Jornal Avançando - Edição XXIII

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JORNAL

AVANÇANDO

Jornal da Juventude Comunista Avançando | Outubro de 2021 | Edição XXII | s jcarasil.org | f jcapclcpbrasil | s AColuna | 8 acoluna35

abaixo o regime das panelas

vazias


nacional

Momento é de luta contra o projeto fascista: vamos às ruas dia 15/11

A crise chegou e não dá sinais de

que vai embora, e a juventude de todo Brasil cada vez mais sofrerá com seus reflexos. Em meio ao desemprego que afeta 14 milhões de brasileiros e brasileiras, na sua maioria jovens, o salário já não paga nem o supermercado. Quem dirá o aluguel, transporte e lazer. Em meio ao aumento dos “cuidados com a saúde mental”, as incertezas com o futuro, as condições de vida e trabalho cada vez mais precárias, e as poucas opções de programas gratuitos, saudáveis e acessíveis são os verdadeiros vilões do adoecimento mental e físico. De que parece adiantar financiar um ensino superior ou dedicar anos à formação acadêmica, se os empregos são escassos, se é baixa a possibilidade de trabalhar na formação escolhida, e cursar a universidade deixa de representar um retorno tanto para sociedade quanto financeiro para o seu núcleo familiar? De fato, parece que vivemos num país de terra arrasada. Constatar as condições citadas, ou se questionar de certezas que pareciam consolidadas muitas vezes é desesperador, mata a esperança no futuro e suga as energias para continuar. Mas como diria Brecht, as revoluções se produzem nos becos sem saída! Cabe a nós ser agentes do nosso próprio futuro e lutar para construir o mundo em que queremos viver. As classes dominantes do nosso país e seus patrões estadunidenses têm um projeto de presente e de futuro que está claro. Apesar das elites não serem homogêneas, e

tanto a burguesia nascida no Brasil, quanto a burguesia ianque internacionalizada, possuírem divergências de método e radicalidade, esta agenda que condena nosso futuro à miséria e desesperança segue sendo unitária e mantendo Bolsonaro no poder. O alto financiamento e benefícios aos bancos, a retirada esmagadora dos direitos trabalhistas e repressão aos sindicatos, redução do orçamento para serviços públicos e a privatização das empresas públicas, repressão aos espaços culturais da juventude negra e pobre, segue unificando tanto o governo fascista de Bolsonaro quanto sua oposição consentida. Neste projeto estão lado a lado a burguesia interna, e os monopólios estadunidenses, as emissoras televisivas evangélicas e Rede Globo, PSDB, MDB, DEM, PSL e o Exército. Por esses motivos é positivo que parte dessa direita faça ataques ao governo Bolsonaro e passe para a oposição (mesmo que limitada e consentida). Quanto mais estiver claro e evidente para o povo que o governo Bolsonaro é responsável pelo aumento da miséria, fome e desemprego em nosso país, mais campo para disputa e possibilidade de mobilização teremos. Nesse sentido, são infantis posturas puristas que negam qualquer ação conjunta ou manifestações contrárias ao governo feitas por setores vinculados ao capital e hoje na oposição. Não há problema algum acordos e iniciativas pontuais da esquerda contra o governo Bolsonaro. No entanto, esses acordos e iniciativas não podem significar abandonar o programa de esquerda e muito menos permitir que essa direita assuma a direção

do processo. Diluir-se num programa de oposição difuso e abstrato da direita, significa abrir mão justamente daquilo que nos diferencia e permite mobilizar o povo para derrubar Bolsonaro e seu governo: a defesa e organização da luta em torno dos interesses de classe do nosso povo. Derrubar Bolsonaro, seu governo e impedir a implementação de um regime fascista no Brasil. Essas são as grandes e mais importantes tarefas que temos atualmente. Ao contrário do que muitos comentaristas da mídia e figurões da política vem dizendo por aí, 7 de Setembro não foi uma derrota para Bolsonaro seguida de um recuo e conformação com as “regras da democracia”. É fato que as manifestações em Brasília e a mobilização das PMs foram aquém do que propagandeava o governo e o clã Bolsonaro, mas a mobilização dos caminhoneiros, e os atos de Rio de Janeiro e São Paulo foram suficientes para mostrar que o governo ainda possui capacidade de mobilizar uma base extremista e profundamente comprometida com a radicalização transição de regime que vivemos desde o golpe em 2016. O golpe de 2016, que colocou Michel Temer no poder, desencadeou na prisão de Lula, que abriu o caminho para a eleição de Bolsonaro, para aplicar as inúmeras contrarreformas e ataques aos direitos do nosso povo: todos estes não são fatos isolados. Fazem parte de uma mesma política de “aprimoramento” da democracia

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cultura

brasileira moldada aos interesses do bloco de poder dominante. Para os de cima, melhorar a democracia brasileira significa, invariavelmente torná-la cada vez menos democrática, e para o bloco que compõe fielmente o governo Bolsonaro isso significa um golpe fascista.Por que à medida que o capitalismo entra crise, quem é rico briga pra ficar mais rico e controlar o poder político, em cima da miséria dos de baixo. Não são apenas os militares de patente baixa que apoiam Bolsonaro. É verdade que desde seu ingresso na política os cabos e militares de baixa patente são a base eleitoral mais fiel às posições bolsonaristas, mas todo o processo de golpe que vivemos, que resultou na eleição do presidente não aconteceu à revelia dos militares de alta patente. Muito pelo contrário, foram organizados e mobilizados por estes, que aplicaram táticas de guerra híbrida, importada dos Estados Unidos, dentro do nosso país. Usando técnicas de pressão refinadas aliadas às manifestações públicas desde o impeachment da presidenta Dilma, passando pela prisão de Lula, e arquitetando a eleição do atual presidente.

Os militares, que chantagearam a Constituinte de 1988 para manter o dispositivo da Lei e da Ordem, tutelando a democracia, hoje compõem mais de 8 mil postos importantes no governo, controlam as agências de inteligência, as maiores empresas estatais e postos chave da democracia. Um golpe fascista passa necessariamente pela articulação destes setores, que confrontados com a possibilidade, mesmo que extremamente limitada, de um governo futuro de sentido democratizante podem pôr em marcha tal política. Por este motivo, mesmo que o principal e mais destacado candidato à eleição seja um político com projeto de conciliação, e ao nosso ver, ainda mais vinculado e permeável à política do império que em seus governos anteriores, vemos que tanto as eleições de 2022, como a nossa frágil democracia estão em risco. É muito importante que as forças populares em nosso país se inspirem nos exemplos da Bolívia, Peru, e Argentina para garantir a lisura do processo democrático e em caso de vitória do campo popular garantir que seja respeitada a decisão do povo.

Em memória…” A música “Em memória…” vem resgatar a memória de diversas pessoas que lutaram pela dignidade e emancipação dos povos, sobretudo no Brasil. Essa canção está sendo postada em um dia 07 de setembro manchado por manifestações fascistas, porém marcado pela resistência da classe trabalhadora em diversas cidades. Contudo esse som vem, não só para somar à resistência, mas para fazer a denúncia de como o capitalismo mata, oprime e subjuga os povos de todo o mundo a seus interesses, pondo o lucro acima da vida das pessoas. Escute “Em memória...”, no canal do Mero no Youtube.


EDUCAÇÃO Reuni digital é a destruição da Universdade brasileira Com a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) em abril de 2021, o governo federal realizou um corte de 18,16% no orçamento discricionário de todas as 69 universidades federais. Essa verba diz respeito às despesas básicas da universidade como contas de luz, água, contratos de segurança, bolsas de pesquisa e auxílios para estudantes em situação de vulnerabilidade. Sobre os cortes, o MEC informou que foram realizados “em atenção à necessidade de observância ao Teto de Gastos”, demonstrando mais uma vez a gravidade do problema que a EC 95 representa para o povo brasileiro. Aproveitando o contexto pandêmico, no mês seguinte, o MEC anunciou uma nova ofensiva contra a universidade pública apresentando o programa Reuni Digital. Dentre seus principais pontos está a implementação do ensino a distância como modalidade obrigatória com carga horária parcial ou integral na integralização dos currículos. Somado a isso, o ministério já prevê uma redução de R$ 4,2 bilhões (18,2%) no próprio orçamento discricionário em 2022, e, recentemente, anunciou a retirada de 92% das verbas de pesquisa (cerca de 600 milhões), que serão destinados à outras áreas, paralisando várias atividades estratégicas em todo o país, e evidenciando o interesse de aliar os cortes à pandemia para cristalização do modelo híbrido. Essa política criminosa, que tem por base a lei do teto de gastos, é parte do contínuo sucateamento das universidades públicas em seu modelo estatal, sendo o Reuni Digital uma versão atualizada de outras tentativas, tal qual o “Future-se”, com a aniquilação da autonomia universitária, onde o governo chantageia as instituições para

que cumpram metas autodestrutivas em troca do mínimo custeio de suas atividades. Essas ações expressam o modelo de interesse do governo Bolsonaro: a mecanização do processo de ensino-aprendizagem, ausente de pensamento crítico; o descarte de políticas de permanência estudantil sob pretexto da farsa da meritocracia; o desmonte total do tripé ensino, pesquisa e extensão da universidade pública; e a destruição da autonomia universitária, cerceada ideologicamente pelo assédio governamental. Todo este estrangulamento da ciência brasileira está diretamente relacionada à agressividade do capitalismo dependente em nosso país, cuja sustentação segue pautada nas forças imperialistas, latifundiárias e monopolistas. Não se trata apenas de reordenamento orçamentário sob o falso pretexto da falta de verbas, mas principalmente de uma série de ofensivas contra qualquer incipiente forma de soberania nacional, autonomia popular e desenvolvimento intelectual do povo, submetendo nosso país aos retrocessos da desindustrialização, da reprimarização econômica e, consequentemente, à submissão internacional e ao empobrecimento da população. Não há desenvolvimento nacional sem um grande investimento na pesquisa, produção de conhecimento e produção material. Este cenário, contudo, deve servir como estímulo às forças estudantis e progressistas aliadas de nosso país para construção de um

grande levante pela ciência e pela soberania. Recorrer às mesmas instituições coniventes ao projeto econômico bolsonarista em nosso país para que salvaguardem a dignidade nacional não é efetivo. As respostas a este momento não encontraremos no apelo das entidades científicas ao governo para que cesse os retrocessos em nome da racionalidade. É preciso impor uma resposta e, neste processo, apresentar uma alternativa de universidade que seja capaz de contribuir para a resolução das contradições desse sistema, aliando a produção intelectual com o contato das massas. É importante que as entidades estudantis locais e nacionais tomem a vanguarda mais uma vez, mobilizando a massa estudantil e alinhando as reivindicações da educação com as necessidades mais sentidas do povo no atual momento, contra Bolsonaro e seu projeto de miséria. fora bolsonaro! POR SAÚDE, COMIDA, EMPREGO E EDUCAÇÃO PARA O NOSSO POVO!


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