Estruturas Sensíveis

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FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA - 10 DE OUTUBRO DE 2016

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AURÉLIO ALVES/ESPECIAL PARA O POVO

ARTES PLÁSTICAS. MOSTRA

Estruturas sensíveis Com obras que refletem a tensão e a fragilidade das linhas exatas, Marco Ribeiro lança exposição com 29 peças inéditas na galeria Contemporarte Jáder Santana jader.santana@opovo.com.br

a produção de Marco Ribeiro, linhas não são tão retas e ângulos não são tão precisos. Podem ser, mas permitem-se falhas. Abrem-se a elas. Os limites traçados em seus desenhos, nas formas geométricas que calcula, não raro escorrem pelo papel, dissolvem-se. A elegância de suas obras - em tons de preto e branco, dourado e prata consente as transgressões, cresce com elas. É rigorosa e orgânica. O artista reuniu 29 obras inéditas de sua produção mais recente e as organizou na Contemporarte com a ajuda da consultora de artes Dodora Guimarães e de Aldonso Palácio, diretor da galeria. São desenhos com nanquim, esculturas em madeira e experimentações com cimento em compensado que poderão ser vistas a partir de hoje, 10, no espaço. Batizada como Estrutural, a exposição deve continuar em cartaz até o início de novembro. Um passeio pela galeria faz saltar aos olhos a presença da arquitetura na produção de Marco, baiano de Guanambi radicado há 15 anos na capital cearense. Publicitário por formação, fez carreira como designer e diretor de arte antes de descobrir novas formas de expressão. Há cerca de três anos divide seu tempo entre a publicidade e a criação que realiza no ateliê montado em sua casa. “Me ajuda a descansar do ritmo de trabalho, embora muitas vezes eu entre pela madrugada produzindo”, e explica o artista. Des Desde então, participou da coletiva Elementaa, no n ano passado, na inauguração do espaço físico físic da Contemporarte, e teve suas obras exibida exibidas nas últimas edições das feiras SP-Arte, em ab abril, e ArtRio, realizada no último fim f de semana de setembro. Em aagosto deste ano, ganhou exposição exposi individual no Gabinete de Arte K2O, importante centro de difusão da arte contemporânea em Brasília, contemporâ com grande êx êxito comercial e de público.

N

Desde 2013, o designer e publicitário Marco Ribeiro tem se dedicado do às artes plásticas

BREVES

RODRIGO CARVALHO EM 28-03-2015

Para estreitar a relação com as linhas e formas, decidiu cursar arquitetura, “pela aproximação com a geometria, o urbanismo e o patrimônio”. Quando fala sobre suas criações, as paixões se misturam: o olhar de diretor de arte enxerga e faz nascer reflexões sobre a arquitetura moderna e brutalista, que são colocadas em prática pelas mãos francas do artista. Visitar sua produção de linhas orgânicas - sem rascunhos, sem réguas - é dar de cara com acidentes e desequilíbrios pontuais que confluem para um todo harmônico. A sobriedade em preto e branco de seus desenhos só é quebrada pela chegada de tons de cinza, ouro e prata em forma de folhas ou nanquim. “Me encontro no monocromático, não consigo imaginar minha obra colorida”, explica. Nas esculturas, blocos de maçaranduba, madeira utilizada na construção civil, ou um pedaço de dormente de trilho servem como suporte para aplicações pontuais de folhas de ouro. Quando se detém nessas criações, o público enxerga geometrias cambiáveis e rastros de luz: mineral e vegetal convivem e se completam. Na antessala da galeria, um díptico de linhas horizontais em duas espessuras sugere uma estrutura com distintas profundidades e cortes. Abaixo do desenho, três pedras catadas por Marco ganharam um caminho de traços finos em sua superfície. Rabisco após rabisco, o artista construiu uma trama interligada e fluida em nanquim. Chamada de Quiçá as Rochas Fossem Sedas, são como um microcosmo para a produção do artista: tensões, desequilíbrios e desgastes se cruzam em mundo que eleva a elegância do orgânico.

Abertura da exposição Estrutural, de Marco Ribeiro Quando: hoje, 10, às 19 horas (visitação de segunda a sexta, das 10 às 19 horas) Onde: Galeria Contemporarte (rua Vilebaldo Aguiar, 300 – Cocó) Entrada gratuita Telefone: 3023 2001

MARK RALSTON/AFP

PRÊMIO.

DESERT TRIP.

Acontece esta noite, às 20 horas, na Biblioteca Parque Villa-Lobos, a entrega do Prêmio São Paulo de Literatura 2016. A professora e escritora cearense Tércia Montenegro é finalista na categoria Melhor Romance Autor Estreante com até 40 anos, concorrendo com o livro Turismo para cegos, publicado pela Cia. das Letras. Maior prêmio literário brasileiro em valor individual (R$ 200 mil para romance do ano; R$ 100 mil para autor estreante com mais de 40 anos; e R$ 100 mil autor estreante com menos de 40 anos), o Prêmio São Paulo recebeu 175 inscrições este ano, de onde foram selecionados os 20 finalistas divididos nas três categorias.

Apelidado de “festival dos sonhos”, o Desert Trip reuniu mais de 75 mil pessoas na sexta-feira, 7, na Califórnia. O megaevento abriu com shows de Rolling Stones e Bob Dylan. No sábado, a programação contou com Paul McCartney e Neil Young, e seguiu no domingo com Roger Waters e The Who. Além do engarrafamento quilométrico e da sensação térmica de 40°C, a abertura trouxe momentos históricos, como Mick Jagger e seus parceiros cantando Come Together, dos Beatles. O vocalista até brincou pedindo ajuda ao público na letra que ele não lembrava mais. A mesma programação se repete no segundo fim de semana do evento, de 14 a 16 de outubro.


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