Siga a luz vermelha

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GUIA VIDA&ARTE

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FORTALEZA - CE, QUINTA-FEIRA, 1 DE MARÇO DE 2018

AMSTERDÃ

&VIAGEM

IMAGENS SHUTTERSTOCK

| HOLANDA | Tradição e novidade se misturam no bairro mais popular de Amsterdã, o Red-light District, reduto de experimentação com drogas e sexo

SIGA A LUZ VERMELHA

JÁDER SANTANA jader.santana@opovo.com.br

Amsterdã é a capital europeia onde melhor se conjugam velho e novo, tradição e modernidade, doutrina e sexo. E é no coração da Cidade, em seu Red-light District (ou Bairro da luz vermelha), que melhor se percebe o quão orgânica é essa interação. Com as ruas tomadas por turistas que não escondem a surpresa diante da oferta vasta de sexo e drogas, o bairro assumiu seu caráter cosmopolita sem maquiar as rotas de prazer que se desenham por suas ruas e becos.

Não à toa, convivem a poucos passos de distância, no coração do Red-light District, instituições tão diversas quanto o Centro de Informação sobre Prostituição de Amsterdã (PIC, sigla em inglês para Amsterdam Prostitution Information Center), a Oude Kerk, igreja mais antiga da cidade, construída no século XIII, e um dos jardins de infância mais disputados da região. Sem grandes dramas, sem a paranoia conservadora que nos consome, passeiam pela mesma calçada putas, beatas e crianças. Historicamente portuária, Amsterdã traz a prostituição em seus genes, e a profissão, devidamente legalizada desde 1830, com seus impostos e taxas devidos -, cresceu no imaginário dos holandeses e tornou-se parte fundamental

da vida noturna na Cidade. Em uma de suas composições mais famosas, Amsterdam, o cantor belga francófono Jacques Brel fala das mulheres que os marinheiros ali encontram. No porto de Amsterdã Há marinheiros que bebem E que bebem e bebem E que bebem outra vez Eles bebem à saúde Das putas de Amsterdã É possível encontrar mulheres de todos os tipos e etnias a qualquer hora do dia e da noite nas cabines de luz vermelha. Gordas ou magras, brancas ou negras, asiáticas ou africanas, tímidas ou sedutoras, as prostitutas de Amsterdã reconhecem olhares e sabem agir para transformar curiosidade em interesse, interesse em ação. Para provar de seus serviços, o via-

jante precisa desembolsar cerca de 50 euros para 20 minutos de sexo (com camisinha) em um dos quartos disponíveis nos fundos das cabines. Preocupados em satisfazer corpo e mente, os Holandeses liberaram a venda de maconha para uso recreativo nos coffee shops ainda na segunda metade da década de 1970, o que gerou um aumento considerável no número de estabelecimentos do tipo por todo o país, sobretudo na Capital. E o Redlight District concentra a maior parte desses espaços, camuflados entre as cabines vermelhas e quase sempre fervilhando de clientes, em sua maioria turistas interessados em provar novas variedades e combinações da erva. Espécie de “fumódromo” mais sofisticado, os coffee shops são ambientes com luz

reduzida e música de fundo. Solícitos, os atendentes geralmente falam inglês e estão bem preparados para atender clientes em diversos estados de consciência. Os cardápios também costumam estar traduzidos para o inglês, mas dada a grande variedade de opções é útil contar com a ajuda de um profissional que esclareça qual produto é mais indicado para seu propósito de uso. Maconha e haxixe são vendidos por preços que variam entre 7 e 20 euros. Além das cabines de sexo e dos coffee shops, as ruas do bairro exibem uma variedade de lojas de souvenires, museus e bares ligados aos dois universos. O Museu do Sexo (Sexmuseum) foi fundado em 1985 com uma coleção de objetos eróticos do século XIX e recebe hoje mais de 600 mil visi-

tantes todos os anos. Diversas lojinhas espalhadas por toda a região comercializam uma infinidade de produtos ligados à cultura canábica, de chaveiros a cachimbos personalizados. Apesar da liberdade esperada para um bairro com essa configuração, há regras de boa convivência que precisam ser respeitadas. As garotas de programa, por exemplo, não gostam de ser fotografadas em suas cabines, e não espere uma reação simpática se você for flagrado com a câmera nas mãos. Apesar da legalização, não é comum encontrar pessoas fumando maconha nas ruas, a prática costuma se limitar aos parques e coffee shops. Prevalece no Red-light District a etiqueta que deve guiar todo viajante: respeite os costumes e não faça nada que um nativo não faria.


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