Boletim 137

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Mensageiro da Poesia - 1 Novembro/Dezembro 2016

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O nosso patrono Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 137 Novembro/Dezembro 2016

Poetisa do Mês

Margarida Moreira

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Nota de Abertura

Novembro/Dezembro 2016

2 - Mensageiro da Poesia

Poesia em Dezembro A magia que envolve o mês de dezembro é já por si plena de poesia. O mergulho na profundidade das noites grandes, lança-nos apelos para solidariedade e até os mais descrentes se convertem à simbologia redentora para onde o mês de dezembro nos transporta. Pese o facto de a sociedade de consumo antecipar o mais possível a vivência natalícia e este se esbater em muito daquilo que é a sua essência, sente este singelo mensageiro o dever de evocar o Natal

como momento de poesia e fraternidade, mas ao mesmo tempo de apelo para que o sentimento solidário se alargue ao Universo e a todos os dias do ano. Celebrar o Natal é evocar a honestidade a verdade e a vida, o que quer dizer renegar a hipocrisia, a vaidade, a inveja e o superficialismo da aparência. Celebrar o Natal é exaltar a simplicidade e a essência. A magia que emana do menino na manjedoura e de todo o presépio é acima de

tudo Poesia, A mesma poesia que nos cobre a vida em todo o ano e da qual nos queremos tornar mensageiros. Votos de generosas Boas Festas, a todos os associados e leitores do Mensageiro da Poesia. Feliz Natal jhs

Destaques nesta edição: • Biografia do Fadista Júlio da Silva Marques - Pág. 25 • Cantinho do Escritor- Pág. 09 • Cantinho do Escritor- Pág. 17 • 18º Aniversário do Mensageiro da Poesia- Pág. 14 e 15 • Poeta em Destaque: Pablo Neruda- Pág. 27 e 28 • Tertúlia Poética- Pág. 13 Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Helena Moleiro, Berta Rodrigues, Jorge Gonçalves, Sílvia Martinho, Luís Fernandes, Damásia Pestana, Mário Pão-Mole, Nelson Fontes Carvalho, Maria Adelaide Palmela, Rosa Martins, José Frias, Domingos Pereira, Fanny, Carmindo Carvalho, José M. Vaz Jacinto, Manuela Lourenço, José Francisco Bento, Hermilo Grave, Margarida Moreira, Maria Laurinda Pacheco, Márcia Cristina de Moraes, Laura Santos, Bia do Táxi, Armanda Rosa, Maria de Lurdes Brás, Preciosa Gamito, Isidoro Cavaco, Ana Santos, Telmo Montenegro, Lúcia da Silva Carvalho, Manuel António Avelar Nunes, Dolores Carvalho, Maria Vitória Afonso, Joana Mendes, Pinhal Dias, Elmano Gomes, Arménio Correia, José Camacho, Miraldino Carvalho, Emídia Guerreiro Salvador, Emília Mezia, Maria Fernanda, António Mestre, Maria João Cristino Lopes, Maria de Lurdes Emídio, Chico Bento, Maria Francisca S. Bento. • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt


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Mensageiro da Poesia - 3

Vida Associativa

Novembro/Dezembro 2016

Mensageiro Poesia da

Desejo aos sócios e amigos/as da nossa Associação um Feliz Natal e Ano Novo pleno de saúde, paz, amor, alegria, esperança e felicidades. São os votos sinceros do presidente da direcção

Próximas actividades Tertúlias Poéticas na Sede do Mensageiro da Poesia: - Dia 29 de Janeiro - Dia 19 Fevereiro com o tema S. Valentim) - Dia da Mulher (data a anunciar) - Dia Mundial da Poesia (data a anunciar)

Luís F. N. Fernandes

tos , agradecimen , publicamente m os bé m m ça ta re as de tim, m aqui en ao nosso bole ecimento que as m de nh o co da iv ui re nt in ce do nt in un co e para dar rado e prof o, carinho oi do ag uí ap to , rib ui io nt m ár co m nt É co to têm alho volu s a todos quan ção, com trab nossa Associa muito especiai da o screvemos: ss ce de su me e ios que aqui ár et on m para o bom no os nativ generosos do 0€ também, com maro..............1

Donativos

o................20€ Helena Moleir 0€ ito.......................1 Preciosa Gam ............5€ José Jacinto...

la A Maria Manue .............5€ es d en Ivone M

Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética de Amora Assembleia-geral Ordinária CONVOCATÓRIA Nos termos dos Estatutos, convoco a Assembleia-geral Ordinária do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora, a realizar no dia 17 de Dezembro pelas 16h00m, na sua sede social, cita na Rua dos Vidreiros, Loja 5, Antigo Mercado de Amora – 2845-456 Amora - Portugal, com a seguinte Ordem de Trabalhos: 1 – Aprovação do Plano de Actividades para o ano de 2017; 2 – Outros assuntos, de interesse para a vida da Associação. Se à hora marcada não se encontrar o número legal de associados, a Assembleia reunirá em segunda Convocatória meia hora mais tarde, com a mesma Ordem de trabalhos, qualquer que seja o número de sócios presentes. Amora, 27 de Novembro de 2016 O Presidente da Mesa da Assembleia-geral Jorge Henriques Santos


Os Nossos Poetas

4 - Mensageiro da Poesia

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Apoios:

Viagem de ida Estou aqui de passagem Divagando nesta vida, Levo na minha bagagem Um adeus para a viagem Vou prá terra prometida. Levo carregos sem fim Que a vida me atirou. Medos que moram em mim Em constante frenesim Fazem de mim o que eu sou. Renego quem tem maldade Em suas cabeças ocas. Quem teima em ter saudade, Dos tempos sem liberdade Que calavam nossas bocas. Não me calam as mordaças Nem o cão que em mim ferra, Seus dentes suas trapaças Que bebe vinho plas taças Que vão sustentando a guerra.

CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

Descobrir o Segredo Para descobrir o segredo Muito cuidado deve ter A rosa pica no dedo No coração, a mulher Deixo este meu parecer E falo nisto sem medo Muita experiência deve ter Para descobrir o segredo

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

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Fingindo que o mundo é meu Ergo a fronte, franzo o cenho. Não fosse eu ser ateu Pedia aos astros do céu Pra me dar mais que o que tenho. Neste princípio sem fim Sem comendas nem galões, A vida ao passar por mim Mais parece um folhetim Com as suas vis traições. Arménio L. F. Correia

Desde sempre ouvi falar E não me canso de dizer Quem começa a namorar Muito cuidado deve ter Para colher uma rosa Deve saber o segredo Diz-se dessa flor mimosa A rosa pica no dedo Se a mulher, á rosa comparar Quem não sabe fica a saber Qualquer uma pode picar No coração, a mulher. José Bento

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Que importa agora Meu amor que importa agora, O que se passou outrora Nas loucuras que fizemos; E assim, amor, assim, Vamos esquecer enfim As mentiras que dissemos. Um ao outro tudo demos, E depois do que sofremos, Esquece amor sem demora; Se a nossa vida mudou, Tudo quanto se passou, Meu amor, que importa agora, Sem intrigas ou maldade, Pensemos na felicidade, Porque o nosso amor vigora; Se os ciúmes acabaram, Essas marcas que deixaram, Meu amor que importa agora. Entre beijos e abraços No calor dos nossos braços, Fomos felizes outrora, Vamos viver lado a lado E amar como no passado É tudo o que importa agora. Isidoro Cavaco


Novembro/Dezembro 2016

Ao Mensageiro e seus fundadores Mais um ano de vida e luta fixe, Alegremente que o Mensageiro conta, Mas entre nós não há amigos de Peniche, Grande sucesso e o futuro, aponta! E o Mensageiro já mostrou, não engana, Com muita garra, caminhando, avança, Em prol da ilustre poesia lusitana, Ano, após ano, seu êxito alcança! Descrever aqui nestes pobres versos, O que tem feito, com notáveis méritos, Não posso, não sei, por pontos diversos, Que fiquei poetastro de fanados créditos! São já DEZOITO duros anos passados, Mas tem pouco a pouco este alívio, Vejam, tantos novos poetas chegados: Vejam, como é fraterno este convívio! A poesia é assim, doce desmedida, Cada qual, verseja seus sentimentos, O amor, Amizade tem rima medida, Luto e saudade são fecundos lamentos! Cada poeta, sempre, deixa uma semente, Que o Mensageiro recebe e aproveita, Abrindo-lhe suas páginas abertamente, É um estímulo que o poeta espreita! Vamos, confrades, unir o estro literário, Ajudar, com todos os meios o Mensageiro, Pra que em pouco volte a ser mensário, Com união e esforço, será pra tudo inteiro! E, que daqui a trinta anos assim, feitos, Possam estar aqui alegres, reunidos A gritar, com poemas e poemas eleitos, Mensageiro, Parabéns, estão unidos! É lindo ver tantos poetas em conjunto, A mostrar o poder colossal da poesia, A ajuda precisa, não liga ao assunto, Porque a Poesia não tem mordomia! Aos fundadores do nosso Mensageiro, Todos, um por um, com dons tão grandes, Parabéns, com afecto verdadeiro, E que não nos falte o Luís Fernandes Dolores Carvalho

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Mensageiro da Poesia - 5

Os Nossos Poetas

Estas quadras foram escritas nas conchas do mar dedicadas ao amigo Luís Fernandes por Domingos Pereira:

Ao amigo Luís: És o símbolo bom da Amizade, Não te cansas de fazer amigos, Tens o espírito da humanidade, Junto de ti não há inimigos! Fazes da tua culta poesia, Laços de sã camaradagem, Lanças momentos d’harmonia, Assim, d’amizade és imagem! Foste emigrante, és poeta Tua imaginação é, pureza, Na poesia és um profeta, Afastas da gente a tristeza! Domingos Pereira

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É Outono No Outono, A imensa floresta Enfeita-se de folhagem multicor, O vermelho fogo Que se confunde com o dourado Das folhas espalhadas No verde sombrio Do arvoredo, Sobre um tapete acastanhado. As ramagens dançam, Deslumbrante! Esta imagem estampada Que transforma O rosto da natureza, No Outono! Maria Francisca S. Bento


Poetisa do Mês

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Maria Margarida da Silva Gonçalves Pereira Moreira Sesimbra

Quero-te

Maria Margarida da Silva Gonçalves Pereira Moreira – Magui é o seu pseudónimo literário -nascida a 25 de julho de 1952, natural de Lisboa. Mãe de dois filhos. Tem formação académica em Ciências da Educação. Escreve poesia desde a infância. Teve 1ª Menção Honrosa aos 15 anos, com um pequeno livro de Sebastião da Gama. Apoia 2 Universidades Seniores... Faz parte dos ROTARY CLUBE DE SESIMBRA. Participou numa colectânea de poesia erótica chamado Erotimvs II - 1ª Colectânia poesia erótica chamada Luxurias - 4ª Antologia do Poesia Fã Clube . Várias outras Antologias. Tem um livro da sua autoria "A Ternura dos Afectos".

Na noite escura... E lenta ! ... Entre silêncios !... Entraste no meu sonho ... Invadindo com loucura ... Beijando com doçura ... O corpo inebriante ... Naquela noite escura !.. Senti tuas mãos ... Teu corpo firme!.., Em mim percorreste .., Em gestos escassos ... Sensuais ... Arrepiantes por demais ... E levaste Minha alma à loucura !... E este sonho ... Breve e escasso ... Se desfez!!! ... Quando meus olhos abri ... E TU .. Não estavas ali !.... E sem lógica alguma .. Eu gritei mesmo assim ... Quero-te !!!... Sempre !!! ... Agora !!!... mesmo aqui !... Junto a MIM!!!... MAGUI

continua na pág. 7


Mensageiro da Poesia - 7 Novembro/Dezembro 2016

continuação da pág. 6

Sesimbra

É o Outono a cchegar Sesimbra

Faz parte do Grupo Coral de Sesimbra... E duma Tuna Académica . Faz parte da direcção do jornal o Sesimbrense. Adora a Vida e tem alegria de Viver. Escreve sobre a natureza, o mar, o amor . Tem Mural no Facebook “Viver Poesias e Reflexões“. É associada do Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética e “Confrades da Poesia”– Amora/Portugal

Anda a Alegria no ar Há cantares Sol sempre a brilhar !... É a Festa da Vindima, Jarros de vinho ... Sempre a entornar!... Homens e mulheres , Se misturam, Com as cores avermelhadas !... É o Outono a chegar !... Uvas a apanhar... Há vinho sempre a jorrar... Há Figos. Castanhas quentinhas , Sempre a saltar... Frutas da Época... Tempos de Vindimas... Agosto, Setembro ... Até Outubro chegar!... É o amarelo, castanho, Em tons de avermelhado... Sem nunca se acabar... Quem das uvas se lembrar E o vinho degustar Sabe que neste Portugal, Há gente a vindimar !... Margarida Moreira


Os Nossos Poetas

8 - Mensageiro da Poesia

Força Mensageiro

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O fundador do Mensageiro Mantem as portas abertas Luta com pouco dinheiro Para dar a mão aos poetas, O seu caminho é nobre Ajudado pela sua mulher Não esquecem o mais pobre É isso que Deus de nós requer, Tratam todos por igual Com humildade e carinho Já fizeram da sede o seu ninho Honram o nosso Portugal Joana Mendes

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O décimo oitavo Aniversário do Mensageiro da Poesia Uma saudação aos poetas presentes e….todos mais

A == migos o Mensageiro passa afoito, N == a linda idade jovem dos DEZOITO, I == nverosímeis anos com dificuldades, V == ersejar não é só pra quem adora, E == nvolve esta gente aqui d’AMORA, R == eceios, despesas pra estas actividades…. S == aúdo o Sr. LUIS FERNANDES com agrado, A == RMÉNIO, que não vira a cara ao lado, R == ema com tudo isto ao seu alcance, I == sto quer dizer muito tem ajudado, O == bra que quer o Mensageiro avance! D == ia grande pra os seus fundadores, O == utrossim pra tantos trovadores, M == uito contribuem pra este sonho, E ==stes DEZOITO anos sejam dobrados, N == ão será fácil, mas preponho S == ejam poetas bem alinhados, A == té hoje o LUIS está presente, G == ostava de manter aqui sua mente E == spero que seja sempre sua sina, I == sto tem muito que se lhe diga, R == eunir a saúde… que é já inimiga, O == MENSAGEIRO sem o Luis, termina! Nelson Fontes Carvalho

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Mensageiros Poetas que olham mais além!... Agradeçam a quantos espalham pelo mundo Cada vez mais tristemente egoísta A poesia. “Vida”!... Se todos a aceitassem Não haveriam rios de lágrimas E montanhas destruídas!... As aves cantam a cada madrugada!... Como seria bom cantarmos com elas!... As flores sorriem para nós Com a doçura dos deuses!... Porque não sorrir-lhes também? Esta é a maravilhosa realidade. A que muitos viram o rosto e destrocem Nós, que vemos e sentimos a vida Mais maravilhosamente bela!... Entristece-nos vê-la destruir-se Por tantos corações humanos destruídos!... O mundo precisa de nós!... Dos “mensageiros da poesia!...” Louvado seja quem criou o mundo!... Emília Mezia

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Saudoso Dr. Marcus Vinicius de Moraes Era um grande senhor Mas com muita humildade Vivia só de amor E dava a todos amizade Sua poesia me ofereceu No livro que me deixou Tive vontade de chorar Por ver um homem bom abalar Que muitas saudades, nos deixou Para a terra sagrada, Deus o levou Foi um grande senhor Que letra a letra ensinou Muitos poetas a viver Ensinou a amar e não sofrer Numa vida só de paz Num mundo melhor e mais capaz. Assim foi o poema que fiz Se assim posso chamar a esta rima É simples, mas é assim minha estima Porque sinto e revejo-me, no que ela diz. Adelaide Palmela


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Cantinho do Escritor

Meu amor, brilhante estrela Meu amor, brilhante estrela Cá na terra, não no céu Tu foste a coisa mais bela Que na minha vida apareceu Deste alegria ao meu viver Quando te vi á janela Por isso eu hei-de dizer Meu amor, brilhante estrela Foi quando te conheci Que meu coração estremeceu Tu és um anjo para mim Cá na terra, não no Céu Os anos foram passando Tão felizes junto dela E eu vivo então recordando Tu foste a coisa mais bela Não quero sequer pensar Sozinho, o que faria eu Tu foste o melhor luar Que na vida me apareceu.

A felicidade ensina-se Nos dias de hoje, quase que esquecemos ser felizes, o nosso dia-a-dia é tão intensivo, que as coisas importantes passam por nós a correr, mas o mais importante é no meio de tanta correria pensarmos um pouco em nós, no que de fato gostaríamos de fazer e a importância desse ensinamento é concretizar sem medo, sem julgamentos, sem preconceito e descobrir por nós próprios o que realmente nos faz feliz. No meu caso toda a minha vida vivi para a minha família e sem dar conta esqueci-me de mim, e passados alguns anos dei conta, que perdi a noção do que é realmente a felicidade, mas nunca é tarde para aprender novamente a ser feliz, porque a felicidade ensina-se basta começar abandonar velhos hábitos, abandonar as roupas usadas, e mudarmos os trilhos que delineamos no nosso caminho e quando tomamos consciência que merecemos ser felizes, a felicidade acontece.

Chico Bento

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Diz-me baixinho Diz-me que ainda há sementes de amor… A medrar nos beirais das casas… Diz-me que não vou morrer de sede Em frente ao mar… Diz-me que ainda me amas… Mostra-me as flores do campo em dezembro… Que eu quero acreditar nos contos de fadas… Diz-me que ainda vamos plantar a poesia Debaixo de uma figueira E que eu vou acordar e ver o céu azul por entre as nuvens… Diz-me que a tua ausência não passou de um sonho mau…diz-me que nunca partiste Onde estas agora? Faz-me uma sopa com meia-dúzia de beijos… Diz-me baixinho… o que nunca ouvi… Sílvia Martinho

Ana Santos


Os Nossos Poetas 10 - Mensageiro da Poesia

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S. Martinho No dia de S. Martinho Vai à adega, e prova o vinho. Esta é a festa do povo Afia o teu dente E come como o lobo. Venha tudo para a mesa, A comer é que se arriba, Pois há aqui muito menino Com mais olhos que barriga. Dia de magusto, é dia de castanhas, Cozidas ou assadas, Dão-nos muito prazer E alegrias tamanhas. Já se ouve a música, Toca a dançar, E com alegria vamos comemorar O S. Martinho até fartar. Aproveitai o verão Acontece Que ele nos trouxe, O inverno está a chegar Travamentos!? E depois… Acabou-se! Impulsões desacertadas! … Rosa Martins

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O Outono

Estamos na estação Outono, Vimos o verão chegar ao fim A Natureza vai ficar no “sono” Que reviva a vida no jardim! As árvore se vão despindo, Envelhecendo seus ramos, Como nós que chorando e rindo C’os anos? Deus? Pra onde vamos! Seja qual for a estação, tem Toda beleza, que nos encanta Cada uma qualidade mantém Natureza rara que nos espanta! Tudo isto faz parte da vida É vê-la passar cara vibrante Esperar calmo pela “partida” O que estará mais adiante! Preciosa Maria Gamito

Quem trava de repente!?... Não esteve atento à informação! … Discernimento distraído!? Com sinal invertido… Se tudo pára quando a gente adormece!? Mais acontece, mas não devia acontecer… Pinhal Dias (In: “Memórias em versos”)

Natal Numa linda bola dourada E nas estrelas a brilhar Imaginei a consoada, Uma época para festejar... Crianças com alegria Dão largas à imaginação Com toda esta magia De cores e iluminação. É a vontade de repartir De um miminho oferecer É aquele eterno sentir De um coração aquecer. E porquê afinal? Que confusão é esta? É a magia do Natal Mostrando o ambiente de festa. E porquê só nesta altura? Se abrem os corações Dão por dever ternura... Pedaços de ilusões. Sinto a dor dos velhinhos Longe dos seus próprios lares Na solidão sem carinhos De amigos e familiares, Que lá aparecem de coração aberto Para ficar bem na fotografia... Porque todo o ano decerto Esqueceram quem vive sem alegria Em todos os dias afinal, E não só quando é Natal. Manuela Lourenço


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Ao Natal É Natal Dia de paz e alegria Porque em Belém nasceu Um menino, filho de virgem Maria Na igreja toca o sino Para anunciar ao mundo Que nasceu o menino O Deus salvador Que nos veio ensinar Como vivermos em amor Os homens nada aprenderam E assim o assassinaram À morte o resignaram Mas muito perderam Tornaram o Mundo sem salvação. Muitos vivendo na rua E sem para comer terem Um pedaço de pão Voltem ao bom caminho Que Deus lhes dará perdão Porque esse ser divino A todos sempre dá a mão. Adelaide Palmela

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Natal surrealista Jesus, peço Te hoje Que reincarnes a humana condição. Se lá do mundo etéreo Te encaminhasses num suave voo alado E à terra descesses Eu dar Te ia uma televisão Se para isso viesses preparado E como nos tens muito amor Em retribuição do mesmo Eu queria dar-te um computador Porque munido dessas tecnologias Tiravas dos homens as megalomanias E nos fazias verdadeiros irmãos Nem pobres nem ricos Que isso agrada aos mafarricos Justiça e igualdade Intrínseca probidade Assim o Teu Natal Seria mesmo Natal E pela net verias calmamente A completa felicidade da gente. Maria Vitória Afonso

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Os Nossos Poetas É Natal É natal, é natal Jesus nasceu… Cantamos alegremente, Só nós não! Mas toda a gente. Festejar com alegria A mãe foi Virgem Maria E no calor e na fé Foi seu Pai o S. José. Entre palhinhas ficou E seus bracinhos lançou Ao mundo a bênção da Paz. De todo o mundo vieram Presentear o Menino. Uma lembrança somente Oferecida com carinho Ouro, essência e mirra, Os três Reis Magos trouxeram E ali mesmo a seus pés Uma promessa fizeram Respeitar e adorar Quem ao mundo a paz veio dar. Laura Santos (Sely=Poemas)

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Ceia de natal Ai a ceia de Natal… Por favor! Cobre-a de solidariedade. Enfeita-a com paciência E muito amor… Pega no teu coração, Será a tigela Para guardares compreensão. A grande dádiva, Que é o perdão! Ama sempre toda a gente. Jamais sejas negligente, Com paz e inteligência Mesmo sem pão na mesa, Sem lume na lareira, Terás sempre a certeza Que tens Deus à tua beira. Como recompensa verás, A mais suculenta ceia! Damásia Pestana


Os Nossos Poetas

12 - Mensageiro da Poesia

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Moras no meu coração

Nas asas do vento

Telmo meu filho querido Tu não me sais da lembrança. Ainda tenho no ouvido A tua voz de criança.

Foi à beira do meu rio, ao entardecer, Que algo me chamava e me conduzia, Rosmaninhos e giestas a florescer, Pairando no ar, a tua voz eu ouvia.

Deus cedo te quis levar Sem licença me pedir. Eu levo noites a escutar Sem te conseguir ouvir.

Quando era criança, estavas sempre comigo. Depois cresci, tu foste buscar uma estrela. Hoje sinto tanta falta de estar contigo, A minha vida é tão fria, vem aquecê-la.

Foste aquele grande amor Que Deus teve pra me dar. É esta a minha grande dor Que eu vou vivendo a chorar.

Sei que estás a meu lado, e de mim tão perto, Conheço tão bem o perfume da tua voz, Atravessei da vida, o imenso deserto, De noite, neste deserto, estávamos sós.

A vida é toda uma solidão Noite, dia, verão e inverno. Mora sempre no meu coração Por ti o meu amor eterno.

A noite percorre já as margens do meu rio. Eu tenho a sensação de estar numa ilha, Esquecido de tudo, da chuva, do frio, E a luz que vem de ti, na minha alma brilha.

Com a minha grande dor Por tudo o que tenho passado. Eu vou pedindo ao Senhor. Que me leve para o teu lado.

Suspenso da terra com as estrelas tão perto, Esquecido desta vida e do sofrimento, À esquina do tempo estou eu de peito aberto, Sentado na margem do meu pensamento. Nas tuas mãos trazes o brilho das estrelas, Lembro-me bem da noite que as foste buscar, Percorreste o Universo para colhê-las, Sem esse teu perfume de mim se afastar. Tenho saudades do tempo da inocência, Eu falava contigo e via o teu rosto, Não havia acasos nem mera coincidência, Nem sequer conhecia a palavra desgosto. Fala-me da vida além e quem lá mora, Conta-me histórias de estrelas e do vento, Como antigamente, leva-me, vamos embora, Para além deste mundo, nas asas do vento. Telmo Montenegro (in: à esquina do tempo; Edição Chiado Editora).

Emídia Salvador

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Um beijo de amor! E a voz do coração Em comunicação. Um beijo de Amor! São duas bocas apaixonadas, Perdidas nas dunas da sedução, Pintadas nos tons da paixão. Um beijo de Amor! É envolvente como um perfume, Delicado como uma flor, Denso e provocante como as Ondas do mar , Deslumbrante como uma noite De luar . Um beijo de Amor! É nuvem branca, Céu estrelado Deixa o coração iluminado, É uma aguarela em tons de ouro, Pinceladas de emoção. Música em movimento Acalma o que vai no coração. Fanny


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Mensageiro da Poesia - 13

Vida Associativa

Tertúlia Poética, 23 de Outubro Na continuidade das Tertúlias Poéticas, ao 4º Domingo de cada mês, o Mensageiro da Poesia realizou no passado dia 23 de Outubro, no seu espaço associativo, mais uma tertúlia com um elevado número de participantes, obrigando a que a mesma se realizasse no átrio da nossa sede. Sem tema obrigatório, cada poeta teve oportunidade de declamar dois poemas de sua autoria, ou não, caso de Luís Fernandes que disse um poema de José Luís de Oliveira poeta fundador do Grémio

associado pela primeira vez presente na nossa tertúlia, poeta com três livros editados, “O gesto e o olhar” “Vertíces” e “Penas Soltas” que fez questão de frisar o seu agrado pelo são convívio, assim como a forma informal como a tertúlia tinha decorrido. Presente também uma amiga do Mensageiro e da poesia, Maria Manuela Malta, que nos brindou com poemas de seu pai. E como os últimos são os primeiros, à que destacar mais dois associados, José de Frias,

Literário de Autores Novos da cidade de Volta Redonda, Brasil. Helena Moleiro, de António Gedeão, e Maria Francisca São Bento com um poema de seu pai. Com trabalhos seus Hermilo Grave, Laura Santos, Maria de Lurdes, Maria Vitória Afonso, Rosa Martins, Miraldino de Carvalho, Lúcia de Carvalho, Arménio Correia, Jorge Benevides um recente

Dias fadistas de destacados mée António Dias, r ritos, sempre presentes nas nossas tertúlias, q nos brindaram com as suas inconfundíque v vozes. veis Terminada a tertúlia, e como vem sedo háb bito, foi tempo de pôr a conversa em dia, em q foram lidos mais alguns poemas num são que c convívio de partilha. Arménio Correia


Vida Associativa

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18º. Aniversário do Mensageiro g da Poesia No dia 20 de outubro de 2016, o Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética fez o seu 18º. Aniversário da sua fundação, mas o evento comemorativo só se realizou no dia 5 de novembro, numa das salas da Sociedade Filarmónica Operária Amorense, onde se criou um ambiente caloroso, com um almoço convívio entre sócios e amigos da nossa Associação, almoço esse confecionado pelo Sr. Bento, chefe do bar da dita Sociedade. A cerimónia do aniversário e da apresentação da XIV Antologia Poética iniciou-se com o discurso do Diretor do Boletim Mensageiro da Poesia, Sr. Jorge Santos, tendo este salientado, no decorrer do discurso, que a nossa Associação, nos seus 18 anos de existência, é uma das associações culturais que mais eventos tem promovido, na região e de norte a sul de Portugal. O Presidente da Direção, Sr. Luís Fernandes, na sua intervenção, agradeceu a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, têm vindo a colaborar ao longo dos 18 anos de existência da nossa Associação, em particular ao Executivo da Junta de Freguesia da Cidade de Amora e à sua Esposa Donzília Fernandes, que tem sido incansável, desde que a nossa Associação existe. Os agradecimentos foram também

extensivos, especialmente, ao nosso sócio Arménio Correia, sempre disponível para colaborar com a sua preciosa ajuda. Manuela Lourenço, a nossa Vice-Presidente, agradeceu a presença de todos os convivas e deu os parabéns à Associação pelo seu 18º. Aniversário, fazendo alusão ao lançamento da XIV Antologia Poética e passou, depois, a apresentar os poetas, fadistas e os seus acompanhantes musicais.


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Mensageiro da Poesia - 15

Vida Associativa

Feitas as intervenções, de seguida, Manuela Lourenço chamou o poeta João Ferreira para declamar poesia, seguindo-se Helena Moleiro, Hermilo Grave, Laura Santos, Carlos Cunha, José Maria Caldeira, Damásia Pestana, Maria Francisco São Bento, Rosa Martins, Maria Manuela Malta, Miraldino Carvalho e Arménio Correia, tendo também Manuela Lourenço dito poesia. Os fadistas atuaram intercalados com os poetas, tendo sido acompanhados por Cláudio Gomes, na guitarra portuguesa, e António Beato, na viola e, na sessão de fados, atuaram Lina de Almeida, Carlos da Cruz, António Marques, Maria de Lurdes Brás, António Dias, Zeferino António, Júlio Marques e José de Frias. Cabe-nos dar uma palavra de agradecimento à Sociedade Filarmónica Operária Amorense, por nos ter cedido a sala onde se realizou o evento. E para a festa fechar com chave de ouro, cantaram-se os parabéns à Associação e fez-se um brinde, com vinho espumante, comendo-se um bolo de aniversário, tudo num ambiente alegre e de são convívio. Luís F. N. Fernandes


Os Nossos Poetas

16 - Mensageiro da Poesia

Amor deve ser sublime Pela boca sai amor Ódio também pode vir Dá amor sem favor És feliz sem sentir Pela boca sai amor Sentes mais felicidade Tu és rico em dar amor E também em humildade Ódio também pode vir Se humildade não tiveres Tu não consegues sorrir Se o amor tu não deres És feliz sem sentir Tens humildade e amor Não chores, estás a rir Pois tu tens fé no Senhor Fé, amor e humildade Todos nós devemos afirmar Pois nunca é cedo nem tarde Deus está em todo o lugar O amor é sublime Manuel António Avelar Nunes

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Não Sei

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Outono da vida

Jardim dos Amores

Outono, nova estação É mais um ano que finda Para quem ama com o coração O Inverno não chega ainda.

No jardim dos meus amores Há flores de várias cores Que alegram meu coração Há flores muito belas Tão singelas e amarelas Que são a minha paixão

Seja qual for a estação Toda tem sua beleza, Seja Outono ou Verão É a lei da Natureza. Faz parte da nossa vida Haver sempre uma esperança, Num a Primavera florida No sorriso de uma criança. Estou no Outono da vida O Inverno vai chegar, A Primavera florida Essa, não irá voltar. As árvores se vão despindo, Envelhecendo seus ramos, Como nós vamos sentindo Com o passar dos anos.

O girassol, é meu amigo E contigo sinto o perigo Nos espinhos das roseiras As violetas são bonitas E as ditas, todas catitas Dessas paixões derradeiras Malmequeres, que gosto tanto São encanto e desencanto P' ras minhas lamentações Água de rosas dos olhos São abrolhos, são escolhos Dos cravos das ilusões Num subtil universo És o reverso do verso Do meu jardim encantado Sonho com amores perfeitos E os defeitos dos meus jeitos Primavera do meu fado.

É mais um ano que parte, No Verão te amei com Fé, No Outono vou amar-te Maria de Lurdes Brás Porque as árvores morrem de pé.

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Berta Rodrigues

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Não sei porque nasci cá neste mundo Só sei que não consigo compreender, E sempre que a maldade quer vencer O barco do progresso vai ao fundo. Aumenta a poluição cada segundo O povo já não sabe o que fazer, As doenças não param de crescer Maldito sofrimento, tão profundo. Parece-me que vivo num deserto Neste mundo que não tem rumo certo, Talvez por a justiça ser tão pouca. A resposta não consigo encontrar? Desabafo a escrever e a meditar Que me importa que digam que sou louca Dolores Guerreiro Costa

Novembro/Dezembro 2016

Sensação feliz Na sensação feliz que eu sinto ao tocar-te Há um frémito que, comum ao coração e à alma, Gera em mim grande desejo em abraçar-te... O que creio, me transmitiria alguma calma! Tudo o que se recomenda a quem espera Cabe no conceito de serenidade... E se vivida depois da primavera Pode atrasar a viagem p'ra eternidade! Nesse desejado tempo ainda por viver Poderemos achar outra vida, e aprender Que no espaço dum primaveril Outono Crescem perfumadas, e tão belas flores Que suscitam outros caminhos e amores... Jorge Gonçalves


Novembro/Dezembro 2016

Criança Criança muito me apraz Que hoje tenhas um dia Há muito tempo atrás Dia nenhum havia

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Mensageiro da Poesia - 17

Cantinho do Escritor Boas Entradas e Feliz 2017

A criança trabalhava De manhã a sol-pôr Nunca se fartava E ninguém lhe dava amor Sempre descalça seguia Com pés doridos no chão Pisava pedras e picos Tinha dor no coração Sofria fome, frio de rachar E sem dó, nem piedade Mandavam-na trabalhar Logo na sua tenra idade Aprender a ler e escrever Isso nem sequer pensar Lembra-te que tens que fazer Tudo o que eu te mandar Hoje a criança Já não vive assim Tem tudo o que deseja É uma alegria, enfim. Um dia seu tem até Para com os outros festejar Vejam bem como isto é O mundo está a mudar Tudo pedem e se não damos Dizem logo assim Que somos desumanos Já não gostas de mim!... Nesta vida tão ingrata Há demasiada ilusão Ora sempre se maltrata Ora se dá sem precisão Ó esperança em desalinho Que o mundo futuro seja melhor Dêem às crianças carinho E muito, muito amor!... Bia do Táxi

Caros Mensageiros (as) Estamos quase, quase no fim do ano, altura propícia para se fechar um ciclo e outro novo começar, por isso a altura ideal para me retirar desta minha mensagem, tal como vos disse na primeira mensagem seria apenas uma etapa em que iria ocupar este espaço, dando depois o lugar a quem o quiser usufruir, posto isto irei despedir-me até não sei quando. Como se aproxima a quadra natalícia, altura tão desejada e festejada por muitos, é também época de tristeza e melancolia para tantas pessoas, por vezes muito mal entendidas pela sociedade. É nesta altura que a solidão mais açoita os corações sofredores. É para esses em especial que envio um abraço fraterno de amor esperança e aceitação, do que não podemos mudar, que haja saúde e muita paz de espírito. Para quem se sente feliz para festejar, muito amor também, muita alegria e que o menino Jesus deixe o sapatinho bem recheado com tudo o que mais desejarem. Um Santo Natal, um Feliz Ano Novo com muitas bênçãos. Até sempre, sejam felizes. Manuela Lourenço


Os Nossos Poetas

18 - Mensageiro da Poesia

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Novembro/Dezembro 2016

A minha terra Alcoutim, és meu concelho Também és a minha freguesia Eu moro na Corte Tabelião E nisso sinto alegria. Eu nunca fui um poeta Mas sim um simples cidadão Gosto de fazer uns versinhos Para minha distração.

Dos poetas vou falar Dos poetas vou falar Alguns bem conhecidos Assim os faço lembrar Nunca serão esquecidos I O poeta tem emoções Não escreve versos à toa Lembro Fernando Pessoa E Luís Vaz de Camões Deixaram recordações Que não se vão apagar Escreveram para deixar Os momentos de glória E que ficaram na história Dos poetas vou falar

III Os poetas e autores Ao escreverem uma canção Tinham que ter atenção Podiam ter dissabores Vistos como opositores Não se podiam expressar Só podiam comunicar Depois de ir á censura Eram alvos de procura Assim os faço lembrar

II O poeta escreve e sente Em qualquer hora do dia Com tristeza e alegria Nos poemas está presente O que vai na sua mente Com verdade são sentidos Alguns eram proibidos Não se podiam contar Tinham que se disfarçar Alguns bem conhecidos

IV Hoje têm liberdade Não é preciso esconder Sem medo para escrever Na aldeia ou na cidade Pode falar á vontade Já não há perseguidos Aqueles tempos vividos Ficou a recordação Alguns ainda cá estão Nunca serão esquecidos

Miraldino Carvalho

Ovelhas, cabras eu guardei Tudo isto foi uma opção Trigo e aveia eu lavrei Já era uma tradição. Gosto muito da minha terra Foi ela que me viu nascer É muito pobrezinha eu sei Mas só ela nos pode acolher. Eu saí da minha terra Desta terra mesmo arraiana Que fica nesta linda serra À beira do Guadiana. António Mestre

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Exiguidade Tempo que é bom É aquele especificado, Qualificado. Tempo de vagar, Na ociosidade Do próprio tempo! Tempo de pernoitar Nos esconderijos das Idéias idiossincráticas E sem dimensão. Tempo é fluidez, Insensatez, Porque ele nunca está ao nosso alcance! Márcia Cristina Moraes


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Os Nossos Poetas

Novembro/Dezembro 2016

A sombra e a noite

Não peças demais à vida Não peças demais á vida Aceita tudo com graça Não entres nessa corrida Pode ser uma ameaça

Pelos socalcos do vale Avança a sombra e com ela vem a noite . A noite, que me traz silêncios seus Anseios teus E sonhos meus .

Obstáculos vais vencendo Mas não queres ser vencida Por alguém que vês sofrendo Não peças demais à vida

Enrola-se nos lençóis Como num campo florido de girassóis E adormece Embrenhada nos cheiros Meu e teu . E eu , depois de em ti demoradamente pensar Volto-me, tento adormecer Com esperança de amanhã Acordar e num outro amanhã Talvez com a sombra e a noite ver-te chegar. Entre os Quês e os Porquês Carmindo Carvalho

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Eu Sou

Eu sou a lágrima Que corre em teu rosto Toda a vez que sintas Tristeza ou desgosto Eu sou o sorriso Que vem ateus lábios Quando sintas carinho Eu sou teu suspiro De paz e de calma Sou a tua sombra Sou o teu caminho Acordo contigo Nas madrugadas de verão Estou nos teus olhos Ao entardecer Sinto o pulsar do teu coração Sofro contigo Se estiveres a sofrer Eu sou aquilo Que Deus me quis dar Coração aberto Par quem precisar Ivone Mendes

Mensageiro da Poesia - 19

Sentes desgosto profundo Teu viver te embaraça Se respeitas o teu mundo Aceita tudo com graça Tu não tenhas ambição Vive com conta e medida Não entres em confusão Não entres nessa corrida Uma vida de incerteza Só contribui p’ra desgraça Se estiveres indefesa Pode ser uma ameaça Maria João Cristino Lopes

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“Mãe” A honra no trono da vida O teu coração, “Mãezinha” é o meu… Nasci graças a ti! “Mãe querida do meu ser”! Sinto a tua falta ao adormecer És madrugada… Que à vida tudo deu! O meu chorar… sorrir… viver…é tudo teu! Crescer sempre ao teu lado… minha mãe! Sinto-me forte… não temo nada nem ninguém! O teu colo… é a proteção vinda do céu! Hoje; nascem flores…amanhã desaparecem… Porque as nossas noites nos meus sonhos também… Contigo todos os dias amanhecem! Vives hoje… amanhã e noutras eras… Vem! O meu amor é eterno… minha mãe! Guardo… a mais linda flor das PRIMAVERAS! Emília Mezia


Os Nossos Poetas

20 - Mensageiro da Poesia

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Post Scriptum O que eu escrevo não é poesia, São apenas, Temas Que de vez em quando, Dia a dia, Me dá para apresentar De forma rimada. Isto que escrevi, (até dei um espaço…) Cabia numa linha, Mas me deu vontade Ou deu-me? Claro, é igual… De verdade, para baixo. De escrever sem ponto final, Rimando, né? Fixe. Batendo no lugar do teclado Que faz a linha mudar para a linha seguinte, Como esta… No que escrevo, Apenas descrevo o pensar Quando me não apetece pensar em mais Nada, a não ser nada mesmo. Como agora, a esmo. Digito sobre recordações, Que significam E estão estudadas, São voltas ao coração Outra vez. Mais uma vez, não escrevo poesia, Cruzo os finais das frases Para ficarem bem na fonética E seria falta de ética Não reconhecer que é assim. Poesia, ah poesia, não hás Tu. Como és tão difícil de conquistar. É por isso que a utopia é descrita em prosa. A Poesia não é para mim. Eu sou assim, Ela é o que não sei. Ainda bem. Por isso a procuro ainda. José Jacinto

Novembro/Dezembro 2016

Fui menina que não brinquei! Aos setenta anos de idade Eu pensei em escrever Nunca será esquecida Parte da minha vida Que tive de percorrer Foi em Sepões que nasci No concelho de Viseu Pouco tempo lá vivi Outro caminho segui Este não me esqueci Em menina não brinquei Este tempo me faz lembrar Dos trapos que eu arranjei Com eles eu inventei Uma boneca para brincar Em pequena fui pastora Mal vestida e calçada Um dia uma senhora Que foi minha professora Levou-me para sua criada Foi lá que eu cresci Era casa de boa gente O que eu sei lá aprendi O caminho que percorri Está escrito na minha mente Aos catorze anos saí Minha mãe me procurou Nestes anos que servi Este caminho eu percorri Foi assim que se passou Trabalhei nos arrozais Ainda com pouco poder Dando suspiros e ais Como eu outras mais Eu não consigo esquecer Eu fiz a minha aventura Um dia de madrugada Não tinha vida futura Naquela manhã escura Foi grande a caminhada Ao meu namorado me juntei Não tinha dinheiro para casar Dificuldades eu passei, Mas nunca desanimei Sempre unidos a caminhar Lúcia Silva de Carvalho


Novembro/Dezembro 2016

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Mensageiro da Poesia - 21

Os Nossos Poetas

Imaginação

Loucura

Se eu fosse um jardim! Com o nome em latim! Talvez fosse mais distinguido, No jardim que me prende… O sangue de cada veia, Onde o mar ondeia; E eu… sinto no vento, Que vem do mar; O impulso do ar encantado Que voa comigo de lado. Esse ar que ninguém vê; Esse ar que ninguém clama, Nascido da mente soberana, Para melhor ver a recusa… Das palavras embelezadas, Que engendram o anseio; Da luz que deslumbra a vida. Ai! Se eu fosse um jardim! Com o meu nome em latim! Gostaria de dar a cultivar, Com vontade férrea, Para quem, não tem lugar De semear e germinar Todas as sementes da Terra! Onde um dia o Homem Se esqueceu de plantar!...

Feliz porque vivo e não estou morta Feliz porque de proveitosa Da vida tudo aprendi Desde que te conheci! E os anos passaram por mim Mascando minha alma perturbada Da vida algo espero ou talvez nada Feliz por amar alguém E esse alguém! Não sabe, e ainda bem Pois ninguém está livre de pecar Não em atos nem palavras Mas pensamentos profanos E quando nós alguém amamos Oh! Quanto é bom viver e recordar Tudo o que houver para dizer Saber calar… Saber esperar… Sozinho na solidão E até chorar… Mas de alegria incontida Desespero no cansaço Tudo faz parte da vida De seguir-te passo a passo E eu só vivo para te amar. No meu triste caminhar, Ai quem me dera poder Laura Santos Um só momento esquecer Esta sede de te amar.

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Luís F. N. Fernandes

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Versos controversos Versos controversos, e que chegam a nós adversos e que chocam a alma por dentro. Trovador declama, com potência de voz! Desgarradas são desafiadas ao centro Controversos, animados ao desafio fado que virou a cancioneiro imortal brilham as pautas, com músicas de arrepio o turismo aplaude – nosso Portugal Versos controversos e deixados ao vento mão do autor, desafiando o parlamento desmascarando a política dos perversos Controversos, que andam à sombra da rosa descarrilam na problemática duvidosa… Há versos de revolta, que andam imersos Pinhal Dias (Lahnip) PT (In: “Memórias em versos”)

Nas minhas horas mais tristes Na saudade tu persistes Como sonho delirante, Sofro e não compreendo Porque desejo e defendo O teu amor inconstante. Quando estamos frente a frente Sinto que tudo é diferente E até chego a acreditar; Mas depois vejo que afinal Neste qu'rer tão desigual Que apenas eu sei amar. Se este meu sonho acabou Eu não sei o que falhou Nesta nossa relação, Quem foi culpado não sei, Sei apenas que fiquei Sozinho na solidão. Isidoro Cavaco


Os Nossos Poetas

22 - Mensageiro da Poesia

Eu quero fazer um poema… Eu quero fazer um poema Que tenha a palavra certa Disparada com coragem Do alto de uma seteira. Palavra que eu quero que arda Que queime sem dó!... Como a fogueira que mata Florestas, montes desfeitos Em cinza e pó!... Palavra que feche o poema Como efeito de raiva funda De uma boca amordaçada Vivendo em terra imunda. Palavra que soe cá dentro Como sinos a rebate Alertando os que não veem A miséria que à porta bate!... Palavra que morda com força Como fera encurralada Que grite a palavra distante E acuda à minha chamada. Que sinta a palavra perdida Redonda, quadrada, oblíqua Mas!... ponha uma reserva Não quero palavra iníqua!

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Novembro/Dezembro 2016

Os verdadeiros direitos iguais O servidor Também gosta de ser servido. Quem dá amor Gosta de ser retribuído! Minha mulher Dona de casa nunca quis ser. Eu dou-lhe razão, pois, A casa é de nós os dois. Acabaram-se, assim, certas confusões, Pois ambos temos as mesmas obrigações. O termo nobre Dona, vai ser extinguido, Pois o termo Dom há muito foi suprimido. O masculino verdadeiro De senhora Não é homem, é senhor, agora. E o termo cavalheiro Passa a ter feminino: é cavalheira. Desta maneira, Com respeito e rigor A estas novas leis, os casais Passam a ter mutuamente mais amor. Não há uns que sejam menos e outros mais. Chama-se a tudo isto “Direitos Iguais”! Hermilo Grave

 Quis fechar o meu poema Com a tal palavra certa Oh ironia, com tanta, tanta palavra E afinal, não fui capaz!...

Palavra que seja o clarão Que ilumine a escura mina! Que dance com a graça maluca Já descobri a palavra De um bêbado mijando na esquina! Para fechar o meu poema Lutei muito para a encontrar Palavra que tenha a força Afinal já fui capaz!... Que queime como gelo e fogo Que mostre a cor do dinheiro Mas não quero dizer mais nada E do seu mundo imundo! Deixem-me dormir em paz! A tal palavra encontrada Palavras leva-as o vento Não digo, é feia demais. Diz-se, mas o vento também As traz! Desculpem, não sou capaz. Nem inventei alarmes Helena Moleiro Para ver que efeito faz!...


Novembro/Dezembro 2016

Um irmão de S. Martinho

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Mensageiro da Poesia - 23

Os Nossos Poetas Saudade

Há porta do céu bateu Um irmão de são Martinho São Pedro lhe respondeu Cá no céu não bebes vinho

Num jesto de amizade Lembrando o meu passado. Dorme comigo a saudade, Que levo pra todo o lado.

I Morreu com a bebedeira Um santo foi para o céu Nem sequer levou chapéu Empenhou à taberneira Foi um bêbado de primeira São Pedro o conheceu És filho de são Mateus Sobrinho de são Jacinto Com a bebedeira de tinto Há porta do céu bateu

III São Pedro e São João Santo André e S. Martinho Todos gostavam de vinho E Bebiam até mais não Santiago e São Romão S. Francisco não esqueceu Um dote que Deus lhe deu Andar por aí na bebedeira Assentado nesta cadeira São Pedro lhe respondeu

II Não deve ser condenado Aquele irmão da bebida Levou toda a sua vida Andando por aí embriagado Foi um bêbado e relaxado Lá no céu teve um cantinho Nosso senhor foi padrinho Que o pôs num santo lugar Vens bêbado podes entrar És irmão de S. Martinho

IV S. Martinho foi condecorado Por ter grande geração Entrou de copo na mão Dentro do reino sagrado Em vinho ia encharcado Não aguentou o caminho Por ele teve um santinho Ao pé da porta da entrada Trazia sua garrafa aviada Cá no céu não bebes vinho

Manuel Martins Nobre

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Oportunista

Sorriso insinuante, sinuoso, Cativante, sagaz, untuoso, Delicodoce, melífluo, simpático, Arranha céus de caridade, enfático. Cobrador profícuo de favores, Fazedor de supérfluas quimeras, Exibicionista de bolores; Vão profeta de falsas primaveras. Escravo da adulação, rei da intriga, Amputado de personalidade, Camuflado, entrincheirado, sem briga: Liquida dividendos, faz contratos Sem dignidade e com habilidade, Lava as mãos como Pôncio Pilatos. Elmano Gomes“manoelbeirão”

Deixei cartas, e o meu pião, Idade tenra, brincando. Eram jogos de eleição Hoje o tempo vai passando. Minha casa pobrezinha, Foi meu berço adorado. Abandonada e sozinha Faz parte do meu passado. Terra que me viu nascer. Sou parte daquela gente. Sinto orgulho ao dizer És meu sonho permanente. A vida é uma lousa, Porque o destino assim quis. A velhice em mim repousa Ao pé dos meus sou feliz. José Frias

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Orgulho da região Esta terra divinal Para todos tem agrado, Orgulhando Portugal Neste Alentejo sagrado. Não há luxo, há franqueza Neste terra de alegria, Ó! Serpa tu tens beleza E pra todos simpatia. Os teus campos são riqueza, Ó! Serpa de encantar. Eu tenho quase a certeza De um dia cá voltar. Tens um povo que trabalha, Orgulho da região. O mesmo povo que ganha Honradamente o seu pão. José Camacho

(Dedicado com amizade e estima À Câmara Municipal de Serpa)


Os Nossos Poetas

24 - Mensageiro da Poesia

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Novembro/Dezembro 2016

o mês:

próxim Temas para o

, z, S. Valentim Ano Novo, Pa a Poesia, Dia Mundial d vres. ulher, temas li M a d l ia d n u Dia M

Pequena história da Cidade de Amora Amora, que um dia deste, Na Ibéria, o melhor vinho. Muita exportação fizeste, A partir deste cantinho.

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Passado da nossa vida Vivemos com dificuldade Esta não foi esquecida Com a nossa capacidade Vivemos com unidade Soubemos vencer na vida

No vale dos Pessegueiros, E na vinha do Pinhal, Teus vinhos, foram primeiros, Cá do nosso Portugal.

Assim com o meu marido Na vida soubemos vencer Neste tempo já vivido Nunca será esquecido Eu escrevo para não esquecer

Quisemos ter o nosso lar Tivemos que o construir Para o nosso bem-estar E na vida descansar Para um dia repartir

Aos dezassete anos de idade A vida tinha os porquês Não gozei a mocidade, Mas tinha capacidade Fui mãe a primeira vez

Estes foram os projectos Que lutámos para ter Debaixo dos nossos tetos Hoje temos oito netos Assim os vemos crescer

Dos filhos que Deus me deu Dois já cá não estão A eles disse o adeus Estes sentimentos meus Com a dor no coração

Hoje na terceira idade Felizmente estamos bem Só nos resta a saudade Da nossa capacidade Que foi e já não vem

Os anos foram passando Com dificuldades na vida Tivemos que ir esperando Eu lembro de vez em quando Sempre de cabeça erguida

Eu pensei em escrever O que tenho na memória A nossa maneira de viver Para que outros possam ler Uma vida que fez história Lúcia Almerinda

Fonte da Prata, e Vale da Loba, Vale Crispim, e Cheira Ventos, Cascalheira é demagoga. Casa Pão para os eventos. Muito mais, o que fizeste Só com máquinas a vapor. Vidros e moagens tiveste, Um antigo esplendor. Eu queria mas não consigo, Falar numa quinta só. Delas todas sou amigo, Se o fizesse dava dó. Todas as quintas da Amora, Que este império formaram, Não desprezo eu agora. Enquanto os anos passaram. Mário Pão-Mole


Novembro/Dezembro 2016

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Mensageiro da Poesia - 25

Biografia do Fadista

Júlio da Silva Marques Nasceu a 26 de Dezembro de 1943, numa pequena aldeia de nome, Vila Facaia, conselho de Torres Vedras, onde se vivia com bastantes dificuldades, como tantas outras aldeias deste país. Seus pais, trabalhadores rurais, tiveram quatro filhos, sendo ele o mais velho. Depois de fazer a instrução primária 4ª classe de então, rumou a Lisboa com apenas 12 anos, e poucos conhecimentos, começou por trabalhar numa drogaria, de onde saiu passado pouco tempo, ingressando numa pastelaria. Ambicioso como era, jamais parou, aproveitando todas as oportunidades que lhe iam surgindo, tendo desempenhado funções nas mais variadas casas de restauração, tal como o Colombo, Versailles, Hotel Ritz, e Café Tofa, na Rua do Ouro, última casa em que esteve e que lhe abriu portas ao futuro. Além do

Lisboa, retomando o seu anterior trabalho, onde veio a conhecer a sua cara-metade por quem se apaixonou. Recebeu entretanto uma proposta de trabalho para uma empresa de diamantes em Angola, e que o fez voltar aquele país, onde mais tarde e já casado teve três filhos. Mas eis que chega o 25 de Abril de 1974, e as coisas começaram a complicar-se, tendo sido aconselhado a regressar, tendo conseguido colocação de novo nos Cafés Tofa, de onde saiu passados dois anos, tornando-se empresário de restauração, “Pastelaria, Snack, e Restaurante” área em que trabalhou mais de trinta anos. Agora já semi retirado, e com a vida mais calma, vai fazendo algumas das coisas que sempre quis fazer, tal como “cantar o fado” e foi através da sua colega e amiga, a Fadista Lina de Almeida, que começou a actuar nas

cargo responsável que desempenhava, teve a oportunidade de estudar de noite, tirando o 3º ciclo dos liceus, e que mais tarde lhe facilitou a vida no serviço militar, onde ingressou aos 21 anos, tendo sido mobilizado para Angola como furriel miliciano numa companhia de comandos, onde permaneceu dois anos. Diz recordar com saudade desse tempo, as paisagens, as árvores, os rios, o pôr-do-Sol, os cheiros e as gentes, tudo isso trouxe consigo, sem esquecer os horrores de uma guerra inútil. Terminado o serviço militar, regressou a

mais diversas associações e eventos, realizando assim um sonho antigo. É associado do Mensageiro da Poesia, sempre presente nos eventos para o qual é convidado, e a quem o Mensageiro da Poesia agradece, desejando-lhe os maiores sucessos e felicidades.


Os Nossos Poetas

26 - Mensageiro da Poesia

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Novembro/Dezembro 2016

Uma estrela guiou Foi uma estrela que avisou Nessa noite longa e fria, Ela os pastores avisou E aos Reis Magos chegou Anunciando esse dia. Iluminado o céu estava Por essa enorme luz, Nossa Senhora aconchegava E São José batizava Com o nome de Jesus. Numas palhinhas deitado Por não querer um berço de ouro. Esse Jesus adorado É um retrato sagrado Valendo mais que um tesouro. Mirra, incenso, e ouro traziam, Para o Menino saudar. Muito mais ele merecia Sabiam que ele podia A todos nós nos salvar. E nas igrejas havia, Muitos sinos a tocar. Tocavam Ave-maria E vieram nesse dia O Menino visitar Hoje é nosso redentor, Ama a todos, por igual. Dá-nos luz, resplendor, Havendo paz e amor, É todos dias Natal. Maria Laurinda Pacheco

Uma Vida de Trabalho Quem trabalha com prazer E em boa companhia, Não vê o tempo correr, É feliz, tem alegria. Quem trabalha a contragosto, Como quem faz por favor, É melhor mudar de posto Ou, então, de empregador. Eu comecei muito cedo Pla minha vida a lutar. Trabalho não me faz medo E sempre o soube enfrentar. Mau vício é a preguiça E feio nada fazer, Pois a mandriice atiça Um mau modo de viver. Eu as coisas não baralho, Tenho muito que contar. Ia a pé para o trabalho, Contente, a cantarolar. Eu também não era gaga E, quando eu tinha razão, E via que era mal paga, Eu despedia o patrão! Armanda Rosa

Vamos lá brincar Vamos lá brincar Com a situação Dá para pensar O estado da Nação Não sei como é Todos querem mandar Coitado do Zé Só tem que aceitar Vamos lá povinho Abre a pestana E devagarinho O governo te engana Cortam dum lado Sobem do outro Ou ficas calado Ou vês tudo torto E quando dizem Que sabem governar Até contradizem No que estão a afirmar. Trabalho não há Nada a funcionar A coisa está má Tens de emigrar Vamos lá cortar Mais um bocadinho E o Zé a apertar Mais um furinho Não te podes queixar Por este andamento Até tens de pagar Pelo teu pensamento Não é para brincar Já chegou a hora Se não sabem governar Por favor vão-se embora Berta Rodrigues


Pablo Neruda

Novembro/Dezembro 2016

Y

Mensageiro da Poesia - 27

Poeta em Destaque

O poeta chileno, que quase toda a vida sonhou e lutou por um mundo mais justo, com o nome de registo civil de Neftalí Ricardo Reys Basoalto, adotou, ainda adolescente, o pseudónimo de Pablo Neruda (inspirado no escritor checo Jan Neruda), tornando-se legal este segundo nome, depois de uma ação junto das autoridades competentes do seu país, para modificação do seu nome de nascimento, nome esse que Neruda passou a usar durante toda a sua vida. Filho de um operário e de uma professora do ensino primário, nasceu em 12 de julho de 1904, na cidade de Parral e morreu a 23 de setembro de 1973, em Santiago do Chile. Ficou órfão de mãe, logo após um mês do seu nascimento. Além de ter sido um dos maiores poetas da língua castelhana do século XX, teve Neruda uma longa carreira diplomática e, no decorrer das sua viagens, fez amizade com Federico Garcia Lorca, na capital da Argentina. Em1936, logo após o começo da guerra civil espanho-

la, Neruda é destituído do cargo de cônsul e, em 1937, tendo retornado ao Chile, começa a produzir textos temáticos políticos e sociais e, antes de ter retornado ao seu país, escreve, em França, o livro “Espanha no Coração”. No mesmo ano, discursa para mais de 100 mil pessoas, no Estádio de Pacaembu, em S. Paulo (Brasil), em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. A sua obra literária é extensa e, entre numerosos prémios que ganhou, destaca-se o Prémio Nobel de Literatura, no ano de 1971. Oficialmente, morreu de cancro da próstata, na Clínica Santa Maria, em Santiago do Chile, mas suspeita-se que ele tenha sido assassinado, com uma injeção letal, por lacaios do regime do ditador Pinochet. Está sepultado na propriedade que lhe pertenceu em Isla Negra, Santiago do Chile e, postumamente, em 1974, foram publicadas as suas memórias, com o título “Confesso que vivi”. Pesquisa feita por Hermilo Grave


Novembro/Dezembro 2016

Para não Deixar de Amar-te Nunca

28 - Mensageiro da Poesia

Saberás que não te amo e que te amo pois que de dois modos é a vida, a palavra é uma asa do silêncio, o fogo tem a sua metade de frio. Amo-te para começar a amar-te, para recomeçar o infinito e para não deixar de amar-te nunca: por isso não te amo ainda. Amo-te e não te amo como se tivesse nas minhas mãos a chave da felicidade e um incerto destino infeliz. O meu amor tem duas vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo. Pablo Neruda, in “Cem Sonetos de Amor”

e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com


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