Boletim 134 do Mensageiro da Poesia

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Mensageiro da Poesia - 1 Maio/Junho 2016

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O nosso patrono Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 134 Maio/Junho 2016 Anuidade 20€

Maria Laurinda Pacheco

Poetisa do Mês Pág. 14/15

VIII Concurso de Poesia


Nota de Abertura

Maio/Junho 2016

2 - Mensageiro da Poesia

É imperativo que nesta edição do mês de Junho o Mensageirro da Poesia faça uma evocação a Luis de Camões. Segundo Eduardo Lourenço, “Somos o que somos, porque fomos. Somos, não o que históricamente fomos, senão o que Camões quis que nós fôssemos”. “...Camões deu-nos o nosso bilhete de identidade e fez o nosso registo espiritual — deu-nos a alma, a alma que faz com que, cada um de nós, tal como o homem do leme, diga: “Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu...” O Pai da poesia lusa deu-nos a nossa identidade que nos caracteriza como povo, assente no nosso espirito colectivo de nos darmos aos outros povos, de sabermos colher deles os contributos para a nossa interculturalidade e de estarmos no Mundo como um contributo para o seu crescimento e desenvolvimento... Hoje, como ontem, exportamos mais valias humanas que se espalham pelo Mundo: Antes marinheiros, astrónomos e cosmógrafos; Depois seringueiros, racoveiros e comerciantes; Mais tarde operários, serventes e construtores de “maisons

Destaques nesta

e uzines”; Hoje jovens com saberes de elevado nivel tecnológico que contribuem para o desenvolvimento económico de muitas empresas e em muitos países. Uns e outros levam na bagagem conhecimentos, capacidades, sonhos e vontades. Acompanhados de uma essência poética, muito bem sintetizado neste poema de Geraldo Chacon Trago nos olhos a água, nascida na fonte da serra. Na boca... na boca tenho terra, de tantas vezes ter ido ao chão. Nas mãos trago uma roseira de luz onde poesia é espinho ou flor. No ventre trago a fome de mil gerações, no peito mais de mil corações e no coração, um infinito amor. Jorge Henriques Santos Jornalista, CPJ 4927

edição:

bril- Pág. 04 • Tertúlia do 25 de A - Pág. 09 • Poemas Premiados l Sobral - Pág. 11 ue an M a em ag en m • Justa Ho Dia da Mãe - Pág. 13 o o d an ej st Fe ia es • O Mensageiro da Po - Pág. 19 • A Magia da Quadra de Moraes- Pág. 27 s iu ic in V s cu ar M • Poeta em Destaque Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Manuela Lourenço, Hermínia Silva, Adelaide Palmela, Luís F. N. Fernandes, Damásia Pestana, Arménio Correia, Nelson Carvalho, Joana Teixeira, Francisca São Bento, Lúcia Carvalho, Bia do Táxi, Armada Rosa, Zé Bento, Dolores Carvalho, Ana Santos, Manuel Sapateiro, Hermilo Grave, Ricardo Manuel Correia, Laura Santos, José Manuel Jacinto, Ivone Mendes, Maria Gabriela Aldeano Correia, Alexandrina Pereira, Berta Rodrigues, Carmindo Carvalho, José Frias, Telmo Montenegro, Ricardo Manuel Correia, Manuel Joaquim Sobral da Natividade, Noam Sambou, José Gonçalves Caldeira, Maria de Jesus Reis, Miraldino Carvalho, Manuel Avelar, Jessie, Isidoro Cavaco, Lurdes Emídio, Margarida Moreira, Maria Laurinda Pacheco, Manuel Martins Nobre, Chico Bento, Maria Vitória Afonso, Ana Ferreira, Marcus Vinicius de Moraes, Manoel Beirão • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt


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Próximas actividades Tertúlia Poética a Bordo, com Lisboa à Vista

O Mensageiro da Poesia leva a efeito no quarto domingo do mês de Junho, dia 26, a sua tradicional tertúlia do mês. Desta vez com a particularidade de se realizar num dos locais mais emblemáticos do Seixal, o barco cacilheiro, convertido em restaurante, agora denominado “Lisboa à Vista” que se encontra atracado no cais da Mundet, na Baía do Seixal, também conhecido pela anterior designação de Cacilheiro do Tejo. O tema desta tertúlia é livre e tem como outra particularidade apresentar aos presentes o novo sócio António José da Silva e a sua obra poética. O evento decorre a partir das 15h e conta com um lanche bufet, no valor de 4€ . Espera-nos uma doce e tranquila tarde de poesia, atracados na cais da Mundet e ancorados à essência dos nossos valores de Fraternidade.

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Mensageiro da Poesia - 3

Vida Associativa

Mensageiro Poesia da

Associação Cultural Poética de Amora Assembleia Geral Ordinária

Convocatória

Nos termos estatutários convoco os sócios do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética para uma Assembleia-Geral Ordinária, a relizar no dia 25 de junho de 2016, pelas 15 horas na sede desta Associação, Rua dos Vidreiros, loja 5, Amora, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 – Apresentação do relatório de contas de 2015. 2 – Apresentação, discussão e votação do plano de atividades para o ano em exercício de 2016. 3- Eleição de novos òrgãos sociais 3 – Informações. (Se à hora marcada não estiver presente o número legal de Associados, a Assembleia-Geral, reunirá meia hora mais tarde, com qualquer número de sócios presentes.)

Tertúlia Poética

No dia 24 de Julho terá lugar mais uma Tertúlia Poética com lugar e hora a definir e tema “Os Avós”.

Passeio pela Baía

Agora numa embarcação tradicional e navegando “Por essse Rio Acima”, O Mensageiro da Poesia vai realizar no dia 1 de Agosto, (segunda feira) a partir 14h30m a “Quarta Tertúlia Poética pela Baía”. ”. Trata-se de um passeio na embarcação “Varino o Amoroso”, ou “Bote Fragata”, oferecido pela Câma-ra Municipal do Seixal, onde os confrades decla-marão suas poesias num ambiente de tranquilida-de e desfrute da harmonia natureza e cultura. A participação é grátis e as inscrições estão já á abertas abertas, sendo porém limitadas à lotação o da embarcação.

Contando com a sua presença. As melhores saudações poéticas Amora, 9 de Junho de 2016 A Vice-Presidente da Assembleia Geral Sílvia Martinho


Vida Associativa

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Apoios:

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

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Tertúlia Poética 25 de Abril Foi no dia 24 de Abril, que a nossa Associação assinalou mais um 25 de Abril, com uma Tertúlia Poética, em que numa primeira ronda foram ditos poemas, com o tema Abril e Liberdade. Estiveram presentes os nossos associados Hermilo Grave, Helena Moleiro, Manuela Lourenço, Lúcia de Carvalho, Miraldino de Carvalho, Maria Francisca São Bento, Arménio Correia, Maria de Lurdes Emídio, Luís Fernandes, Margarida Moreira, José Caldeira, Maria Vitória Afonso, e Telmo Montenegro, que para além de um poema de sua autoria, como todos os outros presentes, nos disse “O amor” de João de Deus, Poeta da contracapa do nosso boletim Nº 133. No final da Tertúlia, para gáudio dos presentes, a nossa associada Margarida Moreira presenteou-nos com a agradável surpresa de uma tarte, que com mais uns bolinhos, e uns sumos, que resultou num lanche não esperado, e que alguém já havia alvitrado para começarmos a trazer um lanche para depois da Tertúlia. Foi um final de tarde diferente e divertido, quem sabe não se tornará num salutar habito de convívio, em que a partilha e a troca de ideias serão sempre uma mais valia. Arménio L. F. Correia

Sentidas Condolências O Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética endereça as suas condolências à esposa do nosso associado Jaime Cruz Soares que recentemente nos deixou.


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Os Nossos Poetas Amizade

Não se compra nem se vende, Embora de grande valor, Está dentro de quem a sente. Não há riqueza maior. Amizade que nos toca Que existe dentro de nós, Sem recebermos nada em troca, É darmos algo de nós. É um gesto de amor Que nos sai do coração. Amizade não tem cor Nem raça ou religião. Berta Rodrigues

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O banho das gaivotas Meus olhos poisados sobre o mar... Entre os azuis esbranquiçados... Ondas num vaivém sem parar... Gaivotas agrupadas à beira mar... Melodia de águas em movimento... Pensamentos em tormento... Ao longe o horizonte... E... à direita o monte... Gaivotas belas a descansar... Molham seus pés no mar... Algumas esgravatam na areia... Alimentos para levar... E... os olhos esses ... Cansados de observar... Encontram ao longe... A lua e o luar ... ali chegar.. Escuta-se um barulho São as gaivotas a se molhar... Umas paradas ..Outras a esvoaçar... E só EU ali ...parada a olhar... MAGUI Margarida Moreira


Poetisa do Mês

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Biografia de Maria Laurinda Pacheco tinuar a estudar devido às distâncias. Desde muito novinha sempre gostou de ouvir música pela rádio e adorava poesia. A sua saudosa mãe, que também se chamava Laurinda, cortou-lhe o cabelo pela primeira vez debaixo de uma laranjeira, porque diziam que dava sorte para ser cantora, mas chegou à conclusão que não tinha voz para tal. A primeira rima que fez foi pelos anos da mãe: Minha mãezinha eu lhe ofereço Um grande e querido beijo Especialmente neste dia Eu sinto um grande desejo

Maria Laurinda Pacheco nasceu no Corte Pereiro, Marmelete concelho de Monchique a 15 de Novembro de mil novecentos e quarenta e seis. Saiu de lá muito pequenina para casa dos avós maternos no Cerdado concelho de Aljezur, mas a terra onde nasceu ficou sempre no seu coração e, cada vez que regressava, ficava deslumbrada com a sua beleza natural, com as suas águas cristalinas, e com o seu ar puro. Tudo era fascinante! Os seus pais sempre foram pessoas humildes e trabalhadoras, e não queriam que nada lhe faltasse, mas viver naquele sítio onde a distância e a falta de meios tornava a vida difícil. Aos oito anos entrou para a escola, no Serominheiro, onde para lá chegar levava quase uma hora de caminho. Fez a 4ª classe, e com grande pena sua, não conseguiu con-

Casou muito nova e foi viver para um lugar muito isolado, mas nunca perdeu a esperança de se mudar para um sítio melhor. Apesar do isolamento, foi feliz neste sítio onde viveu seis anos e nasceu o seu primeiro filho. Quando um dia recebeu uma carta de uma prima, dizendo que havia trabalho no Sargaçal próximo de Lagos, ficou radiante. Aventurou-se num mundo novo, onde a vida começou a correr melhor, pois finalmente ela e o marido ganhavam para a casa. Compraram um carro e tiveram o segundo filho. Com alguns negócios conseguiram ter possibilidades de comprar um terreno em Bensafrim onde construíram uma humilde casa com muito amor. Hoje, tem casa em Lagos, onde reside, mas adora viver em Bensafrim onde tem um lindo jardim que cuida com muita alegria, e pode estar perto dos seus filhos e netos. Maria Laurinda nunca esquece os seus pais e agradece-lhes muito tudo o que fizeram por ela. Pede a Deus que lhes dê Luz na outra vida. Também agradece imenso a todos os que têm cruzado a sua vida e que a têm ajudado de diversas formas.


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Amor sem igual Tenho dois Amores sem igual Aos meus filhos dou valor São fruto tão natural Gerado do meu Amor.

Ser Mãe Ser Mãe é a maior bênção Que uma Mãe pode receber Se ao seu Filho tiver Amor Mesmo antes de ele nascer Com o seu Filho fica feliz Pede para ser abençoado Sorrindo tudo lhe diz No seu colo aconchegado Ele está tão dependente Junto à Mãe se sente bem Com as suas mãozinhas queridas Que lhe acaricia tão bem Uma Mãe reza pelo Filho Todos os dias a qualquer hora Para que faça só o bem no Mundo Pedindo à nossa Senhora M Laurinda Duarte Pacheco

Fruto do primeiro Amor A todo o Mundo mostrei Criados com muita dor Mas sem cansar os Amei. Filhos de uma mãe querida Filhos de uma mãe inocente São a esperança da minha vida Que eu Amo docemente. Por vezes me zanguei Mas sempre por lhes ter Amor E ao Amor deles juntei O Amor de Nosso Senhor. São uns Amores sem igual São coisinha muito querida Não hà nada a igualar São o símbolo da minha vida. M Laurinda Duarte Pacheco


Os Nossos Poetas

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Eu sou

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Eu sou a lágrima Que corre em teu rosto Toda a vez que sintas Tristeza ou desgosto Eu sou o sorriso Que vem a teus lábios Quando sintas carinho Eu sou teu suspiro De paz e de calma Sou a tua sombra Sou o teu carinho Acordo contigo Nas madrugadas de verão Estou nos teus olhos Ao entardecer Sinto o pulsar do teu coração Sofro contigo Se estiveres a sofrer Eu sou aquilo Que Deus me quis dar Coração aberto Para quem precisar Ivone Mendes

O amor

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Mote: O amor é fogo que arde sem se ver. (Camões) O Amor! Quem o consegue definir Se em si mesmo é diverso e contrastante! É centelha e depois chama abrasante Que nos consome sem ele se consumir. É tudo ter sem nada se possuir Que amar só por amar já é bastante! Na renúncia à ventura é ser constante E é ser escravo é não querer fugir. É dar-se em plenitude sem disfarce E quanto mais se dá, mais querer dar-se E nessa chama sempre arder, arder… Presença de Eterno, luz divina Ou clarão que nos cega e ilumina Amor é um fogo que arde sem ver! Lurdes Emídio

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Ambiguidade Estranha forma! Forma estranha! Proporcional à dimensão da minha "Santa" ignorância. São estranhas As formas Das mulheres carrancudas e mamudas De algumas célebres pinturas. É estranho tudo O que transcende o Meu olhar vesgo De troglodita serôdio. Só, a esta hora merendando Reparo que as sardinhas Na lata encolhidinhas Também elas são estranhas. Alguém fez delas sardinhas estranhas! Sem guelra, sem tripa Somente uma papa De sardinha estranha! Carmindo Carvalho

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Nossa Senhora Mãe de Jesus Nossa Senhora, Mãe do meu Senhor Acolhei-me no regaço do vosso Amor Protegei-me com a luz do vosso olhar Acalmai o meu desespero na aflição Escutai as preces que nascem no meu coração Enxugai as minhas lágrimas que teimam deslizar. Nossa Senhora, sede o meu porto de abrigo Ajudai-me a resistir e a lutar perante o perigo Libertai os meus medos com o poder da oração Aumentai a minha Fé quando ela tende desvanecer Orientai o meu caminho e tudo conseguirei vencer Aceitando com gratidão a grandeza do perdão. Ana Ferreira


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Os Nossos Poetas

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Premiados do VIII Concurso do Mensageiro da Poesia “Quintas de Amora” Recordando a história

Quintas Senhoriais 1º Prémio

Como um livro à espera de ser lido Sentimentos se abrem ao passado, Num eco de um silêncio indefinido Que fica à distância de um brado.

3º Prémio

Antigas Quintas de Amora 2º Prémio

Num silêncio de naus de velas pandas. Brandas brisas se abrem enfunadas. Recordando histórias e demandas De senhoriais quintas brasonadas.

Nada era como agora... Em tempos que já lá vão, As lindas quintas de Amora Todas tinham um brasão. Quinta do Conde da Cunha, mais Princesa, A história assim reza: Atalaia, Cheira Ventos, Talaminho. Por serem tão bem tratadas, Na do Paço do Infante a realeza Essas quintas da nobreza Fez a joia da coroa com carinho. Inda hoje são recordadas. Quinta senhorial com seus encantos Dirigidas com destreza, Com jardins decorados pelos buxos, Tudo aí se produzia. O Infante D. Augusto, fez prós santos Eram fontes de riqueza. Capelas, também lagos com repuxos. Uma até tinha olaria. Palácios em ruinas encerrados, Outra possui um Moinho Que albergam em si muitas histórias. De maré, sempre presente; Estão ao deus dará, abandonados, Muitas produziam vinho, Esquecidas foram suas vãs glórias. De agrado de toda a gente. Amora! Linda Amora, maré cheia, Tinham portos, pescaria, Nascida à beira rio, onde a Baía Indústria desenvolvida, Se espraia num abraço e se enleia Nelas, povo e fidalguia Ao povo, que te ama e que te guia. Tinham seu modo de vida. Pseudónimo=Lita Maria Gabriela Aldeano Correia

Ledos são os pensamentos Desta Amora com história Princesa, e Cheira Ventos, Continuam na memória. Quinta Paço do Infante Seu nome ainda ressoa, Tem uma vista deslumbrante Sobre os Sapais e Lisboa. Quinta da Princesa tinha Várias quintas, sem quartel, Adega, celeiro e vinha, E era de Dona Isabel Foi aqui que a realeza Da Amora fez o seu cais, Desfrutando da beleza Das Quintas Senhoriais. Baía de águas mansas Do tempo das caravelas, Moram em ti as lembranças Dos reis que chegavam nelas. Esta Amora a céu aberto Tenta honrar seu legado. Sente-se a saudade perto Sente-se perto o passado.

Quintas que muito renderam, Pseudónimo=O Pensador Nos velhos tempos de então. Ricardo Manuel Aldeano Correia De todas que feneceram, Só resta a recordação! Pseudónimo= Zé Lusitano Hermilo Rogério Grave


Os Nossos Poetas 10 - Mensageiro da Poesia

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História breve da nossa Amora (Com amizade a todos amorenses Que não conhecem a velha AMORA)

As flores Todas as flores são belas Brancas roxas amarelas Numa jarra ou no jardim, São de uma rara beleza Fazem parte da natureza Deste paraíso sem fim. As orquídeas e as rosas Como elas são formosas Colocadas nas lapelas, Violetas coloridas Não esquecendo as margaridas Plantadas nas janelas. O lindo cravo de Abril Papoilas são mais de mil Lá no meio dos trigais, E o maroto do girassol Anda sempre atrás do Sol São dois amigos leais. O goivo é para mim Cheiroso como o jasmim Com aromas divinais, Há lindas flores de papel Mas essas não deitam mel Não são como as naturais. Falar de todas as flores Das mais variadas cores Gostaria, mas são tantas, É com enorme prazer Que aos leitores vou oferecer Um ramo de rosas brancas. Hermínia Dias da Silva

Conterrâneos: AMORA é cidade com velha fidalguia, Que no séc’lo passado era até de veraneio, Prá realeza alfacinha pra seu passeio, Cavalgavam por estas quintas com seu guia! A pesca, muito diversa. era na gastronomia, Grande atracção e, bons ares, bom recreio, Coches! Tipóias, Landós eram o rápido meio, Pra chegar por entre os canaviais à baía! AMORA era falada—Dizem—pelo bom vinho, Na Quinta dos Lobatos, ali perto do Talaminho, Onde se pode ver o palácio CHEIRA VENTOS… Propriedade do nobre Pedro Eannes Lobato, Oferta de Alvares Pereira por contrato… Eis o que sei, da velha Amora sem inventos! Nelson Fontes Carvalho

Doce tarde Lembras-me um Café às 3 da tarde, Quando o sol andava em máxima velocidade E eu bem chegava sem fazer alarde E tu, serena, só me pedias a verdade. E não valia a pena falar muito, As mãos calavam tudo ao se tocar, tu desmontavas logo o meu intuito dizendo que eu tinha nada a te explicar. A minha mão tocava então no teu cabelo, e Tu encostavas dois dedos nos meus lábios, Como numa carta se põe um selo E repetias-me os conselhos sábios… que um dia não atenderias mais ao meu apelo… fechavas os olhos e selavas os teus lábios nos meus lábios. José Jacinto


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Justa Homenagem a

Manuel Joaquim Sobral da Natividade Barragem do Caia

Rio Guadiana

Homem de coragem por tudo que tem feito, pela Cultura, Desporto, Lazer e Acção Social! O nosso sócio, Manuel Joaquim Sobral da Natividade, nasceu na Freguesia de Caia e S. Pedro, Concelho de Elvas. A 17 de Agosto de 1952 e, com apenas 10 anos de idade, veio viver juntamente com sua família, para a Freguesia de Gâmbia, Pontes, Alto da Guerra, Concelho de Setúbal… Manuel Sobral, com o seu bondoso coração de solidário, causou-me admiração e pergunto a mim mesmo como é possível haver tanta generosidade e nobreza de carácter numa pessoa só... Ele sente prazer em fazer o bem, sem esperar retribuição e tem tido desde muito novo o gosto pela Cultura Desportiva, Laser e Acção Social. O nosso associado, foi fundador do Clube Desportivo e Recreativo de Gâmbia e, foi presidente da direcção durante sete mandatos consecutivos. Actualmente é Presidente da Assembleia geral! Também é sócio fundador da Associação de Solidariedade Social da Junta de Freguesia de Gâmbia – Pontes – Alto da Guerra. Sendo actualmente Secretário da mesa de Assembleia Geral. É de salientar que este grande homem é também Fundador do Núcleo de Dadores Benévolos de Sangue da Junta acima citada. Actualmente é Presidente do Concelho Fiscal da Associação de Dadores de Sangue de Setúbal. Manuel Sobral também foi membro do executivo da Junta de Freguesia de Gâmbia ==Pontes == Alto da Guerra, durante dois mandatos…

Por tudo que tem feito e continua a fazer, a nossa Associação tem orgulho e prazer de o ter como sócio desde 1 de Março de 2008, tendo sido apresentado por essa altura, pela nossa querida associada pioneira Berta Rodrigues. Bem-haja ao nosso estimado e bondoso amigo Manuel Sobral por ser como é… Um grange Bem Haja ao nosso estimado e bondoso amigo. g Setúbal


Reflexão do mês 12 - Mensageiro da Poesia

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A sabedoria do coração Um conhecimento que está além das teorias e livros É que devemos buscar em nosso interior. abedoria do Só existe uma verdadeira sabedoria no universo: a sabedoria coração. A humanidade que hoje não a conhece. Mas, com ele os grandes sábios do passado fizeram suas descobertas. É um conhecimento sem limites. Quando encontrado pode levar-nos a conquistar a verdade e experimentar a felicidade absoluta. Através de técnicas místicas, desperta-se esta Sabedoria que se encontra oculta em cada ser humano. Na antiguidade, com esta Sabedoria, grandes homens desenvolveram o Elixir da Longa Vida, a Pedra Filisofal e transformaram "chumbo em ouro" . Porém na época actual, poucos sabem viver em harmonia, seguindo a sabedoria do coração. Sufocam esta voz maravilhosa com os problemas da vida: contas a pagar, emprego, violência ... A humanidade perdeu-se no labirinto da Mitologia Grega: o labirinto das Teorias. Hoje em dia, qualquer um, com alguns poucos instrumentos de laboratório, cria novas teorias sobre a origem do universo e de onde veio a raça humana. E o pobre investigador sincero dos Mistérios da Natureza fica com a dúvida dentro de si: Onde está a verdade? Diante de si: Onde está a verdade? Diante de tantas teorias como saber qual delas nos leva à verdadeira sabedoria? A resposta está dentro de nós, dentro do coração de cada um. Presisamos aprender a ouvir a voz da nossa consciência, que nos fala quando o filho está precisando de ajuda ou quando estamos em perigo. Esta voz nada tem a ver com os livros que já lemos. Não é questão de ir ou não à escola. Esta sabedoria interior jamais encontramos em universidades. Pois já está em nosso coração. É um guia para aquele que sabe ouvir. É como um pai que oriente e uma mãe que aconselha. A proposta é que cada um desperte os poderes ocultos como o desdobramento astral consciente, a clarividência, a intuição ... para que possa ouvir sua própria consciência. Desta forma, não vai apenas acreditar que existem outros mundos mas sim visitá-los. Não vai simplesmente crer que há anjos nos céus e sim conversar com eles. Não apenas procurar nos livros a história da humanidade e sim investigá-la nos registos eternos da natureza. O verdadeiro conhecimento está esperando por aqueles que tenham inquietudes para buscá-lo. O ser humano que quiser possuir a verdadeira Sabedoria deve encontrá-la em seu próprio coração. Para isso, existem técnicas capazes de nos guiar em nosso caminho até à Verdade. Estes ensinamentos foram entregues por autênticos Mestres como Krishna, Quetzacoalt, Jesus, o Cristo e continuam sendo estudados nas verdadeiras escolas de regenereção do mundo. Trilhe connosco a senda que leva à libertação. Venha aprender a ter como guia a "Sabedoria do Coração". In Informativo Cultural

Transcendência

1º Prémio em Poesia, 2ª edição dos Jogos Florais da Apacalmada-USALMA

Escrevo. Olho o bico do aparo Percorrendo toda a superfície do nada, Que aos poucos se vai erguendo No tempo, nos olhares, nos espaços. Olho. Para as letras, vejo muros Em frases feitas muralhas Onde as palavras são gritos Ecoando horizontais. Vejo. Um mar de águas revoltas Atravessando a paisagem De um nada cheio de sol, Que aos poucos se desvanece Num ocaso pálido e sombrio. Penso. Que há momentos na vida para irmos Em busca um do outro, que queremos Ensaiar um sorriso e pressentirmos A falta que um ao outro nós fazemos. Quando duas pessoas se conhecem As palavras são fitas de veludo, Os olhares de amizade florescem E podemos um ao outro contar tudo. Quero. Ser o eu, ser o outro, não importa, Ser o tudo; ser o sol ou ser o nada, Despertar deste sonho ao som da lira, Sentir uma carícia vaga Ou um sorriso aberto, Dando-me o gozo da paz Que transcende a verdade e a mentira. Psed – Apolo C. – Arménio Correia A Direcção do M.P.A.C.P. orgulha-se pelo facto de ter sido atribuído ao nosso sócio o 1.º prémio em Poesia na edição dos Jogos Florais da Apacalmada - USALMA


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Vida Associativa

O Mensageiro da Poesia, festejando o Dia da Mãe No passado dia 8 de Maio, a nossa Associação festejou o Dia da Mãe, no Salão do Centro Cultural e Desportivo das Paivas, que mais uma vez acolheu os Poetas Fadistas e amigos, numa sala acolhedora e simpática que se foi enchendo, conforme o pessoal ia chegando, e trocando afetivos abraços, numa receção de afabilidade poética. Tivemos ainda a ajuda da Tuna Académica da Universidade Sénior da Unisseixal que com as suas vestes, deram um bonito colorido à plateia, que acabou por se tornar pequena. A apresentação do evento esteve a cargo do nosso Associado, Telmo Montenegro, que em breves palavras felicitou os presentes, agradecendo tão grande participação, dando de seguida início ao espetáculo propriamente dito, em que a Poesia e o Fado foram ouvidos de forma intercalada, por uma ávida plateia que na hora dos aplausos não se fez rogada. Houve tempo p p para uma segunda g volta, com a diferença de que os fadistas

atuaram primeiro, pelo facto dos guitarristas só poderem estar presentes até às 18 horas, seguiram-se os poetas, na leitura dos seus poemas, quase todos eles dedicados às Mães, pelo elevado número de participantes não referenciaremos nomes, adiantando apenas que foram treze poetas, e sete fadistas, qual maratona de poesia e fado, que a plateia aplaudiu de forma intensa. A encerrar tivemos a Tuna Académica da Unisseixal, que nos brindou com a sua excelente atuação, na interpretação dos temas apresentados, tendo sido largamente aplaudidos.

O Mensageiro da Poesia deixa aqui o seu muito obrigado pela participação e um grande bem-haja extensivo a todos os seus elementos. Numa tarde de Primavera fria, e chuvosa, foi g grande o calor humano sentido, quer nas pala lavras dos Poetas, nas vozes dos Fadistas, ou na atuação da Tuna, em que a força da palavra di nos transportou a um novo ciclo de esdita pe perança, em que a alegria, o belo e o verdade deiro, se misturam com o colorido perfumado da melodias, num arco iris que nos tocou os das se sentidos e a alma. Já a hora ia adiantada, e como nem só de fe festas vive o homem, seguiu-se o lanche compa partilhado, em franco convívio de amena cava vaqueira, onde todos foram artistas onde se co contaram histórias e se partilharam saberes e sa sabores, onde por vezes surgem ideias para no novos convívios. A nossa Associação agradece a todos os presentes a sua participação com um grade Bem-haja, e até breve. Arménio Ar rménio Correia


Vida Associativa

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VIII Concurso do Mensageiro da Poesia

Entrega de Prémios (Apoio da Junta de Freguesia de Amora) No dia 22 de Maio pelas 15 horas a nossa Associação levou a efeito no Centro Cultural e Desportivo das Paivas, a cerimónia de entrega de Prémios do 8º Concurso de Poesia “Quintas de Amora” inserido nas comemorações do 23º aniversário de Amora a Cidade. A cerimónia contou na mesa de honra com as presenças do Sr Manuel Araújo Presidente da Junta de Freguesia de Amora, do Sr António Pepe Presidente do Centro Cultural e Desportivo das Paivas, do Sr Luis Fernandes Presidente da nossa Associação e do membro do Juri Sr Jorge Viegas Poeta e ainda a Sra Ana Cristina Videira, poetisa e escritora na apresentação do Programa e na entrega dos prémios.

Teve a palavra o Sr. Luís Fernandes Presidente da nossa Associação, que em breves palavras agradeceu a presença dos grupos que acederam ao convite, e se juntaram a nós, neste evento salientando e louvando o interesse que o executivo da Junta de Freguesia de Amora presta à Cultura, ao Desporto, ao Lazer e à Acção Social. António Pepe, Presidente do C.C.D. das Paivas, na sua intervenção reiterou a sua total disponibilidade na cedência das instalações, para eventos de tão grande importância, em prol da cultura, sentindo-se grato em poder contribuir com tão modesta participação. O poeta Jorge Viegas agradeceu o convite que lhe foi dirigido, frisando a consonância havida entre os três elementos do júri na avaliação dos trabalhos, principalmente nos poemas premiados. Manuel Araújo, Presidente da Junta de Freguesia de Amora, começou por enaltecer todo o trabalho desenvolvido pela nossa Associação, na área da cultura em todo o Conselho do Seixal,

muito em particular na Cidade de Amora onde está sediada, quer pela realização de eventos assinalando datas comemorativas, Tertúlias Poéticas, feitura e distribuição do Boletim, e Antologias publicadas, dando uma imagem de grande relevo, em prol da Cultura e da Poesia, não só ao Concelho e à Cidade de Amora, como a todo o País e além frenteiras. Disse ainda esttar a Junta a que preside satisfeita com o tema escolhido para o Concurso de Poesia “Quintas e de Amora” que o Mensageiro da Poesia levou a d efeito neste 23º Aniversário. e O evento foi bem apresentado pela nossa associada Ana Cristina Videira, figura bem coa nhecida no meio cultural, que nos trouxe os seus n jovens talentos tão apreciados por todos nós. jo


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Vida Associativa

Actuaram: Catarina Ribeiro, o Grupo de Arte Musical “As Cores”, os Black&White, que com as suas interpretações puseram a plateia ao rubro. Participou também o Grupo Coral e Instrumental “5 de Janeiro” da AURPIA, que nos presenteou com o seu profissionalismo, tocando e cantando temas bem conhecidos de todos nós. Como vem sendo hábito, tivemos no final um lauto lanche compartilhado, que se prolongou tarde dentro em salutar convívio de fraternidade, em que a poesia por norma tem sempre lugar de destaque.

intes: foram os segu Os vencedores Gabriela Aldeano Correia; ia 1º 1 prémio: Mar ldeira Grave; milo Rogério Ca eia er H : io ém pr 2 2º rr uel Aldeano Co 3 prémio: Man 3º uídas: sas foram atrib ro on H es çõ en As M a; Pereira Pestan Maria Damásia rvalho; Ca Nelson Fontes Palmeira. e id la de A Maria


Os Nossos Poetas

16 - Mensageiro da Poesia

A Cruz Todos têm sua cruz Pesando sobre seus ombros, Todos caem dão seus tombos E ninguém crê em Jesus. Mas Ele também sofreu E por nós todos morreu, Assim nos revela a lenda Pois que nasceu numa tenda No mais humilde recanto Num sítio que ficou Santo. Devemos pois, nós também Seguir seu caminho certo Procurar sempre de perto Seus passos, seguir em frente, Amá-lo sem distinção Sem querer saber a razão Ter fé e não ser descrente E Amá-lo eternamente. Seld-Poemas= Laura Santos

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Bocage presente

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Grito

Olhando as ondas do mar Eu ouvi a voz do vento Nos oceanos do Mundo Era um constante gritar Num lamento tão profundo Era um constante gritar Nos oceanos do Mundo Ali fiquei a olhar Esta grande imensidão E escutei no pensamento Como quem está a sonhar Eu ouvi a voz do vento Como quem está a sonhar Escutei-o no pensamento E com um grito partiram Em desvario sobre o mar Meus olhos em solidão olharam mas já não viram Esta grande imensidão olharam mas já não viram perderam-se na solidão. Francisca São Bento

Que doce e prodigiosa fragrância Nos vem do Sado impelida p’la aragem, Indo por Setúbal com elegância; Sugerindo de Bocage a imagem?! Não, não, o vate não vai regressar, Ele, o grande poeta, está presente; Não mais será preciso retornar, Perdeu-se em efemérides, ausente. Desperdiçada vida de estouvado, Presa de Manique e amores fatais; Romântico, crente e enxovalhado. Oh! Árcade traído, Libertário! Obstinado por teus ideais; Dependente, revolucionário… Baixa de Palmela, 15 de Março de 2016 (manoel beirão ) (elmano)

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Maio/Junho 2016

Ao 10 de Junho O 10 de Junho Por muitos comemorado Voltou a ser feriado. Escrevendo com meu punho, A este feriado Nacional Eu dou vivas a Portugal! É dia de Camões E das comunidades, Que com saudades E muitas emoções Visitam sua terra natal Que é Portugal! Na Zambujeira do Mar Eu passei muitos dias E muitas horas de alegria. Com poetas sem par Todos juntos a confraternizar Com a amiga Bia para nos incentivar! Ela e só ela Para se lembrar De todos os anos nos convidar Para este dia festejar! Obrigada! Adelaide Palmela

Nossa Senhora

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Nossa Senhora, Mãe do meu Senhor Acolhei-me no regaço do vosso Amor Protegei-me com a luz do vosso olhar Acalmai o meu desespero na aflição Escutai as preces que nascem no meu coração Enxugai as minhas lágrimas que teimam deslizar. Nossa Senhora, sede o meu porto de abrigo Ajudai-me a resistir e a lutar perante o perigo Libertai os meus medos com o poder da oração Aumentai a minha Fé quando ela tende desvanecer Orientai o meu caminho e tudo conseguirei vencer Aceitando com gratidão a grandeza do perdão. Ana Santos


Maio/Junho 2016

Mensageiro da Poesia No Mensageiro da Poesia Eu me inscrevi agora Isto me traz alegria Só resolvi nesta hora. Sinto-me muito feliz A esta Associação pertencer, Fiz o que o coração me diz Estarei convosco enquanto viver. Há muito nisto eu pensava Sem saber como o fazer, Dona Dolores me falava É só a inscrição preencher. D. Dolores Costa, por vós conhecida D. Maria João, também o será, São as minhas amigas proferidas Que meu coração, jamais esquecerá. Que Deus ilumine os meus pensamentos Com sua bendita e divina luz, E esta associada estará sempre presente E o meu nome é Maria de Jesus. Tudo é possível quando se crê E até pode haver milagres, O nome é Maria de Jesus para quem lê E vive na rua Infante de Sagres. Eu já vos disse a morada Desculpem se falo outra vez, Vivo na cidade de Lagos E o nº da porta, é o vinte e três. Maria de Jesus Reis

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Mensageiro da Poesia - 17

Cantinho do Escritor

Mensagem poética Mais uma vez aqui estou para saudar com amizade toda esta família do Mensageiro da Poesia A.C .P. saudar também os meses de Maio e Junho que nos trazem mais alguns dias distintos dos considerados normais. Mês de Maio mês de Maria, dia da Mãe, Mãe de Cristo nossa Mãe do Céu, e dia da Mãe da terra que nos carregou no seu ventre e nos fez abrir os olhos para a vida, para muitos (como para mim ) agora é mais uma estrela no céu a brilhar. Sou abençoada, por ainda ter um filho que me mima e acarinha, especialmente neste dia. No céu o meu outro filho certamente enviará uma estrela especial para me beijar. Para mim será um dia carinhoso, mas também de uma dolorosa saudade das minhas amadas estrelas. Também este ano dia vinte e seis de Maio será o Dia de Corpo de Deus. A um de Junho dia da Criança, dia enternecedor para quem tem criancinhas aproveitando mais um dia de festa e brincadeira. Comemora-se também a dez de Junho Dia de Portugal e de Camões, um dos maiores Poetas da História de Portugal. Mês muito apreciado para as diversões dos Santos Populares, em que por vários locais existe marchas, arraiais e muita folia. Espero que também a Poesia não seja esquecida. Desejo a todos (as) dias de alegria amor e fraternidade. Abraço Poético. Manuela Lourenço


Os Nossos Poetas

18 - Mensageiro da Poesia

Quadras populares A canção que o povo canta --Aqui falo com sabedoria— É de todos os cantares A que tem mais alegria! Digo-te, que vales pouco; Porém, vales tanto, tanto… Que por mais que te diga Não posso dizer-te quanto.

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Tu és a linda princesa Esquecer-te minha terra Não quero nisso pensar Desde o campo até á serra Só te posso apreciar Quando estou sozinho Nada nada me sorri Mas arranjo um bocadinho Para eu cantar para ti

Dizem muitos que és formosa, Que és uma deusa também, Que és fresca como uma rosa… Quando á noite ao deitar Faço-o em ti pensando Há poucos que vêm bem! De manhã ao acordar Contigo estou sonhando Quando vejo um caracol, Caminhando em santa paz, Julgo ver minha vida, Que só anda para trás!

Tu és a coisa mais bela Das maravilhas que vi A mais natural aguarela Que alguma vez conheci

Inda ontem estava ouvindo Num leilão apregoar, Refrão As juras que fez um homem Mas ninguém as quer comprar!” Estou sempre a lembrar Toda a tua beleza Entendo que na mulher Trago-te no peito então A pequenez é um dom: Juntinho do coração Dizem uns, do mal ou menos, Tu és a linda princesa Outros dizem, pouco e bom! Não acredites no homem, Nem que jurem sobre cruzes! Num altar por mais pequeno Ardem sempre duas luzes! Disse-me um no hospício, Pelas grades da prisão: Não são todos os que vês, Não estão todos os que são! Dolores Carvalho

Agora pensando em ti Estou eu sempre afinal Ó meu berço, minha cama Ó princesa alentejana Beleza de Portugal. Chico Bento

Maio/Junho 2016

Quadra de redondilha maior Meu Alentejo, cantinho (tin) Onde tenho o coração (çã) Bati as asas do ninho (nin) E agora tenho paixão.(xã) Tem a tónica na sétima sílaba Quadra de Redondilha Menor Naquele trigal (gal) Beijou a moçoila (çoi) Cena trivial (al) Corou a papoila (poi) Tem a tónica na quinta sílaba Os poetas populares adoptaram a quadra de redondilha maior para as suas quadras geralmente chamadas décimas sujeitas a um mote que também é heptassilábico. Maria Vitória Afonso

 O meu ódio e desprezo eterno Para todos os tiranos Hipócritas exploradores Filhos da puta!... As minhas fraternais, Saudações a todos os homens Irmãos e camaradas dos homens E à inteligente consciente e justa Que a cada momento que passa Está sempre a preparar um Futuro melhor para toda a humanidade Quando eu tiver passado Do outro estado da matéria Que a minha vida tenha sido útil A outras vidas. E que tenha valido a pena Ter vivido esta aventura Grande e maravilhosa Que é a vida!... Manuel Sapateiro


Maio/Junho 2016

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Mensageiro da Poesia - 19

Cantinho do Escritor

A Magia da quadra É consensual entre os escritores que a quadra popular aparece já na Idade Média. Porém antes da vinda dos povos invasores à península havia já uma poesia peninsular de origem celta. Os estudiosos da quadra referem-se às influências provençal, trovadoresca e árabe. A quadra popular é pois uma herança tradicional e a forma consagrada e mais aceite foi a de redondilha maior. Isto é, com o verso tendo a tónica na sétima sílaba. Embora a redondilha menor tenha estado presente não alcançou a popularidade da outra. Há autores que partilham a ideia de que a quadra breve e concisa como a conhecemos hoje se desprendeu de composições longas e líricas narrativas como a ”Nau Catrineta” ou a de “D. Beltrão. ”Segundo eles elas tinham origem nestes “rimances”. Outros investigadores entre os quais Leite de Vasconcelos, Rodrigues Lapa e António José Saraiva defendiam como fonte as trovas populares, a s cantigas trovadorescas e os cantares de amigo e de escárnio já de si de fundo popular. Os poemas com a tónica na sétima sílaba e na quinta sílaba como vimos são chamados de medida antiga, porque no século XVI com a introdução do soneto composto de duas quadras e dois tercetos pelos versos do mesmo serem acentuados na décima sílaba esta metrificação foi chamada a medida nova. A quadra com a tónica na sétima sílaba chama-se de redondilha maior. Se a quadra é acentuada tónicamente na quinta sílaba chama-se de redondilha menor. Consulta da Enciclopédia Luso-Brasileira QUADRA- “estrofe de quatro versos de métrica variável, na sua forma mais popular com versos de sete sílabas ou seja verso septissilábico”. A Quadra entra na constituição da maior parte dos poemas. Só com o modernismo alguns poemas deixaram de ter rima; este movimento literário celebrou cem anos neste ano de 2015. Os seus criadores foram Fernando Pessoa. Almada Negreiros, Mário de Sá Carneiro, Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões. Fernando Pessoa um poeta modernista mas também usou a quadra. Nos últimos dois anos de sua vida escreveu mais de quatrocentas quadras. Definição de quadra por Fernando Pessoa: “A quadra é o vaso de flores que o Povo põe à janela da sua alma. Quem faz quadras portuguesas comunga a alma do Povo.” E são estas palavras de Pessoa que me dão toda a dimensão de toda a magia da quadra. Eu acho extraordinária essa reciprocidade ente poetas de formação académica e poetas populares. A magia da Quadra?!Não está ela inserida em todas as manifestações com que o povo das diversas regiões expande as suas aptidões? Se não vejamos…

Vemo-las tão poeticamente inseridas no Cante Alentejano tão justamente reconhecido, vêmo-las no fado lisboeta, no fado coimbrão, no folclore do norte. E a diversidade de temas abordados? Os sentimentos amorosos, a Natureza, o mal dizer como reminiscência das cantigas de escárnio, a sátira mordaz ou o humor inocente etc. Para terminar quero dizer que a magia da quadra portuguesa consiste no facto de ela permanecer igual a si própria na sua estrutura, no seu conteúdo ora profundo, ora filosófico ora satírico ou romântico. Cultivada por autores de formação académica que frequentaram universidades, mas também poetas populares quase sempre ligados ao mundo rural. Ela aí está no século XXI resistindo às correntes literárias a todas polémicas igualmente aos ismos (modernismo, surrealismo) etc. Sempre com frescura e actualidade. António José Saraiva diz que todos os poetas portugueses se iniciaram na poesia pelas quadras populares que os envolveram desde a infância. A magia da quadra está precisamente nessa reciprocidade entre poetas de um estrato económico elevado e os ditos poetas populares. Para terminar direi que todos os contributos ao longo dos séculos e pelo estudo dos especialistas e etnógrafos podemos concluir que ao longo dos séculos a quadra enformou e a influência das cantigas paralelísticas, a identificação dos temas e dos sentimentos, a supremacia da temática amorosa a presença da Natureza, a frescura da linguagem e muito a sua ligação ao canto e à dança, tudo isto contribuiu para a enriquecer e diversificar. Analisando o processo de evolução da quadra desde a Idade Média até aos nossos dias temos que reconhecer que essa evolução não se deve apenas a escritores eruditos mas tem de se ter em conta a poesia popular onde os grandes escritores foram beber até durante a infância e muito beneficiaram desta influência e reciprocidade e quase todos voltaram à quadra dita popular com características de popularizante. Eu diria que Portugal é um país de poetas e que o Povo nos seus diferenciados estratos sociais é que fez a súmula de todo o percurso histórico e que a Literatura se constituiu nas suas componentes culta e popular. Num encontro de escritores em Odemira em 2008, encontro a que assisti como convidada ouvi o escritor João Honrado dizer que “A cultura é só uma e os condicionalismos sócio económicos é que marcam a diferença.” Maria Vitória Afonso


jovens poetas e artistas 20 - Mensageiro da Poesia

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Joana Teixeira

Maio/Junho 2016

Estrela és tudo para mim Estrela, Estrelinha Acordas de manhã Com um sorriso na cara Confiante e meiguinha Estrela, Estreloca És minha amiga Que me ajuda a compreender a vida És tu que estás lá, quando preciso Estrela, Estrelita Roubaste o meu coração Estou ajoelhada a teus pés És a minha inspiração Feliz dia da mãe

Criança, não vás à guerra!

Joana Teixeira – 11 anos

Todo aquele que coloca uma metralhadora Nas mãos duma criança, Pra que esta vá prá matança Terrível, destruidora, Deveria ser preso e julgado, Devidamente condenado A toda a sua vida a sofrer A sua condenação, Pra ter tempo de se arrepender, Na cela duma prisão.

Neta da associada- Damásia Pestana

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Criança, se estás na guerra, Foge, vai prá tua terra. E quando fugires, não vás sozinho, Ensina aos teus companheiros o mesmo caminho. Não pegues mais num fusil ou numa pistola. O teu lugar é na escola E junto dos teus pais, dos teus irmãos. A guerra é morte e destruição. Que todas as crianças do teu país Juntem as mãos E à guerra digam “Não!”. Tens o direito a ser feliz! Noam SAMBOU

Jessie aos 9 anos de idade


Maio/Junho 2016

O mar tem segredos O mar, No seu murmurar, Esconde segredos De amor, com enredos, Que ninguém é capaz de deslindar. As ondas do mar abraçam-se, Entrelaçam-se, Dando a entender, O que é pura ilusão, Que vão morrer, Mas não morrem, não. Escondem-se, por momentos, Pra ninguém ver os seus intentos. O mar calmo, sem bramir, Está a dormir. Não o queiram perturbar. Os segredos que o mar tem, E ele não conta a ninguém, Só os poetas sabem decifrar.

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Mensageiro da Poesia - 21

Os Nossos Poetas

Arrábida meu amor, meu poema Aqui os braços da solidão confundem-se com a terra. Cada árvore é sonho fugidio que tento alcançar. O silêncio é sangue a percorrer a vida em cada veia. Meditação que brota do verde de que a serra se veste. Alexandrina Pereira

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Um dia no voo de uma garça

Na rocha firme, descansava A pequena garça que acordou, No horizonte a luz a brilhar E não sou eu que os vou contar! Mais um dia que começava. Armanda Rosa Bateu as asas e voou, Para o seu sustento angariar  Esvoaçando por entre o canavial, Olhos doces, cor do céu, Minha amada Num sonho celestial. E a bela garça continuava Minha flor, da tarde peregrina Esvoaçando sem parar, Adoro-te em silêncio e extasiado Lá no alto, planava Sou a sombra de romeiro apaixonado Sem nada vislumbrar. E a luz da estrela que te ilumina… Continuou, esvoaçando esvoaçando, Aqui e ali ela debicava Minha tulipa com mãos de menina! O seu papinho ia enchendo, Ergues o olhar… ri o sol deslumbrado O dia atingiu o ponto alto Num hino de carícias orvalhado Fazia um calor de rachar Minha amada!... Luz que me fascina E a pobre garça deu um salto Ali e acolá não parava de saltar. Teus cabelos são espigas de ouro Como é árdua a tua vida cotidiana, Que eu trago nas minhas mãos de Mouro Bela garça vestida de branquinho És meu silêncio feito de esperança… É tanta a beleza que emana Esvoaçando, voltando ao ninho. Meu sonho de arminho e de cristal Sua casa já se avistava Meu canto de sereia, meu madrigal Rocha escura rodeada de mar, Quero-te nos meus braços sempre menina!!! Seu voo lentamente baixava Procurando em paz seu lar. Luís Filipe das Neves Fernandes

Bia do Táxi


Os Nossos Poetas

22 - Mensageiro da Poesia

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Maio/Junho 2016

Convite à meditação Foi um inesperado convite à meditação Que me levou à tranquila margem do ribeiro... Ali, emocionado, recordei O quanto chapinhei, Ao colocar nas suas águas, Barcos de cortiça e moinhos de gamão, Aos quais confiava as minhas mágoas! Não havia meninos com quem brincar... O tempo era medido pelo sol e pela lua Que no fim de cada viagem, Beijavam com enlevo aquela margem! Sentado e embevecido, olho a natureza, Da qual partiu o convite para meditar, Perante aquela imensa e real beleza|! Meditei sobre o meu acesso à cultura... Bebida, através do exemplo de adultos Analfabetos, cheios de bondade, Sempre empenhados na verdade, Professores prenhes de natural pedagogia E, com princípios gerados na sua alma pura, Que dia a dia me seguia e me sorria! Meditei também sobre gente que conheci! Na revelação da sexualidade... No confronto interessado com Deus, Sobre religiosos e ateus. Também na torturada e preocupada mente, E nas dúvidas e certezas que vivi, Quando quis perceber o que era diferente! A meditação levou-me às coisas do amor, À solidariedade, à união entre os homens... Ao olhar o mundo com respeito, Mesmo para algo considerado imperfeito... À paz, à guerra e às suas implicações! Aos actos de desprezo e de louvor, Obreiros de imensas e intensas emoções! Revi momentos de uma vida já longa, Em que acalentei sonhos e esperança...

Dei-lhes mentalmente foros de verdade, Ao lembrar-me da antiga realidade, Que me proporcionara tanto prazer!... Ainda, por vezes, se prolonga, Oferecendo-me razão para viver! A família tomou-me por alguns instantes, Bem como a felicidade vivida no seu seio. Lembrei todos, ascendentes e descendentes... Alegrei-me como se estivessem presentes, E imaginei o sabor de sorrisos saborosos, Iguais aos que me ofereciam dantes, Embalados em gestos simples e extremosos! Deste enleio de pensamentos, Em que voluntariamente me envolvi, Concluí que tive do amor a ventura, Que trouxe com ela muita ternura, De mãos dadas com a mítica liberdade!... Esta, permitiu-me recusar ou amar momentos E, afirmar consciente que hoje vivo de saudade! José Gonçalves Caldeira

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Noite de chuva

Chuva… húmidos cristais num manto De rainha que no tempo se perdeu… Dum névuo cisne o último canto Que em líricas dores desapareceu… Chuva… carnação de flores em pranto Vão caindo perenemente do céu, Comovente poesia num bálsamo santo Enflora a dor que a vida me deu. Vento e mais chuva e mais solidão, E o céu grita minha voz num trovão Toda a mágoa cravada no meu peito. Chuva… a cinza dos meus olhos a chorar, Por meu terno amor em ti não entrar, Suspensa tristeza no meu coração desfeito. Lurdes de Jesus


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Maio/Junho 2016

Mensageiro da Poesia - 23

Os Nossos Poetas Arrábida meu amor, meu poema

Pintei de azul todos os sonhos Inventei a paz Cantei em uníssono com o Mar Abracei silêncios Perfumei toda a Serra de alfazema.

Vá ao alentejo passear

Alexandrina Pereira

 Vá ao Alentejo passear É um tempo bem passado Vá para ver e observar Que vem de lá encantado I Veja o imenso arrozal Nas margens do rio Sado Tanto arroz lá semeado Dá valor a Alcácer do sal À Comporta e Carvalhal E toda aquela beira-mar Dá prazer a quem visitar As lindas praias no verão De Tróia até ao Brejão Vá ao Alentejo passear

III Observe os ricos olivais Nesse Alentejo profundo Dá alegria a este mundo Aqueles grandes vinhais Antigamente eram trigais Que nós víamos ondular Se lá cresceu vá recordar Os tempos de mocidade Com alegria e vaidade Vá para ver e observar

II Visite as suas barragens Jóias do nosso Alentejo É um grande privilégio Ver tão lindas paisagens Vá fazer essas viagens Pode ir a qualquer lado Em todos é bem tratado Com amizade e respeito Faz um passeio perfeito É um tempo bem passado

IV Se é um bom observador Dê alegria à sua alma Lá nos campos de calma Enriquecem o seu valor Naquele Alentejo de calor Vai ficar maravilhado Veja as manadas de gado Veja tractores e parelhas E os rebanhos de ovelhas Que vem de lá encantado

Manuel Martins Nobre

Vizinha da frente Vizinha olá bom dia Algum tempo que não a via Hoje vem muito a sorrir Tenho o leite no fogão Para dar ao meu João Que não me deixou dormir. Vou sair não leve a mal Que ele já está no quintal Logo voltamos a falar Vou fazer o almoço ainda Para levar à minha Gracinda Que ainda vai trabalhar. Eu vou ver deste meu neto Que não me pára quieto Finalmente estamos sós Estão a chegar os pais Que vieram de Cascais Pra se juntarem a nós Vou-me sentar por um pouco Está tudo a ficar louco Mas não há nada de novo Tenho idade avançada Já me sinto tão cansada Já fui jovem deste povo. José Frias


Os Nossos Poetas

24 - Mensageiro da Poesia

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Maio/Junho 2016

No livro tudo se aprende e No livro tudo se aprende Foi escrito para ensinar É o melhor amigo Que se pode confiar I Ao dispor de toda a gente Ensina qualquer pessoa A leitura é coisa boa Para desenvolver a mente Com ele se vai em frente Em todo o lado se vende Para quem o pretende E nele quiser estudar Para poder explicar No livro tudo se aprende

III Há quem tenha vocação Leva a vida a estudar Para poder transformar O mundo ou a nação Cada livro é uma lição Se quer saber um artigo A Bíblia o mais antigo Por Deus foi inspirado Muito tem ensinado É o melhor amigo

II Nele estudam os cientistas Assuntos da natureza Dá alegrias e tristezas Sabedoria aos artistas Também se lê em revistas Um meio de comunicar Faz o mundo avançar Também o faz destruir Separa e faz unir Foi escrito para ensinar

IV As grandes capacidades Nele têm transmitido E com ele conseguido Mudar a sociedade Ensina o bem e a maldade Tudo sabe explicar Também sabe aconselhar Quando se pretende saber Amigo de bem-fazer Que se pode confiar

Lúcia Carvalho

Sentimento Profundo Em nome do Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética, as nossas sinceras condolência à família enlutada do nosso associado e querido amigo Eduardo Fernando Batista.

Mãe! Mãe! Minha Mãe, já partiu... nem de mim se despediu, sem esperar se foi embora... de saudade meu coração chora. Deixou-me uma grande herança para muitos sem nenhum valor, sempre me fez acreditar na esperança e nunca guardar ódio ou rancor. Muitas vezes me dizia, para nunca perder minha dignidade que acredita-se na minha verdade e naquilo que eu sentia. Dizia-me; Filha! se alguém te magoar deves as desculpas aceitar, sempre no teu coração perdoar de seguida, com precaução caminhar. Tanta vez também me dizia que aquilo que ela mais queria era ver-me mais a sorrir, mas que compreendia, meu sentir. Ofereceu-me valores sem preço ensinou-me o que é respeito e educação, sempre lutar pelo que mereço não manter ódios no coração. Hoje digo! Bendita Mãe porque sinto no que vivi que criei meus filhos também, com o que consigo aprendi. Agora vou dando recados a Deus que lhe dê Paz na eternidade olho o infinito dos céus vou tentando suportar a saudade. Manuela Lourenço


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Maio/Junho 2016

Os Nossos Poetas

Pai

Namoro é favo de mel

O amor de mãe tem ternura, O de pai tem mais vigor, Faz-nos falta essa mistura Que os torna iguais em valor.

Namoro é tempo de ouro, Que deve ser prolongado. Eu inda hoje namoro E há tantos anos casado!

Foi meu pai meu professor, Deu-me lições com mestria, Com carinho e muito amor Ensinou-me o que sabia. As suas rudes mãos são, As mãos de um trabalhador; Que trazem p’ra casa o pão E o repartem com amor. Sempre me soube educar, Devo-lhe tudo o que sou; Para nada me faltar Toda a vida trabalhou! As suas mãos calejadas Quando afagam os filhinhos, Mesmo ásperas e gretadas Dão sempre amor e carinhos. Por tanto me ter amado, Eu sinto orgulho profundo! E quero dizer obrigado, Ao melhor pai deste mundo!... Isidoro Cavaco

 NÃO ME OUÇO Sim é verdade Quero continuar A sonhar Sim é verdade Quero continuar A viver Sim é verdade Tenho direito A ver Sim é verdade Não quero morrer Fecho os olhos Não me ouço Apenas vejo poesia Maria Damásia Pestana

Mensageiro da Poesia - 25

Pensamento

Namoro deve ser doce, Prazenteiro e fiel. Assim é, como se fosse, Um doce favo de mel.

De tudo o que escrevo e digo Eu não consigo Explicar qual a razão, Que na minha secretária em vão Procuro minha mente abrir, Não quero parar, quero ir Sem destino, meu caminho Certo ou errante Mas avante! Neste mundo doentio De labuta persistente Eu só quero estar contente. Tudo salta se atropela Ninguém olha à sua volta, Como cabeleira solta Ao vento que sopra forte Tudo quer fugir da morte, Mas o caminho mais certo É o de Deus que está perto.

Hermilo Grave

Seld Poemas= Laura Santos

Namoro minha mulher, Ela também me namora, E sempre que ela quer, Todo o tempo, toda a hora. Solteirão que não namora, Que nunca no amor creu, Quando, um dia, vai embora, Esteve cá, mas não viveu!

Justa Homenagem

(Com Amizade e admiração o mavioso Poeta Luis Fernandes) Prezados confrades e confreiras: Temos todos fins encomiásticos e grandes, Pra ajudar de todas as maneiras o nosso “Mensageiro”, Com presença, poemas, até mesmo com dinheiro, Este homem, nosso confrade, o Luís Fernandes! Uma vez mais peço: se és poeta, não abrandes Teu interesse pelo boletim, o nosso companheiro, Se não houver entusiasmo comum por inteiro, É mais um que sucumbe: por favor não desandes! Quiçá nossa, Amora precisa desta cultura Que é mensageira de talentos com fartura, Há que unir a nossa confiança nesta vigília!... Que dá apoio a este homem com culto mister Que divide a tarefa co’a sua mulher, Por isso louva o vigor da sua querida Donzilia! Nelson Fontes Carvalho


Os Nossos Poetas

26 - Mensageiro da Poesia

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Maio/Junho 2016

Separação temporária

Uma lágrima no rosto

Se todo o poder que existe De mim dependesse um dia, Faria o Céu neste mundo Para não passar um segundo Sem a tua companhia.

Uma lágrima no rosto É sinal de emoção Na vida é natural Em qualquer ocasião

Lágrimas de amor que outrora Pela tua face corriam, São sentimentos de amor Misturados com a dor

I Todos choramos na vida Logo depois de nascer Ainda sem o saber De uma causa definida Depois de pessoa crescida Quando já vive com gosto Pode nascer um desgosto Quando não é esperado Fica assim desenhado Uma lágrima no rosto

III Há quem chore ao casar E depois do casamento Às vezes por um lamento Se não o estava a esperar Chora-se no dia de azar Ou se a vida corre mal Pode ser sentimental A perda de um parente O choro vem de repente Na vida é natural

II Se chora de contente Em qualquer hora do dia É sinal de alegria O sentido é diferente Mas quando se está doente Ou vive na solidão É uma forte razão Chora-se pela tristeza Quem vive na incerteza É sinal de emoção

IV O chorar é uma herança Toda a gente a recebeu Com ela sempre viveu O choro vem de criança Quando se perde a esperança E nada temos na mão É uma grave questão Temos que aceitar Por isso podemos chorar Em qualquer ocasião

Miraldino Carvalho

Pelas mágoas que então surgiam. Nada tenho que te dê Neste mundo material, Sou eu que de ti preciso Dos teus lábios um sorriso Do teu amor sem igual. Dizem que o tempo cura As feridas e as saudades, Ficam connosco as lembranças, Recordações, esperanças, Dizemos não às vaidades. Nas horas em que sobre mim Cai profundo desalento, Embora eu não mereça Vem sobre a minha cabeça A paz, em forma vento. Essa paz que me acalmava Carícia da tua mão, Eu não adormecia sem ela No divã, junto à janela, Dormia com a tua bênção. Temporária é a palavra Da física separação, Porque à esquina do jardim Eu sentirei sobre mim A bênção da tua mão. Telmo Montenegro In: À Esquina do Tempo Edição: Chiado Editora


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Maio/Junho 2016

Mensageiro da Poesia - 27

Poeta em Destaque

Extrato da Autobiografia de Marcus Vinícius de Moraes Marcus Vinícius de Moraes, o grande poeta e escritor brasileiro, se vivo fosse, faria no próximo dia 24 de junho 76 anos. Faleceu cedo demais o nosso grande amigo, quando ainda tinha tanto para dar, não só a nível da Poesia, que o nosso saudoso sócio produzia com maestria, como a nível de amizade e calor humano, que ele distribuía com um sorriso de satisfação. Marcus Vinícius de Moraes nasceu na cidade de S. Paulo, mas foi em Poços de Caldas que ele passou grande parte da sua vida, tendo desenvolvido farta atividade cultural e, devido ao seu labor em prol da cultura, foi várias vezes agraciado com honrarias que vão desde a Medalha de Honra ao Mérito “Minas do Brasil”, Medalha de Honra conferida pela Empresa Nacional de Pesquisa e Promoção Social, Certificado de Excelência atribuído pela Universidade de Colorado, Diploma de Honra outorgado pela Ordem Brasileira de Poetas e Literatura, foi eleito como um dos quinze Príncipes dos Poeta e Escritores Brasileiros e foi ainda premiado em vários concur-

A morte do Poeta Uma mensagem de dor encerra Negro silêncio, denso e profundo. Em sua marcha envolvendo a terra O seu frio manto amortalha o mundo. Morreu o poeta, um ser risonho. Em sua vida de amor e alegria, Distribui risos, plantou sonhos. Hoje morre só... na noite fria! Triste sobe ao céu e, à porta bate, Humildemente, a pedir perdão. E são Pedro diz ao pobre vate: - ´´Entra, o céu é teu... sem restrição!...``

sos de poesia, nos quais participou, e colaborou em muitas antologias e cooperativas literárias em todo o Brasil, na Itália e em Portugal. Pertenceu a 33 Entidades Culturais e, entre elas, foi Fundador e Presidente da Academia Poços Caldense de Letras. Participou, com seus escritos literários, em muitas revistas e jornais, tendo colaborado também no nosso Boletim, e foi sócio pioneiro da nossa Associação. Por ocasião do aniversário do seu falecimento, dêmos uma simples lembrança a esta grande figura humana, que sempre se mostrou amável com todos aqueles que tiveram a ventura de com ele conviver.

Justa Homenagem É com muita honra e orgulho que no dia 25 de Setembro, com local a definir, iremos homenagear o saudoso Sócio Pioneiro Marcus Vinícius de Moraes. Nessa altura, estará presente sua esposa e filha que virão do Brasil expressamente para este evento. Esta homenagem será atribuída ao grande poeta e ser humano como prova de reconhecimento, por tudo quanto ele fez pela cultura e que nos deixou tão precocemente, tendo-nos dado a honra do seu convívio e amizade.


Segredo é Amar

Maio/Junho 2016 28 - Mensageiro da Poesia

Quando eu me For…

Nada levarei do mundo, bem sei. O riso, os desvaneios dum sonhador, E tudo que, um dia, nesta vida amei Ficarão…Quando eu me for… O melodioso canto do sabiá. As manhãs de Setembro, em seu fulgor, O verde das matas que nascerá Passarão… Quando eu me for!... O odor das flores, do verde a cantiga. A esperança, alegria, tristeza e dor, Os sentimentos que meu ser abriga. Morrerão… quando eu me for!... Mas algo me seguirá no infinito Da minha esposa dos filhos e do amor E a ternura dos netos, está escrito: Viverão… Quando eu me for!... Marcus Vinicius de Moraes Poços de Caldas – MG - Brasil

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