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ENTREVISTA

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CRÔNICA

CRÔNICA

DAVIDE CASTELLANI

Cooperação focada no diálogo aberto e transparente e no desenvolvimento econômico sustentável

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O primeiro secretário do Escritório Comercial Econômico da Embaixada Italiana no Brasil, Davide Castellani, pisou em solo brasileiro em meados deste ano e já se sente em casa. Ingressou na carreira diplomática em 2016, após uma experiência como advogado especializado em Direito Comercial Internacional. No Escritório da Embaixada, Castellani prioriza iniciativas para promover e fortalecer os laços culturais, científicos e comerciais entre Brasil e Itália, focado em estreitar o intercâmbio e a cooperação entre os dois países. Conheça um pouco mais sobre a história de vida, a trajetória profissional, os projetos e as expectativas do primeiro secretário.

Itália 360º: Quem é Davide Castellani?

Castellani: Nasci em 17 de setembro de 1982, em Cesena, uma cidade ao norte da Itália, localizada entre Florença e Veneza. Me formei na Faculdade de Direito da Universidade de Bolonha, a mais antiga do mundo (fundada em 1.088 dC) e considerada uma das melhores do mundo na área.

Itália 360º: Por que a carreira diplomática?

Castellani: Representar a Itália, o meu país, no exterior, tem sempre sido um ideal e uma grande honra. Antes na China e agora no Brasil, tenho também tido o privilégio de poder conciliar minha formação jurídica, especializada no mundo empresarial, com uma atividade de promoção, visando fortalecer a presença das empresas italianas no exterior.

Itália 360º: Conte sobre a trajetória na Embaixada, ressaltando os pontos fortes e marcantes nas relações institucionais e comerciais.

Castellani: Como Escritório Comercial, estamos apoiando as empresas italianas que querem entrar no mercado brasileiro ou aquelas que querem fortalecer ainda mais a posição no mercado, que eu considero um dos mais dinâmicos e promissores do mundo. Cabe mencionar a última iniciativa do Escritório Comercial, em 10 de novembro passado: realizamos o “Salão do Vinho italiano”, voltado a um público especializado de importadores de todo o Brasil, com mais de 155 rótulos de 12 regiões da Itália. Nessa oportunidade, pela primeira vez, apresentamos também alguns queijos de Minas Gerais, muitos conhecidos mundialmente, inclusive premiados em concursos internacionais, e que harmonizam perfeitamente com uma taça de vinho italiano.

Itália 360º: O Brasil abriga uma das maiores comunidades italianas do mundo. Quais iniciativas serão desenvolvidas para estreitar laços, aprimorar as relações e promover maior colaboração entre os dois países?

Castellani: Para o decorrer do próximo ano, a Embaixada Italiana programa uma série de eventos para promover e fortalecer os laços culturais, científicos e comerciais entre nossos

Cheguei no Brasil em primeiro de julho e, graças aos fortíssimos laços históricos e culturais entre nossos esplêndidos países e a uma acolhida calorosa, recebida pelos representantes da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, me senti logo em casa.

países. Além de seminários temáticos sobre fontes de energias renováveis, iremos organizar, por exemplo, um festival sobre cinema italiano que, pela primeira vez, terá abrangência nacional. Vamos ter, inclusive, eventos para promoção do design, da língua e cultura italiana. Vamos celebrar juntos os 200 anos da Independência do Brasil e promover o setor enogastronômico italiano, dedicando um espaço para os produtos brasileiros, como os queijos de sucesso de Minas Gerais.

Itália 360º: Como superar desafios que permeiam as relações institucionais, econômicas, comerciais e culturais?

Castellani: O Brasil e a Itália são países com ligações e laços sociais, culturais e econômicos indissolúveis. São quase 30 milhões de descendentes de origem italiana que vivem no Brasil, quase a metade da população da Itália. 970 empresas italianas escolheram o Brasil para destinar seus investimentos, os quais, nos próximos anos, serão superiores a 10 bilhões de euros. Existem, portanto, grandes oportunidades para os nossos

países que, também graças ao percurso de redução dos impostos alfandegários pelo Brasil, poderão se incrementar no futuro.

Itália 360º: Qual a sua estratégia para promover um diálogo cada vez mais aberto, transparente e colaborativo entre Brasil e Itália?

Castellani: O Escritório Comercial da Embaixada representa uma ponte entre o Brasil e a Itália, mas é importante lembrar o empenho em viabilizar o diálogo com as competentes autoridades brasileiras e italianas, com o objetivo de fortalecer a cooperação entre os nossos dois países. No que concerne mais diretamente à minha experiência, sempre encontrei um ambiente favorável e extremamente colaborativo.

Itália 360º: Qual sua expectativa para a nova realidade que se configura no mundo pós-pandemia?

Castellani: Como foi lembrado recentemente, em ocasião do G20, as principais economias mundiais têm destacado alguns pontos fundamentais para o desenvolvimento futuro: o apoio, por parte dos governos, para a retomada do crescimento da economia global; a necessidade de promover um comércio internacional aberto, ecossustentável, multilateral, e que possa garantir crescimento e ocupação, também mediante o fortalecimento da economia digital, a adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável, que possa conciliar o respeito ao meio ambiente com o crescimento econômico, uma transição energética que potencialize as energias renováveis e não poluentes, que permita conter a elevação da temperatura terrestre, e a introdução de um sistema de impostos internacionais mais justo.

Itália 360º: O que os mineiros podem esperar para fomentar negócios entre Itália e Minas Gerais?

Castellani: Nos últimos 20 anos, a Itália se tornou o primeiro investidor em Minas Gerais, onde operam mais de cem empresas com capital italiano, algumas de dimensões globais. Minas Gerais é, inclusive, o segundo estado brasileiro de destino dos produtos italianos e, a Itália, é o primeiro fornecedor de Minas entre os países da Europa. Nos primeiros meses deste ano, Minas foi o primeiro estado brasileiro a exportar para a Itália, com uma quota de 24% do total dos produtos vendidos pelo Brasil. Todavia, a Itália resulta ser o nono mercado de destino dos produtos mineiros em 2020, quarto entre os países europeus. Portanto, seria auspicioso ver um equilíbrio do intercâmbio comercial, assim como poder acolher na Itália potenciais e concretos investimentos brasileiros.

Itália 360º: Que mensagem de otimismo você deixa para os associados da Câmara Italiana?

Castellani: Minas Gerais e a Itália são economias complementares. São inúmeros setores que demonstram essa realidade: Minas está entre os primeiros produtores de bens agrícolas e a Itália é universalmente conhecida pelas suas indústrias de transformação de alimentos. A Itália absorve o 4.6 % do export agrícola de Minas, segundo mercado de saída para a Europa, apenas atrás da Alemanha. Minas é inclusive um grande exportador de minerais e pedras preciosas, e a Itália é tradicionalmente líder no setor de transformação desses produtos. Inúmeras são as complementaridades também nos setores de automação, energia sustentável e tecnologias para cidades inteligentes, setores em que a Itália tem liderança mundial. Não é por acaso que algumas das mais importantes empresas italianas escolheram Minas como base de seus investimentos no exterior. Tenho, portanto, certeza de que as relações entre a Itália e Minas Gerais têm como destino um superior fortalecimento futuro. ||

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