MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR CARLOS ALBERTO DE CARVALHO Aventura, abandono e terror
Dragon Editorial Via das Samambaias, 102 – Jardim Colibri Cotia/SP – CEP: 06713-280
MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – PNLD 2021 Ensino Médio Título da obra TESEU E ARIADNE: AVENTURA, ABANDONO E TERROR ISBN 978-85-54178-18-5 (Manual do professor) Formato 135 mm x 205 mm Nº de páginas 192 Autor Carlos Alberto de Carvalho Editora Dragon Gênero Romance Temas Ficção, mistério e fantasia Diálogos com a Sociologia e com a Antropologia
5 Sumário Carta ao professor 7 Sobre o autor e a obra 9 Propostas de atividades I 11 Pré-leitura 11 Entre heróis e deuses mitológicos 13 Leitura 15 Pós-leitura 16 Propostas de atividades II 19 Pré-leitura 19 Leitura 23 Pós-leitura 23 Aprofundamento 25 Sugestões de referências complementares 27 Bibliografia comentada 29
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Nasce Teseu, um menino esperto, corajoso e forte. Egeu volta para Atenas e deixa Teseu com a mãe e o avô em Trezena. O garoto
Caro professor, cara professora, O livro que chega até você conta uma das mais belas histórias de aventura da mitologia grega. Você e seus alunos acompanharão a saga de Egeu e Teseu, pai e filho, respectivamente, pelos mares da Grécia, em tempos diferentes. Teseu e Ariadne também é a história de um amor impossível, marcado pela tragédia, que tomará destinos surpreendentes. A heroína, Ariadne, surge no momento crucial da vida do herói, filho de Egeu. Ela lhe fornece um instrumento importante, um novelo de lã, para que sobreviva à maior aventura de sua vida: enfrentar o Minotauro no sangrento labirinto de Creta.
O enredo se inicia com a história do rei Egeu, que sofre por não poder ter um filho homem. Depois de muito tentar, ele parte em direção ao Oráculo de Delfos, junto ao qual tenta em vão contato com Apolo, o deus Sol. Acompanhado de seu fiel soldado, Ceres, pede à guardiã do templo, a sacerdotisa Pítia, que interceda pela vinda do herdeiro. Desanimado com o pouco retorno dos deuses do Olimpo, ele resolve retornar a Atenas e faz uma breve parada em Trezena. Nessa cidade, é recebido por Piteu e sua filha, Etra, com quem se envolve e passa uma noite. Durante o sono, ela é levada pela deusa Atena até Posídon, deus das águas, que a fecunda. Depois de alguns dias, Etra se descobre grávida, mas não sabe se o bebê que espera é de Egeu ou de Posídon. O rei, então, fica feliz com a possibilidade de ter um filho homem, o que se confirma nove meses depois.
Carta ao professor
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A história de Teseu e Ariadne se alia aos grandes clássicos da lite ratura, como Ilíada e Odisseia, de Homero. São mitos que até hoje fazem parte do imaginário cultural de vários países onde a cultura grega teve grande influência. Os mitos servem para explicar situações que a razão e a ciência não poderiam explicar em tempos idos, por isso, seduzem leitores de todo o mundo e exaltam a figura do herói nobre. Como afirma Campbell (2014, p. 137), “o herói é alguém que deu sua própria vida por algo maior que ele mesmo”.
Assim, a leitura de Teseu e Ariadne por parte dos estudantes traz inúmeras possibilidades de abordagens, tanto no contexto estrutural como nos contextos histórico e social, constituindo-se como um vasto campo de possibilidades para a exploração do professor. As sugestões a seguir contemplam as aventuras desses heróis emblemáticos, levando em consideração as habilidades e competências que a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio prevê e possibilitando um trabalho com outras áreas do conhecimento.
cresce, torna-se um atleta exemplar, de coração bom e altruísta. De cide então ir atrás do pai, mas para chegar a Atenas terá de enfrentar muitos perigos em territórios desconhecidos e lutar com criaturas ma léficas que colocarão sua vida em risco.
Em 2010, sua adaptação de Apolo e Ártemis: sol, força e sedução foi selecionada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para o catálogo da Feira de Bolonha, um dos eventos mundiais marcantes e significativos do segmento.
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Sobre o autor e a obra Os textos da mitologia grega eram originalmente transmitidos pela tradição oral por meio da figura do contador de histórias. Com o advento da modernidade, ganharam versão escrita, sobrevivendo por séculos no imaginário popular. Essas histórias contam feitos realizados por grandes homens e seus desafios, derrotando criaturas monstruosas e seres de moral e ética duvidosas.
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A adaptação deste texto de Teseu e Ariadne foi realizada por Car los Alberto de Carvalho, professor do curso de Letras da Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro e professor da rede estadual de ensino. Formou-se em Letras pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e fez mestrado e doutorado na Pontifícia Universidade Cató lica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). É autor de outros textos adaptados que envolvem contos e ro mances das culturas grega, africana e brasileira. Na linha das histórias que envolvem a mitologia grega, Carlos Alberto de Carvalho já publi cou adaptações de Os amores de Perseu – Dânae e Andrômeda, Eros e Psiquê — a alma apaixonada, Helena de Tróia – o destino de um povo Suas adaptações de textos clássicos resgatam o poder dessas histórias nos dias de hoje, mobilizando a atenção de crianças e jovens para a cultura que muito influenciou o pensamento da civilização ocidental.
• Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas (artísticas, corporais, verbais) e mobilizar esses conhecimen tos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade (BNCC, p. 481). Ao aluno, o professor poderá questionar a atualidade do texto, os temas que perpassam a obra, a figura do herói e sua relevância para a discussão atual, bem como as características de sua estrutura, a forma, as marcas linguísticas e as ambiguidades semânticas. Nesse sentido, o texto é profícuo em diversas abordagens. Também é possível abordar sua relação com outras obras do cinema, da literatura e das artes em geral.
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São muitas as possibilidades de mobilizar conhecimentos e estabelecer relações de mundo a partir da experiência de leitura de Teseu e Ariadne. A partir do explicitado na BNCC do Ensino Médio, pensamos alguns caminhos que você, professor, pode trilhar no trabalho com o livro e seus alunos.
PRÉ-LEITURA
Propostas de atividades I
• Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitar as diversidades, a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente
Teseu e Ariadne mostra que a vida na Grécia nos tempos antes de Cristo estava longe de ser pacífica e ordeira. Dada a adesão da população ao politeísmo, isto é, à adoração a diferentes deuses e deusas, a guerra e as disputas de poder eram comuns. A Grécia foi também o berço da democracia, mas, na prática, sabemos que nem todos ti nham lugar para falar e posicionar-se. Nesse sentido, o texto da obra que temos em mãos é uma estrutura rica e vasta para a exploração das relações de poder e duelos entre mortais e deuses pelo estabelecimento de uma paz provisória. O mito de Teseu traz importantes reflexões sobre crenças, credos e relações sociais de um povo que podem ser lidos à luz dos dias atuais em um painel semelhante e contrastivo que o professor poderá esboçar com seus alunos em um exercício reflexivo.
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As histórias mitológicas presentes nesse texto fundador da cultura ocidental foram originalmente concebidas a partir de relatos da cultura oral. Sabemos que, com o passar do tempo, podem ter sofrido transformações e outras versões surgiram, mas o essencial de sua estrutura permanece, isto é, o poder estético de trazer a figura do herói
com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, combatendo precon ceitos de qualquer natureza (BNCC, p. 481).
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Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens ar tísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidade e culturas (BNCC, p. 482).
como aquele capaz de transformar a sociedade por meio de seus fei tos marcantes, e também a figura de deuses que detêm a sabedoria ancestral e o poder de modificar a vida dos humanos. Nesse sentido, Teseu e Ariadne traz um rico material de apreciação estética para alunos em que o tempo e espaço podem ser analisados sob prismas local e global numa perspectiva temporal em sua trajetória e exploração de leitura mediada pelo professor. ENTRE HERÓIS E DEUSES MITOLÓGICOS Egeu e Teseu, pai e filho, são personagens que desafiam o tempo e o espaço para obter o que desejam. O pai quer um filho para continuar seu império, enquanto a força e a agilidade, aliada aos valores nobres do filho, ajudam a equilibrar os conflitos sociais impostos pela disputa de territórios. Na leitura proposta, o professor pode indicar algumas abordagens aos seus alunos, como analisar as visões de mundo dos personagens, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias, e relacioná-los com fatos da atualidade vinculados pela mídia e imprensa em geral, mediante os quais se experimentam a ética e o enfrenta mento das dificuldades. (EM13LGG102) Os conflitos gerados entre os personagens e a produção de discur sos marcados pela sua influência e poder constituem-se como potências no texto de Teseu e Ariadne. Tem-se o duelo entre Teseu e o Mi notauro, Medeia e Jasão, Ariadne e o Rei Minos; disputas que revelam a visão de mundo das personagens e suas transformações. Ao abordar essas tensões, o professor ajudará o aluno leitor a analisar os conflitos de identidades e diversidades em sua disputa pela legitimidade nas práticas de linguagem e na cultura. (EM13LGG203)
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As relações de poder entre deusas e deuses, personagens impor tantes da narrativa, que terminam por influenciar e moldar a vida dos humanos, são elementos importantes da obra e pontuam muitas de suas cenas marcantes. A celebração de criaturas míticas como Atena (deusa dos sacrifícios), Posídon (deus das águas) e Apolo (deus do sol) aponta para a existência de outras entidades que ontem e hoje ainda estão presentes na cultura graças ao cinema, aos jogos de videogame e às narrativas em geral. O professor poderá explorar a pesquisa como habilidade fundamental para o desenvolvimento da percepção crítica e da construção de repertórios em seu aluno. Por meio dos recursos digitais da internet, criará e proporcionará novos formatos de disseminação de informação acerca do que foi absorvido na atividade de leitu ra, registrando conhecimento em forma de rede. (EM13LGG704)
Antes de iniciar a leitura com os alunos, o professor poderá explorar alguns aspectos do livro e da temática. Em uma roda de con versa com eles, poderá questionar os seguintes índices de leitura sobre a concepção gráfica do livro e seus temas:
b) No prefácio do livro temos uma moldura que envolve a carac terização dos personagens principais. O frame utilizado pode indicar um importante cenário da obra. Qual seria?
c) Qual a importância dos heróis nas narrativas? Quem foram os heróis da história antiga e quais são os heróis de hoje que vocês conheceram na literatura e nos filmes?
a) O tipo de fonte e os grafismos do livro Teseu e Ariadne nos re metem a algum tipo de escrita?
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c) Durante a leitura, observe os espaços que marcam os diferentes capítulos. Quais você acha mais interessantes?
d) Quais são os personagens principais e secundários? Eles possuem características lineares de comportamento ou se transfor mam com o passar do tempo?
LEITURA Nessa fase, o professor poderá explorar gradativamente inúme ras características da obra, seus aspectos internos (estrutura) e externos (temática) mediante questionamentos e proposições aos alunos. Como se trata de um texto narrativo, essa leitura poderá ser feita em dois momentos, tanto em sala de aula, de forma compartilhada, como em casa, individualmente. Um ponto essencial do texto de Teseu e Ariadne é a figura do herói na mitologia. Segundo Campbell (2014, p. 8), o herói “simbo liza nossa capacidade de controlar o selvagem e o irracional dentro de nós”. Sob a perspectiva desse importante elemento que aciona a trajetória da narrativa lida, seguem algumas sugestões de enfoque e questionamentos que poderão ser observados e anotados pelos alunos durante a leitura:
d) Vocês já leram ou ouviram falar de algum mito? Quais? O que os mitos representam na construção da história das nações?
a) Qual o principal problema enfrentado pelo Rei Egeu e como ele procura resolvê-lo?
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b) Quais deuses aparecem na trama e que funções desempenham no processo de criação/resolução de problemas para o herói?
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• Os alunos poderão escolher alguns trechos da ação e encená-los.
g) Que características diferenciadas das narrativas tradicionais o desfecho da obra apresenta?
• São muitos os desafios enfrentados por Teseu em sua trajetó ria de herói. Ele derrota muitos monstros e criaturas sombrias,
• Em grupos, fora da sala de aula, podem criar um dicionário de mitos gregos, pesquisando nomes de deuses importantes do Oráculo de Delfos, descrevendo suas principais características e comportamento. O texto poderá ser publicado em forma de blog ou página na internet.
e) A vingança é um elemento muito presente na obra. Em que momentos podemos verificar a presença desse sentimento na ação narrativa?
f) Como a religiosidade aparece na obra? Que momentos da ação narrativa são pontuados pela presença de elementos sobrenatu rais e fantásticos?
PÓS-LEITURA Zilberman (2001, p. 51) afirma que “nenhum leitor absorve passivamente um texto; nem este subsiste sem a invasão daquele que lhe confere vida ao completá-lo com a força de sua imaginação e o poder de sua experiência”. Dessa maneira, seguem algumas sugestões para exploração da obra no momento de pós-leitura pelo professor na mediação do trabalho.
• A figura do herói nacional é um elemento recorrente nas histórias míticas. O professor poderá realizar um debate sobre a possível existência dos heróis e questionar a problemática em torno do tema. Uma boa ideia é solicitar uma dissertação aos alunos sobre o tema: “Heróis: verdade ou invenção narrativa?”.
17TESEU E ARIADNE - DRAGON - 2021 como Perifetes, o gigante Sínis e a bruxa Féia. Como atividade para casa, cada aluno poderá ilustrar com recursos gráficos uma cena/momento em que Teseu enfrenta algum perigo e consegue derrotá-lo, reafirmando sua personalidade mítica. Os alunos poderão escolher sua sequência narrativa preferida.
• Os alunos poderão ler, pesquisar e registrar outros mitos gregos para socialização em sala de aula, na forma de um seminário integrativo, e assim ampliar seu repertório.
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A Grécia e seu complexo de pequenas ilhas é fascinante do ponto de vista da descoberta da origem do Ocidente e sua influência na His tória. O país é conhecido como o berço da democracia, produziu artes plásticas, arquitetura, teatro, filosofia e direito, sua influência está presente na cultura ocidental até os dias de hoje. Dessa forma, a obra Teseu e Ariadne contextualiza, em seu cenário e motivação narrativa, um pouco dos costumes e hábitos da sociedade grega nos primórdios da civilização. O tempo, o espaço, a história e a cultura do povo grego são elementos importantes para o trabalho interdisciplinar a partir da leitura do Mediantelivro.abordagem dessas questões, os professores da área de Ciências Humanas referendarão as competências previstas na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio, como a análise dos processos políticos, econômicos, culturais, sociais e ambientais em di ferentes tempos, auxiliando seus alunos a compreender a realidade de hoje e levando-os a se posicionar criticamente em relação aos fatos históricos, filosóficos e culturais. Para compreender a tragédia que se apresenta no texto de Teseu e Ariadne é relevante compreender o conceito de hibris trazido por Aristóteles. Nessa concepção, o mundo dos humanos respeita uma certa ordem hierárquica diante do Olimpo, dominado pelos deuses. Motivado por uma certa arrogância, o herói desrespeita a ordem superiora e assu-
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Propostas de atividades II
PRÉ-LEITURA
A conduta do Rei Egeu ao tramar a derrubada de Androgeu, ami go fiel de Teseu, para que não fosse mais uma ameaça de sucesso nas competições, é um exemplo da presença da hibris. Androgeu é assas sinado, causando a fúria do Rei Minos, que pretende atacar Atenas caso Egeu não se renda. Depois de muito negociar, o pai de Teseu promete enviar quatorze jovens atenienses ao sacrifício no labirinto do Minotauro, administrado por Minos, para compensar a morte do filho. Inconformado com as promessas do pai, Teseu parte para Creta disposto a matar a criatura. Lá, conhece Ariadne, que lhe fornece lã suficiente para que não se perca no labirinto, e entre eles nasce uma grande admiração, apesar das diferenças familiares. Outro aspecto importante que a obra traz para discussão com os alunos do Ensino Médio é o papel da mulher na tragédia e na socieda de grega. Apesar de se caracterizar como uma sociedade democrática, a mulher não tinha poder de voz. Na Grécia, também havia escravos, que pertenciam a classes menos favorecidas. Eles não tinham direito
me um comportamento imprudente, por vezes, violento. Suas ações e discursos assumem um ar de superioridade.
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Ao analisar com seus alunos as relações de poder e hierárquicas presentes na sociedade grega antiga, o professor da área de Ciências Humanas desenvolverá habilidades como a reflexão sobre os proces sos políticos, econômicos, ambientais e culturais, nos âmbitos local e mundial, em diferentes tempos, levando-os a posicionar-se criticamente sobre a realidade daquele tempo e da atualidade. Também os ajudará a desenvolver habilidades de comparação das diferentes épocas, passado e presente, e a perceber as transformações e a herança do pensamento grego para os dias de hoje. (EM13CHS102)
Todorov (2020, p. 22) afirma que “a literatura não nasce no vazio, mas no centro de um conjunto de discursos vivos, compartilhan do com eles numerosas características; não é por acaso que, ao longo da História, suas fronteiras foram inconsistentes”. Pensando nesse diálogo que a literatura pode estabelecer com outros aspectos do conhecimento, a área de Ciências Humanas poderá contextualizar com os estudantes a Grécia Antiga enquanto berço da cultura ocidental. Poderá ressaltar a geografia grega, os mitos e a tragédia enquanto nar
ao voto nem condições mínimas de cidadania, apesar de os políticos da época e filósofos questionarem tal posição social. Os soldados guerreavam, mas também seu poder era restrito, como vemos pela figura de Ceres. Se por um lado há a heroína Ariadne, também temos na narrativa o episódio de Medeia, outra tragédia grega bastante popular. Conhecida como a feiticeira de Cólquida, vivendo em Corinto sob o rei Creonte, Medeia se vinga do marido, Jasão, matando os filhos e mandando um presente mortal para a futura esposa do cônjuge, Glauce, filha de Creonte. Medeia é expulsa de Corinto e acolhida pelo Rei Egeu, que a esconde em Atenas.
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Diante de tais fatos narrativos, o professor poderá, com seus alunos, reconhecer e refletir sobre as diversas formas de desigualdade e violência em sociedades poligâmicas unilaterais, adotando como parâmetro de análise os princípios da ética, da democracia, da inclusão e da solidariedade, assim como os Direitos Humanos. Enquanto habilidades, a área de Ciências Humanas desenvolverá uma reflexão sobre os tipos de violência física, simbólica e psicológica contra as mulheres, propondo formas de combatê-la pensando os princípios da justiça de ontem e de hoje. (EM13CHS503)
a) O que vocês conhecem sobre as cidades-estados gregas? Quais eram as cidades mais importantes?
b) Como os homens gregos se vestiam e de que se alimentavam? Como eram as famílias gregas? Qual o papel do homem e da mulher na cultura, no trabalho e nas relações sociais da Grécia Antiga?
A disciplina de Geografia poderá explorar a parte física do im pério, que era extenso e hoje se resume a uma parte menor do que já foi, devido à reorganização geopolítica. Mesmo assim, a Grécia permanece como uma região dominada por várias ilhas que têm seus nomes associados às figuras da mitologia grega. Fazer essas associações e realizar um trabalho comparativo do passado com a organização espacial atual poderá também auxiliar os alunos na compreensão do que se constitui como um império e instigá-los ainda mais a explorar a história de guerras e suas conquistas territoriais.
A disciplina de História poderá realizar uma roda de conversa com os alunos e problematizar alguns aspectos da história antiga. Algumas questões poderão nortear esse debate antes da realização da leitura de Teseu e Ariadne
rativas, enriquecendo a pré-leitura dos alunos e apresentando alguns aspectos sociais e culturais da região no período anterior a Cristo, dominado pelo politeísmo, pelas grandes navegações, pela conquista de territórios e guerras.
c) Quais as principais diferenças entre o povo de Esparta e o de Atenas no que diz respeito a sua organização social e política?
d) Que filmes vocês conhecem ou assistiram que contam histórias do povo grego e suas façanhas?
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Após a leitura de Teseu e Ariadne, os professores de Ciências Humanas poderão realizar alguns trabalhos complementares. A Grécia é o berço do pensamento filosófico. Lá nasceram grandes filósofos, como Aristóteles, Platão e Sócrates. O professor de Filosofia poderá organizar uma pesquisa com seus alunos sobre os principais pensadores daquele tempo. Outro ponto importante é que algumas das sete maravilhas do mundo antigo pertencem ao império grego, como a estátua de Zeus, o templo de Ártemis e o colosso de Rhodes. Um seminário com os alunos, divididos em grupos, para apresentar em forma de relato o que resta dessas sete maravilhas ampliaria ainda mais o repertório de conhecimento dos educandos.
b) Como o trabalho e a produção de bens sociais aparecem no tex to? Qual a relação entre o trabalho desempenhado pelo homem grego antigo e o homem contemporâneo?
c) Quais são as funções desempenhadas pelos personagens e em que medida elas revelam as classes sociais a que pertencem na Grécia Antiga?
PÓS-LEITURA
Durante a leitura, os professores da área de Ciências Humanas, em planejamento conjunto com a área de Língua Portuguesa, pode rão indicar aos alunos algumas problematizações que serão anotadas durante o seu percurso.
a) Como as mulheres são apresentadas na obra, principalmente Medeia e Ariadne? Quais suas características?
23TESEU E ARIADNE - DRAGON - 2021 LEITURA
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A mitologia grega não era povoada apenas por deuses e mortais, mas contou a história de muitos monstros e criaturas sombrias. Esses seres híbridos, espíritos sedutores, mas de caráter duvidoso, fazem parte do imaginário popular e foram disseminados para outras histórias. Em Teseu e Ariadne, Perifetes, o gigante Sínis, a bruxa Féia e o Minotauro são os principais rivais do herói. Uma pesquisa sobre outros monstros da mitologia grega e o seu posterior registro com ilustrações produzidas pelos alunos seria um excelente trabalho de aprofundamento que o pro fessor de Língua Portuguesa poderia realizar com os estudantes.
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Após a leitura do texto e seu acompanhamento pelo professor, a obra ainda permite algumas abordagens para escrita e reflexão temáti ca, como a tomada de decisões por parte dos protagonistas da narrativa e o seu comprometimento ético. Teseu é um herói que apresenta alguns dilemas existenciais, como conhecer o mundo, encontrar o pai, salvar os companheiros da ameaça do Minotauro. Ele sacrifica seu conforto pessoal para ajudar a sociedade em que vive. O professor poderá refletir com seus alunos sobre o tema da empatia e da ajuda, do eu e do outro, e solicitar a seus alunos que dissertem sobre o tema da ética e da ambição em uma produção textual.
Aprofundamento
A análise de aspectos intertextuais e interdiscursivos são habilida des previstas na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio e estão no campo das práticas de leitura. A intertextualidade, segundo Kristeva (2012), aponta para a forma como um texto é assimilado por outro texto e outra cultura. Já a interdiscursividade trata de temas comuns a um ou mais textos. (EM13LP03)
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Dessa forma, levar o aluno leitor a perceber essas relações dialógicas é um ótimo exercício de formulação teórica e reflexiva, inclusive na perspectiva da produção escrita, mediante textos, resenhas, blogs que podem ser divulgados pelas redes sociais ou na forma de jornal escolar.Como sugestão de prática da intertextualidade crítica, o profes sor pode fazer uma aproximação da história de Teseu e Ariadne, com o filme Imortais (2011), uma produção cinematográfica que traz o herói Teseu sob outra perspectiva, mas que aborda também sua relação com deuses e com a figura mitológica do Minotauro.
Imortais se passa na Grécia, no ano de 1228 a.C. O rei Hiperion está em busca do arco de Épiro, um instrumento poderoso que pode matar os deuses do Olimpo. Para encontrá-lo, ele escraviza os habitantes dos vilarejos próximos. Conhecendo a bravura heroica de Te seu, o rei decide cooptá-lo para a façanha de recuperar o arco, mas o herói se nega a fazer parte de seu exército violento. Hiperion vive em um pequeno vilarejo em companhia da mãe e de um velho sábio que possui uma identidade secreta, mas fundamental para a compreensão
Sugestões de complementaresreferências
28 TESEU E ARIADNE - DRAGON - 2021 da relação entre deuses e homens. A figura do Minotauro surge como poderoso aliado do rei, assim como outras criaturas sombrias. Teseu, com sua força e sabedoria, poderá derrotar a ambição de Hiperion e assim reestabelecer a paz entre os povos que habitam a Grécia. O filme, assim como Teseu e Ariadne, resgata a hibris, elemento presente nas tragédias gregas. O professor poderá explorar esses aspectos e problematizar com os alunos elementos como a guerra, a luta por território e a ambição humana. Após uma roda de conversa com os alunos, abordando pontos comuns e diferenciados entre as duas obras, o professor pode propor a criação de um vídeo resenha, no qual se recomenda a leitura do livro para outras pessoas e salientam-se seus aspectos qualitativos e temáticas.
• Para assistir: Imortais (Immortals). Direção: Tarsem Singh. EUA. Elenco: Henry Cavill, Mickey Rourke, Luke Evans. Relativity Media, 2011. Colorido, 110 min. Trailer disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dj7f9N-o2BM>. Acesso em: 10 fev. 2021.
É uma obra de consulta essencial para fomentar o trabalho com a leitura, tanto na escola como em outros espaços. Apresenta estratégias que compreendem desde a seleção de livros até a interpretação e a escrita, passando pelo estabelecimento de redes de informações.
COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
As competências e habilidades indicadas nas propostas sugeridas fo ram extraídas do documento que hoje é a maior referência para a organização curricular do ensino. CAMPBELL, J. O poder do mito. 30. ed. São Paulo: Palas Athena, 2014.
O primeiro e mais importante tratado sobre as formas literárias da tradição ocidental, a Poética de Aristóteles (384-322 a.C.) não tem deixado de ser lida e interpretada ao longo de seus 23 séculos de existência. Trata-se de uma obra fundamental para quem se dedica ao ofício de ensinar literatura.
Bibliografia comentada ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Editora 34, 2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília/MEC/Consed/Undime, 2017.
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Este livro traz uma série de treze palestras que examinam o vasto campo do desenvolvimento da mitologia em todo o mundo e em todas as épocas.
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A autora aborda as perguntas fundamentais ligadas ao texto: quais são as leis de seu funcionamento? Qual é o lugar desse objeto específico dentre a multiplicidade das práticas significantes? Apresenta as últimas conquistas na análise da significação.
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
A autora aborda a leitura, inicialmente, pela trajetória e evolução dos suportes de escrita, do pergaminho ao e-book. Apresenta discussões sobre as teorias da leitura, o papel do ensino, o lugar do leitor e o futuro do livro.
TODOROV, T. A literatura em perigo. 11. ed. Rio de Janeiro, Difel, 2020. Um ensaio por meio do qual o autor estabelece um profundo diálogo com o leitor, apresentando as conexões da literatura com outras artes e com o ensino de literatura nas escolas.
Uma abordagem sobre as transformações profundas que a escola deve promover para um ensino mais eficaz da leitura e da escrita. En foca os problemas e necessidades do aprendizado, encaminhando para possíveis soluções.
ZILBERMAN, R. Fim do livro, fim dos leitores? São Paulo: Senac, 2001.
KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. 3. ed. São Paulo: Perspec tiva, 2012.
É permitida a criação de obras derivadas deste material desde que não tenham fins comerciais, atribuam crédito ao autor e licenciem as criações sob os mesmos parâmetros.
