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cena 3
Julieta e a Ama estão no quarto de Julieta e, para disfarçar, Julieta comenta as opções de trajes para o casamento. Depois, pede que a Ama a deixe dormir sozinha naquela noite com a desculpa de que precisa rezar muito para fazer o céu sorrir ao seu lado. Afinal, diz ela, a Ama bem sabe que ela tem a alma cheia de pecados. A senhora Capuleto também aparece, mas Julieta consegue fazer com que as duas a deixem sozinha. A mãe diz adeus e, assim que se vê sozinha, Julieta pensa: “Adeus. Deus é que sabe quando nos veremos outra vez. Um medo frio e mórbido passeia pelas minhas veias, quase gelando o calor da vida. Vou chamá-las de novo para me darem coragem. Ama!... Mas por quê? Tenho de representar sozinha o meu terrível papel. Vamos, frasquinho. E se essa droga não fizer efeito? Terei de me casar amanhã cedo? Não, isso aqui vai impedir. Fica aqui perto de mim”. Julieta coloca o punhal ao seu lado. “E se for um veneno que esse padre esperto me deu para me matar, com medo da desonra desse novo casamento, por ter me casado com Romeu antes? Estou com medo. Prefiro acreditar que ele não faria isso. Todos dizem que é santo. Longe de mim esses maus pensamentos! E se depois... se Romeu não estiver quando eu acordar na sepultura? Pode acontecer. Seria horrível! Vou me asfixiar na sepultura, respirando
esse ar imundo, e vou acabar morrendo sufocada, sem ver o meu Romeu? E se eu viver, deve ser a horrível sensação de morte e de acordar à noite, no meio daquele cheiro repugnante junto com o terror do lugar – esse túmulo onde os meus antepassados estão enterrados há séculos, num amontoado de ossos e o cadáver ensanguentado de Tebaldo, apodrecendo no sudário, e as almas penadas que vagueiam pela noite... Ai!... E se eu acordar louca e profanar os ossos dos meus antepassados, ou tirar o cadáver de Tebaldo do caixão, pingando de sangue. E se, no meu delírio, eu usar o osso de algum antepassado para quebrar a minha cabeça com ele? Estou sonhando ou estou mesmo vendo o espectro do meu primo perseguindo Romeu, por ter espetado seu corpo com o punhal? Pare, Tebaldo”. – Romeu, estou indo. Bebo isso por você.
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