ANO 28 • EDIÇÃO 163
CURITIBA
32 CONGRESSO DE MANUTENÇÃO & GESTÃO DE ATIVOS EXPOMAN 2017 O
Debate a retomada do crescimento
GESTÃO
A Gestão do Conhecimento para aumentar a produtividade
MERCADO
Setor de lubrificantes dá o tom dos investimentos industriais no País
INOVAÇÃO
Manufatura 4.0 impacta a produção e pede nova qualificação profissional
ENTREVISTA
José Paulo Silveira, Presidente da FBTS, sobre o desafio dos profissionais na digitalização de máquinas e serviços
PALAVRA DO PRESIDENTE
A HORA DA RETOMADA ILDEMAR PINTO NUNES, Presidente do Conselho de Administração da Abraman
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osso 32o Congresso de Manutenção & Gestão de Ativos – Expoman 2017 acontece este ano em Curitiba, no Paraná, em um momento de grande desafio. Primeiro porque estamos vivendo a retomada da economia brasileira, com as indústrias buscando aumentar a produtividade, mas sem capacidade financeira para novos investimentos. Depois porque vivemos um período de transformação digital, que exige não só mudanças estratégicas das organizações, mas também um novo perfil profissional, com mão de obra atualizada e qualificada para lidar com a digitalização dos processos. O 32o Congresso Brasileiro de Manutenção vai explorar a oportunidade de sermos mais produtivos, utilizando recursos modernos, tais como a internet das coisas, inteligência artificial, entre outros, que reforçam a necessida-
de de uma qualificação mais específica, seja pelas mãos de uma nova graduação, especialização, ou mesmo pelos cursos de educação continuada. Grandes indústrias já mergulharam na transformação digital, e vão nos mostrar os frutos extraídos desta jornada. Nosso entrevistado do mês, José Paulo Silveira, presidente da Fundação Brasileira de Tecnologia e Soldagem (FBTS), apresentará neste 32º CBM, palestra sobre os desafios profissionais no enfrentamento da digitalização de máquinas e serviços. O evento em Curitiba também será marcado pela Expoman 2017, com uma seleção de produtos e serviços alinhada à nova demanda e realidade do mercado. Boa Leitura!
ÍNDICE / EXPEDIENTE
Indústria 4.0
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32o CBMGA - Comitê Técnico
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Entrevista- José Paulo Silveira
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32o CBMGA - Programa
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32o CBMGA - Retomada da economia
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32o CBMGA - Planta da EXPOMAN
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Mercado - Lubrificantes
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32o CBMGA - Relação de Expositores
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Gestão do Conhecimento
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32o CBMGA - Trabalhos Técnicos
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MEMBRO FUNDADOR DO GLOBAL FORUM
REVISTA
ANO 28 - EDIÇÃO 163
é uma publicação bimestral da Abraman Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos Av. Marechal Câmara 160, grupo 320, Edifício Orly - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20 020-080 Tel: (21) 3231-7000 / Fax: (21) 3231-7002 / www.abraman.org.br Críticas, dúvidas e sugestões: revistamanutencao@abraman.org.br CONSELHO EDITORIAL: Alberto Verri (Verri Veritatis Consultoria), Carlos Alberto Barros Gutiérrez (FM2C Serviços de Manutenção), Carlos de Souza Almeida (Gestalent Consultoria e Treinamento - Engeman/Poli/UFRJ), Edson Kleiber de Castiho e Nelson Cabral (ABRAMAN), Lourival Augusto Tavares (PTC Consultoria), Rogério Arcuri (ELEBROBRAS Termonuclear); PRODUÇÃO: Comunicação Interativa Editora - Tel: (11) 3032.0262 JORNALISTA RESPONSÁVEL: Jackeline Carvalho (MTB 12456); EDIÇÃO E REPORTAGEM: Jackeline Carvalho, Caio Alves e João Rubens; REVISTA & GESTÃO ATIVOS (Assistente); ); Administração e Logística: PUBLISHER: Jackeline Carvalho; DESIGN GRÁFICO: Ricardo AlvesMANUTENÇÃO de Souza (Diretor) e JosyDE Angélica Maria Estela de Melo Luiz.
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INOVAÇÃO
MANUFATURA 4.0:
EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE
Na indústria baseada na conectividade, a manutenção e a gestão de ativos assumem papel estratégico e podem gerar informações importantes tanto para a operação quanto para a governança empresarial
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todos acreditam ser positiva, pois com as máquinas conectadas entre si, fica mais fácil identificar o ponto ótimo para a manutenção dos equipamentos na tão sonhada manutenção preditiva, que permite antecipar falhas, programando reparos antes que as paradas ocorram e
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specialistas apontam que a Quarta Revolução Industrial provocada pela manufatura avançada, como denominam os EUA, ou Indústria 4.0, como preferem os alemães, terá forte impacto para o setor de manutenção e gestão de ativos. Uma mudança que
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também no tempo máximo de utilização dos ativos. Filipe Cassapo, gerente do Centro Internacional de Inovação do Sistema FIEP (Federação das Indústrias do Paraná) diz que primeiro é preciso conceituar o que é a indústria 4.0, identificando todas as etapas de evolução da manufatura. A primeira Revolução Industrial ocorreu com a mecanização no século XVIII. A segunda foi a Taylorização com a aplicação do método do fordismo, no início do século XX. A terceira foi a automação, iniciada com a introdução da tecnologia da informação a partir dos anos 1960 e intensificada nos anos 1970 e 1980. “Agora na Indústria 4.0 estamos passando por um processo de transformação digital com utilização das tecnologias e metodologias da digitalização para, de um lado, aumentar a produtividade industrial, e, de outro, criar mais valor do ponto de vista dos processos e serviços prestados pelas indústrias”, diz Cassapo. Ele explica que quando se fala em Manufatura Avançada, Industria 4.0, Internet Industrial ou Internet das Coisas Industriais, é preciso entender que se está falando em quatro dimensões, ou seja, tudo o que está ligado à IoT, sistemas autônomos, machine learning, big data, manufatura aditiva (impressão 3D), nuvem industrial, realidade aumentada e cyber security. Também envolve uma mudança cultural na organização, no sentido de promover uma descentralização na tomada de decisão com base nos dados coletados no conceito de manufatura avançada. Outro conceito é o de cadeia de valor por meio da integração de fornecedores e clientes. E, finalmente, há a integração com o
AS QUATRO FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 1a Mecanização no século XVIII 2a T aylorização, com a aplicação do método fordismo, no início do século XX 3a A utomação, com a introdução da tecnologia da informação a partir dos anos 1960 e intensificada nos anos 1970 e 1980 4a I ndústria 4.0, com a utilização das tecnologias e metodologias da digitalização para aumentar a produtividade industrial e criar mais valor do ponto de vista dos processos e serviços prestados pelas indústrias
sistema de inovação incluindo universidades, centros de pesquisas e startups para alimentar as empresas com tecnologia. “É importante notar que esse é um fenômeno novo no mundo inteiro: Alemanha, Japão, Coreia, EUA e China, todos passam por isso”, afirma Cassapo. “No Brasil temos um conjunto de empresas ligadas ao setor automobilístico e outras indústrias intensivas em ativos que já estão absorvendo o conceito no ambiente industrial”, completa. Porém, Cassapo observa que há muitas pequenas empresas ainda não entenderam o conceito, o que também é um fenômeno global. O desafio, na opinião do executivo, é alinhar o padrão 4.0 em organizações de todos os portes e segmentos para que, no máximo, em quatro anos, todas tenham vencido o processo de transformação digital. “Aqueles que não fizerem essa transformação estarão com defasagem de competitividade e de produtividade”, analisa Cassapo.
E A MANUTENÇÃO? Na indústria 4.0, a manutenção poderá coletar fatos e dados para, no primeiro momento, dar uma manutenção preventiva e, em seguida, migrar para o conceito que utiliza algoritmos de inteligência artificial – tecnicamente chamado de machine learning ou deep learning – para identificar padrões de forma automática e prever que uma falha vai ocorrer. Com isso será possível otimizar o uso do ativo. “Tudo isso permite introduzir o conceito de economia circular ou compartilhada, fazendo o uso do parque de ativos da empresa e dos seus parceiros, no modelo de manufatura as a service. São mudanças conceituais no modelo de negócios que rentabilizam ainda mais os ativos”, vislumbra Cassapo. O PAPEL DO OPERADOR Para José Paulo Silveira, presidente da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), há imensas oportunidades para a gestão de
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INOVAÇÃO
ativos com a manufatura avançada. Isso porque as novas tecnologias e a digitalização estão permitindo a virtualização de equipamentos, o que viabiliza a manutenção preditiva. As máquinas serão monitoradas por sensores que indicam a situação em que elas se encontram, com muitas variáveis de desempenho. “Essas informações são armazenadas e podem ser tratadas para gerar conhecimento sobre a máquina e antever a falha. As máquinas podem dar sinais claros de quando vão falhar e até antecipar isso. A atividade de manutenção vai ter uma demanda muito grande de avanço tecnológico, e o operador vai agregar mais valor do que agrega hoje. As empresas de manutenção têm essa oportunidade. É uma mudança radical na gestão de ativos”, prevê Silveira. No Brasil muitas empresas de diferentes setores – não apenas de manufatura – já estão preparando suas plantas para o sensoriamento a fim de obter o máximo de informação de seus ativos rumo a manutenção preditiva. Celso Placeres, diretor de engenharia de manufatura da Volkswa-
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Aqueles que não fizerem essa transformação estarão com defasagem de competitividade e de produtividade FILIPE CASSAPO, da FIEP
gen do Brasil, diz que a manutenção preditiva é um dos pilares da indústria 4.0. A empresa está iniciando um piloto e desafiou a equipe a transformar, este ano, a manutenção da planta de produção de motores em São Carlos de preventiva para preditiva. São mais de 300 máquinas de usinagem com custo de manutenção bastante elevado, segundo Placeres. “Vamos instalar sensores de vibração e de temperatura nos rolamen-
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tos e fusos das máquinas, que são as peças de maior desgaste, para monitorar a vida útil e o down time, as paradas de máquina por quebra. Vamos usar essa planta como piloto e depois estender o projeto para as plantas produtoras de automóveis”, anuncia Placeres. Charles Lenzi, presidente da AES Eletropaulo informa que toda a gestão da operação da empresa é feita por meio de ferramentas de analytics, com o conceito de inteligência artificial, de forma que a empresa consiga prever eventos e realizar manutenção preventiva para minimizar o impacto das ocorrências e melhorar os indicadores de qualidade. “Trabalhamos com o conceito de manutenção preventiva usando a grande base de dados que temos. Com as ferramentas de analytics e inteligência artificial, temos condições de trabalhar alguma coisa de manutenção preditiva, algo que será realidade em breve”, diz Lenzi. Na Vale, as ferrovias contam com sensores para coletas de dados dos vagões. Uma locomotiva carrega 330 vagões, trafegando numa via de cerca de 700 Km da mina até o porto. Neste trajeto são analisados o impacto dos vagões nos trilhos, barulho, esforço e desgastes das rodas. “As informações são coletadas e transportadas para sistemas historiadores de processos que contam a história da ferrovia para análise das condições críticas e tendências de falhas dos vagões. “Hoje fazemos várias manutenções corretivas e preventivas. O objetivo dessa solução de IoT é permitir uma manutenção preditiva. Vamos antecipar falhas de manutenção”, explica Alexandre Pereira, diretor de TI da Vale. l
ENTREVISTA - FBTS
DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DIVULGAÇÃO
Presidente da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), José Paulo Silveira, fala sobre os desafios profissionais no enfrentamento da digitalização de máquinas e serviços
JOSÉ PAULO SILVEIRA, Presidente da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS)
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isto como a 4a revolução industrial, o processo de transformação digital das empresas gera encantamento quanto às possibilidades de negócios que pode gerar, mas também traz grande desafio aos países em desenvolvimento, segundo o presidente da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), José Paulo Silveira. Isso porque grande parte da força de trabalho de nações como Brasil, China e Índia é de baixa qualificação, algo incompatível com o cenário que se desenvolve a partir da digitalização de máquinas e equipamentos. Em entrevista à Revista M&GA, Silveira fala sobre a preocupação com a formação e atualização de mão de obra, os desafios empresariais e como o setor de Soldagem se posiciona neste novo cenário. Revista Manutenção & Gestão de Ativos – Qual a sua avaliação sobre a indústria brasileira no momento atual? José Paulo Silveira – Mundialmente, o setor vem perdendo importância na composição do Produto Interno Bruto (PIB) em virtude de mudanças tecnológicas. No Brasil, esse
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processo é mais acelerado, dos setores que contribuem para a geração de riquezas – agricultura, indústria e serviços – a indústria vem perdendo participação. Além disso, estamos mergulhados numa crise, como não existia desde 1930, com uma recessão que chega, acumuladamente, a 8% do PIB. Há sinais, nesse momento, de recuperação; a própria indústria voltou a crescer, mas a evolução ainda é muito modesta em relação ao que precisa acontecer para reduzir os índices de desemprego. M&GA – Quais os principais gargalos e onde estão as oportunidades? JPS – A gente não pode pensar o Brasil sozinho, pois o fenômeno do desenvolvimento é global. Em virtude da digitalização da economia, o conceito de produto está mudando radicalmente. Atualmente, não se deve pensar mais apenas no produto físico palpável como uma máquina, um automóvel. Hoje os produtos são sistemas que integram produto-serviço, ou seja, cada vez mais, o valor agregado está sendo conquistado pela adição de serviços aos produtos. M&GA – E a produção?
M&GA – E o Brasil, como fica nesse cenário em relação a essas novas tecnologias? JPS – O Brasil tem de ficar muito atento, pois é uma ameaça, mas também uma oportunidade. Há mais um dado: com essa nova forma de produzir, a mão de obra barata deixa de ser fator de atração de empresas. Nos anos 1980 e 1990, as companhias americanas e europeias se relocalizaram, buscando mão de obra barata dos países em desenvolvimento como a China, o Brasil e a Índia. Entretanto, essa nova forma de produzir torna o custo de mão de obra irrelevante numa decisão de onde se instalar. Esse movimento de saída de empresas do mundo de-
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JPS – Os processos industriais estão mudando para esse novo ambiente de digitalização em larga escala. No contexto internacional, hoje só se fala numa quarta revolução industrial, que está em marcha em grande velocidade. Ela vai provocar uma mudança substancial na maneira de produzir, com customização em larga escala de produtos para atender a necessidades muito específicas e não mais o tradicional da produção em massa. As máquinas conversam entre si pela tecnologia da Internet das Coisas (IoT), produzindo uma grande massa de dados, que pode ser processada e, com a inteligência artificial (IA), é possível gerar conhecimento que é incorporado aos algoritmos. Estes evoluem constantemente e aprendem pelos resultados concretos da produção. É um ambiente completamente diferente, planejado e operado em bases muito diferentes. Isso está muito acelerado na Alemanha, no Japão, nos EUA e na China.
senvolvido em direção a países em desenvolvimento está sendo revertido. As empresas estão voltando, na medida em que os processos estão sendo alterados para essa quarta revolução industrial. Nos EUA, já se fala em renascimento da manufatura. M&GA – O Brasil está preparado? JPS – O Brasil está alheio, apático a essas mudanças. De um modo geral, as empresas estão muito lentas, com poucas exceções como a Embraer. Países como Alemanha, EUA, Inglaterra, Japão, Austrália, têm programas oficiais de preparação para a Indústria 4.0. M&GA – Qual o crescimento previsto para o segmento de soldagem e de que forma ele pode se beneficiar de tecnologias como Internet das Coisas, e manufatura 4.0? JPS – A soldagem está sob os mesmos impactos positivos e negativos. O positivo é que a digitalização permite o aumento da produtividade - e sabe-se que a produtividade brasileira é dramaticamente baixa - e a redução do tempo do processo produtivo, que é tão importante quanto a produtividade. M&GA – A digitalização já chegou aos equipamentos de soldagem, ou esta é uma atividade que ainda depende muito da habilidade manual? JPS – Já chegou. Há muitas aplicações que ainda dependem da habilida-
de manual, mas isso está mudando. Hoje a máquina de solda já tem computador embarcado e capacidade de processar informação. A soldagem está em evolução, mas ainda há um espaço muito grande para avançar. A FBTS está terminando o planejamento de um projeto chamado de Monitoramento da Soldagem que visa justamente a captura de informações sobre o processo de soldagem e a digitalização dessas informações para o controle pela internet para permitir rastreabilidade máxima dos processos e tratamento das informações. M&GA – Com esse processo de mudança acelerada na manufatura, como os profissionais estão se capacitando para as novas tecnologias? JPS – Falamos até agora dos impactos positivos. O negativo é que vai haver uma destruição de emprego de baixa qualificação. O chão de fábrica, o chão do canteiro de obras só vai ter espaço para pessoas altamente qualificadas. Outro aspecto é que vai haver uma fusão de funções, o nível de qualificação será tão elevado que o profissional poderá ser supervisor e inspetor ao mesmo tempo, um engenheiro de produto e de fábrica vão exercer a mesma função. No setor de soldagem, a FBTS treina pessoas e certifica seu desempenho, porque essas pessoas precisam aumentar seu nível de qualificação. l
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A MANUTENÇÃO E GESTÃO DE ATIVOS SE PREPARA PARA A RETOMADA DA ECONOMIA 32o encontro de profissionais debate modelos de inovação, geração de oportunidades de negócios e novas receitas 10
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tomadoras de serviços, além de especialistas na área trabalhista. Outro destaque é a mesa redonda “Manutenção e Gestão de Ativos na 4ª Revolução Industrial”, tema recorrente hoje em todo o setor. “Não se pode esquecer o respeito ao meio ambiente, que será tratado na conferência nacional “Sustentabilidade Empresarial por Meio da Gestão de Ativos”, acrescenta Castilho.
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om o tema central “Manutenção e Gestão de Ativos na Retomada do Crescimento”, o 32o Congresso Brasileiro de Manutenção & Gestão de Ativos – a ser realizado de 7 a 10 de agosto, no Centro de Eventos do Sistema FIEP, em Curitiba, Paraná - vai debater o crescimento da importância da Manutenção e da Gestão de Ativos no cenário atual de recuperação econômica. Sem grandes investimentos na expansão das plantas, as empresas buscam otimizar os ativos existentes a fim de gerar melhores resultados para os acionistas. “Antes considerava-se que a manutenção e a gestão de ativos eram um centro de custos. A filosofia atual é que hoje ela é um centro de resultados”, lembra Nessa fase de saída da crise, quanto mais se puder tirar valor dos ativos existentes melhor; para que não seja necessário fazer novos investimentos”, analisa Nelson Cabral de Carvalho, diretor operacional da Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (Abraman). “Representa a oportunidade de a empresa ganhar mais com maiores produtividade e confiabilidade dos equipamentos”, defende. Paralelamente ao congresso, será realizada a Expoman 2017, que este ano contará com 13 expositores. A expectativa é de um público de 500 participantes, além de 32 conferencias e 120 apresentações técnicas, selecionadas entre 320 trabalhos inscritos por especialistas de todo o país. O Congresso terá um painel, quatro mesas redondas, quatro conferências nacionais e uma internacional, e as apresentações técnicas serão divididas em 60 exposições e 80 pôsteres. “Confiabilidade está relacionada ao aumento do tempo médio entre falhas e eliminação de retrabalho. O
Após a conjuntura adversa do ano passado, o cenário de 2017 indica melhora para o setor de manutenção e gestão de ativos ROBERTO BUSATO BELGER, da Manserv Industrial
Congresso prima por melhorar a qualificação dos participantes, num grande processo de gestão do conhecimento”, diz Edson Kleiber de Castilho, diretor presidente da Abraman. Ele destaca, entre os temas que serão abordados, a mesa redonda que discutirá a “Reforma Trabalhista e a Terceirização: Mitos e Verdades”, reunindo empresas prestadoras e
RETOMADA A recuperação da economia deverá dar o tom dos debates. Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), entidade que apoia o evento, afirma que embora os sinais de recuperação econômica ainda sejam tênues, já há uma melhora das expectativas, fornecendo os primeiros sinais de recuperação. No primeiro semestre, os indicadores econômicos se estabilizaram, ou seja, pararam de cair. “Os setores menos afetados pela crise são os que trabalham com bens de consumo corrente, como alimentos e vestuário. Nestas áreas o encolhimento não se compara com a retração sofrida por setores de produtos duráveis - automóveis, móveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos – que são mais sensíveis à escassez de crédito e à taxa de juros”, diz Zurcher. José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), diz que uma boa manutenção e gestão dos ativos tem sido fundamental para a otimização e aproveitamento dos parques produtivos, contribuindo para manter ou minimizar perdas de produtividade. “Com uma gestão de ativos proativa e manutenção preventiva e preditiva, as empresas têm melhores condições para reagir
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ao aumento de produção, assim que houver recuperação da demanda”, reitera Coelho. Ele recomenda que monitorar os ativos e mantê-los em boas condições são estratégias importantes para manter a produtividade, reduzir custos com perdas, e sobreviver ao momento de menor demanda. “Com a retração econômica, as empresas contam com menos recursos para Capex devido à menor geração de caixa. Vale destacar que a queda acumulada do investimento na economia foi de 25,9% em termos reais entre 2013 e 2016. A gestão dos ativos pré-existentes se torna mais importante, pois a tendência é que as empresas operem em um nível de produção abaixo do ótimo, aumentando a ociosidade dos ativos e a ineficiência”, analisa o vice-presidente da Fiesp. Coelho estima que a manutenção preditiva será um dos pontos fortes da quarta revolução industrial principalmente devido à evolução dos sensores. Os primeiros sinais de problemas são detectados e corrigidos automaticamente e, com isso, a disponibilidade de máquinas é maximizada. “Nesse novo cenário, o aperfeiçoamento dos profissionais deve ser constante porque as competências aprendidas em uma graduação, por exemplo, vão valer por cada vez menos tempo; mas por outro lado também devem surgir novas profissões ligadas à indústria digital, como o cientista de dados industriais e o coordenador de robótica”, antevê Coelho. MUNDO DIGITAL Ítalo Freitas, presidente da AES Tietê, diz que há cada vez mais jovens se preparando para o mundo digital. Um
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Com Internet das Coisas e Inteligência Artificial ativos terão capacidade de avisar quando irão falhar
termômetro foi o programa de aceleração de startups, lançado, no ano passado, pela companhia, que atraiu mais de 230 interessados, oferecendo soluções da indústria 4.0 para o setor elétrico. Ele prevê que o efeito das tecnologias da indústria 4.0 – Internet das Coisas e inteligência artificial - será grande, porque vai tornar cada vez mais real a manutenção baseada na condição, com maior precisão, pois os ativos terão mais capacidade de avisar quando irão falhar. No cenário atual, ele diz que a função da gestão de ativos é gerenciar o balanço entre o conflito dos drivers performance, custo e risco. “Num momento de crise, os custos versus riscos ficam mais evidentes. “O objetivo é manter risco baixo e desempenho alto. Na crise, naturalmente, o Capex cai, enquanto o Opex deve ser readequado para a nova realidade de mercado”, recomenda Freitas.
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MELHOR ANTEVER Para Alexandre Claro Ramis, assistente da diretoria de operação e manutenção de Furnas, a manutenção preditiva é a estratégia mais eficiente, pois a intervenção é feita apenas no momento em que é necessária. Ocorre que nem sempre o acompanhamento dos parâmetros é economicamente viável, pois o custo de medir (sensores, sistemas de medição e análise de dados, etc) pode ser mais alto do que o custo da falha. “Com o advento da manufatura 4.0, os equipamentos estão gradativamente ficando mais conectados e sensoriados. Ativos com alto valor agregado, tais como aeronaves, caldeiras, reatores nucleares, entre outros, nos quais os custos de falha são altíssimos, já são concebidos com o conceito de monitoramento de parâmetros críticos bastante utilizados, de forma que a manutenção preditiva já vem embarcada. Esta é uma tendência muito forte”, prevê. Ele observa que por contar com um parque gerador com 20 usinas, três parques eólicos, além de um sistema de transmissão com mais de 20.000 km de linhas e 63 subestações - espinha dorsal do Sistema Interligado Nacional (SIN) – Furnas não pode abrir mão de investimentos constantes em manutenção e na gestão destes ativos. Sob o aspecto operacional, as instalações de transmissão e geração do sistema Furnas utilizam como filosofia a Manutenção Centrada na Confiabilidade – MCC. Trata-se da aplicação de um método estruturado para estabelecer a melhor estratégia de manutenção para um dado sistema ou equipamento. Permite avaliar a criticidade das falhas e identificar suas consequências significantes, que possam
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Com a retomada da economia, percebemos que muitas empresas estão antevendo um eventual aumento na capacidade de produção e receiam que isso gere um incremento na necessidade de paradas para execução dos serviços de manutenção CLÁUDIO FREITAS, da Qualidados
afetar a disponibilidade dos equipamentos, o custo de manutenção ou a segurança das pessoas e do sistema elétrico. “Sob o aspecto financeiro, cada projeto que visa a implementação de ativos de transmissão e geração tem um retorno financeiro esperado, que é estimado através de um plano de negócios”, diz Ramis. Ronaldo Cardoso, superintendente de manutenção da Eletronuclear, diz que em função da conjuntura, houve menos recursos na empresa para Capex e mais oportunidade de canalizar recursos para Opex. A estratégia tem se apresentado como uma solução inteligente para redução de custos e aumento de produtividade. Ele observa que o maior custo de uma indústria atualmente é da manutenção da confiabilidade de seus ativos, garantindo a maior disponibilidade possível. E elenca três pilares imprescindíveis para um processo de gestão de ativos: confiabilidade, durabilidade e disponibilidade. Isso exige capacitação profissional, tecnologia e investimento em ferramentas,
instrumentos e equipamentos. Entre os fornecedores e prestadores de serviços, o clima é de retomada das expectativas positivas. Roberto Busato Belger, presidente da unidade de negócio Manserv Industrial, diz que, após a conjuntura adversa do ano passado, o cenário de 2017 indica melhora para o setor de manutenção e gestão de ativos, que está se preparando para responder às demandas da recuperação econômica. A empresa está presente em mais de 20 diferentes setores da economia e cresceu mesmo neste cenário de retração econômica. Roberto Belger observa que a indústria como um todo sentiu o efeito da retração econômica nos últimos dois anos e encolheu a produção. Segundo ele, ainda há muita capacidade ociosa e os recursos das companhias, estrategicamente, estão sendo direcionados para programas de conservação e gestão de ativos. A Manserv também está sintonizada com as demandas da indústria 4.0 e é a primeira do seu segmento a instalar um Centro de Inovação no
Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão “O Innovation Center tem um importante papel colaborativo com a Universidade e empresas instaladas no Parque. Sete projetos já estão em desenvolvimento para as áreas industriais, de facilities e logística”, anuncia Belger. Philippe Enaud, presidente da Vivante, empresa que atua com manutenção de instalações técnicas, informa que o mercado esteve aquecido no primeiro semestre, quando a empresa cresceu 25%. Presente nos nos setores de concessões rodoviárias, diferentes mercados industriais, saúde, shoppings, prédios e escritórios, a Vivante espera fechar o ano com um crescimento de 20% em relação a 2016. “O setor que está em recuperação mais positiva em relação ao ano passado é o de saúde. Os segmentos de prédios, escritórios e shoppings ainda devem enfrentar retração até o início do próximo ano. Já o setor industrial varia de acordo com o mercado, o de agribusiness está reagindo de manei-
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OS QUATRO SÓCIOS DA QUALIDADOS: Jane Carvalho, diretora de Marketing; Claudio Freitas e Luiz Henrique, diretores Técnico; e Maurício Simões, diretor Administrativo Financeiro
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ra fantástica; o automotivo já deprimiu o que tinha de deprimir e parou de cair, sustentado pelas exportações, enquanto que os setores de eletroeletrônicos estão sofrendo ainda um pouco mais”, diz Enaud. “Nossa expectativa é de que o segundo semestre seja um pouco mais duro, mas ainda esperamos um crescimento de 20%”, completa. A GYR fornece equipamentos para monitoramento de vibração para manutenção de confiabilida-
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de ou preditiva, a fim de se evitar paradas de máquinas sem aviso. Maurício Coronado, sócio diretor da empresa, diz que a operação da companhia sente as oscilações do mercado, e informa que, neste momento, a expectativa é de recuperação com cautela. A maior parte das empresas está se preparando para a retomada firme dos negócios em 2018. “As empresas estão procurando deixar as máquinas em boa condição de produção para o momento da recuperação. Com a dificuldade de aumentar a produção, as empresas que querem manter o parque de máquina que têm. Vendemos diretamente para as indústrias e para os prestadores de serviços de manutenção preditiva. Os setores que já estão se recuperando são as indústrias exportadoras e o agronegócio”, sinaliza Coronado. A Qualidados, especializada em gestão de projetos (GP) e planejamento de paradas programadas de manutenção, informa que há setores como o de papel e celulose que sequer passaram pela retração, enquanto outros, como os de óleo e gás e petroquímica, mesmo com crise, não deixam de investir em manutenção de gestão de ativos para as demandas do dia a dia não apenas para cumprir normas regulatórias como a Norma MR 13. “Algumas empresas vinham postergando essas obrigações. Hoje, com a retomada da economia, percebemos que muitas estão antevendo um eventual aumento na capacidade de produção e isso gerar um incremento na necessidade de paradas para execução dos serviços de manutenção”, diz Cláudio Freitas, diretor técnico da Qualidados. l
MERCADO
LUBRIFICANTES:
TERMÔMETRO DA SAÚDE DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS País consumiu 1 milhão de m3 de litros de lubrificantes em 2016; insumo migra do óleo mineral para o uso de produtos sintéticos e semissintéticos
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das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). Considerando o desempenho econômico brasileiro nos últimos dois anos - que levou ao recuo na venda dos veículos e à retração econômica - trata-se de
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esmo com a retração econômica, o setor de lubrificantes movimentou 1 milhão de m3 de litros de lubrificantes em 2016, totalizando um mercado de R$ 20 bilhões ano, de acordo com o Sindicato Nacional
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MERCADO
um resultado importante, na avaliação Filipe Affonso Ferreira, diretor de lubrificantes do Sindicom. “Mas há muito potencial para crescer, à medida em que a economia voltar a desempenhar bem”, diz Ferreira. Atualmente, há mais de 125 produtores autorizados pela Agência Nacional de do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e 184 importadores no Brasil, de acordo com dados do Anuário Sindicom 2015. O executivo aponta como fortes tendências o crescimento na utilização de produtos sintéticos e semissintéticos, em substituição ao tradicional óleo mineral, migração que vem se intensificando nos últimos anos no segmento automotivo. SUSTENTABILIDADE No Brasil, 95% dos veículos saem das fábricas com produtos sintéticos ou semissintéticos, que apresentam melhor eficiência e performance que o lubrificante mineral. “Mantendo essa tendência, em alguns anos a frota nacional em circulação terá um novo perfil – atualmente, 20% dos carros usam óleo sintético, 26% rodam com semissintético e 54% ainda usam o mineral”, aponta Ferreira. A vantagem dos óleos sintéticos e semissintéticos é que esses produtos aumentam a eficiência do motor, poluem menos, duram mais e proporcionam um consumo menor de combustível – na comparação com o uso de óleos minerais. Além disso, o óleo sintético tem maior resistência ao calor e provoca menor volatilidade e desgaste no momento da partida. Essa tendência e os benefícios dos óleos sintéticos se aplicam a todos os segmentos que demandam óleos lubrificantes, como automotivo, aeronáutico, ma-
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Atualmente, há mais de 125 produtores autorizados pela Agência Nacional de do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e 184 importadores no Brasil
rinho, agrícola e industrial. Ferreira observa que, nos cenários nacional e internacional, percebe-se também que há maior preocupação em elevar o desempenho mínimo dos óleos lubrificantes. Desde o final do ano passado, por exemplo, os lubrificantes produzidos no Brasil e os importados devem atender aos níveis de desempenho estabelecidos por diversas entidades internacionais como a American Petroleum Institute (API), Association des Constructeurs Européens d’Automobiles (ACEA), Japan Automobile Standard Organization (JASO), entre outras. Esses níveis mínimos de desempenho indicam a capacidade de o lubrificante atender às evoluções dos equipamentos, condições operacionais, qualidade, tipos de combustíveis empregados e, mais recentemente, legislações ambientais. “Em todo o mundo, as indústrias de aditivos, lubrificantes e automobilística desenvolvem conjuntamente critérios de aceitação e sequências de ensaios (de bancada e em motores) para que os produtos testados possam declarar que atendem, superam ou atingem determinado nível de desempenho”, diz Ferreira.
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PREÇOS Em termos conjunturais, o setor está convivendo com uma das maiores quedas de preço do petróleo. Grandes corporações estão se unindo em joint ventures, novas moléculas e formulações estão surgindo. Mas Ferreira diz que, na prática, os atuais níveis de preços do petróleo não impactam diretamente o mercado de lubrificantes. “Ao contrário, no mercado nacional, temos observado elevação de preços dos insumos, em função de um movimento de recomposição de margens do produtor local, e também devido à restrição na oferta no mercado internacional”, diz Ferreira. Para ele, apesar da conjuntura nebulosa do país o setor tem bastante potencial para crescer e conta com a participação de, ao menos, seis players relevantes, que buscam investir continuamente para trazer os melhores produtos ao mercado. “Tivemos um impacto negativo nos volumes dos últimos anos, como consequência do recuo na comercialização de veículos e da retração econômica. À medida em que a economia voltar a crescer, entendemos que há muito potencial de crescimento para o mercado de lubrificantes, especialmente na linha de produtos sintéticos e semissintéticos. Estamos acompanhando os desdobramentos da crise política e a recuperação gradual da economia. Acreditamos em um cenário de recuperação mais visível a partir de 2018”, prevê. Não há, no momento, grandes questões regulatórias que impactem diretamente o setor e, na avaliação do diretor do Sindicom, os órgãos regulatórios estão aptos a analisar a necessidade de atualizar as normas estabelecidas, quando necessário, e apresentar soluções que atendam ao potencial de crescimento do mercado. l
GESTÃO DO CONHECIMENTO
GESTÃO DO CONHECIMENTO, UMA FERRAMENTA PARA ELEVAR A PRODUTIVIDADE Na indústria avançada, a competição é acirrada e a sobrevivência empresarial depende da evolução e dos ganhos de produtividade
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gestão do conhecimento poderá ter um impacto direto no aumento da produtividade. É o que defende José Pio Martins, economista e atualmente Reitor da Universidade Positivo e comentarista econômico da Rádio CBN Curitiba, que apresentará palestra sobre o tema durante o 32o Congresso de Manutenção e Gestão de Ativos, que ocorre de 7 a 10 de agosto, em Curitiba, Paraná. Martins lembra que o maior obstáculo de um povo – e isso vale especialmente para o Brasil - é a baixa produtividade do trabalho (produção por hora de trabalho). “A produtividade depende, entre outros fatores, de recursos naturais, capital físico, capital humano e conhecimento tecnológico. A gestão do conhecimento é uma ferramenta útil para a organização conseguir elevar a produtividade e, por consequência, apropriar-se de todos os benefícios dela derivados”, ensina Martins. Ele observa que, até a revolução industrial no século XVII, a produção e a produtividade dependiam essencialmente da terra e dos recursos naturais. Logo, o nível de vida era determinado por esses fatores. Com a invenção da máquina a vapor e, a partir dos anos 1860, da eletricida-
de, do motor à combustão interna e um elenco enorme de máquinas, a produtividade passou a crescer pela contribuição do capital físico. Nos últimos 100 anos, entretanto, estudos acurados verificaram que a educação e o conhecimento tecnológico têm contribuição enorme para o aumento da produtividade e a melhoria sensível do padrão médio de bem-estar social. Martins defende que a indústria poderá ser especialmente beneficiada por projetos de gestão do conhecimento. O setor secundário da eco-
nomia – que é a indústria de transformação – é o que se utiliza mais completamente dos quatro fatores de produção: terra, trabalho, capital e iniciativa empresarial. “Justamente por isso que a indústria é a que mais se beneficia quando a educação e a acumulação de conhecimento tecnológico se juntam aos fatores de produção para conseguir os objetivos de um projeto de gestão do conhecimento”, diz Martins. Os benefícios serão ainda maiores num cenário de manufatura avançada ou indústria 4.0 em que a
QUATRO PASSOS PARA ESTRUTURAR A GESTÃO DO CONHECIMENTO 1o Identificação sistematizada do conhecimento existente 2o Organizar registros escritos que descrevam qual e como é o conhecimento identificado 3o Estabelecer formas de manter o conhecimento e divulgá-lo, até como meio para induzir outros a se apropriarem do conhecimento existente 4o Definir como o conhecimento catalogado pode ser colocado a serviço da organização, do aumento da produtividade, da melhoria da qualidade e do crescimento da rentabilidade do negócio
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A gestão do conhecimento é uma ferramenta útil para a organização conseguir elevar a produtividade e, por consequência, apropriar-se de todos os benefícios dela derivados JOSÉ PIO MARTINS, Reitor da Universidade Positivo
gestão do conhecimento poderá ser uma forte aliada. “A chamada “indústria avançada” é aquela que já se apropriou de elevado conhecimento tecnológico e conseguiu aplicá-lo em suas atividades. Nesse sentido, ela atua naquilo que chamamos ‘a fronteira do conhecimento’. A evolução tecnológica nessa fronteira é lenta e muitas vezes pequena. Os economistas chamam isso de “ganhos marginais”. Por se tratarem de ganhos di-
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fíceis e de incorporação complexa, a gestão do conhecimento na indústria avançada é necessária para a organização conseguir apropriar-se das inovações tecnológicas e manter-se competitiva. A questão principal é que, na indústria avançada, a competição é acirrada e a sobrevivência empresarial depende de evolução e ganhos de produtividade”, alerta Martins. Ele também explica o que define exatamente a gestão do conheci-
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mento e os principais desafios para sua implementação. O economista ensina que “conhecimento é o domínio sobre as leis científicas que regem a natureza, o homem e a sociedade”. O primeiro passo para estruturar gestão do conhecimento no âmbito das organizações empresariais é pela identificação sistematizada do conhecimento existente. Essa tarefa é complexa, porquanto a maior parte do conhecimento – na verdade, a parte essencial – não está descrita em manuais, mas habita as mentes das pessoas que compõem a organização. “De qualquer forma, esse primeiro passo é rigorosamente necessário. O segundo passo é organizar registros escritos que descrevam qual e como é o conhecimento identificado. Feito isso, o terceiro passo é estabelecer formas de manter o conhecimento e divulgá-lo, até como meio para induzir outros a se apropriarem do conhecimento existente. O quarto passo – esse sim decisivo para o progresso da organização – é como o conhecimento catalogado pode ser colocado a serviço da organização, do aumento da produtividade, da melhoria da qualidade e do crescimento da rentabilidade do negócio”, explica Martins. Ele destaca dois principais desafios – porque são os mais difíceis. O primeiro é completar os dois passos iniciais: estruturar a gestão do conhecimento e organizar os registros escritos que descrevem qual e como o conhecimento é identificado. “Uma vez que a organização consiga executar tais passos, a oportunidade de ouro é o passo número quatro: como colocar o conhecimento a serviço da organização, da produtividade, qualidade e rentabilidade”, conclui. l
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