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FILANTROPIA

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ECONOMIA 2

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Solidariedade e atuação social são elo entre Minas e Itália nas Obras Educativas Padre Giussani

Fundada na cidade de Belo Horizonte, em 1978, entidade conta com seis instituições filantrópicas que atendem cerca de 1.200 crianças e adolescentes

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Nascida em 1943 na cidade de Bernareggio, em Milão, Rosa Brambilla de Brianza, conhecida também como Rosetta, foi apresentada à atividade filantrópica ainda na infância, quando conheceu religiosos do Pontifício Instituto Missionário, que atuava em regiões distantes como o Japão e a América Latina. Algum tempo depois, passa a integrar um grupo chamado Juventude Estudantesca, liderado pelo padre católico Dom Giussani.

Em fevereiro de 1967, ela embarca para o Brasil, onde começa a atuar como missionária, a serviço das famílias mais pobres das comunidades em São Paulo, Amazônia e Macapá. Depois de cinco anos de atuação nessas localidades, muda-se para Belo Horizonte, trabalhando inicialmente na criação e direção da Pastoral das Favelas, à frente na luta pelos direitos básicos da população carente. Entre os direitos que defendia nessa empreitada, destacam-se habitação, cidadania, regulamentação de terras e urbanização de favelas.

“A gente ia nas favelas, seja para criar comunidade católica, seja para junto com os presidentes das associações batalhar, para usucapião, para indenização quando as famílias eram retiradas. Para os moradores era normal, os homens tinham razão, eles diziam, que o terreno é deles, a casa é deles, e ficavam assistindo. E batalhamos para a indenização que era ou por cômodo, um valor X, ou por metro quadrado. E justamente eles pensavam que se eles tivessem um terreno, eles mesmos podiam construir sua casinha em vez de invadir”, conta Rosetta.

Ao mesmo tempo, fundou as Obras Educativas Padre Giussani e passou a dedicar-se ao resgate da infância das crianças da periferia, tendo como ponto fundamental a forte inclusão da família. Este é, ainda hoje, um dos princípios que guiam as atividades da instituição, como lembra a própria Rosetta: “nossas obras atuam especialmente no fortalecimento do protagonismo da família na tarefa de educar seus filhos, colaborando para a reconstrução do tecido que constitui o corpo da nossa sociedade”.

As Obras Educativas Padre Giussani são voltadas ao atendimento de crianças com até seis anos, em quatro unidades de educação infantil e uma de acolhimento institucional, além do acompanhamento à adolescentes e jovens que já foram atendidos, sempre tendo em vista o combate ao enfraquecimento da função da família.

Rosetta explica que o período mais grave da pandemia foi desafiador, mas que, apesar das limitações, o propósito permaneceu inabalado: “permanecemos acompanhando nosso público, fortalecendo em nós e neles a esperança e a certeza de não estarmos sozinhos no enfrentamento de nossos medos e

Nossas obras atuam especialmente no fortalecimento do protagonismo da família na tarefa de educar seus filhos, colaborando para a reconstrução do tecido que constitui o corpo da nossa sociedade.

Rosetta Brambilla, fundadora das Obras Educativas Padre Giussani

dificuldades consequentes do surgimento do coronavírus. Desde o começo, tivemos a clareza de que não abriríamos mão de ser o que sempre fomos para as pessoas: uma companhia na direção de um sentido para tudo, afirmando mais do que nunca que o horizonte das nossas vidas é maior que qualquer circunstância”. Com o retorno das atividades presenciais, foram observados alguns impactos do período longe do ambiente da creche, como atrasos de linguagem, seletividade alimentar, desajustes no sono, entre outros aspectos. Por este motivo, passaram a ser ampliados momentos como a permanência das crianças nos espaços abertos, onde podem brincar e correr sem os limites físicos que encontravam em casa. Nas famílias, houve um recrudescimento dos problemas de saúde mental, especialmente depressão e transtorno de ansiedade e de violência doméstica.

Diante desse cenário, a presença das Obras em Minas aumenta as possibilidades de relacionamento cultural dos atendidos com a Itália, favorecendo, inclusive, oportunidades de funcionários e educandos aprofundarem o conhecimento sobre a cultura de outro país. Há, inclusive, exemplos de ex-educandos que atualmente vivem na Itália e dificilmente teriam essa oportunidade se não tivessem tido uma trajetória nas Obras.

O estado também tem características que contribuem para a manutenção desse trabalho, como descreve Rosetta: “Minas sempre esteve à frente das discussões e implementações de programas voltados para Educação Infantil, especialmente em Belo Horizonte. Nos últimos 10 anos houve a concretização de diretrizes e orientações voltadas para o trabalho em Educação Infantil e um grande suporte de materialidade para a execução do trabalho pedagógico. Além disso, através de um grande investimento da Prefeitura de Belo Horizonte, pudemos reformar todas as nossas creches, tornando o espaço mais bonito, mais adequado e mais acolhedor para as crianças e suas famílias”.

Embasadas no princípio do carisma e do método, as Obras buscam sempre educar por meio da introdução da pessoa na realidade total, olhando sempre para a origem do homem e dos objetos, para a natureza humana. Esse arcabouço é a causa principal de diversos modos de reconhecimento por autoridades, tais como Prêmio “Stella della Solidarietá Italiana”, concedido pelo presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi em 2003; assim como título de Cidadania Honoraria concedido à Rosa Brambilla pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 2015. ||

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