Economia do Trabalho
O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência. Por intermédio do Instituto IOB, é possível acesso a diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias. As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas. institutoiob.com.br
Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal.
Economia do Trabalho / Obra organizada pelo Instituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013. ISBN 978-85-63625-30-4
Sumário
Capítulo 1 – População e Força de Trabalho, 5 1. Definição de PIA, PNEA, PEA e Pina, 5 2. Taxa de Participação, Taxa de Inatividade e Taxa de Desocupação, 7 3. Subemprego e Rotatividade de Mão de Obra, 7 Capítulo 2 – Demanda e Oferta de Mão de Obra, 9 1. Demanda e Oferta de Mão de Obra no Modelo Clássico, 9 2. Demanda e Oferta de Mão de Obra no Modelo Keynesiano, 10 3. Oferta de Mão de Obra, 12 4. Equilíbrio no Mercado de Trabalho, 13 5. Discriminação, Segmentação e Diferenciação Compensatória do Salário, 14 6. Salário-desemprego e Diferenciação Compensatória de Salário, 16 7. Aversão ao Risco, 18 Capítulo 3 – Mercado de Fatores de Produção no Curto Prazo, 20 1. Demanda pela Concorrência Perfeita, 20 2. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Concorrência Perfeita nos Mercados de Produto e do Fator de Produção, 21
3. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Monopólio no Mercado de Produto e Concorrência Perfeita no Mercado de Fator de Produção, 22 4. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Concorrência Perfeita no Mercado de Produto e Monopsônio no Mercado de Fator de Produção, 24 5. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Monopólio do Produto e Monopsônio no Mercado de Fator de Produção, 25 6. Política de Salário Mínimo no Monopsônio, 27 7. Cobertura Total e Parcial do Salário Mínimo – Monopólio Bilateral, 28 Capítulo 4 – Mercado de Trabalho no Longo Prazo, 30 1. Mercado de Trabalho no Longo Prazo/Demanda de Mão de Obra no Longo Prazo, 30 2. Oferta do Trabalhador, 31 3. Restrição Orçamentária do Trabalhador, 33 4. Determinação Simplificada da Cesta Ótima do Consumidor numa Função de Colb Douglas, 34 5. Salário Reserva e Renda Econômica, 36 Gabarito, 38
Capítulo 1
População e Força de Trabalho
1. Definição de PIA, PNEA, PEA e Pina 1.1 Apresentação Nesta unidade, iremos entender a população e a força de trabalho.
1.2 Síntese A população é composta por Pessoas em Idade Ativa (PIA) e Pessoas em Idade Não Ativa (Pina). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística classifica como idade ativa a população com idade acima de 10 anos. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos classifica a PIA como a população com idade superior a 15 anos. A População em Idade Ativa (PIA) é composta pela População Economicamente Ativa (PEA) e pela População Não Economicamente Ativa (PNEA).
6 A População Não Economicamente Ativa (PNEA) é constituída por pessoas que não trabalham, nem ofertam trabalho ou por pessoas que trabalham, mas não auferem renda. Como exemplo daqueles que não trabalham, nem ofertam trabalho, pode-se enquadrar os desalentados, os presos, os inválidos, os aposentados e os estudantes. Os desalentados são as pessoas que não se enquadram no mercado de trabalho porque não encontram uma remuneração compatível com as suas qualificações ou não encontram trabalho que exija uma qualificação à altura de suas competências. Outro exemplo é aqueles que trabalham, mas não recebem renda; pode-se enquadrar aqui as donas de casa, os voluntários e os religiosos. A População Economicamente Ativa (PEA) é constituída pelos empregados, empregadores, autônomos e pessoas desempregadas, mas que estão ofertando trabalho. Entende-se por desemprego aberto uma situação em que a pessoa apesar de estar desempregada, se encontra à procura de emprego na última semana. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o subemprego está enquadrado como emprego. Já segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o subemprego está enquadrado como desemprego.
Economia do Trabalho
Exercício 1. (Auditor Fiscal do Trabalho/Esafe/2003) De acordo com o IBGE, os trabalhadores desalentados são aqueles que desistem de procurar emprego por que: a) Não encontram qualquer tipo de trabalho ou não encontram trabalho com remuneração adequada ou de acordo com suas qualificações; b) Não pertencem a nenhum sindicato; c) Não estão dispostos a trabalhar, independentemente do salário, pois valorizam o lazer acima de todas as coisas; d) Trabalham efetivamente menos de 40 horas em todos os trabalhos da semana de referencia; e) Trabalham efetivamente mais de 40 horas.
7
2. Taxa de Participação, Taxa de Inatividade e Taxa de Desocupação 2.2 Apresentação Nesta unidade, veremos o que são as taxas de participação, de inatividade e de desocupação.
2.2 Síntese Entende-se por Taxa de Participação (TP) a relação entre a População Economicamente Ativa (PEA) e a População em Idade Ativa (PIA). Entende-se por Taxa de Inatividade (TI) a relação entre a População Não Economicamente Ativa (PNEA) e a População em Idade Ativa (PIA). Entende-se por Taxa de Ocupação (TO) a relação entre os ocupados e a população. A Taxa de Desocupação (TD) ou Taxa de Desemprego aberta como relação entre desocupados (desempregados) e a População Economicamente Ativa (PEA). Atente-se para não confundir Taxa de Ocupação e Taxa de Desocupação com nível de ocupação e nível de desocupação, já que esses dois últimos se definem como: nível de ocupação são os ocupados em relação à PIA, e o nível de desocupação são os desocupados em relação à PIA.
3. Subemprego e Rotatividade de Mão de Obra
Nesta unidade, veremos o que é o subemprego e a rotatividade de mão de obra.
3.2 Síntese A causa do subemprego pode ser a insuficiência da demanda agregada. Recessão econômica é quando se está produzindo menos.
Economia do Trabalho
3.1 Apresentação
8 Subemprego visível é quando o trabalhador trabalha menos horas do que ele gostaria, ou seja, quando as pessoas recebem menos que o salário mínimo, mesmo trabalhando 40 horas semanais. Rotatividade da mão de obra é a substituição dessa mesma mão de obra no mercado de trabalho. Fatores que favorecem a rotatividade são: • quanto maior a empresa menor a rotatividade; menor a empresa, maior a rotatividade; outro motivo é o salário baixo; a idade do trabalhador, quanto mais novo, maior a rotatividade; o sexo feminino gera mais rotatividade que o sexo masculino, que gera menos rotatividade; • quanto maior o número de empregos disponíveis, maior a rotatividade. Se os custos são pequenos com a saída do emprego, será maior a rotatividade. O aumento da rotatividade tende a aumentar a taxa de desemprego natural (apenas um tempo para mudança de emprego). Instituído o seguro-desemprego, a taxa de desemprego natural aumentou.
Exercício
Economia do Trabalho
2.
(Anpec/Cesp/Adaptada/2002) Sobre o mercado de trabalho e a curva de Phillips, pode-se afirmar que: a) O aumento da taxa de rotatividade do emprego tende a elevar a taxa natural de desemprego; b) A adoção de políticas de seguro-desemprego, tende a reduzir a taxa natural de desemprego; c) Quanto maior a empresa, maior tende a ser a rotatividade desta; d) Subemprego visível se dá quando o trabalhador trabalha menos horas do que gostaria de trabalhar.
Capítulo 2
Demanda e Oferta de Mão de Obra
1. Demanda e Oferta de Mão de Obra no Modelo Clássico 1.1 Apresentação Nesta unidade, veremos o que é a demanda clássica e o que é oferta de mão de obra.
1.2 Síntese O equilíbrio no mercado de trabalho No mercado de trabalho, quem demanda mão de obra são as empresas. Segundo o modelo clássico, o modelo de concorrência perfeita, existe a livre entrada ou saída, mobilidade no comércio. O mercado irá determinar o preço do produto e a firma individual vai tomar esse preço para si.
10 Firma em concorrência perfeita não tem poder de determinar o salário, pois quem determina é o mercado. Segundo o modelo clássico, a empresa em modelo de concorrência perfeita vai maximizar seus lucros no ponto em que a produtividade marginal do trabalho for igual ao salário real, ou seja, no mercado em concorrência perfeita, o trabalhador vai receber exatamente igual àquilo que ele produzir. De acordo com a lei dos rendimentos físicos marginais decrecentes, a produtividade da mão de obra tende a ser cada vez menor. O salário real pago ao trabalhador é uma função da sua produtividade, então, na medida em que as empresas vão contratar mais mão de obra, menores salários pagarão. O salário nominal é efetivamente recebido pelo trabalhador em moeda corrente. O salário real garante um poder de compra recebido pelo trabalhador em moeda constante. Se o custo da mão de obra crescer (salário nominal), mas os preços que as empresas receberem por seus produtos crescerem na mesma proporção, não modificará o salário real. Para a empresa, o que importa é o salário real que ela vai pagar e não o salário nominal. Caso o salário real esteja elevado, a empresa tenderá no longo prazo a substituir o fator mão de obra pelo fator capital. Com o salário muito alto, os custos estão altos. Sendo assim, melhor será dispensar as pessoas e colocar máquinas no lugar. No curto prazo, nem sempre é possível. No longo prazo, a demanda por mão de obra é mais elástica do que no curto prazo. Irá tirar mão de obra e colocar máquinas no lugar.
2. Demanda e Oferta de Mão de Obra no Modelo Keynesiano 2.1 Apresentação
Economia do Trabalho
Nesta unidade, veremos o que é a demanda e o que é oferta de mão de obra no modelo Keynesiano.
2.2 Síntese No modelo Keynesiano, a decisão de quanto as empresas empregarão será em relação a quanto produzirão, ou seja, elas só vão empregar de acordo com o que elas produzirem. O produto será determinado pela demanda agregada.
11 A demanda por trabalho é uma atribuição do empresário com base em quanto ele espera vender de produto e não do mercado de trabalho. Como a produção marginal do trabalho é decrescente, expansões no emprego representam uma queda no salário real. Porém, a queda no salário não induz ao aumento do nível de trabalho. O nível de emprego aumenta com o aumento do produto da economia, já que o empresário só irá contratar se tiver pra quem vender o produto que esta mão de obra irá produzir. A teoria de Keynes defendia salários nominais rígidos, ou seja, o desemprego não leva o trabalhador a oferecer seu trabalho por um salário nominal mais baixo, como afirmavam os clássicos. Portanto, para Keynes, não existia necessariamente o pleno emprego no equilíbrio da economia. Os salários nominais eram flexíveis para os clássicos e rígidos para Keynes. Para ele, também, o salário real poderia ser flexível, já que o trabalhador sofria de ilusão monetária. Por conseguinte, apesar de não aceitar um salário nominal mais baixo, ele não percebia uma redução do salário real no curto prazo. Os salários reais eram flexíveis para ambos, já que, para os clássicos, reduções no salário nominal poderiam levar a reduções nos salários reais.
3.
(AFTN/Esaf/1998) Considerando a abordagem Keynesiana em relação ao mercado de trabalho, podemos afirmar que: a) Os trabalhadores não aceitam perdas de salários reais, mas estão dispostos a experimentar variações nos salários nominais; b) Não há como comprimir os salários reais já que os salários reais já que os trabalhadores não têm ilusão monetária; c) Por essa teoria, temos que os salários nominais são rígidos, mas não os salários reais, devido a flexibilidade dos preços dos produtos na economia; d) Os salários nominais são determinados pelo mercado de trabalho, não tendo sentido a existência de sindicatos; e) Os salários nominais são flutuantes de acordo os movimentos de mercado de trabalho, ao passo que os salários reais são relativamente estáveis em decorrência da estabilidade dos preços na economia.
Economia do Trabalho
Exercício
12
3. Oferta de Mão de Obra 3.1 Apresentação Nesta unidade, veremos o que é a oferta de mão de obra.
Economia do Trabalho
3.2 Síntese Quem oferta mão de obra ou trabalho são as famílias. No modelo clássico, os trabalhadores ofertarão mão de obra de acordo com o salário real. Como os trabalhadores não sofrem de ilusão monetária, de nada adiantará um aumento do salário nominal se não for acompanhado de um aumento do salário real. Ao trabalhador caberá decidir quanto de suas horas será destinado ao lazer ou ao trabalho. As horas que o trabalhador dedicará ao trabalho e lazer decorrerão da maximização de sua função-utilidade. O salário real representa um aumento, ou seja, se trabalhar mais, terá mais salário, consumirá mais; sacrifício de consumir menos, opta pelo lazer. Quando o salário real variar, poderão ocorrer dois efeitos: o efeito de substituição, em que as pessoas preferirão disponibilizar mais horas de trabalho no lugar de lazer, ou seja, tornar-se mais caro e, portanto, a procura por lazer diminui e a oferta por horas de trabalho aumenta; ou o efeito renda, em que as pessoas estando mais ricas preferirão mais lazer. Assim, se o efeito substituição for maior que o efeito renda, a oferta de mão de obra será uma função crescente ou positiva ao salário real. Quanto maior for o salário real, mais pessoas ofertarão horas de trabalho e, portanto, maior será a quantidade ofertada de mão de obra. Se o efeito substituição for menor que o efeito renda, a oferta de mão de obra será uma função decrescente ou negativa do salário real. A curva de oferta do trabalho representa a desutilidade marginal do trabalho, ou seja, a perda de utilidade pelo fato de trabalhar mais. Existe uma curva de oferta denominada de “pendente retrógrada” que mostra que, para baixos salários, o efeito substituição é maior que o efeito renda e que para altos salários, o efeito substituição é menor que o efeito renda. Assim, até determinado salário, a curva de oferta de mão de obra é crescente passando a ser decrescente depois.
13
Exercício 4.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/2003) A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa porque o salário real fica suficientemente elevado quando: a) O custo de oportunidade do lazer passa a ser menor; b) O efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção; c) O efeito substituição se torna maior que o efeito renda; d) O lazer passa a ser um bem “inferior”; e) O efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.
4. Equilíbrio no Mercado de Trabalho 4.1 Apresentação Nesta unidade, veremos como funciona o equilíbrio no mercado de trabalho.
No mercado em concorrência perfeita, o equilíbrio se dá quando a demanda por trabalho é igual à oferta por trabalho. Quando o salário real estiver acima do salário de equilíbrio, a demanda por trabalho será menor que a oferta por trabalho, gerando, assim, o desemprego. Com o desemprego, as pessoas passam a ofertar mão de obra a salários mais baixos, fazendo com que as empresas demandem mais mão de obra até que se alcance novamente o ponto de equilíbrio. Quando o salário real estiver abaixo do salário de equilíbrio, a demanda por mão de obra estará acima da oferta por mão de obra, gerando superemprego. A procura por mais mão de obra faz com que as empresas estejam dispostas a pagar salários mais altos. Igualmente, existem duas situações de desemprego conhecidas por desemprego natural. O desemprego friccional, que nada mais é o que decorre de reajustes ou movimentos setoriais ou regionais da estrutura produtiva e do deslocamento da mão de obra; e o emprego voluntário ou de espera, que é quando a pessoa não trabalha porque não se submete ao salário vigente. Já o desemprego involuntário, em que a pessoa aceitaria trabalhar ao salário vigente, no modelo clássico de equilíbrio, não existe.
Economia do Trabalho
4.2 Síntese
14 Um dos motivos de existência do desemprego involuntário é a existência do salário eficiência. A teoria do salário eficiência mostra que os trabalhadores que ganham mais são mais produtivos. O salário eficiência reduz a seleção adversa e o risco moral. Diminui a seleção adversa porque se a empresa pagasse o salário de mercado, ela contrataria funcionários com menor produtividade se comparado com funcionários que recebem salário eficiência. Isso se dá porque os melhores funcionários irão procurar emprego em empresas que remunerem o salário eficiência. Também reduz o risco moral porque os funcionários temerão perder o emprego caso reduzam seu ritmo de trabalho. Assim como o salário eficiência, existem outras razões para o aumento do desemprego involuntário. As principais razões são a força dos sindicatos e das organizações patronais que exigem salários mais altos que o de equilíbrio; fixação de um salário mínimo acima do de equilíbrio do mercado.
Exercício 5.
Seja dada a demanda de trabalho por Nd = 150 - 10w, em que W é o menor salário real. A oferta de trabalho No =120 + 5w. Ao salário de 2,5, pode-se afirmar que: a) Haverá excesso na quantidade de trabalho ofertada; b) Haverá excesso na quantidade de trabalho demandada; c) Haverá equilíbrio no mercado de trabalho; d) A quantidade de trabalho será de 125; e) A quantidade demandada de trabalho será de 125.
5. Discriminação, Segmentação e Diferenciação Compensatória do Salário
Economia do Trabalho
5.1 Apresentação Nesta unidade, veremos o que é a discriminação, segmentação e diferenciação compensatória do salário.
15
5.2 Síntese
Exercício 6.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/2003) No Brasil, o mercado informal de trabalho tem crescido porque: a) A demanda de mão de obra do setor informal é infinitamente inelástica em relação ao salário real;
Economia do Trabalho
Discriminação por remuneração pode se dar por gênero, que ocorre quando a remuneração das mulheres é inferior à dos homens. Homens recebiam em 2005 remunerações 56% a mais que as mulheres. Assim, observa-se que a demanda por mão de obra masculina (Dm) é mais inelástica que a demanda por mão de obra feminina (Df). Discriminação por cor ocorre quando a remuneração dos brancos é superior à dos negros. A demanda por trabalho por brancos (Db) é mais inelástica que a de negros (Dn). A discriminação pode ocorrer também no que se refere ao acesso aos melhores segmentos do mercado de trabalho, já que se observa que homens e/ou brancos apresentam maior acesso que mulheres e/ou negras. A segmentação ocorre quando não há uma situação homogênea, quando há parâmetros que diferenciam o mercado de trabalho. A segmentação pode ser espacial, formal/informal, por setor de atividade, entre outros. A segmentação espacial pode ocorrer entre Unidades Federativas, municípios de grande, médio e pequeno porte. A segmentação entre setores formais e informais ocorre entre empregados formais e informais ou entre empregados formais e trabalhadores por conta própria. Os empregados informais são aqueles que não possuem carteira de trabalho assinada; já os empregados formais possuem a carteira de trabalho assinada. Igualmente, os empregados informais e trabalhadores por conta própria recebem remunerações 40% inferiores às de trabalhadores formais com as mesmas características produtivas e se encontram inseridos no mesmo segmento do mercado de trabalho. O grau de informalidade é definido como proporção da força de trabalho que se encontra no segmento informal, ou seja, que é ou empregado informal ou trabalhador por conta própria. A segmentação por setor faz com que os diferenciais em remuneração intersetoriais declinem acentuadamente, contribuindo de forma significativa para a concomitante queda na desigualdade de renda.
16 b) As empresas que operam no setor informal estão operando a plena capacidade; c) Os trabalhadores do setor informal são mais eficientes que os do setor formal; d) Os custos trabalhistas do setor formal são muitos elevados; e) Os salários pagos no setor informal são mais elevados.
6. Salário-desemprego e Diferenciação Compensatória de Salário 6.1 Apresentação Nesta unidade, veremos o salário-desemprego e as diferenciações de salário.
Economia do Trabalho
6.2 Síntese Seguro-desemprego surgiu na Constituição de 1967. A concessão do seguro seria mais tarde restringida aos desempregados em firmas inadimplentes e depois somente a demissões em massa envolvendo mais de 50 trabalhadores, limitando demasiadamente os critérios de elegibilidade. Todavia, somente em 1986, o seguro-desemprego foi implementado no Brasil, inspirado em um modelo europeu. O seguro-desemprego foi criado durante o Plano Cruzado, como um dos programas sociais do governo Sarney. Depois foi garantido pela Constituição de 1988, que consagrou o direito à proteção por dispensa involuntária e indireta. Em 1990, o Congresso Nacional criou o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), definindo-o também como fonte pagadora do seguro-desemprego. O seguro-desemprego é um benefício integrante da seguridade social, garantido pelo art. 7º dos Direitos Sociais da Constituição Federal e tem por finalidade prover assistência temporária ao trabalhador dispensado involuntariamente. Até 2009, a assistência financeira era concedida em no máximo cinco parcelas, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de dezesseis meses, conforme a seguinte relação: a) três parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício de no mínimo seis meses e no máximo onze meses, nos últimos trinta e seis meses; b) quatro parcelas, se o trabalhador comprovar
vínculo empregatício de no mínimo doze meses e no máximo 23 meses, nos últimos 36 meses; c) cinco parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício de no mínimo 24 meses, nos últimos 36 meses; d) período aquisitivo é o limite de tempo que estabelece a carência para recebimento do benefício. Assim, a partir da data da última dispensa que habilitar o trabalhador a receber o seguro-desemprego, deve-se contar os dezesseis meses que compõem o período aquisitivo. O pagamento do benefício será suspenso nas seguintes situações: a) admissão do trabalhador em novo emprego; b) início de percepção de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto o auxílio-acidente e a pensão por morte. Caso o motivo da suspensão tenha sido a admissão em novo emprego, o que implica em não recebimento integral do seguro-desemprego, o trabalhador poderá receber as parcelas restantes, referentes ao mesmo período aquisitivo, desde que venha a ser novamente dispensado sem justa causa. A partir de 2009, no governo de Luís Inácio Lula da Silva, diante da crise de 2008, o seguro-desemprego estendeu de 5 para 7 o número de parcelas, com a possibilidade de se expandir para 10 por meio de medida provisória. A diferenciação compensatória de salários ocorre para compensar a insalubridade e a periculosidade do trabalhador no seu posto de trabalho. Supondo, por exemplo, que algumas pessoas apresentem curvas de preferências iguais no que diz respeito a trabalhar em um local com alto nível de poluição sonora. Sabendo que a função-utilidade de todas essas pessoas é igual a U = w - p, em que w representa o salário e p, o grau de poluição. Supondo que nessa economia só existam 2 tipos de emprego: um com poluição sonora (po) e outro sem poluição sonora (p1), em que (po) assume um valor de 30 e (p1) o valor de 10. Se o salário pago para um trabalho sem poluição sonora (w1) for igual a 100, o diferencial de salários compensatórios de mercado seria assim calculado: U=w-p Sendo p1 = 10 e w1 = 100, então u = 90 Sendo a utilidade igual para emprego com poluição sonora e sem poluição sonora iguais, teremos, então: U = Wo - po 90 = Wo - 30 Wo =120 Logo, o diferencial de salários (Wo - W1) é igual a 20.
Economia do Trabalho
17
18
Exercício 7.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/2003) A diferenciação compensatória dos salários existe porque: a) Os trabalhadores têm poder monopsônico; b) Existem ocupações que apresentam aspectos indesejáveis para os trabalhadores; c) A taxa de desemprego involuntário é elevada; d) As empresas que contratam têm poder monopólico; e) O custo implícito do lazer é muito baixo.
7. Aversão ao Risco 7.1 Apresentação Nesta unidade, veremos do que se trata a aversão ao risco.
Economia do Trabalho
7.2 Síntese As combinações de taxa de risco e nível salarial vão definir uma curva de indiferença para o trabalhador que demonstra que todos os pontos localizados sobre ela apresentam o mesmo grau de utilidade ou satisfação. À medida em que se desloca de X para Y e depois para Z, percebe-se que riscos maiores enfrentados pelo trabalhador devem ser compensados por salários mais altos. Pelo fato da declividade apresentar uma concavidade para cima, demonstra que à medida que o risco diminui, os trabalhadores estarão cada vez menos dispostos a reduzir o seu salário. Existem infinitas curvas de indiferença para as infinitas utilidades, o que define um mapa de curvas de indiferenças. Observa-se que ao mesmo nível de risco têm-se diferentes níveis salariais, o que demonstra que as utilidades são diferentes, ou seja, à medida que se caminha de U1 para U3, a satisfação aumenta. Ocorre, porém, que o risco é encarado por trabalhador individualmente de maneira diversa, ou seja, pode haver uma aversão ao risco maior ou menor a depender do trabalhador. Quanto maior a aversão ao risco, maior tende a ser a exigência salarial para enfrentar esse risco. Assim, quanto menor aversão ao risco, menos inclinada tende a ser a curva de indiferença. Nota-se que um trabalhador com menor aversão ao risco tolera um menor salário quando o risco aumenta do que um trabalhador com maior aversão ao
19 risco. Assim, um trabalhador com menor aversão ao risco tem seu salário aumentado quando o risco aumenta. Um trabalhador com maior aversão ao risco também tem seu salário aumentado quando o risco aumenta. Caso a empresa queira reduzir os riscos, investindo equipamentos de segurança, prevenção, etc., terá que reduzir os salários dos empregados, se quiser manter o mesmo nível de lucro. Portanto, riscos menores induzirão a salários menores e riscos maiores induzirão a salários maiores. Assim, o nível de salário pago pelo empregador ao trabalhador deverá ser maior à medida que o risco for maior, de maneira a se estar na mesma curva de isolucro da empresa. A concavidade do isolucro é voltada para baixo, diferentemente da curva de indiferença do trabalhador. Isso demonstra que na medida em que as empresas investem na redução de riscos, cada vez maiores deverão ser as reduções dos salários pagos. As empresas também oferecem diferenciação na redução de riscos, já que apresentam maiores ou menores custos para reduzir riscos. Assim, as curvas de isolucro apresentam-se de forma diferente. Desse modo, a concavidade do isolucro menos inclinada apresenta um menor custo na redução dos riscos. Observa-se que para reduzir os riscos, diminuem-se os salários. Isso representa bem menos que a empresa com maior custo de redução de riscos, representada pela curva de isolucro mais inclinada ou mais íngreme.
8.
(Inédita) Com base na teoria da aversão ao risco por parte do empregado e do empregador, assinale a alternativa correta: a) Mantendo o mesmo nível de indiferença do trabalhador, uma maior tolerância ao risco deve ser compensada com um menor salário; b) Trabalhadores com uma menor aversão ao risco apresentam uma curva de indiferença mais inclinada que um trabalhador com maior aversão ao risco; c) Empregadores com maior custo de redução de riscos apresentam uma isolucro menos inclinada que um empregador com menor custo de redução de riscos; d) Empregadores com maior custo de redução de riscos, reduzirão mais os salários de seus empregados quando reduzirem riscos que empregadores com menor custo de redução de riscos; e) As curvas de indiferença, quando se reduzem riscos, é igual para todos os trabalhadores.
Economia do Trabalho
Exercício
Capítulo 3
Mercado de Fatores de Produção no Curto Prazo
1. Demanda pela Concorrência Perfeita 1.1 Apresentação Nesta unidade, veremos como o mercado busca a concorrência perfeita.
1.2 Síntese Considerando que o fator variável seja a quantidade de mão de obra, o comportamento do produto médio da mão de obra e o produto marginal da mão de obra, é dado em que: Produto médio da mão de obra = produto total/quantidade de mão de obra, e produto marginal da mão de obra = acréscimo ao produto total pelo fato de variar em “um” a mão de obra. A maximização do lucro da firma se dá quando a diferença entre receita total e o custo total for máximo em função da mão de obra contratada, ou seja,
21 a adição de mais “um” de mão de obra provoca um aumento do produto total que corresponde ao produto marginal da mão de obra. Esse acréscimo de produto multiplicado pelo acréscimo da receita total em decorrência do acréscimo do produto vai denominar-se Receita Marginal de Mão de Obra. Como se trata de concorrência perfeita no mercado de fatores, a remuneração da mão de obra não é afetada pela quantidade que ela contrata do mesmo. Portanto, o custo marginal da mão de obra é igual ao salário que é o preço do fator mão de obra.
Exercício 9.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/2003) Suponha que a produtividade marginal do trabalho pode ser expressa pela seguinte função: 10/l, em que L é a quantidade de mão de obra. Se a empresa vende sua produção em um mercado competitivo a um preço de $ 8, quanta mão de obra contratará a empresa se o salário for de $ 5 por unidade de mão de obra? a) 16 unidades de mão de obra; b) 4 unidades de mão de obra; c) 6,25 unidades de mão de obra; d) 10 unidades de mão de obra; e) 8 unidades de mão de obra;
2. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Concorrência Perfeita nos Mercados de Produto e do Fator de Produção
Nesta unidade, veremos a curva de oferta e demanda em caso de concorrência perfeita nos mercados de produto e do fator de produção.
2.2 Síntese No equilíbrio, o lucro da firma é determinado pela diferença entre a receita total e o custo total.
Economia do Trabalho
2.1 Apresentação
22 O custo total (CT) para contratar N1 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N1 . W). A receita total (RT) para contratar N1 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N1 VPmen). O lucro residual é chamado de lucro bruto ou renda. Caso haja aumento do salário para W2, o lucro bruto desaparecerá. O custo total (CT) para contratar N2 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N2 . W2). A receita total (RT) para contratar N2 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N2 VPmen). Sendo assim, as áreas são iguais, o que significa que o lucro residual é zero. Caso haja aumento do salário para W3, observe que ocorrerá prejuízo. O custo total (CT) para contratar N3 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N3 . W3). A receita total (RT) para contratar N3 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N3 VPmen). Observe que a área do custo total é maior que da receita total, o que equivale a dizer que se essa empresa contratar N3 de mão de obra ao salário W3 haverá prejuízo. Portanto, a empresa só demandará mão de obra se o salário for inferior/igual ao valor do produto médio da mão de obra. Assim, a curva de demanda da firma por trabalho (Dn) é dada pela curva do valor do produto marginal do trabalho.
3. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Monopólio no Mercado de Produto e Concorrência Perfeita no Mercado de Fator de Produção 3.1 Apresentação
Economia do Trabalho
Nesta unidade, veremos a curva de oferta e demanda nos casos de monopólio e a concorrência perfeita no mercado de fator de produção.
3.2 Síntese No monopólio, o preço do produto é superior à receita marginal e, portanto, o valor do produto marginal do trabalho (VPmgn) é diferente da receita marginal do trabalho (Rmgn). Assim; VPmgn = PmgN . P e Rmgn = PmgN . Rmg
23
Exercício 10.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/2003) Uma determinada empresa é monopolista para uma nova patente de produtos farmacêuticos. Se a demanda por esses produtos for P = 25 - 2Q, e a função de produção a curto prazo for Q = 4L (Q representa a quantidade produzida ou
Economia do Trabalho
Se uma empresa monopolista apresenta a seguinte curva de demanda P = 1000-5Q e a função de produção de curto prazo for igual a Q = 10L, a demanda da empresa por trabalho poderá ser representada por VPmgn . p e Rmgn = Pmgn . Rmg. Observa-se que por meio de gráfico é possível perceber que o nível de emprego do monopólio é menor que da concorrência perfeita. Mas note que o salário é o mesmo para os dois tipos de mercado. Isso acontece quando uma empresa é monopolista no mercado de bens e, portanto, é capaz de determinar o preço do produto no mercado, todavia, é pequena o suficiente no mercado de trabalho para determinar o preço da mão de obra e, por conseguinte, é tomadora do preço da mão de obra. Sendo assim, se P = 1000 - 5Q, então, a receita total (RT) será: RT = P . Q RT = (1000 - 5Q) . Q Logo: Rmg = 1000 - 10Q Dada a produção como função da mão de obra, ou seja: Q = 10L ou PT =10L, em que PT é produto total. Então, teremos: Pmgn = 10 Como: Rmgn = Pmgn . Rmg Então: Rmgn = 10 . (1000 - 10Q) Rmgn = 10000 - 100Q No monopólio, a condição de maximização do lucro ocorre quando o custo marginal da mão de obra (W) é igual a Rmgn. W = 10000 - 100Q Como Q = 10L Então: W = 10000 – 100 . 10L W = 10000 - 1000L
24 vendida e L a quantidade de mão de obra), a demanda de trabalho dessa empresa poderá ser expressa pela seguinte equação (W representa o salário nominal): a) W = 100 - 4L; b) W = 100 - 64L; c) W = 25 - 4L; d) W = 25 - 8L; e) W = 100 - 8L;
4. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Concorrência Perfeita no Mercado de Produto e Monopsônio no Mercado de Fator de Produção 4.1 Apresentação Nesta unidade, veremos a curva de oferta e demanda nos casos de concorrência perfeita no mercado de produto e monopsônio no mercado de fator de produção.
Economia do Trabalho
4.2 Síntese Monopsônio é quando há apenas um único comprador do fator trabalho. Isso ocorre quando em uma pequena cidade há uma única empresa que emprega mão de obra. O monopsonista sabe que dependendo da quantidade do fator que emprega o seu valor mudará, portanto, a curva de oferta será positivamente inclinada, diretamente da concorrência perfeita, que é totalmente elástica. Para se determinar a quantidade ideal a ser empregada, iguala-se o Cmgn com VPmgn. A quantidade de mão de obra ideal a ser empregada será, portanto, N1. O salário a ser pago será W1. Pelo fato da firma ser monopsonista, faz com que o CmgN seja superior ao salário (W). Isso ocorre porque para contratar “um” a mais de mão de obra, o acréscimo ao custo total, ou seja, o Cmg, será superior ao salário pago caso esteja num mercado em concorrência perfeita. Isso se deve ao fato de a curva de oferta de mão de obra ser crescente. O custo total (CT) para contratar N1 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N1 . W1’).
25 A receita total (RT) para contratar N1 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N1 VPmen). Observe que a área do custo total é menor que a área da receita total, o que equivale a dizer que se essa empresa contratar N1 de mão de obra ao salário W1, haverá um excedente. Considerando que Wcp e Ncp correspondem ao salário e nível de emprego na concorrência perfeita e Wm e Nm correspondem ao salário e nível de emprego na concorrência perfeita. No monopsônio, não se define uma curva de demanda, já que a quantidade demandada do fator mão de obra pode se deparar com diferentes salários (w), dependendo do formato da curva de oferta.
Exercício 11.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/2003) A curva de oferta de trabalho que enfrenta um monopsonista tem inclinação porque: a) Os monopsonistas somente contratam mão de obra especializada; b) Outras indústrias competem por esses trabalhadores e empurram para cima o salário; c) Ele deverá aumentar o salário caso queira atrair mais mão de obra; d) Políticas trabalhistas restringem a oferta de mão de obra para um monopsonista; e) Ele tem poder monopólico no mercado de bens finais.
5. Curva de Oferta e Demanda em Caso de Monopólio do Produto e Monopsônio no Mercado de Fator de Produção
Nesta unidade, veremos os detalhes e o que engloba a curva de oferta e demanda em caso de monopólio do produto e monopsônio no mercado de fator de produção.
Economia do Trabalho
5.1 Apresentação
26
Economia do Trabalho
5.2 Síntese Quando o mercado de bens é monopolista for o mercado de trabalho for monopsonista, a quantidade ideal de mão de obra a ser contratada será aquela em que Cmgn se igualar a Rmgn. O salário a ser pago será W1. A esse salário W1, a empresa obtém o seguinte excedente abaixo explicado: O custo total (CT) para contratar N1 de mão de obra é igual à área representada pela multiplicação de (N1 . VPmen). Observa-se que a área do custo total é menor que a área da receita total, o que equivale a dizer que, se essa empresa contratar N1 de mão de obra ao salário W1, haverá um excedente. Assim, se um mercado monopolista no mercado de produto e monopsônio no mercado de fator que apresente a seguinte curva de oferta da mão de obra W = 10l + 60 e o produto marginal da mão de obra = 20L. A quantidade aproximada de mão de obra a ser contratada quando a curva de demanda de produto for igual a P = 50 -2q e a curva de Cmg = 20 + 3q, será: a quantidade ideal de mão de obra a ser contratada será aquela em que RmgN = CmgN. Sabendo que Rmgn = Pmgn.Rmg Como: PmgN = 20/L e Rmg = 50 - 4q Então: RmgN = 20/L . (50 - 4q) Sabendo que o Cmg N = 20L + 60 Logo: RmgN = CmgN Ou: 20/L. (50 - 4q) = 20L + 60(I) Como no monopólio, a quantidade que maximiza o lucro é aquele em que Cmg = Rmg, então: Cmg = 20 + 3q E Rmg = 50 - 4q Logo: 20 + 3q = 50 - 4q Logo: q = 4,28 (II) Substituindo (II) em (I), tem-se: 20/L . (50 – 4 . 4,28) = 20L + 60 20 . (50 - 17,12 = 20L² + 60L 20 . 32,88 = 20L² + 60L 20L² + 60L - 657, 6 = 0 L≈8
Exercício 12.
Se um mercado monopolista no mercado de produto e monopsônio no mercado de fator apresentar uma curva de oferta da mão de obra
27 W = 20L + 80 e o produto marginal da mão de obra = 10/L, a quantidade aproximada de mão de obra a ser contratada quando a curva de demanda de produto será igual a P = 50 - q e a curva de Cmg = 10 + 2q, é de: a) Mais de 1 e menos de 2; b) Menos de 1; c) Mais de 2; d) Mais de 3; e) Menos de 3 e menos de 4.
6. Política de Salário Mínimo no Monopsônio 6.1 Apresentação Nesta unidade, veremos os detalhes de como funciona a política de salário mínimo no monopsônio.
No monopsônio, há apenas um empregador que, pelo fato de os custos marginais da mão de obra estarem à esquerda da curva de oferta de mão de obra, faz com que os custos marginais de contratar mais mão de obra seja superior ao salário ofertado pela mão de obra. Caso seja instituído um salário mínimo igual ao valor do salário resultante da intersecção do Cmgn com o VPmgn, observa-se que a nova curva de custo marginal da mão de obra Cmgn2 será a reta representada por W2 até o ponto em que N2 pessoas estão ofertando mão de obra. A empresa maximiza seus lucros no mesmo ponto antes da imposição do salário mínimo, ou seja, no ponto A. Portanto, a empresa continuará a contratar a mesma quantidade de mão de obra Nm, porém, deverá pagar um salário superior a Wm, ou seja, deverá pagar W2. A nova curva de custo marginal da mão de obra é definida, agora, pela reta W2 até o ponto em que a oferta de mão de obra é N2. A intersecção dessa nova curva de custo marginal de mão de obra Cmgn2 com a curva do CPmgn, definido no ponto B, determina um nível de emprego N1 inferior quando comparado a uma situação antes da imposição de um salário mínimo Nm. Quando a imposição de um salário mínimo for inferior ao ponto de intersecção da curva de custo marginal da mão de obra Cmgn com o valor do produto marginal da mão de obra VPmgn, observar-se-á que o nível de emprego se eleva de Nm
Economia do Trabalho
6.2 Síntese
28 para N1. Portanto, a imposição de um salário mínimo no monopsônio tanto pode elevar quanto baixar como manter o nível de emprego da economia. É importante observar que se o valor do salário mínimo estiver abaixo de Wm não haverá efeito sobre o mercado de trabalho.
Exercício 13.
(Inédita) A imposição de um salário mínimo superior ao de equilíbrio: a) Tende a causar superemprego na concorrência perfeita; b) Tende a causar superemprego no monopsônio; c) Tende a causar desemprego no monopsônio; d) Tende a deixar inalterado o nível de emprego no monopsônio; e) No monopsônio, a fixação de um salário mínimo pode baixar, elevar ou manter o nível de emprego.
7. Cobertura Total e Parcial do Salário Mínimo – Monopólio Bilateral 7.1 Apresentação Nesta unidade, veremos os detalhes do monopólio bilateral.
Economia do Trabalho
7.2 Síntese Quando todos os trabalhadores menos qualificados que percebem salários abaixo do mínimo conseguem ser abrangidos pelas políticas do governo de um salário mínimo, tendo, portanto, seus salários aumentados, diz-se que a cobertura foi total ou uniforme. Quando a política do salário mínimo não consegue abranger a todos que percebem salários inferiores ao mínimo, fazendo com que uma parcela da população não tenha seus salários aumentados, diz-se que essa política foi parcial ou incompleta. Para minimizar esse problema, o governo pode adotar políticas fiscais e monetárias expansionistas que elevem a demanda agregada por bens e serviços, forçando a elevação dos preços. Assim, caso a cobertura seja parcial, haverá dois tipos de mercados, o coberto e o não coberto pela política. No mercado coberto, como o salário está acima do de equilíbrio, a demanda por mão de obra reduzirá, diminuindo o nível de emprego. Portanto, alguns
29 trabalhadores serão beneficiados e outros prejudicados, gerando perdas sociais, embora o nível de emprego não se altere. Quando ocorre o monopólio da mão de obra e monopsônio da mão de obra, diz-se que há monopólio bilateral, ou seja, quando há apenas um vendedor e um comprador de mão de obra. Assim, a força do monopolista e do monopsorista tende a conduzir a uma negociação que, de acordo com a intensidade dessa força, levará a salários maiores ou menores. O sindicato deverá reduzir os salários exigidos e a empresa monopsorista deverá elevar os salários pagos normalmente. O que definirá a magnitude do salário serão o poder de barganha de cada um deles, a habilidade de negociação e a opinião pública como tomada de decisão.
Exercício (Analista Judiciário/Economia/STM/Cespe/2011) Julgue o item que se segue, acerca das teorias da competição: A existência do monopólio bilateral no mercado de trabalho garante que a alocação do fator trabalho seja eficiente, pois o salário fixado nesse mercado corresponde àquele que seria estabelecido em um mercado competitivo.
Economia do Trabalho
14.
Capítulo 4
Mercado de Trabalho no Longo Prazo
1. Mercado de Trabalho no Longo Prazo/ Demanda de Mão de Obra no Longo Prazo 1.1 Apresentação Nesta unidade, veremos os detalhes mercado de trabalho no longo prazo e sua demanda.
1.2 Síntese No longo prazo, tanto o fator trabalho quanto o fator capital irão variar. Sabe-se que a relação entre as remunerações pagas ao fator trabalho (L) e fator capital (K) é igual à relação entre suas respectivas produtividades marginais (Pmg) de cada fator.
31 PmgL = W PmgK = r Em que W = remuneração da mão de obra (custo marginal da mão de obra CmgL); r = remuneração do capital (juros, custo marginal do capital CmgK) Reestruturando a função acima, temos: W
= r
.
PmgL PmgK Sendo assim, a empresa deverá contratar até o ponto em que o custo marginal de produzir a última unidade de produto deva ser igual para todos os insumos. Se por acaso W aumenta, para que a relação permaneça constante, deve-se ou aumentar PmgL ou diminuir PmgK. Sabe-se que quando se aumenta a utilização de um fator produtivo, a sua produtividade marginal diminui. Portanto, para aumentar PmgL, deve-se reduzir L ou, para diminuir PmgK, deve-se aumentar K. Portanto, caso W aumente, a firma demitirá mão de obra substituindo por mais capital.
Exercício 15.
(Auditor Fiscal do Trabalho/Esaf/Adaptada/2003) Em longo prazo, quando o salário sobe: a) A empresa contratará mais mão de obra; b) A empresa terá lucro zero; c) A empresa adquirirá mais capital; d) A empresa poderá estabelecer o preço dos produtos e) A empresa terá lucro maior que zero.
2. Oferta do Trabalhador 2.1 Apresentação
2.2 Síntese O trabalhador como consumidor escolherá ter mais lazer (L) ou mais consumo (C) (o que implica uma renda maior). A satisfação do consumidor é medida por uma função utilidade, como está apresentada abaixo:
Economia do Trabalho
Nesta unidade, veremos o que é a oferta do trabalhador.
32 U = f (L . C) Ou: U = A . LαCβ Em que: U = utilidade A = constante L = Lazer C = consumo α + ß = constantes que são expoentes da mão de obra e capital. A utilidade marginal do consumo (UmgC) é o acréscimo total na utilidade do consumidor por “um” a mais de consumo. Encontra-se a utilidade marginal do consumo por meio da derivada da utilidade total (U) em função do consumo. A utilidade marginal do lazer é o acréscimo total na utilidade marginal do consumo por “um” a mais de lazer. Encontra-se a utilidade marginal do lazer por meio da derivada da utilidade total (U) em função do lazer. À medida que se aumenta o consumo ou lazer, a utilidade marginal do consumo ou do lazer é cada vez menor, ou seja, as utilidades marginais são decrescentes. Qualquer ponto localizado na mesma curva de indiferença (I) apresenta o mesmo grau de satisfação ou utilidade. Observa-se que, na medida em que adquire mais lazer, deve-se consumir menos e, na medida em que se adquire menos lazer, poder-se-á consumir mais. Caso a curva de indiferença pudesse se deslocar para a direita ou para cima, isso implicaria um maior grau de satisfação e, portanto, um nível de trabalho e/o lazer maior. A taxa marginal de substituição de renda por lazer mantendo o mesmo nível de utilidade é igual a TmgS R,L = ΔR/ΔL. É importante lembrar que as horas de lazer (HL) + horas de trabalho ou consumo (HT) = 24 horas.
Exercício
Economia do Trabalho
16.
(Auditor Fiscal do TrabalhoEsafF/2003) Suponha que a utilidade de um indivíduo possa ser representada por U = R * Hlazer, em que R é a renda e Hlazer as horas de lazer. Além disso, sabemos que esse indivíduo divide as horas totais de seu dia entre horas de trabalho e horas de lazer (Htrabalho + Hlazer = 24horas) e que sua renda está determinada pela taxa nominal de remuneração por horas trabalhadas (W) vezes o número de horas trabalhadas (R = W * Htrabalho). Assim, a curva de oferta de mão de obra desse indivíduo poderá ser expressa por: a) Htrabalho = 12 - W b) Htrabalho = 24 - W c) Htrabalho = 24 d) Htrabalho = 12 e) Htrabalho = 12 + W
33
3. Restrição Orçamentária do Trabalhador 3.1 Apresentação Nesta unidade, veremos o que é a oferta do trabalhador.
Como renda, o consumidor optará por uma quantidade de lazer e uma quantidade de consumo. O preço do lazer é o custo de oportunidade de não trabalhar e, portanto, de não receber um salário (W), e o preço do consumo é o preço do próprio bem a ser consumido. Diante de uma restrição orçamentária, o consumidor deverá escolher uma cesta de bens (composta de consumo e lazer) que maximize sua utilidade (satisfação). Assim, observa-se que, diante de uma restrição orçamentária, existem infinitas cestas de bens, possíveis de serem consumidas. Portanto, o consumidor maximiza sua satisfação na cesta que pertencerá à curva de indiferença (I3), já que está localizada na curva de indiferença mais distante da origem. Logo, a cesta que maximiza a utilidade do consumidor é aquela cuja restrição orçamentária tangencia a curva de indiferença externa. A restrição orçamentária (R) permite que ao consumidor adquirir uma certa quantidade de consumo (C) e uma certa quantidade de lazer (L) de acordo com os seus respectivos preços. Por conseguinte, a função de restrição orçamentária pode ser assim representada: R = W . L + Pc . C Em que: W = preço do lazer = salário L = quantidade de lazer Pc = preço do consumo C = quantidade de consumo A cesta ótima para o trabalhador é aquela que tange da restrição orçamentária, ou aquela em que a Tgα = TmgS C, L. Sabendo que TmgS entre consumo e lazer = ΔC/ΔL. E dividindo os dois termos da fração por ΔU, tem-se: TmgS = ΔC/ΔU/ΔL/ ΔU ou: TmgS = ΔC/ΔU. ΔU/ΔL ou TmgS = ΔU/ΔL. ΔC/ΔU ou TmgS = ΔU/ΔL/ΔU/ΔC TmgS = UmgL/UmgC TmgS = UmgL/UmgC
Economia do Trabalho
3.2 Síntese
34 Como: TmgS = tgα E: Tgα = W/Pc Então: TmgS = UmgL/UmgC = W/Pc Logo, as pessoas irão escolher as horas de lazer de tal forma que a relação entre as utilidades marginais do lazer e do consumo sejam iguais à relação dos respectivos preços do lazer e do consumo.
Exercício 17.
Se o consumidor tem uma renda de 120, sendo o preço do bem igual a 6 e o salário igual a 4 dada a função utilidade U = L²C³, a quantidade de lazer e consumo que maximiza a satisfação do consumidor é: a) L = 12 e C = 12; b) L = 8 e C = 16; c) L = 16 e C = 8; d) L = 24 e C = 0; e) L = 0 e C = 24.
4. Determinação Simplificada da Cesta Ótima do Consumidor numa Função de Colb Douglas 4.1 Apresentação Nesta unidade, veremos qual cesta é a indicada na função de Colb Douglas.
Economia do Trabalho
4.2 Síntese Caso a função de utilidade seja do tipo Cobb Douglas, ter-se-á: U=A . LαCβ. A cesta ótima será aquela em que: L* = C* =
α a+β β a+β
. .
R W R Pc
35 Em que: A, α e β = são constantes positivas R = renda do consumidor W = salário Pc = preço do bem Assim, por exemplo, se o consumidor tem uma renda de 120, sendo o preço do bem igual a 6 e o salário igual a 4 e dada função-utilidade abaixo: U = L²C³. A quantidade de lazer e consumo que maximiza a satisfação do consumidor é: L* = C* =
2 2+3 3 2+3
. .
120 4 120 4
=
12
=
12
Como: Hlazer + Htrabalho = 24 12 + Htrabalho = 24 Htrabalho = 12
18.
(AFTN/STN/2002) Uma empresa emprega apenas dois fatores de produção e tem por objetivo obter uma determinada quantidade de seu produto com um custo mínimo. Nessas condições: a) O valor do produto marginal de um fator de produção deve ser necessariamente igual ao preço desse fator; b) Quando a empresa atinge esse objetivo com emprego não nulo de nenhum dos dois fatores de produção é igual à razão entre as produtividades marginais dos dois fatores de produção é igual à razão entre os preços desses fatores; c) A quantidade a ser empregada de cada fator de produção para resolução do problema acima depende das condições de demanda pelo produto da empresa; d) Se a função da produção for estritamente côncava, a empresa deverá empregar apenas um fator de produção; e) Para resolver o problema acima descrito, a empresa deverá igualar seu custo marginal ao preço de seu produto.
Economia do Trabalho
Exercício
36
5. Salário Reserva e Renda Econômica 5.1 Apresentação Nesta unidade, veremos o que é salário reserva e renda econômica.
5.2 Síntese Salário reserva é o valor mínimo a que o trabalhador estaria disposto a trabalhar. É o valor de equilíbrio e iguala-se ao Cmg de continuar a busca por emprego por mais um período ao benefício marginal esperado por realizar a busca por mais um período. Se o salário estiver acima do salário reserva, a oferta de trabalho será negativa. Se o salário for igual ao salário reserva, o trabalhador será indiferente entre oferecer ou não horas de trabalho. Renda econômica é o valor da diferença entre o salário pago e o salário reserva. Uma das causas dos deslocamentos da curva de oferta de mão de obra para esquerda, diminuindo a oferta de mão de obra, é a mortalidade de trabalhadores. Atente-se para o fato de que com a mortalidade de mão de obra a oferta desloca-se para esquerda, reduzindo o número de empregos na economia e elevando os salários de equilíbrio.
Exercício
Economia do Trabalho
19.
(AFTN/2006/Esaf) Suponha um modelo neoclássico de oferta de trabalho individual em que a utilidade do indivíduo dependa apenas do consumo (C) e do lazer (L). Suponha que LMÁX = 24 horas, que a função utilidade seja U (C, L) = Ca.L1- a, e que o preço do bem de consumo C seja 1 por unidade do bem. Considerando estas afirmações: I – os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo que a taxa de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do consumo, dado que o salário de mercado é maior que o salário reserva; II – o salário reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero hora de trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho; III – a curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente inclinado, desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação compense o efeito substituição. Nesse
37
Economia do Trabalho
trecho, negativamente inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com relação ao salário é negativa. a) I, II e III estão corretas. b) I e II estão corretas e III está incorreta; c) I está incorreta e II e III estão corretas; d) I e III estão incorretas e II está correta; e) I, II e III estão incorretas.
38
Gabarito
Economia do Trabalho
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
Letra A. V, F, F, V. Letra C. Letra E. Letra A. Letra D. Letra B. Letra D. Letra A. Letra B.
11. Letra C. 12. Letra A. 13. Letra E. 14. Falso. 15. Letra C. 16. Letra D. 17. Letra A. 18. Letra B. 19. Letra E.