Jornal JÁ Bom Fim - Julho de 2015

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ENCARTE

Guia dos restaurantes do bairro e arredores

Julho de 2015

Pág. central

Redenção segue às

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s usuários do Parque Farroupilha seguem convivendo com a insegurança. As obras de iluminação estão atrasadas e a instalação das câmeras de vigilância, ainda nem começou. A primeira fase da reforma da iluminação, no trecho entre o eixo central e a avenida João Pessoa, foi concluí�­da no iní�cio deste ano. Depois disso a obra parou. A prefeitura teve rescindir o contrato com a empresa ganhadora da licitação, a Lumi, de Curitiba. A Lumi, na verdade, tinha sub-contratado a empresa Cristel, terceira colocada na licitação, para fazer a obra. É� essa empresa, a Cristel, que agora está contratada para concluir o serviço. Tem que abrir 5 quilômetros de valeta para instalar os cabos subterrâneos. O projeto, de 1,5 milhão prevê a instalação de 512

Matheus Chaparini

escuras e sem câmeras

Operários trabalham na instalação do duto por onde passará a fiação da nova iluminação e, futuramente, o cabeamento das câmeras

rugby? É com o Charrua Págs. 4 a 6

pontos de luz no parque. Por enquanto, mais das metade dos 37,5 hectares seguem às escuras. As obras tiveram iní�cio em novembro do ano passado e deveriam estar concluí�das desde abril, mas até agora somente 30% foi entregue. A Cristel retomou as obras no dia 1º deste mês e a previsão da Smov é de 60 dias, mas os operários no local prevêem pelo menos mais 90 dias de trabalho. A instalação das câmeras de vigilância ainda não começou. Ao total serão 21 câmeras no parque, na primeira fase, serão colocadas 12 no trecho onde já há iluminação. Os equipamentos de vigilância dependem das obras de iluminação pois os cabos subterraneos aproveitam as mesma valetas. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança, a instalação deve começar ainda este mês para ser entregue até o final de agosto.

desapropriações

Clínica deixa a José Bonifácio Pág. 7


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Um golpe no ar

BOM FIM

URGENTE

Maria Lucia Strappazzon

Nota do Editor Um noticiário superficial e mal intencionado dissemina o sentimento de que a solução para a crise política que o Brasil vive seria a queda da presidente Dilma Rousseff.

Em seu lugar, assumiria, interinamente, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para convocar novas eleições, para eleger um novo governo respaldado pela opinião pública. Que a oposição faça esse discurso, principalmente a parte menos responsável e mais eleitoreira da oposição, faz parte do jogo. Mas ver os grandes veículos de mídia encamparem uma tese dessas é assustador. Dilma não é Jango, nem Collor. Jango por suas vacilações perdera a confiança até de aliados mais próximos. Collor, eleito por uma frente oportunista turbinada pela mídia, não tinha base política para resistir. Não é o caso de Dilma. Embora ela esteja fragilizada, com a popularidade em baixa, com seu partido acuado por acusações de corrupção, ela ainda é a expressão eleitoral de forças sociais amplas e organizadas e não consta que tenha, até o momento, sido abandonada por elas. Em vez de tranquilidade, a derrubada da presidente, poderá resultar numa instabilidade sem precedentes e pode desencadear uma sucessão de crises, que ninguém pode prever onde vai acabar. O país tem problemas, a crise é real e crescente e a presidente parece perdida diante do quadro de instabilidade. Mas forçar sua saída agora é golpe e golpe a gente já viu: sabe-se como começa, não se sabe como termina.

A Casa do Torreão, na esquina da Ve n â n c i o Aires com a Santa Terezinha, está quase pronta. O imóvel foi todo reformado para receber a Unicred, braço financeiro da Unimed. A obra já está em fase de acabamento e no começo de agosto a empresa deve se instalar no casarão.

Pelo meio da rua A Praça João Paulo I, na rua Jerônimo de Ornellas, está tomando forma. Já foram instalados os bancos e parte dos brinquedos infantis. Entretanto, a reforma da calçada ainda atrapalha a passagem dos pedestres, que precisam desviar pelo meio da rua.

Respeito às diferenças

O espetáculo “Crionças - para fundar um novo mundo!” encerra temporada itinerante no próximo domingo, dia 12, na Redenção. A trupe trata com humor e poesia os temas pertinentes a todas as idades como o respeito às diferenças, a incessante busca pela felicidade, os medos e as amizades. A apresentação acontece ao meio dia, próximo à Igreja Santa Terezinha.

Poemas no Parque

Neste domingo, 12 de julho, acontece na Redenção a 4ª edição do Piquenique Poético. O evento convida o público a compartilhar poemas, autorais ou não. Quase 3 mil pessoas já confirmaram presença pelo facebook.

Trem Elétrico

Está certa a volta do trenzinho que vai percorrer a Redenção. A empresa que vai explorar o negócio já foi escolhida. Será um veí�culo elétrico, silencioso e não poluente.

Divulgação

Segundo essa interpretação primária e perigosa, a presidente poderia ser enquadrada em crime de responsabilidade pelo judiciário e, em seguida, cassada pelo congresso, num processo de impeachment.

Casa do Torreão Tânia Meinerz

Livros do Scliar

O projeto ImaginaCid está distribuindo livros de Moacyr Scliar. A iniciativa é dos alunos da professora Denise, da turma do ní�vel IV do Centro Integrado de Desenvolvimento. Em frente à escola, no número 553 da Fernandes Vieira, há uma caixa para pegar ou deixar livros. Tem algum livro do Scliar para compartilhar? Passa lá!

Expediente O Jornal Já Bom Fim é uma publicação de Jornal Já Editora Editor: Elmar Bones Reportagem: Elmar Bones, Felipe Uhr e Matheus Chaparini Fotografia: Arquivo Jornal JÁ, PMPA,CMPA. Comercial: Matheus Dias

Redação: Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro Histórico CEP 90020-025 - Porto Alegre / RS

Revista

Edição fechada às 18h do dia 8 de julho de 2015

Já História.

Contatos: (51) 3330-7272 www.jornalja.com.br jornaljaeditora@gmail.com

Diagramação: Cabeças Fumegantes DG

jornaljaeditora

Distribuição gratuita

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Em julho, nas bancas


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LEIA MAIS

em

Avenida reabre com atividades gratuitas

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www.jornalja.com.br

Cercamento da redenção Divulgação Fadergs

Em reforma desde abril, o prédio do antigo Cine Avenida, agora atual sede da Fadergs (Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul), reabriu, no dia 28, com uma série de atividades gratuitas para a população. As atividades marcaram o retorno do prédio histórico, agora restaurado com suas caracterí�sticas originais de 1920, que se tornou um marco para o bairro Cidade Baixa. “Percebemos que muitos moradores estavam curiosos para visitar o prédio e decidimos fazer um evento para reunir alunos, pessoas do bairro e público em geral”, afirma a diretora acadêmica da Fadergs, Sara Pedrini Martins.

Matheus Chaparini

Dúvidas antes do plebiscito Já está no Tribunal Regional Eleitoral, desde 2 de julho, o projeto do plebiscito sobre o cercamento do parque da Redenção. O plebiscito, a ser feito junto com as eleições municipais do ano que vem, foi a aprovado no final de abril pela Camara de Vereadores. O TRE vai analisar para ver como vai ser feita à consulta à população. Ainda não se sabe nem a pergunta que será feita. O que se sabe é que a resposta deve se limitar ao sim ou não. Mas há também outras dúvidas. Hoje, não se sabe que tipo de cercamento será feito, quantas entradas

irá ter, também não sabe horário de funcionamento do parque, além de como funcionará a manutenção e monitoramento do parque e também quem pagará essa conta. Para vereador Nereu D’Á�vila, autor do projeto, não há problemas que o financiamento seja feito pela iniciativa privada através de uma parceria ou concessão. O Conselho de Usuários do parque já firmou posição, segundo Roberto Jakubascko, um dos lí�deres: “ Se é preciso cerca pra termos segurança, vamos cerar a cidade novamente então” declarou.

Três mil no “Arraial do Bom Fim” Uma festa junina com quentão, comidas e brincadeiras ao longo de um domingo, com gente de todas as idades. Assim foi o Arraial do Bom Fim na praça Berta Starosta, Vasco da Gama e Ramiro Barcelos. Três mil pessoas passaram pela festa, segundo os organizadores, da empresa Splash Ink, que trabalha com estampas digitais. A empresa solicitou o uso do espaço com a Prefeitura, que cedeu os banheiros quí�micos e fechou a rua. O restaurante El Tonel, emprestou a energia elétrica. A revitalização foi bancada pela Pavei Construtora, como contrapartida pelo uso da área, durante quase dois anos. Hoje a Berta Starosta conta com academia para a terceira idade, brinquedos com acessibilidade para cadeirantes e iluminação noturna.


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Um homem puxa o coro: “É um, é dois, é três:” A equipe responde em uníssono: “NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA! CHARRUA! CHARRUA! CHARRUA!” A bola oval rodopia pelo ar, perseguida pelo jogador de camiseta tricolor. Ela mal toca no

chão, o atacante pega e, com a bola protegida arranca, não mais que cinco passos, é derrubado por uma trombada do adversário. O corpo fica estendido no chão. Falta? Não mesmo. Bola pra trás, segue o jogo. O rugby não é um esporte para molengas.

Rugby é com

Charrua

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Matheus Chaparini

undado em junho de 2001, o Charrua é o mais antigo time de rugby do Rio Grande do Sul. Suas cores: vermelho, azul e branco. Todas as terças e quintas pode-se vê-lo treinando no campo de futebol do estádio Ramiro Souto, dentro do Parque Farroupilha. Nesses dias, das 22h em diante, o Ramirão é do Charrua. Nos sábados, o treino é na Sociedade Hí�pica, sede oficial do Charrua desde o começo de 2014. Lá a equipe dispõe de um campo de rugby demarcado e com o H. Atualmente o Charrua Rugby Clube tem cerca de 120 associados, segundo o presidente Rodrigo dos Reis. Além das equipes de rugby adulto masculino e feminino, o clube conta com as categorias infantil, juvenil e formativa (iniciante para adultos) para homens e juvenil para mulheres. Cada categoria conta com um treinador, um preparador fí�sico e um manager, que auxilia o treinador nas viagens e partidas. Rodrigo explica que o clube funciona de forma indepen-

Com 120 sócios, o Charrua Rugby Club prega o respeito ao adversário dente. “O clube hoje é autônomo, funciona só com a sua renda: mensalidade, venda de produtos licenciados, eventos… Somos auto-suficientes, com 100% de mão de obra voluntária. Não existe nenhum profissional remunerado no Charrua.” Rodrigo é um dos fundadores. Foi eleito presidente em dezembro de 2013 para uma gestão de dois anos. Parou de jogar há cerca de dois anos, o que atribui à disciplina fí�sica

O Rugby

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necessária para a prática do esporte. “Não basta tu querer o rugby, ele tem que te receber. E não só fisicamente. É� um esporte de valores morais muito rí�gidos: hierarquia, espí�rito de equipe, respeito, integridade, lealdade, são coisas marcantes no rugby.” Segundo Rodrigo, um dos princí�pios do Charrua é que o rugby é para todos. “Se o cara não é fisicamente o mais preparado e não se sente à vontade jogando, talvez ele vá se sen-

O Rugby Union (existe também o Rugby League, com outras regras) se divide em duas categorias: em uma delas são 15 atletas para cada lado - o Rugby XV - na outra, são sete conhecida como Sevens.

tir à vontade fazendo alguma outra coisa, vai ser manager, vai assar o churrasco do terceiro tempo… Chegaram a te falar o que é o terceiro tempo?” O terceiro tempo é a confraternização tradicional que ocorre entre as equipes após os dois tempos de batalha. Os atletas interagem, cantam suas músicas e o dono da casa oferece ao visitante comida e bebida. Ismael Arenhart também é dos fundadores, já foi o camisa 2 da equipe e hoje é preparador fí�sico do masculino. Para ele, a função do terceiro tempo tem a ver com o caráter amador do esporte, que só se profissionalizou em 1995.

Joga-se com os pés e com as mãos, utilizando uma bola oval. O objetivo principal é cruzar a linha de fundo do campo adversário e encostar a bola no chão, o chamado try, que vale 5 pontos e dá direito a uma conversão, que é um chute de dois pontos. A outra forma de pontuar é através de um chute de três pontos, que pode ser dado durante o jogo ou na cobrança de um penal. Utilizar as pernas para derrubar o adversário ou fazer o takle (abordagem para derrubar)

acima da linha do ombro são exemplos de infrações graves. Os passes só podem ser dados para o lado e para trás, a bola só avança conduzida por um atleta ou através de um chute, que só pode ser recebido por quem chutou ou por um atleta vindo de trás da linha do chute. Passar a bola pra frente resulta em um scrum, quando os oito forwards de cada lado agachados formam um bloco para disputar uma bola arremessada no centro. Outra formação é o line, cobrança de lateral, onde as duas equipes colocam seus

“Acontece que é um jogo de contato, e nem todo mundo está disposto a participar. Mas as pessoas que estão dispostas tornam isso um estilo de vida. Então é uma atividade tão importante, que o terceiro tempo é um agradecimento por alguém oportunizar o esporte que tu tanto ama. Então ele inverte a lógica de competição e deixa claro que sem adversário não tem esporte. Ele não tá num livro de regras, mas ele faz parte da cultura do rugby no mundo inteiro e é isso que dignifica o esporte. É� o que atrai e diferencia” explica Ismael. A história - ou pré-história - do Charrua começa com a forwards em linha e levantam um atleta para disputar a bola. Um time de 15 se divide em dois setores, oito atletas na linha de frente, os chamados forwards, e sete atrás, os backs. Ao contrário do futebol, no rugby quem mais ataca são os de trás. A linha de frente é composta pelos jogadores mais fortes e pesados, que tem a tarefa de impedir o progresso do ataque adversário. Os jogadores mais leves e velozes cumprem a tarefa de fazer avanços mais agudos, tentando fazer um try ou ganhar o máximo de território.


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Acervo Charrua

Um aspecto interessante frisado por Gabriel Bolzan, atleta da Seleção Brasileira revelado pelo Charrua, é que no rugby existe posição para qualquer tipo físico. Por exemplo, um atleta muito pesado, com pouca velocidade pode jogar como pilar, enquanto um franzino e veloz pode ser um bom abertura ou scrum-half. No rugby, a numeração das camisetas condiz com a posição do atleta em campo. Na linha de frente: os camisas 1 e 3 são os pilares, o 2 é o hooker, o 4 e o 5 são os locks, ou segunda

acontecer em cada momento do jogo. Se tu perguntar do jogo Gales e Nova Zelândia que a gente via na fita, tem cara aí� que vai te narrar. Era muito limitada a nossa capacidade de aprender um jogo que praticamente ninguém tinha visto.” Os Charruas sempre foram nômades. Antes de se fixarem entre Hí�pica e Redenção, treinaram em diversos lugares. Na época em que treinavam na Escola Superior de Educação Fí�sica da UFRGS, ouviram alguns relatos de que teria havido ali uma movimentação de rugby no final da década de 60, mas as informações a respeito são escassas. linha, o 6 e o 7 são os asas e o camisa 8 é chamado de oitavo. Os backs são sete. O camisa 9 é chamado scrum-half, ou médio scrum, que tem a fundamental tarefa de fazer ligação entre backs e forwards. Outra peça-chave é o camisa 10, o abertura, responsável pelas jogadas, por criar oportunidade para os backs atacarem. Os pontas vestem a 11 e a 14, os centros, a 12 e a 13 e o full back, o último homem, que impede que as bolas chutadas avancem e puxa os contra-ataques, veste a camisa 15.

Atualmente a equipe feminina disputa o campeonato gaúcho e o brasileiro

como as do XV e é bem mais correria.” As gurias do Charrua são as atuais campeãs brasileiras. Juliana explica que até o ano passado, eram duas competições nacionais, o que muda a partir deste ano. “Tinha o Super Sevens, que acontecia em seis etapas e nós ficamos em segundo, e tinha o Brasil Sevens, que acontecia em uma etapa só e era o definidor, ficamos em primeiro lugar.”

As competições de rugby sevens se concentram no segundo semestre, atualmente o Charrua disputa o campeonato gaúcho e o brasileiro. O clube conta com três atletas na seleção brasileira: Juliana, que mora em Porto Alegre e faz a ponte aérea para conciliar as atividades, Raquel Kochhann e Luiza Campos, que estão morando em São Paulo. Ao todo são 16 atletas treinando no time feminino.

Desde os tempos de Charles Miller São inevitáveis algumas comparações com o futebol, até porque os dois esportes possuem uma origem comum, como explica Rodrigo dos Reis: “O rugby e o futebol sempre foram a mesma coisa. Cada civilização praticava o seu esporte com bola, onde tu tinhas que conquistar um território, ou acertar algum tipo de caçapa do outro lado. Tem diversos nomes e regras diferentes, da Roma Antiga, da China… Basicamente é um esporte de bola, de avanço territorial e de conquista de pólos.” Há alguns mitos e versões sobre o surgimento do esporte como ele é hoje. As primeiras iniciativas de se criar regras escritas são da primeira metade do século XIX. O nome vem de uma universidade Inglesa, a Rugby School. No Brasil também não é de hoje que se pratica o esporte. Quando Charles Miller trouxe uma bola redonda para cá, trouxe também uma oval. Miller foi o responsável pela criação da equipe de rugby

do São Paulo Athletic Club, em 1895. O Rugby ainda é um esporte amador no Brasil. Os patrocí�nios tradicionais ainda são escassos, o mais comum são parcerias, de equipamento e local pra treinar. Entretanto, alguns times ensaiam um processo de profissionalização. O Clube Farrapos, de Bento Gonçalves, está construindo um centro de treinamento

Acervo Charrua

vinda de Nilson Taminato e Mauro Croitor de São Paulo para Porto Alegre. Ambos já praticavam o esporte, mas não se conheciam. Luis Felipe Beck já tinha jogado um certo tempo, quando morou em Londres. Em Porto Alegre, os três se encontraram por intermédio de uma rede de amigos comuns e foi surgindo uma movimentação de rugby na cidade. Rodrigo conta que naquela época ainda era difí�cil conseguir material sobre o esporte e que a referência que tinham era algumas partidas gravadas em fita de ví�deo. “A gente sabia exatamente o que ia

Quem acha que os esportes de contato físico intenso são coisa pra homem, constata seu grave equívoco assim que bota os pés no Ramirão em noite de treino do Charrua. No mesmo horário de treinamento, dividem o campo a equipe masculina e a equipe feminina. E o jogo das gurias é bem pegado. Desde 2004 o Charrua conta com um time de mulheres. Juliana Menezes faz parte do clube desde 2007, quando começou a praticar o esporte. Foi capitã do time feminino até o ano passado. Joga como pilar, mas planeja virar hooker. O time feminino disputa a modalidade Sevens, em função da quantidade de atletas. “No sevens não tem tanta divisão como no XV. A gente não tem os segunda e terceira linha, são dois pilares, hooker, abertura, half, centro e ponta. E meio que todo mundo faz tudo, tirando o scrum e o line que só os forwards fazem. Todo mundo limpa e joga, é um jogo que não tem a posições tão definidas

Fotos: Tânia Meinerz

As gurias são as campeãs brasileiras

no Estádio Montanha dos Vinhedos com verbas federais e municipais. Recentemente, algumas equipes, como o Curitiba e o Serra, de Caxias do Sul, passaram a contratar atletas argentinos. Como a Argentina é talvez o único paí�s que tem um rugby de alto ní�vel sem profissionalização, para os atletas compensa ganhar um salário para vir jogar no Brasil.

Atleta do Charrua disputa bola em partida contra os rivais do San Diego


6 Fotos: Tânia Meinerz

Gabriel Bolzan

Do Ramirão para o mundo

Ricardo Sant’anna é um dos principais árbitros do país

O árbitro é o senhor do jogo Enquanto converso com o presidente do Charrua na beira do gramado, do lado de dentro acontece uma partida do Municipal de Várzea. Primeiro, um pênalti com expulsão gerou polêmica e muito falatório. Em seguida, o árbitro aproveitou uma cobrança de escanteio para ter um particular com um atleta: “Eu tô voando o campo inteiro, negão! E tu só me vaia? Ah, para!” A cobrança é pesada, coisa normal no futebol, ainda mais na várzea cabe ao juí�z lidar com a pressão. Já no rugby a coisa corre de outra forma.“Isso que acontece no futebol, pra gente é uma coisa extraterrestre. No rugby o árbitro é o senhor do jogo.” comenta Rodrigo. No rugby é pouco comum o diálogo entre jogadores e árbitro. Se há algo a ser dito, tem de ser dito de forma respeitosa e através do capitão. “O capitão é o porta-voz. Dentro de campo, o jogo é comandado pelo árbitro e pelos dois capitães.” explica Ricardo Sant’anna, árbitro pro-

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fissional e preparador fí�sico do time feminino do Charrua. Ricardo foi jogador do clube de 2003 a 2008, quando fez o primeiro curso de arbitragem. No ano seguinte começou a apitar e ficou difí�cil conciliar as duas funções. “Na época tinha um déficit muito grande, não tinha quem apitasse e a gente tinha que recorrer a árbitros do Uruguai ou de São Paulo. Foi também pra ajudar nesse ponto.” Ricardo vai pra sua sétima temporada na primeira divisão brasileira e recentemente foi auxiliar do mundial juvenil, disputado em Portugal. Em jogos oficiais são dois auxiliares e um árbitro. No caso do sevens, há mais dois juí�zes de in gol, cuidando das linhas de fundo. Nos jogos internacionais, se tem ainda um juí�z de ví�deo. Outra diferença da arbitragem do esporte irmão: enquanto no futebol todo espectador ou comentarista tem acesso ao recurso do video e o árbitro não, no rugby, o recurso tecnológico é privilégio de quem apita.

Há cinco anos, Gabriel Bolzan havia passado no vestibular, praticava ginástica olí�mpica e estudava teatro, quando o amigo Gustavo deu a ideia: tem um time de rugby que treina na Redenção, vamos jogar! Hoje Gabriel é atleta da seleção brasileira, que treina em São Paulo para as olimpí�adas. É� o integrante do grupo com menos tempo de experiência no esporte. Conversamos com Gabriel sobre a situação do rugby no Brasil e sobre sua carreira meteórica no esporte, que poderia ter sido encerrada logo no começo, em função de uma lesão. A estréia de Gabriel foi num jogo contra o arqui-rival San Diego. Foi a primeira vez que o Charrua venceu o clássico. O jogo seguinte era contra o mesmo adversário, desta vez pela semi-final do Campeonato Gaúcho. “Joguei quinze minutos e quebrei a perna, tive que botar placa e cinco parafusos. Me machuquei tomando um takle, o cara me derrubou e caiu de mau jeito em cima da minha perna. O problema de jogar contra caras que não sabem jogar é que a probabilidade de lesão é muito grande. Como é um jogo de contato tu tem que saber entrar em contato e receber contato.” Quando foi pela primeira vez a um treino do Charrua, Gabriel conhecia pouco sobre o esporte e sequer havia jogado alguma vez. Praticante de esportes desde criança, ele acredita ter adquirido com a ginástica olí�mpica uma explosão muscular, que no campo se converte em arrancadas de velocidade, e do basquete a esquiva para furar os bloqueios e a habilidade com as mãos, mais importante no rugby que a com os pés. Rapidamente seu talento foi aparecendo e com cinco meses de treinos passou para o time principal. A motivação com seus resultados, fez com que, em 2013, o atleta passasse a dedicar mais intensamente ao rugby. Neste ano, o Charrua

chegou à final da segunda divisão do campeonato nacional. No mesmo ano veio sua primeira convocação para a seleção brasileira. Hoje, Bolzan integra o escrete que se prepara para as olimpí�adas de 2016 - quando o rugby volta a participar dos jogos. Com 1,78m e 89Kg, é considerado um atleta veloz, de porte médio e joga como hooker na equipe de sevens. “Vou te explicar como um treinador me explicou: já viu cachorro de apartamento quando sai pra rua, que fica doidão? Tem que ser que assim, tem que correr pra caramba, caçar os caras e estar

Gabriel Bolzan

sempre na energia.” Desde julho do ano passado, a seleção está centralizada em São José dos Campos, através de um projeto da Confederação Brasileira de Rugby, aprovado pelo Ministério dos Esportes. Os atletas recebem uma bolsa de R$1.500 e os que não são do estado de São Paulo contam com uma casa alugada pela CBRu. Em função da mudança, Gabriel teve de deixar o Charrua. “Ficou muito caro e muito difí�cil de ir pra Porto Alegre todos os jogos, além de que eu não conseguia treinar com eles. Daí� eu falei com os caras do Jacareí�, eles me receberam bem e pelo menos este ano eu vou jogar pelo Jacareí�. E mesmo assim é difí�cil de comparecer a todos os treinos.” A rotina é intensa e requer dedicação dos atletas. A seleção treina às segundas, terças, quintas e sextas, sendo que terça e quinta de manhã e de tarde. Os treinos do clube são segunda, terça e quinta à noite. Geralmente os jogos acontecem aos sábados. No cenário mundial, o Brasil ainda está longe de disputar tí�tulos importantes. As principais equipes são Fiji, Nova Zelandia, Á� frica do Sul e Inglaterra, paí�ses onde o esporte é profissional e tem mais popularidade. “Na africa do sul o rugby é que nem o futebol aqui no Brasil, eles vivem o rugby. Tu chega no aeroporto tem a foto dos caras em alguma propaganda.” Apesar de estar se espalhando e ganhando adeptos pelo Brasil na última década, o esporte chegou ao paí�s há mais de cem anos. O São Paulo Athletic Club teve sua equipe de rugby fundada em 1895, pelo inglês Charles Miller, considerado o pai do futebol no Brasil. O esporte teve um momento de ascenção na década de 60, mas acabou recebendo menor atenção que outros esportes. “Esse é o problema da polí�tica do rugby no Brasil. Se não se valorizarem os clubes que tem hoje, que tão desenvolvendo o rugby e desenvolvendo bem, o rugby vai sumir de novo.”


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a frente da “Clí�nica Ser”, na av. JoséBonifáciio, a cena é inesperada. No lugar das crianças, homens uniformizados carregam toda a mobí�lia para dentro de dois caminhões: a clí�nica está de mudança. O prazo para a desocupação do imóvel, um dos seis desapropriados para ampliação do HPS, venceu no fim de junho e a clí�nica está indo para o número 939 da Miguel Tostes. A casa, que abrigou a Ser durante 45 anos, passa a pertencer à Prefeitura de Porto Alegre. O terreno agora faz parte do Pronto Socorro. A administradora da clí�nica, Kelen Brandão, conta que foram tentados acordos com a Prefeitura, para passar a atender também pacientes do Pronto Socorro em troca da permanência. Os membros da ONG que mantém clí�nica procuraram ainda ajuda de alguns vereadores, mas não teve jeito. Como a clí�nica trabalha com atendimento continuado a crianças e adolescentes com deficiência mental, é importante ficar o mí�nimo de tempo sem funcionar. A troca de espaço teve de ser feita rapidamente e a instituição perdeu apenas dois dias de funcionamento. A proprietária do imóvel é neurologista e começou a atender ali primeiro como locatária, mas logo sua tia adquiriu o imóvel e lhe deu. Kelen Brandão é administradora da clí�nica, ela explica que a clí�nica começou com atendimento particular. “Antigamente era uma clí�nica privada, só que o público que vinha não tinha como pagar pelos atendimentos, porque tinha uma renda baixa. Aí� elas começaram a cobrar valores simbólicos. Já existia um convênio com o Go-

Clínica deixa a

José Bonifácio

A Clínica Ser atende crianças e adolescentes com deficiência mental há 45 anos Matheus Chaparini/JÁ

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A administradora Kelen Brandão lamenta que, no novo endereço, o espaço para atendimento será bem menor

verno Federal para atender uma quantidade de crianças, mas esse convênio, pra se ter uma ideia, não tem aumento há mais de 40 anos.” Os atendimentos são gratuitos e a renda da ONG vem de convênios com o municí�-

Atrapalhado com os números?

(51) 3226-1966 Rua Ramiro Barcelos, 467 Sala 301, Floresta

pio e a União. Entretanto, há uma pequena porcentagem de atendimentos particulares, mas ela explica que são cobrados abaixo do preço de mercado e negociados diretamente com o profissional, conforme as condições

financeiras de cada um. Os atendimentos acontecem em grupo e com a participação dos familiares, só sendo individualizado em caso de necessidade do paciente. Em 2000 a instituição se tornou ONG. Hoje a clí�nica

oferece atendimento interdisciplinar a menores de idade com deficiência mental. A equipe é formada por 11 profissionais entre psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos e pedagogos. Todos são remunerados, mas todos têm outros empregos. “O pessoal dá o sangue aqui, é muito amor pelo trabalho. E é muito gratificante de ver, porque tem crianças que entraram aqui sem conseguir falar nem andar e saí�ram bem melhores. Tivemos até pacientes que foram para a universidade.” Com a mudança, o espaço encolhe. “Aqui tí�nhamos sete salas, lá serão seis, e é praticamente tudo a metade do tamanho que é aqui.” A casa localizada na José Bonifácio, 705, tem três andares, um pátio de cerca de oitenta metros quadrados com uma pitangueira e uma goiabeira que parecem ter nascido por vontade própria no canto entre as pedras do piso e o muro. Ao fundo, numa pequena casa de dois andares ocorriam os atendimentos fonoaudiológicos. Enquanto anda pela casa já vazia, Kelen explica o que funcionava em cada cômodo e conta histórias dos 20 anos de trabalho no local. É� flagrante a emoção no seu rosto, que em diversos momentos parece titubear entre a riso e as lágrimas. Aos 38 anos, ela conta que a Ser é o seu primeiro emprego, começou como secretária e hoje é administradora. Com duas décadas de dedicação à clí�nica, ela é a segunda funcionária mais nova da casa, só teve um psicólogo que chegou depois. “A clí�nica sempre foi aqui, se constituiu aqui, o pessoal largou seus consultórios particulares pra formar a instituição.” Essa ligação cronológica e afetiva dos profissionais com a clí�nica e com a casa é o que torna tão dolorido esse processo de mudança. Ramiro Barcelos, 1792 Fone: 3737-3334 Facebook: Barbaros Cervejas Especiais De segunda a sabado das 14h as 22h Domingo das 15h as 22h


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OCUPAÇÃO CULTURAL Kuna oferece oficinas abertas à comunidade Violão, bateria, música, teatro, circo, yoga e massoterapia são algumas das atividades Fotos: Matheus Chaparini

A

casa de fachada colorida desperta a curiosidade dos transeuntes dos primeiros metros da Avenida Osvaldo Aranha. Na calçada, um pequeno brechó, uma arara cheia de roupas: pode levar. Se puder, deixa outra roupa, ou um livro, ou uns trocados. Se não puder, tudo bem. A corrente fica solta no portão. Não resistindo à curiosidade, é só bater palma, à moda antiga das vizinhanças de bairro. Logo algum morador aparece ao fundo do corredor para te atender, com sotaque de Porto Alegre, da Bahia, de Minas ou mesmo em portunhol. Seja bem-vindo ao Espaço Libertário Kuna. O tablado que por mais de uma década foi espaço de aulas e apresentações de dança estava desocupado e sem utilidade há mais de três anos. Em outubro de 2014 um grupo ocupou a casa situada no número 418 da Osvaldo. Hoje, a Kuna mantém diversas atividades abertas ao público todos dias, como as oficinas de violão, bateria, teatro, yoga, massoterapia, circo, literatura independente. Além das fixas, acontecem também atividades eventuais com artistas de passagem pela cidade. Foi o caso de uma oficina de teatro de rua ministrada no mês passado por uma famí�lia de artistas mexicanos. O coletivo também promove alguns eventos, como a Varieterça, com apresentações dos moradores da casa, palco aberto para os visitantes e uma refeição coletiva. Nos sábados pela manhã, a Kuna vai para a rua com seu cortejo, que acontece na José Bonifácio junto à Feira Ecológica. O cortejo é uma das principais fontes de renda da casa. Além das contribuiçaões em moeda no chapéu, ali eles ganham dos feirantes o recicle, as doações do fim da feira. As atividades da casa são gratuitas, mas o coletivo aceita doações de dinheiro, comida, livro ou qualquer coisa que possa ser útil ao espaço. Além do tablado, de cerca de 100m², há ainda uma cozinha no andar de baixo, e no de cima um quarto com quatro camas, um banheiro e mais duas peças pequenas usadas para guardar as bagagens. Hoje moram 10 pessoas

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Sem água nem luz, a casa tem regras: “bota fé ou vaza”. É proibido álcool e fumo no tablado durante as atividades.

Arthur Barduche dá aulas de música

na Kuna. A rotatividade é bem grande, o que faz com que o lugar esteja em constante mudança. Arthur Yanai Barduche mora na casa há três meses e conta que neste peróodo já presenciou algumas transformações no espaço. “A maior parte da galera é viajante. Algumas pessoas são mais fixas, mas em torno de 80% é itine-

Baiano se sustenta fazendo malabarismo

rante”, calcula Barduche. Arthur nasceu em São Paulo e cresceu em Minas Gerais, onde se formou em música. Quando chegou a Porto Alegre, com amigos que conheceu viajando, não sabia da existência da Kuna. “Quando eu entrei aqui, falei que era formado e me propus a fazer umas oficinas de música.” Ele

dá aulas de musicalização e violão nas sextas-feiras. Diogo Estivallete, o Baiano, é um dos moradores mais antigos, está na casa há sete meses. Quando chegou havia apenas duas pessoas na casa. Ele explica que há uma preocupação para que a casa não perca o caráter de espaço de difusão de conhecimentos. “A

gente procura ter muito cuidado pra que as pessoas que vêm ficar aqui não pensem que, por ser um processo de ocupação, é um hotel. Procuramos ver qual a ideia da pessoa, qual a proposta.” Natural de Salvador, Diogo mora em Porto Alegre há cinco anos. Antes de se mudar para a Kuna, havia sido demitido do emprego onde trabalhava com manutenção de bombas hidráulicas. Estava em situação de rua. Hoje trabalha como malabarista e se sustenta com as apresentações nos semáforos. Nos cortejos, Baiano se apresenta de vestido e salto alto, uma espécie de mulher barbada da Kuna. “É� um questionamento em relação a gênero. O que é roupa de mulher ou roupa de homem? O que é brinquedo de menino ou de menina? Procuro trazer isso à tona. Como o malabares tem um a certa magia, faz as pessoas se questionarem inconscientemente”, acredita Baiano. A casa não tem luz nem água, cortados logo que o grupo se instalou. A água é captada no parque, a luz basicamente é de velas. Há uma bateria elétrica na casa, mas só é utilizada em eventos. Baiano estima em 160 litros o consumo diário de água. A louça é lavada em cumbuca e quase toda água é reaproveitada para o vaso sanitário e para lavar o chão. Além das oficinas e eventos, o que a casa propõe é uma experiência de conví�vio e de troca, “a vida como fazer natural”, como o tí�tulo de uma carta escrita pelo coletivo no começo da ocupação. O mesmo texto afirma que a Kuna é “uma ocupação que convida a todos a experimentar conteúdos e continentes sem perspectivas de resposta exata.” E aí�, tá afim?


Guia

Restaurantes

Neste encarte

Onde comer com dez pilas

b o m  f i m

Tânia Meinerz

Encarte do Jornal Já Bom Fim de Julho de 2015

Nas últimas décadas o perfil do Bom Fim vem mudando. Com a ampliação dos hospitais e a proliferação de escritórios e consultórios, o antigo bairro residencial vai adquirindo um perfil de bairro comercial e de serviços. Essa mudança faz nascer novos mercados e expandir mercados antigos, como o de restaurantes em Agosto

Em seis encartes especiais o JÁ Bom Fim vai mapear o universo dos pequenos e microempreendedores cujos negócios movimentam os oito bairros onde circula o jornal

próxima edição

mapa da saúde Clínicas, farmácias, profissionais, serviços públicos, hospitais, tudo o que coloca o Bom Fim no primeiro mundo em serviços de saúde.

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(51)

3330-7272

jornaljaeditora @gmail.com

O mapa do comer bem

A boa comida está bem perto


2

Guia

Opções para todos os gostos e bolsos. É o que vê no mapa dos restaurantes do bairro e entorno

Segunda a sábado das 11h às 14h45 Buffet livre com 1 carne R$ 12,90 Rua Bento Figueiredo, 23 - fone 3332- 2200

Aberto de segunda a sábado das 11h às 15h

Barros Cassal, 225 - fone 3024-6489

Aberto todos os dias das 11h às 15h

Foto real da pizza “la pomodoro”

Felipe Camarão, 719 - fone 3312-4379

T

odos os dias são servidos cerca de doze mil almoços, nos mais de setenta restaurantes do bairro. Desde os tradicionais buffets da Osvaldo Aranha até bistrôs à la carte, o bonfa oferece opções pros mais variados paladares e bolsos. Cristina Lessa trabalha na Vivo e é uma dessas bonfinianas de segunda a sexta. “Como o pessoal trabalha, acaba vindo em restaurantes próximos. Facilita, porque não dá tempo de ir em casa almoçar.” Há dez anos, ela e um grupo de seis colegas almoçam todos os dias na mesma mesa, na última sala do andar superior do Café na Paleta. “A gente tem um restaurante interno pros funcionários e a grande maioria acaba não almoçando lá porque fica dentro do ambiente de trabalho.” A Osvaldo é o ponto de maior disputa. Ao longo da avenida contamos 14 opções de almoço. Alcir Craco é um dos proprietários do Piatto Grill, ele afirma que nos últimos anos a quantidade de clientes na região aumentou, mas o movimento da casa diminuiu, o que atribui à grande quantidade de estabelecimentos. “Num raio de cem metros tem sete casas de grande porte”.

Mercado cresce

F o

de terça a domingo, das 19h às 23h30 Faça seu pedido online

h a à

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3028-7999 3377-2100

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Tele-entrega

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Na Venâncio Aires, a situação é um pouco diferente. Somente na quadra entre a Vieira de Castro e a Santa Terezinha são 4 buffets, que atendem cerca de 450 almoços diários, e os números seguem crescendo. No começo deste ano, o Café na Paleta registrou seu recorde: 249 almoços. O Restaurante e Lancheria Salzanense abriu em

nio nto Antô

5

64 65

Av. Independência

21

23

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De terça a domingo • Av. Venâncio Aires, 881 • (51) 3013-0211

63

1 2

3

Av. Osv

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Osvaldo Aranha

1 228 Mariu’s 2 394 Século Restaurante Vegetariano

3 778 4 924 5 960 6 1048 7 1086 8 1102 9 1112 10 1230 11 1265

Pug Hot Dog Spinelli Ocidente La Cafeteria Lancheria do Parque Casarão do Bom Fim Gourmet da Redenção Piatto Grill

Equilibrium (Mercado do Bom Fim)

12 1346 Giardino Grill 13 1407 Expresso da Tapioca

14 15 16 17

Vasco da Gama

72 Bauru Picanha

41 42 43 44 45

270 El tonel

572 Don Vasco Micro Churrascaria

18 644 Confraria da Vasco 19 651 Art cooks 20 763 China in box

Independência 21 375 Casero Restaurante e Café

22 488 23 604 24 714 25 1084 26 1211

Armazém do Sabor Pizza do Pedaço Wady Lanches Etruria Restaurante Subway

46 47 48 49 50 51 52 53 54

fevereiro, no ponto onde funcionava a micro churrascaria Via di Trento. Volmir Fermiano é um dos três sócios do estabelecimento, ele conta que abriu a casa servindo 20

60 61

Venâncio Aires Regalo del Plata Ponto das Pizzas

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Fagos Express

Cachorro do Bigode

João Telles

55 294 Saborale Bis 56 378 Cozinha de A

Bar do Beto Allons-y Bistrô e Café Café na Paleta

Subway

57 58 59 60 61

Café do porto Fontana

Ramiro Barcelos

37 1172 38 1853 39 1924 40 1929

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27 527 28 562 29 859 30 867 31 876 32 881 33 964 34 1016 35 1040 36 1085

Rua Santo A

• Sequência de Fondue • Sequência de cremes e sopas • Massas à lá carte

Rua Tomaz Flores

• Cafés, salgados e doces • Almoço à lá carte

Das 19h30 às 22h

Rua Barros Cassal

A partir das 10h

Rua Tomaz Flores

noite

Rua Barros Cassal

Prestigie os comerciantes do seu bairro dia

Res

O mapa do c b o m  f i m

Temperos e Sabores

Santo Antônio 372 Mantra 673 Suisse 877 Suprem

911 Santa Felicid

915 Santo Antôn

Midbar

Buena Onda Bistrô

62 144 Gourmet Sau

São Matheus

Tomas Flores

Felipe Camarão

Barros Cassa

265 Bistrô Garni

63 225 Piazza Auror 64 352 Sabor do Po 65 364 Rest. e Chur

594 Cumbuca

Barros Cassa

61 Casa oriental

718 Padaria Dom Felipe

Fernandes Vieira

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719 Cia do Almoço

Av.

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261 Saúde no Copo 427 Zero de Conduta 446 Buona Távola

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154 Da Casa 28

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27

454 Pastel com Borda 456 El Basco 502 Sambô Sushi 609 Tri Baguette 615 Café Cantante

almoços por dia e que hoje já são mais de 80. Durante a semana, seu público é formado por alunos do Colégio Militar e por trabalhadores dos escritórios próximos, no final


staurantes

Julho de 2015

comer bem

3

Um restaurante feito pra você

Variedade de saladas e frutas Pratos quentes Grelhados • Sobremesas

57

25

Rua S

25

26 37

Rua General

José Bonifácio, 675 (ao lado da Igreja Sta. Terezinha) Fones 3013-5252 / 9399-6643

42 16

47

15

Rua Ramiro Barcelos

72

46

14

De segunda a domingo das 11h às 15h Ambiente Climatizado

41

Rua Felipe Camarão

João Telles

Rua Fernandes Vieira

Av. Independência

Rua Vasco da Gama

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6

7

Afrodite

53 54 8

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Redenção

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es Outros 66 Vieira de Castro, 121 Lancheria e

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Restaurante Salzanense

67 68 69 70 71 72

José Bonifacio, 605

Govinda

Santa Terezinha, 42

Prato verde

Santa Terezinha, 37

Jacarandá

José Bonifácio, 675

Sabor do Brick

Augusto Pestana, 33 Tamafa Sushi Castro Alves, 101

Rua Vasco da Gama, 72

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NOVIDADE À la minuta, de segunda a sexta, ao meio-dia

67 69

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Arte: Andres Vince / Fotos: Tânia Meinerz

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Aniversário Rua Ramiro Barcelos

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Rua Fernandes Vieira

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48

Rua Felipe Camarão

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Rua Gen

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18 19

56

Av.

17

Bonobo

de semana o público muda e a predominância é dos frequentadores da Redenção. Volmir trabalha no ramo desde que saiu de Liberato Salzano, no norte do esta-

do. Foram 25 anos em grandes churrascarias no Brasil e nos Estados Unidos. Há dois anos ele voltou ao paí�s e decidiu abrir o próprio negócio. “O cara que não é do ramo e bota um negócio quebra. Não adianta entrar e querer ficar de gravatinha, bonitinho e não botar a mão na massa.”

O foco é o almoço

A história de Kátia Eveline Garcia é uma exceção a essa regra. Sem nenhuma experiência no setor, há dois anos ela e o marido decidiram abrir o Bokadito Pub e aprender na prática. O sistema de prato feito, que demanda mais estrutura e mão-de-obra, teve

de ser mudado para buffet. “O movimento aumentou e eu não tinha a capacidade de servir rápido. Como o pessoal tem horário de almoço, não pode ficar esperando.” Outra mudança foi o horário de funcionamento, desistiram da noite e passaram a funcionar apenas no almoço. “A gente viu que não valia a pena aqui na região, porque de noite aqui é morto.” Na Bento Figueiredo, temos outro exemplo da mudança no perfil do bairro. Inaugurado em 1986, o Vermelho 23 funcionava apenas à noite. Jair Lussani trabalhava como garçom e em 2006 fez uma proposta ao patrão: abrir a casa também para o almoço. Há três anos o Vermelho trocou definitivamente a noite pelo dia.

Buffet executivo de segunda a domingo

Almoço de segunda a sábado com 12 variedades de pratos quentes e saladas e 3 opções de sobremesa por apenas R$ 10,00

Osvaldo Aranha, 1230 Fone 3311-0210

Av. Osvaldo Aranha, 228 Próximo ao Túnel da Conceição

seu bairro cresce junto com você


4

Guia Julho de 2015

b o m  f i m

Restaurantes

Um mercado competitivo Divulgação

Apresentação do buffet e um bom ambiente pesam na escolha da clientela

Além da disputa de espaço por estabelecimentos que oferecem um serviço muito parecido, os donos de restaurantes reclamam também do alto preço dos produtos. “O buffet sai quase de graça”, afirma Alcir Craco. Ele comenta que os concorrentes se unem para aumentar o poder de barganha em relação aos fornecedores e tentar reduzir os preços. Neste cenário competitivo, é necessário buscar um diferencial. “A gente procura sempre produtos orgânicos, porque aqui no Bom Fim a tendência é as pessoas quererem uma alimentação saudável.” Para ele, os buffets existentes dão conta da demanda e não há espaço para novas casas do mesmo perfil, é preciso ter uma proposta inovadora. Apostando nessa brecha, há três anos Alexandre Barbosa abriu o Cumbuca Bistrô. “Eu acreditei que a gente podia entrar com alguma coisa diferente. Tem um monte de restaurante, mas

a grande maioria é buffet. Com essa proposta de servir uma comida mais elaborada são bem poucos.” O Cumbuca aposta em um ambiente pequeno onde as pessoas possam comer com mais tranquilidade ainda que o preço seja um pouco maior. “O que a gente oferece não é só comida, é a experiencia, é um carinho, é um cuidado.” O mercado de almoços também gera empregos. Os buffets do Bom Fim geram em torno de uma vaga de trabalho a cada 20 almoços/ dia, por exemplo, o Piatto serve cerca de 450 almoços diários com uma equipe de 22 trabalhadores. A rotatividade é alta e quase sempre há vagas para garçons, cozinheiros e auxiliares. Geralmente são empregos de baixa remuneração e que não requerem grande qualificação profissional. A dificuldade em conseguir mão-de-obra qualificada é apontada pelos patrões como a maior dificuldade do negócio. Arquivo JÁ

Comendo com dez pilas O preço dos buffets varia em torno dos R$15,00. Mas procurando bem, ainda é possível almoçar com dez reais no Bom Fim. O Bodega Empório e Café, na Osvaldo Aranha, oferece massas à la carte a preços bem acessíveis. Um spaghetti ao molho de queijo, por exemplo, sai por R$ 8,50. Na Rua Santana, onde o Bom Fim já se confunde com o bairro Farroupilha, está localizado o La Integración, que além de ter uma biblioteca, uma rádio e tv web, oferece o prato da casa por R$ 8,00. Até o mês passado custava R$ 6,00. O valor teve que ser reavaliado, mas José Antonio Rodrigues, o Zezinho,

garante que foi o primeiro aumento em 8 meses de funcionamento. A maioria dos restaurantes funcionam entre 11h30 e 14h30, o Bodega e o La Integración oferecem almoço até as 16h. Pra quem quer almoçar com pouco dinheiro ou fora do horário convencional, a Lancheria do Parque é sempre uma boa opção. Além dos lanches e pratos à la carte, o buffet livre com uma carne custa R$ 10,00. E a Lancheria tem um horário diferenciado: o almoço abre às onze da manhã e funciona direto até as 22h. Na Osvaldo, ainda há duas outras opções com o mesmo valor: o Mariu’s e o Spínelli.

Em um mercado tão disputado, o preço baixo é um diferencial

lancheria do parque

Av. Venâncio Aires nº 876 Bom Fim - Porto Alegre Fone 51-3332 0063 Av. Sarmento Leite nº 811 Cidade Baixa - Porto Alegre Fone 51-3221 9390

www.bardobeto.com.br bardobeto@terra.com.br

BOM

FIM

Pastéis, caldos, saladas, sorvetes e batatas Rua Fernandes Vieira, 454 Fone 3779 9999

Osvaldo Aranha, 1086 - Fone 3311.8321


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