Território da Imagem

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território da imagem

Em outubro de 2020, a equipe de educação do IMS Rio lançou a proposta pedagógica online Território da imagem, com o objetivo de trabalhar imagem e memória na plataforma interativa ImagineRio. O site, que articula imagens do acervo IMS com o mapa da cidade, é um ponto de partida para pensarmos passado, presente e futuro de nossos territórios, apoiados no exercício de apropriação das narrativas e no esforço imaginativo dos participantes. Neste documento, apresentamos o retorno enviado por professoras do Colégio Pedro II - Campus Humaitá II, com resultados feitos por alunas do 8° ano do ensino fundamental. Os trabalhos de história e ciências sociais fizeram parte do Projeto interdisciplinar “Nós da Cidade”, que procurou refletir sobre diferentes aspectos da cidade do Rio de Janeiro.


Relato das professoras Clarissa Santos e Roberta Martinelli “A plataforma ImagineRio foi um recurso bem interessante que usamos no contexto das atividades pedagógicas de acolhimento desenvolvidas de forma remota no CPII em 2020. Estimulamos os/ as estudantes do 8º ano a explorarem livremente a plataforma, na temporalidade da primeira metade do século XIX à primeira metade do século XX, e a escolherem imagens de espaços da cidade que guardassem alguma ligação afetiva. A partir das imagens, refletimos sobre as mudanças e permanências do espaço escolhido ao longo do tempo. Ainda a partir da proposta educativa do IMS, propusemos que os/as estudantes imaginassem quem eram aquelas pessoas e criassem narrativas ficcionais dando vida às imagens. A percepção das desigualdades produzidas no regime escravagista e o que contariam para aquelas pessoas se pudessem viajar no tempo foram outras atividades propostas.”


Retornos disciplina de história profa. Roberta Martinelli

Atividade proposta: Criando narrativas pessoais a partir da plataforma ImagineRio: escolher uma imagem e escrever um texto sobre o que chamou atenção, porque a escolheu, se há alguma relação afetiva com o local escolhido. Pesquise uma foto atual deste mesmo lugar e identifique as mudanças e permanências observadas na paisagem urbana neste intervalo de tempo. Para finalizar! Elabore uma nova imagem a partir da imagem que você escolheu na plataforma ImagineRio para ilustrar o seu texto. Você pode desenhar, imprimir a foto original e desenhar novos elementos por cima dela ou introduzir colagens.


Ana Luiza Auad

A imagem que escolhi é uma pintura, da Pfarre Sa. Rita in der rua dos Pescadores, do ano de 1817. Contém uma construção e não há meios de transporte. Aparecem na imagem várias pessoas, não é possível identificá-las, mas é possível ver que elas estão caminhando pelo lugar, onde tem alguns comércios! O que mais me chamou atenção foi a forma do desenho, me encantei pela delicadeza e perfeição dos pequenos detalhes, mas esse lugar da cidade não tem nenhum significado afetivo para mim.

Thomás Ender, Pfarre Sa. Rita in der rua dos Pescadores, 1817


Beatriz Carvalho Farias

É uma fotografia do ano de 1905. Da vista do final da rua Real Grandeza, onde hoje é a saída do túnel Alaor Prata, mais conhecido como Túnel Velho, sendo uma das principais ruas do bairro de Botafogo. Na paisagem, além dessa grande rua, aparecem alguns carros, postes de energia, casas, árvores e, ao que me parece, à sua esquerda, tem uma grande fábrica. E, à sua direita, está o cemitério de São João Batista, que existe desde 1905. Não consegui identificar nenhuma pessoa na foto. Essa imagem me chamou atenção por estar muito próxima da rua onde moro. Me deixando mais curiosa e empolgada! Além de ter essa conexão pessoal, a escolhi porque queria saber mais sobre essa fotografia e também sobre os outros lugares próximos. Quando observei a foto, consegui identificar exatamente de onde foi registrada, por ser um lugar que sempre passo.

Augusto Malta. Vista da rua Real Grandeza, Cemitério São João Batista à direita e morro Santa Marta ao fundo, 1905

Observei que ocorreram muitas transformações na paisagem urbana durante estes anos. Aquelas construções e casas da foto não existem mais. No lugar delas, foram construídos: muitos

prédios, casas, empresas, postos de gasolina, mais ruas, e a saída do túnel Alaor Prata. O cemitério de São João Batista, à direita da fotografia, continua lá. E essa rua principal também existe ainda.


Beatriz Carvalho Farias

Por ser muito próximo da minha residência, como já foi dito, fiz questão de ir até o local com minha família para registrá-la e fazermos a comparação. Com certeza, a vida das pessoas que viviam no local naquela época era muito diferente da nossa atualmente. Como diferentes formas de trabalho, vida cotidiana, meio de transporte, entre outros. Mas acredito que as pessoas que passavam ali naquela época faziam o mesmo que nós, hoje, estavam indo para seus respectivos trabalhos, compromissos e/ou passeios.


Isadora Miranda

Os Arcos da Lapa são a marca registrada do bairro da Lapa no Rio de Janeiro, caracterizado por muita festa, bares e restaurantes e alegria. Passar por lá me recorda de muitos bons momentos. Na Fundição Progresso, no Circo Voador, em passeios e idas sempre felizes na casa de uma amiga que morava por lá. Além de ter o bondinho, ser no Centro do Rio (que guarda muitas histórias) e antes ser o Aqueduto da Carioca.

Marc Ferrez, Arcos da Lapa, 1905


Isadora Miranda

A imagem escolhida é uma fotografia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, localizado na Cinelândia, em 1905. Nela aparece a linda fachada do Theatro Municipal bem ornamentada e com várias janelas, algumas árvores e plantas bonitas e postes de luz. É possível ver também algumas construções baixas, um carro e poucas pessoas, que parecem ser homens, caminhando pela região, vestindo ternos e calças compridas escuras. Escolhi esta imagem porque é um lugar que já tive ótimas experiências. Fui em alguns shows e uma apresentação de dança, todos incríveis. Além disso, sempre passei muito pela Cinelândia com a minha mãe, principalmente quando eu era bem pequena. Observando uma imagem atual dessa fachada, posso ver que muita coisa mudou e apenas as árvores e o Theatro permanecem, talvez com algumas reformas

Augusto Malta, Fachada do Theatro Municipal, 1905 necessárias. O tráfego de carros com certeza é bem mais intenso, os postes de luz foram trocados e principalmente foram erguidos muitos edifícios enormes, em sua maioria comerciais. Como a região do Centro do Rio tem muito comércio e empresas, o número de pedestres que passa por ali é

grande, e o de turistas também é considerável. O Theatro Municipal já foi palco de lindas apresentações, então acredito que não tenha mudado muito as experiências das pessoas por lá, apenas novos temas a serem abordados em peças e mais recursos em apresentações.


Retornos disciplina de ciências sociais profa. Clarissa Santos

Atividade proposta: 1. a) Narrativa de ficção criada a partir da imagem selecionada. b) Se você voltasse no tempo, o que iria contar para as pessoas dessa cena sobre a cidade do Rio de Janeiro de hoje? Quais dicas deixaria para elas sobre o que fazer (ou não fazer) sobre o futuro do Rio de Janeiro?! 2. a) Identificando desigualdades através das imagens: Quais diferenças entre pessoas negras e brancas em termos de: – Atividades/profissões exercidas? – Vestimentas usadas? b) Quais elementos das imagens indicam a exploração dos(as) negros(as) escravizados?


Beatriz Carvalho Farias

a) Bom de vida Em uma manhã de 1905, na cidade do Rio de Janeiro, um homem chamado Júlio tinha acabado de receber a notícia de que seu motorista particular não chegaria a tempo. E como já estava atrasado para o trabalho, não teve escolha a não ser pegar o bonde. A cidade permanecia agitada durante a semana. Com muitos carros e pessoas nas ruas. Os bondes estavam lotados, e Júlio pegou o seu na praia de Botafogo. Assim que subiu, notou a diversidade de passageiros. E como não estava acostumado com esse tipo de transporte, ficou pensativo: o que essas pessoas estavam indo fazer? Logo a sua frente, observou uma mulher de cabelos negros e longos, acompanhada aparentemente de sua filha com vestido florido. As duas pareciam apenas estar indo passear,

Augusto Malta, Bonde elétrico na praia de Botafogo, 1905


Beatriz Carvalho Farias

conversavam e davam altas gargalhadas juntas. Um tempo depois, uma senhora se aproximou e perguntou: — Com licença, senhor, este é o bonde que passa em Copacabana? Muito tranquilamente respondeu: — Isso mesmo! A dona parecia radiante e com um belo sorriso agradeceu a ele. Assim que se afastou, Júlio tinha certeza de que ela iria encontrar algum amigo, familiar, alguém muito importante. Mais ao fundo, avistava-se um jovem negro e arrumado. Que olhava para o relógio o tempo todo. Seu rosto demonstrava nervosismo. Para onde será que estava indo? Entrevista de emprego, encontro com a amada, trabalho… Júlio pensava em todas as possibilidades. De repente, um senhor gritou,

chamando atenção dos passageiros: — Grrrr! Isso não anda mais rápido não?! Aquele parecia estar sempre estressado e bastante atrasado. Reclamava de tudo em sua volta. Antes de Júlio saltar, imaginou que a pessoa à sua esquerda poderia ser um guarda-noturno, cochilando depois de sua madrugada de trabalho. Porque era um homem alto, forte e bem uniformizado. A partir daquele dia, como Júlio não estava acostumado com aquilo, ficou ainda mais curioso. Reparou como muitas pessoas tinham rotinas diferentes comparadas à dele. Indo, voltando, ou apenas passeando. Cada um com sua vida e o seu próprio cotidiano. b) Se possível, começaria mostrando fotos e vídeos interessantes sobre o

desenvolvimento, as mudanças, e os lugares e construções mais visitadas da nossa cidade. E com certeza me interessaria em saber a opinião delas: O que elas gostaram? O que mais mudou? Se imaginavam que isso poderia acontecer? Depois falaria sobre termos cuidado e carinho com a nossa cidade. Fazendo um pouquinho a cada dia, pois pequenas atitudes fazem a diferença! 2 - a) As pessoas negras tinham o trabalho pesado. Nas fotografias, mostra-se que trabalhavam para as brancas, como escravos. Transportavam, carregavam, limpavam, fabricavam e cozinhavam. E os brancos tinham suas próprias profissões, não identificadas nos desenhos. Os homens negros, na maioria das


Beatriz Carvalho Farias

pinturas, usavam apenas calças e colares. E andavam descalços. As mulheres negras vestiam saias, vestidos e turbantes de pano, com colares e brincos grandes. Também ficavam sem calçado. Os homens brancos usavam roupas bem alinhadas, como ternos, chapéus e sapatos modernos. Já as mulheres brancas usavam vestidos bem volumosos e elegantes. Com peças e joias de valor. b) Várias explorações de atividades, além de servirem de empregados, servem de transporte para os brancos, carregamento de produtos pesados, trabalho na cozinha e alta produção.


Isadora Miranda

1) a) Era uma tarde nublada e chuvosa no ano de 1905, poucas pessoas na rua. Por ali, havia apenas pessoas que chegaram bem cedo para garantir um bom lugar no grande espetáculo de dança que iria acontecer no Theatro Municipal. Nessa época, era necessário ter bastante dinheiro para frequentar o Theatro. Na lateral, uma moça discutia com seu motorista, que quase tinha batido o carro no caminho, e ele tentava justificar dizendo que ela o apressava e pedia para ele acelerar para chegar cedo, ela alegava que era mentira. Na frente do Theatro, um casal rico de turistas andava pela Cinelândia, observando tudo, e o homem ia atrás de sua esposa, que corria, pois o Theatro havia aberto. b) Contaria para elas que no futuro tudo aquilo ficaria mais movimentado, com carros, metrôs, VLT, ônibus. Surgiram muitos comércios e inúmeros prédios. Além disso, seria difícil de explicar o quanto a tecnologia e a

Augusto Malta, Fachada do Theatro Municipal, 1905


Isadora Miranda

ciência evoluíram. Acho que não contaria sobre a pandemia, pois ainda faltava mais de cem anos para 2020. Aconselharia todos a tomarem cuidado com bolsas e carteiras para evitar assaltos, porque a violência aumentou bastante. a) Pessoas brancas estão vestindo roupas formais ou uniformes de soldados, da realeza, acessórios e calçados. Pessoas negras vestem poucas roupas e mais simples. Em termos de tarefas exercidas, negros estão fazendo tarefas mais pesadas, de carga, manuais, que exigem muito do físico, ou servindo os brancos, que aparecem como capitães, soldados, seguranças, pessoas da Igreja, da realeza, sempre servidos por pretos. b) Pretros estarem sempre fazendo trabalhos pesados, servindo brancos, não usando sapatos, sem roupas minimamente parecidas com as vestidas pelos brancos.


Juliana de Souza Paiva

Atividade 1 a) O homem na charrete está esperando sua patroa, ele não aguentava mais de tanto calor que fazia naquele dia e abriu o guardachuva para se proteger um pouco do sol e em pensamento não para de se pergunta o porquê de sua patroa demorar tanto para sair da estação. Um pouco à frente desse homem, dois outros homens caminham juntos conversando, um deles fala: “Como vamos pagar o aluguel da pensão, mês passado a dona Raimunda expulsou o Francisco só por um dia de atraso no aluguel”. E o outro homem respondeu: “Calma homem isso não vai acontecer com a gente, vamos terminar de vender os seus jornais e teremos dinheiro suficiente para pagar o aluguel“. Um pouco à frente deles, um homem com sua pequena filha espera ansioso pela volta de sua esposa, e fala para a menina: “A mamãe vai chegar nesse trem do meio-dia”. A menina não

Marc Ferrez, Estação Central do Brasil, 1885


Juliana de Souza Paiva

responde, apenas olha para dentro da estação, esperando achar sua mãe. b) Que anos mais tarde aquela região seria mais movimentada e povoada do que naquela época e que ferrovias seriam algo normal e que qualquer um (pagando a passagem) poderia andar de trem, para que conservassem e ensinassem as crianças (da época) para a preservação e conservação das florestas, áreas de mata e dos rios.

Atividade 2 a) As pessoas brancas tinham trabalhos que envolviam muitos cálculos e leitura e pouco trabalho braçal, por exemplo, projetar e desenhar um tipo de construção, já as pessoas negras exerciam trabalhos mais braçais, como o trabalho em obras de construções. As roupas das pessoas brancas eram mais elaboradas do que as das pessoas negras, que tinham roupa muitíssimo simples.


Educação IMS Coordenadora Renata Bittencourt Supervisora Ação Educativa IMS Rio Maria Emília Tagliari Santos Educadores IMS Rio Letícia Souza Rafael Lino Ana Clara Mesquita - estagiária


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