Crystal ship

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Crystal Ship

Revista de Artes e Cultura nº0, Abril 2014 €4.50 (portugal)

seis nOvOs OUtBUrsts MUsicais

casa eM la rOMana vOlUMetria rectilÍnea QUase cUBista

Maria de MedeirOs as Múltiplas caras da arte

O preÇO da ágUa O negÓciO da necessidade Básica

“i liKe tHe WaY YOU die, BOY.” tarantinO Kills

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// editorial

É assiM QUe se cOMeÇa Pois, pensei que a primeira revista que iria criar seria a Anemone (que está em fase de “esquematização mental”, como quem diz - ainda não tive tempo para agarrar naquilo), mas a propósito do estágio decidi criar a Crystal Ship (CS) para fazer um pouco de showcase das minhas competências a nível de design editorial (isto de usar estrangeirismos até faz me parecer um pro (ora, aqui está outro)). Contudo não deixa de ser uma revista amadora e como tal ainda lhe falta “o qualquer coisa” (que na verdade ainda são umas quantas coisas), e é esse “qualquer coisa” que eu quero aprender convosco, mas até lá ainda tenho meio semestre de aulas e uns quantos projectos extra para aprender umas coisas novas. A CS é um projecto de portefólio, apesar do que possa parecer não está em comercialização e não clamo quaisquer direitos de propriedade intelectual do material editorial e pictórico, pois estes são adaptações e traduções de material de outrem, que quando possível indicada devidamente os seus autores.

JM

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// sumário

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pagam mais.

Os que pagam menos.

a fatura mensal.

Total da fatura mensal.

uros referentes à factura mensal para um 10 metros cúbicos de água.

Loulé (Quinta do Lobo)

2.53

mensal repartida.

Loulé (Quinta do Lago)

Terras de Bouro

Espinho

2.60

3.30 enjoy.

Penedono

Oleiros

Fatura mensal repartida.

uros referentes à factura mensal para um 10 metros cúbicos de água. ispostas na seginte ordem: água, saneaíduos.

e de Lobo)

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Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água.

,71 40.71 34.01 50

nta do Lago)

06 08

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Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água. (despesas dispostas na seginte ordem: água, saneamento e resíduos.

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Espinho

Terras de Bouro

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Oleiros

Penedono

,25

= 13,25

= 8,93

= 1.50

= 1.03

= --

,04

= 21,04

= 16,30

= 2.60

= --

= --

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= 6,42

= 8,78

= 3.50

= --

= --

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06 | ACTUALIDADE O diálogo Israelo-Palestiniano

32 | TEMA DE CAPA Japão - Seis Novos Outbursts Culturais

08 | DESIGN Veículos com Interiores em BAMBU

44 | CINEMA “I Like The Way You Die, Boy!“

10 | ARQUITECTURA Casa em La Romana

50 | #TTASB

16 | ENTREVISTA Maria de Medeiros

52 | INFOGRAFIA O Preço da Água

22 | OFÍCIOS Paulo Providência

58 | FOTOGRAFIA Beleza Assombrasa de Lugares Abandonados

28 | UTENCÍLIOS

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// actualidade

O diálogo israelopalestiniano Mohamad Torokman/Reuters Reunião da Organização de Libertação da Palestina, realizada em Ramallah, a 26 e 27 de abril.

O Conselho Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP) - organização que representa o povo palestiniano e que, em 1993, assinou os Acordos de Oslo com o Estado de Israel - aprovou um plano que prevê a adesão a 60 agências das Nações Unidas e tratados internacionais. A entrada do Estado da Palestina em organizações internacionais é vista como um passo unilateral por parte da diplomacia palestiniana no sentido do reconhecimento do Estado da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas e, consequentemente, um afastamento do processo de negociações promovido pelos Estados Unidos.

Israel começou a aplicar um conjunto de sanções na Cisjordânia. Telavive congelou 19 projetos de construção nas áreas C (territórios palestinianos que permanecem sob controlo total das autoridades israelitas). Segundo o jornal israelita“Maariv”, Yoav Mordechai, que coordena as atividades do Governo israelita nos territórios palestinianos, admitiu que a decisão é“uma resposta à proposta de Abbas visando a adesão palestiniana a agências da ONU”. Israel, que recolhe os impostos em nome da Autoridade Palestiniana, também aumentou o valor da retenção mensal que faz desses impostos, passando de 100 milhões de shekel (20,7 milhões de euros) para 132 milhões (27,3 milhões). Telavive também cancelou a autorização para a instalação de um rede 3G para telemóveis, as atividades de perfuração no campo de gás da marina de Gaza e a transferência de fundos, em bancos israelitas, pertencentes a cidadãos palestinianos. ¶

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// design

veÍcUlOs cOM interiOres eM BaMBU

Carros de luxo são palácios móveis. Eles são projetados com a intenção de fazer o motorista e todos os passageiros se sintam confortáveis, mimado, e seguro onde quer que vá. Montadoras saber que, a fim de oferecer aos clientes uma experiência de condução de alta qualidade, eles devem prestar muita atenção a todos os aspectos de um carro de sua estética à sua funcionalidade.

Não é incomum ver alguns materiais muito raros e caros, incluindo couros exóticos, ouro 24k, ou marfim nas cabines de carros de luxo da elite, mas que sobre o bambu ? Acredite ou não, o bambu também tem encontrado seu caminho em muitos carros de luxo interior - e por isso aqui. O bambu é extremamente acessível, sustentável, tem uma elevada relação resistência -peso, e é visualmente atraente. A planta cresce extremamente rápido, leva apenas cerca de cinco anos para o bambu completamente madura, enquanto muitas árvores que são usadas para madeira demorar mais do que 50 anos para chegar ao mesmo ponto. Cortar uma tonelada de bambu não é tão prejudicial para o ecossistema imediato por causa de suas altas taxas de crescimento. A evergreen perene também tem uma haste imensamente denso e resistente que pesa quase nada. Não é apenas forte o suficiente para receber o castigo dentro de seu interior do carro, mas leve o suficiente para ser usado em grandes quantidades sem pesar para baixo de um carro e prejudicando o seu desempenho. O bambu pode acentuar um painel de instrumentos, volante, portas, ou um console central muito bem. A aparência de madeira sempre reforçada a elegância de um carro de luxo, e bambu serve essa finalidade.¶

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// arquitectura

casa eM la rOMana vOlUMetria cUrvilÍnea QUase cUBÍsta É nas paisagens bamboleantes da República Dominicana, país onde colinas verdes e luxuriantes e praias brancas, repletas de palmeiras, convivem ao som ondulante do merengue, na privilegiada província de La Romana, no sofisticado Casa de Campo, resort à beira-mar assentado, que se ergue, em contornos sinuosos e dinâmicos, a Casa em La Romana, projecto de autoria da A-cero, estúdio de arquitectura fundado por Joaquín Torres e Rafael Llamazares.

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O benigno clima aqui vivido todo o ano e os 7000 m2 de área do terreno determinaram o projecto da moradia unifamiliar, cujos traços e volumetrias se estendem num único piso, num alongamento da superfície azul do mar, seu vizinho muito próximo. Composta por dois corpos separados, encimados por dramáticos volumes curvilíneos, a Casa em La Romana está completamente revestida de Coralina, calcário natural da região, com os seus tons brancos e beges a contribuírem para a sua luminosidade, num diálogo harmonioso com o local e numa referência à atmosfera marinha (a coralina surge da compressão de corais fossilizados). A partir do acesso principal, a Casa parece esconder-se num conjunto de paredes curvas e esculpidas. No centro, uma grande porta dupla de madeira permite a entrada na habitação, num convite à apreciação da suave brisa marítima que, graças a

um sistema de ventilação cruzada, se faz sentir em toda a moradia. No interior, igualmente com assinatura da A-cero, a amplitude dos espaços acolhe uma simplicidade decorativa, com os móveis de matizes claros a reflectirem a claridade da Coralina, material escolhido também para revestir a parte interna da Casa. Janelas rasgadas na pedra precipitam as vistas para o exterior, alcançando-se assim uma continuidade visual das áreas de fora e de dentro.

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Nos jardins que envolvem a habitação, o atelier A-cero criou superfícies de características indígenas, com áreas de relvado, seixos e rochas e com espécies vegetais autóctones. Apesar de o projecto incluir uma praia privada e um cais de embarque, uma das personagens principais da Casa em La Romana é a grande piscina, com predominância de formas sinuosas e na qual o oceano parece fundir-se. Fixada num terreno que a acolheu como familiar, a Casa em La Romana inscreve-se, empática, na paisagem, como uma peça arquitectónica ao sabor da dança do vento nas folhas das palmeiras, do bamboleio dos aromas e dos sons, da cadência das ondas do Mar das Caraíbas. O texto está duplicado a partir daqui para acertar o numero de carateres necessários. O benigno clima aqui vivido todo o ano e os 7000 m2 de área do terreno determinaram o projecto da moradia unifamiliar, cujos traços e volumetrias 12

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se estendem num único piso, num alongamento da superfície azul do mar, seu vizinho muito próximo. Composta por dois corpos separados, encimados por dramáticos volumes curvilíneos, a Casa em La Romana está completamente revestida de Coralina, calcário natural da região, com os seus tons brancos e beges a contribuírem para a sua luminosidade, num diálogo harmonioso com o local e numa referência à atmosfera marinha (a coralina surge da compressão de corais fossilizados). A partir do acesso principal, a Casa parece esconder-se num conjunto de paredes curvas e esculpidas. No centro, uma grande porta dupla de madeira permite a entrada na habitação,que, graças a um sistema de ventilação cruzada, se faz sentir em toda a moradia.

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A Casa parece esconder-se num conjunto de paredes curvas e esculpidas. No centro, uma grande porta dupla de madeira permite a entrada na habitação, num convite à apreciação da suave brisa marítima.

No interior, igualmente com assinatura da A-cero, a amplitude dos espaços acolhe uma simplicidade decorativa, com os móveis de matizes claros a reflectirem a claridade da Coralina, material escolhido também para revestir a parte interna da Casa. Janelas rasgadas na pedra precipitam as vistas para o exterior, alcançando-se assim uma continuidade visual das áreas de fora e de dentro. Nos jardins que envolvem a habitação, o atelier A-cero criou superfícies de características indígenas, com áreas de relvado, seixos e rochas e com espécies vegetais autóctones. Apesar de o projecto incluir uma praia privada e um cais de embarque, uma das personagens principais da Casa em La Romana é a grande piscina, com predominância de formas sinuosas e na qual o oceano parece fundir-se. Fixada num terreno que a acolheu como familiar, a Casa em La Romana inscreve-se, empática, na paisagem, como uma belíssima peça arquitectónica ao sabor da magnifica dança do vento nas folhas das palmeiras, do bamboleio dos aromas e dos sons, da cadência das ondas do Mar das Caraíbas. ¶

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// cinema

Maria de Medeiros As múltiplas caras da Arte

Um rosto em permanente metamorfose, um olhar revelador de expressividades multíplices, uma postura e uma atitude que se agigantam ou apequenam, se envelhecem ou rejuvenescem, numa absorção plena das facetas das personagens a que dá corpo e voz – Maria de Medeiros descobre a cadência íntima das figuras que interpreta, a sua respiração, para depois as deixar fluir, espontâneas, livres. No palco, na tela do cinema, por trás da câmara, modulando, nostálgica, canções de sempre, compondo personagens para jóias, que cintilam nas suas múltiplas narrativas, Maria de Medeiros exibe-se na sua identidade múltipla e, simultaneamente, una – a identidade de quem se abre para o mundo, para os seus vários contrastes e distintas perspectivas, para as diversas faces da arte, numa configuração sempre nova, sempre outra.

Texto de Paula Monteiro Fotografias gentilmente cedidas por Lusogold, Lda.

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CS: Em Dezembro de 1990, no n.º3 da revista K, Miguel Esteves Cardoso dizia:”A Maria é portuguesa? Cem por cento. Excepto quando é cem por cento francesa. […] É permanentemente uma estrangeira no estrangeiro. É uma estrela. É sempre exterior». O que lhe confere este carácter de cidadã do mundo em permanente trânsito? MM: Certamente o facto de ter crescido na Áustria, de ter sempre estudado em escolas francesas, de ter atravessado tantas vezes a Europa, de Viena até Lisboa, para as férias da infância, contribuiu para me dar o gosto pelo que é”estrangeiro»,”novo»,”diferente». A minha mãe transmitiu-me o amor pelas línguas, o meu pai pela musicalidade que existe em cada cultura. Penso, como Pessoa, que”minha pátria é minha Língua». Mas ao frequentar de perto várias línguas, tomei consciência de que a nossa identidade pode ser múltipla. Rejeito as ideologias que pretendem restringir a nossa identidade a um só elemento, cada vez mais pequeno: um território geográfico, uma só língua, uma região, um bairro, um clube de futebol, uma bandeira... Penso que muito mais do que o amor por si mesmo ou pelo idêntico, é o amor pelos outros, a curiosidade pelos contrastes, as perspectivas diferentes, que nos podem ajudar a encontrar a nossa identidade, se é que isso realmente importa.

CS: No universo da filmografia, tem-se interessado sobretudo em participar em cinema de autor. Porquê esta preferência? MM: Para mim o cinema é a”sétima arte». É uma arte fascinante porque reúne todas as outras. Cinema é poesia, música, pintura, literatura, arquitectura, teatro... O cinema é um espelho das civilizações. Os filmes de consumir e deitar fora não me atraem. A arte não serve para”entreter» ou adormecer-nos num torpor consumista. Serve para despertar a nossa humanidade.

CS: Aos 15 anos, interpreta o seu primeiro papel no cinema em Silvestre de João César Monteiro. O que determinou esta precoce experiência dramática? MM: Muitas vezes digo que João César Monteiro é o”culpado» da minha carreira cinematográfica. Ele conhecia-me de casa da minha mãe, eu tinha 15 anos, e ele meteu na cabeça que eu correspondia ao papel de Sílvia/Silvestre no seu novo filme (um conto medieval em que uma donzela se veste de rapaz e parte para a guerra em busca do pai). Fiquei grata por descobrir o cinema através dessa perspectiva, tão livre, tão criativa.

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É incomparável a visibilidade que os filmes produzidos pelos Estados Unidos têm no mundo. Ninguém como Hollywood entendeu bem o impacto que o cinema teria no mundo.

CS: A representação de Anaïs Nin, em Henry & June, de Philip Kaufman e de Fabienne, em Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, contribuíram para o seu reconhecimento como a mais internacional das actrizes portuguesas. O cinema norte-americano continua a ser a maior referência para o público. Porque acha que as restantes cinematografias não alcançam um sucesso da mesma dimensão? MM: Tive a sorte de trabalhar com autores como Philip Kaufman e Quentin Tarantino na cinematografia norte-americana. É incomparável a visibilidade que os filmes produzidos pelos Estados Unidos têm no mundo em relação às restantes cinematografias. A razão dessa visibilidade é

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uma política de divulgação e distribuição mundial extremamente desenvolvida desde a segunda grande guerra. Ninguém como Hollywood entendeu tão depressa o impacto que o cinema e seus mitos teriam no mundo. Mas hoje em dia conhecem-se bem os mecanismos, e penso que existem as condições de se reequilibrar a visibilidade das diversas cinematografias. CS: Cedo começou a realizar curtas e médias metragens, com a culminação, em 1999, da direcção de Capitães de Abril, a S/ primeira longa-metragem, que recebeu vários prémios nacionais e internacionais. De que pressupostos partiu para a composição do filme, que parece enviar um olhar naif e emocional sobre a Revolução dos Cravos? MM: A Revolução dos Cravos foi um acontecimento praticamente único no mundo: um golpe de Estado militar que derrubou uma longuíssima ditadura, sem efusão de sangue, e instaurou uma democracia civil. Não considero”naif» quem não envereda pela violência, pelo contrário. A nossa Revolução foi dos actos mais nobres, responsáveis e generosos da história ocidental. Um acto que me enche de orgulho de ser portuguesa. A história mundial continua a provar o quanto foi exemplar a Revolução dos Cravos. Batalhei muitos anos para fazer o filme Capitães de Abril, que me valeu ser várias vezes agredida e ofendida e até deixar de fazer filmes em Portugal, pois apenas Manoel de Oliveira me voltou a propor trabalhar com ele, mas não me arrependo nada. Homenagear a Revolução dos Cravos e Salgueiro Maia era indispensável para mim. CS: Ao longo da S/ carreira de actriz, deu um contributo musical e vocal em peças de teatro e em filmes. Com A Little More Blue estreia-se no universo da interpretação exclusivamente musical, com composições de Chico Buarque, Caetano Veloso, Dolores Duran, Gilberto Gil e Ivan Lins. O que a levou


A nossa Revolução foi dos actos mais nobres, responsáveis e generosos da história ocidental. Um acto que me enche de orgulho de ser portuguesa.

a aventurar-se nesta homenagem”azul» ao repertório destes artistas brasileiros? MM: A música é o meu”habitat» natural desde muito pequena. Não posso viver sem ela. Mas o imenso respeito e admiração que tenho pelo meu pai e as histórias da música que ele me transmitiu fizeram com que só recentemente me atrevesse a lançar-me numa aventura musical, com o primeiro disco A Little More Blue, uma homenagem aos compositores brasileiros que foram verdadeiramente formadores para mim e para tantas outras pessoas da minha geração. Hoje, depois de três anos de concertos pelo mundo, meus ou como artista convidada, esta nova aventura musical desenvolveuse muito. Vai sair agora na Primavera o meu novo álbum, Penínsulas e Continentes, com muita música portuguesa, que é uma viagem musical entre as Penínsulas Ibérica e Itálica e os continentes africano e americano, norte e sul. A música cria pontes, ecos, elos que atravessam os oceanos. Desta vez, trata-se de um projecto de espírito muito português, marinheiro, viajante.

dia, a tendência nas nossas sociedades é massificar, uniformizar tudo. Até o luxo. Dizem-nos que o luxo é possuir relógios e carros de tal ou tal marca. Quando o luxo é talvez precisamente escapar à norma. Luxo para mim é ter um ritmo de vida que não seja uma violência para o nosso organismo, é poder dormir e sonhar as horas necessárias, é poder ir com os filhos a um museu, é poder ter espaço geográfico e mental para pensar, criar, existir e apreciar as coisas belas. O Gio Rodrigues teve um reflexo muito simples e directo: o de me comunicar o seu trabalho como criador de jóias e desafiar-me para ser a sua imagem. Gostei muito do que vi e aceitei a sua proposta inusitada. Foi um belíssimo encontro, tanto profissional, como pessoal.

CS: Recentemente, tornou-se a imagem das jóias da linha diamonds & gold de Gio Rodrigues, distribuída em Portugal pela Lusogold, Lda. Qual o encanto exercido pelas jóias e pelas pedras preciosas? MM: Sou irremediavelmente leão: gosto do que é belo, sofisticado, luxuoso. Mas há que especificar o conceito de luxo. Hoje em

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CS:”Visibilidade, carisma, qualidade artística, polivalência, sensibilidade e empenho nas grandes causas do mundo contemporâneo», foram alguns dos motivos que levaram à S/ nomeação como”Artista UNESCO para a Paz». Qual a importância desta nomeação e de que forma pode contribuir para a difusão dos valores e ideais da UNESCO junto do público português e internacional? MM: A nomeação enquanto ”Artista da UNESCO pela Paz» foi uma grande e grata surpresa para mim, além de uma grande honra. Familiarizei-me assim com os programas tão importantes da UNESCO, nomeadamente o programa da

Educação Artística, no qual Portugal está muito empenhado. Trata-se não só de oferecer formação artística nas escolas, mas também às crianças que a precariedade colocou fora do sistema escolar. A acção da UNESCO é longa e exige uma imensa paciência. A falta de meios não ajuda, apesar de as ideias serem óptimas e justas. CS: Capaz de personificar”Mil Marias», como diz Miguel Esteves Cardoso no artigo já referido, como é que se prepara para cada um dos papéis que representa? MM: Em geral o meu trabalho é feito de muita leitura e de uma frequentação assídua, intensa dos textos a aprender. Até eles se irem abrindo, descobrindo-se, encontrando ecos profundos em nós, revelando-se nas suas contradições e muitas vezes revelando-nos. Até eles se tornarem orgânicos, parte de nós, até os sabermos respirar como os respirou o seu autor. Mas não procuro dominar ou sobrepor-me a uma personagem. Para ser verdadeira, ela tem de ser livre. Os artistas são esponjas. Muitas vezes é a visão de um quadro, uma música, um espectáculo de dança que nos oferece a chave de uma personagem. 9.900c. ¶

A acção da UNESCO é longa e exige uma imensa paciência. A falta de meios não ajuda, apesar de as ideias serem óptimas e justas.

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// ofícios

paUlO prOvidÊncia Materiais eM tensÃO Através de um uso dos materiais sempre inovador, de uma sua reutilização em formas surpreendentes, Paulo Providência projecta estruturas intencionalmente tensas, materializadas em peças arquitectónicas que têm na sua volumetria, na sua consistência, na ligação íntima com o Sítio e na tensão material os seus principais alicerces. A beleza dos objectos arquitectónicos e a sua função advêm não de elementos que lhe são externos, mas da Forma, conceito agregador de todos os conteúdos e funcionalidades. Autor de projectos dotados de uma energia manifestamente perceptível, responsável por construções que se articulam com a envolvência, Paulo Providência cria edifícios que têm na própria materialidade e nas relações espaciais estabelecidas a sua significação, pois”a presença dos objectos [arquitectónicos] na sua relação muito directa com a vida é suficiente, não precisamos de os interpretar». 22

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CS: Formou-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto [FAUP] e lecciona, desde 1991, no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra [FCTUC]. Quais as principais diferenças entre as formas de encarar e leccionar a arquitectura nas duas Escolas? PP: Acho que era mais importante distinguir aquilo que era a formação dos anos 80, quando a Faculdade ainda era Escola de Belas-Artes, e a formação actual. Não tanto pela alteração administrativa ou institucional, mas mais pelo número de alunos. Quando eu entrei, em 1982, havia cerca de 50 alunos, o que permitia


uma relação muito directa com os professores e um grande acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos. Em Coimbra, mantém-se um pouco essa dimensão. É evidente que existem outras diferenças. Por exemplo, no Porto havia uma aprendizagem de desenho como instrumento do projecto. Em Coimbra, infelizmente não temos uma área de desenho tão forte. A aquisição instrumental do desenho é fundamental para um arquitecto.

A arquitectura é um veículo para uma outra coisa.

CS: A sétima edição dos Colóquios de Outono versou sobre o tema”Intersecções: Antropologia e Arquitectura». Sobre esta temática, declarou:”A antropologia tem interesse para a arquitectura quando esta última se encontra em período de crise, quando deixa de acreditar nas formas». De que maneira a antropologia pode contribuir para substituir uma das principais noções associadas à prática arquitectónica? PP: Mas é precisamente isso que se está a dizer. É um problema da antropologia e das Ciências Sociais em geral. A arquitectura parece precisar de uma legitimação externa quando não acredita na forma. CS: Mas quando é que a arquitectura não acredita na forma? PP: Quando achamos, por exemplo, que a forma é formalista. Quando valorizamos aquilo que se tem chamado, a partir das teorias marxistas, o conteúdo social, estamos a considerar que a arquitectura é um veículo para uma outra coisa. Quando a arquitectura tem uma vinculação social muito forte, em determinados momentos da História, isso acontece por descrédito nas formas.

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Porque de repente as formas, que até aí eram belas, passam a ser despidas de sentido. Quando isso acontece há uma vontade de regressar a uma arquitectura mais interveniente, mais relacionada com a realidade. Aí a arquitectura começa a socorrerse da etnografia, da etnologia, da sociologia, da antropologia. Quando se dá essa crise, há uma espécie de vontade da arquitectura de se ligar à sociedade, que tem os seus perigos, como a valorização do conteúdo em vez da forma. Porque, apesar de todos os conteúdos que se queiram associar, a arquitectura materializase numa forma. CS: Tem realizado diversos projectos de habitação unifamiliar. Quando os arquitectos projectam uma Casa para o Homem habitar, em que Homem estão a pensar? PP: A habitação converteu-se, na sociedade contemporânea, numa espécie de ecrã de projecção dos sonhos. Há uma expectativa inconsciente de que com a habitação perfeita a vida se torne perfeita. As pessoas, quando se dirigem a um arquitecto, de uma forma geral, têm já algumas ideias, que naturalmente têm de ser cumpridas no projecto.

Quando a arquitectura tem uma vinculação social muito forte, em momentos da História, isso acontece por descrédito nas formas, que até aí eram belas, passam a ser vazias de sentido.

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Mas também o tempo de elaboração de um projecto é um teste para se ir discernindo aquilo que é essencial daquilo que é acessório. Por exemplo, a Casa em Castro Marim, que infelizmente não foi construída, estava instalada numa duna secundária, muito próxima da praia, numa área com modelações de terreno incríveis, localizada numa zona baixa. Era pois impossível cumprir a expectativa associada a uma casa deste tipo, que é ter vistas para o mar. A estratégia do projecto foi precisamente ao contrário, a de fazer uma casa de um único piso, com um pátio muito abrigado para criar privacidade e uma forma de apropriação do espaço exterior muito directa à casa. Com este projecto tirou-se partido da natureza específica do terreno. Muitas vezes a natureza do terreno, a sua orientação, as áreas naturais limítrofes são mais importantes para se perceber como é que se pode organizar a casa e os espaços exteriores privados. Frequentemente existe um conflito entre os modelos e a sua adaptação ao Sítio. A mais-valia de um arquitecto é conseguir interpretar com força e com clareza as vantagens do Sítio.


CS: Tem também efectuado projectos de vivência colectiva. Que tipo de reptos são levantados pelos edifícios públicos? PP: Têm de ser edifícios relativamente neutros porque são para ser vividos por muitas pessoas, com formações e preocupações muito diferentes. Têm de resistir ao tempo, porque são equipamentos para durar. A minha aspiração ao fazer esses equipamentos colectivos é que eles sejam mais fáceis de usar, mais belos. Portugal tem uma boa tradição de equipamentos colectivos. O Estado sempre se preocupou com equipamentos colectivos com alguma força. A minha preocupação é pensar nessa resistência ao tempo dos equipamentos e pensar na perspectiva dos utilizadores – como é que as pessoas os vão usar, como é que se sentem confortáveis. A fácil orientação interna, o fácil reconhecimento do ponto de partida, a articulação urbana do equipamento, são preocupações que tenho neste tipo de equipamentos, que se relacionam com a organização, com os materiais, com relações espaciais – não são apenas esquemas de organização abstractos, são elementos muito concretos.

CS: Caracterizada, por Ivo Oliveira, como representativa”de uma forma de fazer que encontra habilmente, na complexidade do seu perímetro, no trabalho de ligar pontos que a história nunca alinhou, todos os ingredientes que vão levar à conquista simples e inequívoca de um espaço de grande unidade e pensado para a população», a Igreja Paroquial de São Salvador de Figueiredo consegue harmonizar cronologias e espaços. De que forma a pré-existência e as contingências espaciais determinaram o projecto? PP: Num certo sentido, pode-se dizer que de uma forma absoluta. A particularidade da Igreja de Figueiredo é que ela tinha duas naves. Não existem igrejas de duas naves, por um princípio teológico. Ou são três naves ou uma – a trindade ou a unicidade. A existência de uma igreja de duas naves é algo estranho. Nós interpretámos isso como se fosse uma vontade de uma igreja de três naves onde nunca tinha sido feita a terceira. Havia uma nave predominante e uma nave secundária, haveria a vontade de uma outra nave secundária do outro lado que nunca teria sido construída. O projecto parte desta pequena narrativa e tenta reconstruir uma nave que não existia. É um pouco um exercício de refazer uma igreja, cujos primórdios remontam ao século XIV, e que terá tido reconstruções fortes nos séculos XVII e XVIII. No fundo era pegar nesta história de transformações e acrescentar-lhe uma outra transformação: a de mais uma pequena nave, que reproduz a escala da segunda nave, e tenta reconfigurar o conjunto a partir dessa ampliação, respeitando muito as métricas, as dimensões, a estrutura espacial.

A minha aspiração ao fazer esses equipamentos colectivos é que eles sejam mais fáceis de usar, mais belos. Portugal tem uma boa tradição de equipamentos colectivos.

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CS: O Centro de Saúde de Vila do Conde possui uma estrutura arquitectónica distinta das incaracterísticas unidades hospitalares contemporâneas. Como foi possível criar um edifício simultaneamente diferente mas que englobasse no seu interior todo o programa imposto pelos hospitais? PP: Os centros de saúde funcionam como unidades de saúde familiares, portanto são estruturas bastante diferentes dos hospitais, porque os cuidados de saúde dos centros são cuidados de proximidade, de prevenção, de educação, de uma medicina quase diária, para as pessoas tirarem as suas dúvidas. O Centro de Saúde de Vila do Conde tenta responder a isso, ser uma estrutura aberta, transparente, onde se vêem as zonas de espera, mas mantendo privacidade nas áreas de consulta. É um equipamento simultaneamente aberto ao exterior e protegido.

A energia provém da tensão brutal entre materiais. A tensão entre o vidro e o betão, a forma como o betão e o vidro se”tensionam» naqueles caixilhos muito fininhos.

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CS: Galardoado pelo Prémio ENOR de Arquitectura 2007, o Centro de Saúde de Vila do Conde viu serem destacados, pelo júri do concurso,”o ritmo de alternância entre o positivo e o negativo com que se geraram as fachadas, a solução do programa e a reprodução construtiva dotada de energia». De onde diria que provém esta energia que o S/ projecto transmite? PP: A energia provém da tensão brutal entre materiais. A tensão entre o vidro e o betão, a forma como o betão e o vidro se”tensionam» naqueles caixilhos muito fininhos. A ideia era precisamente trabalhar essa tensão de materiais, da sua assemblagem, com o objectivo de transmitir ao lado público que o projecto não é uma coisa amorfa. A expressão do edifício é a tensão entre esses elementos transparentes e opacos, pré-fabricados, e a assemblagem deles, não procurando nenhum desenho para além disso. CS: A S/ arquitectura tem sido definida como aquela que realiza, com extrema elegância e riqueza espacial, a reformulação de programas banais através da utilização de materiais de formas inesperadas, descontextualizando-os, assim enobrecendo o programa e o material utilizado. Concorda com esta definição? PP: Concordo, e essa definição é um elogio. Acho que em parte a expressão arquitectónica pode ser decorrente dessa tensão de materiais. Toda a assemblagem de materiais é sempre uma operação complexa e isto pode ser suficiente para a expressão de um edifício. Há também uma espécie de anulação do desenho como vontade de forma exterior àquilo que é estritamente necessário para a realização da obra. É óbvio que isto tem riscos, como o da incomunicabilidade. De acordo com o Venturi e com outros teóricos, a arquitectura é comunicação. Não acho que a arquitectura seja comunicação. A arquitectura é incomunicante. Não temos de olhar para uma casa e dizer”isto é uma casa». A presença dos objectos na sua relação muito directa com a vida é suficiente, não precisamos de os interpretar. 10.640 c.


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// utensílios

iKea seMpre siMples e eFicaZ!

UtensÍliO de cOZinHa FUtUrista! Texto fictício Swatch apresentou um relógio tecnologicamente avançado. Para além das horas, inclui leitor de MP3, álbum de fotos e gravador de vídeo. Quando se pensa em Swatch, pensa-se em relógios coloridos e com um design atractivo, não em tecnologia futurista. No entanto, tudo se altera aquando da apresentação do“Swatch Infinity”, que para já não passa de um protótipo.Resta, no entanto, saber se vai incluir ligação wireless e, mais importante que tudo, se será realmente lançado para o mercado.

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Texto fictício Pioneer apresenta o primeiro sistema que transmite som através da corrente eléctrica. Com é possível ligar até seis colunas de som em rede, directamente às tomadas eléctricas, abdicando dos tradicionais e incómodos fios das colunas de som, e ouvir música em diferentes locais da casa. Este sistema funciona através da corrente eléctrica, que actua como condutor do som, transmitindo música da Sound Station de uma tomada para a outra e de um quarto para o outro.

cOnJUntO MetálicO para prOs!

aBaiXO O alUMÍniO, viva O aÇO!

QUandO prOcUraMOs O tradiciOnal!

Texto fictício chama-se i.Beat organix Gold e é muito mais que um simples leitor de música digital, é uma verdadeira jóia tecnológica, não fosse ele revestido a ouro de 18 quilates e 63 diamantes. A relíquia tecnológica da Trekstor foi oferecida pelo piloto de Fórmula 1. Alex Shnaider, à sua noiva, e não pára de ser cobiçado em todo o mundo, sendo alvo de atenções em várias feiras de tecnologia. Para alem de“peça única”.

Texto fictício a Nokia apresentou dois novos telemóveis cujo design é“prismático” tanto na frente como na parte traseira dos equipamentos. Feitos a pensar no consumidor que gosta do telemóveis com estilo, o 7500 Prism e o 7900 Prism, não deixarão ninguém indiferente. O 7500 têm uma câmara de 2 megapíxeis e detalhes em rosa, verde ou azul. Permite ouvir música durante nove horas e guardar até 1500 faixas no cartão micro.

Texto fictício opcional de 2 GB, e estará disponível a partir de 210 euros. O Nokia 7900, que deverá custar cerca de 400 euros, levou mais uns pozinhos tecnológicos e apresenta um ecrã OLED de 16 milhões de cores. Os amantes dos pormenores, poderão escolher a cor de iluminação do telemóvel, de entre 49 cores disponíveis. A memória interna além disso, o wallpaper muda subtilmente ao longo do dia, conforme a hora e o estado da bateria.

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Mais siMples Mais eFicaZ!

Texto fictício Swatch apresentou um relógio tecnologicamente avançado. Para além das horas, inclui leitor de MP3, álbum de fotos e gravador de vídeo. Quando se pensa em Swatch, pensa-se em relógios coloridos e com um design atractivo, não em tecnologia futurista. No entanto, tudo se altera aquando da apresentação do“Swatch Infinity”, que para já não passa de um protótipo. Resta, no entanto, saber se vai incluir ligação wireless e, mais importante que tudo, se será realmente lançado para o mercado ou se é apenas uma estratégia de marketing.

Texto fictício directamente às tomadas eléctricas, abdicando dos tradicionais e incómodos fios das colunas de som. Este sistema funciona através da corrente eléctrica, transmitindo música da Sound Station de uma tomada para a outra e de um quarto para o outro, sem serem necessários cabos ou ligações complexas. O sistema MT-01 é constituído por uma Unidade Central, uma coluna grande de 2 x 25W, uma pequena de 5W e um controlo remoto extremamente portátil.

este É O MetálicO Mais carO dO MUndO!

sacarOlHas prisMáticOs

QUandO preFeriMOs O tradiciOnal

Texto fictício uma verdadeira jóia tecnológica, não fosse ele revestido a ouro de 18 quilates e 63 diamantes. A relíquia tecnológica da Trekstor foi oferecida pelo piloto de Fórmula 1. Alex Shnaider, à sua noiva, e não pára de ser cobiçado em todo o mundo. Para alem de“peça única”, o produto está avaliado em cerca de 25 mil euros. Em breve serão comercializados versões menos requintadas por 19 mil euros.

Texto fictício a Nokia apresentou dois novos telemóveis cujo design é“prismático” tanto na frente como na parte traseira dos equipamentos. Feitos a pensar no consumidor que gosta do telemóveis com estilo, o 7500 Prism e o 7900 Prism, não deixarão ninguém indiferente. O 7500 têm uma câmara de 2 megapíxeis e detalhes em rosa, verde ou azul. Permite ouvir música durante nove horas e guardar até 1500 faixas no cartão micro.

Texto fictício opcional de 2 GB, e estará disponível a partir de 210 euros. O Nokia 7900, que deverá custar cerca de 400 euros, levou mais uns pozinhos tecnológicos e apresenta um ecrã OLED de 16 milhões de cores. Os amantes dos pormenores, poderão escolher a cor de iluminação do telemóvel, de entre 49 cores disponíveis. A memória interna além disso, o wallpaper muda subtilmente ao longo do dia, conforme a hora e o estado da bateria.

sWatcH apresenta sacarOlHas FUtUrista

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// tema de capa

p JaO

No século 19 os franceses cunharam o termo Japonism para descrever a crescente influência da arte japonesa, cultura e estética em suas congéneres europeias. Mais de 140 anos depois, uma nova onda de Japonism surgiu na música moderna. Desta vez, no entanto, as influências são bi-direcional: artistas japoneses estão a tomar influências estéticas do Ocidente, remodelandoos em algo distintamente japonês e enviá-los de volta para o Ocidente no que pode ser pensado como um ciclo de feedback estética.

Nos últimos anos, este ciclo de feedback tem se intensificado, com uma nova geração de músicos japoneses baseando-se nas incursões feitas pelos pioneiros antes deles. Meu fascínio com o Japão começou como uma criança, graças a programação de TV francês, ela própria uma estranha mutação, moderno da idéia de Japonism. Por mais de uma década a cultura e a estética japonesa foram sutilmente canalizada para nosso inconsciente via anime embalado como filhos da tarde TV.

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à p O a

seis nOvOs OUtBUrsts MUsicais

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Descobriu-se uma grande parte da minha geração em inadvertidos, Japanophiles ao longo da vida. Eu nunca conseguia dizer aqueles que perguntou por que, mas eu sempre soube que o Japão significou algo para mim que era muito mais do que a paixão juvenil simples.

para mim - do hino ‘ Kemuri ‘ do DJ Krush para DJ Klock no início dos anos 00s e, mais recentemente, o trabalho de Daisuke Tanabe.

A outra característica é mais abstrato : a incubação. Em muitos dos destacam-se obras de modernos produtores japoneses, você pode saber Depois de ter passado a maior parte de minha que eles tomaram algo do West - um padrão adolescência devorando mangá e anime, comecei rítmico, um modelo de arranjo - e internalia sentir um apelo semelhante para a música japozado lo antes de fazer ele próprio. Para mim, nesa. Tudo começou com os gostos de DJ Krush isso se traduz em uma dualidade estranha, onde e grande força na década de 90 e, em seguida, a música se sente ao mesmo tempo familiar e intensificou cerca de dez anos atrás, quando me estranho ao mesmo tempo. E isso me suga ainda deparei com partes da música nebuloso do país mais. Faixas como de Baku de ‘ Chikusatsu ‘, de graças metro para Soulseek. Desde então, tenho Quarta330 ‘Sunset Dub’ ou Goth Trad ‘Back To me envolvido regularmente com várias cenas japoChill’ tomar clara inspiração da estética ocidental nesas e artistas - que trabalham com, e tropos - hip hop experimental, dub, liberando música e turnê alguns dos grime - ainda torcer aqueles a um artistas citados e aqui apresentados. ponto em que você sabe o que está A incubação foi ouvindo, ao mesmo tempo sentir-se possível porque A unidade original por trás deste se fosse algo novo e emociotrabalho foi o meu fascínio acima artistas japoneses como nante. mencionado com o Japão, que lentapoderia tropeçar mente se transformou em um fascínio Durante muito tempo, essa qualiem cima de para o que eu sentia era uma qualidade também foi amarrado a um música ocidental isolamento geográfico e cultural do dade essencialmente japonês para a e consumi-lo com Japão. A idéia de incubação, como música que eu estava caçando : um ciclo de feedback estética bidirecional eu descrevi acima só foi possível pouco contexto entre o Oriente eo Ocidente. Como social e cultural. porque os artistas japoneses poderia descobri obscuros artistas eletrônicos e tropeçar em cima de música ocidental de hip-hop no início dos anos 00s - DJ Baku, Goth e consumi-lo com pouco contexto histórico ou Trad, Numb & Saidrum, Ono e DJ Klock - a idéia de cultural, algo que tem se tornado cada vez mais que toda a sua música tinha uma qualidade única raros como a internet quebrou fronteiras cultucomeçaram a surgir e eu lentamente comecei a ver rais e geográficas na era pós- Myspace. Isto levou suas raízes nas obras de Krush e outros. a mais copycats aparecendo mais rápido, felizmente qualidade sempre sobe ao topo. Se eu fosse para tentar identificar algumas características que definem esta qualidade estéDesde o final dos anos 00s uma nova onda de tica há dois que são, talvez, mais fácil de ouvir artistas japoneses continuam a sofrer mutações - mesmo se eles permanecem profundamente e evoluir neste novo Japonism, levando-o mais pessoal, entrelaçada com a minha própria, longe do que antes sonoramente, mas também complexa relação com o Japão. O primeiro é fisicamente. Durante os próximos sete páginas as melodias. Há algo sobre a maneira como os vou apresentar uma seleção de novos artistas que artistas japoneses tratam melodias, e as freqüêneu me sinto melhor representam a mais recente cias que colocá-los em, que apenas se destaca onda de este movimento.

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#01 daisUKe tanaBe Daisuke Tanabe é um dos artistas mais conhecidos nesta lista. Um aluno da edição da Red Bull Music Academy 2010, ele está liberado no de Tóquio circulações Records, Projeto Mooncircle de Berlim e Ki Registros de Colónia, abrangendo tudo, desde a torcida hip-hop ao electro sonhadora e olhos -down techno. Ele também remixou para Ninja Tune e BBE. Tanabe leva inspiração e influências de todo o cânone da música eletrônica, o trabalho particularmente mais experimental - se isso é ambiente ou picada -up mentalismo breakbeat. Ele passou anos aprimorando sua arte durante os 00s, mesmo passando o tempo em Londres, onde frequentou as noites CDR no Plastic People, um trampolim fundamental na sua carreira ao lado de RBMA. Depois de anos de experimentação privado começou oficialmente lançando na parte final dos 00s.

O seu álbum de estréia para Circulações, Before I Forget, foi quando eu realmente descobri -lo. A música havia uma fascinante mistura de sensibilidades eletrônicos e de hip-hop entrelaçados em composições feitas de camadas intrincados que convidamos você a se perder no som. Mais do que quaisquer outros artistas nesta lista Tanabe exemplifica essa característica melódica mencionei na introdução. A maneira como ele constrói e implanta melodias em suas músicas desafia normas aceitas, especialmente em termos de frequências, ainda se sente totalmente natural. Mais recentemente, ele se juntou com Kidkanevil do Reino Unido para o projeto Kidsuke, onde juntos o par encontrou um ponto ideal entre, hip- hop mente batidas baixo-pesado e infantil, melodias etéreas e tratamentos sônicos.

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#02 YOsi HOriKaWa A sua música e abordagem, Tanabe e Yossi Horikawa são espíritos afins. Ambos também acontece viver em Chiba, nos arredores da Grande Tóquio. Onde composições eletrônicas de Tanabe pode ser dura e fria, Horikawa imbui sua própria música com uma qualidade orgânica quente, um resultado direto de seu uso de sons encontrados como um bloco de construção musical primário. Horikawa começaram a fazer música com a idade de 12, inspirado no cover de KRS One The Return of the Boom Bap. Seguindo o exemplo do Blastmaster, ele usou um par de fones de ouvido para gravar sons de seu quarto e overdubbed estes em dois decks de cassetes. Assim nasceu abordagem exclusiva da Horikawa. Ele mudou-se para Tóquio no final da adolescência e começou a trabalhar em acústica arquitetônica, uma ocupação que continuou a alimentar o seu amor ea fascinação com o som. Ele primeiro me chamou a atenção em 2009/2010, quando Jay Scarlett ( de batida Dimensões fama ), Fulgeance e selo francês Eklektik começou a lançar e apoiar sua música. À medida que começamos a

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falar e ele me enviou mais música logo ficou claro que ele era um outro corte voz única para caber nesta tradição japonesa que eu me tornei obcecado com. A música de Horikawa é construído em minúcias ainda transcende essas complexidades, oferecendo todo universos sonoros em que para se perder. A música pode parecer mais adequado para fone de ouvido ou em casa ouvir no começo, mas não se deixe enganar : Eu vi ele definir pistas de dança no fogo com a mesma facilidade que um DJ tocando as últimas bangers. Em 2012 Horikawa foi escolhido para o Red Bull Music Academy, onde ele virou numerosos chefes, de seus colegas estudantes para professores e funcionários, incluindo Benji B. Desde então, ele assinou contrato com a primeira palavra de Registros de Londres para seu álbum de estréia - vapor, que caiu mais cedo este verão - e está prestes a embarcar em sua primeira grande turnê pela Europa a partir de finais de Agosto seguinte de aparições na Ásia e na Oceania.


#03 JealOUsgUY Ao contrário do que o nome pode levar a pensar, Jealousguy é na verdade uma produtora do sexo feminino a partir de Sapporo, a capital do norte da ilha de Hokkaido. Como eu acho que eu já mencionei antes, Sapporo Hokkaido e têm uma semelhança com Glasgow e na Escócia em termos de geografia e clima, mas também música. Nos últimos anos, a cidade tornou-se rapidamente um dos mais emocionantes pontos quentes do país. Sapporo também é lar de uma das hip hop e eletrônica padrinhos do Japão, ONO Jealousguy faz mais saltaram de hip- hop que você ouviu desde que chegou alta e descobriu Flying Lotus (ou Prefuse, ou Mo ‘ Wax para os chefes mais velhos entre nós ). Tão importante quanto, se não

mais, considerando o estado atual da música eletrônica ao vivo, ela faz e executa sua música totalmente ao vivo : sem relógio, sem grade, apenas suas duas mãos e os dois controladores de almofada.Ela tarted fazer música há dez anos, flertando com o lado eletrônico mais experimental de coisas no início lançando dois álbuns nos rótulos japoneses locais - antes de se estabelecer em seu sulco atual, onde os ritmos de hip-hop ancorar uma mistura louca de melodias, sons e baixo. Nos últimos anos, ela está aberta para os gostos de Four Tet, Ouro Panda e Low End Theory, e recentemente apareceu em um split 7“ com Daisuke Tanabe em culturas originais, bem como uma compilação de Hokkaido talento que destaque em nossa coluna julho Bandcamp.

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#04 BUdaMUnK Produtor de hip-hop Budamunk passou um tempo em Los Angeles antes de se mudar para Tóquio no final dos anos 00s. Como tal o seu trabalho se encaixa confortavelmente entre L.A da batida renascimento e amor de longa data do Japão de clássicos do hip-hop. Depois de ter passado o tempo de estabelecerse através de fitas de batida e projetos auto-lançado no Bandcamp, ele foi pego por usina japonesa Jazzy Esporte, onde ele está liberando para

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os últimos anos, saltando entre os projetos instrumentais e vocais apresentando pouco conhecido MCs americanos, como Joe Styles. Nos últimos dois anos ele também colabora com Mabanua como Green Butter, que vê o par saciar seu amor de batidas soltas e chaves quentes. Vi-os viver no Sonar Tóquio e eles provaram um dos destaques do fim de semana, jogando o tipo de embotadas, sulcos descontraídos seria geralmente associam com LA ou o lado mais soul de Detroit.


#05 HiMUrO YOsHiterU Himuro Yoshiteru é o mais velho da lista, com seu primeiro lançamento que remonta ao final dos anos 90 no Reino Unido interface rótulo Worm - também o lar de um alias de Squarepusher. Apesar de ter atuado por mais de uma década que ele se manteve surpreendentemente sob o radar, tanto em seu país de origem e no exterior, embora ele tenha recebido o apoio do falecido John Peel na BBC Radio 1. A música de Yoshiteru é difícil de definir. Desde que descobri -lo há cinco anos, a maior parte do seu trabalho tem sido sacado ao redor do ponto de encontro entre hip- hop e música de dança, desenho de selva, dubstep e rave para a energia e hip hop para balanço, sulcos e amostragem. Às vezes ele também joga em uma boa dose de edição e processamento na tradição IDM. O resultado é a música que às vezes pode se sentir muito grande - uma característica que ocorre muitas vezes com artistas japoneses - e ainda bate muito difícil.

Na minha introdução mencionei melodias e incubação de duas características fundamentais deste qualidade estética eu fui fascinado por e onde Tanabe melhor exemplifica o primeiro, Yoshiteru possui o último - muito parecido com outra cabeça japonês mais velho, Goth Trad. Quanto mais você ouvir a sua música, mais você pode dizer que se trata de alguém que está realmente feito a sua lição de casa e que passou muito tempo fazendo os sons que ele estava fascinado com a sua. Nos últimos anos Yoshiteru acumulou lançamentos por editoras japonesas Murder Channel e Oilworks, bem como a Research net etiqueta Quarto. Há um monte de sua música lá fora, mas vale a pena caçar e montando tudo por si mesmo.

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#06 Kan sanO Kan Sano é talvez melhor entendido como resposta do Japão para Dorian Concept - o que este homem pode fazer com teclas é seriamente impressionante. Eu descobri Sano após o rótulo Circulações pegou para um lançamento do álbum de estréia em 2011 Apesar de sair logo após o terremoto de 11 de março do álbum -. Intitulado Fantástico Farewell - conseguiu fazer um impacto no país e no exterior, colocando em Sano radares de muitas pessoas como um músico sério mal-cheiroso capaz de colmatar os mundos do jazz e hip hop com o mesmo tipo de facilidade, como alguns dos seus LA e europeus contemporâneos. Desde então Sano tem mantido ocupada, liberando uma série de EPs, singles e remixes em ambos os rótulos japoneses e europeus. Ele jogou por

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uma impressionante lista de artistas - incluindo do Mabanua banda (o mesmo que está agora a colaborar com Budamunk ) - e, recentemente, ele criou um novo projeto ao vivo sob o nome Bennetrhodes, com um álbum de estréia intitulado Sun Ya fora agora via runtStyle. Sano é um homem em uma missão. Onde Tanabe realmente se destaca na forma como ele torce idéias melódicas estabelecidas ao redor, Sano é igualmente poderoso por ficar dentro de abordagens melódicas mais tradicionais, enquanto o resto de suas composições assumir mais riscos, misturando sua experiência e compreensão de tradicional e moderno, leste e oeste. ¶


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Crystal Ship

The crystal ship is being filled, A thousand girls, a thousand thrills, A million ways to spend your time, When we get back, I'll drop a line. The Doors

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Revista de Artes e Cultura nº0, Abril 2014 €4.50 (portugal)

n.º0

aBril’14

JapÃO seis nOvOs OUtBUrsts cUltUrais

“i liKe tHe WaY YOU die, BOY.” tarantinO Kills

casa eM la rOMana vOlUMetria rectilÍnea QUase cUBista

Maria de MedeirOs as Múltiplas caras da arte

O preÇO da ágUa dispOnivÉl eM versÃO iMpressa e digital.

O negÓciO da necessidade Básica

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“i liKe tHe WaY YOU die, BOY.” tarantinO Kills Django Unchained é, entre muitas outras coisas durante o seu tempo de execução 165 minutos de lazer, uma vingança fantasia masculina adolescente sobre um shooter massa onipotente causando carnificina e dezenas de vítimas. Eu suspeito que o filme teria apelado profundamente ao falecido Adam Lanza.

Pode se pensar que isso não seria o melhor momento para um devaneio/banho de sangue quase cômico sobre um pistoleiro deadeye que dispara sempre em primeiro lugar e é imune aos milhares de balas disparadas para ele. Mas a recente desagrado em Sandy Hook, passou quase não mencionado nos hosanas críticas saudação Django... porque, veja você, o herói invulnerável é um atirador preto atirando pessoas más (ou seja, brancos do sul). Não é muito mais complicado do que isso. Por exemplo, no The New York Times, o erudito e bem-educado AO Scott declara Django :

...Um filme perturbador e importante sobre a escravidão e o racismo.

No Wall Street Journal, Joe Morgenstern elogia o mais recente shoot- ‘em-up de Quentin Tarantino como:

Descontroladamente extravagante, ferozmente violento, ridiculamente lúgubre e escandalosamente divertido, mas também, curiosamente, muito sobre a loucura perniciosa de racismo e, sim, horrores singulares da escravidão. De acordo com Tarantino lore, o ex- funcionário de vídeo -store é um disléxico com um QI de 160. É difícil não se divertir com a facilidade com que este semi -analfabeto secundário - evasão escolar engana intelectuais do século XXI. A razão Tarantino teve tempo para assistir a tantos filmes ruins é porque ele não gosta

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da palavra escrita. A maioria das pessoas de inteligência de Tarantino descobre que a leitura é uma forma maior largura de banda de descobrir sobre o mundo do que ver straightto--video dreck. Mas aprender a incapacidade do autor o deixou defensivamente orgulhoso que ele está mal informado sobre tudo o que não seja filmes. Por exemplo, o Django começa com o cartão de título“ 1858“, seguido pelos úteis explicação“ Dois anos antes da Guerra Civil.“ Presumivelmente, um dos yes-men de Tarantino finalmente cheguei a disse-lhe que a guerra civil começou em 1861 e não 1860. Mas Tarantino é um geek, não um nerd, então não mudou o roteiro só porque alguns Poindexter investigaram o tema na Wikipedia. Se o ano começou a Guerra Civil não foi mencionado no Mandingo, Quentin não quer saber.

Da mesma forma, a escravidão é um tema potencialmente fascinante, mas para ter algo interessante a dizer sobre isso exigiria Tarantino para ler um livro. E isso nunca ia acontecer. Tarantino pode não saber como se escreve, mas ele sabe como você é suposto a pensar:

Como você deve ter notado, Tarantino não é negro, judeu, ou mulher. Também não demonstrou muito interesse genuíno naqueles grupos de vítimas designadas. Em vez disso, os favoritos de Tarantino sempre foi difícil de cinema caras de meia-idade.

Um cínico poderia sugerir que o que realmente gosta de Tarantino é o abate. Ele está feliz de fazer (...) apenas em os detalhes de quem mata quem termos de quem? estar de acordo com os preconceitos vigentes, apenas contanto Quem? A única coisa que que ele consegue manter -se o nível importa mais é de que lado é de sangue. Todos Tarantino teve que que você está. fazer o crítico à prova de si mesmo é identificar as vacas sagradas do zeitAssim como Tarantino está geist (até agora, as mulheres, judeus sendo elogiado hoje para capacitar os negros, tendo-lhes matar e negros, mas não gays ) e tê-los massacre seus inimigos. (Algum dia os brancos, ele foi elogiado por nós pode ser tratado a um Tarancapacitar os judeus por tê-los tino ABC Afterschool especial sobre nazistas abate em Bastardos Inglórios e empoderamento das a praga de bullying em que Franco mulheres, tendo-lhes os homens Nero e versões CGI de David Carradine e Lee Van Cleef aparecer na de abate em Kill Bill. escola para tirar o lixo homofóbica.)

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A premissa do filme mais recente de Tarantino é que “jovem Django“, um escravo interpretado por 45-year- old Jamie Foxx, junta-se com o loquaz Christoph Waltz, 56 (mais uma vez pingando Gemütlichkeit antes que ele de repente armas toda a gente para baixo) para chutar branco bumbum. Em 2009, de Bastardos Inglórios, Waltz desempenhou um vilão nazista, enquanto que em Django que ele é um anti- escravidão mocinho vienense, mas ele é sempre o mesmo personagem, falante alter ego de Tarantino. De fato, judeus trama de vingança ‘ Basterds era essencialmente uma frente para permitir que Tarantino para saciar o seu fascínio com cinema nazista. O que teria sido assim, Quentin perguntou, se ele tivesse sido Goebbels a Hitler de Harvey Weinstein ?

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No Django, um semelhante vasta quantidade do diálogo é entregue a Waltz. Infelizmente, Teutonophilia de Tarantino não pode ficar muito tração em Django. Ele tem uma vaga noção de que, em 1858, Richard Wagner estava contemplando o ciclo de assim Anel esposa de Django é nomeado Broomhilda, mas não tem idéia do que Waltz deve fazer com isso. ( O excessivamente articulado Waltz seria mais adequado para jogar Wagner, mas o compositor nunca matou ninguém e viveu antes da invenção do cinema, por isso não olhar para Quentin para idéias cinebiografia.) Todas essas distrações deixar pobre Foxx com pouco a fazer senão atirar em pessoas brancas. Em 2013, é a violência arma preta Tarantino defende realmente um novo fenômeno tão fascinante ? Para as gerações agora, meios de comunicação americanos têm sido animadores negros tomar punição

severa. Estamos chegando em perto de meio século de brancos na mídia incitando badassery preto. Como é macho menestrel show de Tarantino trabalhar fora por homens negros, de qualquer maneira? De acordo com um relatório do governo 1967 patrocinado pelo Surgeon General, a taxa de homicídios preto começou a subir em 1962, depois de um longo declínio. Principalmente, porém, os brancos apenas sair do caminho e negros matam uns aos outros. O Federal Bureau of Justice Statistics informa que por 30 anos 1976-2005, havia 276 mil vítimas de homicídio afro-americanos, 94% deles assassinados por outros negros. Mas quem se importa cerca de um quarto de milhão de pessoas assassinadas negros? O que importa é branco sobre branco esforço status moral. E nessa guerra eterna, mesmo Quentin Tarantino é um recruta bem-vindo. ¶


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// #ttasb (things that are sliply beautiful)

O ESTRANHO ACORDA, TODOS OS DIAS, PRONTO PARA A BATALHA DA ADAPTAÇÃO. DEVE ENTENDER TUDO QUE ESPERAM, LUTANDO CONTRA A PRÓPRIA NATUREZA, E AGIR NOS CONFORMES. O DIFERENTE É EXALTADO PELA CULTURA, MAS SOMENTE QUANDO NÃO SUFICIENTE PARA CAUSAR DESCONFORTO. MUITOS INVESTEM NO PRÓPRIO DESTAQUE, INSISTINDO NA EXALTAÇÃO DE DESGASTADAS REBELDIAS, ENQUANTO O VERDADEIRO ESTRANHO SOFRE, DIA APÓS DIA, PELO DEVER SOCIAL DA AMENIZAÇÃO DE SUAS PARTICULARIDADES. PRONTAMENTE CLASSIFICADO COMO ARROGANTE, PRECONCEITUOSO E INTOLERANTE PELO SENSO CLARAMENTE HIPÓCRITA E COMUM, O ESTRANHO PERDURA, NORMALMENTE SOZINHO, INCAPAZ DE PROCESSAR O ÓBVIO E ESPERADO COMPORTAMENTO. ACEITAÇÃO E ENTENDIMENTO SÃO DEVERES SOMENTE IMPOSTOS PARA AS MINORIAS. OPRIMIDOS DEVEM ENTENDER E ABRAÇAR A DOMINÂNCIA, ACEITÁ-LA, COPIÁ-LA, LIMITANDO SUA EXPRESSÃO ATRAVÉS DO RECURSO QUE LHES É PERMITIDO: O SILÊNCIO. E PARA OS QUE ENTENDEM, QUE POSSAM UM DIA TER ORGULHO PARA DIZER: NÃO MAIS. ¶ JAREK KUBICKI

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Fatura da água Quem paga mais e quem paga menos? O gráfico ao lado permite visualizar os valores médios em euros das capitais de distrito referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água em 2013 e a comparação com os valores de 2009 (consulte a legenda 1). Nas duas silhuetas abaixo é visival geográficamente onde é que o preço da àgua é mais elevado (primeira silhueta e consulte a legenda 2) e onde se sofreu mais alterações desde 2009 (segunda silhueta e consulte a legenda 1).

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· Vila Real:

· Portal

· Viana do Cas 20

· Setú

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·É 10

legenda 1: alterações na media paga desde 2009.

5 legenda 2: visualização geográfica da média paga em 2013 até ao valor da quantia seguinte.

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· Aveiro: 33,38 30,73 · Guarda: 24,66

legre: 24,80

· Beja: 26,82

· Faro: 23,04

stelo: 21,41

úbal: 19,62

· Castelo Branco: 22,50 · Leiria: 21,37

· Porto: 20,51

· Coimbra: 20,23 · Santarém: 18,60

· Braga: 17,48

· Viseu: 15,62

Évora: 13,90

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Os que pagam mais. Total da fatura mensal.

Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água.

40,71 40.71 34.01

Loulé (Quinta do Lago)

Loulé (Quinta do Lobo)

Espinho

Fatura mensal repartida.

Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água. (despesas dispostas na seginte ordem: água, saneamento e resíduos.

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Loulé (Vale de Lobo)

Loulé (Quinta do Lago)

= 13,25

= 13,25

= 8,93

= 21,04

= 21,04

= 16,30

= 6,42

= 6,42

= 8,78

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Espinho


Os que pagam menos. Total da fatura mensal.

Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água.

2.53 Terras de Bouro

2.60 Penedono

3.30 Oleiros

Fatura mensal repartida.

Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água. (despesas dispostas na seginte ordem: água, saneamento e resíduos. Terras de Bouro

Penedono

Oleiros

= 1.50

= 1.03

= --

= 2.60

= --

= --

= 3.50

= --

= -Abril 2014 | n.0 |

55


25

Sardoal 20

20,05

Albufeira 19,15

15

10

5

6,05

6,30

Maiores Subidas Maiores Descidas

Dados em euros referentes à factura mensal para um consumo de 10 metros cúbicos de água (volores dispostos em comparação entre os valores de 2011 e de 2009.

4.35 5

10

Vila Nova de Paiva

legenda 3

Localidade

15

valor 2011 20

valor 2009 25

56

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10.52

5.40

9.90 Mora


Sernancelhe 18.11

Meda 17.10

S達o Jo達o da Pesqueira 7.22

6.55

6.77

2.50 2.53 3.76 Terra de Bouro

10.82

15.70 Moita

10.20

14.76 Mangualde

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// fotografia

BeleZa assOMBrOsa de lUgares aBandOnadOs A especialidade do fotógrafo Andre Govia é tornar lugares abandonados e assombrosos em ambientes incrivelmente belos. Ele é mestre em capturar mansões, parques, hospitais, asilos, hotéis ou qualquer outra coisa ou local que você possa imaginar e que esteja abandonado. A maioria das fotos mostram objetos encontrados no próprio local. Ele apenas move alguns deles para capturar uma melhor luz. Govia já explorou mais de 800 lugares abandonados na Europa. Ele não identifica os locais especificamente mas acredita que estes lugares precisam ter suas histórias reveladas. ¶ 58

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Todos nós temos interesse no desconhecido desde cedo. A curiosidade faz parte de nossa natureza�.

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Š Todos os Direitos Reservados a Andre Govia

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