Jornal JÁ Bom Fim - Setembro de 2014

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Scliar leva o Bom Fim ao Centro

Luciana Tomasi

Um dos mais famosos filhos do Bom Fim, o médico e escritor Moacyr Scliar, morto em 2011, é tema de uma exposição do Santander Cultural, em cartaz até 16 de novembro. O título – O Centauro do Bom Fim – é uma alusão a um de seus livros, O Centauro no Jardim. O bairro, universo primeiro do escritor, tem importante presença na

mostra, com uma reprodução do traçado das suas ruas e de lugares marcantes. A curadoria é de Carlos Gerbase, que pretende levar o público a conhecer e percorrer os mundos de Scliar, na vida e na obra. Scliar foi da Academia Brasileira de Letras, venceu três prêmios Jabuti e de um prêmio Casa de Las Americas. Gostava de man-

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Antenas de celular

Quanto mais longe, melhor

anos

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ter contato com estudantes, em palestras em escolas, e os questionamentos que recebia nessas ocasiões servem agora para enriquecer o trabalho da área da Ação Educativa que integra a exposição. O Santander Cultural fica na rua Sete de Setembro, 1028. Abre de terça a sábado, das 10h às 19h, e domingos e feriados, das 13h às 19h. Entrada franca.

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Ramiro Furquim

HABITAÇÃO PETRÓPOLIS

Em audiência pública, proprietários fazem Prefeitura rever o inventário de imóveis listados como patrimônio a ser preservado. Página 3 Na Redenção, obras para dar ao parque mais luzes e câmeras de vigilância

A falta de moradias se agrava a cada dia O programa federal Minha Casa Minha Vida Página central está empacado na cidade

lancheria do parque

BOM

FIM

O Bom Fim passa por aqui Osvaldo Aranha, 1086 - Fone 3311.8321

20.561.351/0001-89 | R$540,00

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Sofia Cavedon PT

DEPUTADA ES TADUAL

#oRioGrandeTemEscolha


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Nota do Editor

Agradar aos grandes e calar os pequenos Essa parece ser a lógica da comunicação na gestão Fortunati, na Prefeitura de Porto Alegre. Fatos: Autorizou a colocação de instalações comemorativas dos 50 anos do jornal Zero Hora na Redenção, inicialmente, e agora no parque Moinhos de Vento. Isso é normal e comum. Nós do JÁ Bom Fim já fizemos várias promoções no parque. No caso, porém, há excepcionalidades. As tratativas foram feitas pelo Gabinete do Prefeito, segundo nos informou a secretaria de imprensa da SMAM, que é o órgão competente para esses procedimentos. As contrapartidas também não ficaram claras. Um assessor informou que “seria em espaço para divulgação das obras da Prefeitura”. Até hoje a Secretaria da Comunicação não respondeu as perguntas que encaminhamos a respeito. Pode ser coincidência, mas o fato é que em seguida a Prefeitura cortou, sem qualquer aviso prévio, toda a verba de publicidade contratada para o segundo semestre com os jornais de bairro que circulam na cidade. A justificativa é o déficit, pelo terceiro ano consecutivo. Cortar despesas tornou-se prioridade, muito certo. Mas os jornais de bairro? Seriam R$ 11 milhões gastos com publicidade. Os mais de 20 jornais de bairro recebem dois ou três por cento disso, se tanto. Sem acesso às agências de propaganda, os pequenos jornais comunitários dependem do comércio miúdo dos bairros e dos anúncios do poder público para sobreviver. Nesse momento, por exemplo, por causa das eleições, o único agente da esfera pública que poderia anunciar seria a Prefeitura que, estrategicamente, corta as verbas. Talvez seja outra coincidência, mas na última vassourada a ZH decidiu também fechar seus encartes de bairros. Para quê manter cadernos deficitários, se os concorrentes vão morrer à míngua?

Expediente O Jornal Já Bom Fim é uma publicação de Jornal Já Editora Editor: Elmar Bones Reportagem: Elmar Bones, Francisco Ribeiro e Patrícia Marini Fotografia: Gerson Schirmer, Arquivo Jornal JÁ, PMPA, CMPA, Agapan Diagramação: Cabeças Fumegantes DG

Distribuição gratuita

Redação: Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro Histórico CEP 90020-025 - Porto Alegre / RS Edição fechada às 14h do dia 15/09/2014 Contatos: (51) 3330-7272 www.jornalja.com.br jornaljaeditora@gmail.com jornaljaeditora jornal_ja

O casarão vai passar por uma reforma. A abertura do Memorial ainda não tem data

Memorial Ico Lisboa

Clandestinidades à mostra A casa que foi local de tortura na ditadura vai virar centro de memória

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stá em fase de conclusão o projeto de desapropriação do casarão na Rua Santo Antônio, 600 – conhecido como Dopinha – para abrigar o Centro de Memória Ico Lisboa, um projeto em andamento desde dezembro. A Secretaria Municipal da Fazenda faz os últimos ajustes no que tange à avaliação, em torno de R$ 2,1 milhões, para a aquisição do imóvel junto aos herdeiros. A idealização do memorial é do Comitê Carlos da Ré da Verdade, Memória e Justiça. Recebeu apoio formal do governador Tarso Genro (PT), do prefeito José Fortunati (PDT), e da ministra Maria do Rosário (PT), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Estão sendo empenhados recursos municipais, estadu-

ais e federais para aquisição, restauração e instalação de equipamentos que transformarão o imóvel num espaço destinado a atividades culturais, palestras e documentos da época do regime militar. O projeto se enquadra na polí�tica nacional – iniciativa da Comissão da Verdade – de transformar os locais onde, no regime ditatorial, foram cometidas atrocidades, em centros de memória. O casarão da Rua Santo Antônio funcionou como área de detenção, tortura e morte de opositores a ditadura militar (1964-1985). Daí� a alcunha do casarão de “Dopinha”, uma espécie de sucursal clandestina do Departamento de Ordem e Polí�tica Social (DOPS). O nome do futuro Centro de Memória homenageia o militante polí�tico Luiz Eurico Tejera Lisboa – irmão do músico Nei Lisboa –, desaparecido em 1972. Seu corpo foi o primeiro a ser encontrado, em 1979, no cemitério clandestino de Perus, São Paulo, onde eram enterrados, depois de presos e tor-

turados, militantes que lutavam contra o regime militar. O vereador Pedro Ruas (PSOL), integrante do Comitê Carlos da Ré, enfatiza o caráter histórico do casarão da Rua Santo Antônio: “Funcionou ali o primeiro centro de interrogatório forçado da América Latina”. Segundo o vereador, ali foi torturado até a morte, em 1966, o ex-sargento do Exército Manoel Raymundo Soares, cujo corpo foi jogado no rio Jacuí�, no caso que ficou conhecido como o “crime das mãos amarradas”. (Ver Revista JÁ História de julho, nas bancas). Christine Rondon, coordenadora do Comitê, acredita que a criação do Centro de Memória Ico Lisboa transformará Porto Alegre “num referencial de luta e resistência contra o autoritarismo na América Latina. Será, fundamentalmente, um espaço de conscientização, de histórias e narrativas de um problema, a repressão polí�tica, que durante décadas atormentou o continente”. Leia mais em www.jornalja.com.br


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Moradores do bairro Petrópolis esforçam-se para dialogar com a Prefeitura

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roprietários contrários ao tombamento dos seus imóveis revoltam-se com o que o que chamam de “fúria inventariante da Prefeitura”. Em audiência pública no clube União, na noite de 9 de setembro, conseguiram abrir um canal de comunicação. Ao final de quatro horas de discussão, o vice-prefeito Sebastião Melo decidiu que será mais uma vez revista a lista dos imóveis inventariados para preservação. Depois disso, os imóveis que não estejam listados sejam desbloqueados. Os atingidos pelo inventário terão 60 dias para questionar a inclusão do seu imóvel. Só então a lista será enviada à Câmara, para nova rodada de audiências públicas antes da lista ir para o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc), que a aprovará ou não. A palavra final será do prefeito. A Prefeitura já refez o processo uma vez, mas no meio do caminho a Câmara de Vereadores aprovou uma lei, do vereador Idenir Cecchim, que exige a aprovação do Legislativo antes de iniciar o inventário. O prefeito José Fortunati vetou a lei, mas a Câmara derrubou o veto e o texto, publicado no Diário Oficial, está em vigor desde o dia 6 de setembro. A lei é retroativa a 2013, o que significa a anulação de tudo o que foi feito em Petrópolis. O Instituto dos Arquitetos do Rio Grande do Sul se manifestou contra: a lei transfere para os vereadores decisões sobre questões técnicas. Vai propiciar um "balcão de negócios" envolvendo interesses culturais e urbaní�sticos da cidade.

O “bairro-jardin” é um dos poucos onde a altura dos prédios não atrapalha a rota dos aviões

Petrópolis

O inventário vai recomeçar mais uma vez

3 "Criaram uma instância a mais", diz um a funcionário do Ephac. Bairro essencialmente residencial, de um tempo em que a classe média ascendente sonhava em viver em casas no centro de amplos terrenos ajardinados, Petrópolis é um dos maiores potenciais construtivos de Porto Alegre. E é o único bairro daquela região da cidade que está livre do limite de altura imposto pela proximidade do aeroporto Salgado Filho. Oito bairros já foram inventariados em Porto Alegre, desde 2011. Quando chegou em Petrópolis, ocorreu uma omissão que deu origem a toda a polêmica. Não foi feito o "bloqueio", quando todos os proprietários são informados de que vai ser feito o inventário. Foi o que revoltou os proprietários dos imóveis arrolados em Petrópolis. Eles só ficaram sabendo quando o processo estava concluí�do. Por que não foi feito o "bloqueio", que é procedimento regulamentar? Eis a pergunta sem resposta. Os moradores estão divididos em relação ao assunto, embora seja notável o esforço de todos para manter as relações de vizinhança e camaradagem. Uma parte deles concorda com a preservação do patrimônio arquitetônico do bairro. Outra, lamenta a desvalorização dos seus imóveis, enquanto os terrenos em volta ficariam muito mais valorizados, com a garantia de que a vizinhança não mudará. Leia mais em www.jornalja.com.br

Ag u a r d e b o m  f i m

Eleições 2014 Circulação: 23 de setembro Desde maio os moradores contrários ao inventário se manifestam

Pelo seu direito à informação


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Minha Casa em Po

Jogo de em

entre Caixa e Os dois lados do viaduto Otávio Rocha, no Centro, estão servindo de moradia

Na rua Fernandes Vieira, homem busca segurança em frente ao mercado

Os bancos do parque servem de cama nos dias de clima seco

Programa do governo federal está empacado em Porto Alegre, onde há 26 áreas ocupadas e a falta de habitação se torna cada dia mais visível

A

s inscrições para o programa Minha Casa Minha Vida em Porto Alegre, encerraram em maio de 2009, com 54 mil famí�lias inscritas. Até agora foram entregues apenas 1.408 unidades em quatro condomí�nios na Vila Restinga. Outros 14 projetos, cuja construção já está contratada, estão "em fase de licenciamento" pela Prefeitura há pelo menos dois anos. Nem a Caixa, nem a Prefeitura explicam o que acontece. A assessoria da imprensa da Smov diz que "esse assunto é com a Caixa e as construtoras". A assessoria de imprensa da Caixa manda dizer que informações sobre os licenciamentos têm que ser buscadas junto à Prefeitura. A previsão, segundo a Caixa, é que os projetos "sejam executados nos próximos 24 meses". O Jornal JÁ� tentou obter esclarecimentos sobre o atraso. A assessoria da Prefeitura remete ao site do Demhab, onde as últimas informações são de 2009. A assessoria de imprensa da Caixa Federal, que chegou a pedir as perguntas por escrito e um prazo de três dias úteis para responder. Respon-

deu 24 horas antes, mas apenas uma parte das perguntas. O essencial - "Por que o programa que é a menina dos olhos da presidente Dilma Rousseff está empacado em Porto Alegre?" - não foi respondido. Para se ter uma idéia: em Salvador, já foram entregues 18 mil unidades do Minha Casa Minha Vida.

O problema ganha as ruas

Quase ausente do noticiário e, por conta disso, quase ausente das campanhas eleitorais, a questão da habitação popular em Porto Alegre é crônica e cresce sem parar. Não é à toa que se vê tanta gente dormindo na rua e que as notí�cias de invasões pipocam todos os dias. Invasões, como diz a imprensa, ou ocupações, como querem os movimentos sociais. Neste momento, segundo o Movimento Nacional de Luta pela Moradia, há em Porto Alegre 26 ocupações com processos de reintegração de posse correndo na Justiça. Duas apenas são em áreas públicas, todas as demais em propriedades privadas. Há um mês, quando 600 famí�lias deixavam o chamado “terreno da Avipal” no bairro Cavalhada, depois de três me-

ses de ocupação, o diretor de planejamento da Secretaria Estadual da Habitação, Aurélio Froner, estimava que restavam ainda na capital outras 20 áreas invadidas. Um mês depois, são 26. O mais impressionante é que a maioria dos atuais ocupantes são egressos de outras ocupações, de onde foram expulsos mediante a reintegração de posse. Muitos estão em programas de reassentamento que estão paralisados ou nunca saí�ram do papel. Na ocupação do terreno da ex-Avipal na Cavalhada, por exemplo, cerca de 80 famí�lias eram oriundas da vila do Resvalo, um casario que ocupava as encostas de um valão à margem do arroio Cavalhada. Com as obras do PISA, que canalizou o riacho, aumentou o risco de inundação e eles


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orto Alegre

mpurra

e Prefeitura

A ocupação do terreno da Avipal, na Cavalhada, foi apenas um dos episódios da peregrinação atrás de moradia

foram removidos. A liberação do dinheiro rendeu notí�cia, o reassentamento ficou pela metade. O PISA cadastrou 1680 famí�lias de quatro vilas que seriam removidas. Pouco mais de 300 foram reassentadas na Vila Nova e na Vila Hí�pica. Os restantes receberam um insuficiente bônus moradia por seis meses, e muitos seguiram na condição de ocupantes. O problema das remoções e reassentamentos que geram sem-teto tem raí�zes históricas em Porto Alegre. Foram manchetes em 1952 as remoções dos casebres do entorno da Doca das Frutas, para fazer o novo cais. As manchetes eram favoráveis, mas os jornais não deixaram de registrar “atos arbitrários e desumanos”. Outro evento marcante foi o programa “Remover para

Promover” que levou, em fevereiro de 1967, as primeiras famí�lias da Ilhota, na Cidade Baixa, para a então remota Restinga, na zona rural. Em quatro anos, os recursos deram para transferir 390 famí�lias. A maioria dos moradores da Ilhota e de outras seis vilas removidas de áreas urbanizadas (atual Erico Verissimo), que resistiam de ir para um lugar ermo, sem nada, acabaram se dispersando, dando origem a outras ocupações. Cinco anos depois, em 1972, a Secretaria da Saúde registrava 124 núcleos e vilas irregulares, com quase 20 mil domicí�lios e quase 100 mil habitantes. Uma pesquisa de 2005 registrou 486 núcleos irregulares na cidade. Representavam 17% dos domicí�lios de Porto

Alegre e abrigavam 21,4% da população “vivendo em situação de habitação irregular”. Em 2007, o Demhab foi incumbido de fazer o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social, o PMHIS-POA. Uma equipe de 30 pessoas de sete órgãos do Estado e do Municí�pio, coordenadas por Silvio Carpenedo, montou o Mapa da Irregularidade Fundiária: havia 75 mil domicí�lios, onde viviam 288 mil pessoas em áreas irregulares, muitas vezes em risco, sempre com total deficiência de serviços. Para resolver minimamente o problema seriam necessários R$ 2,5 bilhões, o que demandaria 64 anos se fosse mantida a média de investimentos em habitação na última década. Leia mais em www.jornalja.com.br

Capricho: lata de lixo e capacho na entrada da barraca doada por um morador

Os flanelinhas do Bom Fim foram morar no serviço

Na calçada da Igreja, leito improvisado

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Mestres do violão na Ufrgs Entre as oficinas, trabalho com madeira e os encontros quinzenais do Raiz Urbana

Um laboratório de portas abertas

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BOM FIM

URGENTE

nternacionalmente conhecido como ‘living lab’, é um lugar onde qualquer pessoa pode assistir, discutir e experimentar a cocriação. O foco é a inovação social, cruzando arte, ciência e tecnologia. O conceito de laboratório cidadão foi difundido na Europa pela rede Enoll (European Network of Living Labs), que há sete anos articula a criação desse tipo de ambiente. Os espanhóis foram os que mais aderiram. Segundo a Enoll, há 12 laboratórios cidadãos no Brasil, e o de Porto Alegre é o primeiro independente. O Translab venceu o edital de processos culturais colaborativos da Secretaria Estadual da Cultura, e com isso promove até dezembro o Circuito Montagem, começando pelo começo: oficinas e seminários para discutir e pôr em prática as intenções de um laboratório cidadão. “Um projeto de inovação social não deve ser confundido com voluntariado ou assistencialismo. É� importante pensar a estratégia de sustentabilidade econômica”, adverte um dos coordenadores, o psicólogo Daniel Caminha.

O Translab começou a funcionar em agosto na rua Prof. Duplan, 146 no bairro Rio Branco. É o primeiro “laboratório cidadão” gaúcho.

Casa Duplan: um espaço para pensar e para fazer

A ideia é que as pessoas, ao buscarem soluções inovadoras, aprendam fazendo, compartilhem conhecimento. Por isso o espaço parece um atelier para criação livre, para desenvolver protótipos que acolham processos de construção com madeira, plástico, papelão e eletrônicos. Colaboram empresas da economia criativa, como a Nômade (trabalha para aproximar as organizações das pessoas a partir de relacionamento colaborativo), Paxart (produção artí�stica de marcas, produtos, campanhas e ambientes), Tecttum Design (pro-

A inda não se decidiu a queda de braço entre a secretária de defesa animal, Regina Becker e os donos

jetos e consultoria em design de produto e tecnologia assistida) e Querosene Filmes (produtora audiovisual). O site do projeto é www.translab.cc. Um exemplo do que está acontecendo na Casa Duplan são os encontros quinzenais com o Raiz Urbana, que incentiva a produção de alimentos em área urbana. Começou com uma oficina para ensinar a plantar na escola estadual de ensino fundamental Ivo Corseuil. Hoje a educação ambiental está inserida na proposta pedagógica da escola, com grande envolvimento da comunidade.

de cães que frequentam a Redenção. Regina tem um projeto para transferir o cachorródromo para o local do antigo mini-zoo que foi desfeito. Os frequentadores querem continuar onde estão há 30 anos, perto do canteiro central. A questão está adiada pela campanha

Alguns dos maiores violonistas da atualidade, estarão presentes no VI Festival de Violão da UFRGS, de 21 a 25 de setembro, em Porto Alegre. Coordenado pelo professor Daniel Wolff, o evento receberá os brasileiros Egberto Gismonti, Turí�bio Santos, Marco Pereira e João Pedro Borges. Do exterior, virão Daniel Göritz (professor da Escola Superior de Música de Berlim) e o premiado violonista mexicano Francisco Gil. A prata da casa estará bem representada, com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), Eduardo Castañera e os docentes do setor de violão da UFRGS. Os eventos ocorrem no

Salão de Atos da UFRGS e Sala II (Av. Paulo Gama, 110 – Campus Central), Sala Redenção – Cinema Universitário (Av. Eng. Luiz Englert, s/n – Campus Central) e Instituto de Artes da UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248). Os concertos, com entrada franca, são de Egberto Gismonti, Marco Pereira, Daniel Göritz (Alemanha), João Pedro Borges, Francisco Gil (México), Turí�bio Santos e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (ingresso cortesia para participantes do festival), Daniel Wolff, Flávia Domingues Alves e Paulo Inda (UFRGS), Fernanda Krüger (IFRS), Amanda Carpenedo e Artur Elias Carneiro. As inscrições para os cursos e palestras são somente onTuríbio line, na Santos p á g i n a do Programa de Extensão: www.ufrgs.br/ a r t e s / ex t e n s a o / musica (clicar na opção Inscrições em cursos eventuais)

Trampo no Bom Fim A grafitagem, como arte de rua, nasce sabendo que vai sumir logo. Agora está se tornando mais perene. Um exemplo é pintura feita pelo artista Luiz Flávio Trampo, um dos pioneiros do grafite na cidade, num prédio recém-lançado no Bom Fim. A diferença? “Essa vai ficar”, resume Trampo. O convite partiu do construtor João Carlos Knijnik, para o prédio de apartamentos na Miguel Tostes, 723. Conhecido por seu trabalho Luiz Flávio Trampo social, em oficinas para crianças em comunidades carentes, Trampo também é ouvido em universidades e workshops, e já expôs em diversos estados e em outros paí�ses, como Itália e Alemanha.

eleitoral que absorve a secretária, candidata a deputada estadual. m canteiro de hortênsias foi U plantado na frente do orquidário da Redenção. Embora seja uma hydrangea, amiga da água, e boa parte do parque seja um banhado, é uma das espécies que não existia no parque até agora.

A cabaram-se os patos que existiam na Redenção. Os moradores de rua comeram todos. Café do Lago, na parte mais O nobre do parque, virou uma novela. Mudou outra vez o permissionário, mas o local permanece fechado, aparentemente abandonado.


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omeçou no final de agosto e vai até o final de novembro o trabalho de recuperação e restauração de 12 esculturas e monumentos do Parque da Redenção, furtados ou danificados. Das peças artí�sticas, como bustos e coroas, serão feitas réplicas em resina plástica, em substituição ao bronze, metal valorizado e de fácil venda nos ferros-velhos. As placas de bronze com inscrições, que foram roubadas, serão refeitas em granito. O trabalho avança em quatro frentes, segundo a arquiteta e restauradora Veronica Di Benetti, que coordena o projeto, financiado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). Começou na avenida João Pessoa, onde serão recolocados os bustos de dois importantes médicos da cidade – Annes Dias e Licí�nio Cardoso - e de Samuel Hahnemann, o criador da homeopatia. Para fazer a réplica de alguns bustos roubados, os restauradores tiveram que localizar cópias. As de Annes Dias e Hahnemann foram encontradas no pátio da Faculdade de Medicina; a de Licí�nio Cardoso em Lavras do Sul, sua terra natal. Em seguida serão recolocados os bustos dos músicos – Chopin, Beethoven e Carlos Gomes, na frente do auditório Araújo Vianna. Uma terceira etapa envolve a recuperação dos obeliscos que

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Redenção terá réplicas em plástico Foi a maneira encontrada para evitar furto das esculturas

Árvores saem de cena

foram oferecidos por outros paí�ses por ocasião do Centenário da Revolução Farroupilha, em 1935. Por último será restaurado o Monumento ao Expedicionário, que tem infiltrações e arbustos nos rejuntes, que terão de ser refeitos. Será impermeabilizado e limpo. Exemplar único em Porto Alegre, em homenagem aos soldados brasileiros que lutaram na II Guerra Mundial, é de autoria do escultor Antonio Caringi.

Dois eucaliptos cinquentenários foram removidos na Redenção. São as primeiras de um total de 18 árvores que serão removidas no parque da Redenção, seguindo o diagnóstico do Instituto Tecnológico de São Paulo. Os exames indicaram o risco de queda. São árvores grandes, a derrubada e a retirada exigem pelo menos um mês de trabalho. O estudo do IPT, o primeiro feito em Porto Alegre, indicou o corte de 80 árvores na cidade. A prefeitura contratou a pesquisa depois que a queda de uma árvore matou uma pessoa no parque.

Beethoven

Beethoven e Chopin voltarão aos seus pedestais, ao lado de Carlos Gomes

São muitos os vazios

Limpeza do obelisco

A MELHOR PARTE DE UM PROJETO É

Expedicionário: sujeira sairá

O monumento mais antigo, entre os que serão restaurados, é o que homenageia Ludwig Von Beethoven. Foi colocado em 1927, junto ao antigo Auditório Araújo Vianna, ainda na Praça da Matriz, para marcar o centenário da morte do compositor alemão. Obra de autoria do pintor e escultor Fernando Corona, foi transferida para a Redenção junto com o auditório. É� um obelisco em granito rosa, com 2 metros de altura, com uma máscara de bronze no topo (furtada em 2003) e uma placa (também furtada). “O objetivo é dar o ponta pé inicial para que outras empresas e instituições se mobilizem, para que outras obras sejam resgatadas”, diz o vice-presidente do Sinduscon e coordenador do Projeto Cultural, Zalmir Schwartzmann.

Mais luzes e câmeras A fiação elétrica da Redenção está sendo substituída e ampliada, e simultaneamente está sendo preparada a fiação para a instalação de câmeras de vigilância. Os recursos são da quarta etapa do PAC2. Iraí Marques da Silva, encarregado da equipe da terceirizada Cristel que trabalha no parque, conta que hoje os cabos estão simplesmente na terra, sem nenhuma segurança. “Agora, estamos instalando dois tubos: um para a rede elétrica e outro para os cabos da vigilância por câmeras.” A previsão é que até o final de novembro o trabalho esteja concluído.

Leia mais em www.jornalja.com.br

celuloseriograndense.com.br

QUANDO ELE SE TORNA REALIDADE

O Projeto Guaíba2 já saiu do papel e, daqui a um ano, será inaugurado marcando uma significativa ampliação na produção de celulose (de 450 mil para 1,75 milhão de toneladas por ano). A importância desta obra está no compromisso ambiental de funcionar com 100% de energia própria, permitindo ainda a comercialização do seu excedente estimado em 30.000 kW, na geração de mais de 24 mil postos de trabalho diretos e indiretos, no investimento que é um recorde no Rio Grande do Sul e, principalmente, na transformação do projeto de vida de milhares de gaúchos em uma realidade mais próspera e cheia de alegrias.


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Radiação

Perigo invisível O que dizem as pesquisas sobre os efeitos da radiação que vem do telefone celular e das suas torres

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projeto Interfone, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revisou os artigos cientí�ficos nos últimos anos e constatou aumento de tumores cerebrais entre os usuários mais constantes de telefones celulares (mais de meia hora por dia, durante 6 a 7 anos). O tumor mais invasivo é o glioma, sempre no lado do cérebro em que o celular é usado. Há dois outros tipos, não malignos, no nervo acústico e na parótida (glândula entre a mandí�bula e a têmpora), mas o glioma, quando o paciente percebe, já tem ramificações. A OMS recomenda desde 2011 precaução quanto à incidência das radiações. “As pessoas precisam saber dessa recomendação. É� um troço que se chama direito à informação”, diz Á� lvaro Salles, da Engenharia da UFRGS, que pesquisa o assunto. A OMS e a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) concluí�ram que o uso frequente do telefone celular aumentaria em 40% o risco de desenvolver um glioma. As evidências do risco de glioma e de neurinoma (tumor no nervo acústico)

Álvaro Salles, da Engenharia da UFRGS

Adilza Condessa Dode, professora da UFMG

são "limitadas" aos usuários de celulares, ou seja, revelam uma associação entre a exposição às radiações e o câncer. Quanto aos riscos de viver perto de torres de transmissão, as pesquisas mais consistentes foram feitas em Israel, na Alemanha e no Brasil.

1222 indiví�duos, que recebia cuidados médicos em uma clí�nica próxima, foi usado como grupo de controle. Oito casos de diferentes tipos de câncer foram diagnosticados em apenas um ano. Entre as mulheres expostas, foram 10,5 por mil. No grupo de controle, 0,6. Na taxa média da cidade de Netanya, foi 1. Portanto, o risco relativo existe: num raio de 350 metros da antena, foi 4,15 maior.

Israel

O estudo investigou a população numa área da cidade de Netanya, expostas à radiação de radiofrequência de uma estação transmissora de telefonia celular (ERB). Os 622 participantes moraram de 3 a 7 anos nas imediações de uma estação e eram pacientes de uma clí�nica de saúde. Um segundo grupo de

Alemanha

A partir dos históricos médicos de quase mil pacientes entre 1994 e 2004, viu-se que a proporção do número de casos de câncer recente foi bem maior entre os pacientes que viviam a até

400 metros da antena. E os vizinhos da ERB adoeceram, em média, 8 anos mais cedo. De 1999 a 2004 (cinco anos após a entrada em operação da antena), o risco relativo triplicou para os residentes da área analisada, em comparação com os demais habitantes de Naila. O resultado do estudo em Naila, desenvolvido pela Bundesamt für StrahlenschutzAgência Federal de Proteção contra a Radiação, é um sinal epidemiológico concreto de uma conexão entre exposição à radiação de uma estação de telefonia GSM e o câncer. Na década de 1960, apenas três observações de deformidades de nascimento foram suficientes para descobrir o problema da Talidomida, o que é, hoje, academicamente inquestionável.

Brasil

Em Belo Horizonte, a professora da UFMG Adilza Condessa Dode pesquisou, desde 2005, a relação entre os óbitos por câncer e as torres de celular. Viu que entre os moradores num raio até 300 metros das antenas, a taxa de mortalidade é de 21,74 a cada 10 mil habitantes. Numa área

de mil metros, cai para 19,92 por cada 10 mil habitantes. Quanto mais perto, maior o risco relativo. A 100 metros da antena, esse risco calculado pela pesquisadora é de 1,25. O mesmo í�ndice, em 200 metros, cai para 1,18 e, a 300 metros, para 1,09. A medição do campo eletromagnético na cidade se encaixa nos padrões da Comissão de Proteção Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), mas em comparação a outros paí�ses, como Suí�ça, Rússia, Itália e China, as radiações são muito maiores. Porque lá os governos já diminuí�ram os limites de exposição humana para proteger a saúde pública. Adilza Dode alerta que não há um limite de segurança que garanta uma dose de radiação diária que não cause danos. Quando uma pessoa fala ao telefone celular, absorve 40%da radiação, 30% vão na direção da antena e o restante se dispersa. E cita como bom exemplo a lei de Porto Alegre, de 2002, que segue as normas da Suí�ça. E que agora a Prefeitura quer mudar. A Câmara aprovou, mas o prefeito ainda não sancionou. (leia mais: www.jornalja.com.br)


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