam. Na verdade, foi a decisão mais difícil porque era o que primeiro perguntavam quando dizia que ia fazer um filme sobre Artigas: E quem será Artigas? ... ah, para mim tem que ser fulano. Cada um tinha o seu. O meu foi o Jorge”.

E o Artigas de Jorge Esmoris, foi, de certo modo, a música de Alfredo Zitarrosa. Ele também leu livros e livros de história “para melhor entender o personagem. Num certo momento não sabia mais o que estava lendo. Cada um criava uma imagem diferente de Artigas. Foi então que me concentrei no roteiro de Pablo e César e na busca de uma pulsação. Lembrei-me da música de Alfredo Zitarrosa, de sua voz e de seu violão, das Diez décimas de autocrítica, do Adagio en mí país. Passava os dia ouvindo Zitarrosa, puro sentimento. E durante as filmagens continuei a ouvir as milongas de Zitarrosa. Mas Artigas não resulta do processo de um ator, é a soma dos processos de Charlone, Vierci e de toda a equipe”. De toda a equipe, reitera Charlone. “Como há muito tempo não vivo no Uruguai, decidi fazer o filme numa espécie de permanente consulta, em acordo com o que a gente pobre repetia e repetia com alguma malícia e ironia no tempo de Artigas: naides es más que naides”.

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OS FILMES DE SETEMBRO

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A árvore dos tamancos de Ermanno Olmi

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Ladrões de bicicletas de Vittorio de Sica


DOMINGO 1 14h00 : Flores raras de Bruno Barreto (Brasil, 2013. 118’) A história de amor entre Elizabeth Bishop (Miranda Otto) – poeta americana, vencedora do prêmio Pulitzer em 1956 – e Lota Macedo de Soares (Glória Pires) idealizadora e supervisora da construção do Parque do Flamengo. No Brasil da década de 1950 – a Bossa Nova explodia e Brasília começava a ser construída – o filme conta a trajetória dessas duas mulheres. Elizabeth, emocionalmente frágil, sem família e residência fixa. Lota, otimista, autoconfiante e empreendedora. 16h00 : festival filmambiente Cidade iluminada (Radiant City) de Gary Burns e Jim Brown (Canadá, 2006. 86’) O rei da comédia surreal, Gary Burns, junta-se ao jornalista Jim Brown para um passeio nos subúrbios. Se aventurando em território tanto bem familiar quanto desconhecido, eles viram o gênero documental de cabeça para baixo, criando um relato vívido da vida de classe média que vive nos subúrbios americanos. 18h00 : festival filmambiente A guerra de Wiebo (Wiebo’s War) de David York (2011. 94’) Wiebo Ludwig é o principal suspeito de uma série de bombas nos dutos de gás e petróleo. Estas repercutem uma campanha de sabotagem contra a industria de gás e petróleo nos anos 90 – barricadas em estradas, explosão de poços que culminaram com a morte de uma jovem de 16 anos na fazenda da família Ludwig. A família se mudou para a região ha vinte e cinco anos para viver mais próximos e de acordo com sua fé religiosa. Eles construíram com suas próprias mãos sua comunidade numa região bem isolada, sem saber que ela estava assentada em uma das maiores reservas de gás natural do planeta. 20h00 : festival filmambiente Geneticamente modificados (GMO OMG ) de Jeremy Seifert (EUA, 2013. 90’) O filme explora o crescente avanço das corporações e a perda potencial da mais antiga e preciosa herança da humanidade: sementes. O diretor investiga como a perda da diversidade das sementes e a correspondente alteração genética de alimentos feita em laboratórios afeta seus filhos, a saúde do planeta e a liberdade de escolha em toda a parte.

TERÇA 3 14h00 : Flores raras de Bruno Barreto (Brasil, 2013. 118’) 16h00 : festival filmambiente Aprendendo a pescar (Learning to Fish) de Teemu Auersalo (Irlanda, 2012. 4’) Animação. A gaivota urbana tenta apanhar um peixe numa história que olha para a nossa relação com a comida. Homenagem nº 2 (Homage Deux) de Michele Cadei (Itália, 2013. 9’) Um homem vaga com uma câmera, filmando sua própria sombra, por ruinas pós-industriais, uma cidade impalpável e uma floresta intocada. Procurando os norte-coreanos (Looking for North Koreans) de Jero Yun (França, 2012. 61’) Um sul-coreano viaja sozinho para o mar amarelo, onde diversas batalhas navais derramaram sangue desde a separação das duas Coreias. Ele procura fugitivos nortecoreanos, arriscando a própria vida frente à polícia chinesa. Em sua missão, vai de Incheon (na Coreia do Sul) a várias cidades chinesas como Dandong, Qingdao e Shangai. Ao longo de sua jornada encontra aqueles que escaparam e contam suas tristes histórias. 18h00 : festival filmambiente Geneticamente modificados (GMO OMG ) de Jeremy Seifert (EUA, 2013. 90’) O crescente avanço das corporações e a perda potencial da mais antiga e preciosa herança da humanidade: as sementes. O diretor investiga como a perda da diversidade das sementes e a correspondente alteração genética de alimentos feita em laboratórios afeta seus filhos, a saúde do planeta e a liberdade de escolha em toda a parte. 20h00 : festival filmambiente Deus salve o verde (God Save The Green) de Alessandro Rossi e Michele Mellara (Itália, 2012. 7 Este documentário conta a história de pessoas que estão reconquistando o senso de comunidade através da jardinagem ao mesmo tempo em que transformam suas vidas e os locais onde moram. Sessão em presença do realizador

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QUARTA 4 14h00 : Flores raras de Bruno Barreto (Brasil, 2013. 118’) 16h00 : festival filmambiente Gotinhas (Gutty) de Seyed Sajad Moosavi (Iran, 2011. 4’) Uma criança tenta proteger o meio ambiente e a água. Aqui ainda terminou (Here is not over yet) de Mohamed Elashhab (Egito, 2011. 10’) Apesar dos mais de sessenta anos do fim da segunda grande guerra, alguns ainda sofrem as consequências. Água, criando uma nova ética (Watershed: Exploring a new Ethics for the New West) de Mark Decena (EUA, 2012. 57’) “Whisky é para beber, água é para brigar” diz Jeff Ehlert, pescador e guia do parque nacional de Rocky Mountain, lembrando um dito popular da bacia do rio Colorado – um dos mais explorados, desviados e bloqueados rios no mundo. Como manter 30 milhões de pessoas que vivem no oeste americano? Como conciliar os interesses das cidades, dos agricultores, da vida selvagem, das indústrias e das comunidades indígenas, todos com direito à água? 18h00 : festival filmambiente Brasil orgânico de Katia Klock e Lícia Brancher (Brasil, 2013. 58’) Esse documentário sobre a cadeia de alimentos orgânicos, do produtor ao consumidor, percorre os biomas brasileiros e conta histórias de pessoas, lugares e ideais de vida.

A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer

Flores raras de Bruno Barreto

20h00 : festival filmambiente Cabeça de touro (Rundskop - BullHead) de Michael R. Roskam (Bélgica, 2011. 104’) Um criador de gado é procurado por um veterinário sem escrúpulos que lhe propõe um trato nebuloso com um famoso comerciante de carnes. O filme é baseado no assassinato de Karel van Noppen, um inspetor de carnes do governo belga que investigava práticas ilegais de fazendeiros e comerciantes na Bélgica.

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Programa sujeito a alterações. Confira a programação completa do Instituto Moreira Salles em www.ims.com.br ou pelo telefone 3206 2500

Bolivia de Israel Adrián Caetano


QUINTA 5 14h00 : Flores raras de Bruno Barreto (Brasil, 2013. 118’) 16h00 : festival filmambiente Mobília irlandesa (Irish Folk Furniture) de Tony Donoghue (Irlanda, 2012. 9’) Um filme de animação sobre reciclagem de mobiliário rural na Irlanda. Sobre rodas: o sonho do carro (Keep on rolling: the dream of the automobile) de Óscar Clemente (Espanha, 2011. 56’) Em pouco mais de um século o automóvel revolucionou nosso modo de viver. Para ele deixamos 62% do espaço urbano – carros, estradas, estacionamentos e garagens – e cada vez menos espaço para as atividades humanas. O carro nos transformou em nômades sedentários. Em constante movimento, mas nunca nos movendo realmente. Por meio de entrevistas, animações e material de arquivo dos anos 1950, o filme detalha como nosso modo de vida tornou-se complemente dependente do automóvel. 18h00 : festival filmambiente Terra arrasada (Verwundete Erde) de Michale Boganim (Alemanha, França, Polonia, 2011. 108’) Tchernobyl de 1986, poucas horas antes do desastre. Casamento de Piotr e Anya é interrompido por um incêndio na usina. 20h00 : festival filmambiente Nós somos uma legião: a história dos hackers ativistas (We Are Legion: The Story of the Hacktivists) de Brian Knappenberger (EUA, 2012. 95’) Os trabalhos e crenças do coletivo que se auto intitula “hacktivistas”, nos leva para dentro da complexa cultura e história do coletivo. Através de entrevistas com membros – alguns recentemente liberados outros ainda aguardando julgamento – além de escritores, professores e outros ativistas, o filme traça o caminho percorrido pelo coletivo até tornar-se um movimento global, uma nova arma de desobediência civil em um mundo conectado.

SEXTA 6 14h00 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) Dez anos depois de um primeiro registro dos ensaios do Corpo de Dança da Maré, coordenado por Ivaldo Bertazzo, um novo encontro com os integrantes do grupo. “Não mais o simples registro dos preparativos para a estreia de Dança das marés. Agora se abriam novas perguntas e possibilidades: qual foi o impacto daquela experiência na vida deles agora como jovens adultos? Foi de alguma maneira transformadora? Que oportunidades haviam surgido? Como cada um havia lidado com a realidade que se apresentava? No último espetáculo, eles retrataram a passagem da infância para a adolescência, agora enfrentavam a passagem para o mundo adulto com suas responsabilidades e compromissos.” 15h30 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) 17h30 : o cinema em busca de emprego Ladrões de bicicletas (Ladri di biciclette) de Vittorio de Sica (Itália, 1948. 93’) A história se passa na Itália destruída após a Segunda Guerra Mundial. Ricci (Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse trabalho, de colador cartazes na rua, exigia que o empregado tivesse uma bicicleta. Com muito esforço, empenhando as poucas coisas que ainda possuem, Ricci e sua mulher Maria (Lianella Carell) conseguem dinheiro para a compra de uma bicicleta. Mas nos primeiros dias de trabalho, a bicicleta é roubada. Ricci e o filho, Bruno (Enzo Staiola), saem desesperados em busca do ladrão. 20h00 : o cinema em busca de emprego Bolívia (Bolívia) de Israel Adrián Caetano (Argentina, 2001. 75’) “É uma história pequenina, de um tipo que vem trabalhar em Buenos Aires com a esperança de conseguir melhorar de vida”, resume o diretor. “É o dia a dia do boliviano Freddy, da paraguaia Rosa e de outros trabalhadores comuns, motoristas de taxi, reduzidos a quase nada pela crise econômica, presos num bar de esquina. É onde se dá um enfrentamento entre gente da mesma classe social. Vítimas de um destino que sequer chegam a entender, eles terminam por brigar uns com os outros”.

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Rutger Hauer: A lenda do santo beberrão de Ermanno Olmi

Gian Maria Volonté e Salvo Randone: A classe operária vai para o paraíso de Elio Petri

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SÁBADO 7 14h00 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) 15h30 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) 17h30 : o cinema em busca de emprego A classe operária vai para o paraíso (La classe operaia va in paradiso) de Elio Petri (Itália, 1971. 125’) Trabalhador dedicado e eficiente, Lulu é admirado pelos chefes e odiado pelos colegas. O sindicato decide protestar contra os baixos salários e as condições de trabalho na fabrica e Lulu não participa das reivindicações até ser vítima de um acidente de trabalho e não contar com o apoio dos patrões. Ele então aceita integrar-se ao sindicato e participar da greve. Mas depois de de algum tempo na tensão das lutas sindicais, começa a dar sinais de colapso e decide visitar um velho amigo e ex-líder dos trabalhadores sobre a greve dos colegas de trabalho e sobre a sensação de que seu cérebro começava a fazer greve. 20h00 : o cinema em busca de emprego O emprego (Il posto) de Ermanno Olmi (Itália, 1961. 93’) Exibição especial para assinalar o lançamento do oitavo título da coleção dvd ims. Segundo filme do diretor, conhecido no Brasil principalmente por A árvore dos tamancos (1978). É a história de Domenico, jovem que se candidata a uma função administrativa numa grande empresa de Milão. Passa por um longo dia de testes, em que conhece Antonieta, também candidata a uma vaga. Os dois são selecionados, mas a satisfação com o novo emprego logo desaparece quando Domenico descobre que terá de trabalhar longe de Antonieta e que fora admitido como mensageiro, e não para a função administrativa que desejava. “Raramente escrevo roteiros organizados e sistemáticos, em vez disso, rabisco várias anotações” diz Olmi sobre seu processo de trabalho. “Quando estou filmando, chego no set com pequenos pedaços de papel cheios de anotações sobre o diálogo, a atmosfera, rostos e começo uma nova fase crítico-criativa – não uma fase crítico-executiva, mas fundamentalmente criativa – enquanto penso nos planos que quero filmar”.

DOMINGO 8 | Especial Olmi 14h00 : O emprego (Il posto) de Ermanno Olmi (Itália, 1961. 93’) Para melhor ver o filme, sugere Millicent Marcus no livreto que acompanha o dvd, convém retornar a Ladrões de bicicletas, “Olmi parece trazer alguns pressupostos do filme de De Sica para chegar a conclusões lógicas sobre a Itália de 1961. É como se estivéssemos visitando a família Ricci 13 anos após para encontrar Antônio não só confortavelmente empregado, mas pai de dois filhos que subiram ainda mais na escala social. Um exemplo visual de ascensão social intergeracional ao mostrar Domenico e seu pai saindo pela manhã para trabalhar, vestidos com roupas adequadas às classes divergentes a que agora pertencem (…) No final, os olhos de Domenico lembram a amargura do olhar de Ricci por não conseguir realizar seus sonhos”. 16h00 : A árvore dos tamancos (L’ albero degli zoccoli) de Ermanno Olmi (Itália, França, 1978. 186’) Uma fazenda italiana no início do século 20. A gente pobre que vive lá, recebe uma paga por produtividade. Uma das famílias decide que o filho, muito inteligente, deve ir para a escola em vez de seguir trabalhando com eles. O sacrifício é grande para todos. O filho tem que acordar cedo e caminhar vários quilômetros para chegar à escola. Quando os sapatos do filho se quebram, os pais, sem dinheiro para comprar outro, não sabem o que fazer. 19h30 : A lenda do santo beberrão (La leggenda del santo bevitore) de Ermanno Olmi (Itália 1988. 127’) Um mendigo alcoólatra recebe uma grande soma de dinheiro de um estranho e atribui a sorte inesperada ao Santo Bevitor, ou o “santo dos bêbados”. Uma única exigência lhe é feita ao receber o dinheiro: quando ele puder pagar o que recebeu, terá de devolver o favor a um outro necessitado. Com muitos e longos planos em silêncio, e destacadas atuações de Rutger Hauer e Anthony Quayle, o filme inspirado no livro de Joseph Roth (Die Legende des Helligen Trinkers, publicado em 1939) o filme recebeu o Leão de Ouro de Veneza em 1988.

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QUARTA 11 14h00 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) Em 2002, depois de assistir um ensaio do Corpo de Dança da Maré, “bastante impressionados com a energia e vitalidade do grupo”, Solberg e Mayer documentaram a preparação e estreia do espetáculo Dança das marés. Dez anos mais tarde, os diretores reuniram “os integrantes do grupo na casa de um deles, para sabermos o que havia acontecido com cada um. A partir daí que sentimos que a passagem do tempo havia, na realidade, enriquecido o projeto. A história do Cadu (um dos diretores de 5 x Favela - Agora nós mesmos) é surpreendente. E Aline, que na época do filme pensava em ser fisioterapeuta, agora estava se formando como advogada”. 15h30 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’)

Tempos modernos de Charles Chaplin

17h30 : o cinema em busca de emprego À nós a liberdade (À nous la liberté) de René Clair (França, 1931. 97’) Dois presidiários escapam juntos da prisão. Anos mais tarde, um deles enriqueceu e tornou-se proprietário de uma fábrica de operação altamente mecanizada - como a linha de montagem em que era obrigado a trabalhar na prisão. O outro, sempre pobre, tornou-se um operário. Contratado pela fábrica de seu ex-companheiro de cela, encontra-se um dia com o patrão preocupado com a possibilidade de que seu passado venha a público.

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20h00 : o cinema em busca de emprego Tempos modernos (Modern Times) de Charles Chaplin (EUA, 1936. 83’) “Até O circo, para Chaplin, Carlitos não possuía consciência de seu drama e morreria se tivesse” – lembra Walter da Silveira no livro Imagem e roteiro de Charles Chaplin, editora Mensageiro da Fé, Salvador, 197 – “Com Tempos modernos, a integração na sociedade, sua condição de operário, tentará libertá-lo da fantasia e da existência errante, fornecer-lhe uma perspectiva pessoal dentro do mundo. Sua individualidade já interessa tanto quanto o que ele representa. Além de personagem, um símbolo. Não é mais um homem perdido no mundo. Pretende permanecer no presídio quando o libertam, porque lhe davam comida. Seu aspecto exterior de antigo vagabundo esconde a angústica do atual operário, levado ao desemprego pela mecanização da fábrica. É um sem-trabalho, número de uma classe”.

O homem que virou suco de João Batista de Andrade

O ferroviário de Pietro Germi


QUINTA 12 14h00 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) Os ensaios de 60 adolescentes integrantes do Corpo de Dança do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Durante os seus três anos de existência, o grupo coordenado pelo coreógrafo Ivaldo Bertazzo montou três espetáculos: Mãe gentil, Folias guanabaras e Dança das marés – este último acompanhado pelos diretores desde os meses de ensaios, passando pela construção da coreografia e do texto, até o grande dia da apresentação final. Dez anos depois, novas conversas com alguns dos integrantes do Corpo de Dança da Maré procuram saber como suas vidas foram transformadas pela experiência com a arte. 15h30 : A alma da gente de Helena Solberg e David Meyer (Brasil, 2013. 83’) 17h30 : o cinema em busca de emprego O ferroviário (Il ferroviere) de Pietro Germi (Itália, 1956. 105’) Depois de quase causar um acidente, o maquinista Andrea Marcocci (interpretado por Pietro Germi) é transferido do expresso de passageiros para um trem de carga. Irritado com o sindicato, que se nega a ouvir suas razões, ele fura uma greve, o que o deixa numa situação ainda mais complicada, no trabalho, no sindicato e em casa – onde o fiho mais velho, desempregado, e a filha, separada do marido, não se entendem com ele. Só o filho mais novo admira o pai, que, deprimido, se refugia na bebida. 20h00 : o cinema em busca de emprego O homem que virou suco de João Batista de Andrade (Brasil, 1981. 97’) No começo, o narrador parece interessado em contar a história de Severino, migrante nordestino, empregado numa fábrica de São Paulo: ele mata o patrão no meio da festa em que iria receber o prêmio de operário padrão. Começa assim, mas logo se desvia para outra história, a de Deraldo, migrante nordestino também, poeta recém-chegado a São Paulo, sósia de Severino e com ele muitas vezes confundido. Antes de chegar à história de Severino, antes de apontar as causas que levaram o operário a matar o patrão na festa em que seria homenageado por ele, seguimos as aflições do artista. Estrelado por José Dumont no papel de Severino e Deraldo, produzido pela Raiz Cinematográfica, o filme se exibe em cópia restaurada pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro no Labocine com supervisão de Francisco Sérgio Moreira

SEXTA 13 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) Inspirado nos versos da música de Renato Russo – história de João de Santo Cristo, que migra do interior da Bahia para Brasília– o filme volta aos cinemas no mesmo dia em que se exibe no programa oficial do Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá. 16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) Em 1884, o o pintor Juan Manuel Blanes recebe a incumbência de fazer um retrato de José Gervasio Artigas (1764-1850), o herói da luta pela independência do país. Sem imagens que possam servir de modelo, o pintor utiliza as anotações feitas por Anibal Larra, um espião espanhol que acompanhou La Redota, a marcha pela independência do Uruguai no início do século 19. 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

SÁBADO 14 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) Segundo filme de César Charlone (o primeiro foi O banheiro do Papa / El baño del Papa, co-dirigido com Enrique Fernández, 2007). Charlone é conhecido principalmente como fotógrafo (entre outros, de Feliz ano velho, de Roberto Gervitz, 1987; Como nascem os anjos, de Murilo Salles, 1996; Cidade de Deus, 2002, O jardineiro fiel / The Constant Gardner, 2005, e Ensaio sobre a cegueira / Blindness, 2008, os três dirigidos por Fernando Meirelles) 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

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DOMINGO 15 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) Quando a canção Faroeste caboclo, composta por Renato Russo do Legião Urbana, foi lançada, nos anos 80, René Sampaio tinha 14 anos. “Quando tocou no rádio achei incrível, queria ouvir de novo para pegar o resto da letra. Já queria fazer o filme desde aí”. Fabrício Boliveira vive João de Santo Cristo, anti-herói que sai do interior da Bahia para tentar a vida em Brasília. Ísis Valverde vive Maria Lúcia, a namoramada de João. O filme dá mais espaço à história de amor da canção e deixa em segundo plano as questões sociais e políticas que fazem parte dela. “Os dois estão procurando preencher a tristeza”, define Ísis. “Choramos muito no ensaio, quando percebemos o tamanho da solidão dos personagens”, acrescenta Fabrício. “A proposta merece aplausos (comenta Daniel Schenker em www.criticos.com.br ): adotar uma música de 159 versos distribuídos em mais de nove minutos, como base de criação e desenvolver a história contida nela – a de João de Santo Cristo, que migra do interior da Bahia para Brasília, onde se envolve com a burguesa Maria Lúcia e o tráfico de drogas, terreno dominado em boa medida pelo playboy Jeremias – tudo isto sem perder de vista a filiação a um gênero, o western”.

Faroeste caboclo de René Sampaio

16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) TERÇA 17 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

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Artigas - La Redota de Cesar Charlone


QUARTA 18 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’)

SEXTA 20 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’)

16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’)

16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’)

18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) “Nas principais praças de todas as cidades uruguaias, uma estátua equestre; nas paredes de escolas e de repartições públicas, um retrato imponente. José Gervasio Artigas é uma figura emblemática. Por que existem em torno dele tantas histórias desencontradas?” O projeto, esclarece o diretor, feito com a colaboração do roteirista Pablo Vierci e o empenho do ator Jorge Esmoris, foi filmar “um Artigas de carne e osso, não repetir o bronze das estátuas, não apenas repetir o que se conta na História tradicional”. Charlone diz que seu roteirista “sempre se referia a Artigas como um um condutor conduzido. Gostei da definição e decidi adotar o mesmo comportamento para a direção do filme. Eu me deixei conduzir pelas pessoas encarregadas das diferentes áreas do filme. Foi assim até no que diz respeito à escolha do elenco. Recebia sugestões e ia aceitando”.

20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

Exibido na competição latino-americana do 40º Festival de Gramado de 2012, Artigas - La Redota recebeu os prêmios de melhor filme, melhor direção e melhor ator do Júri Oficial, e ainda os prêmios do Júri da Crítica e do Júri Popular.

QUINTA 19 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

SÁBADO 21 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

DOMINGO 22 14h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 16h00 : Faroeste caboclo de René Sampaio (Brasil, 2013. 108’) 18h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’) 20h00 : Artigas - La Redota de Cesar Charlone (Uruguai, 2011.118’)

De terça-feira 24 a sexta-feira 27 de setembro não serão realizadas sessões de cinema.

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Festival do Rio De sábado 28 de setembro até domingo 12 de outubro a programação de cinema será feita em parceria com o Festival do Rio. No programa, uma seleção de clássicos do cinema mudo restaurados pela Fundação Murnau, entre eles: Dr. Mabuse (Dr. Mabuse, der Spieler- Ein Bild der Zeit, 1922), de Fritz Lang, A princesa das ostras (Die Austernprinzessin, 1919), de Ernst Lubitsch, Diário de uma pecadora (Tagebuch einer Verlorenen, 1929), de G. W. Pabst, e A última gargalhada (Der Letzte Mann, 1924), de Friedrich W. Murnau. Quatro filmes mudos de Alfred Hitchcock restaurados pelo British Film Institute: The Lodger, a Story of London Fog (1927), Downhill (1927), Easy virtue (1928) e The Farmer’s Wife (1928).

A marca da pantera de Paul Schrader

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The Lodger, de Alfred Hitchcock

E duas retrospectivas em presença dos realizadores: Ulrike Ottinger (entre outros, Under Snow e The Image of Dorian Gray in Yellow Press) e Paul Schrader (entre outros, A marca da pantera, Mishima, American Gigolo e O sequestro de Patty Hearst)

Diário de uma pecadora, de G. W. Pabst


Instituto Moreira Salles Rua Marquês de São Vicente, 476. Gávea. Telefone: (21) 3206-2500 www.ims.com.br Aberto ao público de terça a domingo das 11h às 20h Acesso a portadores de necessidades especiais. Estacionamento gratuito no local. Café wifi Fundado em 1992, o ims é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem por finalidade exclusiva a promoção e o desenvolvimento de programas culturais. A sede do Rio de Janeiro (o ims tem centros culturais em São Paulo e Poços de Caldas) abriga espaços expositivos, sala de cinema, sala de aula, biblioteca, cafeteria, loja de arte e ateliê. O ims possui um acervo de fotografia, com mais de 550 mil imagens, de música, com cerca de 28 mil gravações, de literatura e de artes plásticas, instalado em reservas técnicas com padrões e tecnologia para a conservação e a restauração. Entre as coleções destacam-se as fotografias de Marc Ferrez, Marcel Gautherot e José Medeiros, desenhos de Millor Fernandes, as discotecas de Humberto Franceschi e José Ramos Tinhorão, os arquivos pessoais de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Elizeth Cardoso e Mário Reis, e as bibliotecas dos escritores Ana Cristina César, Rachel de Queiroz, Otto Lara Rezende e Carlos Drummond de Andrade. No site do ims está hospedada a Rádio Batuta, um ponto de seleção, análise entretenimento e análise da música popular brasileira. O Instituto edita uma revista quadrimestral de ensaios, Serrote, uma revista semestral de fotografia, Zum. Em outubro de 2012 o Instituto inaugurou uma coleção dvd. Os títulos já editados são: Shoah de Claude Lanzmann, La Luna de Bernardo Bertolucci, Cerimônia de casamento de Robert Altman, Conterrâneos velhos de guerra de Vladimir Carvalho, Vidas secas e Memórias do cárcere, de Nelson Pereira dos Santos, São Bernardo, de Leon Hirszman e, lançamento desse mês, o italiano O emprego, de Ermanno Olmi. O próximo título será Cerimônia secreta de Joseph Losey. O cinema do ims recebeu o prêmio O Melhor do Rio de Janeiro 2012 / 2013 da revista Época.

Superintendente Executivo : Flávio Pinheiro Coordenação do ims - rj : Elizabeth Pessoa Curadoria de cinema : José Carlos Avellar Produção de cinema e dvd : Gisella Cardoso

O programa de cinema de setembro conta com o apoio da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Cinemateca da Embaixada da França; e com a parceria do Festival Internacional do Audiovisual Ambiental, da Videofilmes, do Espaço Itaú de Cinema e do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. Ingressos Para Flores raras, A alma da gente e Artigas - La Redota : Terça, quarta e quinta: R$ 18,00 (inteira) R$ 9,00 (meia) Sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 22,00 (inteira) e R$ 11,00 (meia) Para todos os outros programas, de terça a domingo: R$ 16,00 (inteira) e R$ 8,00 (meia) Passaporte : Com validade para 10 sessões do Festival Filmambiente e da mostra O cinema em busca de emprego podem ser adquiridos na recepção passaportes no valor de R$ 40,00 Capacidade da sala: 113 lugares. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Ingressos disponíveis também em www.ingresso.com Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7417 As seguintes linhas de ônibus passam em frente ao ims: 158 – Central-Gávea (via Praça Tiradentes, Flamengo, São Clemente) 170 – Rodoviária-Gávea (via Rio Branco, Largo do Machado, São Clemente) 537 – Rocinha-Gávea 538 – Rocinha-Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea

Capa: Sandro Panseri em O emprego de Ermanno Olmi Quarta capa: Jorge Esmoris em Artigas - La Redota, de César Charlone, e Gian Maria Volonté em A classe operária vai para o paraíso, de Elio Petri.


ARTIGAS - LA REDOTA • A CLASSE OPERÁRIA VAI PARA O PARAÍSO • A ALMA DA GENTE • TEMPOS MODERNOS A NÓS A LIBERDADE • LADRÕES DE BICICLETAS • O HOMEM QUE VIROU SUCO • A ÁRVORE DOS TAMANCOS

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INSTITUTO MOREIRA SALLES • CINEMA • SETEMBRO DE 2013


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