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REVOLUÇÃO DAS FINANÇAS

ENTENDA QUAL É O PANORAMA BRASILEIRO QUANDO O ASSUNTO SÃO AS FINTECHS E DESCUBRA COMO ESSAS EMPRESAS PODEM OTIMIZAR O UNIVERSO FINANCEIRO

Derivado das palavras em inglês financial (financeiro) e technology (tecnologia), o termo Fintech é usado para identificar uma categoria de empresas que desenvolvem soluções digitais voltadas para as finanças. Sua principal característica é a forma como elas mudaram a maneira com a qual as pessoas lidam com o dinheiro – seja na hora de armazená-lo e pagar as contas ou receber créditos e investimentos.

“Este é um mercado que vem crescendo em ritmo acelerado. Muito devido à tecnologia, inovação e rapidez para atender às demandas dos consumidores, atingindo até mesmo os desbancarizados”, explica Davi Holanda, fundador do Bankly, CEO da Acesso e Diretor de Serviços Financeiros do Méliuz. Ele destaca que, antes, as pessoas tinham que ir até a oferta de serviço, mas agora a oferta vai até o consumidor por meio das plataformas digitais, com agilidade e segurança.

“Nesse cenário, caminhamos para um recorde de investimentos, superando os US$ 3,2 bilhões já aportados em startups do setor”, conta Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem e Diretor América Latina da Financial Data and Technology Association (FDATA). Sem contar o interesse crescente em internacionalização, por conta das oportunidades que existem no P aís e os avanços regulatórios – que têm aberto espaço para o surgimento de modelos de negócio ainda mais inovadores.

Cenário aquecido

De acordo com Holanda, o Brasil é o maior ecossistema de Fintechs da América Latina. A tendência é que esse mercado continue crescendo nos próximos anos. Atualmente, o país já atingiu um momento de maturidade bastante positivo, com grandes nomes como PagSeguro, Stone e Nubank fazendo sua abertura de capital no exterior. “No País, as fintechs vieram em uma primeira onda por meio dos bancos digitais. Muitos brasileiros puderam usufruir de um produto que vai além do bancário tradicional e de uma maneira mais democrática, barata e conveniente”, diz Caio Ribeiro, General Manager Brazil da fintech de pagamentos Addi. Fato que, segundo ele, naturalmente forçou as empresas que já estavam no mercado a terem que se reinventar para oferecer um serviço ainda melhor.

Isto aconteceu porque, como em qualquer empresa de tecnologia, as fintechs promoveram grande inovação. Especialmente em cenários nos quais as soluções tradicionais não estavam trazendo otimizações com agilidade para o consumidor, por conta da baixa competição do mercado até então.

Davi Holanda, fundador do Bankly, CEO da Acesso e Diretor de Serviços Financeiros do Méliuz

Disrupção do mercado

Ribeiro destaca que a principal característica de startups e empresas nascentes de tecnologia é que elas são organizadas com um propósito muito grande de resolver os problemas dos clientes. “Mais do que isso, elas se baseiam em metodologia ágil e focada, permitindo endereçar e adaptar problemas para as suas soluções de forma muito mais rápida”, explica. Desse modo, as fintechs conseguem fazer em semanas o que empresas maiores demorariam meses ou semestres. Mais do que isso, as empresas de tecnologia financeira trouxeram uma série de novas alternativas para os consumidores. “Essas companhias ampliaram a competição no mercado e ajudaram a bancarizar uma parte da população que estava desassistida e à margem do sistema financeiro”, explica o Diretor América Latina da Financial Data and Technology Association (FDATA).

Isso foi possível pois as fintechs direcionaram o foco para trazer cada vez mais praticidade aos clientes, atendendo às mais variadas necessidades dentro do universo de finanças. De acordo com Diniz, elas aprimoraram, de fato, a experiência de consumo e reduziram os custos em um setor que, durante muito tempo, tinha baixos níveis de satisfação.

Outro ponto que potencializa a atuação dessas empresas em resolver problemas no País é que o consumidor brasileiro tem a característica de ser entusiasta de tecnologia – aderindo muito rapidamente às novidades. “Temos aquela primeira onda de usuários muito intensos, que dão feedbacks e são muito críticos quanto ao que funciona ou não”, destaca Ribeiro. Com isso, as fintechs podem colher informações e corrigi-las ou reproduzi-las com bastante rapidez.

A própria Addi é um exemplo de como o consumidor brasileiro guia o desenvolvimento dessas soluções. Quando chegou ao Brasil, a fintech era baseada em boletos parcelados. “Mas percebemos que essa era uma ferramenta em desuso e adaptamos o produto para o PIX, que, segundo os clientes, fazia muito mais sentido como meio de pagamento e validação de identidade ou biometria”, diz Ribeiro.

COM NOVAS ALTERNATIVAS, A TECNOLOGIA FINANCEIRA AJUDA A BANCARIZAR PARTE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

Caio Ribeiro, General Manager Brazil da fintech de pagamentos Addi

ISVs

Mais do que mudar a forma com a qual as pessoas se relacionam com o dinheiro, as fintechs revolucionaram também o universo de TI. Afinal, apesar de atuarem no setor financeiro, essencialmente elas são empresas de tecnologia.

“Com o crescimento das fintechs, surgiram novas regulamentações, além de processos necessários para garantir a segurança das transações, que estão em constante desenvolvimento”, explica Holanda. Isso tem feito com que as instituições financeiras e de pagamento invistam cada vez mais em tecnologia para garantir esses e outros pontos fundamentais.

Esse cenário tem impactado diretamente na contratação de pessoas. “A demanda por profissionais como desenvolvedores e cientistas de dados aumentará muito à medida que o setor se desenvolver. O que vai gerar ainda mais competição por esses especialistas que já são muito demandados por diferentes mercados”, destaca Diniz.

Só no Méliuz, por exemplo, 53% dos colaboradores trabalham diretamente ligados ao setor de tecnologia e produto. “Atualmente, 70% dos desenvolvedores da companhia estão atuando em features, melhorias e novos produtos que devem ser lançados no próximo ano”, conta o fundador do Bankly, CEO da Acesso e Diretor de Serviços Financeiros do Méliuz.

O Diretor América Latina da Financial Data and Technology Association (FDATA) explica que toda essa demanda vai expandir o ecossistema de ISVs como um todo. Afinal, será necessário atender a necessidade de crescimento e aprimoramento das operações dessas startups.

Segundo Holanda, a digitalização da oferta de serviços financeiros está em constante desenvolvimento. O que significa que vai precisar de novos softwares e soluções inteligentes a todo momento. “Por isso, os Independent Software Vendors que estiverem atentos e acompanharem as tendências e carências do mercado poderão se beneficiar muito com o crescimento do setor”.

Bruno Diniz, sócio da Spiralem e diretor da FDATA

Futuro promissor

“A ascensão das Fintechs está só começando, e há um cenário muito positivo para o futuro”, diz Holanda. Ele destaca que a digitalização das soluções financeiras têm um papel importantíssimo na descentralização da oferta, já que proporciona muito mais autonomia e poder de escolha para o consumidor. “Por isso, acredito que seguiremos batendo recordes de investimentos no setor tanto no Brasil, que tem se tornado referência em tecnologia para serviços financeiros, quanto no mundo”.

A verdade é que todo o globo caminha para uma realidade na qual as linhas que separam o mercado financeiro dos demais estão ficando cada vez mais tênues. Diniz destaca que, a partir daí, se vê empresas de diferentes segmentos – como varejo, telefonia móvel e tecnologia em geral – já começando a distribuir suas soluções digitais.

Fato este que vem alterando de maneira drástica o panorama competitivo que já vinha sendo transformado pelo fenômeno das startups e empresas de soluções financeiras. “Daí a importância de ter em mente que esse é um cenário bem mais amplo do que apenas bancos de um lado e fintechs do outro”, completa o Diretor América Latina da Financial Data and Technology Association (FDATA).

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