Revista insubmissa - Volume I - Mulheres

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VOL. 1 | MARÇO, 2021

insubmissa

Os rostos por detrás da Plano i

Apresentação da Presidente

Lugar de fala

O que é ser Mulher em 2021?

Quando a denúncia, por Violência Doméstica, é feita sem o conhecimento da pessoa vítima: quais os riscos?

ABC da Igualdade

Androginia


PROFESSORA DOUTORA ANA SOFIA NEVES

CONTINUAMOS A NÃO NASCER MULHERES, MAS A TORNAR-NOS MULHERES. AINDA QUE PERSISTAM EM QUERER-NOS OBJETO, ADORNO E UTENSÍLIO, SOMOS CADA VEZ MAIS AS MULHERES QUE QUISERMOS SER. HERDÁMOS DE ABRIL A LIBERDADE, E COM ELA A FORÇA DA ESPERANÇA. DEIXÁMOS NO PASSADO O SILÊNCIO E HOJE SOMOS TODAS GRITO. UM GRITO QUE JAMAIS VOLTARÁ A SER CALADO.


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ÍND ICE A História da Plano i

4

Este ano consigne o seu IRS à Plano i

6

Organograma Plano i

7

Os rostos por detrás da Plano i - Apresentação da Presidente

8

Projetos Plano i

9

Oferta Formativa Plano i

41

Apresentação do Grupo de Jovens Promotor da Igualdade e da Saúde

43

Lugar de Fala: - O que é ser Mulher em 2021?

44

- Quando a denúncia, por Violência Doméstica - crime público -, é feita sem o conhecimento da pessoa vítima: quais os riscos?

49

Mulheres Pioneiras

53

ABC da Igualdade: Androginia

78

Sabia que...? Linguagem inclusiva de género

79

Passatempo

81

Eventos a não perder

83

Referências bibliográficas

89


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A HISTÓRIA DA PLANO i PALAVRAS DA PROFESSORA DOUTORA ANA SOFIA NEVES

Lembro-me bem, como se fosse hoje, do

segunda pele ou talvez na pele que jamais

primeiro sentimento de indignação que

consegui

experimentei face ao confronto com a

feminismos, com a História e com quem

desigualdade. Uma sensação de “murro no

fez da luta pelos direitos humanos a sua

estômago”, de acordar abrupto, de tomada

própria luta fez o resto. O reconhecimento

de consciência inesperada. Era, na altura,

dos efeitos das assimetrias de género no

uma jovem aspirante a psicóloga, com 19

quotidiano das mulheres e da segregação

ou 20 anos, que pouco ou nada sabia sobre

étnica e social (entre outras) no dia-a-dia

a realidade da violência, da opressão ou da

dos grupos mais vulneráveis orientou a

discriminação e, pior ainda, da realidade

minha vida e, muito em concreto, a minha

das pessoas e dos grupos que a vivem. Foi

carreira profissional para o exercício de

através da Conceição Nogueira, à época

uma

minha

forçosamente crítica e para a produção e

professora

de

Psicologia

despir.

Psicologia

contacto

que

os

que

ver, de ler e de problematizar a vida social,

poderia ser senão emancipatória. Tornei-

que os meus olhos se abriram para o

me portanto uma ativista académica que,

mundo: um mundo que eu pensava ser

nas

novo, necessariamente diferente daquele

investigadora, não se escuda na desculpa

que

da

conhecia,

ou

pelo

menos

funções

pretensa

ciência

como

neutralidade

que

ser

divulgação

eu

uma

teria

com

Comunitária, da sua forma implicada de

suas

de

O

não

docente que

e

serve,

inacessível ao meu, até então, modo

frequentemente, para esconder todos os

conforme, acrítico e cómodo de estar e de

vieses que a própria ciência cria, tendo a

ser. Uma vez acordada, não poderia voltar

obrigação de os combater. Foi essa tomada

a adormecer. Tornei-me ativista nesse

de decisão, a nível pessoal e profissional,

preciso momento, talvez sem o saber

que me possibilitou conhecer as histórias

ainda. A urgência de reverter o estado

que fizeram de mim aquilo que sou hoje.

amorfo

Histórias de ausência de liberdade, de

em

que

me

encontrava

transformou-se entretanto na minha

sofrimento silenciado, de acesso limitado

4


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A HISTÓRIA DA PLANO i PALAVRAS DA PROFESSORA DOUTORA ANA SOFIA NEVES

(CONTINUAÇÃO)

ao poder, de oportunidades suspensas. Histórias de violência que são morte lenta mesmo quando não matam. Mais uma vez, tendo acordado, não poderia voltar a adormecer. Após anos e anos de ativismo na área da violência de género, a constituição de uma associação como a APi era quase que uma inevitabilidade no meu percurso: o ponto no i que sentia que me faltava colocar nesta

trajetória

que,

sendo

curta,

é

marcada pela paixão de fazer acontecer. O ponto no i do qual eu gostaria que o meu filho Rui e a minha afilhada Lília mais se

@associacaoplanoi

orgulhassem de todos os que fui colocando até aqui. A materialização de um sonho individual

/associacaoplanoi

num projeto que agrega uma vontade coletiva é talvez o maior legado que uma

associacaoplanoi.org

ativista, como eu, pode querer deixar às gerações

vindouras.

Eu,

pelo

menos, direcao@associacaoplanoi.org

acredito que sim.

/associacaoplanoi

5


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ESTE ANO CONSIGNE O SEU IRS À PLANO i! A Associação Plano i fez, em dezembro do

Esta consignação não implica nenhum

ano passado, 5 anos de vida.

custo para quem a faz.

Este ano, pela primeira vez, é elegível para

Até 31 de março, e através do site das

a

Finanças, é possível selecionar a entidade

consignação

do

IRS.

Sendo

uma

organização não governamental sem fins

a

lucrativos,

consignação.

e

estando

a

maioria

dos

quem

se

Projetos centrada no apoio a vítimas de violência,

todos

os

contributos

que

possam ser feitos serão, para a Plano i, verdadeiros balões de oxigénio.

Muito obrigada!

6

pretende

destinar

a


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ORGANOGRAMA DA PLANO i DIREÇÃO

ANA SOFIA NEVES

PAULA ALLEN

DORA PINTO

ARIANA CORREIA

ANA TELES 7


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OS ROSTOS POR DETRÁS DA PLANO i APRESENTAÇÃO DA PRESIDENTE Licenciada em Psicologia e doutorada em Psicologia Social pela Universidade do Minho. É

Professora

Associada

no

Instituto

Universitário da Maia (ISMAI) e membro integrado do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG - ISCSP/ULisboa). A sua principal área de interesse científico é a Violência de Género, tendo sido reconhecida,

em

2013,

pelo

European

Institute for Gender Equality (EIGE), como perita na matéria. É autora de várias publicações científicas e coordenadora investigação.

de

vários

Coordena,

projetos igualmente,

de o

Observatório da Violência no Namoro e o Observatório Nacional do Bullying. É membro da equipa do Observatório da Violência

contra

fundador

da

atletas

Associação

e

membro

AjudAjudar

-

Associação para a promoção dos direitos das crianças e jovens. Atualmente é Presidente da Associação Plano i.

PROFESSORA DOUTORA ANA SOFIA NEVES

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PROJETOS PLANO i FIQUE A PAR DO QUE FOI E VAI SER FEITO CENTRO GIS - Articulação com serviços de saúde no caso dos processos de redesignação sexual e/ou mudanças corporais/cirúrgicas; - Apoio psicossocial; - Grupos terapêuticos para pessoas trans e não binárias; - Intervenção psicológica individual e em grupo;

população LGBTI - abriu portas a 09 de

- Intervenção em crise; Departamento técnico-pedagógico: formação de públicos estratégicos (área social, direito, saúde, educação e comunicação social);

janeiro de 2017, nas instalações cedidas

- Produção e divulgação de materiais.

pela Câmara Municipal de Matosinhos, no

Atualmente o Centro Gis

Edifício da Antiga Câmara. O nome deste

financiado pelo FSE, através da medida

centro homenageia Gisberta, a mulher

POISE

transgénero assassinada no Porto, em

Matosinhos e tem como objetivos gerais:

2006, e conta com os seguintes serviços

- Promover a saúde e o bem-estar das

especializados a pessoas LGBTI e pessoas

populações LGBTI;

significativas:

- Potenciar a inclusão destas populações de

- Estrutura de atendimento a pessoas LGBTI

forma integrada;

vítimas de violência doméstica e/ou de

-

género;

discriminação e violência a que este grupo

- Apoio informativo, jurídico e médico

está sujeito;

(avaliação, triagem e encaminhamento);

- Capacitar públicos estratégicos.

O Centro Gis - Centro de Respostas à

9

e

pela

Combater

as

Câmara

encontra-se Municipal

múltiplas

formas

de

de


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(CONTINUAÇÃO) O Centro Gis tem, ainda, o Gabinete Itinerante de Saúde (GiS) e uma unidade móvel que permite realizar atendimentos, rastreios e campanhas de informação, sensibilização e prevenção das infeções sexualmente transmissíveis. Está em funcionamento desde 19 de março de

2018,

contudo

face

à

situação

pandémica atual está temporariamente suspenso. Este projeto é financiado pela Fundação EDP e pela Junta de Matosinhos e Leça da Palmeira. Até ao início de Março de 2021, o Centro Gis já atendeu 612 utentes. Entre os vários motivos que levam à procura do Centro Gis, a

maioria

está

relacionado

com

a

exploração da identidade e/ou expressão de género, sintomatologia depressiva e ansiosa e violência doméstica.

gis@associacaoplanoi.org

@centro_gis

/CentroGis

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CONSELHO CONSULTIVO PARA AS QUESTÕES LGBTI em prol das comunidades LGBTI que são extremamente

discriminadas

e

invisibilizadas. O Projeto CCLGBTI contou, inicialmente, com o apoio de 19 entidades, sendo que as O Conselho Consultivo para as Questões

mesmas se dividem em 3 secções distintas.

LGBTI (CCLGBTI) foi criado em março de

Primeiramente, a secção das Organizações

2017, pela Associação Plano i. Serve como

Não-Governamentais

órgão de consulta de caráter, não só

Associação Abraço; AMPLOS (Associação de

pedagógico, como científico, composto por

Mães e Pais pela Liberdade de Orientação

uma entidade organizadora; secção das

Sexual e Identidade de Género); APDES

Organizações Não-Governamentais; secção

(Agência Piaget para o Desenvolvimento);

dos Coletivos; e, por fim, por um Grupo

Casa Qui - Associação de Solidariedade

Técnico-Científico.

de

Social; Gis – Grupo de Intervenção Solidário;

ressalvar que qualquer pessoa poderá aderir.

Opus Gay; Rede Ex Aequo - Associação de

Assumindo-se como um meio para que

Jovens LGBTI e Apoiantes; e, por fim, a

todas as entidades trabalhem em rede e em

Associação

parceria, de modo a proporcionar um maior

Posteriormente, na secção dos Coletivos,

e melhor serviço à população em causa, o

contou-se com a ajuda das associações

CCLGBTI visa, não só representar coletivos,

GAAP

organizações e pessoas no seu individual,

Português);

bem como, pretende ter uma voz própria

Ponto Irís; e o Queering Style. Por fim, o

acerca dos assuntos que lhe dizem respeito

Grupo Técnico-Científico é composto por

como

pessoas individuais, sendo que a maior parte

Consultivo

são psicólogos e psicólogas que estão a

quer

em

internacionais.

No

assuntos O

entanto,

nacionais

Conselho

é

teve

Tudo

(Grupo

a

ajuda

Vai

Assexual

Associação

e

da

Melhorar.

Arromântico

PortugalGay.pt;

pretende marcar a sua própria posição

fazer investigação na área LGBTI.

perante as diversas situações que possam

Em suma, é, portanto, um projeto que

ocorrer e, constata ainda que, o importante

promete

é debater os assuntos com toda a clareza e

Organização

limpidez de forma a defender e trabalhar

coletivo" num órgão que se propõe a

11

reunir Não

"qualquer

pessoa,

Governamental

ou


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(CONTINUAÇÃO) “conciliar esforços, a trabalhar em rede, a trabalhar em parceria, por uma única causa: a causa LGBTI”. O projeto está, atualmente, em fase de acolhimento de novas organizações nãogovernamentais e coletivos.

www.associacaoplanoi.org/conselho -consultivo-para-as-questoes-lgbticclgbti/

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PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE E DA DIVERSIDADE SOCIAL E DE COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DE GÉNERO também o acesso aos três vídeos de sensibilização

criados

por

influencers,

criadores/as de conteúdos digitais e outras figuras públicas com o intuito de estes/as O Programa UNigualdade contou com três

poderem

edições e foi desenvolvido pela Associação

sensibilização

Plano i, tendo como entidade financiadora

temáticas deste projeto. Colaboram nesta

a Comissão para a Cidadania e Igualdade

terceira edição três influencers/criadores/as

de Género (CIG), no âmbito da pequena

de conteúdos digitais – Clara Não, André

subvenção destinada ao apoio técnico e

Costa e Vera Oliveira, e uma figura pública –

financeiro

Manuela

às

governamentais

organizações de

mulheres

não

protagonizar sobre

Azevedo

as

vídeos

três

(Clã).

demonstraram

(ONGM).

três

de

principais

Todos/as

se

particularmente

Atualmente, está em curso a quarta edição.

interessados/as no Programa UNigualdade

O Programa operacionalizou-se nas duas

III, aceitando abraçá-lo de forma voluntária

primeiras edições através de uma formação

com base nas causas com que mais se

de

comunidade

identificam: Clara Não – Igualdade de

24

horas

dirigida

à

académica

(docentes,

assistentes

Género; André Costa – Discriminação contra

operacionais,

profissionais,

estudantes

pessoas LGBTI; Vera Oliveira – Divulgação do

universitários/as), tendo-se também criado

Programa nas suas redes sociais; Manuela

um referencial de formação no âmbito da 1ª

Azevedo (Clã) – Violência no Namoro.

edição. Já na terceira edição, a metodologia

semelhança das duas primeiras edições, o

foi alterada, tendo-se criado um Guião de

objetivo geral do Programa UNigualdade III

Promoção de Boas Práticas: Violência(s),

foi a difusão de uma cultura de igualdade

Desigualdade(s) e Diversidade(s) que teve

de género, de diversidade e de não-

como público--alvo jovens estudantes do

violência,

sendo

que

Ensino Superior. Este guião é interativo, de

procurou

inovar

a

acesso gratuito e conta com informação

metodológica, respondendo aos desafios

sobre conceitos, evidências estatísticas e

atuais.

empíricas, dinâmicas, impactos, serviços e

Foram

recursos, entre outros. Este guião permite

UNigualdade III os seguintes: 13

objetivos

À

esta

3.ª

sua

abordagem

específicos

edição

do


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(CONTINUAÇÃO) (In)formar para a igualdade de género;

quebrando

Promover o conhecimento sobre as

estereotipadas

relações sociais de género e as suas

perpetuam as desigualdades e violências de

implicações nas diferentes esferas da

género, bem como a discriminação e

vida social;

segregação social, tendo todas as suas

(In)formar sobre a violência doméstica e

edições

de género, em especial sobre a violência

feedback por parte do seu público-alvo.

crenças e

decorrido

de

género

conservadoras

com

um

que

excelente

no namoro; partilhar informação sobre conceitos,

evidências

estatísticas

e

empíricas, dinâmicas, impactos, serviços e recursos disponíveis; Favorecer a reflexão sobre a diversidade social

tendo

por

base

uma

matriz

interseccional; prevenir a discriminação e a violência com base na orientação sexual,

identidade

e

expressão

de

género; desconstruir estereótipos sociais; Fomentar

uma

cultura

assente

no

respeito pelos Direitos Humanos; Criar ferramentas de disseminação da informação. A aposta numa maior inovação em termos de

metodologia,

edições

comparativamente

anteriores

que

às

apostaram,

sobretudo, na formação no seu formato tradicional, UNigualdade

permitiram III

uma

ao

Programa

abordagem

e

resultados mais consentâneos com as www.associacaoplanoi.org/uniguald ade/

expetativas e interesses do seu públicoalvo, jovens estudantes universitários/as, 14


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BANDA DESENHADA - SUPER i's

competências em matéria de ilustração e de publicação, bem como formação em áreas como a Psicologia e a Medicina. É objetivo das Super i's oferecer às crianças e jovens uma visão do mundo que as/os faça sentir

enquadradas/os,

confiantes

e

seguras/os para sonhar, sabendo que a sua dignidade estará assegurada. A primeira edição da banda desenhada será lançada em formato digital, com 6 histórias. A Banda Desenhada Super i's constitui a quarta edição do projeto UNigualdade, em curso durante o corrente ano. A mesma tem como entidade financiadora a Comissão

No dia 29 de março começamos a desvendar mais novidades sobre este projeto! Fiquem atentos/as e terão uma surpresa no dia 2 de abril, o dia internacional do livro infantil.

para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG). A falta de igualdade e inclusão observada no mundo real repercute-se no mundo da banda desenhada, fazendo com que os estereótipos sociais sejam reforçados. As Super i's são heroínas que contestam os estereótipos

sociais

e

os

desconstroem

através da abordagem de temas como a saúde

mental;

etnicidades;

diversidade

funcional; orientação sexual/identidade e expressão de género e migrações/pessoas refugiadas. Este Projeto é da autoria do grupo de pessoas voluntárias da Plano i, o qual reúne

15


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PROGRAMA DE PREVENÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA NO NAMORO NO ENSINO SUPERIOR Apoio às Vítimas de Violência Doméstica. Presta apoio psicológico, jurídico e social, sem obrigatoriedade de apresentação de uma denúncia junto das autoridades. Os

apoios

são

sempre

confidenciais.

gratuitos

e

Realizam-se

O UNi+ 3.0, Programa de Prevenção e

presencialmente, em Braga, ou à distância, a

Combate à Violência no Namoro no Ensino

partir de qualquer ponto do país e através

Superior, promovido pela Associação Plano

da

i, tem como objetivo a prevenção da

disponíveis

violência nas relações de intimidade e a

Espanhol.

promoção de uma cultura de tolerância

No decurso do ano de 2020, a Associação

zero à violência no namoro no Ensino

Plano i reforçou os seus mecanismos de

Superior Português.

apoio às vítimas de violência no namoro,

Na

sua

terceira

edição,

o

projeto

é

plataforma em

que

preferir.

Português,

Estão

Inglês

nomeadamente através da abertura do

financiado pelo programa POISE e promove

Espaço UNi+, em Braga.

atividades de formação e sensibilização, a produção

e

divulgação

de

conteúdos

científicos e informativos, desenvolve o Estudo

Nacional

sobre

a

Violência

no unimais.wixsite.com/unimais programa

Namoro, o Observatório da Violência no Namoro,

e

disponibiliza

atendimento

especializado a vítimas de violência no

unimais@associacaoplanoi.org

namoro, no Espaço UNi+. Nesta terceira edição, o UNi+ já formou mais de 500

@programaunimais

estudantes de ensino superior e mais de 250 profissionais - agentes estratégicos. O

Espaço

UNi+

é

uma

estrutura

e

/unimaisprograma

de

atendimento a vítimas de violência no namoro que integra a Rede Nacional de

/associaçãoplanoi

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OBSERVATÓRIO DA VIOLÊNCIA NO NAMORO

É

importante

a

denúncia

e

o

preenchimento do questionário, uma vez que, muitas situações de violência no namoro permanecem silenciadas, nunca sendo

partilhadas

autoridades

ou

competentes.

reportadas Conhecer

às a

violência no namoro é fundamental para a prevenir e combater.

O Observatório da Violência no Namoro é um mapeamento da realidade da violência no namoro em Portugal, através do registo das denúncias efetuadas ao Observatório da Violência no Namoro. Os dados são compilados anualmente, numa infografia divulgada no Dia dos/as Namorados/as. Em 2020, recebeu 69 denúncias. A denúncia consiste no preenchimento de um

questionário.

O

questionário

é

composto por perguntas simples. Todas as perguntas de caráter obrigatório devem ser respondidas,

caso

contrário

não

será

possível validar as suas respostas. Cada questionário deverá referir-se apenas a uma situação de violência no namoro ocorrida em Portugal. Caso pretenda reportar mais do

que

um

preenchimento

caso,

terá

de

novo

de

efetuar

o

questionário. observatorioviolencianonamoro@asso ciacaoplanoi.org

Devem responder pessoas que são ou foram vítimas de violência no namoro ou que são ou foram testemunhas.

www.associacaoplanoi.org/observato rio-da-violencia-no-namoro/

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ESTUDO NACIONAL SOBRE A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: CRENÇAS E PRÁTICAS

NAMORO

EM

53.8% dos/as participantes já foram sujeitas/os a, pelo menos, um ato de violência no namoro. 34.4%

dos/as

participantes

praticaram, pelo menos, um ato de violência no namoro. A violência psicológica é a mais prevalente O Estudo Nacional da Violência no Namoro

nas

no Ensino Superior realiza-se todos os anos

violência social, da violência sexual e, por

e pretende avaliar crenças e práticas de

fim,

estudantes do ensino superior sobre este

destacam as seguintes estatísticas:

crime.

Pode

preencher

o

relações da

de

namoro,

violência

física,

seguida de

onde

da se

23.2% dos/as estudantes afirmam já ter

questionário

qualquer pessoa que frequente o ensino

sido

superior em Portugal, que compreenda

insultados/as,

língua portuguesa fluentemente e que

acusados/as sem razão, e 20.5% afirmam

nunca tenha respondido ao questionário

já ter sofrido e praticado estes mesmos

anteriormente.

atos;

O Estudo Nacional da Violência no Namoro

19.3% relatam que já foram alvo de

no Ensino Superior: Crenças e Práticas é

controlo

também uma iniciativa da Associação Plano

penteado

i no âmbito do Programa UNi+, financiada

frequentados

pela Secretaria de Estado para a Cidadania e

companhias;

Igualdade (1ª e 2ª edições) e pelo Fundo

16% afirmam que as suas coisas pessoais

Social Europeu no âmbito do Programa

já foram mexidas sem autorização (e.g.,

Operacional Inclusão Social e Emprego

conta de e-mail, perfil das redes sociais,

(POISE) do Portugal 2020 (3ª edição).

bolsos do casaco, telemóvel, carteira,

Dos resultados referentes à recolha de

agenda);

dados entre abril de 2017 e janeiro de 2021,

15.7% afirmam já ter sido ameaçados/as

com

verbalmente

um

total

de

4354

participantes,

culpados/as,

na

criticados/as,

difamados/as

sua ou

forma

de

imagem, ou

ou

ou

vestir, locais

amizades

através

comportamentos que causem medo

destacam-se os seguintes:

18

ou

de


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(CONTINUAÇÃO) (e.g.,

gritando,

partindo

objetos,

A proporção da violência praticada por

rasgando a roupa);

homens é superior à das mulheres;

13.5% afirmam já ter sido impedidos/as

As pessoas que praticam violência são

de contactar com família, amigos/as e/ou

mais velhas do que aquelas que não a

vizinhos/as (e.g., proibir de falar com

praticam e o mesmo acontece em

alguém, tirar ou desligar o telemóvel);

relação a quem sofre violência;

12.6%

foram

Quem pratica violência possui crenças

impedidos/as de trabalhar, estudar ou

de género mais conservadoras, assim

sair sozinhos/as;

como quem sofre violência;

12% afirmam já ter sido perseguidos/as;

Os homens são aqueles que apresentam

9.7% relatam já ter sido obrigados/as a

crenças mais conservadoras sobre as

ter

relações sociais de género, destacando-

relatam

que

comportamentos

sexuais

não

desejados (e.g., ver pornografia, fazer

se as seguintes:

sexo oral, fazer sexo anal ou ter relações

28.3% dos homens afirmam que

sexuais com outras pessoas);

algumas

9.4% reportam que já foram fisicamente

doméstica

magoados/as,

mulheres;

empurrados/as,

situações são

de

violência

provocadas

pelas

pontapeados/as, esbofeteados/as ou alvo

13.9% dos homens entendem que o

de murros ou cabeçadas;

ciúme é uma prova de amor;

8.7% afirmam já ter sido forçados/as a

10.8% dos homens são da opinião de

ter relações sexuais;

que as mulheres que se mantêm em

6.2%

afirmam

ter

sido

alvo

de

relações

amorosas

violentas

são

ameaças de morte, atentados contra a

masoquistas;

vida ou vítimas de ferimentos que

8.5% dos homens consideram que

obrigassem

devem ser os homens a assumir a

a

receber

tratamento

médico.

chefia da família;

Conclui-se ainda que:

8.4% dos homens consideram que

A proporção da violência sofrida pelas

meninos

mulheres é superior à dos homens;

educados/as de forma diferente.

19

e

meninas

devem

ser


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(CONTINUAÇÃO) No caso de ter dúvidas ou questões deve enviar

um

email

para

unimais@associacaoplanoi.org

www.associacaoplanoi.org/estudonacional-violencia-no-namoro/

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PONTO LILÁS O Programa UNi+ 2.0 - Programa de Prevenção da Violência no Namoro em Contexto Universitário é financiado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade e tem como objetivo geral a prevenção da violência no âmbito das relações íntimas juvenis, favorecendo a criação

de

uma

cultura

institucional

universitária de tolerância zero à violência na intimidade. As suas atividades são desenvolvidas em sete eixos de atuação principais:

O

conceito

referência

do o

implementado eletrónica

e

Ponto

Lilás

tem

de

intervenção

modelo em em

festivais festas

de

1. Sensibilização e formação de toda a

como

comunidade académica; 2. Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência

música

populares

no Namoro, para prestação de apoio

em

psicológico e social a vítimas e seus/suas

Espanha. Surge assim, em Portugal, como

familiares, contando também com a

uma estrutura de proximidade, que promove

articulação com instituições e serviços

a disponibilização de informação e atua na

para o encaminhamento de casos de

prevenção e intervenção em situações de

violência;

violência sexual, deslegitimação de práticas

3. Divulgação e produção de informação

sexistas e promoção de um lazer noturno

sobre o fenómeno, com disseminação de

mais seguro e igualitário em eventos de

materiais/produtos de sensibilização;

grande dimensão, designadamente aqueles

4. Observatório da Violência no Namoro;

que ocorrem em contexto académico. O Ponto

Lilás

resulta

de

uma

5. Estudo Nacional da Violência no Namoro

parceria

em Contexto Universitário;

estratégica entre três organizações que

6. Media;

convergem na sua intenção de prevenir e

7. Publicações.

atuar sobre situações de violência sexual e outras situações de violência de género

O projeto Sexism Free Night - Prevenção

como violência no namoro: 21


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) de violência sexual e promoção de

público-avo

pessoas

que

trabalham

ambientes de lazer noturno não sexistas

estabelecimentos de diversão noturna;

em

é promovido pela Faculdade de Educação

c. Intervenção ambiental, prevendo o

e Psicologia da Universidade Católica do

trabalho em proximidade com pessoas

Porto ao abrigo de um financiamento do

que gerem estabelecimentos ou eventos

POISE, Portugal 2020 e Fundo Social

de lazer noturno, sensibilizando-as para a

Europeu e que conta com a parceria

importância de evitar o uso de conteúdos

estratégica da Associação Kosmicare. Este

sexistas e para a promoção de ambientes

projeto surge com base na experiência da

mais seguros e igualitários;

Associação Kosmicare na implementação

d. Campanhas de sensibilização para

de respostas de redução de riscos em

potenciais

proximidade

espectadores/as de violência sexual;

com

pessoas

que

vítimas,

e.

noturno. Neste sentido, adapta o trabalho

profissionais que trabalham com públicos

de

que consomem substâncias psicoativas e

mais

para as equipas de comunicação de

ambientes

de

na

lazer

promoção noturnos

seguros para colher uma perspetiva de

de

capacitação

e

consomem drogas em ambientes de lazer implementado

Ações

agressores

para

empresas de bebidas alcoólicas.

género. Nesse sentido, é um projeto de investigação-ação com uma abordagem

O projeto EIR- Emancipação, Igualdade e

multicomponente que integra:

Recuperação

que

é

promovido

pela

a. Investigação exploratória, tendo por

União de Mulheres Alternativa e Resposta

base um questionário online que

(UMAR) e é financiado pelo Programa

pretende analisar a relação entre a

Operacional Inclusão Social e Emprego

frequência de ambientes de lazer

(POISE),

noturno, situações de violência sexual

intervenção

e

atendimento, acompanhamento e apoio

o

consumo

de

substâncias

psicoativas; b. Intervenção bystander, propondo-se a implementar

um

conjunto

de

região

Norte,

3.17.1,

especializado

a

doméstica

violência

e

tipologia

Estruturas

vítimas

de de

de de

violência género

e

sensibilização e produção de materiais

atividades de capacitação tendo como

nestas áreas. O EIR é uma resposta

22


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) especializada de apoio e acompanhamento,

contribuir para a efetivação da Igualdade de

adequado às necessidades das mulheres

Oportunidades entre Mulheres e Homens.

vítimas de violência sexual, que se sustenta

A iniciativa Ponto Lilás foi desenvolvida na

numa equipa multidisciplinar com formação

Queima das Fitas do Porto, Enterro da Gata

específica nesta área. Tem como objetivos

(Braga) e NOS Primavera Sound. No âmbito

proporcionar

de

do trabalho maioritariamente desenvolvido

Violência Sexual um espaço que assegure o

na Queima das Fitas do Porto, destacam-se

atendimento,

os seguintes objetivos:

às

Mulheres

Vítimas

acompanhamento

e

encaminhamento especializado, com vista a

sensibilizar

e

(in)formar

um apoio efetivo, contribuindo para a

participantes

dos

eventos

reabilitação de direitos e reconstrução

seguintes temáticas: Igualdade de género;

identitária ao integrar as valências de direito,

Prevenção de violência sexual e violência

psicologia e das ciências sociais e humanas;

no namoro; Cultura de lazer noturno mais

proporcionar atendimento psicológico às

segura e igualitária.

vítimas;

acompanhamento

Responder de forma rápida e adaptada à

jurídico e social, individual e/ou em grupo;

ocorrência de: Episódios de violência

contribuir para o estudo e prevenção da

sexual ou de outros tipos de violência de

Violência Sexual pois, esta é uma realidade

género; Situações de vulnerabilidade após

que carece de respostas, tanto em termos

o consumo excessivo de álcool ou outras

metodológicos como de implementação,

substâncias psicoativas;

sendo o EIR uma fonte de conhecimento e

Criação de uma zona segura com apoio

inovação

para mulheres e outras pessoas que se

proporcionar

em

Portugal;

fazer

prevenção

primária da violência sexual; sensibilizar

sintam

diferentes

desorientadas.

problemática

públicos-alvo da

Violência

para

a

ameaçadas,

os/as para

inseguras

as

ou

Sexual;

Criação de canais de comunicação com

estabelecer parcerias com as entidades que

as equipas de segurança e de emergência

trabalham ou contactam com mulheres

médica para sinalizar, em tempo útil,

vítimas de violência sexual, informando,

situações

sensibilizando,

violência de género ou com o consumo

construindo

redes

e

promovendo modelos de atuação

de

risco

relacionadas

de substâncias psicoativas.

23

com


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) Esta foi uma iniciativa pioneira em Portugal que permitiu a criação de um referencial de conhecimentos e experimentação de novas formas de intervenção em contexto de proximidade que, irão permitir aprimorar futuras intervenções. O Ponto Lilás contribuiu para a inovação social

na

intervenção

neste

âmbito

e

também para fomentar uma cultura de colaboração interinstitucional que permite planear

iniciativas

com

mais

recursos,

valências, abrangência e impacto societal na desnaturalização de normas hegemónicas de género que reproduzem desigualdade e violência contra as mulheres.

pontolilasequipa@gmail.com

@ponto.lilas

www.associacaoplanoi.org/pontolilas/

24


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

CASA DE ACOLHIMENTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA LGBTI

EMERGÊNCIA

PARA

VÍTIMAS

DE

género, cidadania e não discriminação. A criação da Casa Arco-Íris vai ao encontro das

medidas

plasmadas

de

na

proteção e de apoio

Convenção

de

Istambul,

visando a capacitação e a autonomização das vítimas e procurando melhorar o seu acesso aos serviços, em resposta às inúmeras A Casa Arco-Íris – Resposta de Acolhimento

necessidades

de Emergência, estrutura de acolhimento

apresentam, contribuindo, assim, para a

integrada na Rede Nacional de Apoio a

prevenção da revitimização e da vitimação

Vítimas de Violência Doméstica, surgiu, em

secundária. Esta problemática, pela sua

2018,

inovador,

complexidade e pelas diversas necessidades

cofinanciada pelo Fundo Social Europeu no

das pessoas vítimas, implica um trabalho em

âmbito do Programa Operacional Inclusão

rede entre as várias entidades, públicas e

Social e Emprego (POISE) do Portugal 2020.

privadas, que atuam nas diferentes vertentes

No

da violência doméstica.

como

decorrer

um

da

projeto

sua

intervenção,

a

que

estas

pessoas

vítimas

Associação Plano i começou a perceber a

Assim sendo, a Casa Arco-íris propõe-se a

necessidade

assegurar,

premente

de

criar

uma

de

forma

integrada,

o

resposta de acolhimento de emergência

acolhimento urgente e de curta duração a

para pessoas LGBTI. A Casa Arco-Íris tornou-

pessoas vítimas de violência doméstica

se, assim, a 4ª casa abrigo para pessoas

LGBTI, acompanhadas ou não de filhos/as

LGBTI

primeira

menores ou maiores com deficiência na sua

estrutura a dar uma resposta diferenciada

dependência, em virtude de questões de

tendo

segurança

na em

Europa, conta

sendo a

a

especificidade

da

e/ou

de

iminente

risco

de

população em causa, presentando-se como

revitimização.

uma proposta adequada àquelas que são as

A identificação da necessidade de proteção

medidas governamentais propostas para a

imediata,

intervenção

propriamente

no

âmbito

da

violência

doméstica e de género e na igualdade de

avaliação dita,

e

identificação

enquanto vítima

violência doméstica, é feita pelos/as

25

de


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) profissionais da estrutura. Esta rege-se, assim,

promoção dos direitos e proteção das

por três princípios fundamentais:

crianças e jovens;

confidencialidade

quanto

à

sua

Prover os/as utentes dos instrumentos

localização;

necessários à sua autonomia futura.

apoio técnico especializado em violência doméstica e de género e nas questões LGBTI; disponibilização de um serviço de apoio 24 horas. A

Casa

Arco-Íris

procura,

desta

forma,

responder às necessidades destas pessoas, prestando os seguintes serviços: Alojamento e higiene; Alimentação; Medicação e cuidados de saúde; Proteção e segurança; Apoio psicológico e social; Informação e apoio jurídico; Promover esclarecidas

a

tomada e

de

decisões

autodeterminadas

por

relação ao seu trajeto de vida; Articulação com outras entidades ou serviços da comunidade, vocacionados para a prestação dos apoios adequados às necessidades das pessoas vítimas de violência

doméstica

LGBTI,

designadamente nas áreas da justiça, da saúde, da educação, da administração

casaarcoiris@associacaoplanoi.org

interna, da segurança social, do emprego, www.associacaoplanoi.org/casa-arcoiris/

da formação profissional e do sistema de

26


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

OBSERVATÓRIO NACIONAL DO BULLYING deve ser preenchido um questionário para cada vítima. Todos os preceitos éticos serão acautelados

pela

equipa

técnica,

nomeadamente aqueles que dizem respeito ao anonimato e confidencialidade. Em relação às estatísticas, o ObNB registou, no seu primeiro ano de funcionamento, um total de 407 denúncias, das quais 307 foram realizadas por pessoas do sexo feminino e 100 por pessoas do sexo masculino. A O Observatório Nacional do Bullying (ObNB)

maioria

é uma iniciativa da Associação Plano i. Foi

realizadas por pessoas encarregadas de

criado a 30 de janeiro de 2020, e tem como

educação das vítimas ou ex-vítimas. A

objetivo

a

média de idade das pessoas denunciantes é

ocorrência de situações de bullying em

de 32 anos. Estas tiveram conhecimento da

Portugal,

existência do ObNB através das redes

recolher

informação

em

(presencialmente

diversos –

no

sobre

contextos interior

dos

sociais,

destas

em

denúncias

66,3%

casos,

(67%)

dos

foram

media

estabelecimentos de ensino e nas suas

tradicionais, em 13% dos casos, e de pessoas

imediações -, e via online).

amigas ou conhecidas, em 7,9% dos casos.

O

Observatório

num

Foram, assim, identificadas 249 vítimas e

ser

ex-vítimas do sexo feminino e 153 do sexo

preenchido por pessoas que são/foram

masculino. A média de idades das pessoas

vítimas

são/foram

vítimas ou ex-vítimas é de 11,84 no sexo

testemunhas de bullying ou que tomaram

feminino e de 11,67 no sexo masculino.

conhecimento do mesmo. Os dados, que

Relativamente às pessoas agressoras, foram

são lançados anualmente, são utilizados

identificadas 211 do sexo masculino e 134 do

para o mapeamento e caracterização do

sexo feminino. A sua média de idades é de

fenómeno, bem como para o reforço da

12,56 no sexo feminino e 12,37 no sexo

prevenção e do combate ao bullying.

masculino.

Nas situações em que o bullying é ou foi

Em relação ao local onde ocorreram e

praticado contra mais do que uma vítima,

ocorrem situações de bullying, o recreio foi

questionário de

materializa-se

online, bullying,

que que

deve

27


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) o espaço mais identificado (60,40%), seguido

4,90%; etnia, 4,90% e identidade de género,

da

4,20%.

sala

de

aula

biblioteca/centro

de

(50,40%) recursos

e

da

(47,90%).

O bullying provoca, assim, impactos nas

Outros locais indicados foram o polivalente,

pessoas vítimas, tais como:

(31,20%), a porta da sala de aula, (31,20%), o

dificuldades de concentração (32,20%),

campo de jogos, (23,60%), a porta da escola,

tristeza (31,20%),

(23,30%) e a casa de banho, (20,90%).

dificuldades no sono (27,50%),

Sabe-se, ainda, que em 94,6% dos casos, as

ansiedade e nervosismo, (27%),

pessoas vítimas e as pessoas agressoras

vergonha (25,60%) e

frequentavam o mesmo estabelecimento de

dores de cabeça (23,10%).

ensino. Assim, 74,20%

As pessoas vítimas necessitaram de apoio dos

casos

ocorreram

psicológico

(45%),

presencialmente,

(19,90%)

hospitalização

4,90% ocorreram online e

14,30% dos casos, a pessoa vítima esteve

20,90% ocorreram de ambas as formas.

numa situação de risco de vida.

e

tratamento

médico

(6,40%).

Em

A maior percentagem de casos (64,60%)

As testemunhas ou pessoas que tiveram

aconteceram durante o intervalo da manhã,

conhecimento do caso foram capazes de

57%, no intervalo da tarde, 47,70%, na hora

apoiar a vítima quando souberam da

de almoço e 30,50%, antes das aulas.

situação (29,2%) ou informar a Direção de

Foi ainda possível identificar que a tipologia

Turma ou Direção do estabelecimento de

de violência mais praticada foi a psicológica

ensino (27,8%); sendo que 16% decidiu pedir

(92,10%), seguida da social (66,60%), da física

apoio

(50,40%), da sexual (9,30%) e da financeira

estabelecimento de ensino; 12,5% optou por

(4,90%).

responder ao questionário do ObNB e 8,6%

No que concerne os motivos para a prática

decidiu defender a vítima no momento.

do bullying, o aspeto físico é apontado em

Durante o 1º período de confinamento,

51,80% dos casos, seguido de resultados

motivado pela pandemia por COVID-19,

académicos,

16,50%;

foram reportados, ao ObNB, 5 casos: 4 de

diversidade funcional, 13,30%; sexo, 12%;

ex-vítimas e 1 de uma vítima - 3 raparigas e

orientação sexual, 9,10%; nacionalidade,

2 rapazes. No caso da vítima atual, a

34,90%;

idade,

28

a

uma

pessoa

adulta

do


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) vitimação ocorre desde 2017.

observatoriobullying@associacaoplanoi.org

29


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TRAJETÓRIAS DE VIDA DE PESSOAS LGBTI VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Compreender, AMPLOS e Opus Diversidade), a Associação para o Planeamento da Família e a Tudo Vai Melhorar. O Projeto decorre desde dezembro de 2019 até novembro de 2022,

com

profissionais

a

finalidade

da

de

sensibilizar

Administração

Pública

Central e as demais pessoas interessadas, A presente investigação, financiada pelo

face à problemática da Violência Doméstica

POISE no âmbito do Aviso Nº36-201907,

junto das populações LGBTI.

linha 3.16 – Apoio financeiro e técnico organizações da sociedade civil sem fins lucrativos,

tem

como

objetivo

geral

caraterizar as trajetórias de vida de pessoas LGBTI vítimas de violência doméstica com o intuito de descrever e compreender as especificidades

dos

seus

percursos

desenvolvimentais e de vitimação e os respetivos impactos a nível pessoal, familiar e social. Esta caraterização é realizada através das perspetivas pessoais de (ex) vítimas de violência doméstica LGBTI, bem como de profissionais que intervenham direta ou indiretamente com pessoas LGBTI, através

da

realização

de

entrevistas

individuais, focus group e preenchimento de um questionário online. São entidades parceiras

do

estudo

a

Delegação

de

Matosinhos da Cruz Vermelha Portuguesa, a

iris@associacaoplanoi.org

Médicos do Mundo, o Conselho Consultivo para as Questões LGBTI (e.g., Casa Qui, Saber

projeto-iris.wixsite.com/planoi

30


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

PLANO 3C - CASA COM COR - APARTAMENTO DE AUTONOMIZAÇÃO PARA PESSOAS LGBTI VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA comum que não tenham qualquer contacto com a sua família desde que assumiram a sua orientação sexual ou identidade de género, ficando sem rede de apoio. Em Portugal,

existem

três

estruturas

de

atendimento e uma de acolhimento de emergência (única na Europa), para pessoas LGBTI. Contudo, antes da 3C, não existia nenhuma estrutura de abrigo LGBTI ou habitação de autonomização, levando a que quando as pessoas saíssem da Casa de O Plano 3C - Casa Com Cor - foi criado a 28

acolhimento de emergência Arco-Íris, onde

de setembro de 2020, e constitui um

legalmente podem permanecer por 30 dias,

projeto

ficassem sem qualquer suporte e muitas

piloto

apartamento

de de

criação

do

autonomização

único para

vezes em situação de sem abrigo.

vítimas de violência doméstica LGBTI. Este

Este projeto inovador vai ao encontro das

projeto, financiado pela Caixa Social 2020,

medidas de proteção e apoio descritas na

nasceu da força de vontade e trabalho da

Convenção de Istambul e pode ser definido

Associação Plano I, com a parceria do

como uma estratégia de intervenção e de

Município de Matosinhos, que cedeu o

resposta

apartamento de forma gratuita.

direcionada, exclusivamente, para vítimas de

A importância do Plano 3C reside no facto

violência doméstica em função da sua

das pessoas LGBTI serem potencialmente

orientação social e identidade de género.

vulneráveis a processos de vitimação, pela

Devido a estas especificidades, a Casa com

sua orientação sexual e identidade de

Cor

género. Quando são também vítimas de

confidencialidade quanto à sua localização,

violência doméstica, enfrentam barreiras

o

superiores em relação às outras pessoas

disponibilização de apoio durante 24 horas

vítimas do mesmo flagelo, uma vez que, é

por dia.

31

social

rege-se apoio

imediata

por

técnico

3

e

específica,

princípios:

especializado

e

a a


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) O seu funcionamento obedece à existência

procura de emprego e, mais tarde, na

de um regulamento interno que inclui quer

residência independente; e, por fim, garantir

medidas de segurança, quer princípios de

que haja um cumprimento da Estratégia

vida em comunidade. Outro dos objetivos

Nacional Portugal + Igual, promovendo

primordiais e transversais a todo o projeto é

assim os Direitos Humanos e da Igualdade

manter a formação interna contínua dos/as

de Género.

profissionais,

supervisão

O Plano 3C, até ao momento, acolheu já um

clínica de casos, ministrada por entidades e

total de 3 pessoas, 2 mulheres trans e 1

personalidades

homem cisgénero gay, sendo que este

bem

como

com

a

experiência

de

intervenção e investigação, para que a

último já se autonomizou.

equipa esteja capacitada para intervir com vítimas. Esta área, não só pela notória complexidade e diferentes necessidades existentes para cada vítima (aconselhamento jurídico, apoio social, psicológico e económico, formação, apoio

na

procura

posteriormente,

de

emprego

alojamento),

e,

acarreta

trabalho em rede de várias entidades, que acabam por atuar nas diferentes vertentes desta

problemática

que

é

a

violência

doméstica. O Plano 3C tem, ainda, como objetivos: acolher e assegurar o bem-estar, higiene e segurança

das

vitimas

doméstica

LGBTI

após

resposta ocorra

de

emergência;

situações

de

de ter

violência ocorrido

prevenir

maus-tratos

a

que e/ou

discriminação devido à orientação sexual; www.associacaoplanoi.org/plano-3ccasa-com-cor/

tentar autonomizar as vítimas ao ajudar na

32


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

BLACK LIVES MATTER IN FOOTBALL - MATOSINHOS estes continuam a existir e isso motiva ações de combate ao fenómeno. Financiado pela FARE network, com o apoio da Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade e da Secretaria de Estado para a Juventude e para o Desporto, o projeto Black Lives Matter in Football - Matosinhos tem como objetivo trabalhar na prevenção e combate do racismo no futebol em Portugal. Esta iniciativa torna-se especial na medida em que procura dar conhecimento de histórias positivas de inclusão e não discriminação. Este

é

um

projeto

que

surgiu

da

A data do lançamento inseriu-se na Semana

na

medida

do

Europeia do Desporto, celebrada por 42

debate público, que as questões do racismo

países, tendo sido agendada para o dia 21 de

no futebol têm vindo a alcançar, em

março pois é esta a data em que se assinala

especial nos últimos 2 anos, em Portugal. O

o Dia Internacional para a Eliminação da

país assistiu a vários casos, entre os quais se

Discriminação Racial.

centralidade crescente,

destacou o do jogador de futebol Moussa Marega, no decorrer de um jogo em

Este Projeto contou com a criação de um

Guimarães, no contexto do qual lhe foram

website que disponibiliza:

dirigidos insultos racistas. Ademais, depois

um acervo sobre as questões do racismo

dos protestos motivados pela morte de

e da sua prevenção e combate;

George Floyd, a rede internacional decidiu

um mecanismo de denúncia de casos de

que

racismo no desporto, sendo que as

era

urgente

trabalhar

a

sua

responsabilidade na construção de uma

mesmas

serão

realidade mais igualitária.

tratadas

pela

Assim nasce, em agosto de 2020, a ideia

Prevenção e Combate à Violência no

deste projeto a nível nacional pois, embora

Desporto;

Portugal não seja um país com inúmeros

informação

casos - conhecidos - de discriminação racial,

racializadas que fazem e fizeram História

33

reencaminhadas Autoridade

sobre

pessoas

para

e a

atletas


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) no futebol em Portugal, bem como de

situações de racismo no contexto da prática

outras figuras que se destacaram na

do futebol português.

prevenção e no combate ao racismo;

Participantes: 1681 pessoas, das quais 456

o primeiro Estudo Nacional sobre o

são

Racismo

masculino e 4 não binárias.

no

Futebol

em

Portugal:

do

sexo

feminino,

1221

do

sexo

Perceções e vivências. Os resultados

A quase totalidade da amostra (89.6%) tem

podem

do

nacionalidade portuguesa, sendo que cerca

aqui,

de 65% das pessoas têm mais de 25 anos e

ser

Projeto,

consultados

sendo

que

no

site

iremos,

apresentar os que mais se destacam.

cerca de 40% possuem habilitações literárias

Este Projeto conta com a parceria da

ao nível do ensino secundário.

Câmara Municipal de Matosinhos; SOS

44.1% das pessoas participantes vivem na

Racismo; Federação Portuguesa de Futebol;

zona Norte do país e 19.2% na área

Fundação do Futebol – Liga Portugal;

metropolitana de Lisboa.

Fundação

Sport;

Cerca de 25% das pessoas participantes são

Leixões Sport Club; Póvoa Futsal C./Varzim

adeptos/as, 20% treinadores/as e 16.5%

SC; Comissão para a Igualdade e Contra a

atletas amadores/as. Apenas no caso das

Discriminação Racial; Plano Nacional de

pessoas encarregadas de educação e atletas

Ética no Desporto; Associação Portuguesa

profissionais a percentagem de participação

do

do

Benfica;

Direito

Universitário Nacional

da

Matosinhos

Desportivo; da

Instituto

Maia/Observatório

Violência

Contra

Atletas;

sexo

feminino

foi

superior

à

do

masculino. Principais resultados:

Palaestra – Sports Media Lab Network:

O género, a cor da pele, a etnia, a

Laboratório de Cultura Digital e Desporto; e

orientação sexual/identidade de género

a Associação Cais. O media partner do

e as questões da diversidade funcional

Projeto é o Jornal A Bola.

foram os 5 fatores de discriminação mais apontados pelas pessoas participantes,

Estudo

Nacional

sobre

o

Racismo

no

destacando-se no caso das mulheres o

Futebol em Portugal: Perceções e vivências

género (75.9%) e no caso dos homens a

Objetivo central: caracterizar a forma como

cor da pele (49.5%). As pessoas mais

as pessoas percecionam e vivenciam

jovens destacaram mais a cor da pele e

34


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) as menos jovens (com 40 anos ou mais) a

pessoas treinadoras, em cerca de 19%

orientação sexual/identidade de género.

dos casos, e os homens às pessoas

São as pessoas jornalistas aquelas que

árbitras, em 20.3%. Independentemente

mais destacaram o género (70.2%) e as

da idade ou da categoria de participação

pessoas atletas amadoras a cor de pele

no Estudo, a maior parte das pessoas

(71.2%);

indicou

Cerca de 60% das pessoas participantes

nestas situações;

consideraram existir racismo no futebol

Cerca de 73% e 49.6% das mulheres e

em Portugal, sendo a percentagem de

dos

mulheres

respondeu

selecionaram como manifestação mais

afirmativamente (73.2%) superior à dos

comum de racismo no futebol em

homens (50%). A maior parte das pessoas

Portugal

participantes com 40 anos ou mais

Independentemente da idade ou da

(62.6%) considera que não há racismo no

categoria de participação no Estudo, a

futebol português;

maior parte das pessoas fez referência ao

A

que

grande

maioria

das

pessoas

recorrer

às

homens,

a

pessoas

árbitras

respetivamente,

violência

verbal.

mesmo tipo de vitimação;

participantes (95.7%) nunca praticou

93% e 90% das mulheres e dos homens,

nenhuma forma de racismo no futebol

respetivamente,

em Portugal. Contudo, cerca de 40% e

racismo no futebol em Portugal se dirige

60%

homens,

a atletas, em 74.9% e 85.2% dos casos,

respetivamente, referiram ter assistido

respetivamente, do sexo masculino. Este

mais do que uma vez a casos de racismo

dado

neste contexto. São as pessoas jornalistas

participantes de todos os grupos etários;

e as com 40 anos ou mais aquelas que

Cerca de 50% e 70% das pessoas

afirmaram de forma mais veemente ter

participantes, respetivamente homens e

vivenciado/testemunhado

mulheres, consideraram que quem mais

das

mulheres

e

dos

atitudes

e

comportamentos racistas neste contexto;

exibe

As

racistas

mulheres

participantes

é

consideraram

partilhado

atitudes no

e

futebol

pelas

que

o

pessoas

comportamentos são

as

pessoas

informaram/denunciaram os casos de

adeptas, seguindo-se as claques (37.4%

racismo vivenciados/testemunhados às

no caso dos homens e 52.4% no das

35


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) mulheres). Independentemente da idade ou da categoria de participação no Estudo, as respostas foram dadas no mesmo sentido; 86.8% e 82.8% das mulheres e dos homens, respetivamente, consideraram que o tratamento que é dado aos casos de racismo no futebol em Portugal é desadequado, tendo sido também este o sentido

das

respostas,

independentemente da idade ou da categoria de participação no Estudo; A desvalorização da gravidade dos casos foi apontada como o fator que melhor explica o tratamento desadequado que é dado aos casos de racismo no futebol em Portugal, independentemente do sexo, da idade ou da categoria de participação no Estudo; De

um

modo

participantes medidas

geral,

as

consideraram

que

melhor

pessoas que

as

poderiam

contribuir para prevenir e combater o racismo no futebol em Portugal seriam a punição

das

pessoas

adeptas

e

o

investimento na educação contínua.

blacklivesmatterplanoi.pt

36


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

TILK TALKS SUPERIOR

-

PROMOÇÃO

DA

SAÚDE

ii)

MENTAL

NO

Levantamento

identificadas

no

de

ENSINO

necessidades

contexto

e

junto

do

público-alvo da intervenção, através de metodologias de análise quantitativa e Foi no contexto de pandemia que surgiu o

qualitativa;

projeto TikTalks – Promoção da Saúde

iii) Criação de um serviço de atendimento

Mental no Ensino Superior, financiado pela

de consulta psicológica individual, em

Direção-Geral da Saúde e promovido pela

formato online e gratuito;

Associação Plano i. Este tem como objetivo

iv) Dinamização de grupos terapêuticos,

promover a saúde mental dos/as jovens.

online e gratuitos;

Desta

v) Promoção da literacia para a saúde

forma,

a

base

do

projeto

é

a

disponibilização de consultas psicológicas

mental,

online a estudantes do ensino superior, de

sensibilização;

forma gratuita e confidencial. Após o

psicopedagógicos;

preenchimento do formulário, que pode ser

webinares e workshops; criação de um

encontrado na página da Associação Plano i,

manual do projeto; a par da construção de

ou o envio de uma mensagem para o

artigo científico sobre o impacto da crise

endereço de e-mail do projeto, a pessoa será

pandémica na saúde mental de estudantes

contactada pela equipa técnica, a fim de

do ensino superior, em Portugal.

agendar o primeiro atendimento.

Importa ainda dar a conhecer alguns dos

Reconhecendo o papel fulcral da saúde

relatos já recolhidos pelo projeto, junto de

mental,

estudantes

bem

como

os

desafios

através

do

de

campanhas

construção

de

de

recursos

dinamização

ensino

superior,

de

que

desenvolvimentais associados à transição

demonstram a importância de colocarmos

para o ensino universitário e, em particular,

a saúde mental em destaque nas nossas

à crise pandémica que atravessamos, o

conversas e iniciativas:

projeto vem atuar em cinco principais

“Se eu de facto estiver a ter um dia em que

dimensões:

me sinto extremamente ansiosa e não estou

i)

Criação

de

parcerias

estratégicas,

a conseguir focar-me no trabalho e não sei

potenciando o trabalho em rede;

quê, eu não vou dizer à pessoa com quem

37


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) estou a trabalhar que eu estou ansiosa, porque isso vai ser visto como ah não, estás só a ser preguiçosa e não te apetece fazer nada”. “Nós também temos normalmente uma vida académica que nos dá algum suporte social,

que

nos

proporciona

alguns

momentos mais positivos e que, de certa forma, nos fazem ter um balanço emocional mais positivo, que acho que é o que está a faltar agora, não é?”. “Eu acho que este estigma é um bocado fruto da nossa educação. Nós, na escola, dávamos

o

corpo

humano

e

nós

estudávamos as doenças e a saúde, entre aspas, física e nunca nos foi ensinado que também existe esta parte mais psicológica, mais da saúde mental”.

tiktalks@associacaoplanoi.org

@tiktalks.ensinosuperior/

/tiktalks.ensinosuperior

www.associacaoplanoi.org/tiktalks/

38


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA NO NAMORO

O Programa de Prevenção da Violência no Namoro é um projeto promovido pela Câmara

Municipal

de

Matosinhos

e

executado pela Associação Plano i, no contexto do Projeto “Abordagens Integradas para a Inclusão Ativa Matosinhos”, ao abrigo do

financiamento

programa

tem

Norte

como

2020.

objetivos

Este gerais

conhecer os Direitos Humanos, prevenir a Violência

no

Namoro

e

promover

a

Igualdade de Género. Na primeira fase do projeto, entre fevereiro de 2019 e março de 2020, o Programa de Prevenção da Violência no Namoro foi implementado em dezassete escolas do Concelho de Matosinhos, tendo abrangido um total de 127 turmas e 2502 alunos/as dos 7.º e 8.º anos do ensino regular e 10.º ano do ensino profissional. Pretendendo intervir

o

junto

Programa de

toda

a

capacitar

e

comunidade

educativa, foram ainda alvo de ações de capacitação

online

para

docentes

ppvnmatosinhos@associacaoplanoi.org

e

assistentes operacionais.

www.associacaoplanoi.org/programade-prevencao-da-violencia-nonamoro-ppvn/

39


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO primeira linha, com pessoas vítimas de violência

doméstica

e/ou

que

sofrem

discriminações no que se refere à igualdade de género, orientação sexual e identidade de género. Assim sendo, o Projeto de formação terá, sempre, como base a luta contra todas as formas de discriminação e, acima de tudo, pela observância dos Direitos Humanos.

As

várias

ações

de

formação

e

sensibilização certificadas, desenvolvidas pela Plano i, são uma ferramenta educativa e formativa essencial para a desconstrução dos estereótipos de género que estão na origem

das

discriminações

diretas

e

indiretas em razão do sexo. A

formação

certificada

de

públicos

estratégicos promovida pela Plano i tem como base a vasta experiência dos/as seus/suas colaboradores/as, não só teórica mas

principalmente

prática,

e

é

esta

experiência que diferencia e destaca a Plano i nestas temáticas, de direitos humanos, que abraça e defende. É desta forma que consegue, através das suas ações de formação, quebrar tabus; formacao.planoi@gmail.com

formar novas mentalidades; construir e adequar posturas da população geral, tal

www.associacaoplanoi.org/formacao -3/

como de profissionais que lidam, na

40


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

OFERTA FORMATIVA PLANO i FIQUE A PAR DE TODAS AS AÇÕES DE FORMAÇÃO QUE SERÃO DESENVOLVIDAS PELA ASSOCIAÇÃO PLANO i

Os/as formandos/as têm direito a: Frequência gratuita; Certificado emitido pela plataforma SIGO; Atribuição de subsídio de alimentação. Caso pretenda efetuar a sua inscrição em qualquer uma das formações acima mencionadas, consulte o site da Associação Plano i, nomeadamente o separador das formações.

41


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

OFERTA FORMATIVA PLANO i (CONTINUAÇÃO)

Os/as formandos/as têm direito a: Certificado emitido pela plataforma SIGO. Caso pretenda efetuar a sua inscrição em qualquer uma das formações acima mencionadas, consulte o site da Associação Plano i, nomeadamente o separador das formações.

42


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

APRESENTAÇÃO DO GRUPO DE JOVENS PROMOTOR DA IGUALDADE E DA SAÚDE O Grupo de Jovens Promotor da Igualdade

Isto é o que define, em teoria, o grupo, mas

e da Saúde é um projeto da Associação

a pergunta mais importante é: Quem

Plano i, que conta com 55 jovens das mais

somos? Bem, o mais bonito desta, ainda

diversas áreas de formação e com idades

curta experiência, é que encontramos no

compreendidas entre os 15 e os 25 anos.

grupo um lugar seguro, de amor, empatia,

Este Grupo está, de momento, a participar

respeito,

em ações de formação em diversas áreas:

equidade e acima de tudo um lugar onde

Direitos Humanos – diversidade social e

temos uma voz. Cada pessoa encaixa como

étnica; igualdade de género e linguagem

um puzzle e juntos e juntas, formamos

inclusiva de género; violência doméstica e

uma força que sabe, perfeitamente, o

de género, violência nas relações de

lugar que quer ocupar, que voz quer fazer

intimidade e violência no namoro; assédio

ouvir – sempre com garra e em uníssono –

e violência sexual; bullying e ciberbullying;

produto, claro está, do debate saudável,

questões

sexual,

informado e de uma vasta pluralidade de

identidade e expressão de género e

ideias. Este lugar é o lugar da Humanidade.

LGBTI

caraterísticas

orientação

sexuais

à

solidariedade,

igualdade,

nascença;

violência doméstica e violência de género

Somos um futuro que lutará, sempre, por

contra pessoas LGBTI; saúde sexual e

fazer do mundo, um mundo melhor, mas

reprodutiva,

que, principalmente, lutará, para ser, ele

direitos

planeamento

sexuais;

e

familiar

intervenção

e

com

próprio,

populações particularmente vulneráveis.

um

futuro

constituído

pessoas melhores.

Toda a formação é importante, uma vez que a educação é, sem dúvida alguma, a resposta mais eficaz aos ataques aos Direitos Humanos.

@jovens.planoi

43

por


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

LUGAR DE FALA TEXTO DE OPINIÃO DE GONÇALO UNAS E INÊS CARMEN FERRÃO O QUE É SER MULHER EM 2021? Primeiramente, compreensão

para da

uma

mulheres era a sua ausência de direitos

propomos a abordar, é imperativo analisar

políticos e de liberdades civis, uma vez

o

que, durante muito tempo, não podiam

social,

feminista:

político

e

que

Outro aspeto central da exclusão das

nos

movimento

temática

melhor

movimento que

votar, nem possuíam autonomia legal e

reivindica direitos, responsabilidades e

social, estando sujeitas à autorização dos

oportunidades iguais entre mulheres e

pais, irmãos e/ou maridos (Lima, 2020).

homens (Lima, 2020; Odisseia, 2018). Este

Existiram também conquistas relevantes

movimento

de

no direito do trabalho. A licença de

impedir que as mulheres continuassem a

maternidade remunerada foi legalizada

ser vítimas de diversas formas de opressão

em muitos países, com a criação de

social, lutando por uma sociedade mais

mecanismos que impediam a demissão da

justa e igualitária (Odisseia, 2018).

mulher durante ou após a gravidez (Lima,

surgiu

económico,

com

o

intuito

2020). As Conquistas do Feminismo

As

Desde o surgimento do feminismo, que se

garantia dos seus direitos reprodutivos e

obtiveram

da saúde,

diversas

conquistas

com

mulheres

conquistaram,

que

incluíam

o

ainda, direito

a à

impacto na vida e na autonomia de

informação sobre como prevenir uma

mulheres ao redor do mundo.

gravidez, o acesso a métodos contracetivos

Comecemos pela conquista do direito à

e o direito ao aborto (Lima, 2020).

educação, essencial para garantir que as

Por

mulheres conseguissem a oportunidade de

significativamente

se desenvolverem intelectualmente e de

sociedade encara a violência contra as

exercerem profissões que eram do domínio

mulheres. Vista no passado como um

exclusivo dos homens (Lima, 2020).

assunto privado, “de marido e mulher”, a

44

último,

o

feminismo o

modo

mudou como

a


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) violência

doméstica

uma

não fique constantemente a observar-me”.

questão política e um problema social a

A este incómodo, rapidamente associa-se

ser enfrentado com leis e políticas públicas.

outro: “E se o metro ou o autocarro

Tomemos, como exemplo, o #MeToo, um

estiverem

movimento internacional de justiça social e

experiência que certos homens abusam da

hashtag das redes sociais, que surgiu em

oportunidade

2017 nos EUA, originando um palco sem

inapropriadamente os seus corpos aos das

precedentes para sobreviventes falarem

mulheres. Nesta ótica, o sentimento de

publicamente sobre a violência sexual e

insegurança

assédio

acentuando-se, por exemplo, quando as

que

tornou-se

sofreram

em

múltiplos

contextos.

cheios?”.

Sabemos

para

alastra-se

por

aproximar

no

quotidiano,

mulheres se encontram sozinhas numa rua escura.

Desabafos de uma mulher

Saliente-se, igualmente, as experiências no

Em pleno século XXI, podemos afirmar que

contexto laboral, em que a mulher tende a

ser mulher é mais difícil, ser mulher é uma

empenhar-se mais, de modo a evidenciar

desvantagem. Isto é a realidade.

que é tão capaz como um homem, sem

Não

podemos

historicamente, inúmeras

a

contestar mulher

batalhas,

que,

nunca se esquecer de, simultaneamente,

conquistou

não parecer mais inteligente que os seus

demonstrou

colegas

homens.

Concomitantemente,

perseverança, intrepidez e capacidade

pode surgir o assédio moral ou sexual por

para muito mais do que se pensava. As

parte

liberdades que hoje usufruímos, existem

hierarquicamente

porque as nossas mães e avós lutaram por

podem denunciar porque necessitam do

elas,

escolheram o progresso.

emprego, correto?). Tudo isto enquanto

Porém, as mulheres continuam a vivenciar

persistem as desigualdades salariais entre

diversas desigualdades em função do seu

mulheres e homens (International Labour

género.

Organization, 2018).

Todos os dias, muitas mulheres frequentam

Para não mencionar outros significativos

os transportes públicos a imaginarem os

obstáculos experienciados diariamente: o

piores cenários: “Espero que um homem

clássico piropo, as ameaças de violação, os

porque

45

de

um

homem superior

com (que

cargo não


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) olhares obscenos, os toques inadequados,

respeitadas.

o “mansplaining”, bem como a violência

responsabilidades e oportunidades iguais.

sexual

Eu vou lutar por isso. Tenho imenso

e

psicológica

dos

maridos/companheiros ou namorados, e o

De

possuirmos

direitos,

orgulho em ser mulher.

fato que algumas mulheres morrem às mãos de homens que declaravam amá-las.

O Feminismo aos olhos de um homem

Vivemos num mundo obcecado com a

Enquanto homem, escrever o juízo do que

juventude e a beleza, que ordena as

é ser mulher em 2021 é fundamentar uma

mulheres

reflexão crítica do mundo que me rodeia.

a

serem

constantemente

simpáticas e bonitas, com pelo menos um

Não

pouco de apelo sexual. Note-se que não

atualmente

podemos nem chorar nem ficar irritadas,

géneros a nível económico, social e político,

senão

esta igualdade nem sempre consegue ser

consideram-nos

demasiado

é

novidade

que,

igualdade

embora formal

haja entre

sensíveis.

materializada e, por consequência, as

Finda a reflexão, entende o quanto ainda é

mulheres

difícil ser mulher em 2021? Dispomos da

violações dos seus direitos. É necessário,

responsabilidade

portanto,

e

oportunidade

de

continuam haver

a

mais

severas

mecanismos

concretização,

igualitário. Podemos gritar, tomar posição,

(centros de apoio à vítima, entre outros), de

ser irritantes, sérias e emotivas. Podemos

uma igualdade que é ameaçada por uma

vestir o que nos apetece, sair de relações

sociedade conivente com o machismo.

abusivas ou defender outras mulheres.

São várias as formas de discriminação, tais

Podemos escolher não ter qualquer relação

como: violência de género, assédio, entre

de intimidade e a maternidade não tem de

tantas mais. Não podemos deixar de pensar

ser

que

como

algo

que

nos

mulheres

dos

trans,

existentes

e/ou

que

completa. Podemos ser calmas e furtivas,

experienciem

ou barulhentas e chatíssimas.

continuam

Estamos perante um demorado processo

sociedade com base em estereótipos vis e

para alcançar a igualdade de género.

cruéis.

De sermos, assim como os homens,

Seria, portanto, de pensar urgentemente,

46

outras

de

continuar a lutar por um mundo mais

considerada

além

sofrer

a

ser

intersecções,

ostracizadas

pela


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) em

atuarmos

de

um

modo

mais

apresentadas a todos/as.

abrangente, ou seja, trabalharmos tanto com

a

vítima

como

com

a

pessoa

Desconstrução dos papéis de género

agressora/ofensora para combater atos de

No

discriminação baseados no género.

citadas, podemos concluir que a sociedade

Posto

isto,

o

mecanismos

desenvolvimento de

promoção

seguimento que

das

perspetivas

adotemos

supra

de

exige

determinadas

de

atitudes e comportamentos baseados em

ressocialização e de uma postura mais

estereótipos

preventiva

de

aprendizagem dessas diretrizes começa

discriminação é fulcral. Devem-se criar

precocemente, enquanto os papéis de

espaços

diálogo de

género são desenvolvidos pela própria

temáticas como, os deveres cívicos ou a

criança ao longo da sua infância, através da

consciencialização,

socialização

em

que

eventuais

permitam

respondermos

o

de

atos

forma

conscientemente

a às

pré-existentes.

e

da

interação

A

com

a

sociedade em que se insere.

perguntas: O que é ser mulher/homem?

Importa, portanto, distinguir e clarificar as

Qual o meu papel na sociedade? Há um

noções de “sexo” e “papel de género”. O

papel específico? Entre outras.

primeiro refere-se à componente biológica,

Por

outras

palavras,

é

importante

anatómica

e

fisionómica

da

própria

repensarmos na nossa postura social; a

pessoa, podendo ser, quanto à tipificação,

mudança influencia todos/as e é uma

feminino ou masculino (Hembree et al.,

responsabilidade comum. O investimento

2009). Enquanto que o papel de género

na educação para a cidadania e para a

pode ser definido como o conjunto de

educação sexual devem, também, ter um

comportamentos, atitudes e traços de

reforço

educativo,

personalidade, que determinada cultura

visando prevenir e alertar inclusiva e

num certo período histórico, considera

despudoradamente. O objetivo a alcançar

típicos ou adequados ao papel social do

passa inequivocamente pela equidade.

sexo masculino ou feminino (Hembree et

Para

al., 2009).

extra

tal,

é

no

programa

importante

corrigirmos

desigualdades de cariz histórico, entre

Vejamos, por exemplo, as crenças de que

outras, que urgem ser debatidas e

as características como independência,

47


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) competitividade,

agressividade

e

colmatar as desigualdades entre mulheres

dominância, estão mais associadas ao

e

género

a

analisados no relatório (World Economic

e

Forum, 2020).

masculino.

sensibilidade, dependência,

Enquanto

emoção, são

mais

que

gentileza

associadas ao

homens

nos

mais

de

107

países

Revela-se essencial que as mulheres, em

género feminino.

todo o mundo, impulsionem a mudança.

Neste sentido, existe logo uma tendência

Podemos desconstruir estereótipos de

para generalizar algumas características e

género, podemos educar mentalidades. As

educar as crianças de acordo com esses

mulheres devem lutar por isso e os

estereótipos, por exemplo, nas cores, na

homens devem participar e apoiar esta

compra de brinquedos e na roupa.

luta constante, porque a mudança está em marcha e apresenta-se imparável.

A Necessidade do Feminismo no século XXI Atualmente, existem mulheres que não podem protestar em público, não podem exigir justiça, não podem sair de uma relação abusiva, ou não têm direito à sua independência e privacidade. Assim como bebés que são mortas à nascença por não terem

nascido

com

o

sexo

desejado,

mulheres que não têm direito a cuidados básicos de saúde, ou cujos órgãos sexuais foram

mutilados

enquanto

crianças,

mulheres objetivadas como troféus de guerra,

para

serem

violadas

ou

escravizadas. Por conseguinte, no ano de 2020, o “Global Gender Gap Report” projetou que seriam necessários, em média, 99.5 anos para

48


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

LUGAR DE FALA TEXTO DE OPINIÃO DE TERESA RAMOS DE SÁ

QUANDO A DENÚNCIA, POR VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – CRIME PÚBLICO –, É FEITA SEM O CONHECIMENTO DA PESSOA VÍTIMA: QUAIS OS RISCOS?

Pretende-se refletir acerca do risco que a

impedidas de os frequentar, pela pessoa

pessoa vítima corre quando a denúncia é

agressora.

feita, principalmente se esta for levada a

É, igualmente, sabido que se a pessoa

cabo por outras pessoas, sem o seu

vítima tomar a decisão de se afastar do/a

consentimento ou, até, conhecimento.

companheiro/a, e romper com a relação

Muitas

abusiva,

vezes,

desconhecem

as que

pessoas

risco

de

agressão

física

aumenta, assim como a possibilidade de

contra si são crime e, por isso, ignoram,

tentativa de homicídio ou, mesmo, a sua

também,

se

consumação – sendo a separação e o

identificam, em muitos casos, enquanto

distanciamento fatores de risco, uma vez

vítimas e não procuram ajuda. E mesmo

que a pessoa agressora sente que perdeu

que essa ajuda seja procurada, a rutura

o controlo sobre a pessoa vítima e, por

conjugal

alternativa

conseguinte, o seu poder. Nesse sentido, e

querida. A pessoa vítima pode desejar

mesmo nos casos em que a pessoa vítima

permanecer

conjugal,

não quer proceder à denúncia, esta deve

pretendendo, apenas, que a violência seja

ser feita, por qualquer outra pessoa, uma

interrompida.

vez

seus

pode

não na

No

atos

o

exercidos

os

os

vítimas

direitos.

ser

a

relação entanto,

Não

também

é

que

a

sua

integridade

física

e

premente referir que, tal como podem não

emocional tem de ser salvaguardada –

se reconhecer como vítimas, a avaliação do

assim como de outras possíveis pessoas

risco, tende também, a não ser correta e,

vítimas, como os/as filhos/as. No entanto, a

por isso, mesmo que peçam ajuda, há a

denúncia sem a preparação prévia da

possibilidade de deixarem de comparecer

pessoa vítima só deve ser efetuada se a

aos serviços de apoio ou, até, serem

avaliação de risco nos orientar nesse

49


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) sentido. Caso contrário, a pessoa vítima

O

deve ser preparada para a denúncia.

eventualmente assola a pessoa vítima,

Compete alertar para o facto de quando a

torna-a

denúncia é feita sem conhecimento da

autoestima que dificulta a sua reação a

vítima, tanto esta como a pessoa agressora

situações

são surpreendidas com a mesma.

atitudes que levem à sua autoproteção.

E, desde já, levantam-se algumas questões:

Desta forma, a pessoa vítima não se

em

encontra

que

fase

do

ciclo

de

violência

desânimo passiva de

aprendido, e

promove

violência

empoderada,

e

que, a

em

algo

baixa praticar

que

é

doméstica está a relação violenta?; a

trabalhado no apoio à vítima, feito por

pessoa

técnicos/as

vítima

está

devidamente

especializados/as.

Com

o

empoderada ou afetada pelo desânimo

empoderamento, pode ajudar-se a pessoa

aprendido?; a pessoa vítima tem plano de

vítima a trabalhar o seu poder de decisão,

segurança estruturado e pronto para

facilitando a saída da relação violenta.

ativação?; pretende terminar a relação ou

Após a denúncia ser feita, e encontrando-se

apenas os comportamentos violentos?; é a

a pessoa vítima numa situação de perigo

única pessoa vítima?; há filhos/as?; há

iminente, torna-se importante ativar o

animais de estimação?; entre outras.

plano de segurança. No entanto, se não se

É sabido que a violência doméstica tem

reconhecer como vítima ou nunca tiver

uma dinâmica cíclica e a notícia de que foi

procurado ajuda especializada, este plano

feita uma denúncia pode fazer cessar a fase

não existirá. É esperado que o Plano de

de lua-de-mel ou precipitar uma agressão,

Segurança oriente e conduza o processo

caso se encontrem numa fase de aumento

de mudança, de forma a promover o bem-

de tensão.

estar e a segurança das pessoas vítimas. Há, ainda, que ter em conta se a pessoa em questão

é

a

única

vítima.

de

intimidade

relacionamento

Fruto

do

podem

existir filhos/as. A existência de filhos/as é, também, um dos motivos, muitas vezes, apontado para justificar a permanência na relação de abuso.

50


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) Os/ as filhos/as podem ser usados/as como

do risco nos indica perigo de vida da

instrumento de violência emocional ou

pessoa vítima ou de outras pessoas com

psicológica,

quem aquela viva, a denúncia tem de

fazendo,

a/o

agressor/a,

ameaças de maltrato ou, efetivamente,

existir e não pode haver hesitação.

maltratar, por forma a manipular a pessoa

Para além da denúncia, é importante

vítima.

encaminhar

Os animais de estimação são também um

estruturas de apoio especializado.

fator a ter em conta. Para além das

Desta forma, e conjuntamente com as/os

agressões consumadas, os animais podem

Técnicas/os de Apoio à Vítima poderá

ser também alvo de ameaças que visam

fornecer-se toda a informação possível

intimidar

acerca

a

pessoa

vítima.

Ambas

as

dos

a

pessoa

trâmites

vítima

para

processuais

e

situações inibem a mesma de abandonar o

estruturas de apoio às quais pode recorrer.

lar para não deixar o animal de estimação

Os/As Técnicos/as irão, também, apelar e

para trás, uma vez que tanto as casas-

ajudar à denúncia e revelação da situação

abrigo como as estruturas de acolhimento

por parte da pessoa vítima – caso esta

de

ainda não tenha sido feita – quebrando,

emergência,

não

preveem

o

acolhimento de animais.

desta forma, o ciclo de violência em que

Todas estas questões aqui levantadas e

está inserida.

todas as reflexões feitas demonstram o perigo que o momento da denúncia pode significar para a pessoa vítima. No entanto, não quero com isto transmitir a mensagem de que a denúncia só deve ser

feita

com

conhecimento

o da

consentimento pessoa

vítima.

ou Há,

efetivamente, situações nas quais essa denúncia tem de acontecer de forma célere, mesmo que a pessoa vítima não

Foto: D.R.

queira e peça para esta não ser feita. Tal O facto de ser a própria pessoa vítima a

como referido supra, quando a avaliação

51


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

(CONTINUAÇÃO) efetuar a denúncia pode representar um

comunidades. Enquanto continuar, não

momento importante para a mesma, uma

poderemos

afirmar

vez que se trata de uma situação de

verdadeiros

progressos

empoderamento, de quebra da relação de

Igualdade, ao Desenvolvimento e à Paz. No

subordinação e desigualdade de poder em

que

que estava inserida.

mulheres, não há sociedades civilizadas."

concerne

a

que em

violência

fizemos direção contra

à as

É igualmente importante, explicar à pessoa vítima as vantagens que decorrem da sua participação ativa no processo a decorrer, nomeadamente,

através

da

sua

constituição como assistente. Com esta reflexão, não se pretende insinuar que o crime de violência doméstica não deveria ser público. O crime de violência Foto: Editoria de Arte/G1

doméstica tem de ser um crime público, uma vez que tal reforça a ideia de que é um crime que diz respeito a todos/as, enquanto sociedade. Significa “meter a colher” porque se trata de um crime e de um atentado contra os Direitos Humanos. Nesse sentido, gostaria de terminar com uma citação de Kofi Annan – Ex-Secretário Geral das Nações Unidas: “A Violência contra as Mulheres é provavelmente a mais vergonhosa das violações dos Direitos Humanos. E é provavelmente a mais insidiosa. É um problema mundial que não conhece fronteiras geográficas, culturais ou económicas. Causa enorme sofrimento, deixa marcas nas famílias, afetando as várias gerações e empobrece as

52


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

MULHERES PIONEIRAS MULHERES QUE SE DESTACARAM AO LONGO DA HISTÓRIA Na impossibilidade de partilhar um pouco da história de todas as mulheres que foram pioneiras nas suas áreas do saber ou ativistas e defensoras de causas relacionadas com os Direitos Humanos, exploramos, de seguida, o percurso de algumas (das muitas) mulheres que marcaram a história, tanto a nível nacional como internacional.

pai

de

um

menino,

tendo

mesmo

comparado o nascimento de Ada a um instrumento de tortura na sua vida. O pai e a mãe de Ada acabaram por se separar e, por isso, Ada nunca teve uma relação próxima com o pai – apenas seguia o seu trabalho. Anne Isabella Milbanke sempre fomentou, na sua filha, o interesse pelas áreas da matemática e da ciência. Aos doze anos, Ada dizia querer construir uma máquina voadora – fruto do seu interesse e estudo da anatomia dos pássaros. Aos dezassete anos, Ada conhece Charles Babbage, tendo-se tornado sua mentorada. Charles viria a ser conhecido como “o pai

Ada Lovelace

do computador”.

Nascida a 10 de dezembro de 1815. O seu

Aos vinte e oito anos, Ada fez a tradução de

pai era o famoso poeta Lord Byron e a sua

um artigo escrito por Luigi Menabrea,

mãe,

engenheiro

a

matemática

Anne

Isabella

militar

e

futuro

primeiro

Milbanke. Lord Byron, ficou extremamente

ministro italiano, a respeito da máquina de

desapontado quando soube que não ia ser

calcular inventada por Babbage. Para além

53


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

MULHERES PIONEIRAS Ada Lovelace (CONTINUAÇÃO) da

tradução,

acrescentou

diversas

saúde que, mais tarde, se confirmaram ser

anotações sobre o mecanismo analítico,

um cancro uterino.

incluindo como a máquina poderia ser

No dia 27 de Novembro de 1852, Ada morre

programada com um código capaz de

– tinha 36 anos, precisamente a mesma

calcular os números de Bernoulli. Desta

idade com que morreu o seu pai. Está

forma, o artigo ficou três vezes mais longo

sepultada junto a Lord Byron, na Igreja de

do que o de Luigi. Ada assinou, apenas,

Santa Maria Madalena em Hucknall, em

com as iniciais do seu nome. Por esta

Inglaterra.

razão, inicialmente, pensou-se que o autor,

Em 2009, o tecnólogo Suw Charman-

dessas anotações, era um homem. Além

Anderson, criou o Dia Ada Lovelace, para

de dar os passos iniciais dentro do

celebrar

universo da programação, Ada conseguiu

conquistas das mulheres nas áreas da

visualizar diversas outras utilidades para o

ciência,

mecanismo desenvolvido por Babbage.

matemática. É celebrado na segunda

Ada acreditava que qualquer tipo de

terça-feira do mês de Outubro (França &

conteúdo, como música, texto, imagens e

Rodrigues, 2020).

sons, poderia ser traduzido para a forma digital e manipulado por essa máquina – já visualizava aquilo que viria a acontecer nos computadores atuais. Ada casou com William 8th Baron King, em 1835, e tiveram dois filhos e uma filha – Byron, Ralph Gordon e Anne Isabella. Após o

nascimento

da

sua

filha,

Lovelace

começou a ter diversas complicações de

54

e

assinalar

tecnologia,

os

avanços

engenharia

e e


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MULHERES PIONEIRAS Em 1894, Marie conheceu Pierre Currie, professor na Escola de Física e com ele casou no ano seguinte. Conhecida

por

ser

uma

estudante

brilhante, com um poder de concentração notável, Marie Curie consegue ter acesso a uma carreira científica de grande sucesso, feito

absolutamente

ímpar

para

uma

mulher no final do século XIX. Juntamente com o seu marido descobre e estuda

elementos

a

que

chamou

“radioactivos”. Na procura de aplicações para estes elementos, Pierre testa o rádio, recentemente descoberto, na sua própria

Marie Curie

pele. Inicialmente a experiência provocamais

lhe uma queimadura e depois uma ferida.

conhecida como Marie Curie, nasceu em

Passado algum tempo o processo começa

Varsóvia a 7 de novembro de 1867. Filha de

a ser usado para tratar tumores malignos.

uma família de professores/as e a mais

Estávamos,

nova dos/as cinco filhos/as de Bronislava e

radioterapia.

Wladyslaw Skolodowski.

Marie, em 1903 defende e termina o seu

Ainda jovem envolve-se numa organização

doutoramento. Apesar de todo o sucesso

revolucionária ligada ao meio estudantil,

que já lhe é reconhecido, tem de lutar

sendo por isso obrigada a deixar Varsóvia,

permanentemente contra o chauvinismo

então sob o domínio Russo, indo viver para

e o preconceito sexual, que em 1911 a vai

Cracóvia, nessa altura sob a alçada da

impedir de entrar na Academia Francesa

Áustria.

de Ciências.

Mudou-se para Paris, em 1891, onde se

Em 1906, Pierre Curie sofre um acidente e

licenciou em física e matemática.

é atropelado por uma carroça, em Paris,

Maria

Salomea

Sklodowska,

55

assim,

no

início

da


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MULHERES PIONEIRAS Marie Curie (CONTINUAÇÃO) acabando por morrer. Marie, então com

continuação do seu trabalho pela filha,

duas filhas, toma o lugar do marido,

Irene

tornando-se

“radioactividade

a

primeira

mulher

a

Curie,

que,

por

artificial”,

Universidade de Sorbonne.

Química, um ano após a morte da mãe.

Marie Curie é a única cientista a ganhar o

Marie Curie morre a 4 de julho de 1934 em

Prémio Nobel em duas especialidades

Savoy,

científicas

é

provavelmente causada pelos anos de

galardoada, juntamente com o seu marido

exposição à mesma radioactividade que a

Pierre e com Henry Becquerel, com o

tornou famosa.

Prémio Nobel da Física, pela investigação

Em

relativa ao fenómeno da radioactividade,

juntamente com os do seu marido Pierre,

descoberto por Becquerel. Em 1911, é

foram

galardoada

Nacional em Paris.

com

o

Em

Prémio

1903

Nobel

da

1995,

os

Prémio

também

galardoada

França,

o

foi

a

desempenhar um lugar de Professora na

diferentes.

com

descobrir

vítima

seus

transferidos

Nobel

de

leucemia,

restos para

da

o

mortais, Panteão

Química pela sua contribuição para o

Por mérito próprio, Maria juntou-se ao

avanço

grupo dos/as imortais da história e da

dessa

ciência,

através

da

descoberta dos elementos rádio e polónio,

cultura de França (Macedo, 2016).

e pelo estudo das características do rádio e seus compostos. Durante os terríveis anos da Primeira Guerra Mundial, empenha-se na assistência aos/às feridos/as, tentando difundir

pelos

hospitais

todo

o

seu

conhecimento associado, por exemplo, aos raios-X e às suas aplicações médicas. Do seu imenso legado podemos destacar a

56


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MULHERES PIONEIRAS através

de

uma

arbitragem

exclusivamente feminina. À data da Revolução de 5 de Outubro, Carolina Beatriz Ângelo – já viúva -, era dirigente

da

Mulheres aconteceram

Liga

Republicana

Portuguesas as

das

e

quando

primeiras

eleições

encontrou forma de utilizar a lei para votar. O código eleitoral atribuía o direito de voto a “todos os portugueses maiores de vinte e um anos, à data de 1 de maio” de 1911, “residentes em território nacional”, que soubessem “ler e escrever” e fossem “chefes de família.” Apesar de estar subentendido que apenas aos homens seria autorizado o voto, a letra da lei não era clara neste aspeto. Como tinha formação superior e era chefe de

Carolina Beatriz Ângelo

família – fruto da viuvez –, Beatriz Ângelo entendeu que reunia as condições para

Nascida na Guarda a 6 de Abril de 1879.

votar, tendo pedido para ser incluída nos

Licenciou-se em medicina em 1902 e, no

cadernos eleitorais. Tanto a Comissão de

mesmo ano, casou com o primo, Januário

Recenseamento como o Ministério do

Barreto, também médico e republicano.

Interior rejeitaram o seu requerimento,

Em consonância com os ideais feministas e

mas uma decisão judicial deu-lhe razão.

republicanos, aderiu, em 1906, ao Comité Português

da

Associação

Essa decisão judicial foi tomada pelo juiz

Feminina

João Baptista de Castro, pai de Ana Castro

Francesa La Paix et le Désarmement par

Osório, amiga de Beatriz e, igualmente,

les Femmes, agremiação que pretendia a

feminista e activista.

resolução dos conflitos internacionais

57


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MULHERES PIONEIRAS Carolina Beatriz Ângelo (CONTINUAÇÃO) A decisão referia que “Excluir a mulher só

uma reportagem sobre o voto de Carolina

por ser mulher é simplesmente absurdo e

no dia 28 de maio, intitulada “Estão eleitas

iníquo e em oposição com as próprias

as Constituintes. A eleição de Lisboa”, onde

ideias

destaca:

da

democracia

e

justiça

proclamadas pelo Partido Republicano.

“Uma nota curiosa das eleições foi a de

Onde a lei não distingue, não pode o

votar

julgador distinguir (…) e mando que a

portuguesa, a médica D. Carolina Beatriz

reclamante

Ângelo, inscrita com o número 2513 na

seja

incluída

no

uma

senhora,

a

única

eleitora

recenseamento eleitoral”.

freguesia de S. Jorge de Arroios.”

Posto isto, Carolina foi a primeira mulher

Apesar dos ecos deste acontecimento na

portuguesa a votar em eleições para a

imprensa nacional e internacional, numa

Assembleia Nacional Constituinte – 28 de

época em que o sufrágio feminino na

maio de 1911 –, o que mereceu a cobertura

Europa

da imprensa.

Finlândia,

O jornal A Capital, de 29 de abril, reproduz

Portugal,

a sentença e termina a notícia, dizendo:

República.

“Representa este despacho das justiças da

Em outubro do mesmo ano, Carolina

República uma vitória para o feminismo

faleceu, com 33 anos, não assistindo à

nacional (…). Tanto mais quanto essa vitória

aprovação do código eleitoral de 1913 que

corresponde ao sentir íntimo dalguns dos

era claro nesta questão: “são eleitores de

membros

nossos

cargos legislativos os cidadãos portugueses

parabéns, portanto, não só diretamente à

do sexo masculino maiores de 21 anos ou

interessada, como ao governo provisório, e

que completem essa idade até ao termo

ainda ao país (…).”

das operações de recenseamento, que

A Ilustração Portuguesa, em 5 de junho, faz

estejam no pleno gozo dos seus direitos

do

governo

(…).

Os

58

apenas o não

estava

voto foi

das

consagrado

na

mulheres,

em

conquistado

na

I


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MULHERES PIONEIRAS Carolina Beatriz Ângelo (CONTINUAÇÃO) civis e políticos, saibam ler e escrever português, e residam no território da República Portuguesa.” Percebe-se, assim, que após Carolina ter tido a possibilidade de votar, a lei foi alterada por forma a constar que apenas “portugueses

do

sexo

masculino”

pudessem votar e a situação não se repetisse. O

voto

feminino

foi

introduzido

em

Portugal, a partir de 1931, para mulheres com cursos secundários ou universitários. É de referir que esta limitação era apenas aplicada às mulheres, o que significava que apenas

uma

escassa

minoria

poderia,

efetivamente, votar. Só após o 25 de Abril de 1974 se consagrou o sufrágio universal e foram abolidas as restrições ao direito de voto baseadas no sexo dos/as cidadãos/ãs (Nunes, Costa & Teles, 2015).

59


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MULHERES PIONEIRAS viveu uma relação célebre pelos seus padrões de abertura e honestidade – nãomonogâmica. Em 1931, com 23 anos, Simone de Beauvoir foi nomeada professora de Filosofia na Universidade

de

Marseille,

onde

permaneceu até 1932. Em seguida, foi transferida para Ruen. Em 1936, retornou a Paris, como professora de Filosofia, no Lycée Molière. No final da Segunda Guerra Mundial, editou

a

revista

Modernes,

política

fundada

por

Les

Temps

Sartre

e

por

Merleau-Ponty, entre outros. Foi ativista no movimento francês de emancipação das mulheres, nos anos de 1970, e serviu de modelo e de influência aos movimentos feministas posteriores.

Simone De Beauvoir

Simone de Beauvoir ganhou o Prémio

Escritora francesa, filósofa existencialista,

Goncourt,

memorialista e feminista, considerada uma

Mandarins, cujo herói se inspira na figura

das

de Nelson Algren, com quem manteve um

maiores

representantes

do

em

1954,

com

o

livro

Os

existencialismo, em França.

longo e intenso romance.

Simone Lucie Ernestine de Marie Bertrand

Autora

de Beauvoir nasceu em Paris, em 1908, no

filosófica

seio de uma família burguesa, e era a mais

Beauvoir publicou, em 1949, O Segundo

velha de duas irmãs. Estudou Filosofia na

Sexo,

Sorbonne,

contemporâneo. É neste livro que consta a

onde

conheceu

Sartre,

de e

texto

uma

vasta

obra

autobiográfica, basilar

do

literária,

Simone

feminismo

célebre frase: “ninguém nasce mulher:

companheiro de toda a vida e com quem

60

de


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MULHERES PIONEIRAS Simone De Beauvoir (CONTINUAÇÃO) torna-se mulher” – segundo a qual a autora defende

que

a

existência

precede

a

essência, seguindo a ideia basilar da filosofia existencialista. O Segundo Sexo revela os desequilíbrios de poder entre os sexos e a posição do «Outro» que as mulheres ocupam no mundo. O Segundo Sexo é uma obra essencial do feminismo, e as suas considerações acerca dos condicionamentos sociais que levam à construção de categorias como «mulher» ou «feminino» - e que estão na base da opressão

das

mulheres

-

são

hoje

amplamente aceites. Simone de Beauvoir faleceu em Paris, no dia 14 de abril de 1986, vítima de uma pneumonia, tendo sido enterrada, em Paris, junto de seu companheiro, Sartre (Quetzal, 2019).

61


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MULHERES PIONEIRAS problemas de saúde que a atormentaram daí em diante, com uma poliomielite que deixou sequelas no seu pé direito. Aos 18 anos, Kahlo sofreu um grave acidente, quando o autocarro onde viajava colidiu com um comboio. Na sequência desse acidente, Frida ficou com inúmeros ferimentos e fraturas, o que a levou a várias operações e um longo período de internamento no hospital. Em 1928, conheceu Diego Rivera, o grande amor da sua vida, com quem viria a casar-

Frida Kahlo

se um ano depois, aos 22 anos. Separam-se

Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón

mágoas, mas as malvadas aprenderam a

nasceu em 6 de julho de 1907 em

nadar." O seu estado de saúde agravava-se,

Coyoacán, México, embora gostasse de

mas o seu trabalho começava a ter mais

dizer que foi em 1910, o ano da revolução

notoriedade. Além de ser professora na

mexicana.

Escola Nacional de Pintura e Escultura, os

Filha de Matilde Gonzalez y Calderón e

seus quadros começaram a figurar em

Guillermo Kahlo, a artista pertenceu a uma

exposições cada vez maiores, junto dos

família de ascendência alemã, espanhola e

grandes nomes do seu tempo.

indígena – sendo a terceira das quatro

Nesse mesmo ano, 1939, o Louvre comprou

filhas do casal.

a sua obra The Frame – foi a primeira obra

Passou

a

sua

em 1939. Kahlo "bebia para afogar as

infância

na

residência

de uma artista mexicana do século XX a

conhecida como La Casa Azul (A Casa

ser comprada por um museu de renome

Azul), em Coyoacán, onde hoje funciona o

internacional.

Museu Frida Kahlo.

Em 1940, voltou a casar-se com Rivera.

Foi aos seis anos que começaram os

Com problemas no pé e na coluna, Frida

62


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MULHERES PIONEIRAS Frida Kahlo (CONTINUAÇÃO) teve

de

usar

ortopédicos,

uma

inclusive

série de

de

coletes

gesso,

que

inauguração.

Bebeu

e

público.

dores

na

até

que

As

cantou perna os

com

o

direita

retratou num dos seus quadros, A Coluna

aumentaram

médicos

Partida (1944).

decidiram amputá-la nesse mesmo ano. Devido a este acontecimento marcante, Frida fez uma ilustração no seu diário (1953) que dizia: “Pies para qué los quiero se tengo alas pa volar.” - “Pés, para que vos quero se tenho asas para voar.”

Chamavam-lhe surrealista, mas ela negava: «Nunca pintei sonhos, pintava a minha realidade.» Em

1953,

organizou

a

sua

primeira

exposição no México. O médico não lhe deu permissão para sair da cama, e Frida Kahlo cumpriu: foi na própria cama até à

63


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MULHERES PIONEIRAS Frida Kahlo (CONTINUAÇÃO) No dia 6 de julho, do ano seguinte, celebrou o seu aniversário - em festa, a cantar

e

a

rir,

como

queria

que

a

recordassem. Não se sabe, ao certo, a causa da sua morte –

no

entanto

suspeita-se

de

embolia

pulmonar. Dias depois, a 13 de julho de 1954, Frida morreu – “Espero que a partida seja serena e espero nunca mais voltar”. Tinha 47 anos (Wook, 2020).

64


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MULHERES PIONEIRAS apesar

de

ter

antirracista,

crescido

numa

família

encontrava-se

numa

comunidade abertamente racista. Rosa teve de estudar em escolas para estudantes racializados/as e era obrigada a ir a pé para o colégio, uma vez que a cidade só oferecia transporte escolar para estudantes não racializados/as. Aos 16 anos, Rosa abandonou os estudos para trabalhar e cuidar da sua avó e mãe, que estavam doentes. Em 1932, aos 19 anos, casou-se com Raymond Parks, que trabalhava como barbeiro.

O

marido

de

Rosa

Parks

incentivou-a a finalizar os seus estudos e,

Rosa Parks

em

1933,

Rosa

concluiu

o

Ensino

Rosa Louise McCauley (conhecida como

Secundário. Raymond Parks era membro

Rosa Parks após o seu casamento) nasceu

da

em Tuskegee, no Alabama, no dia 4 de

Advancement of Colored People (NAACP),

fevereiro de 1913. O seu pai era James

uma organização que defendia os direitos

McCauley, carpinteiro, e a sua mãe, Leona

da população afro americana nos Estados

Edwards, professora. O pai e a mãe de Rosa

Unidos.

separaram-se quando ela tinha dois anos e,

Na década de 1940, Rosa ingressou,

por isso, ela mudou-se para Pine Level, na

oficialmente, nessa associação (NAACP),

região metropolitana de Montgomery, a

tornando-se secretária no final de 1943 –

capital do Alabama.

cargo que ocupou até ao ano de 1956.

Em Pine Level, Rosa Parks teve contato com

Por incentivo do seu marido, Rosa Parks

um ambiente familiar que defendia os

registou-se para votar e conseguiu concluir

ideais da igualdade racial. No entanto,

o mesmo, em 1945. Nessa época, grupos

65

National

Association

for

the


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MULHERES PIONEIRAS Rosa Parks (CONTINUAÇÃO) supremacistas tentavam impedir pessoas racializadas de proceder ao registo e voto. No entanto, Rosa marcou a história dos Estados Unidos, e de todo o mundo, por uma atitude que teve num autocarro, a 1 de dezembro

de

1955,

na

cidade

de

Montgomery. Nessa altura ainda vigoravam as

lei

segregacionistas,

seja,

que

discriminação

de

afro-

americanos/as.

Uma

leis

não

permitia

pessoas

promoviam

a

que

ou

dessas

racializadas

se

sentassem nos mesmos lugares que as pessoas não racializadas, Quando um autocarro estivesse lotado, o pessoa

Na sua autobiografia, Rosa, disse: “People

racializada se levantasse e desse o seu lugar

always say that I didn’t give up my seat

à pessoa não racializada. Nesse primeiro

because I was tired but that isn’t true. I

dia de Dezembro, Rosa, costureira, voltava

was not tired physically… No, the only

para casa depois de um dia de trabalho.

tired I was, was tired of giving in.” – “As

Durante a viajem, o motorista exigiu que

pessoas dizem que eu não me levantei

Rosa e outras três pessoas racializadas se

porque estava cansada mas não é verdade.

levantassem e cedessem os seus lugares.

Eu não estava cansada fisicamente... não,

Rosa negou a ordem, recusando-se a

eu estava cansada, sim, cansada de ceder."

levantar e a ceder o seu lugar. Foi presa.

A detenção de Rosa Parks serviu de mote

motorista

ordenava

que

uma

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MULHERES PIONEIRAS Rosa Parks (CONTINUAÇÃO) para que a comunidade afro-americana de

A comunidade afro-americana começou a

Montgomery e a NAACP se mobilizassem

ir a pé para os seus empregos e a organizar

em sua defesa, tendo sido feitos pedidos de

boleias por forma a transportar o maior

recurso logo no primeiro dia de detenção.

número

A 5 de Dezembro, quatro dias depois da

mobilização

detenção, Rosa foi considerada culpada

movimento pelos direitos civis, que lutou

por ter violado a lei da segregação e

contra a segregação racial nos Estados

condenada a cumprir pena suspensa e ao

Unidos. O boicote durou 385 dias e fez com

pagamento de uma multa.

que o Supremo Tribunal dos Estados

Quando Rosa ainda se encontrava detida,

Unidos, a 13 de novembro de 1956,

iniciou-se um boicote aos serviços de

proibisse

autocarro, por parte das pessoas afro-

autocarros, declarando-a inconstitucional.

americanas que moravam na cidade, até

Em 1957, devido a diversas ameaças feitas

que a segregação acabasse.

por pessoas que não concordavam com o

Criou-se,

assim,

uma

Associação,

de

pessoas marcou

a

possível. o

segregação

Esta

início

dentro

do

dos

fim da segregação racial, Rosa e o marido

Montegomery Improvement Association

mudaram-se para Detroit.

(MIA), que tinha como função gerir esse

Rosa começou a trabalhar como secretária

mesmo boicote. Martin Luther King Jr. foi

do Congressista John Conyers Jr, em 1965,

eleito presidente – tinha 26 anos.

tendo abandonado o cargo em 1988, aquando da sua reforma. A sua mãe, irmão e marido morreram, de cancro, entre os anos de 1977 e 1979. Em 1987, criou uma associação - Rosa and Raymond

Parks

Institute

for

Self-

Development – que tinha como objetivo

67


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MULHERES PIONEIRAS Rosa Parks (CONTINUAÇÃO) ajudar a população jovem de Detroit. Após a sua reforma, participou em diversas palestras nas quais falava da sua história e da importância dos direitos civis e da igualdade. Em 1992, publicou a sua autobiografia: “Rosa Parks: My Story”, tendo-a escrito conjuntamente com Jim Haskins. Em 1999, Rosa recebeu a Medalha de Ouro do Congresso, a maior honra que os Estados Unidos concedem a um/a civil, com a inscrição "Mother of the Modern Day Civil

Rights

Movement"

-

Mãe

do

Movimento dos Direitos Civis dos Dias Modernos". A 24 de Outubro de 2005, com 92 anos, Rosa Parks morre – tendo sido a primeira mulher a ser homenageada no Capitólio dos Estados Unidos (Onion, Sullivan, & Mullen, 2021).

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MULHERES PIONEIRAS -se em Lisboa. Realizou, aí, a instrução primária numa escola particular da Av. Almirante Reis, o Colégio Garrett. Em 1940, ingressou no Liceu D. Filipa de Lencastre. Terminou, em 1947, o curso secundário como melhor aluna

do

liceu

e,

por

dois

anos

consecutivos, obteve o Prémio Nacional. Em 1953, com 23 anos, licenciou-se em Engenharia

Químico-Industrial,

pelo

Instituto Superior Técnico de Lisboa, numa época em que eram poucas as mulheres que enveredavam pela área da engenharia. Entre os/as 250 alunos/as do seu curso, apenas 3 eram mulheres. Com a opção por esta licenciatura, desejava mostrar que o desafio do mundo industrial e a novidade da técnica eram, também, acessíveis às

Maria de Lurdes Pintasilgo

mulheres. Maria de Lourdes Pintasilgo nasceu em

Entre 1952 e 1956, presidiu a Juventude

Abrantes, a 18 de janeiro de 1930. Era filha

Universitária Católica Feminina. Foi co-

de Jaime de Matos Pintasilgo, empresário

presidente, com Adérito Sedas Nunes, do I

ligado à indústria de lanifícios da Covilhã, e

Congresso

Amélia do Carmo Ruivo da Silva Matos

Universitária Católica. A projeção que,

Pintasilgo, doméstica.

entretanto,

Cresceu numa família alargada, não cristã,

movimento católico português conduziu à

agnóstica.

sua eleição, por aclamação, para o cargo de

Em 1937, a família de Maria de Lourdes

presidente internacional da Pax Romana –

Pintasilgo abandonou Abrantes e instalou-

Movimento Internacional de Estudantes

69

Nacional adquiriu

da no

Juventude interior

do


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MULHERES PIONEIRAS Maria de Lurdes Pintasilgo (CONTINUAÇÃO) Católicos (1956 e 1958). Nessa qualidade, ao

destinados

longo do ano de 1957, presidiu ao I

empresa.

Seminário de Estudantes Africanos, no

Em 1957, depois de uma passagem pelos

Gana, à Assembleia-Geral do movimento

Estados Unidos da América, fundou em

realizada em El Salvador. Em 1958, presidiu

Portugal, com Teresa Santa Clara Gomes, o

ao Congresso Mundial de Estudantes e

movimento internacional Graal. Entre 1964

Intelectuais Católicos, realizado em Viena

e

de Áustria.

internacional do Graal, foi coordenadora de

Iniciou a sua carreira profissional, em

programas de formação e de projetos-

Setembro de 1953, como investigadora na

piloto no domínio da emancipação da

Junta Nacional de Energia Nuclear, na

mulher,

qualidade de bolseira do Instituto de Alta

sociocultural

Cultura. Em Julho de 1954, foi nomeada

evangelização enraizada no seu tempo.

chefe de serviço no Departamento de

Neste período representou o Graal em

Investigação

da

atividades internacionais, nomeadamente

Companhia União Fabril (CUF), que aceitou

no III Congresso Mundial do Apostolado

pela primeira vez uma mulher nos quadros

dos Leigos, realizado em Roma (1967).

técnicos superiores. Trabalhou nas fábricas

Simultaneamente foi designada, pelo Papa

do Barreiro e nos Centros de Investigação

Paulo VI, representante da Igreja Católica

de Sacavém e Lisboa. Entre 01/09/1954 e

num grupo de ligação ecuménica com o

30/10/1960, assumiu a direção de projetos

Conselho Mundial das Igrejas (1966-1970).

no Departamento de Estudos e Projetos da

Entre 13/05/1970 e 23/09/1973, trabalhou

CUF, dos quais se destacam a edição da

como consultora junto do Secretário de

revista Indústria e a organização dos

Estado do Trabalho e Previdência, do

Colóquios de Atualização Científica,

Ministério das Corporações e Previdência

e

Desenvolvimento

70

1969,

do

aos

quadros

enquanto

técnicos

vice-presidente

desenvolvimento, e

no

da

domínio

da

ação

de

uma


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MULHERES PIONEIRAS Maria de Lurdes Pintasilgo (CONTINUAÇÃO) Social.

Secretariado do Desenvolvimento Social

No exercício dessas funções, integrou a

para a Europa da ONU. Introduziu, no

Delegação Portuguesa à Assembleia Geral

programa daquele ministério, a aplicação

da

do

ONU,

tendo

realizado

cinco

princípio

da

universalidade

das

intervenções, subordinadas às seguintes

prestações sociais do Estado.

temáticas:

Em 01/05/1975, retomou a presidência da

o

direito

dos

povos

à

autodeterminação, a juventude, a condição

Comissão

feminina, a situação social no mundo e a

permanecendo em funções até à tomada

liberdade religiosa.

de posse como embaixadora junto da

Manteve-se no Ministério das Corporações

Organização das Nações Unidas para a

e Previdência Social até à instituição da

Educação, Ciência e Cultura.

Comissão para a Política Social relativa à

Em

Mulher – denominada, posteriormente de

presidente da República, general Ramalho

Comissão

Eanes,

da

Condição

Feminina

e,

da

Condição

19/07/1979, para

foi

chefiar

Feminina,

indigitada o

V

pelo

Governo

atualmente de Comissão para a Cidadania

Constitucional (31/07/1979 – 03/01/1980),

e Igualdade de Género – CIG – , da qual foi

um governo de gestão incumbido de

nomeada presidente – interrompendo o

preparar as eleições legislativas intercalares

exercício do cargo para integrar alguns

marcadas para 2 de Novembro desse ano.

Governos Provisórios, após o 25 de Abril.

Ao aceitar desempenhar aquelas funções,

Depois da revolução do 25 de Abril de 1974,

Maria de Lourdes Pintasilgo tornou-se a

foi nomeada secretária de Estado da

primeira mulher portuguesa a assumir o

Segurança Social no I Governo Provisório.

cargo de chefe do Governo – e a segunda

O programa de ação que concebeu para

na Europa, dois meses após a tomada de

aquele Ministério mereceu a classificação

posse de Margarete Thatcher, no Reino

de programa-modelo, por parte do

Unido. Em 125 dias de Governo, Pintasilgo

71


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MULHERES PIONEIRAS Maria de Lurdes Pintasilgo (CONTINUAÇÃO) aumentou o salário mínimo, o subsídio de desemprego e as pensões de velhice e invalidez.

Foi candidata independente às eleições presidenciais

de

1986

tendo

sido,

também a primeira mulher a fazê-lo –, as

No

mais competitivas e polarizadas do regime

traduziram

democrático português, onde pela primeira

partidários,

vez os/as candidatos/as eram civis e não já

aquela que havia sido a candidatura mais

militares. Sem o apoio de qualquer partido

personalizada, a de Maria de Lourdes

e gozando do prestígio que recolhera

Pintasilgo (7,4% dos votos). As eleições

enquanto

viriam a ser ganhas, à segunda volta, por

Lourdes

primeira-ministra, Pintasilgo

Maria

formalizou

a

de sua

entanto,

os o

resultados

triunfo

dos

penalizando,

eleitorais aparelhos

fortemente,

Mário Soares.

candidatura a 09/12/1985 com cerca de

Entre

15.000

Parlamento Europeu, na qualidade de

assinaturas

candidata

mais

e

bem

surgiu

como

posicionada

a

nas

1987

e

independente

sondagens.

Socialista.

72

1989

foi

integrada

deputada no

no

Grupo


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MULHERES PIONEIRAS Maria de Lurdes Pintasilgo (CONTINUAÇÃO) Integrou

o

Conselho

da

Ciência

e

Tecnologia ao Serviço do Desenvolvimento da

ONU

(1989-1991),

foi

membro

da

Universidade da ONU, pertenceu ao Comité de Sábios da Europa, presidiu à Comissão Independente

para

a

População

e

a

Qualidade de Vida (1992-1999) e foi copresidente

da

Comissão

Mundial

da

Globalização. Faleceu a 10 de Julho de 2004, na sua residência,

vítima

de

ataque

cardíaco

(Fundação Cuidar o Futuro, s.d.).

73


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MULHERES PIONEIRAS criminalizada

vinte

anos

depois

do

nascimento de Angela. Na cidade de Birmingham esses contrastes e tensões eram bastante explícitos e, no bairro em que Angela residia, a violência era

intensa,

com

ataques

racistas

constantes por membros da Ku Klux Klan. Em 1959, recebeu uma bolsa para estudar em Nova York, onde teve aulas com Herbert Marcuse – sociólogo e filósofo alemão. No ano seguinte, Angela ruma à Alemanha, onde teve aulas com figuras importantes filósofo,

como

Theodor

sociólogo,

Adorno

musicólogo

– e

compositor alemão – e Oskar Negt – filósofo e sociólogo alemão. Quando volta ao seu país de origem, começa a frequentar o curso de filosofia,

Angela Davis Angela

Yvonne

na Universidade Brandeis, no estado de Davis

nasceu

Massachusetts

em

e,

em

1968,

conclui

o

Birmingham, no Alabama (EUA) em 26 de

mestrado na Universidade da Califórnia,

janeiro de 1944. Filha de uma família de

sendo chamada, mais tarde, para ser

classe média baixa, tinha mais três irmãs.

professora

A época e local onde cresceu contribuíram,

instituição.

grandemente, para que se tenha tornado

É nos anos 60, ainda, - e em plena Guerra

uma mulher combativa e uma referência

Fria - que Angela Davis se filia ao Student

na luta pela emancipação da população

Nonviolent

racializada. O estado do Alabama tinha a

(Comitê Conjunto de Não Violência dos

política de segregação racial, que só foi

Estudantes) e, logo depois, passa a marcar

74

assistente,

nessa

Coordinating

mesma

Committee


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MULHERES PIONEIRAS Angela Davis (CONTINUAÇÃO) presença em movimentos e organizações

Soledad, em Monterey, inocentemente –

políticas, como os Panteras Negras. Em

segundo membros deste grupo.

1969, é demitida

Jonathan Jackson, o irmão de 17 anos de

da

sua

função

de

professora precisamente pela sua ligação a

George,

estes movimentos políticos.

rapazes,

Em 1970, Angela Davis tornou-se a terceira

julgamento, na tentativa de ajudar o

mulher a constar na lista dos/as dez

arguido na sua fuga. Tratava-se de James

fugitivos/as mais procurados/as pelo FBI.

McClain, acusado de ter esfaqueado um

Entre as acusações constava: conspiração,

polícia.

sequestro e homicídio.

levantaram-se,

juntamente

com

interrompeu,

Jonathan

e

no

dois

outros

armado,

os

seus

meio

da

um

amigos sala

de

audiências, de armas em punho e fizeram reféns

entre

os

quais

o

juiz,

um

procurador e alguns jurados e juradas. Acabaram por colocá-los/as numa carrinha, sequestrando-os/as. Em troca pretendiam que “os irmãos Soledad fossem soltos”. Seguiu-se uma perseguição policial e um tiroteio.

Jonathan

e

um

dos

seus

companheiros foram mortos – não antes de Panteras

executarem, a tiro, o juiz Harold Haley. O

Negras, estava envolvida num movimento

procurador – refém – ficou paraplégico

que pretendia a libertação de George

devido

Jackson, Fleeta Drumgo e John Clutchette,

investigações

conhecidos como os “Irmãos Soledad”, que

identificaram a arma de Jonathan como

se encontravam recluídos, na Prisão de

registada em nome de Angela Davis.

Angela,

juntamente

com

os

75

a

um

tiro que

da se

polícia.

As

seguiram


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MULHERES PIONEIRAS Angela Davis (CONTINUAÇÃO) Angela foi, por isso, tratada como uma

A banda Rolling Stones lançou a canção

terrorista de alta perigosidade.

“Sweet black angel”, no álbum “Exile on

Angela conseguiu fugir durante alguns

Main St.”.

meses,

ser

John Lennon e Yoko Ono produziram

capturada, em Nova York, em 1971. O

“Angela”, que integra o disco “Some Time in

julgamento demorou 17 meses, período o

New

qual

importantes para dar visibilidade ao caso.

no

entanto

acabou

permaneceu

por

detida

em

York

City”.

Estas

atitudes

foram

estabelecimento prisional. As acusações

Em junho de 1972, a ativista e professora

levadas a cabo contra Angela eram graves.

foi libertada e considerada inocente.

Tão graves que a pena poderia ser a condenação à morte.

Durante

este

movimento

de

período,

surgiu

um

apoio

Angela

que

a

pretendia a sua libertação – Free Angela.

Seguindo os passos de seus colegas, os ativistas radicais Huey Newton e Stokely Carmichael, Angela embarcou para Cuba, onde ficou por um curto período de tempo. Angela chegou a candidatar-se a viceEm 1972, foram criadas músicas em sua

Presidente dos Estados Unidos, para as

defesa.

eleições de 1980 e 1984, sendo que o

76


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MULHERES PIONEIRAS Angela Davis (CONTINUAÇÃO) candidato

a

presidente

Presidente do

era

Partido

Gus

Hall,

Comunista

Americano. No entanto, obtiveram uma votação pouco expressiva. Atualmente, Angela é uma reconhecida professora na Universidade da Califórnia e integra

o

departamento

feministas.

Dedica-se,

de

estudos

também,

a

pesquisas sobre o sistema prisional dos Estados Unidos da América. Angela é uma mulher que fez da sua vida e da

sua

história

transformação exemplo

e

uma

social,

uma

ferramenta tornando-se

inspiração

para

de um os

movimentos sociais e revolucionários em todo o mundo. Tem, atualmente, 77 anos (Aidar, 2010).

77


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ABC DA IGUALDADE ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVXZ ANDROGINIA Este é um termo utilizado com frequência

Podemos então incluir a androginia dentro

quando são abordadas as temáticas do

do termo trans, isto porque, na sua

género

essência, as pessoas que se identificam

e

da

redefinição

do

mesmo

(National Geographic, 2017).

como andróginas apresentam-se de forma

Então, o que queremos dizer quando

distinta

falamos de androginia? Eli R. Green e Luca

associadas ao seu sexo (APAV, 2018). Neste

Maurer, co-autores do livro The Teaching

sentido, nem todas as pessoas transgénero

Transgender

descrevem

se identificam com a binaridade de género

androginia como uma combinação de

e, assim, algumas preferem utilizar termos

características masculinas e femininas ou

como andrógina, entre outros (Richards et

uma expressão não-tradicional de género

al., 2016).

(National Geographic, 2017). Androginia faz,

É ainda importante referir que não tem

assim, parte do espetro de expressão de

que existir uma congruência entre a

género,

identidade de género e a expressão de

Toolkit

constituído

expressão

feminina,

masculina.

Na

(2015),

por

formas

de

andrógina

e

sociedade,

a

roupa,

linguagem e comportamento, entre outros aspetos,

são

formas

de

as

género.

das

Cada

construções

pessoa

tem

sociais

as

suas

especificidades e identidade que devem ser respeitadas (APAV, 2018).

pessoas

expressarem o seu género (Rede Ex Aequo, n.d.). Da mesma forma, uma pessoa que incorpore, em si, aspetos tanto femininos como masculinos, poderá identificar-se como andrógina, ou seja, esta constitui tanto uma forma de expressão como de identidade de género (Richards et al., 2016). 78


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SABIA QUE...? LINGUAGEM INCLUSIVA DE GÉNERO

Num grande número de línguas, inclusive

exclusivo

na língua portuguesa, é comum o uso

humanidade ou da cidadania (Abranches,

exclusivo do género gramatical masculino

2009).

para designar o conjunto de homens e

Em Portugal, a promoção da igualdade

mulheres, ainda que, morfologicamente,

entre os homens e as mulheres é uma das

existam formas femininas. Admite-se, sem

tarefas

dificuldade,

masculino

termos da alínea h) do artigo 9.º da

“engloba” o feminino, como é o caso da

Constituição da República Portuguesa, de

utilização frequente das expressões “o

2 de Abril de 1976. O direito à identidade

Homem” ou “os homens” como sinónimos

pessoal goza de proteção constitucional

de “a Humanidade”. Tomando a parte pelo

no âmbito dos Direitos, Liberdades e

todo, identificam-se os homens com a

Garantias – n.º 1 do artigo 26.º – sendo o

universalidade dos seres humanos. Esta

sexo

desproporção ou dissemelhança é o que

individual

faz, então, com que um dos géneros

Estratégico e Relações Internacionais, 2011).

que

o

género

da

representação

fundamentais

o

primeiro

do

fator

(Gabinete

Estado

da

de

geral

da

nos

identidade

Planeamento

gramaticais surja, em virtude desta sua dupla função, como o género geral – o masculino,

opondo-se

a

um

Sendo assim, quais são as orientações?

género

específico – o feminino. O que se pretende,

A estratégia de substituição de termos

por isso, é a eliminação do uso do

geralmente

masculino genérico e a sua substituição

obedece a dois princípios fundamentais: a

por

que

visibilidade e a simetria das representações

respeitem o direito de homens e mulheres

dos dois sexos, sendo que as soluções

à

sua

respeitantes destes princípios passam pela:

identidade e impliquem o reconhecimento

especificação do sexo ou a neutralização/

de que nenhum dos dois sexos tem o

abstração da referência sexual.

formas

não

representação

discriminatórias linguística

da

79

utilizada

noutras

línguas


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SABIA QUE...? (CONTINUAÇÃO)

Relativamente à especificação do sexo,

A língua é viva, moldável e com enorme

pode usar-se: formas duplas (exemplo: pai

capacidade

e mãe em vez de pais) ou barras (exemplo:

necessidades

o/a cidadão/ã).

continuar a procurar novas formas de

No que diz respeito à neutralização/

escrever e de dizer para que todas as

abstração da referência sexual, pode usar-

cidadãs e todos os cidadãos possam sentir-

se:

se integradas/os e representadas/os em

a

substituição

por

genéricos

verdadeiros (exemplo: “A pessoa requer” nomes

por

pronomes

invariáveis

(exemplo: “Quem requerer” em vez de “Os requerentes”) ou outros procedimentos alternativos

(exemplo:

“Data

e,

se por

adaptar isso,

igualdade (Abranches, 2009).

em vez de “O requerente”); a substituição de

de

de

nascimento” em vez de “Nascido em”).

80

a

novas

temos

de


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

PASSATEMPO DIVIRTA-SE E APRENDA

SOLUÇÕES NA PÁGINA SEGUINTE

Esta atividade consiste no preenchimento de palavras cruzadas sobre as relações interpessoais. O que é importante numa relação? Quais são as bases das relações saudáveis?

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PASSATEMPO SOLUÇÕES

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EVENTOS A NÃO PERDER SAIBA, ANTECIPADAMENTE, DE EVENTOS E WEBINARES QUE NÃO PODE PERDER

Aula aberta “Políticas Sociais em contexto de crise económica, social e sanitária: desafios na garantia dos direitos sociais” | 07 de Abril (14h00). Promovida pelo ISSSP (Instituto Superior de Serviço Social do Porto). Ficha de inscrição: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScHtZJtozjEwzm N5tqpSS2sYxo-AQQorpUyb3qhrTrmMGN7yw/viewform? usp=send_form A aula será lecionada com transmissão pelo youtube.

Ciclo de Pequenas Palestras “Pano de Fundo” Violência Sexual contra Crianças e Jovens | 14 de abril (17h30 - 19h30) Promovido pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). Inscrições em: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdMyJwAu99zN HpWNUbsfgE2_NwqoNTiRiyi1UMqKvbYnuLpkw/viewform

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EVENTOS A NÃO PERDER (CONTINUAÇÃO)

No âmbito da Rede de Intervenção em Violência Doméstica e em Contexto Familiar em Matosinhos – RIV vão realizar-se as últimas ações de sensibilização sobre Violência Doméstica, financiadas pela candidatura Abordagens Integradas para uma Inclusão Ativa: - Ação de Sensibilização sobre Legislação e Violência Doméstica | 12 de Abril (10h00 13h00). Dinamizada pela Dra. Elisabete Brasil, jurista, especialista em violência doméstica e violência de género. Inscrições em: https://forms.gle/CVihYPfATUuWKvVRA - Ação de Sensibilização sobre Legislação e Violência Doméstica | 26 de Abril (10h00 13h00). Dinamizada pela Dra. Elisabete Brasil, jurista, especialista em violência doméstica e violência de género. Inscrições em: https://forms.gle/aGJQdxGg8uq6kh38A

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EVENTOS A NÃO PERDER (CONTINUAÇÃO)

A Associação Quebrar o Silêncio, no âmbito do tema Desconstruir Violência Sexual, promove diversas sessões (18h30): - Violência sexual | 01 de Abril | Dinamizada por Margarida Medina Martins. - Consentimento | 08 de Abril | Dinamizada por Maria João Faustino. - Responsabilização da vítima | 15 de Abril | Dinamizada por Isabel Ventura. - Papel da Comunicação Social | 22 de Abril | Dinamizada por Catarina Marques Rodrigues. - Prevenção da Violência sexual contra crianças | 29 de Abril | Dinamizada por Vânia Beliz. Inscrições em: https://forms.gle/KdvHKZKsc64wDPcV6 Mais informações: +351 915 340 249 ou info@quebrarosilencio.pt

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EVENTOS A NÃO PERDER (CONTINUAÇÃO) A associação Impac'tu e a Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade do Porto promovem as Jornadas de Direito e Impacto Social com os seguintes temas: -

Justiça

constitucional

e

as

pessoas

em

condições

de

vulnerabilidade | 03 de Abril (18h00). - Responsabilidade social das sociedades comerciais | 10 de Abril (18h00). Links de acesso à sala zoom a disponibilizar, pelas entidades promotoras, em data próxima da do evento.

O Programa de Prevenção da Violência no Namoro, da Associação Plano i, está

a

desenvolver

Ações

de

Capacitação sobre Violência Doméstica destinadas a Docentes do 3º ciclo das Escolas do Concelho de Matosinhos. Estas ações são certificadas pela DGERT e ocorrerão nos seguintes horários: - Horário laboral | 21 de abril (14h00 - 18h00) - Horário pós-laboral | 24 de abril (9h00 - 13h00). Inscrições em: https://forms.gle/ei3v7cEgamwJYtcU6

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VOL. 1 | MARÇO, 2021

EVENTOS A NÃO PERDER CONTINUAÇÃO A Plataforma PAJE - Apoio a Jovens Ex-acolhidos está a desenvolver o Seminário "O que se passa na infância, não fica na infância". Dirigido a profissionais

da

área

da

infância

(Docentes,

Educadores/as,

Psicólogos/as, Animadores/as, Assistentes sociais) mas igualmente a Estudantes e aberto à comunidade em geral. 7 de abril | 17h00 - 19h00 | Convidados e convidada: António Castanho (Formador e Investigador/Docente), Joana Baptista (Investigadora/Docente) e Paulo Guerra (Juiz Desembargador, Diretor Adjunto do CEJ e Docente). Moderado por: João Pedro Gaspar (Mentor da PAJE e Investigador/Docente). Não necessita de inscrição e o acesso é gratuito (donativo livre) através do link https://us02web.zoom.us/j/82016776789? pwd=dWppcEJ2ZUgxell2bW1aUWk2ZUc2Zz09

A Escola Superior de Saúde de Santa Maria e a Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais organizam o Simpósio Luso-Brasileiro "Avanços e desafios na condução da pandemia COVID-19". Objetivo: troca de experiências entre especialistas, das instituições de ensino dos dois países organizadores do evento, com a finalidade de promover uma reflexão sobre as condutas adotadas no manuseamento de pacientes com COVID-19 e os desafios enfrentados. 13 e 14 de abril | 08h00 (hora Brasil) 11h00 (hora Portugal) | Evento transmitido via Youtube e Facebook Gratuito mas para obtenção de certificado é necessário efetuar inscrição no seguinte link: https://www.sympla.com.br/simposio-luso-brasileiro--avancos-e-desafios-na-conducao-da-pandemia-covid-19---fcm-mg-eesssm__1120494

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VOL. 1 | MARÇO, 2021

EVENTOS A NÃO PERDER CONTINUAÇÃO

No âmbito das comemorações dos 25 anos do Mestrado em Estudos sobre as Mulheres - Género, Cidadania e Desenvolvimento, divulgamos a seguinte conferência: Trabalho, Economia e Desenvolvimento: Onde Estão as Mulheres | 29 de abril (18h00) O link de acesso à sala zoom irá ser disponibilizado mais próximo da data do evento. Para mais informações: https://portal.uab.pt/ | mem@uab.pt

88


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VOL. 1 | MARÇO, 2021

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abranches, G. (2009). Guia para uma Linguagem Promotora da

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Quetzal. (2019). Simone De Beauvoir: Biografia [Entrada em website]. Retirado de https://www.quetzaleditores.pt/autor/simone-de-

Fundação Cuidar o Futuro. (s.d.). Maria de Lurdes Pintasilgo: Biografia. Centro

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Correio

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Minho.

Retirado

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https://www.ecum.uminho.pt/pt/Media/Documents/Correio%20do%20 Minho/2016/CM_04_06_16%2036.pdf

89


Revista insubmissa

VOL. 1 | MARÇO, 2021

A ESCOLHA DA ENTIDADE PRETENDIDA A CONSIGNAR NO IRS DEVERÁ SER FEITA ATÉ AO DIA 31 DE MARÇO NO PORTAL DAS FINANÇAS.

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VOL. 1 | MARÇO, 2021

FICHA TÉCNICA REVISÃO DE CONTÉUDOS: PAULA ALLEN SOFIA NEVES

EDIÇÃO E REDAÇÃO: ANA SOFIA FIGUEIREDO CÁTIA DA SILVA MARIANA REIS SHEILA HABIB TERESA RAMOS DE SÁ VÂNIA ALVES

COMPOSIÇÃO GRÁFICA: SHEILA HABIB TERESA RAMOS DE SÁ

ESTAREMOS À SUA ESPERA NA PRÓXIMA EDIÇÃO. ATÉ LÁ!

Revista

nsubmissa revista.aplanoi@gmail.com


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