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O futuro chegou

Empresas do setor portuário encontram soluções inovadoras e tecnológicas para tornar os negócios lucrativos e sustentáveis

De que forma a inovação e tecnologia podem fomentar a redução de custos e a competitividade das empresas portuárias no Brasil? Para players do mercado, os caminhos estão em investir, de forma inteligente, em Tecnologia da Informação (TI) e ousar, também, em buscar as melhores soluções e práticas em processos no cotidiano corporativo.

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Ricardo Pupo Larguesa, engenheiro de computação, professor universitário e diretor da T2S Tecnologia, destaca que a TI sempre foi aliada da redução de custos e do aumento da competitividade das organizações. “Há o mito de que tira empregos das pessoas, mas a história tem mostrado que, na realidade, os avanços tecnológicos promovem criação de mais empregos de maior valor agregado por permitir mais escala ao negócio”, salienta.

E a inovação tecnológica, acrescenta o executivo, fomenta esses avanços quando é focada nos resultados. Cada organização tem uma realidade distinta, e o processo de inovação identifica os potenciais pontos de melhoria, num processo contínuo de evolução, pressionado pelo mercado que exige sempre que seja feito mais com menos.

A T2S Tecnologia atua na integração de sistemas, e, atualmente, está focada em tecnologias sofisticadas como Advanced Message Queuing Protocol (AMQP) (ou Protocolo avançado de enfileiramento de mensagens) para dar conta da escala e da segurança que as operações demandam. “Há também iniciativas de desenvolvimento de sistemas de sustentação utilizando plataformas lowcode como uma forma de lidar com a escassez de mão de obra. Porém, estamos entusiasmados mesmo é com as possibilidades de aplicação prática das técnicas e ferramentas de inteligência artificial que estão amadurecendo neste ano”, explica.

Daniel Salcedo, diretor comercial da Brado, ressalta que a própria solução multimodal oferecida pela empresa é uma inovação na logística de cargas, ajudando os clientes a ganhar tempo, melhorar o meio ambiente, além de ter mais segurança e eficiência no transporte de seus produtos. A proposta tem como alicerce a utilização de diferentes modais de forma inteligente: rodovia para distâncias curtas e ferrovia para rotas mais longas.

“Em uma operação habitual de contêineres, a estufagem e os principais processos documentais de exportação são realizados na área portuária. Na nossa solução, essas etapas são adiantadas: tudo é feito nos nossos terminais e o contêiner chega aos portos estufado, lacrado e com a documentação regularizada”, explica.

Um exemplo da Brado são as cargas frigorificadas. “Mato Grosso é o maior produtor e exportador de carne bovina do Brasil. Nosso cliente do interior do estado pega o contêiner vazio em Rondonópolis, estufa e nos devolve para colocarmos no trem, já com a documentação pronta, e descer até o Porto de Santos”, relata Salcedo.

Não fosse assim, aponta o executivo, ele teria de rodar 1.600 quilômetros ou mais com o contêiner vazio de Santos até sua planta: “Nossa solução avança o estoque de contêiner vazio e dessa forma gera ganho de produtividade, redução de custos e ainda contribui para uma logística ambientalmente mais limpa, o que acrescenta valor para as operações dos clientes”.

Outro case de sucesso da Brado é a operação de pluma de algodão, que recebeu investimentos da ordem de R$ 24 milhões nos últimos quatro anos. “Construímos uma área dedicada à pluma em nosso terminal de Rondonópolis, investimos em automação e tecnologia, o que aumentou nossa produção em 50% em 2022 em relação ao ano anterior”, explica o diretor comercial da Brado.

Caminhos

Como está o nível das empresas portuárias brasileiras em relação ao cenário internacional na implantação e aplicação de soluções inovadoras? “Os terminais brasileiros só não são mais avançados tecnologicamente porque a alta taxa tributária limita os retornos dos investimentos em projetos avançados. Mas, com exceção dos problemas de infraestrutura de acesso dos portos, não deixamos nada a desejar”, defende Ricardo Pupo Larguesa.

O poder público pode ter um papel fundamental no incentivo à busca por inovação no setor portuário. O diretor da T2S Tecnologia aponta o caminho: “Reduzir impostos sobre importação de tecnologias estrangeiras não produzidas no Brasil faria com que muitos investimentos previstos se tornassem economicamente viáveis, como projetos de automação parcial ou total de terminais portuários. Investir em infraestrutura de acesso também é uma forma de impulsionar a operação logística como um todo”.

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