rosa neves & ytĂĄgno
:anotaçþes de uma realidade distorcida por voos de borboletas suicidas
introspeção: a gente aprende a viver sozinho a gente aprende a viver sozinho vivendo com os outros. vivendo com os outros. rosa neves.
Beethoven morreu, Beethoven morreu, mas nos deixou a orquestra mas nos deixou a orquestra dos dos grilos grilos
ytagno.
lá de cima prevejo: ninguém pertence a lugar nenhum, nenhum homem é uma ilha. preciso estar temperado para os abutres que me adiam, (cada pena é uma deixa uma dança, um tango concedido pelo ar) que me sobrevoam, que já me comem com os olhos. aqui em baixo rastejo suave como um piano. preciso estar preparado, para poder abortar esse prato: banquete d’alma. (será um kamikaze silencioso) somos da raça que conta nos momentos de suplicio, a vida fede.
ytagno.
Intimidade às vezes atrevida, mas sempre elegantíssima. Intimidade dentro de um espaço literário particular. tenho tanto explicito em te dizer de cara quanto [subentendido em um etc. me ocorre me perder numa janela de ônibus. sem metáfora. passa o ponto. meu coração não desce.
rosa neves.
ĂĄs vezes parece que vivi em outra ĂŠpoca que saudade do futuro.
ytagno.
preciso encontrar uma maneira de comparar a paixĂŁo dos adolescentes com o ato de fumar um cigarro.
rosa neves.
num dia eu quase morri, noutro quase vivi. num dia quase fugi, noutro quase voltei. num dia quase escrevi, noutro quase apaguei. e no ultimo dia quase foi o primeiro.
ytagno.
ah, os tempos mais-modernos chegaram: e a melancolia, sua senhora, vai a ser relĂłgio de bolso, do senhor sem chapĂŠu. trabalhado sempre ao desencontro mais secreto: um olhar que mira ao cĂŠu e atinge o teto.
rosa neves.
nĂŁo caibo em voo de mosquito. as suas asas apontam para o infinito, teus pousos cronometrados, quando pausam em qualquer lugar tentam compreender o tempo. eles sabem do futuro melhor que nĂłs, mas nĂŁo sabem aonde ir. o que lhes resta: apenas seus infinitos. a vida fede.
ytagno.
tem horas que me penso morto: acometido por um [acidente domiciliar. vejo meu nome nos jornais, minha cara em pôsteres póstumos, documentários sobre minha vida, tão simples, ilustrado de imagens das minhas entrevistas e poemas meus falados por outras pessoas que nunca me conheceram... daí tem horas que me penso vivo e todos esses outros pensamentos perdem o propósito.
rosa neves.
Indecisão: é ter a certeza debaixo da língua e não dizer adeus.
ytagno.
Indecisão: é decidir não decidir coisa alguma.
rosa neves.
tudo que eu nĂŁo vejo por favor, exista. tudo que for extinto por favor, nĂŁo viva mais. tudo que for vazio, eu obrigo e brigo esvazie meu peito.
[do
ytagno.
mais bela da estação pela qual, em suas pregas atinjo meu ápice e atravesso os pés, descalços antes que se rompa nosso caso. e se não amo, não minto, não caço, me atordoo para eles: um imprestável. ainda bem que ela gosta de mim.
rosa neves.
absorvo mais sonhos agora do que nunca. não me culpo pelos enfermos alheios, muito pelo contrário. pelo horário há alguém pensando [em mim constato! não atendo nenhum telefonema há pouco tempo. a vida é efêmera todo dia; viver é uma metáfora inconclusa e essas coisas inconclusas são sempre complicadas de entender.
rosa neves & ytagno.
a viagem da ultima nau:
a epifania dos meus sonhos, era como criança. o medo de montanha-russa. esqueci a palavra nos [trilhos do medo. senti dores nas pernas quando inventávamos danças, e sentimos dança quando inventamos nus, e estávamos dançando quando os alienígenas chegaram e não vimos eles roubarem nosso ouro.
rosa neves & ytagno.
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