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anos
O ganhaganha das feiras ecológicas
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Pág. central
AMPLIAÇÃO DO HPS
Desapropriações já foram
pagas, garante procuradora
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Tânia Meinerz
pagamento aos proprietários dos imóveis da avenida José Bonifácio, que serão desapropriados para ampliação do Hospital de Pronto Socorro, foi concluí�do em maio. A informação foi transmitida ao JÁ� pela procuradora Claudia Barcellos, Gerente de Aquisições Especiais da Procuradoria Geral do Municí�pio. O valor total pago pela desapropriação dos seis imóveis foi de R$ 4,7 milhões. Segundo a procuradora, a casa de número 745, onde funciona a Associação dos Servidores do HPS, é a única que está em processo de desapropriação judicial, mas o municí�pio já obteve a posse do imóvel por meio de liminar. Os demais imóveis foram adquiridos por meio de acordos com os proprietários. Leia mais na pág. 8
Não perca! Em seis encartes especiais o JÁ Bom Fim vai mapear o universo dos pequenos e micro-empreendedores cujos negócios movimentam os oito bairros onde circula o jornal Em Julho: Restaurantes Em Agosto: Medicina & Saúde
Redenção ganha novas câmeras Garanta seu espaço.
Saiba como na página 6
Serão 21 novas câmeras no parque, 12 instaladas Pág. 3 até setembro
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Nota do Editor
BOM FIM
URGENTE
Incentivos: governo diz uma coisa e faz outra Uma das causas intocadas da crise do governo estadual são as aposentadorias da alta burocracia, sem a correspondente contribuição. Outra são as isenções de impostos, a titulo de incentivar os investimentos. Ambas se perpetuam graças a capa de silêncio que as envolve. Esta nota distribuída pelo governo estadual dia 20 de maio é exemplar: “A primeira reunião de 2015 do Conselho Diretor do Fundo de Operação Empresa (Fundopem), aprovou 24 projetos de empresas, em 20 de maio. Os investimentos somam R$ 250 milhões, que devem gerar em oito anos cerca de 500 empregos diretos. Fábio Branco, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia presidiu a reunião. Conforme diretriz do governador José Ivo Sartori, o Estado trabalha para criar um ambiente favorável ao empreendedorismo. “A concessão de incentivos é um esforço do Governo para atrair e fortalecer as empresas. Assim, estimulamos a criação de empregos e renda, gerando resultados em diferentes regiões do Rio Grande do Sul”, destaca o titular da SDECT, lembrando que foram aprovados projetos de dez Coredes. “O Fundopem é uma das principais ferramentas indutoras para o crescimento do Estado de forma harmônica, sem precisarmos abrir mão de receita direta. Estamos nos utilizando de uma partilha potencial de receita futura”, detalha o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, que também integra o Conselho Diretor do Fundopem. Entre os projetos aprovados, um dos destaques é a John Deere Brasil Ltda, que pretende aplicar R$ 55 milhões na produção de colheitadeiras de pequeno porte em Horizontina e deve gerar 35 empregos em oito anos. No setor de alimentos, a Tondo S.A. investirá R$ 36 milhões na automação dos processos de embalamento e ampliação da unidade industrial em Caxias do Sul que produz farinhas, misturas para pães e bolos, massas e biscoitos. Do mesmo setor, a Camil Alimentos S.A. estima aplicar R$ 30 milhões em uma unidade industrial de grãos cozidos no município de Camaquã, com geração de 40 empregos diretos”. Nota da Redação: Quantos desses contratos (são milhares) são auditados para saber se os benefí�cios correspodem aos incentivos recebidos? Expediente O Jornal Já Bom Fim é uma publicação de Jornal Já Editora Editor: Elmar Bones Reportagem: Elmar Bones, Felipe Uhr e Matheus Chaparini Fotografia: Arquivo Jornal JÁ, PMPA, CMPA. Diagramação: Cabeças Fumegantes DG
Distribuição gratuita
Redação: Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro Histórico CEP 90020-025 - Porto Alegre / RS Edição fechada às 18h do dia 31/05/2015 Contatos: (51) 3330-7272 www.jornalja.com.br jornaljaeditora@gmail.com jornaljaeditora jornal_ja
Vândalos Policiamento Regularizado o policiamento, as ocorrências de violência na Redenção foram a zero. Prova de que a questão de segurança no Parque tem mais a ver com policiamento ostensivo do que com cercamento...
Iluminação
Parece coisa feita: prefeitura vai para a terceira tentativa de concluir o projeto de iluminação do parque. As duas vencedoras da licitação chamadas até agora não deram conta do recado. Ainda falta mais de metade da obra. Enquanto isso, no parque Moinhos de Vento, está bombando à noite, com a nova iluminação.
Sem motivos aparentes, foram incendiados os quiosques da Kibon e da Nestlé instalados no parque. Aparentemente, é puro vandalismo. Mas pode também ser disputa comercial... quem vai investigar?
Baltimore
As duas mega-salas no térreo do novo Baltimore continuam vazias. Os boatos são muitos, mas até agora nada se confirmou. Será um banco? Ou uma imobiliária? Um cinema, certamente não...
em www.jornalja.com.br LEIA MAIS Concessão de parques recebe críticas Foi recebido com vaias e gritos, o discurso do diretor de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente, Gabriel Ritter, que representou o governo estadual na audiência pública, na Assembleia Legislativa. O tema era a concessão de áreas públicas ambientais ao setor privado. Ritter apresentou o projeto do governo de conceder à iniciativa privada a exploração comercial de parques ecológicos (como o de Sapucaias do Sul) e de reservas ambientais (como Itapoã). A proposta não agradou à audiência composta de funcionários da Fundação Zoobotânica e outros servidores dos demais parques além de ambientalistas e ativistas presentes na sessão. A Secretaria do Meio Ambiente do RS, Ana Pellini não compareceu.
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Redenção ganha
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novas câmeras Serão 21 novas câmeras no parque, 12 instaladas até setembro
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uando setembro vier, a Redenção terá 12 novas câmeras de ví�deo para reforçar a segurança do parque. As obras já começaram e as primeiras câmeras estão sendo instaladas no lado da avenida João Pessoa. Até o final do projeto instalarão 21 novas câmeras, que somadas às seis já existente cobrem uma boa área do parque.
O valor do projeto é de R$ 1,7 milhões, financiados pelo Badesul e inclui outras nove câmeras no Marinha do Brasil. O secretário de Segurança do Municí�pio, José Freitas, pondera que não se trata de um “cercamento eletrônico da Redenção”, como tem sido falado. “Quando se fala em cercamento eletrônico, todos os pontos tem que ser visualizados, o que não é o caso. Então é uma ampliação do número de câmeras”, diz ele. O monitoramento das imagens é feito pelo Centro Integrado de Comando (CEIC) e pelo Centro de Operações da Guarda Municipal (COGM).
Para garantir melhor visibilidade, a prefeitura está investindo também na iluminação dos parques e no levantamento das copas das árvores. Além disso, a Redenção, prioridade da secretaria, agora conta com uma patrulha 24h da Guarda Municipal. O secretário considera que este investimento é suficiente e que o cercamento fí�sico do parque não é necessário, além do que, se tornaria um transtorno para os frequentadores. “Fora isso, no horário de fechar os portões tem que fazer uma varredura e é muito fácil uma pessoa se esconder nas copas das ár-
Monumentoao Expedicionário já tem duas câmeras, uma estragada
vores. Então eu particularmente sou contra o cercamento fí�sico.” A ideia de ampliar o monitoramento dos parques já é antiga. No final de 2012,
por um erro da prefeitura, Porto Alegre perdeu acesso a um recurso do Ministério da Justiça que seria destinado a este projeto, orçado à época em 780 mil.
4 Fotos: Matheus Chaparini
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O avanço é lento mas consistente. Já são seis bairros com espaço para produtores que cultivam sem adubos químicos e venenos
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Matheus Chaparini
entamente, as feiras ecológicas ganham espaço em Porto Alegre. Já são seis feiras, nos bairros Bom Fim, Tristeza, Três Figueiras, Petrópolis e duas no Menino Deus. A mais recente é a de Petrópolis, que ocorre às quartas na praça Ruy Teixeira. Claudia Ache é do Centro Agrí�cola Demonstrativo da SMIC, ela participa do conselho das feiras e trabalha na certificação de produtos processados. Ela afirma que as feiras estão se expandindo. “A tendência é o crescimento das feiras, à medida que a gente tem mais produtores no interior e um consumidor mais atento, procurando. É� um produto de qualidade com um preço muito mais baixo do que chega nos supermercados“. Já existe uma solicitação dos moradores do bairro Auxiliadora para a criação de uma nova feira. Geralmente, quem solicita a criação de uma fei-
ra é a comunidade, através da associação de moradores do bairro. Entretanto, outras entidades da sociedade civil podem fazer a solicitação. A feira de Petrópolis, por exemplo, foi criada a pedido do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Alguns produtores já comercializavam seus produtos dentro do Simers, o espaço ficou pequeno e o sindicato solicitou um local maior, onde a feira pudesse ocorrer aberta ao grande público.
Representatividade
A SMIC recebe o pedido e consulta o Conselho de Feiras Ecológicas para verificar se existe demanda e produtores interessados para uma nova feira. O conselho é formado por representantes dos feirantes, dos consumidores e do poder público. Os feirantes escolhem seus representantes através de eleições, sendo um eleito para cada dez alvarás. Na última semana foram votados os representantes para o perí�odo de 2015 a 2017, os resultados
Feiras estimulam o associativismo entre produtores
O ganha-gan
feiras ecoló serão divulgados no dia 25 de Junho. Para Claudia, a maior importância do conselho é manter o caráter de estí�mulo das feiras. “Estí�mular o consumidor a entender a importância dessa alimentação e o produtor a partir para uma produção orgânica.” Ela reforça também que as feiras cumprem o papel de criar pontos de venda direta ao consumidor final, já que o produtor orgânico tem pouca possibi-
lidade de entrar no mercado tradicional. “Além disso, as feiras estimulam o associativismo, a organização dos produtores, porque para participar das feiras eles tem que fazer parte de algum grupo”, conclui Claudia. Na grande maioria das bancas são os produtores que vendem diretamente para o público. Fabiane Galli é representante dos consumidores da feira de quarta do Menino Deus, ela considera esse um
aspecto importante pois cria uma relação de confiança. “Nao é uma relação anônima que nem quando tu compra alguma coisa no supermercado.” Para ela, os alimentos sem agrotóxicos são promotes de saúde e bem-estar. “Desde a gestação da minha filha mais velha, que tá com nove anos, que eu sou consumidora e eu precebo que a gente ganha muito em qualidade de vida. As pessoas acham que feira ecológica é mais cara, mas pe-
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Bom Fim,
a maior e mais antiga
Onde e quando Quarta-feira MENINO DEUS das 13 às 19h Av. Getúlio Vargas (no pátio da Secretaria Estadual da Agricultura) PETRÓPOLIS das 13 às 18h Rua General Tibúrcio, parte lateral da praça Ruy Teixeira.
Sábado TRISTEZA das 7h às 12h30 Av. Otto Niemeyer esquina com a Av. Wenceslau Escobar BOM FIM das 7h às 12h30 Av. José Bonifácio, 675 MENINO DEUS das 7h às 12h30 Av. Getúlio Vargas (no pátio da Secretaria Estadual da Agricultura) TRÊS FIGUEIRAS das 8h às 13h Rua Cel. Armando Assis, ao lado da praça Desembargador La Hire Guerra
nha das
lógicas los benefí�cios que a gente tem, se for levar na ponta do lápis a gente ta ganhando muito”.
Mão de obra
O casal José Mariano Matias, o “Jalo”, e Marinês Riva são dos feirantes mais antigos. Há 21 anos eles frequentam a feira da José Bonifácio e há 18 passaram a vender também nas quartas feiras no Menino Deus. Marinês explica que produzir orgânicos
foi um processo natural. “Há 30 anos atrás só se trabalhava com orgânico. A gente não tinha acesso a esses adubos quí�micos, esses venenos.” A famí�lia vive em Eldorado do Sul, onde planta hortaliças. Em uma área de dois hectares, eles colhem 300 caixas por semana somente para as feiras. O excedente da produção é todo vendido para a merenda escolar do municí�pio. Além das hortaliças, a famí�lia produz também arroz orgâni-
co. A mão de obra é toda familiar, são seis pessoas e nenhuma máquina: todo o processo é feito manualmente, do preparo da terra até a colheita. Jalo conta que quando a famí�lia se mudou para Eldorado do Sul, há 23 anos, os agricultores vizinhos desdenhavam da produção orgânica. “Na época diziam que a gente era louco, plantar com bosta de vaca, com palha. Hoje, os que nos diziam loucos estão lá plantando arroz, estão engrenando na produção, que foi valorizada. Quem produz arroz orgânico e entrega na merenda escolar tem um acréscimo de 30% no valor.” Fabiane se tornou consumidora de orgânicos em função de oferecer uma alimentação saudável aos filhos, com as feiras, essa relação se aprofundou. “A gente faz amigos, faz relações de confiança, as crianças vem, brincam e já se alimentam de coisas gostosas e saudaveis, é um ganha-ganha pra todos nós.”
A feira da José Bonifácio, aos sábados pela manhã, é a maior e mais antiga da capital. A feira acontece desde 1989 e hoje conta com mais de 100 feirantes. Francisco Siliprandi é frequentador assí�duo da feira do Bom Fim. Todos os sábados ele pega a bicicleta e a mochila e vai do Jardim Botânico até o Bom Fim. Ao meio dia a mochila já está cheia: batata, tomate, brocólis, banana, couve-flor e até um sabão, feito com óleo reaproveitado. “Eu vou até a ponta e volto, escolhendo os produtos e pesquisando os preços. À� s vezes algum produtor teve uma safra muito boa de algum produto e pode dar uma diferença grande no valor. E cada produto tem seu ponto certo. Por exemplo o maracujá, se não estiver bem murcho, ele pesa mais, acaba ficando mais caro.” Além de possibilitar acesso a uma alimentação saudável, as feiras promovem a socialização. Enquanto conversei
Feirinha da José Bonifácio: a mais antiga
com Francisco, ele cumprimnentou diversos produtores e consumidores, amigos feitos na feira. “Eu vou começar a montar turmas e fazer visitas guiadas”, brinca. Lorita Rossi foi uma das primeiras a chegar. Ela conta que quando começou a comercializar seus chás na José Bonifácio a feira era mensal. “Quando eu cheguei, eram seis, sete feirantes só. Nós nos conhecí�amos bem, conhecí�amos as famí�lias.” Nesses 26 anos, a feira cresceu e se diversificou, o mesmo aconteceu com a banca do Sí�tio Apiquários. “O impulso foi do consumidor, que nos pedia outras coisas. Nós tí�nhamos apenas 20 variedades, que eram as mais conhecidas. Hoje a gente trabalha com cerca de 120 espécies.” Apesar de comercializar os chás em alguns pontos de revenda na capital e na serra, Lorita afirma que a feira é o principal negócio: “Nosso trabalho é abastecer a feira, nós vivemos em função da feira”
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Economia criativa
Miguel Tostes atrai
polo de negócios Silvia Pont
Rua residencial, na confluência de três bairros, vai aos poucos mudando seu perfil
Olimpíadas para bicicletas reuniu cicilstas de vários Estados Fotos: Matheus Chaparini
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ouco carro, muito passarinho, calçadas largas e arborizadas. Assim é a rua Miguel Tostes e são essas caracterí�sticas que vêm atraindo um novo perfil de comércio para a rua. São empreendedores jovens, com ideias novas e vontade de fazer algo diferente. Somente na quadra entre a Cabral e a Protásio, abriram duas lojas de roupa, duas academias de pilates, um pub, um bici-café, uma escola de teatro e diversos points menores. Sem contar a Casa de Cinema e o Guitar Garage, moradores mais antigos. Silvia Pont é sócia da Vulp Bici Café, ela conta o que pesou na hora de escolher o ponto. “Não é uma rua de rota, não passa muito carro. Tu chega e tem passarinho, a calçada também é larga, dá para colocar bicicletário.” Depois de um ano e meio na Miguel Tostes, ficou difí�cil conciliar as atividade na sala de 60m² e a Vulp se mudou, em maio deste ano, para a rua Bento Figueiredo. “A gente só se mudou por questão de espaço mesmo, porque aquela rua é incrí�vel. Eu adorava estar na Miguel, sentir o clima”. No local onde funcionava a Vulp, deve abrir uma loja de bolos artesanais.
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Eventos na rua
Moradora da Miguel desde 2000, a produtora cultural Ivania Kunzler percebe uma grande mudança no cotidiano da rua, sobretudo nos últimos 5 anos. “Quando eu cheguei aqui era uma rua de classe media baixa, os vizinhos se conheciam, as crianças brincavam na rua. Com o tempo foi crescendo: primeiro a academia de pilates, depois o La Estación, aí� abriu a Pandorga, que mudou bastante o perfil da rua.” Essa movimentação fez surgirem eventos de rua. Os comerciantes somam ideias e esforços e organizam festas, como o Natal da Miguel, no ano passado. Outro exemplo, em novembro do mesmo ano, foi a realização das Fixolimpí�adas - evento com diversas competições para bicicletas de roda fixa - que reuniu ciclistas de
Oster, da Grouvaholic:”A rua...
diversas partes do Brasil. Por ser uma quadra pouco movimentada, onde não passa ônibus, não é muito difí�cil obter uma autorização para fechá-la para os eventos. E a vizinhança aprova. “É� bem bonito porque tem um conví�vio com a rua, é bem na frente da minha casa as vezes eu sento da varanda só pra ficar olhando”, aprova Ivânia. A união dos comerciantes favorece também a segurança da rua. Silvia Pont recorda
...mais cult de Porto Alegre”
que no segundo semestre de 2013 aconteceu uma onda de assaltos na rua. Os comerciantes fizeram reuniões para discutir providências e cobrar da prefeitura mais iluminação.
Vontade de criar
Subindo mais um pouco, próximo à esquina com a Castro Alves, surge outro polo de empreendimentos. Alguns bares, uma hamburgueria, uma produtora
de cinema e a mais nova habitante da rua: a Groovaholic, loja de discos, bar e café, inaugurada em março. A ideia era construir um conceito único, englobando entretenimento, música e um espaço de conví�vio e encontros, como explica Juliano Oster, um dos sócios: “Só abrir uma lojinha, no formato tradicional, era uma ideia que me incomodava um pouco. Não adianta ficar dentro caixinha, tem
que sair, tem que agregar mais funções, tornar a experiência mais agradável ao consumidor. A pessoa procura a experiência, não só o produto.” A vontade de criar algo novo, para além do formato tradicional é a caracterí�stica que permeia estes novos estabelecimentos. É� essa também a ideia da Vulp, que já mesclava em um mesmo espaço café, loja, almoço e uma oficina de bicicletas comunitária, e hoje abriga também a sede da empresa de entregas Pedal Express e o atelier de costura da Eleven Bags, que fabrica bolsas e acessórios voltados para ciclistas. “A gente sentiu necessidade de ter um espaço voltado para o ciclista urbano em Porto Alegre. Uma espécie de um ponto de encontro, onde a pessoa pudesse chegar e ter um bicicletário, um bomba pra encher seu pneu, uma chave 15 para apertar sua roda e também encontrar produtos, tomar um cafezinho.” Juliano conta que já conhecia o pessoal da Pandorga e que esse clima de parceria entre estabelecimentos foi um dos motivos da escolha do local. Além da localização privilegiada pelo acesso a vários bairros. “Muita gente fala sobre ser a nova rua mais cult de porto alegre, por ter vários negócios bacanas, cool, e com uma pegada diferente, que vai enriquecendo a rua.” O músico Solon Fishbone é proprietário da Guitar Garage e contribui com sua arte nos eventos da rua. Na inauguração da Groovaholic, Solon apresentou uma exposição de guitarras da marca própria da loja, além de já ter tocado lá sozinho e com sua banda a Gruvorama. A tendência é expandir. Oster diz que já existe a ideia de fazer um evento maior, envolvendo toda a Miguel Tostes, de cima até embaixo. “Uma amiga veio descrever um evento que ela viu no Canadá e achou incrí�vel e era exatamente a ideia que a gente queria fazer aqui, que é fechar a rua não só com barracas de comida, mas de qualquer coisa relacionada à arte, vestuário, cerveja artesanal e também colocar uma programação musical”.
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Unicred ocupa a casa do Torreão Tânia Meinerz
O casarão está em obras para receber novos ocupantes ainda este ano
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famoso casarão amarelo da esquina das ruas Santa Terezinha e Venâncio Aires vai ter novos habitantes a partir de agosto. A casa está em reforma para se tornar sede da Unicred, instituição financeira ligada à Unimed, que já ocupa diversos imóveis nas duas ruas. A construtora Obra Pronta e o arquiteto responsável pela obra preferem não falar sobre o assunto. O setor de marketing da empresa estaria preparando uma ação surpresa para o lançamento da nova sede. Atualmente a Unicred Porto Alegre funciona na mesma quadra da Venâncio. Vários moradores que passam pelo local ficam curiosos quanto ao futuro da casa, que pertence à igreja Santa Teresinha e foi alugada pelo perí�odo de cinco anos. A igreja adquiriu o casarão através de uma doação em testamento da antiga proprietária, Hebe Casses
Casa pertence à paróquia da Santa Teresinha
Trindade, falecida em 2003. À� época, os herdeiros naturais tentaram anular o testamento. Após uma disputa judicial que durou seis anos, a Justiça determinou a valida-
circula em julho
de do testamento e o imóvel ficou para a Igreja. No ano passado, a casa serviu de comitê de campanha do PT, durante as eleições e desde então está desocupada.
Em seis encartes especiais o JÁ Bom Fim vai mapear o universo dos pequenos e micro-empreendedores cujos negócios movimentam os oito bairros onde circula o jornal
restaurantes Mais de 70 restaurantes, que servem mais de 12 mil refeições por dia atendem ao público nessa importante região da cidade. É um mercado que movimenta mais de
R$ 60 milhões por ano e emprega mais de mil pessoas. Sem nenhum incentivo.
ANUNCIE (51)
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8 DESAPROPRIAÇÕES NA JOSÉ BONIFÁCIO b o m f i m
Junho de 2015 (continuação da capa)
Negócios que funcionam nos imóveis desopropriados vivem incerteza
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Coletânea Pub Café, a Estética Moyya e a Clí�nica Ser seguem em funcionamento nos imóveis desapropriados, sem saber até quando. Os comerciantes reclamam da falta de informações. Eles não sabem o que vai acontecer. O proprietário do café Coletânea, Seumar Carlos Gehrart, por exemplo. Na incerteza, ele interrompeu a obra de ampliação que já havia iniciado. “Eu tinha
que trocar o piso, mas não vou mexer em mais nada. Como é que tu vai investir, se de repente ter que sair?”, questiona. Simone Krass Borges, da Estética Moyya também reclama da falta de informações. Ela já prepara a mudança de endereço. Diz que já foi adquirido outro ponto, na avenida Venancio Aires, que está em reforma. “Não posso ficar esperando a casa cair”, afirma. Os proprietários dos imóveis procurados pelo JÁ� não quiseram se manifestar.
Patrícia Marini
Locatários não foram avisados
Locatários reclamam da falta de informação