Mensageiro da Poesia - 1 Março/Abril 2016
O nosso patrono Pág. 6/7
Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 133 Março/Abril 2016 Anuidade 20€
Inês Pereira Fernandes
Poetisa do Mês Pág. 14
Dia Mundial da Poesia
Nota de Abertura
Março/Abril 2016
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Dia Mundial da Poesia
A XXX Conferência Geral da Unesco, realizada em Paris a 16 de março de 1999, definiu o dia 21 de Março como Dia Mundial da não será esse. “(...) A hipocrisia disfarçada Poesia. O propósito foi o reconhecimento de “promo- de todos os relacionamentos ver a leitura, publicação e ensino da poesia no era a maior causa de sua anMundo, como forma de celebrar a diversidade de gústia indescritível. Ela tinha diálogo e a livre criação de ideias através das pa- a dualidade de intenções lavras. Estabelecendo uma reflexão sobre o poder dos seres humanos que ora da linguagem e o desenvolvimento das habilida- amam, ora usam, (...)” Refere a poetisa brasileira Tati Bernardi. O que se aplica com muito propódes criativas e inovadoras”. Um exercicio que o Mensageiro da Poesia há sito a algumas investidas repentinas nas nossas mais de 17 anos vem fazendo quotidianamente, atividades públicas, com expressões forçadas de mas que merece ainda mais exaltação, neste pri- afecto... Pela dignificação da Poesia, na sua natureza meiro dia da Primavera, por sinal aquele em que genuina, fica o apelo para que não a deixemos redijo estas palavras. Ao fazer a evocação da Poesia será oportuno, vandalizar, confundir, ou desvirtualizar. Cada actinesta nota de abertura fazer uma referência ao vidade e cada boletim representam o contributo, propósito da linha editorial deste nosso boletim, voluntário e solidário de um vasto leque de pesno qual, desde que dirigido por mim e, enquanto soas. Este é um espaço de fraternidade, criatividaa direção desta associação assim o entender, não de e partilha. terão lugar neste espaço o insulto ou insinuação direto ou indireto, poemas ou prosas de escárnio entre poetas. Se no passado aconteceram, o re- Jorge Henriques Santos gisto que ficará deste período para a posteridade Jornalista, CPJ 4927
Donativos É com muito agrado e profundo reconhecimento que aqui endereçamos, publicamente, agradecimentos muito especiais a todos quanto têm contribuído para dar continuidade ao nosso boletim, mas também para o bom nome e sucesso da nossa Associação, com trabalho voluntário, apoio, carinho e incentivo mas também, com generosos donativos monetários que aqui descrevemos: Maria Amélia Ferreira................80€ Preciosa Gamito.......................10€ Maria Manuela Amaro..............10€ Júlio da Silva Marques.............5€ Maria Catarina da Silva...............5€ Lina de Almeida.........................5€
Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Manuela Lourenço, Preciosa Gamito, Adelaide Palmela, Luís F. N. Fernandes, Damásia Pestana, Arménio Correia, Nelson Carvalho, Maria Catarina Silva, Francisca São Bento, Lúcia Carvalho, Bia do Táxi, Armada Rosa, Zé Bento, Dolores Carvalho, Ana Santos, Manuel Sapateiro, Hermilo Grave, António Bicho, Joana Mendes, José Manuel Jacinto, Ivone Mendes, Inês Fernandes, Alexandrina Pereira, Berta Rodrigues, Carmindo Carvalho, José Frias, Telmo Montenegro, Eduardo Batista, Domingos Pereira, Noam Sambou, Apolo C, José Gonçalves, João Ricardo Pereira, Miraldino Carvalho, Manuel Avelar, Emília Mezia, Fanny, Isidoro Cavaco, Lurdes de Jesus Emídio, Manuel Nunes Avelar, Nelson Carvalho, Margarida Moreira, Maria Graça Melo, Maria de Fátima Coelho, Lúcia Pereira, Maria Laurinda Pacheco, Manuel Martins Nobre, Domingos Pereira, Maria Vitória Afonso, Maria João Lopes, Marcus Vinicius de Moraes, José Camacho e Maria Catarina Inácio • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt
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Vida Associativa
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Próximas actividades Dia 25 de Abril e 1º de Maio: Comemorando o Dia da Liberdade e o 1º de Maio, o Mensageiro da Poesia leva a efeito uma Tertúlia Poética na sua sede no dia 24 de Abril (Domingo) pelas 15,30 em que o tema será o 25 de Abril e o 1º de Maio. Dia 1 de Maio dia da Mãe: Será comemorado no domingo seguinte dia 8 de Maio pelo Mensageiro da Poesia, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas pelas 15,30 horas, com lanche compartilhado, Poesia, Fado, e algumas surpresas, o tema será a Mãe, vem e trás um amigo. Dia 22 de Maio: Entrega dos Prémios do VIII Concurso do Mensageiro da Poesia, com exposição dos trabalhos premiados no Auditório da Junta de Freguesia de Amora, em que os poemas premiados serão ditos pelos autores. Haverá algumas novidades musicais e lanche compartilhado. Comparece e participa. Dia 10 de Junho: Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, o Mensageiro da Poesia assinala esta data no dia 12 de Junho (Domingo) pelas 15,30 horas, em local a definir.
Destaques nesta
Mensageiro da Poesia - 3
Caros Amigos do Mensageiro Sinto-me particularmente feliz por estar aqui convosco. Sempre que posso adoro participar nestes eventos por muitas razões. Primeiro: porque o Mensageiro é uma grande família. Segundo: porque o seu presidente e a D. Donzília são pessoas que geram uma grande simpatia, pessoas de grande Interioridade espiritual e que emanam sobre nós paz e alegria. Sempre senti com eles uma grande cumplicidade e admiração. A pureza do seu coração e a sua amabilidade contagiam-nos. Quanto aos associados tanto poetas como fadistas é notória a vontade de fazer sempre melhor. Nalgumas das minhas crónicas, durante todos estes anos, várias vezes me referi ao Mensageiro da Poesia. E agradeço profundamente o carinho com que sempre fui aqui recebida. Muito obrigada a todos em especial à direcção pelos momentos de criatividade, de entretenimento que sempre aqui passo. Maria Vitória Afonso
edição:
Coelho - Pág. 11 a m ti Fá m co sa er nv • À Co 15 • Dia da Mulher - Pág. or - Pág. 25 • Cantinho do Escrit e Sabores - Pág. 7 es er b Sa l ra tu ul rc te • 9.º Encontro In ma livre - Pág. 4 • Tertúlia Poética - Te s Namorados - Pág. 13 o d ia D a ic ét Po ia úl • Tert
Vida Associativa
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Apoios:
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Tertúlia Poética - Tema Livre
Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES
CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU
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Como já vem a tornar-se tradição, realizou-se, na nossa Sede, no passado dia 28 de fevereiro, mais uma Tertúlia Poética, com a participação de numerosos intervenientes, tendo sido livre o tema. Pelo meio, António Dias e José Camacho cantaram o fado, o que é sempre do agrado de todos. Os poemas foram declamados pelos seus próprios autores, com exceção de Jorge Viegas, que, além de ter recitado a poesia de sua autoria “Poema para ti”, declamou um soneto de Nicolau Tolentino e um poema de Gomes Leal (A Senhora De Brabante) e Damásia Pestana que disse o poema de Fernando Pessoa “O Mostrengo”. Os intervenientes e os respetivos poemas foram os seguintes: Hermilo Rogério (“Ser ou não ser”, “A Liberdade é um direito” e “Como é linda a Liberdade!”); Maria Antónia Afonso
(“Sonho antigo”, “Namorar não é preciso” e “Dia de São Valentim”; Damásia Pestana (“Profundo despertar”, “Silenciosos foram”); Lúcia Carvalho (“Fui Menina que não brinquei”, “Passado da nossa Vida” e “A tristeza e a alegria”; Miraldino Carvalho (“Eu pensei em escrever”, “Eu comprei um computador” e “A poesia é cultura”; Arménio Correia (“Num Abril” e “Caminhada errante”); José Gomes Camacho (“Eu perguntei à madrugada”); Maria Francisca São Bento (“Saudade”, “A nossa vida” e “Primavera”); José de Frias Almeida (“A Fé”, “A felicidade e o amor” e “A minha Lambreta”); Luís Ne-
ves Fernandes (“À memória de João de Deus”, “Uma recordação marcante” e “Portugal – Por amor a Jesus”; e Manuela Lourenço (“Mãe, olha para mim”, “Silêncio e amor” e “Cada manhã”). Até à próxima Tertúlia, que será em data a designar, visto que o último domingo de março é dia de Páscoa, dia de se estar com a Família . Hermilo Grave
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Deus precisa de ti Mulher! Deus precisa das tuas mãos, E precisa também do teu olhar. Ele precisa do teu coração, Para ensinar, Aqueles que ainda, Não sabem amar. Mulher! Deus precisa de ti, Dos teus sonhos, Das tuas ilusões, Só ele te sabe guiar Na estrada das tuas emoções. Ele vê tantos rostos, Cheios de dor, Num mundo infestado De ódio e rancor. Mas Mulher! Deus precisa que os teus olhos Saibam sorrir. Porque só assim eles sabem Dar o amor. Francisca São Bento
Dia da Mulher Tu, maestrina que Geres a harmonia musical, Que alimenta a nossa melomania Tu, bombeira que apagas o fogo da floresta E dos corações Tu, camponesa, que obténs do Espaço telúrico, os frutos mitigáveis. Tu mulher grávida que trazes contigo O maior milagre da vida Tu poetisa, que do nada absoluto Retiras as metáforas. Tu professora, que em ternura Te dás às criancinhas. Tu prostituta para quem Não emito juízos de valor Sois vós que fazeis o Dia da Mulher. Maria Vitória Afonso
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Os Nossos Poetas
Uma lenda indiana A criação da mulher Twashtri criara o Mundo, com todos os prodígios do seu poder. Ao desejar criar a mulher, verificou que havia gasto todo o material disponível com o homem. Isto fê-lo cair na mais profunda meditação, e de tanto cismar, encontrou a solução do caso. Tomou a redondeza da Lua e a ondulação da serpente, o enlace das trepadeiras e o ondear das relvas, a esbelteza das canas e ao macieza da flor, a fragilidade das folhas e o olhar do cabritinho, a alegria dos raios de sol, as lágrimas das nuvens, a instabilidade do vento, a timidez da lebre, a vaidade do pavão, a penugem aveludada que guarnece a garganta dos pardais, a dureza do diamante e o sabor açucarado do mel, o frio do gelo, a astúcia do gato e o arrulho da pomba. Depois de baralhado tudo isto, formou a mulher, e, em seguida ofereceu-a ao homem. Passados oito dias, o homem procurou Twashtri e disse-lhe: - A criatura que me destes, Senhor, só aflige a minha existência. Fala o dia inteiro, rouba-me todo o tempo, lamenta-se constantemente e está sempre doente. Venho pedir-vos que a torneis a receber, porque não posso viver com ela. Twashtri condescendeu, recebendo, portanto, a mulher. Na semana seguinte, o homem procurou novamente o deus e explicou: - Depois de vos entregar a criatura, vivo só e aborrecido. Recordo-me do seu dançar e cantar, lembro-me dos seus olhos lindos, e, mais que tudo, dos seus afagos e abraços… Twashtri entregou de novo a mulher ao homem. Passaram-se três dias e já ele estava de volta, para dizer: - Senhor, agora tenho a certeza de que a mulher não me dá prazer algum. Peço-vos que a tomeis outra vez. Twashtri replicou: - Vai-te, homem, e arranja-te como puderes. E o homem disse: Não consigo viver com a mulher. Twashtri retorquiu: Também não poderás viver sem ela. O homem lá se foi embora resmungando: Pobre de mim! Não quero viver com ela e não posso viver sem ela!...
Poetisa do Mês
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Bem pequenina, Inês Pereira Fernandes já imaginava e criava o seu próprio jornal Inês Cethry Pereira Fernandes nasceu a 27 de Junho de 2003, em Portimão, foi registada em
Lagoa, cidade onde nasceu a sua avó Maria "Bia" Fernandes, por isso, tem grande valor sentimental para os seus pais Paulo e Ellen Fernandes. Reside e estuda naquela linda e pacata cidade, situada no coração do Barlavento Algarvio entre os concelhos de Portimão e Silves. Lagoa é um dos concelhos turísticos mais importantes da região do Algarve, sendo por isso o lugar ideal para viver, visitar e até partir à aventura por entre a sua história e património, bem como através da oferta diversificada das suas belas praias, artesanato, cordialidade e amabilidade das suas gentes, sem esquecer o desenvolvimento cultural, social, e ambiental. A pequena Inês é sócia do Mensageiro da Poesia por intermédio dos seus tios Luís e Donzília Fernandes, desde os seus tenros 4 anos de idade e colabora com o seu Boletim desde que as suas aptidões o permitiram. Desde muito cedo, despertou interesse pelo mundo das artes, tendo sido a pintura e os desenhos as primeiras revelações. Ainda muito pequenina, já ligava as suas brincadeiras ao mundo da escrita, chegando mesmo a imaginar e criar o seu próprio jornal e ou revista. Fazia pesquisas, juntava recortes e inventava as suas notícias. Na escola primária, desenvolvia pesquisas autónomas e muitas vezes, fazia “power points” sobre as matérias estudadas ou acerca das aventuras vividas com os seus amiguinhos... Hoje, para além de permanecer conectada a esta área, ingressou no ensino articulado, vertente música, no Conservatório de música de Lagoa e encontrou no violino mais uma paixão. Esta nossa associada faz também parte do coro do Conservatório de música de Lagoa, actuou em diversas ocasiões e a sua última apresentação, aconteceu nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril. Dentre os muitos “hobbies” da Inês, destacam-se a música, desenho, escrita criativa e poética, dança, canto, natação, entre muitos outros. Estudante do 5º ano na escola Jacinto Correia em Lagoa, a pequena grande Inês, destaca-se por ser uma excelente aluna e a Matemática, é a sua disciplina favorita. Ainda não sabe dizer o que quer ser quando for grande mas, de certeza, que o futuro lhe reserva muitos e bons ensinamentos,
saberá escolher e preparar-se com o mesmo empenho, sabedoria e perseverança dos dias de hoje. Muito perfeccionista, tenta sempre fazer melhor, é uma leitora assídua, adepta do mundo das novas tecnologias da informação e é através delas, que partilha os seus pensamentos e opiniões. Procura constantemente informar-se e gosta de partilhar o que sabe e que descobre com os outros. Quando chega o exemplar do Mensageiro fica sempre muito contente e imediatamente vai lê-lo para depois, o divulgar junto das amigas e incentivá-las a colaborar. Muito caseira, mas com outro tanto de sociável, a Inês adora viajar, conhecer e fotografar novos lugares; gosta muito da escola, mas são as férias de Verão que lhe proporcionam grandes e felizes momentos de lazer, brincadeiras e mergulhos, muitos mergulhos na praia de Armação de Pêra na companhia da sua querida avó Bia e da sua amiga Inês Cintra... A “nossa” Inês tem uma personalidade muito forte, é meiga, criativa e inteligente. Manifesta-se sempre contra todo e qualquer tipo de injustiça e preconceito, mas não deixa para dizer amanhã o que pode dizer hoje... Porque, no próximo mês de Junho se comemora o Dia Internacional da Criança, o Mensageiro da Poesia, foi ouvir esta Benfiquista “de alma e coração”, que é, sobretudo, uma criança muito correcta, responsável e amante das letras… um exemplo!
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Vida Associativa
9º Encontro Intercultural Saberes e Sabores
Primavera Eu sou uma simples menina, Nesta inunda atmosfera, Pois a vida já me m’ensina, Seja fiel à primavera!
Numa iniciativa da Câmara Municipal do Seixal, da Junta de Freguesia de Corroios, e Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho, realizou-se de 9 a 13 de Março no Pavilhão Municipal do Alto do Moinho o 9º Encontro Intercultural Saberes e Sabores, com uma vasta participação de associações e artistas dos mais diversos quadrantes, desde a música à dança, da ginástica ao desporto, do folclore nacional á musica tradicional dos paí-
Com seus imensos encantos, Com coloridas mariposas, Ávidas do pólen de tantos Lírios! Jacintos e rosas! Primavera! Primavera, Onde quero crescer e viver Como um rosado botão Sem as abelhas temer! Assim com todo esplendor Do brilhantismo dos campos, Eu escolho em cada flor, A luz dos mágicos pirilampos! Primavera! Primavera, É a estação por excelência, Minha fantasia acelera, Isto pra minha existência! É esta minha ambição, Seria viver neste linda era, Que o mundo viva na estação, Onde seja sempre primavera! Onde todos cheiros e cores, Pra os povos em conflitos, Que a primavera fosse flores, De paz e de actos bonitos! Inês Pereira Fernandes
ses ali representados. Entre os diversos expositores presentes, e como vem sendo habito, esteve o Mensageiro da Poesia A. C. P. com uma exposição e venda de livros de poesia, a um preço simbólico como forma de incentivar o público à leitura, dando a conhecer o trabalho poético dos seus associados. Arménio Correia
Dia Mundial da Poesia A poesia sobre o mar No naufrágio de Camões Somos nós a declamar Em poemas e canções Domingos Pereira
Os Nossos Poetas
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Amor de Pai Amor de mãe Tão grande ele é que não tem Dimensão. Disso alguém duvidar está fora de questão. Amor de pai Não sai Nos jornais ou nos livros de leitura, Porque é um assunto de pouca procura. Até os poetas (Quem diria?), Mesmo os mais ascetas, Com sentido de grande rigor, Nada dizem, na sua poesia, Do grande amor Que um pai pode aos seus filhos dedicar. E todo este olvido Singular, Para mim, bem marcante, Pelas multidões passa despercebido. Tudo isto é triste. Porém, O amor de pai existe E é tão importante Como o amor de mãe! Nunca preconceito algum me convenceu E não admito sequer Que aos nossos filhos a minha mulher Possa ter mais amor do que eu! Hermilo Grave
A um grande amigo Luís és uma luta constante Que todos impressionas O amor á poesia, Não é desgastante Porque é algo que, Fazes e adoras. Domingos Pereira
Dia do Pai Hoje é dia de S. José E o dia do pai ficou, Que lindo hoje que é Veio para ficar, e ficou. Dias dos pais são todos os dias É como o dia de Natal Temos tristezas e alegrias Tudo na vida é natural. Eu lembro-me sempre pai querido Todas as horas do dia, Foste um pai tão meu amigo Que me deu sempre alegria. Estou sonhando acordada Pouco consigo dormir, Saudades da vida passada Essa que já não torna a vir. Já me fez a despedida Quatro anos está a fazer, No meu coração vive ainda Como se me viesse ver. Recordo-o sempre querido Não lhe abro é o portão, Gostava de vir ter comigo Mas assim tenho-o no coração. Dia dezanove de Março È dia para não esquecer, Só estes versinhos que faço É o que lhe posso oferecer. Um beijinho lhe vou mandar Estou a chegar ao fim, Ainda o quero ir visitar Quero vê-lo a olhar para mim. Maria Catarina da Silva
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Paizinho zela por mim Neste seu dia paizinho Recordo-o com carinho Sempre com muita emoção, Sei que não o posso ver Mas veio-me fortalecer A minha inspiração. Já pensei em lhe escrever Para lhe poder dizer Que o guardo no coração, Procurei por todo o lado Em nenhum lugar foi encontrado Uma simples direção. Aqui neste calmo ambiente Se estiver aqui presente Que nos traga amor e paz, Traga-nos também harmonia Todo o ano, dia a dia Que tanta falta nos faz. Aí se eu pudesse enviar Beijinhos ia mandar E o meu amor também, Para os meus amores sagrados Que Deus já os tem guardados Meu paizinho, e minha mãe. Maria Laurinda Pacheco
Pai
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Os Nossos Poetas
A meu pai Vida difícil a tua, pai! Muita canseira, pouco dinheiro, Muita injustiça, tão pouco pão, Calando orgulho Comendo ofensas do teu patrão. Sorriso triste, parcas palavras Silêncio nas verdades que doíam… Oito, dez, tantas horas…. Como chicotes que batiam. Deixaste tanto por dizer… Já velho, olhavas as mãos (e…que vazias estavam!) O que sentias O que sabias e não dizias Porque te silenciavam! Não viveste Abril! (como eu lamento!) Sempre conheci essa vontade Esse teu anseio de Liberdade Esse teu livre pensamento! Foi isso que me deixaste! P´lo muito que aprendi P’lo muito que me ensinaste… Este Poema é para Ti!!! Tua filha Alexandrina
Pai Sinto no meu peito, tristeza e saudade Recordo as tuas palavras com humildade Num desejo difícil de esquecer e aceitar A tua sabedoria ensinou-me a crescer A tua determinação foi coragem para vencer Os desafios que juntos conseguimos ultrapassar. Pai Foste o meu verdadeiro e único amigo Quando precisei estiveste sempre comigo Enxugaste as minhas lágrimas com amor e carinho Neste dia és lembrado com orgulho e admiração Terás um cantinho especial no meu coração És a razão, para prosseguir o meu caminho. Ana Santos
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Antes do 25 de Abril Chegar Canto de pé, no meu país amado Para quem na sua frágil dor Cante ao amor, que lhe foi negado Gentes ignoradas, no meu país amado Que o vento triste bate no seu rosto E nos seus poemas vozes antigas O desgosto sempre bem cantado Cantigas ao desafio, no meu país amado Estamos livres, fomos libertados Do meu canto lançarei mil dardos E cantarei como antigamente Quando via os homens sentados E todos a falarem muito baixinho Não fossem os opressores ouvirem E virem cercar-lhes o caminho Para eles não dizerem, Como tinham sido acorrentados. Maria Adelaide Palmela
Abril florido Abril florido, criança parida A rasgar forte a treva invernosa! Abril límpido a despertar a vida, No desabrochar da fresca rosa! Abril de águas-mil , como diz o povo, Purificando o triste passado. Abril a cantar um fado novo, Tão dorido e frágil...tão sonhado... Tu escreves-te firme, em letras de ouro, Em luninosa e tépida alvorada A história válida do meu País... Rumando tenaz ao tempo vindouro, Com cravos rubros na madrugada, Abril tão jovem, a renascer feliz. Lurdes Emídio
Lembrar Abril Num ocaso que defi finha Estão a entardecer Os umbrais do pensamento, samento, Em que já se adivinha nha Uma causa a ser esquecida quecida No lento soprar do vento. Num céu onde as estrelas Já não conduzem o homem Pelo sonho, que é a vida Neste mundo vendilhão Que gira em turbilhão Fechando qualquer saída. Muralhas vão-se erguendo No teto do pensamento Numa ufana conquista, Leves brisas da razão Sopram rentinhas ao chão Sem haver quem as defenda. Pelas arestas do tempo Memórias passam correndo Recordando tempos idos, Em que a chave da ilusão Andava de mão em mão Em punhos, ao alto erguidos. Era Abril na alvorada Madrugada desejada Em que o cravo floresce, Da canção silenciada Como arma espoletada Num Abril que se não esquece! Arménio L. F. Correia
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À Conversa com
a nossa colaboradora Maria de Fátima Coelho poetas nos transmitem quando declamam deixa-me emocionada.
Mensageiro da Poesia: como se define? Maria de Fátima: Como uma pessoa normal, com defeitos, virtudes, sonhos. MP: Como é o seu dia a dia? MF: O meu dia a dia é como o de milhares de portugueses que ainda se encontram longe da reforma, casa trabalho e trabalho casa. MP: Como soube da existência do Mensageiro da Poesia? MF: O meu marido gosta de escrever e através de uma associada vossa fomos assistir a um dos muitos encontros que o MP organizava. Tornámo-nos sócios, não sei precisar desde quando, e a partir daí o MP é presença assídua em nossa casa. MP: No seu entender, o que é a Poesia? MF: A poesia é tudo o que nos faz bem à alma, quer seja escrita ou não. E a paixão que alguns
MP: Dê-nos a sua opinião sobre o nosso Boletim de Poesia. MF: Não serei a pessoa mais indicada para falar sobre o Boletim da poesia, embora o receba sempre, confesso nfesso que não leio o quanto gostaria. Quem o lê de fio a pavio é o meu marido que já está aposentado e dispõe de mais tempo livre. MP: Acha que a Poesia é bem divulgada em Portugal e no seio da nossa camada Associativa? MF: No que respeita ao Mensageiro da Poesia penso que labuta para isso dando possibilidades a quem não dispõe de meios económicos para se lançar em publicações autónomas ver difundidos os seus trabalhos. MP: No seu entender o que deve ser feito para incutir a Poesia no seio da nossa juventude? MF: Penso que isso deveria ter início, se não em casa, nas escolas, mas hoje em dia a juventude e não só, estão mais virados para as informáticas. MP: Quer deixar alguma mensagem? MF: Que a vossa associação continue assim, dando possibilidades aos que não podem, monetariamente, a publicar os trabalhos dos poetas MP: Como colaboradora que tem sido, podemos continuar a contar consigo? MF: Sim, embora ultimamente o colaborador seja o meu marido porque é ele quem passa os trabalhos, eu limito-me a corrigir algum erro e remeter ao Mensageiro da Poesia.
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Amor e humildade
Fevereiro Este Fevereiro invernoso Dias de sol foram poucos, Por vezes bem manhosos Um frio daqueles – loucos. De vento muito raivoso De pôr cabelos em pé, Levou muito orgulhoso Apelando à sua fé!... Abracei-me a um pilar Com toda a minha energia Porque senão, ia parar Ao estaleiro da Siderurgia. Ainda assim, almas santas Temi pelas minhas forças, Como as rajadas eram tantas E pareciam coice de corças! Por andar muito distraída E jamais ouvi constar!... A Ilha da Madeira foi traída Por lá começar a nevar.
Com amor e humildade A educação funciona E predomina a verdade De ti não tenhas vergonha
O poeta Precisa duma mulher Inteligente bonita, Não, religiosa, Revolucionária Cheia de amor Terna simples Sambadora Não virgem Sem casa posta Que viva no mundo E esteja na vida É o que importa!... Manuel Sapateiro
África
Mãe África, Mãe África, nós também somos teus filhos. O pigmento é que não se descolou do Coração. Mas Tu vês. Tu sabes. Tu sentes a nossa falta também. Não quero que chores mais. Ofereço-te a minha coloração esbranquiçada pelos genes antepassados. E “desobestantemente”, as distâncias, as temperaturas e as políticas, sentirei sempre a Tua Mão na minha, eternamente. Os meus passos, é que ainda não souberam como me tirar daqui, mas ainda não desisti de Ir e Voltar a estar dentro de Ti. José Jacinto
Quem tem arte de falar!... Vergonha de si não tem?... Deve sempre afirmar O exemplo de si vem Se gostas de humilhar!... Vergonha de ti não tens?... És um homem exemplar Diz como ganhaste os bens?... De ti não tenhas vergonha Predomina a verdade A educação funciona Com amor e humildade. Manuel António Avelar
Damásia Pestana
Pedagogia é um bem Que passa pela tua mente Quando do coração vem A verdade não desmente
Artista da saudade Prendi nas minhas mãos ansiosas... O teu amor terno... só meu! demais ninguém E esse olhar! nos meus espinhos são rosas... O teu sorriso... o beijo doce do Além... À noitinha... oiço canções melodiosas... Do amor... que tanto quero nos meus braços... No mágico luar... imagens graciosas... Despertam-me, o ruído dos teus passos... Chora, canta, ri, artista da saudade! Nas horas más... de febre e ansiedade... A tua voz... é esperança iluminada! Sem ti... por onde ando... tudo arrefece! Bendita a melodia que me aquece! E a minha boca... canta alto apaixonada! Emília Mezia
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Vida Associativa
Tertúlia Poética do Dia dos Namorados Mensageiro da Poesia, A. C. P. comemorou o Dia dos Namorados com uma Tertúlia Poética e Fadista, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas, que gentilmente nos cedeu as suas instalações, aqui fica desde já o nosso muito obrigado, pelo carinho e simpatia, com que fomos recebidos. Perante uma sala repleta de amigos da poesia e do fado, a apresentação do evento esteve a cargo do nosso associado Telmo Montenegro, homem de palavra fluente, habituado a estas lides
poéticas, que fazendo uma breve resenha sobre o poeta ou fadista, deu início à Tertúlia, de frisar que pela forma como o programa estava delineado, e seguindo-o à risca, houve tempo para que poetas e fadistas fossem chamados duas vezes, para gáudio da entusiástica plateia, que não se fez rogada nos aplausos que dispensou aos intervenientes. Começou Hermilo Grave, “Namoro favo de mel” e “Jogos de amor” Lurdes Emídio, “Devoção do amor” e “Alentejo” Helena Moleiro, “Amor em três tempos” e “A minha irmã gémea” Miraldino de Carvalho, “O corvo disse à rosa” e “Não sei que hei-de fazer” o fadista José frias cantou “Saudade da partida” “O meu berço” tendo dito o poema “Meu doce amor” Manuel Nobre, “O Manel mais a Inês” e “O amor” Lúcia de Carvalho, “Fui menina que não brinquei” e “Do coração nasce o amor” Jorge Viegas “Canção do mestiço” de Francisco José Tenreiro, e “Saída” este de sua autoria Laura Santos “Dedicado ao dia de S. Valentim” e “Cinéfilia” Telmo Montenegro “Anda” e “Meu eterno amor” o fadista António Dias cantou “Minha
alma de amor sedenta” “Guitarra toca baixinho” “Amor tropical” e “Sinas trocadas” Margarida Moreira “Dia dos namorados” e “O Geovani” Vitória Afonso “Dia de S. Valentim” e “Confissão” Arménio Correia “Deslumbramento” e “Visita” do poeta popular António Lima Ferreira, Luís Fernandes “Minha amada” dedicado à sua esposa Donzília e “O rouxinol e a flor” tendo terminado com a fadista Mariana Vitória que cantou “Cheira bem cheira a Lisboa” “Entrei na vida a cantar” e “Tudo isto é fado”, com a assistência a colaborar em clima de alegria. Para terminar ouve uma última parte não menos importante, um lauto lanche compartilhado entre todos os presentes, que em franco convívio não deram pelo passar do tempo. Pela reação dos presentes foi uma tarde bem passada, esta do Dia dos Namorados, em que o Mensageiro da Poesia primou pela organização, em que teve uma forte participação de associados e amigos “Mais de quarenta pessoas” numa Tertúlia Poética é muito bom, prova que estamos no caminho certo. Um grande obrigado a todos. Arménio Correia
Vida Associativa
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Mensageiro celebra Dia Internacional da Mulher de de género, mas também o caminho que ainda a percorrer para que a Mulher tenha o seu espaço de igualdade de oportunidades e de igualdade social em Portugal e no Mundo. Com destaque para o papel social que organizações culturais como o Mensageiro da Poesia desenvolvem na exaltação da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. A sessão culminou com um lanche convivio, entre os participantes, no mais fraterno ambiente que já carateriza estes encontros. À semelhança do que aconteceu em anos anteriores o Dia Internacional da Mulher teve mais uma vez destaque no Mensageiro da Poesia. No mais sublime jeito de Tertúlia com Fado e Poesia, o evento teve lugar no dia 13 de Março no Clube Recreativo da Cruz de Pau. A sessão foi presidida por uma mesa de honra constituida por: Luís Fernandes, Presidente da direcção do Mensageiro da Poesia; Manuela Lourenço, 1ª vogal do Conselho Fiscal; Jorge Santos, Diretor do Boletim do Mensageiro da Poesia e José Costa, representante do Clube Recreativo da Cruz de Pau, perante uma assistência com váras dezenas de associados, onde nem a inoportuna e forçada troca de cumprimentos, retirou a serenidade de partilha de excelentes momentos de fado e a poesia. Declamaram os poetas: João Ferreira, Helena Moleiro, Hermilo Grave, José Caldeira, Laura Santos, José Jacinto, Miraldino de Carvalho, Damásia Pestana, Vitória Afonso, Margarida Moreira, Sara Costa, Manuela Lourenço, Jorge Viegas, Lúcia de Carvalho e Lurdes Emídio. Nas vozes de fado, abrilhantaram a tarde os fadistas: José Camacho, Lina de Almeida, José Frias, Manuela Amaro, Carlos Cruz, António Dias, Milai Santos, Zeferino António, Mariana Vitória, Maria João Soares, e José Chéton. Acompanhados brilhantemente à guitarra portuguesa e à viola Tó Zé Cerdeira e Nuno Rafael, respectivamente. Nesta sessão foram ainda homenageadas a fadista, Manuela Amaro, e a poetisa Maria Vitória Afonso. Nas comunicações feitas pela mesa e nos poemas e fados partilhados nesta tertulia, foi evocado o papel das Mulheres na sociedade, o caminho percorrido no sentido da igualda-
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Mensageiro da Poesia - 15
Vida Associativa
12º Convívio do Dia Mundial da Poesia
A nossa Associação levou a efeito o 12º Convívio do Dia Mundial da Poesia, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas. Foi mais um dia festivo de excelente confraternização entre Poetas, Fadistas e o Grupo Coral Alentejano do C.C.E.D. das Paivas. A mesa de honra teve um arranjo muito bonito elaborado pela nossa querida amiga Manuela Lourenço, e dela fizeram parte Luís Fernandes, Presidente da nossa Associação, Manuel Martins Nobre, representante do Centro Cultural e Desportivo das Paivas, Maria Francisca São Bento, Vice-Presidente da nossa Associação, e a grande fadista Lina de Almeida, que foi a apresentadora de todo o programa.
Poesia, Fado e Cantares Alentejanos intercalaram-se na brilhante j atuação. O primeiro poeta a declamar foi João Ferreira, seguindo-se Manuel Nobre, Maria Francisca S. Bento, Preciosa Gamito, Damásia Pestana, Hermilo Grave, Maria Vitória Afonso, Telmo Montenegro, José Frias, Arménio Correia, Luís Fernandes e Helena Moleiro. No decorrer da declamação de Poesia, intercalaram-se as bonitas vozes de Lina de Almeida, Milai Santos, António Dias, José Frias, assim como de dois fadistas do Grupo Coral Operário Alentejano. Este espetáculo foi abrilhantado pela atuação do Grupo Coral Operário Alentejano, com
os seus cantares tradicionais, que toda a assistência aplaudiu. No final, tivemos um lanche partilhado por todos, sem exceção, onde houve lugar a uma animada cavaqueira. Aqui deixamos um agradecimento à esposa do Sr. Manuel Nobre, à Direção do Centro Cultural e Desportivo das Paivas, ao Sr. Carlos Fernandes e a todos que colaboraram na organização deste evento.
Os Nossos Poetas
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É à noite…
Essa vida não é nada Mulher que vais vendendo O teu corpo a quem passa Em silêncio vais sofrendo A tua própria desgraça De noite á luz da lua Teu martírio começa então Vendes o corpo na rua Para ganhares o teu pão Tu és sempre maltratada Sem carinho, sem guarida Vais vivendo enganada O teu recurso é a vida Na noite, sempre tão fria, Iludes a própria dor Sorrindo sem alegria Vais vendendo o teu amor
É á noite!... Que o sonho se debruça da janela, Da minha alma, inquieta e imperfeita. Em que o sonho é perfeita sentinela, Sempre á escuta e atenta, sempre á espreita, É á noite!... Que o sonho me lembra uma aguarela, De cor esbatida e já desfeita. Em que o sonho é uma rosa amarela, Que perfuma a minha alma e a enfeita. É á noite!... Que os sonhos se perdem nos caminhos, Nas veredas, nos atalhos, nas estradas, Á procura de um amor que já perdi. É á noite!... Em que os sonhos se perdem e sozinhos, Vagueiam pelas tristes madrugadas, Chorando, sem saber nada de ti. Lúcia de Jesus Pereira
A dor do meu canto
Rei absoluto
Refrão
Vou cantando minha dor Aos poemas que embalo, Como se fora de amor Esta dor de que te falo.
Ao estar-se na meninice, Passa o tempo lentamente. Mas ao chegar-se à velhice, Corre o tempo velozmente.
Fazes da noite o dia E assim ganhas a vida Tu vives sem alegria A mocidade perdida
Canto triste envolvente Segredo deste meu pranto, Que eu te dou docemente Nestes versos que te canto.
O tempo tudo transforma. Ninguém se pode gabar De ter descoberto a forma Do tempo fazer parar.
Beijas teus filhos queridos Tantas vezes a chorar E uma vez adormecidos Vendes o corpo p’ra lhes dar
Neste poema que canto Esquecer-te não consigo, Ganham asas de encanto Os poemas que te digo.
O tempo, teimoso, avança, Pois é esse o seu mister. Ninguém lhe dita mudança, Nem o faz retroceder.
Um dia quis escrever Meus poemas ao luar Senti meu punho tremer Por tanto de ti gostar.
Não ouve o tempo conselho, Nem liga pra borborinho. E apesar de ser tão velho, Não fraqueza no caminho.
De coração em pedaços Vivo minhas frustrações, No calor dos teus abraços Vou revivendo ilusões.
O tempo pra sempre dura E, com sua arte oculta, Todo o mal do homem cura, Não lhe cobrando consulta.
Apolo C.
Armanda Rosa
Essa vida não é nada A fingir te chamam querida Também nasceste honrada Mulher que andas na vida. Zé Bento
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Mensageiro da poesia Lavrador que o terreno lavras Para lançares nele boa semente, Teus regadios são as palavras Que ajudam toda esta gente. Deus te ajude Mensageiro Gosto da tua moral, Lutas com pouco dinheiro Mas és para todos igual. Teus passos não são em vão No teu caminho há ternura, A todos dás tua mão Pela via da cultura! Mensageiro nunca percas a coragem, Faz muita falta a tua mensagem! Bem hajas Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Bem hajas Câmara Municipal E Juntas de Freguesias A todos o meu muito obrigado. Joana Mendes
O Amigo
Um amigo quando é amigo, Deve provar não é garganta, Porque há abismos, que digo Só falar, falar não adianta! Amigo é ser especial, Que não sai do pensamento, Quando apela vem ajudar, Seja qual for o argumento! Quando a amizade é pura, Tem que ter máximo respeito, Pra fortificar a ventura, Pra se notar com proveito! Amizade não se paga, Nem deve meter dinheiro, Todo auxilio pronto afaga, Ver quem é bom companheiro! Preciosa Gamito
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Mensageiro da Poesia - 17
Cantinho do Escritor
Olá Mensageiros(as)!... Olá Primavera! Mais uma estação chegou...esperemos que envolta de Paz, Amor e Poesia. Nesta altura as árvores vestem-se de verde esperança, um pouco ausente no ser humano nesta sociedade conturbada em que vivemos. Mas para lhe dar algum colorido, também abrem para nós as flores, algumas perfumadas, outras nem tanto, mas que sem dúvida um encanto que nos encanta. Primavera tem o condão de despertar em nós laivos de ternura com as maravilhas da Natureza. Natureza essa tão esquecida, e por vezes tão mal tratada pelos humanos que de humanos nada têm. Deveriam ver o exemplo das avezinhas, que cantam deliciosas serenatas, ao esplendor da Primavera, há lá coisa mais poética que o regresso das andorinhas aos seus beirais, com seu chilrear de alegria a construir os ninhos, preparando com desvelo o lar para a chegada dos seus filhotes . Neste mês de Março, comemora-se o dia Internacional da Mulher, dia do Pai, dia Mundial da Poesia, da Árvore, e também este ano a Páscoa, portanto sem dúvida um mês Abençoado, sinto-me privilegiada por ter nascido neste mês num dia especial(dia da Mulher). Desejo para todos(as) que comemorem todos estes dias com os mais nobres sentimentos, de Paz e Harmonia. Uma Santa Páscoa e sejam felizes. Manuela Lourenço
Os Nossos Poetas
18 - Mensageiro da Poesia
Obrigado Aljustrel
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I Que estranho destino De ti me afastou, como tenho sentido Um sonho de menino, em amor se tornou E hoje me traz envolvido. II Sinto a tua presença Desde a minha infância, Aljustrel repara Se não há recompensa Porquê a distância, que de ti me separa. Refrão Como posso esquecer-te Aljustrel Se és minha riqueza O esplendor de um berço de encanto Que me torna fiel O calor, o sorrir dos teus filhos Cheios de franqueza Que me fazem feliz e cantar-te Obrigado Aljustrel. III Não há nada que pague O calor desta terra, que me viu nascer, Quem sente é que sabe Sem o afecto que encerra, já não posso viver.
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“Primavera” Como é linda a Primavera Voam as aves à solta Pousando de flor em flor Seu gorjeio transmite amor Beleza nos verdes montes E o murmúrio das fontes São como músicas divinas Jorrando águas cristalinas Que nos acalmam a dor Até a brisa afagante Ondulando a natureza Dá-nos um vaivém de beleza Nos ramos de verde cor O rebanho das ovelhas a balir Ao longe canta o pastor Na Primavera tudo canta Cantam os grilos e as rãs Desde a noite até manhã Até mesmo o vento forte Porque está com alegria Essa quente ventania Que nos acalma e encanta Vai transformando em quimeras Essa linda estação do ano Que se chama Primavera… Ivone Mendes
IV Foi bem que fizeste, nesta ingratidão Ao longe a escutar-te Esse amor que me deste, é como esta canção Que hoje quero cantar-te “Refrão”
O meu espelho…
V É meu companheiro, nas noites serenas Que eu ouço porém O cantar de mineiros Acalma as suas penas e as minhas também.
Não és recompensa, nem castigo, Nem sequer és o espelho que mereço. És mais, muito mais do que o que digo. És o meu rosto voltado do avesso.
VI É gente hospitaleira Que o Alentejo merece e o torna feliz Tua gente mineira Produz, enriquece, e orgulha o país. “Refrão” José Camacho
Meu espelho, confidente e meu amigo, Olho para ti e não me reconheço. Que imagem é esta que persigo?... Dentro de ti e fora do que pareço.
Companheiro inseparável, confidente, Meu espelho, meu amigo, minha dor Tanta vez a deslizar pelo teu brilho!... Apagas as minhas lágrimas docemente, Não censuras…És apenas espectador, Se eu quiser pisar um novo trilho. Lúcia Pereira
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Mais uma Primavera Mais um ano, mais uma Primavera, das plantas renascidas ... seria bom, quem nos dera remédio para nossas feridas. É linda a Natureza, nesta altura, dela sentimos a pureza de todo o seu esplendor em cada abrir de uma flor. nessa beleza da flor, que nos perfuma e encanta alivia um pouco a dor e faz trinar muita garganta. São milhões de avezinhas, que regressam aos seus beirais vestidas de negro as andorinhas até encantam os pardais. E os campos de girassóis ?... essa beleza sem fim parecem milhares de sóis, dando as boas vindas a todos e a mim. Manuela Lourenço
Primavera
Eis que surge o amanhecer da cor O despertar dos sentidos ... O cheiro das flores... A natureza nos beija, é o toque do amor. São perfumes cheios de sabores... O azul do céu com laivos de brancura E o Sol espreitando com doçura... Terna manha Primaveril Uma entre tantas, entre mil... Percorro campos verdes e às cores. Há música no ar, as andorinhas... Que cantam alegremente às flores. Há vida ... há luz ... há cor... É a chegada do Amor!... Crianças brincam com fulgor ... Animais despertam com o calor Acorda Natureza !... É a Primavera em flor... Vem abraça quem passa Que o Mundo precisa da tua cor... Margarida Moreira
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Os Nossos Poetas
Eu sou: Bia Tantas são as pétalas da flor do meu destino Feito ao luar, entre vinho almiscarado Em conflito neste mundo peregrino Em que nasci, metade raiz, metade fado Há outros aspectos me correndo nas veias Fantasmas perfeitos, o sol cavalgando Pelas paredes do tempo deslizando, me enleias Ambas as mãos procuram, me acariciando As pétalas da flor da minha procura Feita em corcel desfilando no meu peito É alvo da minha inocência, da minha loucura Como pantera correndo, muito a seu jeito Numa noite repleta de assombros e desejos Em viva constelação, que despontava na terra Quando um prateado cordão prendia os beijos Numa curva geométrica que o silêncio encerra Cada gota de orvalho, era raiz aberta Das árvores que plantou o meu olhar De braços pendidos e vista incerta Um hálito perene, fazia minha barca naufragar E assim nasci; onde flamejavam afetos Onde adormecido o silêncio surgia E uma suave brisa, percorria os abetos Deitando ao mundo este ser que sou eu... Bia Bia do Táxi
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Tenho a minha Lambreta Tenho uma linda Lambreta, Vai comigo a todo o lado. Todos dizem que é treta. Para mim, tem resultado. Fui ao canil na Lambreta Levar depressa a ração. Fui veloz como uma seta, Pra dar de comer ao cão.
História triste U Uma lilinda d rosa, Toda empoeirada, Que fora lançada Para a beira da calçada, Permanecia, queixosa, Perto duma valeta. Passava o Poeta E, ao ver a rosa Desditosa, Triste e abandonada, Sujeita ao maior perigo, Pegou nela, Com cautela, E levou-a consigo. Chegado a casa, o Poeta, docemente, Lavou a rosa, imediatamente, E pô-la numa jarra colorida. A rosa, toda ereta, Ganhou vida, Uma vida nova… Morreu o poeta E, na sua cova, Não se vê uma flor, Nem uma singela violeta. Como o mundo está cheio de desamor! Noam SAMBOU
Eu relanti em S. Bento, Zona de muitos buracos E terra de muito vento, Onde caem os mais fracos. Quem tem a barriga cheia E muitos banquetes come Quase nunca liga meia Aos pobres que passam fome. Com a esquerda e a direita, Sendo uma gorda outra magra, O país não se endireita, Mesmo tomando Viagra! José Frias
Paisagem de sossego Suave é a brisa penteando a seara Ondulando ao de leve o trigo maduro Da cor que de ouro faz joia mais cara Em forma de pão, alimento mais puro Bela é a visão que abrange a planície Na monotonia… tão calma e dolente Como se a cidade de repente visse Um largo Alentejo à espera da gente E eu que resido num prédio em altura Admiro sonhando a extensa planura Ao sentir em dolência o meu corpo inerte Busco o sossego da paisagem perfeita Alívio do stress de que a vida se enfeita Procurando imagens na imensa internet . Maria Graça Melo (no livro "O BAILE DAS PALAVRAS"
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O meu outro eu Não sei quem és, nem sei se existes, O teu perfume me inebria. Vens sobre mim nas horas tristes, És meu alento e alegria, Chegaste e nunca partiste.
Não se agite as vossas águas As águas agitadas em correria E ondas a correr pela praia fora Mesmo o homem com sua sabedoria Não as poderá fazer parar na hora. Qualquer que endurece o coração Desconhece de Deus, a sua justiça Anda ao sabor da sua razão E aquele que tem paz; ele o atiça. Todo o homem que é enganador Prepara sempre uma ratoeira Ele se faz muito engenhoso Depois diz que é por brincadeira. Pois aquele que é maldizente Tornar-se-á um desestabilizador O seu coração é duro não sente Desse mal será o causador. O que anda no mal não tem paz E quer perturbar toda a gente Porque esse não será capaz De tranquilizar qualquer mente. Não vamos olhar para a dor Nem pensar que estamos de partida Porque o teme ao Senhor Ele lhe dará anos de vida. Jamais nós poderemos existir Sem o poder do regenerador Porque aquele que há-de vir É o grande restaurador. Eduardo Fernando Batista
Onde quer que eu vá, tu estás comigo, Tua presença me acalma, Nas noites frias, meu abrigo, És recanto da minha alma, Junto de ti, tudo consigo. Quando de mim mesmo me afasto, E o abismo se aproxima, Lá estas tu, meu doce emplastro, Qual anjo, pairando por cima, Como um luzeiro, ou um astro. Há dias que quando acordo Não dou por mim, desconheço, Eu penso mas não recordo, Tu lá estás, eu reconheço, Pegas-me ao colo, eu concordo. Não sei qual é o teu nome, Chamo-te força do bem, E se o desejo me consome, Sentir falta, sentir fome, Tua luz sobre mim vem. Passam horas, dias e anos, Amores, desamores, paixões, Quantas vezes nos desenganos, Nas alegrias e emoções, Me livraste de outros danos. Meu outro eu, anjo talvez, Houve um tempo em que eu te via, Desconheço tais porquês, A forte chuva caía, Deixei de te ver de vez. Telmo Montenegro In: À Esquina do Tempo Edição: Chiado Editora
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Ainda recordo aqueles anos Ainda recordo aqueles anos Que vivia sem ter nada Eram muitos seres humanos Naquela vida já passada I Não tínhamos ordenados Não havia trabalho certo Ter reforma nem de perto Naqueles anos já passados Devem ser mais recordados Esses tempos desumanos Para os malvados e tiranos Não poderem voltar atrás Aos meus tempos de rapaz Ainda recordo aqueles anos
III A situação tinha que mudar Foi o que veio a acontecer Todos tinham para viver A miséria estava a acabar Viamos a vida melhorar Num futuro sem enganos Estava nos nossos planos Melhorar o que está mal Cremos defender Portugal Somos muitos ser humanos
II Sem rádio nem televisão Ter um carro nem pensar Nem se pensava em andar Algumas vezes de avião Mas foi grande a evolução De gente mais avançada Porque estava revoltada Estava acabando a alegria Parte do povo bem sentia Que vivia sem ter nada
IV Não deixamos voltar atrás Aos anos de antigamente Queremos o país com gente Para governar seja capaz De nos dar trabalho e paz Com uma vida organizada E a moral bem levantada Sentirmos a alegria crescer E não voltarmos a viver Naquela vida já passada.
Manuel Martins Nobre
A palavra amor… Simples, terna, talvez bem fácil de dizer, Amor, palavra que tanto poder encerra, Pra uns é o maná mais gostoso na terra; Pra outros um inferno autêntico de temer! Agita homem ou mulher, andam em guerra”, Pra um grande amor, a todos custa a vencer, Nenhum sabe, mas cair por vezes traz prazer, Que a porta da felicidade ali se descerra! Vejam, como é doce, terna d’esta palavra, Quando surge leal p’la primeira vez lavra, Encanta quem sente algo novo, profundo… Amor! Sentimento que nasce e morre suspeito, Ninguém sabe o que faz consegue bem-feito, Sendo assim, o amor é será o motor no mundo! Dolores Carvalho
Poetas sonhadores Os Poetas são Sonhadores escrevem para não chorar salpicam no papel, pinceladas de emoção, agitam a sua vida, o seu coração. Homem lutador, genuína simplicidade, amante da Paz de grande sensibilidade. Espalha pelo mundo Hinos de amor, nas mensagens que dita na amizade que dedica. De degrau em degrau subiu na difícil caminhada. Nem os obstáculos que enfrentava o deixaram menos lutador. Sempre com desejo de espalhar pelo mundo Hinos de amor. Outros Poetas com os mesmos sonhos a ele se juntaram subindo de degrau em degrau conquistaram o sonho almejado. Hoje entre festa, Música e Poesia vamos todos brindar Ao XVIII Aniversário do “Mensageiro da Poesia” Ao sr. Presidente, parabéns! temos o privilégio de ter um grande amigo. Um Poeta Sonhador, Homem lutador, que espalha por todos nós Hinos de Amor. Bem-haja. Fanny
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Dilúvio de sonhos Absorto no meu pensamento Imerso nesta enxurrada de ideias Que alimentam estas minhas pelejas Nem dou pelo passar do tempo. São pássaros loucos! Cavalos voadores! São sombras incógnitas Que povoam a minha mente São sonhos cor de rosa sonhados De olhos abertos acordados. Sonho retroceder no tempo Vaguear nas horas decorridas Nas alegrias, nas agruras. Sonho, ir contigo meu amor Colher flores aos jardins da nossa adolescência Que eram o paraíso dos nossos amores De onde, pró mundo olhávamos com ânsia. Ah! Como éramos tresloucados! Totalmente desvairados! Tu eras uma gazela saltitante Eu um poldro Aos pinotes solto errante Correndo e saltando. Vem, vamos para o lado de lá, vamos Juntos este sonho sonhar. Vamos rir à gargalhada de tudo que fizemos E vamos esquecer todos os anseios Que não concretizámos Todos os desejos que não realizámos. Vem, vem amor, vamos recomeçar. Vem, vem amor, vem comigo este sonho sonhar. Carmindo Carvalho
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Lingua famosa Língua de Camões; Língua de Bilac! Amo-te, ó rude e doloroso idioma (Bilac) A poesia é a música da alma, e, sobretudo, De almas grandes e sentimentais Voltaire Tudo passei; mas tenho tão presente (Camões) Não há no Universo idioma mais eleito Que o nosso, português, útil, sonante, vernáculo, Que usam Portugal e Brasil n’um elo estreito, Que é por isto que entre nós não há obstáculo! É um legado dos nossos antepassados feito… AMIGO!? AMIZADE!? Não são um espectáculo…? AMOR?! Haverá palavra mais linda no peito, Isto e tudo contribuíram pró nosso cenáculo? Foram Abreu! Amado! Bilac que tiveram jeito… Foram Camões! Bocage! Camilo o certo pináculo, Desta língua maravilhosa de tanto respeito! Que se tornou unigénita como um tentáculo, Com esta língua tão fecunda tanto se tem feito, Que se pode, afirmar é mesmo sustentáculo Nelson Fontes Carvalho
Sentidas Condolências O Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética endereça as suas condolências à família do saudoso amigo e sócio pioneiro João Ricardo Pereira.
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Quem o Alentejo conheceu Quem o Alentejo conheceu E saiba apreciar Seus campos são jardins Para sempre o recordar I Ouve-se os grilos cantar Parece música no prado Vêem-se rebanhos de gado Nas planícies a pastar Vêem-se os pássaros voar Logo ao amanhecer Antes do sol nascer Começa o novo dia É vida com alegria Quem o Alentejo conheceu II Na Primavera é florida Parece que foi semeado Com o cheiro perfumado No caminho percorrido Por isso é distinguido Pouco há a comparar Até dá gosto passear E ver sua paisagem É linda a sua imagem E o saiba apreciar
III Ouve-se o canto da perdiz As cegonhas no seu ninho O cantar do passarinho Com uma vida feliz Por isso é que se diz És a beleza sem fim Na vida és assim Não se pode desmentir A olhar e a sorrir Seus campos são jardins IV Vêem-se grandes trigais Na altura do Verão És terra que dá pão Também os arrozais Nos campos os maiorais Os rebanhos a guardar Por onde se passar Tudo és de beleza É linda a natureza Para sempre o recordar
Lúcia Carvalho
Pensamento O amor puro, o amor autêntico, não conhece oscilações, pois é sempre estável e constante; o amor que ora é muito, ora é pouco ou nenhum, é o outro, que o vulgo diz que se “faz”! Hermilo Grave
A vida é uma passagem A vida é uma passagem Que breve desaparece Como a simples miragem Que tão depressa esquece No jardim murcham as rosas E nasce mais uma flor Em noites maravilhosas Pode nascer o amor Muito breve e complicada É a nossa triste vida Para tantos, desejada Para outros, dolorida No jardim eu queria ter Minhas roseiras em flor E sempre as pudesse ver Bonitas da mesma cor Todas tinham seu perfume Cada qual com sua cor No roseiral de queixume Só transbordasse o amor As rosas murcham e secam Fica apenas a lembrança O fardo dos anos pesam A morte é nossa herança Maria João Lopes
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Ser poeta Ser poeta é sentir amor Nem que seja por uma flor. E no coração muita esperança É viver sempre a mocidade Em qualquer que seja a idade E ser-se sempre criança E foste tu essa flor!... Que com poemas d’ amor Fiz um castelo encantado E nesta bela adoração Vou vivendo com emoção Um lindo sonho doirado! É como na praia as crianças, Erguem castelos de esperanças Tão lindos, á beira mar!... Mas quando vem a maré cheia E o mar arrasta a areia Fica a criança a chorar! Esses castelos tão lindos Com tanto amor construídos São como os sonhos da vida, Construídos com muito amor E um dia sem alguém supor Vem uma onda desmedida! João Ricardo Pereira
Jamais Saberás (À Márcia Maria)
Os Nossos Poetas
A vida não é nada As carícias do teu rosto Que a brisa leve te afaga, São ternuras ao sol-posto, São coisas feitas de nada. Sinto que a brisa tropeça Nas flores do teu jardim, Sempre que a noite começa, E tu ficas junto a mim.
Senhor
Oiço no teu coração A música do teu olhar; E sinto nessa paixão O teu desejo de amar.
Escrevi ao sol, ao mar e à terra A tudo eu escrevi Só ainda não tinha escrito Um poema para ti
Quando tudo não é nada; Com ternura e com paixão, Ficas amando calada, Ao ritmo do coração.
Não brinquei na meninice Não vivi a juventude Sabes o que tenho sofrido Com esta falta de saúde
A tua boca molhada Bendito seja o teu nome Que à minha transmite calma, Louvado sejas Jesus Teus ternos beijos de fada São delírios da minha alma. Ajuda-me a suportar Esta tão pesada cruz Quando vem a madrugada, Tu és pai, confidente e amigo E o amor já nos prendeu, És a minha companhia A vida já não é nada, Ficamos só, tu e eu. Estás sempre comigo Seja de noite ou de dia Isidoro Cavaco
Sei que milhões de anos não bastarão Para saberes o muito que te amo. Eu sofro a ferir o coração, Falta a tua presença que reclamo. Falho... são imensos e vários os meus erros, Porém, quanto amor há dentro de mim: E, no maior de todos os desterros, Eu não concebo tanto amor assim. Vão-se os anos… a vida continua… Um sentimento igual não encontrarás. Eu sofro de tanta saudade tua, O quanto te amo, jamais saberás! Marcus Vinícius de Moraes Poços de Caldas (MG)
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Para te agradecer Nada mais te posso dar Continuar a viver Erguendo as mãos a rezar Tu me deste este dom O dom de escrever poesia Vou sempre te agradecer Hora a hora, dia a dia Na estrada que percorri Dei carinho e dei amor Por tudo o que já vivi Obrigado senhor. Berta Rodrigues
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Em Corroios há um moinho Em Corroios há um moinho Noutros tempos trabalhou Depois de envelhecer Num museu se tornou I Numa zona ribeirinha Trabalhava com a maré Ainda hoje está de pé A sua velha casinha Do trigo fazia a farinha Ali vivia sozinho Difícil era o caminho Para levar ao celeiro Conhecido do moleiro Em Corroios há um moinho II Hoje está recuperado Tem lá os seus haveres Cumpria os seus deveres No tempo já atrasado Por muita gente é visitado A sua herança deixou O tempo tudo mudou Ficou a recordação Para a sua população Noutros tempos trabalhou Miraldino Carvalho
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À memória de João de Deus
Num belo dia de Primavera, Manhã de arco-íris, Nesta linda terra, III tou-me Há outros também desviados Uma criança pergun ? feliz era eu Se São da mesma utilidade Pertencem há mesma cidade E se gostava de ler? Eu de imediato, Mas estão abandonados Aprontei-me a responder: Se ainda fossem arranjados Que sim!— Em vias de se perder Ela riu-se para mim, A tantos deram de comer Com um livro na mão Quando podiam trabalhar Qual não foi o meu espanto: Assim se vai acabar Quando vi João de Deus! Depois de envelhecer A criança de voz docinha, Numa bonita gracinha, Me disse: IV Sem nenhuma hesitação Tiveram seu tempo de vida É lindo o livro de João de Deus! Como qualquer outro ser E eu fiquei seduzido, Já não podiam moer Ao redor… na tenção da criança Fizeram a despedida Toda, imensa sem igual… Já era grande a fadiga Repetida e relembrada… Sua tarefa acabou A bela lembrança: Sua vida terminou Da eterna, formosa e boa Depois de já velhinho Pessoa… do Sul de Portugal!... A vida de um moinho Num museu se tornou Luís F. N. Fernandes
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Mensageiro da Poesia - 27
Poeta em Destaque
Biografia Resumida de João de Deus João de Deus de Nogueira Ramos, mais conhecido como João de Deus, nasceu a 8 de março de 1830, em São Bartolomeu de Messines e faleceu a 11 de janeiro de 1896, em Lisboa, tendo sido um eminente poeta lírico e pedagogo, deixando para a posteridade não só a sua excelsa poesia como também a sua Cartilha Maternal, que consiste num método simples e prático de ensino de leitura dedicado às crianças e que até hoje ainda é utilizado. A sua poesia, escrita numa linguagem simples e delicada é acessível a todos e reside aí, talvez, grande parte do sucesso que João de Deus obteve como poeta. Foi chamado no seu tempo o Poeta do Amor e, além da poesia lírica, também praticou a poesia satírica. Filho de modestos comerciantes, de fracos recursos financeiros, viveu grande parte da sua vida em extrema pobreza, numa época em que só os filhos dos ricos podiam aspirar a uma carreira universitária. Estudou latim na sua terra natal e ingressou mais tarde no Seminário de Coimbra, onde os estudantes menos abonados podiam prosseguir os seus estudos. Mas considerando o poeta que não tinha vocação para a vida eclesiástica, ingressou na Universidade de Coimbra, como estudante de Direito, tendo aí um percurso muito conturbado, com muitas faltas e interrupções, devido à vida boémia que levava. Só se formou dez anos mais tarde depois de ter ingressado na universidade e, mesmo assim, graças ao clamor de muitos dos seus condiscípulos, que tudo fizeram para que o poeta terminasse os seus estudos. Viveu, durante muito tempo da ajuda de amigos e de alguma poesia que ia publicando aqui e ali e da colaboração com a imprensa regional alentejana e algarvia. Não tendo interesse pela advocacia, resolveu, em 1868, partir para Lisboa, cidade onde passou a residir e onde chegou a passar grandes privações. Passava o tempo nos cafés, em particular no Martinho da Arcada, em constantes tertúlias. Para sobreviver, fazia traduções e escrevia sermões e hinos para cerimónias religiosas. Como candidato independente, fez-se ele-
ger como deputado pelo círculo de Silves. No Parlamento, em declarações que foram publicadas pelo Correio da Noite, terá dito: “Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos?...”. Casa, em 1868, com uma senhora abastada, tendo adquirido aí estabilidade na sua vida pessoal e, nesse mesmo ano, publica a coletânea “Flores do Campo”, a que se segue uma pequena recolha de 14 poemas intitulada “Ramo de Flores” (1869), considerada a sua melhor obra poética. Ao longo dos anos e antes da sua morte, colabora com a imprensa periódica, faz muitas traduções e mantém uma intensa obra literária. Influenciado pelo seu amigo Antero de Quental, adere ao ideário socialista, tendo publicado no jornal católico “Cruz do Operário”, edição de 29 de agosto de 1880, uma carta onde se confessa socialista, dizendo: “… sou socialista porque sou cristão, sou socialista porque amo os meus semelhantes…” João de Deus viria a falecer no dia 11 de janeiro de 1896, com 65 anos de idade e os seus restos mortais encontram-se sepultados no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, e tem uma via pública com o seu nome no bairro da Estrela e uma Estátua, erigida em 1966, no Jardim da Estrela, sito no mesmo bairro. A melhor homenagem que nós, amantes da poesia, podemos prestar a tão ilustre e excelso Poeta é ler a sua poesia, cheia de encanto, por vezes ingénua e quase infantil. Pesquisa de Hermilo Grave
Segredo é Amar
Março/Abril 2016 28 - Mensageiro da Poesia
Seria o beijo Que te pedi, Dize, a razão (outra não vejo) Por que perdi Tanta afeição? Fiz mal, confesso; Mas esse excesso Se o cometi, Foi por paixão, Sim, por amor De quem?... de ti!
Perdão!
Tu pensas, flor, Que a mulher basta Que seja casta, Unicamente? Não basta tal: Cumpre ser boa, Ser indulgente. Fiz-te algum mal? Pois bem: perdoa! É tão suave Ao coração Mesmo o perdão De ofensa grave! Se o alcançasse, Se o conseguisse, Quisera então Beijar-te a mão, Beijar-te a face... Beijar? que disse! (Que indiscrição...) Perdão! perdão! João de Deus, in ‘Campo de Flores’ e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com