Dom Bosco - metodologia científica

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Metodologia CientĂ­fica ClĂĄudia Regina Benedetti


UNIDADE 1 - METODOLOGIA DE PESQUISA................................... 6

1.1 As condições de produção da pesquisa .................................... 7 1.2 As condições de produção da pesquisa .................................... 8 1.3 Reflexão .......................................................................................... 9 1.4 Leituras recomendadas .............................................................. 10 1.5 Referências .................................................................................. 10 1.6 Na próxima unidade .................................................................... 10

UNIDADE 2 - PESQUISA: O MÉTODO .............................................. 11

2.1 O Método de pesquisa ................................................................ 12 2.2 Obstáculos metodológicos: estruturais .................................... 14 2.3 Reflexão ........................................................................................ 14 2.4 Leituras recomendadas .............................................................. 15 2.5 Referências .................................................................................. 15 2.6 Na próxima unidade .................................................................... 15

UNIDADE 3 - OS OBSTÁCULOS DA PESQUISA ............................ 16

3.1 Ausência de reflexão epistemológica ........................................ 17 3.2 Reflexão ........................................................................................ 19 3.3 Leituras recomendadas .............................................................. 19


3.4 Referências .................................................................................. 19 3.5 Na próxima unidade .................................................................... 20

UNIDADE

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-

OUTROS

OBSTÁCULOS

DA

PESQUISA

CIENTÍFICA.......................................................................................... 22 4.1 A fraqueza teórica em pesquisa científica ............................... 24 4.2 Ausência de visão metodológica integrada ............................. 25 4.3 Combinação deficitária entre métodos e técnicas de pesquisa ..................................................................................................... 26 4.4 Reflexão ........................................................................................ 26 4.5 Leituras recomendadas .............................................................. 27 4.6 Referências .................................................................................. 27 4.7 Na próxima unidade .................................................................... 27

UNIDADE 5 - OS PROBLEMAS DA PESQUISA CIENTÍFICA: OBSTÁCULOS À INVESTIGAÇÃO ................................................. 28

5.1 Os obstáculos metodológicos: a dicotomia entre pesquisa descritiva e pesquisa interpretativa .................................................. 30 5.2 Separação entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa ................................................................................................................ 31 5.3 Reflexão ........................................................................................ 32 5.4 Leituras recomendadas .............................................................. 33 5.5 Referências .................................................................................. 33 5.6 Na próxima unidade .................................................................... 33

UNIDADE 6 - PESQUISA DE CAMPO E A PRÁTICA DE ENTREVISTA.............................................................................. 35


6.1 A pesquisa e campo e a prática da entrevista ........................ 37 6.2 Reflexão ........................................................................................ 37 6.3 Leituras recomendadas .............................................................. 38 6.4 Referências .................................................................................. 38

UNIDADE 7 - A PESQUISA DE CAMPO E OS TIPOS DE ENTREVISTAS .................................................................................... 39 7.1 Tipos de entrevistas ..................................................................... 41 7.1.1 A entrevista projetiva ................................................................ 41 7.1.2 História de vida .......................................................................... 41 7.1.3 Entrevista com grupos focais .................................................. 42 7.1.4 Entrevistas Estruturadas .......................................................... 43 7.1.5 Entrevistas abertas ................................................................... 44 7.1.6 Entrevista semi-estruturada .................................................... 44 7.2 Transcrição de entrevistas ......................................................... 43 7.3 Leituras recomendadas .............................................................. 44 7.4 Referências .................................................................................. 44

UNIDADE 8 - O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ......... 47 8.1 A prática de pesquisa: O TCC ................................................... 48 8.2 O artigo científico ......................................................................... 49 8.3 Reflexão ........................................................................................ 50 8.4 Leituras recomendadas .............................................................. 50


Caro Estudante,

Estudaremos neste módulo as principais

questões

que

envolvem

a

produção científica como um todo. Desde procedimentos teóricos e perspectiva das escolhas temáticas, até a questão do Trabalho de Conclusão de Curso, especificamente. Falaremos sobre os obstáculos enfrentados no e desenvolvimento e construção de uma pesquisa, assim como as etapas que envolvem o processo de construção de um projeto de pesquisa. Este módulo é o primeiro passo para que comece a pensar na etapa final de seu curso, a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).


METODOLOGIA DE PESQUISA Nesta unidade, veremos uma abordagem geral sobre a metodologia de pesquisa e os aspectos que devem ser priorizados ao pensarmos em realizar qualquer tipo de trabalho científico. Veremos que uma pesquisa científica deve ter como primeira reflexão a forma como será desenvolvida, já que seu caráter científico dá-se justamente por uma rigorosa abordagem teórica e metodológica.

Objetivos de sua aprendizagem Compreender o que é metodologia científica; Entender os contextos de produção da pesquisa científica;

Você se lembra? Para realizar uma pesquisa é necessário saber de antemão a importância em se definir um método, mais do que isto, um referencial teórico coerente, que permita desenvolver um trabalho cujo resultado possa ser classificado como científico. Vamos lá?


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Metodologia Científica – Unidade 1

1.1 As condições de produção da pesquisa A metodologia que veremos aqui ocupar-se-á de questões epistemológicas e teóricas referentes à prática da pesquisa. Isso porque a metodologia consiste em um processo de investigação e tomadas de decisões que se estruturam em um fazer científico que deve ser crítico e portanto, pautado em concepções teóricas. A pesquisa é em si uma atividade social, dessa forma está condicionada por contextos e conjunturas que atravessam o fazer científico. No entanto, a ciência possui status e legitimidade como campo de conhecimento, impondo-se sobre outras práticas e até determinando o funcionamento de setores inteiros da sociedade.

[A] prática da pesquisa [é entendida] como prática sobre determinada por condições sociais de produção e igualmente como prática que possui uma autonomia relativa. (...) Ao final, a prática da pesquisa é concebida como um campo de forças, submetida a determinados fluxos e exigências internas e externas (LOPES, p.15, 2005).

Justamente por ser uma prática socialmente constituída, a pesquisa não está imune aos efeitos e determinações sociais. Em metodologia de pesquisa, estas determinações são chamadas de condições de produção. São estas condições que deliberam os caminhos da produção científica e da pesquisa em si, desde a temática trabalhada ao processo de desenvolvimento de uma pesquisa. Seria muito difícil, por exemplo, conseguir a aprovação de verba para uma temática de pouca relevância social. Por isso, “são as condições de produção que definem o horizonte dentro do qual se

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movem as decisões que permitem falar de uma certa maneira sobre um certo objeto” (LOPES, p. 16, 2004). Para fazer pesquisa é preciso antes de tudo saber como fazer, entender que alguns procedimentos são obrigatórios em qualquer campo do conhecimento e que há elementos que podem interferir diretamente na produção científica.

Conexão: Assista ao vídeo “O método Científico” do Mundo de Beakman, uma maneira fácil e divertida de compreender o método científico: http://www.youtube.com/watch ?v=Guv77iUnFY8&feature=rel ated

1.2 As condições de produção da pesquisa Para entendermos melhor como a pesquisa pode sofrer influências de elementos e situações externos e internos ao processo, recorremos a Lopes (2004), a autora coloca, por exemplo, o contexto discursivo como uma das condições de produção da pesquisa, isso porque é este contexto que fornece a gama de correntes teóricas, modelos e métodos, além das temáticas em circulação no campo de pesquisa que foi eleito como área de investigação. Isso quer dizer que uma pesquisa pode não ser aprovada ou não ter grande repercussão pelo simples motivo de não trabalhar com uma temática relevante para aquele momento. Ou ainda pelo fato de não encontrar no momento de seu desenvolvimento, aporte técnico ou teórico que possa sustentá-la. O contexto discursivo pode impedir a continuidade de uma pesquisa. Como é o caso de pesquisa com células tronco em países que cujo discurso religioso “vence” as pretensões científicas. Outro fator importante destaca Lopes (2004), é o contexto institucional:

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que envolve os mecanismos que medeiam a relação entre as variáveis sociológicas globais e o discurso científico, e que se constituem em mecanismos organizativos de distribuição de recursos e poder dentro de uma comunidade científica (p.16).

Isso quer dizer que a produção científica sofre influência direta de questões que são externas ao processo em si, que vão além da escolha de métodos, técnicas e teorias para a realização da pesquisa. As demandas políticas também estão envolvidas neste processo, desde liberação de recursos a relações pessoais de poder, que podem influenciar na aceitação, divulgação e circulação da pesquisa e de seus resultados. Outra condição que interfere na produção da pesquisa é o contexto social ou histórico-cultural, como aponta a autora (LOPES, 2004), refere a questões ligadas à comunidade científica e a inserção da pesquisa em um contexto mais amplo, nacional e internacionalmente. A relevância social, cultural, econômica e política da pesquisa possui relação direta com este aspecto.

1.3 Reflexão Vimos até aqui que há vários fatores que podem interferir diretamente na pesquisa científica. Vimos também que a metodologia científica é fundamental para o desenvolvimento da pesquisa, pois sem estabelecer a fundamentação teórico-metodológica, a pesquisa não pode ganhar o status de científica. Assim, iniciamos nossa reflexão sobre as questões que envolvem o método científico.

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1.4 Leituras recomendadas KHUN, Tomas. A estrutura das revoluções científicas. 7.ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.

Esta obra é marcante para pensarmos o processo de pesquisa e construção do conhecimento científico.

1.5 Referências LOPES, Maria Immacolata V. Pesquisa de comunicação. In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação; nº 1, 2004.

LOPES, Maria Immacolata V. Pesquisa em comunicação. Formulação de um modelo metodológico. São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2008.

1.6 Na próxima unidade Abordaremos na próxima unidade a temática que envolve o método de pesquisa e suas especificidades, tal como os modelos teóricos e os princípios básicos que envolvem sua reflexão.

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PESQUISA: O MÉTODO Esta unidade está reservada para refletirmos sobre o método de pesquisa em si. Certamente não um método específico, mas as questões que envolvem a necessidade da escolha e utilização do método de pesquisa em qualquer investigação que se pretenda científica. Veremos como é fundamental esta reflexão metodológica e como ela está intrinsecamente ligada ao processo de pesquisa.

Objetivos de sua aprendizagem Compreender

como

o

método

é

fundamental

para

o

desenvolvimento da pesquisa científica.

Você se lembra? Falar em metodologia científica, não significa dissociar o fazer prático do fazer teórico, ao contrário, é refletir sobre os elementos concretos e abstratos que envolvem a pesquisa. Investigação, método, técnica, teoria, análise, divulgação, são parte de um mesmo processo, que devem ser contemplados pela metodologia científica e compreendidos como partes integradas de um mesmo processo.


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Metodologia Científica – Unidade 2

2.1 O Método de pesquisa Quando nos propomos a realizar uma pesquisa científica devemos ter como perspectiva alguns aspectos fundamentais, dentre eles a ideia de que qualquer processo de investigação envolve etapas necessárias para que possa se desenvolver. As etapas essenciais são:

1- Definição do objeto: envolve a acepção do problema de pesquisa, assim como o referencial teórico e metodológico que irá compor a investigação e o levantamento das hipóteses e pressupostos iniciais; 2- Observação: este processo envolve a pesquisa de campo em si, com a amostragem e coleta de dados, definindo as técnicas e procedimentos que serão empregados. No caso de pesquisa bibliográfica, evolve a etapa de revisão bibliográfica e elaboração da fortuna crítica sobre o tema abordado; 3- Descrição: esta etapa cumpre o processo de análise dos dados. É o momento de descrever os dados coletados, de avaliar os resultados e julgar o que é mais adequado à pesquisa; 4- Interpretação: corresponde à parte mais importante da pesquisa, pois é a produção do conhecimento em si, momento em que o pesquisador avalia sua proposta como um todo; 5- Conclusão: este é o momento de sintetizar todas as ideias e dados apresentados.

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Porém, como nos alerta Lopes: A pesquisa não é redutível a uma seqüência de operações, de procedimentos necessários e imutáveis, de normas rigidamente codificadas, que converte a metodologia numa tecnologia, num receituário de “como fazer” pesquisa, com base numa visão “burocrática” de projeto, o qual, fixado no início da pesquisa, é convertido numa verdadeira camisa-de-força que transforma o processo de pesquisa num ritual de operações rotinizadas (2004, p. 21).

Dessa forma é preciso entender a pesquisa como um processo de constante retorno, não é possível pensar em cada etapa como algo que deve ser superado e abandonado. Uma etapa é pré-requisito para outra, mas é também parte de cada etapa anterior e subsequente. Há que se ter uma visão integrada da pesquisa científica. Por isso é importante que toda pesquisa seja seguida de um processo de reflexão metodológica (LOPES, 2004), destacando que tal processo não pode estar dissociado da prática investigativa e que tal operação não deve ser somente o princípio da pesquisa, mas deve permear todo o seu desenvolvimento, ou seja, a metodologia não é somente a definição da abordagem, ela é inerente à pesquisa. Pensar metodologicamente é pensar cientificamente, pois a perspectiva paradigmática também interfere nos resultados, como nos mostra Khun (2006), quando perguntados sobre o fato de o hélio ser ou não uma molécula, um físico e um químico imediatamente responderam ao questionamento: o primeiro que não e o segundo que sim; tanto um como o outro fundamentaram suas respostas e nem um nem outro estavam “errados”, isso porque falavam a partir de perspectivas paradigmáticas diferentes. Assim, refletir metodologicamente é falar de 13


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um lugar teórico, de uma posição que legitima a investigação e, dessa maneira, fornece o caráter de cientificidade da pesquisa. “Em ciência, todo modelo é uma representação ou um simulacro construído que permite representar um conjunto de fenômenos e que é capaz de servir de objeto de orientação” (GREIMAS; COURTÉS, apud LOPES, 2004, p. 23).

2.2 Obstáculos metodológicos: estruturais A pesquisa científica envolve também uma série de obstáculos, que se não forem superados, podem comprometer o processo como um todo, além de tornar questionáveis os resultados e conclusões sobre a problemática levantada. Alguns destes obstáculos são estruturais e permeiam a pesquisa, determinando

procedimentos

que

podem

inclusive

impedir

o

desenvolvimento dos objetivos traçados, os obstáculos estruturais, como o nome indica, têm sua origem em impedimentos que ultrapassam questões epistemológicas, possuem “existência determinada pelas características da estrutura socioeconômica, ou pelo que se conhece como “modelo” socioeconômico adotado por um país” (DAGNINO, 2002, p.107). Como é o caso, por exemplo, da tradição em pesquisa de países considerados subdesenvolvidos, cujo baixo investimento histórico está relacionado à secular dependência tecnológica dos países industrializados. Dessa forma, tal política está ligada ao processo de colonização em si e suas consequências.

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2.3 Reflexão Vimos nesta unidade que a pesquisa científica só pode ser considerada enquanto tal se houver um método predefinido e, mais ainda, é preciso considerar que a escolha do método percorra todo o processo de investigação. Outro ponto importante diz respeito aos obstáculos estruturais da pesquisa, o que muitas vezes está fora do alcance do pesquisador, por ter origens históricas e sócio-econômicas em espaços que vão além da conjuntura acadêmica.

2.4 Leituras recomendadas DAGNINO, Renato. A relação Pesquisa – Produção: em busca de um enfoque alternativo. In: Revista IberoAmericana de Ciencia, Tecnología, Sociedad e Innovacion. Número 3; Mayo/Agosto 2002. Disponível em: http://www.oei.es/revistactsi/numero3/art01.htm. Acesso em 20 ago 2011.

2.5 Referências KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva; 2006. (Debates).

2.6 Na próxima unidade Veremos na unidade a seguir alguns dos obstáculos metodológicos mais comuns. São impedimentos que têm sua origem principalmente no “descuido” ou negligência epistemológicos do pesquisador. Este deve 15


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permanecer atento para não incorrer em erros considerados comuns, como veremos.

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OS OBSTÁCULOS DA PESQUISA Veremos a seguir que não basta escolher o tema de pesquisa e sua problemática, a pesquisa é muito mais do que se indagar sobre uma questão. Realizar uma investigação científica requer definições muito claras dos métodos, teorias e procedimentos. Definições estas que podem, à primeira vista, parecerem muito simples, mas que uma vez delimitadas podem cair no “esquecimento” do processo, e transformar-se não em ferramenta, mas em obstáculo para dar continuidade à pesquisa.

Objetivos de sua aprendizagem Distinguir as características dos principais obstáculos à pesquisa científica; Analisar em que medida cada tipo de obstáculo de pesquisa pode impedir o processo de investigação.

Você se lembra? Nós já vimos que alguns obstáculos no processo de investigação

científica podem ser estruturais, ou seja,

independem muitas vezes da vontade ou ação individual do pesquisador. No entanto, os entraves mais comuns estão exclusivamente ligados à conduta do pesquisador, sua postura científica e sua postura epistemológica. Veremos então quais são estes problemas que podem surgir no decorrer da investigação.


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Metodologia Científica– Unidade 3

3.1 Ausência de reflexão epistemológica A base de nossa reflexão está em LOPES (2004), que aponta os empecilhos que o pesquisador pode criar para sua própria investigação e obstáculos com os quais pode deparar-se. O primeiro deles é o da ausência de reflexão epistemológica. Refletir epistemologicamente é pensar a pesquisa em suas relações intrínsecas e extrínsecas, ou seja, pensar a relação entre sujeito pesquisador e aquilo que se quer conhecer (objeto de pesquisa). Um erro comum é pensar a partir do chamado senso comum, pautando a pesquisa em estereótipos ou modelos circulantes. Tal atitude, além de não revelar nenhuma novidade, é questionável do ponto de vista científico. Transforma-se no “óbvio ululante” do fazer pesquisa, aquilo que “todos imaginam saber”. Como partir da ideia em que todo morador da favela é a priori bandido. Caso o pesquisador tenha como objetivo pesquisar uma comunidade de favela, deve-se livrar-se do olhar estereotipado, ou prejudicará sua prática de pesquisa, a começar pela fundamentação de sua problemática. A elaboração de um problema de pesquisa, livre de tais preconceitos e estereótipos, permite colocar as questões teóricas e as práticas metodológicas adequadas à realização da investigação. É preciso conhecer o campo de investigação. Ou seja, as regras e a lógica que movimentam o espaço social que se pretende investigar: sua histórica, conjuntura, normatizações, relações de poder etc. Conhecer tais aspectos evita “dizer o óbvio”, falar aquilo que já foi amplamente divulgado, ou chegar a conclusões que já foram refutadas por outras pesquisas.

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Metodologia Científica– Unidade 3

O primeiro passo para não cometer tal erro é realizar uma revisão bibliográfica sobre a temática escolhida, ler a fortuna crítica já publicada e as teorias frequentemente utilizadas para a pesquisa no campo que se pretende investigar. Escolhido o tema, deve-se buscar em bibliotecas e sites confiáveis as obras já publicadas sobre o tema. E como saber se uma obra pode ser usada como referência? O primeiro passo é verificar sua bibliografia, isso mesmo, normalmente obras que não são de cunho científico não trazem densa bibliografia, muitas vezes nem a possuem. O mais comum é que a bibliografia esteja contemplada ao final da obra, mas há casos (principalmente em obras francesas) em que é possível encontrá-la em notas de rodapé ou notas ao final de cada capítulo. A bibliografia de uma obra é também uma ótima dica para pesquisa de referências, pois geralmente o autor pesquisou outras obras sobre o mesmo assunto. Outro passo refere à pesquisa de referências na internet, é preciso ter muito cuidado, pois nem tudo que há na internet é resultado de investigação científica, válido como fonte

e

referência

de

pesquisa.

Sites

de

informação como Wikipédia, sites de notícias ou

Conexão: Um site interessante, que traz vários textos e livros de livre acesso é o: www.dominiopublico.gov.br

revistas populares não são fonte de pesquisa. Sempre que iniciar uma busca na internet dê preferência para páginas de revistas científicas e de universidades conceituadas. Há muita coisa interessante disponível on-line, inclusive dissertações, teses e livros inteiros. Porém é preciso saber distinguir aquilo que é de cunho científico e o que é reprodução do senso comum, sem base teórica ou metodológica.

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3.2 Reflexão Vimos que o primeiro passo de qualquer investigação é livrar-se das concepções do senso comum, aquelas que vemos e ouvimos todos os dias em conversas e na mídia, tais ideias estão carregadas de preconceitos e modelos estabelecidos que podem prejudicar a formulação da problemática e as escolha teóricas e metodológicas da pesquisa. Uma forma de “fugir” desta armadilha é realizar uma boa pesquisa bibliográfica sobre o tema, lendo a fortuna crítica disponível sobre o tema,

sempre

buscando

referências

confiáveis

de

cunho

comprovadamente científico.

3.3 Leituras recomendadas Leia o livro: MACEDO, Neusa Dias. Iniciação à pesquisa Bibliográfica: Guia do Estudante para a fundamentação do trabalho de pesquisa. São Paulo: Loyola; 1994. Parte

do

livro

está

disponível

para

leitura

em:

<http://books.google.com.br>

3.4 Referências Immacolata V. Pesquisa de comunicação. In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação; nº 1, 2004.

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Metodologia Científica– Unidade 3

3.5 Na próxima unidade Continuaremos a ver na próxima unidade os principais obstáculos da pesquisa científica, fatores que podem dificultar o processo de investigação.

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OUTROS OBSTÁCULOS DA PESQUISA CIENTÍFICA Nesta

Unidade,

abordaremos

outros

obstáculos que podem impedir o desenvolvimento adequado de uma pesquisa científica. São questões que envolvem desde as escolhas teóricas às metodologias empregadas. Faremos referência ainda à integração entre uma e outra, alertando para o fato que a pesquisa não se resume à simples definição de métodos e técnicas, a reflexão permanente sobre tais aspectos é fundamental. A ausência da ponderação constante pode ocasionar os problemas que veremos a seguir.

Objetivos de sua aprendizagem Conhecer os principais problemas enfrentados pelo pesquisador; Reconhecer os obstáculos mais comuns na prática de pesquisa.

Você se lembra? Quando falamos em pesquisa científica, pensamos comumente em algo preciso, a imagem mais comum é do cientista em seu laboratório. Porém, esta imagem deve der desconstruída, pois antes de qualquer coisa, o cientista precisa interagir com o mundo que o rodeia, com aquilo que já foi produzido e divulgado. E se falamos de pesquisa em Ciências Sociais então, é preciso ser mais prudente ainda, pois a


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Metodologia Científica – Unidade 4

interação não ocorre entre um ser humano e seus tubos de ensaio, mas entre ele e outros sujeitos. Dessa maneira, as escolhas teóricas e metodológicas são mais difíceis ainda.

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4.1 A fraqueza teórica em pesquisa científica A escolha do referencial teórico é de suma importância para qualquer trabalho científico, seja ele um artigo ou monografia de graduação, seja uma tese de doutorado, conhecer e utilizar o referencial teórico adequado pode significar a qualificação da pesquisa como científica ou não, e indicar sua credibilidade acadêmica. Por isso o primeiro passo é conhecer as principais teorias do campo em que pretende atuar como pesquisador. Entender os princípios teóricos envolvidos para os processos investigativos em sua área específica. Uma pesquisa em educação, por exemplo, possui um referencial bem diferente de uma pesquisa em marketing, sendo assim, incorrer em um erro tão fundamental poderá comprometer todo o processo de investigação. Outra questão importante diz respeito às teorias do próprio campo investigado, é necessário estar atento às controvérsias do campo, às correntes teóricas diferentes. Isso porque um equívoco comum é a escolha de teorias contraditórias para fundamentar um tema. E esse engano só ocorre quando não se tem substância teórica. Certamente um pesquisador não deve (e nem pode) conhecer tudo sobre todos os aspectos de uma temática, mas é sua obrigação conhecer os conceitos e teorias mais utilizados e historicamente consolidados, “não se trata de “dominar tudo”, mas de um “uso útil” de teorias e conceitos de diversas procedências, um uso que seja, sobretudo, bem fundamentado e pertinente à construção do objeto teórico” (LOPES, 2004). Outro fator ligado a este mesmo problema é a visão integrada dos campos teóricos, compreender que o campo investigado, comumente, está interligado a outras dimensões teóricas, a outros campos, cuja produção científica já existe. Por isso, uma pesquisa em enfermagem que

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pretenda desenvolver um trabalho de investigação em saúde pública, deve levar em consideração o campo das políticas públicas, da economia etc. Ou incorrerá em conclusões precipitadas e, às vezes, errôneas sobre alguns aspectos que dizem respeito a outras áreas de investigação, as quais o pesquisador não possui domínio. Nesse caso, a consciência teórica sobre os outros campos é importante. Não se espera que um enfermeiro se transforme em um sociólogo ou um cientista político, mas espera-se que ele tome conhecimento sobre as pesquisas nesta área que envolvam a temática investigada.

4.2 Ausência de visão metodológica integrada Pensar em uma pesquisa científica é compreender que a teoria (ou teorias) deve ser adequada ao tipo de investigação e à temática escolhida. Mais do que isso, é preciso que esteja claro que uma teoria corresponde a um modelo teórico, uma espécie de arquétipo elaborado para explicar a realidade estudada. Por isso, teoria e prática de pesquisa devem estar integradas, para que os modelos sejam capazes de explicar a realidade, já que foi a própria realidade que provocou as indagações da pesquisa. Vale dizer que modelos teóricos são comumente acompanhados de procedimentos metodológicos (que dizem respeito à prática da pesquisa em si) assim, a atenção com esta integração também é fundamental, já que escolher teorias e métodos contraditórios certamente comprometerá os resultados de pesquisa. Outra perspectiva importante é entender que é “a teoria é um dos níveis da pesquisa e atravessa todas as suas fases” (LOPES, 2004), e aí está o principal processo de integração entre teoria e prática de pesquisa,

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não há metodologia que se limite ao procedimento de coleta de dados, assim como não há teoria que fique aquém da investigação.

4.3 Combinação deficitária entre métodos e técnicas de pesquisa Muitas vezes ao iniciar uma pesquisa os objetivos iniciais são por demais ambiciosos, o que não é estranho, pois é comum o pesquisador partir de um objetivo mais amplo para então delimitar sua expectativa de análise. Porém, quando este processo não ocorre ainda na construção do projeto e o investigador insiste em um objetivo muito amplo, tal complexidade pode gerar uma deficiência entre a prática da pesquisa e os métodos escolhidos, isso porque uma pesquisa deve prever a combinação entre a metodologia e os objetivos de pesquisa. Sempre que se pensa em uma problemática de pesquisa, automaticamente esta faz insurgir uma problemática metodológica (LOPES, 2004), ou seja, ao escolher o que pesquisar, sempre vem à tona o como fazer para pesquisar. Por isso combinar adequadamente os métodos e as técnicas de pesquisa é mister para desenvolver um trabalho com características científicas. Se pretendo realizar uma pesquisa com abrangência regional, devo considerar a complexidade da coleta e tabulação de dados, assim como o grande trabalho de análise que será necessário.

4.4 Reflexão Verificamos que uma pesquisa científica constitui-se de um intenso processo de reflexão teórica e metodológica e que abandonar ou

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negligenciar tal procedimento é prejudicar o processo de investigação e de análise do trabalho científico. Dentre os principais problemas vistos até o momento estão a fraqueza teórica, que dificulta a fundamentação e legitimação do trabalho científico; a ausência de visão metodológica, aspecto que pode provocar conclusões precipitadas e mesmo errôneas; e por último vimos que a ausência de acordo entre métodos e técnicas de pesquisa pode por conseguinte prejudicar o processo de investigação.

4.5 Leituras recomendadas PADUA, Elisabete M. M. de. Metodologia da Pesquisa: abordagem teórico prática. Campinas, SP: Papirus; 2004.

Parte do livro está disponível em: <http://books.google.com.br>

4.6 Referências LOPES, Maria Immacolata V. Pesquisa de comunicação. In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação; nº 1, 2004.

4.7 Na próxima unidade A próxima unidade será dedicada à abordagem de mais alguns problemas que podem ser encontrados no percurso de uma investigação científica. Na verdade, um dos grandes trabalhos do pesquisador é justamente ultrapassar os obstáculos constantemente impostos à prática de pesquisa.

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OS PROBLEMAS DA PESQUISA CIENTÍFICA: OBSTÁCULOS À INVESTIGAÇÃO Quando iniciamos uma pesquisa é preciso saber de antemão que muitas dificuldades se apresentarão, por isso, nesta unidade, continuaremos a discorrer sobre os obstáculos enfrentados pelo pesquisador em seu processo de investigação. Abordaremos a questão das dicotomias, ou seja, do olhar fragmentado que muitas vezes prejudica o andamento da investigação e análise, já que um pesquisador deve por obrigação pensar de forma complexa e integrada.

Objetivos de sua aprendizagem Discutir as possíveis implicações da dicotomia nas pesquisas científicas; Compreender que a visão fragmentada impede a visão integrada, tão necessária à pesquisa.

Você se lembra? Até o momento, vimos que aventurar-se em uma investigação científica não é tarefa fácil. O trabalho do pesquisador é árduo e exige atenção total ao processo como um todo. Sem falar das questões práticas


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Metodologia Científica – Unidade 5

que envolvem a coleta de dados, as entrevistas, os procedimentos metodológicos em si (questões que veremos adiante). Assim, a pesquisa exige daquele que se aventura a ela uma visão integrada da totalidade, por isso, um erro grave é justamente pensar de maneira dicotômica, fragmentada, entendendo a pesquisa como partes separadas. O cientista que vê o trabalho científico desta forma está fadado ao fracasso de resultados.

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Metodologia Científica – Unidade 5

5.1 Os obstáculos metodológicos: a dicotomia entre pesquisa descritiva e pesquisa interpretativa A pesquisa de campo exige do investigador um árduo trabalho de coleta e descrição dos dados. Após esta etapa trabalhosa, o pesquisador inicia outro processo difícil que corresponde à análise e interpretação dos dados. Um equívoco muito comum é separar estas etapas e dissociá-las completamente, como se não houvesse relação entre o processo de coleta e descrição dos dados e a análise em si. Costuma-se negligenciar uma das etapas, prejudicando os resultados finais. Engana-se o pesquisador que acredita que a descrição é um trabalho automático de escrever os dados coletados:

A análise descritiva envolve operações analíticas da formação de evidências empíricas representativas naquilo que se denomina “processo de reconstrução da realidade do objeto” (LOPES, 2004).

Ou seja, ao descrever os dados, o pesquisar já tem ali um importante processo de análise e interpretação, pois sua transcrição envolve escolhas, formas (pode-se transcrevê-los em tabelas, gráficos, dissertação), abandonos, ordenações, cujos processos são Somente através da elaboração interpretativa dos dados é que se pode atingir um padrão de trabalho científico. Só esse padrão é capaz de coordenar organicamente teoria e pesquisa,

operações

técnicas,

metodológicas,

teóricas

e

epistemológicas numa única experiência de investigação.

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Metodologia Científica

Metodologia Científica – Unidade 5

Tabular os dados em uma tabela produz interpretações diferentes da tabulação em uma descrição dissertativa, por exemplo. Da mesma forma, o processo de análise dos dados envolve um exercício de descrição e síntese para explicação do objeto, a descrição e a interpretação dos dados são processos sempre concomitantes, e a cientificidade de qualquer pesquisa está em elaborar análises pautadas em dados cuja descrição é

interpretada

metodológicos,

segundo capazes

de

padrões “coordenar

A Dicotomia em processos de análise é um erro comum, principalmente por ser inerente ao paradigma cartesiano, que entende a busca pelo conhecimento de maneira fragmentada, por partes que devem ficar separadas para análise minuciosa. Porém, esta prática resultou em muitas considerações e teorias equivocadas, justamente pela falta de visão da totalidade.

organicamente teoria e pesquisa”, operações técnicas, metodológicas, teóricas e epistemológicas numa única experiência de investigação” (LOPES, 2004). Separar as etapas de pesquisa em procedimentos dissociados pode certamente resultar em conclusões equivocadas acerca de uma dada realidade. Muito embora não seja possível apreender a complexidade do real, é necessário contemplá-la para não produzir uma pesquisa reducionista.

5.2 Separação entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa Comumente relacionamos a utilização de números, gráficos, tabelas à pesquisa quantitativa, aquela que – grosso modo – dispõe-se a coletar e tabular dados para obter generalizações, porém, a utilização de dados generalizantes não é exclusivo deste tipo de investigação, a

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Metodologia Científica – Unidade 5

pesquisa qualitativa também faz usos de dados estatísticos para fomentar suas análises teóricas. Da mesma forma, as pesquisas quantitativas devem estar pautadas em discussões teóricas e metodológicas, só assim é possível classificá-las como científicas, já que a coleta e tabulação de dados não é um procedimento qualquer e exige rigor técnico. (…) não faz sentido apostar na dicotomia entre quantidade e qualidade, pela razão simples de que não é real. Pode-se, no máximo, priorizar uma ou outra, por qualquer motivo, mas nunca para insinuar que uma se faria às expensas da outra, ou contra a outra. Todo fenômeno qualitativo, pelo fato de ser histórico, existe em contexto também material, temporal, espacial. E todo fenômeno histórico quantitativo, se envolver o ser humano, também contém a dimensão qualitativa. Assim, o reino da pura quantidade ou da pura qualidade é ficção conceitual (DEMO, 1998; p.92).

É certo que uma pesquisa não será capaz de priorizar ao

mesmo

tempo

formulações

quantitativas

e

qualitativas, pois uma e outra abordagem oferecem extrema complexidade em sua elaboração, o pesquisador deverá escolher as características de seu método, levando

Conexão: Para acessar o artigo de Pedro Demo sobre pesquisa qualitativa (vide referências), basta buscar o link: http://www.scielo.br/pdf/rlae /v6n2/13912.pdf

em consideração principalmente a problemática levantada. Não é possível, por exemplo, que uma pesquisa laboratorial seja exclusivamente qualitativa, já que há a necessidade intrínseca de coletar os dados experimentais. No entanto, o pesquisador deve ter em mente que uma escolha não implica no abandono de uma das perspectivas.

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5.3 Reflexão Como colocado anteriormente a visão fragmentada do processo científico pode apresentar-se como um grande obstáculo, um problema paradigmático, de ver positivamente a ciência, visão esta que já foi superada em muitos campos do conhecimento e vem sendo abandonada gradativamente, pois entende-se que, apesar de uma única pesquisa não conseguir abranger a complexidade do real, ela deve contemplar que tal complexidade existe.

5.4 Leituras recomendadas GUNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2006, vol.22, n.2, pp. 201-209. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2.pdf. Acesso em 20 ago 2011.

5.5 Referências DEMO, P. Pesquisa qualitativa. Busca de equilíbrio entre forma e conteúdo. Rev.latino-am. Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 6, n. 2, p. 89104, abril 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v6n2/13912.pdf, Acesso em 20 ago 2011.

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5.6 Na próxima unidade A próxima unidade será dedicada à pesquisa de campo e uma de suas particularidades: a prática da entrevista. Isso porque, via de regra, pesquisadores iniciantes acreditam que elaborar uma pesquisa de campo é simplesmente criar um questionário e fazer perguntas a quem se deseja. Veremos que não é bem assim que as coisas funcionam em uma investigação científica.

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PESQUISA DE CAMPO E A PRÁTICA DE ENTREVISTA. Até o momento vimos algumas características e procedimentos fundamentais para o bom andamento de uma pesquisa científica. Abordamos as principais questões metodológicas e suas consequências. Veremos nesta unidade um importante aspecto metodológico que envolve um tipo específico de pesquisa: a pesquisa de campo; e sua característica inerente: a prática de entrevistas. Ao abordarmos estes elementos, pretendemos trazer à discussão uma temática controversa, pois geralmente os pesquisadores não dão importância aos estudos teóricos e metodológicos nesta área do conhecimento, acreditando que basta aplicar questionários e obter dados (questionáveis) para fazer uma pesquisa de campo.

Objetivos de sua aprendizagem Compreender os tipos de entrevista e suas particularidades.

Você se lembra? Como vimos anteriormente, a pesquisa científica exige um árduo processo de reflexão e rigor teóricos, assim como um grande esforço metodológico e técnico. Sendo assim, ao aventurar-se em uma pesquisa de campo, o cientista deve considerar todos os aspectos técnicos e, fundamentalmente, o suporte teórico dos procedimentos etnográficos que envolvem a coleta de dados por entrevistas.


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6.1 A pesquisa e campo e a prática da entrevista Uma pesquisa de campo propõe de imediato uma abordagem qualitativa, pois prevê o contato direto com os sujeitos pesquisados, contato este que deve ser rigorosamente pensado e planejado. Por isso não se pode negar toda a tradição vinda da etnografia, vertente da antropologia que primeiro se aventurou na pesquisa de campo e, por esse motivo, possui um vasto referencial teórico a partir das experiências de pesquisa. Negar a existência destas referências é incorrer em erros latentes, em equívocos comuns em circunstância da fraqueza teórica. Dessa forma, ao escolher realizar uma pesquisa de campo, o investigador tem a obrigação de buscar as teorias etnográficas. O mais importante é entender que pesquisas qualitativas – como as de campo – configuram uma proposta de trabalho com significados, motivações, valores e crenças que não podem ficar limitados aos dados quantitativos, ambos os aspectos devem estar contemplados (MINAYO, 1996) e isso não é tarefa fácil! A entrevista não é somente uma técnica de coleta, se um químico ao coletar seus dados em um laboratório relaciona-se diretamente com pipetas, tubos de ensaio, fornos e aparelhos, o pesquisador que vai a campo relaciona-se com outros sujeitos, ou seja, há neste entremeio relações sociais que podem (e vão) produzir efeitos inesperados, não planejados e, principalmente, não controláveis. Segundo Lakatos (1996), preparar a entrevista é condição inicial para o trabalho de campo, sendo uma das etapas mais relevantes do processo, isso implica em dispensar grande tempo na elaboração e preparação dos questionários, assim como a garantia de condições de produção da pesquisa, diga-se, assegurar ao entrevistado que os dados e relatos são

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acompanhados do compromisso ético do sigilo de pesquisa, que não haverá e exposição do pesquisado. Para Bourdieu (1998), é essencial que o pesquisador equipare sua linguagem à dos sujeitos pesquisados, mesmo porque, ao invés de convencer, a utilização de termos técnicos e expressões teóricas pode afugentar o entrevistado, colocá-lo na “retaguarda”. Por isso é importante deixar o pesquisado à vontade. O autor coloca que existe uma violência simbólica a priori, já que o entrevistador é alguém que na visão do pesquisado possui um grande conhecimento e “sabe mais”, dessa forma é preciso todo o trabalho possível para evitar ao máximo este constrangimento. O sociólogo coloca ainda que ao realizar uma entrevista deve-se sempre deixar o entrevistado à vontade, sendo a melhor abordagem aquela feita de maneira indireta, como uma conversa, em que aparentemente o entrevistado tenha liberdade para conduzir os assuntos, diz-se aparentemente, pois o pesquisador é quem deve sutilmente conduzir a entrevista. Qualquer que seja a temática ou o tipo de entrevista escolhida, o pesquisador deve sempre estar consciente que o trabalho de campo envolve trocas de experiências e confronto de subjetividades, sendo assim, sua postura ética é essencial para que os resultados sejam confiáveis e as análises legítimas.

6.2 Reflexão Uma pesquisa de campo só pode ser construída a partir de uma sólida fundamentação teórica e de metodologias bem definidas. A tradição etnográfica precisa ser contemplada ao escolher como parte integrante da investigação a entrevista.

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Sendo assim, o trabalho de campo não se faz simplesmente pela aplicação de questionários e tabulação de dados, ele vai além desta relação mecânica.

6.3 Leituras recomendadas PEIRANO, Marisa G. S. A favor da etnografia. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995. Disponível em: http://vsites.unb.br/ics/dan/Serie130empdf.pdf. Acesso em 20 ago 2011.

6.4 Referências BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998.

BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 1999.

LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 1996.

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A PESQUISA DE CAMPO E OS TIPOS DE ENTREVISTAS A prática recorrente da pesquisa de campo é a entrevista, a observação é sempre acompanhada do

questionamento

direto

dos

informantes

e/ou

entrevistados. Veremos nesta unidade os tipos mais comuns de entrevista e em que circunstância cada uma pode ser aplicada. Lembramos que a escolha por esta técnica requer um conhecimento teórico e metodológico que a fundamente, nenhum pesquisador deve simplesmente elaborar perguntas que acredite conveniente e começar a abordar as pessoas. Cada procedimento precisa de respaldo ou não terá validade científica.

Objetivos de sua aprendizagem Compreender os diferentes tipos de entrevistas que podem ser aplicados em campo.

Você se lembra? Ao estudarmos metodologia científica, priorizamos os aspectos teóricos dos processos de pesquisa, isso porque entendemos que posteriormente as questões da prática de pesquisa serão abordadas em módulos específicos. Dessa forma, pensamos os processos que envolvem a pesquisa científica como um todo, e uma destas questões é a entrevista. Como

vimos

anteriormente,

as

ciências

humanas

possuem


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particularidades em relação à coleta de dados, principalmente se há a previsão de uma pesquisa de campo. Isso porque ao entrevistar alguém, o pesquisador estabelece relações sociais e afetivas que interferem no processo.

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7.1 Tipos de entrevistas Conexão: Para saber mais sobre entrevista projetiva, leia: http://pepsic.homolog.bvsalu d.org

7.1.1 A entrevista projetiva A entrevista projetiva é muito comum em pesquisas no campo da psicologia, pois consiste em

apresentar ao entrevistado imagens específicas e obter respostas indiretas sobre o que foi apresentado. Assim relaciona-se à uma análise mais aprofundada, que evidencia características subjetivas e cognitivas do grupo pesquisado.

7.1.2 História de vida Este tipo de entrevista requer do pesquisador muito tempo, pois seus resultados apresentam grande profundidade. O contato com o(s) pesquisado(s) é intenso e por isso o distanciamento entre pesquisador e entrevistado tange uma linha tênue que pode inclusive desvirtuar os objetivos da pesquisa. Pois como relata Alba Zaluar

(2009)

antropológico

“considero imprescindível

o

fazer

como

metodologia de trabalho de campo, além de ser o que mais apresenta armadilhas

ao

pesquisador

na

interação face a face”. Sendo a História de Vida uma

Alba Zaluar é uma reconhecida antropóloga brasileira, que desenvolveu técnicas inéditas em pesquisa de campo, no trabalho com comunidades urbanas. Seu maior trabalho foi o livro A Máquina e a Revolta, resultado de pesquisa etnográfica na favela Cidade de Deus, foi ela quem orientou Paulo Lins em suas entrevistas para escrever o livro Cidade de Deus, obra que deu origem ao premiado filme homônimo.

experiência etnográfica, há que se tomarem todos os cuidados possíveis para não cair em armadilhas comuns, como envolver-se afetivamente com informantes e

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entrevistados. Com relação ao tempo, há HVs mais prolongadas, chamadas de história de vida completa, que têm como objetivo compreender experiências como um todo. É o caso, por exemplo, das pesquisas em antropologia indígena, que tentam compreender o funcionamento de uma sociedade inteira. Há ainda a história de vida tópica, em que o pesquisador escolhe um período histórico ou uma contingência específica, este tipo demanda um tempo menor, mas mesmo assim exige grande dedicação.

7.1.3 Entrevista com grupos focais Neste tipo de entrevista o procedimento é reunir um pequeno grupo de entrevistados em local predeterminado e propor um assunto ou uma temática para debaterem, neste ínterim o pesquisador realiza o papel de mediador. (...) a interlocução com o entrevistador pode desencadear a conversa independente entre os entrevistados, tanto mais interessante quanto mais discordarem um do outro, desmentirem fatos, esclarecerem dúvidas e aprofundarem o conhecimento de cada um a respeito do que sabem (...) (ZALUAR, 2009, p. 578).

Cabe ao pesquisador orientar o debate e garantir o anonimato dos entrevistados.

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7.1.4 Entrevistas Estruturadas As entrevistas estruturadas são as mais fáceis (se é que se pode classificar assim) para obter e tabular os dados, sua facilidade está principalmente na rapidez. Porém, isto não significa que pode ser aplicada de qualquer forma. Este tipo de entrevista exige a elaboração de um questionário estruturado, com perguntas determinadas previamente e possibilidades de respostas já dadas. Está aí o maior trabalho do pesquisador, prever as possíveis respostas e perguntar de forma que quem esteja respondendo possa compreender o que se pergunta. Outro fator é a escolha de como perguntar, pois a formulação das questões deve estar de acordo com o nível de instrução do grupo pesquisado. Certamente não quer dizer que o pesquisador vá precisar prejudicar seus objetivos em função disso, mas deve adequar sempre o vocabulário e aproximar expressões técnicas da linguagem cotidiana. Como os entrevistados responderão sempre a mesma pergunta, feita sempre da mesma forma, os resultados podem ser generalizados e tabulados de maneira sistemática em tabelas, gráficos etc. É comum respondermos questionários deste tipo nas pesquisas feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – como é o caso do censo – e em pesquisas de opinião e audiência, esta é uma técnica muito utilizada também em pesquisas de mercado, isso porque seus resultados podem ser obtidos rapidamente e tabulados quase que instantaneamente por softwares específicos.

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7.1.5 Entrevistas abertas Sua abordagem corresponde à exploração aberta de um determinado

tema,

detalhando

questionamentos

e

deixando

o

entrevistado “livre” para falar. É importante lembrar que esta “liberdade” é sempre controlada pelo pesquisador, que possuindo os objetivos da pesquisa, deve elaborar um roteiro prévio de questões que suscitem o debate e permitam a elocução do entrevistado. É comum também, aproveitar os relatos do informante e reelaborar formulações. Um exemplo deste tipo de entrevista ocorre quando um pesquisador resolve investigar um tema histórico como a ditadura militar especificamente a visão dos filhos de guerrilheiros, para tanto será necessário localizar e entrevistar tais pessoas, abordando a temática escolhida, tem-se aí a prática da entrevista aberta.

7.1.6 Entrevista semi-estruturada Esta abordagem é resultado da combinação entre perguntas estruturadas (questionário fechado) e abertas (escritas ou orais), permitindo ao entrevistado que aprofunde determinados temas que o pesquisador julgue mais relevante, ou como técnica para localizar contradições do entrevistado. Pois é muito comum o informante “mentir”, intencionalmente ou não, isso porque a relação entre pesquisador e pesquisado demanda expectativas dos dois lados e muitas vezes o entrevistado tenta responder aquilo que acha que seria o mais correto, ou que pensa ser o que o pesquisador quer que ele responda.

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7.2 Transcrição de entrevistas Tema muito controverso, a transcrição de entrevistas corresponde ao trabalho mais demorado, quando se escolhe questionários não estruturados. A tradição etnográfica discutiu, e até hoje faz pauta de suas investigações metodológicas, os princípios envolvidos no processo de transcrição de uma entrevista. Temos em Pierre Bourdieu (1999) uma boa sugestão quanto ao caso apontado: a primeira questão é entender que transcrever não é simplesmente escrever aquilo que se ouve, decodificar mecanicamente os relatos, a dimensão da fala deve ser contemplada, as pausas, risadas, silêncios, o tom de voz, devem ser apontados na transcrição. O estado emocional produz sentidos importantíssimos para a pesquisa, não fosse assim, seria muito mais “fácil” aplicar um questionário estruturado para todo e qualquer processo de investigação. Por isso a transcrição deve ser entendida sob uma perspectiva metodológica, como parte indissociável da pesquisa de campo. Além destes aspectos, outra questão relevante é a escrita em si, ou seja, para Bourdieu (1999) o pesquisador deve pensar em um texto livre dos vícios de linguagens, um texto interrompido a todo momento por interjeições como: né, hum; então, pode prejudicar seu entendimento. Faz parte do trabalho de transcrição ser fiel aos termos e palavras utilizados, assim, não se pode jamais trocar uma palavra por outra, sabemos, por exemplo, que “invasão” não produz o mesmo sentido de “ocupação” ou “assentamento” se estamos tratando de questões sobre terra e reforma agrária. A ordem das perguntas e respostas deve do mesmo jeito ser respeitada, pois o encadeamento de respostas fornece sentido e coerência ao todo da entrevista.

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Mais uma dica importante para a transcrição é que ela ocorra o mais rápido possível, quanto mais próxima do momento da entrevista, mais detalhes não escapam à memória do pesquisador.

7.3 Leituras recomendadas FRASER, Márcia T.D. e GONDIM, Sônia M. G. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paideia, 2004, 14 (28), 139 -152. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/paideia/v14n28/04.pdf. Acesso em 20 ago 2011.

7.4 Referências ZALUAR, Alba. Pesquisando no perigo: etnografias voluntárias e não acidentais. Mana [online]. 2009, vol.15, n.2, pp. 557-584.

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O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Um dos objetivos deste módulo é propiciar elementos teóricos para a futura elaboração do trabalho de conclusão de curso, ou seja, fornecer instrumental para a prática de pesquisa em si. Veremos nesta unidade algumas das características do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e informações importantes que serão detalhadas posteriormente, quando da elaboração da pesquisa.

Objetivos de sua aprendizagem Discutir os aspectos principais do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Você se lembra? O momento mais esperado para quem cursa um curso superior ou uma pós-graduação é a finalização do processo com a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Porém, este momento requer cautela e, principalmente, a utilização de todo o conhecimento teórico desenvolvido durante o curso. Assim como muitos dos aspectos apontados durante este módulo de Metodologia Científica. Antes de dizermos “mãos à obra” é preciso refletir sobre o TCC e suas características. Trabalho que iniciaremos nesta última unidade.


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8.1 A prática de pesquisa: O TCC O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é aplicado para a maioria dos cursos de graduação e de caráter obrigatório para todo e qualquer curso de especialização lato-sensu. Assim determina a Resolução nº1, de 08 de junho de 2007, do Conselho Nacional de Educação, ela também especifica que este deve ser elaborado individualmente, e o aluno deverá, obrigatoriamente, realizar a defesa presencial individual do seu TCC. Deste fato vem a importância dada ao processo de pesquisa e à elaboração do TCC. Para corroborar com esta perspectiva colocamos aqui os passos iniciais para começar a pensar um projeto de pesquisa, são as perguntas de pesquisa que servem para orientar a primeira investida no projeto, é uma espécie de roteiro inicial: 1. O que pesquisar? Esta é a definição da temática e dos objetivos. 2. Por que pesquisar? Esta é a definição de sua problemática. 3. Para que pesquisar? Esta é a definição da relevância do tema e de sua justificativa. 4. Como pesquisar? Esta é a definição de sua metodologia.

O melhor a fazer é responder a estas questões iniciais de forma sucinta e objetiva, depois disso, os passos seguintes devem contemplar a elaboração mais detalhada de cada um dos itens, neste caso a leitura é fundamental. Ao definir o que pesquisar é importante iniciar uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto proposto, tais leituras servirão para

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Metodologia Científica – Unidade 8

elaborar melhor a segunda resposta (Por que pesquisar?); leituras mais substanciais serão necessárias para responder à questão três, já que ela prevê explicações justificadas. A última questão deste trabalho inicial é a definição justamente da metodologia, para isso será necessário avaliar os autores e teorias disponíveis para o campo de atuação da pesquisa, selecionando aquelas que julgar mais adequadas. É importante dizer que este projeto é apenas um embrião do trabalho, e que alterações serão e devem ser realizadas conforme o aprofundamento das leituras e conhecimento teórico, assim como da intervenção posterior do orientador.

8.2 O artigo científico Como, um dos produtos finais do TCC, temos o Artigo Científico, que corresponde a uma síntese dos resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. É um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar conhecidos, por meio de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias que serviram de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma questão. Um texto que serve para comunicar resultados de pesquisas, e deve seguir as orientações normativas dos trabalhos acadêmicos, observandose, em especial, a NBR 6022/2003 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trata da apresentação de artigo em publicação periódica científica impressa. Bem, agora é colocar as mãos à obra e pensar em seu Trabalho de Conclusão de Curso.

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Metodologia Científica

8.3

Metodologia Científica – Unidade 8

Reflexão Como vimos até o momento, é importante refletir sobre o processo

de elaboração da pesquisa científica. Vimos ainda que não exitem modelos teóricos prontos e que antes de tudo o trabalho de pesquisa exige uma sólida fundamentação teórica. Com os subsídios trazidos até aqui, é possível iniciar a reflexão sobre o TCC e sobre qualquer trabalho acadêmico-científico que se pretenda elaborar. 8.4

Leitura Recomendada

LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1991.

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