Mundos de Angela

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LITERATURA

MUNDOS DE ANGELA

25 anos após o lançamento de O Mundo de Flora, a cearense Angela Gutiérrez revela como o livro a ajudou a enfrentar seus fantasmas Jáder Santana jader.santana@opovo.com.br

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em tudo é inocência e deslumbre pueril na história de Flora. As aventuras infantis da protagonista, suas brincadeiras de terreiro e a contação de causos herdados convivem com fantasmas do passado e murmúrios de tragédia. Vida e morte dividem espaço entre as paredes de casarões antigos, ocupam juntas assentos das mesas de jantar. “Imaginei a história de uma mulher com uma doença grave, seus sentimentos e seu desejo de permanência pela narrativa da própria vida”, conta a autora, que começou a escrever a história em uma noite de dores, sentada no chão do closet. “No momento exato em que escrevi o livro –à mão, em um caderno! -, nos anos oitenta, sofria com uma síndrome reumática. Sentia dores nas articulações, algumas inchavam”, revela. Naquela noite, Angela escreveu páginas e páginas em forma de fragmentos, esquematizando personagens e escolhendo o título que se tornou definitivo. O Mundo de Flora apareceu nas livrarias no início da década de 1990, com publicação das Edições UFC, quando também recebeu o Prêmio Estado do Ceará de Literatura. Na época, chamou atenção o modo como uma escritora iniciante se aventurava por uma narrativa fragmentada e de múltiplas vozes. An-

Encontro O Mundo de Flora e Outros Mundos de Angela Gutiérrez, com presença da escritora Quando: hoje, às 19 horas Onde: Espaço O POVO de Cultura & Arte (av. Aguanambi, 282 - José Bonifácio) Gratuito

gela, que acabava de finalizar seu mestrado em educação e era professora no curso de letras da Universidade Federal do Ceará (UFC), havia escrito um romance que mais tarde seria classificado como “pós-moderno”. “Não planejei escrever um livro pós-moderno. A etiqueta lhe foi atribuída posteriormente pelos críticos. Na verdade, o livro foi criado em dois momentos principais: o primeiro, do impulso, e mesmo da urgência, em espantar o medo, e o segundo, da consciente construção literária”, explica a autora. Há em O Mundo de Flora uma inteligente alternância de narrador, tempo e tom, além da presença de elementos narrativos inspirados em cartas, artigos de jornal, páginas de diário, documentos e relatos orais. Reeditado pela UFC em 2007, quando integrou a lista de obras indicadas para o vestibular da instituição, ao lado de títulos de Milton Dias, Natércia Campos e Ana Miranda, o livro conheceu uma nova geração de leitores. Provou sua atualidade e a capacidade de se comunicar com públicos de diferentes idades e formações. “O romance não envelheceu, continua condizente com as tendências contemporâneas relativas à polifonia, aos diversos planos temporais, aos flashes cinematográficos que, 25 anos atrás, eram novidades na literatura cearense”, avalia Cleudene Aragão, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece). No início da noite de hoje, 4, no Espaço O POVO de Cultura & Arte, Cleudene e a professora da UFC Inês Cardoso conversam com Angela sobre a importância da obra em sua trajetória literária e os elementos que a inspiraram em sua criação. O evento é aberto ao público.

BATE-PRONTO Angela Gutiérrez, autora de O Mundo de Flora

O POVO: O que mudou e o que permanece 25 anos depois? Angela Gutiérrez: A escrita e a publicação de O mundo de Flora constituem, sem dúvida, um marco em minha vida. As circunstâncias em que se escreve um livro têm grande importância em sua escrita. Gosto desse romance. Com certeza, muito mais do que quando o escrevi, quando temia por sua recepção. Hoje, tenho carinho pelo livro que me fez escritora. Talvez demorasse um pouco mais na fase de Flora mulher…

O POVO online Leia a entrevista completa em: http://bit.ly/ 2axZlmw

OP: Ele também é um livro sobre a morte, como se a protagonista se preparasse para ela. Por que você fez essa opção? Angela: Ao escrever O mundo de Flora, confrontava-me com uma enfermidade, e a doença, muitas vezes, é irmã caçula da morte. Mesmo tão jovem, temia que a morte já me aguardasse. Aliás, eu já a encontrara no rostinho doce e inocente de meu filho-anjinho. Assim, no romance, deleguei a uma personagem a expectativa do encontro com a morte. Confesso que sofri com isso, tanto ao relembrar meu para sempre bebê, como ao criar as condições para a possível morte da personagem que me representava. Tanto que abri, na narrativa, a possibilidade de uma morte apenas ficcional, como historinha contada para el-rei.

Angela Gutiérrez participará de debate sobre a sua obra hoje à noite no Espaço O POVO


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