IPNews Magazine - Edição 01

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S NEGÓCIOS E A INFRAESTRUTURA O DA INTERNET BRASILEIRA EM REVISTA

ANO 1 | NÚMERO 1 | SET/OUT 2013

SDN

PROGRAMADAS POR SOFTWARE, REDES CORPORATIVAS SE ALINHAM ÀS NECESSIDADES DOS NEGÓCIOS

VEJA TAMBÉM >>

NTREVISTA E

Os planos do Terra para a Copa e Olimpíadas

S EGURANÇA

SP implanta câmeras IP em ônibus

S MART GRIDS

Barueri recebe medidores inteligentes

A RTIGO

Prós e contras do projeto de Marco Civil da Internet



CARTA AO LEITOR

NA VELOCIDADE DO IP

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á pouco mais de cinco anos, nosso radar editorial apontava para uma tendência que, hoje, se mostra mais do que consolidada: o IP. Isso nos motivou a criar um noticiário exclusivamente voltado a este universo e com a sua grife. Tudo hoje é IP e, coincidências à parte, alvo de monitoramento da nossa equipe de jornalistas. Voltamos à baila criando uma nova plataforma de informação, com ainda maior profundidade para os nossos leitores, cuja base cresce substancialmente mês a mês. A IPNews Magazine, disponível para tablets, smartphones e PC, aprofunda os temas de maior audiência no dia a dia, em reportagens, artigos e opiniões, dedicadas, não apenas a fomentar este mercado, mas simplificar decisões de negócios, sejam elas em grandes, médias ou pequenas empresas; integradores; ou mesmo operadores de serviços. De nossa parte, a inovação será no meio de entrega desse conteúdo. A cada atualização, os assinantes da IPNews Magazine receberão alertas para não perderem nenhum passo importante deste universo que se mostra tão ágil e integrado. Esta primeira edição, lançada na semana da Futurecom 2013, apresenta um panorama das principais tendências de uso do IP em setores diversificados, como de energia elétrica, na área financeira e em segurança. Também não esquecemos o Marco Civil da Internet, que tem um de seus projetos em compasso de espera no Senado e foi avaliado por dois grandes juristas na área de direito digital, os professores Renato Opice Blum e Rony Vainzof. A reportagem de capa traz o tema que deve movimentar o segmento de redes corporativas em 2014 e alterar as estratégias de todos os fornecedores, o SDN. Assim como em outras áreas de TIC, o hardware está dando lugar ao software, e promete movimentar milhões de dólares com a ideia de tornar as redes mais inteligentes e, consequentemente, mais rápidas e alinhadas aos objetivos de negócios. A plataforma digital nos dá a oportunidade de construir as reportagens contando com a participação dos nossos leitores. Assim, esperamos sugestões e indicações de todos neste ambiente de interatividade. Boa leitura!

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Jackeline Carvalho, diretora de Redação


SUMÁRIO

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INOVAÇÃO

Em entrevista, Rafael Kuhn, CTO do Terra, fala sobre a oferta de conteúdos pela web

E-BUSINESS

Estudo da Ericsson aponta que 74% dos latino-americanos querem usar pagamentos móveis

CONECTIVIDADE

M2M: a oportunidade dos operadores móveis

CASO DE SUCESSO

Hotéis da Accor adotam infraestrutura da Ruckus Wireless e oferecem WiFi gratuito aos hóspedes

BYOD

Explode a tendência de consumerização, mas é preciso proteger a rede e os dispositivos

REDES INTELIGENTES

AES Eletropaulo fala sobre os planos com Smart Grids e detalha o projeto piloto em Barueri-SP

CAPA

Fabricantes apostam em Software Defined Network (SDN) para modernizar redes

SEGURANÇA

Mercado de videovigilância IP cresce apoiando segurança urbana

POLÍTICA

Artigo: O Marco Civil da Internet e a Legislação Brasileira, por Renato Opice Blum e Dr. Rony Vainzof

é uma publicação da Comunicação Interativa Av. Pedroso de Morais, 631 - cj 45 - Pinheiros - São Paulo - Capital Fone: 55 11 3032-0262 – www.cinterativa.com.br Críticas, dúvidas e sugestões: contato@cinterativa.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO Jackeline Carvalho jackeline@cinterativa.com.br

EDITORA ASSISTENTE Luciana Robles robles.lu@gmail.com

DIRETORIA OPERACIONAL Railton Carvalho railton@cinterativa.com.br

TEXTOS Jackeline Carvalho jackeline@cinterativa.com.br

Mayra Feitosa mayra@cinterativa.com.br Murilo Tomaz murilo@cinterativa.com.br ARTE RS Oficina de Arte

COMERCIAL Marcelo Augusto marcelo@cinterativa.com.br ADMINISTRATIVO Maria Estela de Melo Luis mariaestela@cinterativa.com.brr



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EBUSINESS

O DESAFIO DA OFERTA DE CONTEÚDO NA INTERNET Multiplataforma é o nome do atual jogo da entrega de conteúdo, segundo Rafael Kuhn, CTO do Terra. Ele fala à IPNews Magazine sobre as inovações e investimentos em tecnologia da informação, e revela os desafios esperados para a cobertura da Copa do Mundo e das Olimpíadas do Brasil Por Murilo Tomaz

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ferecer conteúdos adaptados a cada tipo de dispositivo tem se tornado regra para o Terra. Através de uma variedade de telas e dispositivos, incluindo PCs, tablets, smartphones, TVs conectadas e painéis DOOH, são transmitidos conteúdos de entretenimento, esportes e informação. Com a aproximação de grandes eventos esportivos no País e o aumento do número de usuários de smartphones e tablets, é preciso ainda pensar em uma estratégia multiplataforma que atenda todos os públicos. Em entrevista à IPNews Magazine, Rafael Kuhn, CTO do Terra, comenta esses desafios e fala da experiência adquirida em eventos anteriores. IPNEWS MAGAZINE: Quais são as inovações e no que o Terra tem in-

vestido em termos de tecnologia para manter a frequência de leitores? Rafael Kuhn - Estamos investindo em muita tecnologia de conhecimento do nosso cliente e de recomendação do conteúdo que melhor se encaixa ao perfil do mesmo. E, dentro da estratégia multiplataforma, temos trabalhado muito para entregar a melhor experiência de visualização de conteúdo dentro de cada dispositivo. Junto com tudo isto, trabalhamos constantemente na desempenho da entrega de conteúdo, experiência de navegação e qualidade de conteúdo. IPNM - O que está disponível em termos de Tecnologia da Informação e equipe para dar conta das constantes inovações tecnológicas? Rafael Kuhn - Trabalhamos com

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TEMOS TRABALHADO MUITO PARA ENTREGAR A MELHOR EXPERIÊNCIA DE VISUALIZAÇÃO DE CONTEÚDO EM CADA DISPOSITIVO Rafael Kuhn, CTO do Terra


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equipes relativamente pequenas, focadas e com alto conhecimento técnico. Além disso, nos apoiamos em uma cadeia de fornecedores que formamos ao longo do tempo e que nos apoiam no desenvolvimento das soluções. Em termos de tecnologia, não temos restrições de software ou equipamentos para desenvolver o que for necessário para o portal. Assim, possuímos um sem número de smartphones, tablets, TVs conectadas, etc, que usamos para testar nossos desenvolvimentos, além, obviamente, de softwares que testam nossos desenvolvimentos nos mais diversos browsers existentes no mercado. Temos também uma forte ligação com empresas como Google e Facebook e nos mantemos em constante contato com eles aproveitando as sinergias entre os negócios para compartilhamento de conteúdo entre nossos clientes. Além disto, através da Telefonica Digital, trabalhamos em oportunidades transversais de novas tecnologias e integrações de tecnologias com outras empresas do grupo. IPNM – Como as plataformas do Terra atendem ao público mobile? Rafael Kuhn – Temos uma plataforma bastante robusta e líder no Brasil hoje em audiência. Temos um portal (m.terra) funcionando em todos os países onde o Terra está presente (Chile, Argentina, Peru, Venezuela, México, Estados Unidos e Espanha) e com o conteúdo formatado para melhor visualização pelos clientes. Possuímos um aplicativo para o Portal (weblauncher) e um específico para Futebol (o Terra Futebol permite ao

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usuário acompanhar as notícias do seu time e da Seleção em tempo real, além da narração via push de gols minuto a minuto e troca de comentários entre usuários do aplicativo). E também tem o portal tablet (tablet.terra) que possui um design inovador. IPNM – Quais serão os próximos desafios de cobertura e o que é planejado em termos de inovação para isso? Rafael Kuhn – Teremos a Copa do Mundo e as Olimpíadas, sendo que o mobile e o conteúdo gerado pelo usuário dominarão as ações. Nosso desafio será atender a estes requisitos com uma plataforma que nos dê a agilidade necessária para subir conteúdos que possam enriquecer nossa cobertura e distribuí-los em tempo real em qualquer dispositivo de forma que o cliente não desista de ver o conteúdo por causa da demora em carregá-lo. Estamos trabalhando em plataformas de vídeo e content-share e seguimos nosso desenvolvimento sobre mobile. Temos o know-how deste tipo de transmissão, desde Bejing (2008). Em 2012, durante as Olimpíadas de Londres fomos pioneiros ao oferecer 36 canais de transmissão simultâneas, em HD, de todas as modalidades disputadas. Recentemente, reestruturamos o TerraTV, nosso canal de transmissão de vídeos, horizontalizando-o no portal. Ele foi pioneiro na exibição de vídeos em streaming no Brasil, em 1999. A nova interface, que também aparece em todos os países onde estamos, possibilitou a formação de um catálogo com 20 possibilidades de formatos publicitários. n

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EBUSINESS

ESTAMOS TRABALHANDO EM PLATAFORMAS DE VÍDEO E CONTENT-SHARE E SEGUIMOS NOSSO DESENVOLVIMENTO SOBRE MOBILE


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MCOMMERCE

O BANCO DA BANDA LARGA LATINO AMERICANOS ESTÃO PRONTOS PARA MERGULHAR NA ROTINA DO PAGAMENTO COM DISPOSITIVOS MÓVEIS, DIZ ESTUDO Da Redação

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ovo estudo do ConsumerLab da Ericsson, área da empresa que estuda o comportamento do usuário, revela que a América Latina reúne as condições necessárias para o crescimento das transações realizadas por meio de dispositivos móveis, o chamado m-commerce. Dentre as condições, destacam-se a alta penetração da telefonia móvel e a baixa porcentagem de consumidores com conta bancária em países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México, que figuram nesse estudo. De acordo com o relatório, 74% dos latino-americanos que não utilizam o m-commerce hoje estão interessados em começar a utilizar esse serviço em um futuro próximo. No Brasil, 30% dos internautas são adeptos do m-commerce e 20% deles o utilizam para mobile banking, seguido por serviços de mobile shopping (15%) e serviços de mobile wallet (7%). O rápido aumento da penetração de smartphones na região sinaliza o interesse crescente na utilização do m-commerce, principalmente por oferecer conveniência, flexibilidade e segurança. A maior parte da população da América Latina (61%) não possui conta bancária e, na região, ainda há um alto grau de pobreza, de acordo com o ConsumerLab.

Quase metade dos trabalhadores possui empregos informais e utiliza o dinheiro, em espécie, como método mais frequente de pagamento. André Gildin, diretor de Inteligência de Mercado da Ericsson para América Latina e Caribe, diz: “quanto mais tivermos soluções de m-commerce, mais benefícios teremos tanto para os que utilizam como para aqueles que ainda não utilizam serviços bancários. Pagamentos, compras e transferências de dinheiro podem ser feitas online e não há necessidade de transportar grandes somas ou ficar em filas de bancos”. n

LEGISLAÇÃO A Câmara dos Deputados aprovou, no início de setembro, a MP 615/13. Agora no Senado, a medida provisória, entre diversos assuntos, regulamenta os pagamentos móveis e visa permitir acesso pelo celular, inclusive GSM, a serviços de pagamentos – principalmente em locais onde faltam agências bancárias e lotéricas. A proposta dá ao Banco Central autonomia para definir as regras e fiscalizar os pagamentos feitos pelo celular, conforme diretrizes do Conselho Monetário Nacional (CMN). A instituição também será responsável por autorizar o funcionamento das operadoras e adotar medidas de competição para disciplinar a cobrança de tarifas e formas de remuneração. Com a proposta, o Ministério das Comunicações e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) devem estimular a participação do setor de Telecom para a oferta dos serviços de pagamentos móveis.

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WIFI

M2M: A OPORTUNIDADE DOS OPERADORES MÓVEIS MERCADO PODE MOVIMENTAR US$ 31 BILHÕES ATÉ 2017, COM SETORES AUTOMOBILÍSTICO E DE TRANSPORTES/LOGÍSTICA LIDERANDO INVESTIMENTOS Da Redação

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estratégia de M2M (machine-to-machine) pode aumentar consideravelmente a receita de um operador móvel, informou a Infonetics na pesquisa ‘M2M Connections and Services by Vertical’. Segundo a consultoria, em 2012 o número de conexões de M2M chegou a 1.4 bilhões, alcançando uma receita global de US$ 15 bilhões. Os setores que mais demandam aplicações é o automobilístico e de transportes/logísticas. Segundo a Infonetics, juntos, eles foram responsáveis por 30% da receita gerada ano passado. A expectativa é que esse número mais que dobre em três anos, e alcance, até 2017, a marca de US$ 31 bilhões em receita, pelo consequente aumento de conexões. “O M2M é um dos novos segmentos que cresce mais rápido para provedores de serviços”, diz o analista Godfrey Chua, que direcionou a pesquisa sobre M2M na Infonetics. Sobre a tecnologia, ele informa que as PAN (personal area network) Wireless, como WiFi, Zigbee, Bluetooth e IP500, que gera receita por cone-

xão, representam a maior parte, mas o M2M por celular, que tem cerca de 190 milhões de conexões, está projetado para quase triplicar até 2017 e se tornar a engenharia que mais cresce na receita das operadoras. Chua explica que a rede celular representa a principal oportunidade de receita para os operadores, embora seja mais popular conectar os serviços M2M via PAN Wireless. “É essencial para as empresas incorporar uma visão ampla de várias tecnologias de acesso M2M em suas estratégias”. De acordo com a pesquisa, mais de 16% da receita dos serviços M2M, quase US$ 2.4 bilhões, foram entregues pelos serviços de backhual. n

É ESSENCIAL PARA AS EMPRESAS INCORPORAR UMA VISÃO AMPLA DE VÁRIAS TECNOLOGIAS DE ACESSO M2M EM SUAS ESTRATÉGIAS Godfrey Chua, analista da Infonetics

PRINCIPAIS MERCADOS A América do Norte e Europa foram os mercados chaves para o crescimento do M2M e, juntas, contabilizam 72% do mercado. Em 2012, a China Mobile ultrapassou a AT&T em receita de serviços M2M, mas a AT&T liderou em receita por causa do elevado ARPC (total de receita por conexão, em inglês).

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ACCOR ‘FISGA’ HÓSPEDES PELA REDE WIFI GRATUITO DE 512 MBPS ESTARÁ DISPONÍVEL PARA 215 HOTÉIS DA REDE ATÉ O FINAL DO ANO Por Mayra Feitosa

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negócios ou a passeio, não importa o tipo da viagem, a velocidade da internet no hotel é imperativo para os usuários, principalmente os que dispõem de uma variedade de dispositivos móveis. Prova disso foi a pesquisa divulgada pelo Brazilian Hotel Business Guest, segundo a qual 60% dos turistas de negócios veem o WiFi como item mais importante na escolha do hotel, e 70% dos viajantes não se hospedariam novamente em um estabelecimento que deixasse a desejar na qualidade da rede. Pensando nisso, a Accor contou com apoio da Ruckus Wireless e da Embratel em um projeto que disponibiliza WiFi gratuita e de alta velocidade a seus hóspedes. O projeto demandou um investimento superior a R$ 6 milhões. Não foi necessário trocar todo o parque tecnológico, a fabricante usou parte da infraestrutura existente e instalou soluções do portfólio Smart WiFi para elevar a velocidade da rede a até 512 Mbps por usuário. Atualmente, a infraestrutura atende a 113 hotéis, sendo 95% deles no Brasil, e os demais nos outros países da América Latina, como Argenti-

Hotel Mercure Alamedas, São Paulo – Em 2014, os hóspedes da rede Accor poderão acessar o WiFi gratuito do hotel em aeroportos e estádios

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CASO DE SUCESSO


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na, Peru, Chile, México, Colômbia e Uruguai. A meta é ampliar o serviço para 215 unidades até o final do ano; e até 2015, ter 300 novos hotéis no Brasil com o mesmo serviço gratuito. A rede já suporta uma variedade de dispositivos móveis e está pronta, segundo seus idealizadores, para as inovações dos próximos anos. “Você precisa suportar mais usuários com uma rede abrangente”, defende André Queiroz, responsável pela operação brasileira da Ruckus Wireless. Mais por menos A fabricante reduziu a quantidade de antenas, e garantiu a estabilidade da conexão. “A Ruckus trocou 10 antenas por uma por andar e usou parte da infraestrutura existente”, detalha Carla Milovanov, diretora de TI da Accor para a América Latina, ressaltando que um dos benefícios foi a estabilidade da conexão também nos corredores. Outra vantagem foi a economia de energia, alcançada após a redução do cabeamento. “Nós permitimos um WiFi verde”, brinca Queiróz, ao dizer que os Access Points “hibernam” quando os hóspedes não usam a internet, por isso a economia. “Estimo que em cinco anos, eles economizarão uma média de R$ 500 mil em energia”. Mas a segurança é uma demanda imperativa quando se trata de WiFi, e as companhias garantem: os dados dos hóspedes estão seguros. “A estrutura montada permite isolar o tráfego de cada usuário e impedir que ação de hackers ocorram”, detalha Renato Castro, analista de te-

CASO DE SUCESSO

lecom da Accor para América Latina, relatando que a companhia guarda os logs dos usuários. O diretor da Ruckus Wireless afirma que os equipamentos instalados atendem a padrões de segurança. “A rede segue padrões de segurança, 802.11, e existe uma camada adicional de segurança feita pelas empresas que a Accor contratou para autenticação do hóspede”, detalha. Inovações Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014, o WiFi também é a bola da vez. Embora o 3G e 4G estejam disponíveis, a rede sem fio pode trabalhar em conjunto com as móveis e ampliar as formas de acesso. A Accor firmou parceria com a Claro e a TIM e, em 2014, os hóspedes poderão acessar a internet do hotel em aeroportos e estádios. Um trabalho conjunto que inclui também o offload para as redes móveis 3G e 4G. n

Carla Milanov, diretora de TI da Accor para América Latina

LOCALIZAÇÃO Por usar menos equipamentos e endereçar inovação à estratégia para o setor de hotelaria, em média 70% dos hotéis (a partir de 3 estrelas) no Brasil e na América Latina são clientes da Ruckus, que disse trazer novidades para o setor corporativo ainda em 2013. A mais recente foi a aquisição da empresa de localização, YFind Technologies, que permitirá integrar novos serviços e enriquecer a oferta de localização por WiFi. “A empresa vai habilitar um conjunto de aplicações como se fosse um GPS, mas usando a rede WiFi”, explica o diretor e adiciona que além de hotéis, shopping centers, aeroportos e estádios são mercados chave. Ele fala sobre novas tecnologias e modelos de Access Points para 2014. “Eles darão mais desempenho para o setor de hotelaria e verticais de educação, armazéns, eventos”, e promete: “ainda esse ano teremos inovações”.

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SEGURANÇA

VOU TRABALHAR, MAS POSSO LEVAR MEU DISPOSITIVO? GERENCIAMENTO DOS DISPOSITIVOS MÓVEIS É O GRANDE DESAFIO DAS CORPORAÇÕES, MESMO AQUELAS QUE JÁ DESENVOLVERAM POLÍTICAS DE BYOD Por Mayra Feitosa

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á foi o tempo em que estar no trabalho significava se desconectar do universo ao redor e não saber o que acontece no mundo. Sequer uma visita a um site de notícias era possível. É claro também que muitas organizações ainda proíbem essas práticas, pois há os que abusam do acesso. Mas, o fato é que a vida pessoal e corporativa estão cada dia mais conectadas. Só no Brasil há 268,44 milhões de linhas de celular ativas, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações, e o acesso à internet móvel cresce mensalmente. Também de acordo com dados da agência reguladora, o 4G cresceu 55% em agosto, totalizando 398,62 mil acessos. Somando a tecnologia recente à anterior (3G), o Brasil tem 85,31 milhões de acessos à banda larga móvel, fora os hotspots públicos e privados, que permitem acesso às redes WiFi, parque de 67.953 mil pontos de acesso. Esses dados demonstram o quanto o acesso móvel é uma exigência da sociedade. O recente estudo ‘Bring

your Own Device’, divulgado pela Markets and Markets, afirma que as iniciativas de BYOD crescem a uma taxa de 15% por ano e, até 2017, chegará a movimentar US$ 181 bilhões. Para a consultoria, somente essa medida já demonstra que não há mais como separar a conectividade pessoal da corporativa, restando às empresas a única alternativa de criar

Wagner Bernardes, diretor de consultoria e integração de soluções da Orange Business Services

E O CYOD? Choose your own device. A sigla parece nova, mas é uma demanda antiga do segmento corporativo, que tem cada vez mais permitido aos funcionários usar os dispositivos para fins pessoais e corporativos. Só no Brasil, a IDC estima que 38% das corporações permitem usar smartphones para acessar dados empresariais, e 29% tablets. Embora apenas 40% das empresas tenham políticas de MDM (gerenciamento de dispositivos móveis), as que têm, investem. E como a exigência em relação à tecnologia muda de acordo com o usuário, as empresas, principalmente as maiores, lhes permitem escolher o dispositivo móvel, e criam políticas de acesso em relação à segurança. “O desafio é a pluralidade de informações. Mas as políticas (de gerenciamento) acabam direcionando as escolhas. Apesar disso, a tendência do CYOD é isso, dar ao usuário o poder da escolha”, explica Rodrigo Tamelline, gerente de marketing de produtos da Intel.

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políticas de segurança e de acesso. Wagner Bernardes, diretor de consultoria e integração de soluções da Orange Business Services no Brasil, diz que uma das formas de gerenciar esses dispositivos é por mecanismos de autenticação e de controle de acesso. Segundo o executivo, quando utilizado e controlado adequadamente, o conceito BYOD pode aumentar a produtividade da empresa e reduzir tempos e custos operacionais. “Porém, a fronteira entre o uso de aparelhos para fins pessoais e profissionais ainda é difícil de ser definida”, comenta. A rede pode ser o limite De acordo a Kaspersky Lab, 50% das organizações não têm soluções para gerenciar e proteger dispositivos móveis em suas redes. Entre as mais avançadas, 32% têm uma política para smartphones e tablets, e, em média, 28% adotaram alguma tecnologia para gerenciamento de dispositivos móveis. Prova de que o mercado ainda engatinha em direção ao convívio dos dispositivos pessoais no ambiente corporativo é que o mercado de conteúdo de segurança, que inclui gateways, appliances e soluções oferecidas como serviço apresentou queda de 1,4% no primeiro semestre, segundo estudo da Infonetics. Entretanto, a mesma consultoria acredita em uma recuperação baseada nas soluções de segurança de rede. A estimativa é que o movimento nesta área chegue a US$ 1 bilhão até 2017. “Com a variedade de dispositivos móveis lançados em 2013, o mercado de MDM (gerenciamento de dispositivos móveis, em inglês) ten-

SEGURANÇA

NÚMEROS DO BYOD

38% DAS EMPRESAS PERMITEM USAR SMARTPHONES

29% PERMITEM USAR TABLETS 40% ADOTAM MDM (GERENCIAMENTO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS) FONTE: IDC

de a crescer esse ano e se consolidar ano que vem”, ressalta Bruno Freitas, analista da IDC. Segundo ele, o MDM está presente em 40% das empresas. “De forma geral, o mercado de conteúdo de segurança tem escorregado. Entretanto, o mercado de segurança cresce, com a busca de firewalls e aplicações de UTM (Unified Treat Management)”, conclui Jeff Wilson, principal analista de segurança da Infonetics. n

DE OLHO NO MERCADO A Palo Alto Networks (PAN) tem apostado em inovação, com firewalls de última geração, e espera crescer. A companhia conquistou R$ 400 milhões em receita global, no último ano fiscal encerrado em julho de 2013, e se instalou, no Brasil, há aproximadamente 1 ano e meio. Anualmente, o crescimento da Palo Alto Networks gira em torno de 55% em todas as regiões onde atua (América, Ásia Pacífico e Europa, Oriente Médio e África). Mais recentemente, a empresa anunciou um plano de expansão no Brasil, com uma base a ser instalada em Brasília (DF) para atuar junto a governos e grandes empresas. O anúncio faz parte da estratégia de crescimento nas Américas, onde é gerada 62% da receita. Mas um dos motivos do crescimento é a comercialização de uma família de soluções de ‘firewall de próxima geração’. Com a nova linha de produtos, o market share da PAN chegou a 4%, e a solução também foi virtualizada. O vice-presidente de vendas para Américas, John Spiliotis, comemora: “a tecnologia é a única que olha os aplicativos, usuários e conteúdos. Outras tecnologias são baseadas em padrões antigos, de 17, 18,19 anos. Então, nós construímos algo novo e estamos crescendo”, pontua.

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SMART GRID

SMART GRIDS DÁ PRIMEIROS PASSOS EM SÃO PAULO PROJETO DA AES ELETROPAULO IMPLANTA SISTEMA DE MEDIÇÃO INTELIGENTE EM BARUERI-SP Por Mayra Feitosa

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s setores elétrico e de telecomunicações têm atuado em conjunto para captar as oportunidades em torno do smart grid. As redes inteligentes, como também são conhecidas, permitem, entre outras facilidades, a instalação de um sistema de medição digital e inteligente, capaz de reduzir despesas. O conceito smart grid intensifica os investimentos em modernização das malhas operadas pelas utilities e, consequentemente, beneficia o usuário. Segundo a Cisco, com a internet ligando todas as coisas, globalmente há um potencial econômico de gerar US$ 14 trilhões em receita, sendo o smart grid e os sistemas automação em geral responsáveis por 66% desse total. O Brasil já começou a se aventurar na onda das smart grids, com concessionárias implantando projetos em pequenas cidades, como Sete Lagoas (MG) – atendida pela Cemig; Aparecida (SP), área de atuação da portuguesa EDP; e Barueri (SP), projeto que deve ser concluído até 2015 pela AES Eletropaulo. Nesse último caso, a operadora tem se empenhado em um projeto

de medição inteligente. Com 250 mil habitantes, Barueri será a primeira cidade a receber um projeto de smart grid da AES Eletropaulo. Consumo “O objetivo é testar todas as funcionalidades para, ao final, criarmos um plano de implementação nas outras áreas da nossa concessão, inclusive a cidade de São Paulo”, revela Maria Teresa Vellano, diretora Regional AES Eletropaulo. Até 2015, a companhia investirá R$ 72 milhões no projeto de Barueri, totalizando R$ 220 milhões, entre 2010 e 2012. Em junho desse ano, foram instalados medidores inteli­gentes nas residências de 2,1 mil famílias que tinham ligações irregulares. Cerca de 512 sub-estações foram digitalizadas, 3 mil religadores automáticos implantados na rede e 1,3 mil câmeras subterrâneas automatizadas. “Vamos expandir nosso centro de medição, que hoje lê remotamente 100 mil clientes e está sendo preparado para chegar a um universo de 6,4 milhões de clientes”, pontua Maria Teresa. A inteligência na rede pode trazer

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Maria Teresa Vellano, diretora Regional AES Eletropaulo


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uma série de benefícios para a gestão de energia e, segundo a concessionária, isso será refletido na qualidade do serviço entregue ao consumidor. Na rede inteligente, a companhia pode implantar dispositivos inteligentes, atuar remotamente, identificar ocorrências na rede, e saber a localização exata dos defeitos para isolar os trechos que apresentam falhas. Telcos O relacionamento entre as telcos e o setor elétrico nunca foi dos melhores. Mas os setores iniciaram as conversas para trabalhar em conjunto após o lançamento do 4G no Brasil, com a revisão da Lei Geral das Antenas, que incentiva a instalação de torres para transmitir o sinal de celular. E quando o assunto é o sistema de medição inteligente, o relacionamento entre os setores se torna ainda mais necessário, pois mais uma vez a rede é a protagonista da história. “Para o setor elétrico crescer, as operadoras de telecom precisam crescer na mesma proporção”, analisa a gestora. Segundo ela, para o projeto de Barueri (SP), a companhia hoje usa sistemas 3G e GPRS, mas para os medidores digitais, tem estudado a comunicação redundante, que deve envolver radiofrequência com PLC (Power Light Communication), e usa a mesma rede - de telecom e elétrica. “Ainda não sabemos quem vai operar, mas no futuro haverá necessidade de ter uma gestão grande de telecomunicação. Vamos estudar se faremos essa gestão pela empresa ou se contrataremos um terceiro”, adianta.

P&D Para a realização do projeto, a Pesquisa & Desenvolvimento foi fundamental e, segundo a companhia, permitiu testar diversos tipos de soluções. No caso de Barueri-SP, os recursos vêm do investimento anual em P&D, uma vez que um percentual da receita é destinado a essa área. “Mais ou menos 45% do nosso projeto é oriundo de P&D, que é autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Outra parte é investimento”, explica a diretora, segundo a qual, a companhia tem recebido apoio do órgão regulador, que ainda não estipulou um prazo para a troca dos medidores analógicos. “Esses projetos de P&D nos deu oportunidade de testar várias formas de fazer a parte de telecom”, diz. Ela cita que a Eletropaulo conta com um backbone de fibra óptica que faz toda a comunicação, desde a central de operação até as estações. Nas religadoras automáticas, responsáveis por detectar defeitos não transitórios, a companhia está instalando equipamentos de rede com sistema de rádio WiMax. “Desenvolvemos um plano estratégico para smart grid, que culminou com o lançamento do projeto completo para Barueri”, completa. Para que isso aconteça, o investimento em inteligência de rede é inevitável, e as empresas precisam se preparar, declara Maria Teresa, ao descrever que, atualmente, para medir o consumo do cliente é preciso ir, em alguns casos, até duas vezes a sua residência, e quando há um problema na rede ele deve reportar o ocorrido e esperar reparos. “Nessa sociedade digital que vivemos, não faz sentido ter tecnologia disponível e não usar”. n

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SMART GRID

OBJETIVO COM O PROJETO DE BARUERI É TESTAR TODAS AS FUNCIONALIDADES PARA, AO FINAL, CRIAR UM PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO NAS OUTRAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA AES ELETROPAULO


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CAPA

SDN,

O NOVO JOGO DAS REDES CORPORATIVAS CONFIGURAÇÃO DE REDE POR SOFTWARE (SDN) PROMETE SIMPLIFICAR A ATUAÇÃO DOS GESTORES DE TIC, REDUZIR CUSTOS E, PRINCIPALMENTE, AUMENTAR A FLEXIBILIDADE E A VELOCIDADE DE TRÁFEGO DE INFORMAÇÕES NO AMBIENTE EMPRESARIAL

Por Jackeline Carvalho*

ACESSE – Infográfico preparado por SDNCentral, Plexxi e Lightspeed Venture Partners, com detalhes sobre o tamanho do mercado SDN

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esenvolvido para configurar redes corporativas de forma rápida e eficiente, e diferente da programação de hardware de conectividade, o software defined networks (SDN) tem sido apontado por fabricantes e especialistas como a solução que faltava para a economia de tempo e dos recursos administrados pelos gestores de TIC (tecnologia da informação e comunicação). Trata-se de uma abordagem para redes na qual o controle é dissociado do hardware e dado a um aplicativo de software, o controlador. Assim, quando um pacote chega a um switch convencional, regras incorporadas ao firmware deste equipamento informam o tempo e para onde o pacote deve ser encaminhado. O objetivo do SDN é permitir que engenheiros e administradores de rede respondam rapidamente aos requisitos de negócios, pois a rede aceita a configuração de tráfego a partir de um console centralizado. Sob este conceito, o administrador pode alterar regras de qualquer switch quando necessário, dando prioridade ou mesmo bloqueando tipos específicos de pacotes com um nível granular de controle. Um estudo feito pela TechNavio identifica que o mercado global de SDN deve apresentar crescimento de 150% ao ano entre 2012 e 2016, chegando aos US$ 35,6 bilhões globais estimados pelo Enterprise Strategy Group, no estudo The Emergence of Software-Defined Network Architectures. As consultorias explicam que um dos fatores para tamanho desempenho é a virtualização no ambiente

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de rede, além dos estímulos da Open Network Fundation, que vem fomentando o uso de plataformas abertas e, consequentemente, com fácil interoperabilidade. A TechNavio também listou os fabricantes de destaque no universo de SDN. São eles: Cisco Systems, Hewlett-Packard (HP), a IBM e a NEC. Além das lideranças, o estudo menciona a atuação de outros sem número de fabricantes, entre eles Intel, Brocade, Citrix, Enterasys, Dell, Google e VMware. Materialização Seguindo o padrão aberto OpenFlex, da Open Network Fundation, a Alcatel-Lucent lançou, no início do ano, novos produtos direcionados a aprimorar a experiência do cliente, ao acessar os aplicativos em tempo real e a qualquer hora, de qualquer lugar. Atualmente, as necessidades de mobilidade estão focadas nos colaboradores, e apresentam o desafio de reduzir os gastos operacionais e de investimentos. Juntos, estes dois elementos, segundo a Alcatel-Lucent, estão conduzindo a implantação de tecnologias de virtualização nas redes das organizações, incluindo também seus data centers, automatizando muitos fluxos de trabalho de TI. A HP iniciou a comercialização do Virtual Application Networks SDN Controller, no início do mês. A ferramenta fornece uma visão centralizada para controle da rede e permite implantar, em minutos, qualquer aplicação ou serviço diretamente para o usuário. SDN é a grande aposta da unidade de networking da HP para os próxi-

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INFRAESTRUTURA DE TI PRECISA SER REPENSADA COMO PLATAFORMA PARA TODAS AS INOVAÇÕES CORPORATIVAS Stephen B. Alexander, vice-presidente sênior e chief technology Officer (CTO) da Ciena


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mos anos. “Neste ambiente é a aplicação, não os dispositivos de rede, que determina a qualidade do serviço”, explica Antonio Mariano, diretor de pré-vendas da HP Networking no Brasil. O executivo da HP informa que, dessa forma, as empresas podem operar ambientes híbridos – SDN e convencionais, e de diferentes fabricantes – para priorizar aplicações mais críticas ou que demandem maior capacidade da rede em determinados períodos. “Na era da nuvem, os clientes precisam de um ponto único de controle para toda a rede, que permita implantar qualquer aplicativo ou serviço com agilidade”, defende Mariano. Essa defesa também foi unânime entre os keynote speakers da edição 2013 da Interop New York, encerrada no dia 4 de Outubro. Todos afirmaram que estamos migrando para uma economia baseada na aplicação, na qual as empresas precisam atentar para a qualidade da infraestrutura de rede a fim de garantir a flexibilidade demandada pelos usuários. Alguns dados foram apresentados para confirmar a nova tese: até o final de 2014, 77 bilhões de downloads devem ser feitos em todo mundo; 50 bilhões de dispositivos devem estar conectados à internet até 2020; e a expectativa dos especialistas é que neste mesmo ano o conteúdo digital seja 300 vezes maior do que em 2005, resultando em 40 Zetabytes de informação, segundo a IBM. John Chambers, CEO e chairman da Cisco, reforçou a tese de internet de todas as coisas, afirmando que esta é uma oportunidade de US$ 14 trilhões

em negócio que não pode ser perdida em função do despreparo das corporações em relação à infraestrutura. “Estamos em uma nova transição”, afirmou. Segundo ele, passamos das fases da convergência em IP (dados, voz, vídeo e rede) e da virtualização (computer network storage), e agora migramos para a economia da aplicação (application economy). Esse ambiente, diz Chambers, exige maior inteligência e interoperabilidade da rede, o que vem forçando os fabricantes a aderirem ao conceito SDN. Angel Luis Diaz, vice presidente de Software Standards, Cloud Labs & HiPODS do IBM Software Group, salientou que, em conversas com CEOs, começa a perceber, pela primeira vez, que tecnologia assumiu o topo na lista de itens essenciais às corporações, seguida pelo item pessoas. “E cloud cresce como ferramenta de negócio”, confirmou, ao reforçar que “velocida-

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A ECONOMIA DA APLICAÇÃO EXIGE MAIOR INTELIGÊNCIA E INTEROPERABILIDADE DA REDE John Chambers, CEO da Cisco

SDN NA BANDA LARGA A Telefônica Vivo firmou parceria com a NEC Corporation para iniciar um projeto-piloto baseado em SDN (software defined network) e de NFV (network functions virtualisation) em São Paulo. A ideia é reduzir em até 30% os custos operacionais com serviços de dados pela rede fixa. A começar pelo número de equipamentos para a instalação da banda larga, pois a implantação e gestão dos serviços serão pela nuvem da companhia, e não haverá necessidade de enviar um técnico para a residência dos clientes. “A ideia do piloto é ter um equipamento simples em casa, que garantirá toda a comunicação com a nossa rede”, diz Ari Falarini, diretor de serviços aos clientes da Telefônica|Vivo. “Toda a inteligência de decisão do que fazer dentro da rede, que conteúdo acessar, ficaria na própria rede, na nuvem”, completa. De acordo com Falarini, a Vivo não precisará instalar novos servidores, pois utilizará as centrais de processamento de dados da parceira japonesa.

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de” é a grande preocupação e demanda das companhias. Para Diaz, o atual momento, de explosão da mobilidade e da geração de conteúdo, se assemelha ao que ocorreu no início da internet, que promoveu uma revolução na forma de fazer negócios. “Noventa porcento dos usuários móveis têm seus dispositivos como ‘arma’ de pesquisa; e 67% quer usá-los inclusive para fazer compras”, disse. A receita da IBM para as empresas acompanharem essa nova realidade é a construção de uma infraestrutura baseada em “open cloud architecture”, fazendo uso intensivo de todas as ofertas de serviços (software as a service – SaaS; infrastructure as a service – IaaS; platform as a service – PaaS, etc.), e de padrões abertos de tecnologia. “Código-fonte aberto e padronização são o combustível do renascimento da TI”, pregou o executivo da IBM. Stephen B. Alexander, vice presidente sênior e chief technology Officer (CTO) da Ciena, resumiu que a infraestrutura de TI precisa ser repensada como plataforma para todas as inovações corporativas. “Isso requer a uma nova arquitetura que abre a rede em três níveis: escalabilidade, programabilidade e aplicação”, confirmou, ao concordar com todos os demais keynote speakers e palestrantes da Interop 2013. “SDN é o caminho para a construção de uma infraestrutura baseada na demanda do aplicativo”. n

*A jornalista viajou a Nova Iorque a convite da HP Brasil

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EM SDN É A APLICAÇÃO, NÃO OS DISPOSITIVOS DE REDE, QUE DETERMINA A QUALIDADE DO SERVIÇO

Antonio Mariano, diretor de pré-vendas da HP Networking no Brasil

PROCESSADORES EM CAMPO Em estratégias separadas, porém convergentes, a Cisco e a Intel anunciaram, recentemente, processadores específicos para servidores SDN. O portfólio da Intel inclui a segunda geração da família de produtos Atom C2000, de 64 bit, com designs do tipo system-on-chip (SoC) – para microservidores e cold storage (Avoton), e para plataformas de redes do segmento de entrada (Rangeley) –; e o Ethernet Switch FM5224 que, se combinado com o pacote WindRiver Open Network Software, permite criar soluções SDN para os servidores. A nova família de produtos oferece até 8 núcleos, Ethernet integrada e suporte para até 64 gigabytes (GB) de memória, oito vezes mais do que na geração anterior. As novas configurações para redes de entrada prometem atender às necessidades de segurança e roteamento do tráfego da internet. A Ericsson já adotou a família de soluções Intel Atom C2000, para seus switches baseados em blade, como parte do Cloud System. Já a Cisco lançou o processador integrado a sua estratégia de Internet de Todas as Coisas (IoE - Internet of Everything ). O ‘nPower’ promete níveis de desempenho e largura de banda e controle programável usando APIs abertas e recursos avançados de computação. Com base na experiência em inovação em chips de rede, o processador integrado nPower X1 – a primeira geração da família de processadores nPower – promete níveis de desempenho ‘multi-terabits’, por processar trilhões de transações. Entre os benefícios, a solução promete taxas de transferência de 400 Gigabits por segundo (Gbps) a partir de um chip; funções de processamento de pacotes; gerenciamento de tráfego de entrada/saída integradas; e controle programável.

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SEGURANÇA

VIDEOVIGILÂNCIA: O BIG BROTHER DAS RUAS SÃO PAULO ADOTA CÂMERAS PARA MONITORAR TRÂNSITO E COMBATER VIOLÊNCIA Por Mayra Feitosa

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s aplicações ‘inteligentes’ podem ser usadas para detectar emergências no trânsito, acidentes e até auxiliar no combate ao tráfico de drogas. Um exemplo disso está na cidade de São Paulo que, por meio da Guarda Civil Metropolitana, equipou cinco ônibus com câmeras de monitoramento para gravar as imagens da Cracolândia. Os dados podem ajudar a combater o tráfico de drogas nesses pontos ilegais de venda e uso de entorpecentes. Outra iniciativa da prefeitura de São Paulo é um teste com os equipamentos em 20 ônibus para flagrar veículos que transitam dentro das faixas exclusivas dos coletivos fora do horário permitido. Como o projeto ainda não foi concluído, a prefeitura não tem previsão para publicação do edital. As câmeras de videovigilância têm se tornado um aliado para a segurança das cidades. Instalados em espaços públicos ou privados, os equipamentos prometem apoiar órgãos públicos no gerenciamento de setores como segurança e mobilidade urbana. Isso porque a captação

da imagem pode ajudar a resolver grandes conflitos e apoiar as cidades na tentativa de se tornarem mais inteligentes e com uma infraestrutura adequada para atender à demanda da sociedade. As soluções, porém, não se restrin­ gem à imagem e é essa transição que tem levado o segmento de vídeo analógico a dar espaço para os equipamentos IP segundo o analista Josh Woodhouse, da Axis Communications. “Uma das principais tendências no mercado de videovigilância é a transição do analógico para o IP. Pela primeira vez, as receitas com vendas de equipamentos IP vão ultrapassar as de equipamentos analógicos”, diz o executivo. Legado Woodhouse avalia que o Brasil é um dos países com maior capacidade para alavancar o setor de videovigilância ainda em 2013. “O investimento em infraestrutura para os Jogos Olímpicos e para a Copa do Mundo é real, e os esportes, lazer e monitoramento das cidades demandarão mais equipamentos”, prevê. n

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Josh Woodhouse, analista da Axis Communications


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O MARCO CIVIL DA INTERNET E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Por Renato Opice Blum e Rony Vainzof *

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liberdade é irmã da privacidade. Princípios conexos, interligados e que dependem um do outro. Princípios que não admitem distorção. É claro, que com o advento da Internet e toda a sua interatividade, novos conceitos, novas ferramentas, novos costumes tendem a renovar a discussão de tais princípios. E, como não poderia deixar de ser, muitas destas discussões se relacionam à ciência jurídica. Ciência, que hoje desafia a sociedade, muito mais dinâmica, rápida, e dependente das novas tecnologias. São novos costumes, mas com os mesmos princípios éticos e morais. O Brasil, com amplo destaque internacional quando o assunto é Internet, com mais de 70 milhões de internautas, não fica fora, pelo contrário, conta com um acervo considerável de projetos de lei relacionados à Web. Um deles, PL n.º 2126/11, conhecido como Marco Civil, chega ao Congresso com importantes reflexos na legislação nacional. Entretanto, apesar de diversos pontos positivos, como a guarda de registros de conexão (Art. 10), se assim for mantido, trará um risco

enorme a tudo que já foi construído pela jurisprudência. Vejamos: • A redação dos Arts. 14 e 15 somente dispõem sobre a responsabilidade do provedor de conexão à Internet e de aplicações de Internet em razão de danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, se intimado, não atender a ordem judicial (suscetível de reconhecimento de inconstitucionalidade, inclusive). Referido artigo é desnecessário, pois: (i) havendo uma ordem judicial, o provedor deverá cumprir de qualquer forma, sob pena, possivelmente, de crime de desobediência; (ii) qualquer cidadão que sofra um ilícito terá que, obrigatoriamente, buscar o judiciário, já sobrecarregado, arcando com as custas de um processo, honorários aos advogados. Tudo isso para retirar um conteúdo ilegal (pornografia, ofensas, racismo etc), o que hoje acontece extrajudicialmente (mais ágil, justo, no amparo de nossa farta jurisprudência, e no mesmo sentido e em consonância com outros países);

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Renato Opice Blum


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(iii) a demora para prolação da ordem judicial caso de ordem judicial, seja na esfera cível ou cripoderá causar ainda mais danos à vítima pois o minal; conteúdo prosseguirá na Internet, exposto ao (ii) Obrigatoriedade de preservação de conmundo. Ainda, o STJ (Superior Tribunal de Justi- teúdo pelos provedores, pelo prazo mínimo de ça) já decidiu pela responsabilidade do provedor 30 dias, nos casos de notificação extrajudicial de no caso de sua omissão ao não retirar o conteúdo parte interessada, sendo prorrogáveis por mais do ar se informado previamente; 30 dias, também, com expressa solicitação; • Pelo art. 16, o provedor terá a obrigação de (iii) Possibilitar a interceptação de dados teleinformar ao usuário, autor do ilícito, sobre o cum- máticos e informáticos também para crimes puprimento da ordem judicial, o que possivelmente nidos com pena de detenção se praticados atraprejudicará as provas eletrônicas do ilícito prati- vés ou contra os meios eletrônicos, alterando a cado, pois, ciente da investigação, poderá o infra- Lei 9.296/96, sempre com ordem judicial especítor alterar ou mesmo eliminar as evidências; fica, na forma da citada Lei. • O Art. 13, §1º, dispõe que o provedor que • Crimes: optar por não guardar os registros de acesso a (i) Criar o tipo penal da invasão do domicílio aplicações de Internet não poderá ser responsá- virtual, somente na forma dolosa; vel por danos de terceiros. Sobre esse assunto, (ii) Criar o tipo penal para a disseminação de importante ressaltar que muitas vezes uma in- códigos maliciosos, com intuito de causar dano vestigação sobre um crime de pornografia infan- ou obter vantagem indevida, somente na forma til ou racismo, para não citar outros, somente é dolosa; possível através dos referidos registros de aces(iii) Aumentar a pena mínima e a pena máxima EHENT ALIS ABOREM QUUNTUR so. Na forma que referido artigo 13, para essas para os crimes contra a honra praticados pelos investigações, não seria preservada, a critério do meios eletrônicos; ES SAM ET ERERUM QUODLIQUE provedor, qualquer informação anterior ao re(iv) Da mesma forma, aumentar a pena mínima ODIPIT UN de (80 #) querimento pela autoridade competenteEHENDUCIATI o que e a pena máxima para o crime concorrência certamente dificultará ou impossibilitará a pu- desleal (Art. 195 da Lei 9.279/96), se praticados nição de infratores em diversos casos (em razão através dos meios eletrônicos. de não ter sido armazenado qualquer rastro). A Diante dos comentários supra, como anseio sugestão seria guardar esses registros, com o comum da sociedade que deseja liberdade, denfornecimento somente mediante ordem judicial, tro de nosso Estado Democrático de Direito, como no caso da previsão para o fornecimento mas também proteção a privacidade, segurança, dos registros de conexão (art. 10). identificação e punição daqueles que utilizam as O fato é que para quase a totalidade dos atos tecnologias para práticas ilícitas, consideramos praticados através ou contra os meios eletrôni- que o Marco Regulatório Civil, de acordo com o cos já há uma legislação específica ou aplicável, seu texto atual, em boa parte, retrocede nossa seja em âmbito tributário, trabalhista, penal ou legislação. Esperamos, pois, que alterações secível, sendo necessário, em nossa opinião, ape- jam feitas em nosso congresso evitando os granas alguns ajustes, conforme descrição abaixo: ves riscos jurídicos ora expostos. • Provas: (i) Guarda, pelos provedores, dos registros de conexão e dos registros de acesso, inclusive pelos serviços de aplicação (números de IP, datas e * Dr. Renato Opice Blum, advogado, horários GMT) por um prazo mínimo de 01 (um) economista e professor de Direito Digital; ano, com o fornecimento dos dados somente em * Dr. Rony Vainzof, advogado e professor de Direito Digital.

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