BOLETIM 138 MENSAGEIRO DA POESIA

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Mensageiro da Poesia - 1 Janeiro/Fevereiro 2017

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Bocage O nosso patrono Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 138 Janeiro/Fevereiro 2017

Poeta do Mês

António Marques Pág. 15

Primeira Tertúlia do Ano


Nota de Abertura

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Próximas actividades vessem acesso… Noticias recentes dão-nos conta de 24 mortos por hipotermia no campo de refugiados de Moira, em ilha de Lesbos, na Grécia. Como se se tratasse de uma inevitabilidade, o Mundo assiste com alguma indiferença esta realidade, cínica e hipocritamente, os meios de comunicação informam que “por causa do frio já morreram estas pessoas”. Com algum rigor e consciên-

Tertúlia Poética Dia dos Namorados: Dia 19 de Fevereiro (domingo) Tertúlia Poética na nossa sede assinalando o dia de S. Valentim pelas 15 horas.

cia precisaremos de afirmar que NÃO É O FRIO QUE OS MATA, o que os mata e nos mata moralmente a nós, é a indiferença, o egoísmo e o jingoísmo. com que a autodenominada “civilização ocidental” mergulha a cabeça. Como referiu Martim Luther King ”O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas.” Na nossa missão de promover e difundir a Poesia, não podemos ficar indiferentes, nem poderemos ser indiferentes à indiferença que diz que “frio é que mata”. Jorge Henriques Santos Jornalista.

Dia Internacional da Mulher: O Mensageiro da Poesia, realiza uma Tertúlia Poética, com lanche compartilhado no Clube Recreativo da Cruz de Pau no dia 12 de Março pelas 15 horas, assinalando o Dia Internacional da Mulher, com exposição de poemas dedicados à mulher. Dia Mundial da Poesia: Tertúlia Poética no dia 26 de Março no Centro Cultural e Desportivo das Paivas, com Poesia, Fado, e a actuação do Grupo Coral da Associação Unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos de Amora. Haverá lanche compartilhado.

Consulte a nossa página no Facebook e deixe os seus comentários: http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com

Destaques nesta edição: • Cantinho do Escritor- Pág. 9 e 13 • Cantinho do Escritor- Pág. 17 • IX Concurso de Poesia- Pág. 4 e 5 • Poeta em Destaque: Miguel Torga - Pág. 26 a 28 • Poeta do Mês: António Luís Marques- Pág. 6 e 7

Donativos

É com muito agrado e profundo reconhecimento que aqui endereçamos, publicamente, agradecimentos muito especiais a todos quanto têm contribuído para dar continuidade ao nosso boletim, mas também para o bom nome e sucesso da nossa Associação, com trabalho voluntário, apoio, carinho e incentivo mas também, com generosos donativos monetários que aqui descrevemos:

Joaquim Figueiredo................200€ Anónimo Suiça ..........................75€ Ivone Mendes.............................60€ Adelaide Palmela.......................30€

Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Helena Moleiro, Berta Rodrigues, Jorge Gonçalves, Manuel Martins, Hélio Ave, Magui, José Caldeira, Manuel Sapateiro, Ivone Mendes, Dolores Costa, Fanny, António Bicho, Luís Fernandes, Damásia Pestana, Mário Pão-Mole, Nelson Fontes Carvalho, Maria Adelaide Palmela, Rosa Martins, José Frias, Domingos Pereira, Carmindo Carvalho, José M. Vaz Jacinto, Manuela Lourenço, José Francisco Bento, Hermilo Grave, Margarida Moreira, Maria Laurinda Pacheco, Marcus Vinicius de Moraes, Laura Santos, Bia do Táxi, Armanda Grave, Maria de Lurdes Brás, Preciosa Gamito, Isidoro Cavaco, Ana Santos, Telmo Montenegro, Lúcia da Silva Carvalho, Manuel António Avelar Nunes, Dolores Carvalho, Maria Vitória Afonso, Joana Mendes, Pinhal Dias, Arménio Correia, José Camacho, Miraldino Carvalho, Emídia Guerreiro Salvador, Emília Mezia, Maria Fernanda, António Marques, Maria João Cristino Lopes, Maria de Lurdes Emídio, Chico Bento, Maria Francisca S. Bento. • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt

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Vida Associativa

Janeiro/Fevereiro 2017

Frio que mata Esta é uma frase que nesta altura do ano ouvimos com frequência, como se o frio por si só tivesse capacidade para tal. Por forma a enfrentar esse suposto “assassino” a humanidade criou mecanismos e tecnologias para dotar os espaços com meios de conforto que o dominassem, alguns até muito sofisticados. Porém ao longo dos tempos e apesar de todo o avanço tecnológico, sempre houve seres humanos que a eles não ti-

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Janeiro/Fevereiro 2017

Nelson Carvalho........................10€ José de Frias..................................5€ Maria Catarina Silva....................5€

Quotas de 2017 Caros associados (as) Terminou o ano de 2016 e verificámos que só 65 sócios pagaram as quotas, e por isso, agradecemos que ponham as suas em dia, por vale postal, cheque, ou através de depósito bancário, na conta do Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética, no Banco Montepio Geral, NIB: 0036002299100077597 96. Recordamos que a quota tem um valor anual de 20 € (vinte euros) em Portugal e 25€ para o estrangeiro. Gratos pela vossa colaboração A Direção


Vida Associativa

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Apoios:

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

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O Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética

Continuação da página 4

Constituição do Júri

IX Concurso de Poesia A nossa Associação Cultural Poética está a planear o IX concurso de poesia, da qual esperamos a pronta participação dos nossos associados. Dia 2 de Maio, será a data limite para a entrega dos trabalhos, em Junho será tornada pública a lista dos vencedores em cerimónia a realizar em dia, local e hora a designar. O IX Concurso de poesia é aberto a associados e não associados do Mensageiro da Poesia. O tema é “O idoso”, podendo os trabalhos ser apresentados em dois géneros; quadras, ou poema livre.

1º. O júri do concurso será constituído por 3 elementos. (a) Professor de língua Portuguesa; (b) Poeta (c) Um membro da Associação PRÉMIOS Haverá 1º 2º e 3º prémios para as duas modalidades 1º PRÉMIO

2º PRÉMIO

3º PRÉMIO

Quadra Poema

Regulamento 1º. Todos os trabalhos deverão dar entrada na Associação até ao dia 2 de Maio de 2017 2º. Cada trabalho não deverá exceder a face de uma folha A-4 3º. Cada concorrente pode apenas concorrer com dois trabalhos 4º. O número limite de trabalhos não deverá exceder o indicado. 5º. Não poderão concorrer trabalhos já publicados ou premiados noutros concursos. 6º. Todos os originais deverão estar devidamente identificados com pseudónimo e em folha A/4 em triplicado. 7º. A identificação de cada concorrente deverá ser feita através de sobrescrito fechado, contendo no exterior o pseudónimo e IX Concurso do Mensageiro da Poesia, no interior o seu nome, morada Nº de telf. e /ou e-mail. 8º. Cada trabalho será identificado por um pseudónimo diferente, não conhecido, e sem partículas do nome do autor. 9º. O plágio, a falta de qualquer elemento essencial para a candidatura, ou o incumprimento de quaisquer de um dos itens do presente regulamento, pode implicar a exclusão do concorrente. 10º. Ao júri compete resolver todos os casos omissos, e deliberar a atribuição dos prémios, podendo ainda conceder tantas menções honrosas quantas entender, não havendo recurso às suas decisões. 11º. A proclamação pública dos vencedores e entrega dos prémios, será no mês de Junho, em hora, dia, e local a indicar. 11º. Os trabalhos deverão ser endereçados para; O Mensageiro da Poesia-Associação Cultura Poética. Rua dos Vidreiros-Joja 5 (Antigo Mercado da Amora) 2845-456 Amora. Continua na página 5

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Vida Associativa

Janeiro/Fevereiro 2017

Tema: O Idoso

CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

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Janeiro/Fevereiro 2017

Aceitação das Condições Todos os concorrentes, no momento da entrega dos trabalhos, se comprometem em aceitar as condições estabelecidas no presente regulamento, assim como à cedência de autorização da publicação dos trabalhos, durante o concurso ou posteriormente em actividades desenvolvidas no âmbito do Mensageiro da Poesia.

Objectivos: O IX Concurso de Poesia do Mensageiro da Poesia tem como objectivos principais divulgar e promover a Associação, o Boletim e os seus Associados, estimular o interesse pela poesia de modo a valorizá-la e aproximá-la dos cidadãos, fomentando assim o gosto pela leitura. A Direção

Sozinho na solidão Desespero no cansaço De seguir-te passo a passo No meu triste caminhar, Ai quem me dera poder Um só momento esquecer Esta sede de te amar. Nas minhas horas mais tristes Na saudade tu persistes Como sonho delirante, Sofro e não compreendo Porque desejo e defendo O teu amor inconstante. Quando estamos frente a frente Sinto que tudo é diferente E até chego a acreditar; Mas depois vejo que afinal Neste qu'rer tão desigual Que apenas eu sei amar. Se este meu sonho acabou Eu não sei o que falhou Nesta nossa relação, Quem foi culpado não sei, Sei apenas que fiquei Sozinho na solidão. Isidoro Cavaco


Poeta do Mês

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

António Luís Marques António Luís Marques nasceu no Concelho de Santiago do Cacém, numa aldeia denominada Brescos, na freguesia de Santo André, junto à lagoa do mesmo nome, em 10 de setembro de 1942. Aos 12 anos, ficou órfão de pai, o que o obrigou a procurar vida nova, tendo ido morar para a Herdade da Comporta, local onde já viviam alguns dos seus irmãos. Trabalhou nos arrozais até aos 16 anos, altura em que se transferiu para o Concelho do Seixal, tendo ido trabalhar para uma empresa de produtos corticeiros, tais como boias e salva-vidas. Permaneceu nesse emprego até ir para o serviço militar, no qual prestou serviço dos 20 aos 23 anos. Como ao terminar o tempo de tropa a empresa onde trabalhara tinha encerrado, foi trabalhar para a Siderurgia Nacional, tendo aí ficado a trabalhar até 1969, quando saiu com uma licença sem vencimento. Após ter estudado num Centro de Formação Profissional, em Lisboa, trabalhou em várias empresas e, a seguir ao 25 de Abril, voltou para a Siderurgia Nacional, tendo aí exercido cargos de muita responsabilidade, depois de ter sido promovido a Chefe e responsável pela Secção de Máquinas e Ferramentas. Mais tarde foi, uma vez mais, promovido, desta vez, a Técnico Industrial, indo chefiar a Secção de Máquinas e Ferramentas, isto é, mais precisamente, as Oficinas Gerais da Siderurgia Nacional. Foi para a reforma em 1997 e, embora tenha continuado Santo André

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a trabalhar, o seu tempo livre tem sido dedicado a alguns hobbies, tais como fazer parte do Grupo Coral da Casa do Povo de Corroios, ser diretor do C.R.C.P. da Cruz de Pau e dedicando-se, ainda, a cantar o fado e a fazer poesia, o que faz até hoje, diz ele, com todo o prazer e dedicação. É sócio da nossa Associação. H. G.

A natureza Pus-me um dia á beira mar Só para me esclarecer Que a água que continha Tinha horas destinadas Para vazar e encher Depois de horas de espera Tive a resposta final Lentamente foi vazando Onde tudo era água Ficou um grande areal Fiquei então convencido E disso tenho a certeza Estava perante um fenómeno De uma demostração Da força da natureza Dizem que a terra é redonda E que está sempre a se mover Pois é esta a explicação Que nuns lados a água vaza E noutros esteja a encher António Marques

continua na pág. 7

continuação da pág. 6 Lagoa de Santo André

Trovas soltas A poesia mais o fado São dois amigos leais Quando o fado anda triste Logo a poesia lhe diz Por esse caminho não vás Mesmo não estando a dormir Todos nós temos um sonho Um mundo para descobrir E um futuro risonho. Canta o canário na gaiola E o rouxinol no silvado Chora o pobre a pedir esmola O fadista canta o fado. Sozinho na minha cama, Quantas mais noites serão Sem ter alguém que se ame? Tenho horror á solidão. Não sou poeta nem fadista Mas faço versos e canto o fado Bem versados ou bem cantados? Quando o faço é muito a sério Para dar opinião deixo ao vosso critério Nesta alcateia de lobos O que chamam sociedade Não há lugar para todos Nem para os que falam verdade António Marques

Poeta Fadista


Os Nossos Poetas

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A paz como prenda de natal Numa bela noite sonhei Que a guerra ia acabar No dia seguinte acreditei Que a paz vinha a chegar Que a paz vinha a chegar Acreditei logo nesse dia Toda a vida vou recordar Aquela tão grande alegria Aquela tão grande alegria Dá um prazer tão profundo Desejo que seja epidemia Que dê paz a todo o mundo Que dê paz a todo o mundo E já não possa voltar atrás Mesmo um país moribundo Deve entrar neste cabaz Deve entrar neste cabaz Pra aprender a boa moral Para todos darmos a paz Como prendas de natal Manuel Martins Nobre

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A paz A paz Invadiu o meu coração Invadiu o meu destino A paz é uma linda canção Que eu ouço desde menino Para que haja paz no mundo Não tem que haver revolução! Mas sim uma solução, Isso sim, fazia sentido; De o homem ser convertido Para que haja paz no mundo. Luís Neves

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro evereiro 2017

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Cantinho do Escritor

Não peças demais à vida Dia da mulher lher

Não peças demais á vida Aceita tudo com graça Não entres nessa corrida Pode ser uma ameaça Obstáculos vais vencendo Mas não queres ser vencida Por alguém que vês sofrendo Não peças demais á vida Sentes desgosto profundo Teu viver te embaraça Se respeitas o teu mundo Aceita tudo com graça Tu não tenhas ambição Vive com conta e medida Não entres em confusão Não entres nessa corrida Uma vida de incerteza Só contribui p’ra desgraça Se estiveres indefesa Pode ser uma ameaça Maria João Cristino Lopes

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Pensamento

Confissão Saudades do Alentejo Madrugadas ao relento Coisas boas que revejo Que perpassam como o vento. Em Agosto era o luar Testemunho de um tal cante Que ouvia a horas mortas Após dia de levante. Esse levante, a meus nervos Deu sobressaltos constantes E meus sentimentos servos Da paixão por um dos cantantes Hoje o cante alentejano Serve de tema à minha prosa Sobrou Vida desse plano Que meu poema já glosa. Já vai longa a caminhada Sempre volto a palmilhar-te Meu Alentejo, cansada Te agradeço a minha arte.

O amor é o elixir da longa vida. Ame sempre que puder, quando puder. Conceda a si mesma todo o tempo que puder para amar. Sem amor, a vida não valerá a pena.

Muitos anos quero ainda Cantar-te ó terra amada Depois repousar infinda Dentro de ti, Pó e Nada.

M. Stevens

Maria Vitória Afonso

Mulher, flor, menina Mulher só de verdade Toda amor, de corpo inteiro Traz no peito uma bandeira De Paz e Liberdade Guarda nos olhos, estrelas Como sóis de luz e chama Aquecendo o mundo inteiro Como um filho no seu ventre Que em breve vai chegar É a seara madura que só ela Sabe mondar! Monda o pão, faz o pão Para toda a fome matar Companheira, criadeira, A família para amar! Mas capaz de ir para a rua Defender o seu lugar! Mas porque raio de ironia Só nos dão um dia no ano Para lembrar! Não existimos, o ano inteiro, Na fábrica, no campo, No escritório, no hospital? Não é por mal, acreditem, Mas, ainda temos, Uma flor e um poema para te dar! Somos o porto seguro De chegadas e partidas Para esperança, novas vidas Que todos queremos, sonhamos Como terra prometida! Helena Moleiro

D Internacional Dia d da Mulher A 8 de março festeja-se o dia Mundial da Mulher e nos dias de hoje a comunicação social informa casos muito graves de violência doméstica e maus tratos , onde vários fatores são a causa para tantas mortes de mulheres que são vítimas de homens que não aceitam um " basta " na relação do casal. Na minha opinião a informação e ajuda de algumas Instituições que dão apoio a estas mulheres são muito importantes, mas não o suficiente, porque em muitas situações a família está referenciada na polícia e as mortes continuam a ser uma realidade, os filhos ficam sem Mãe e o Pai vai preso e as soluções nem sempre são as ideais para os jovens que geralmente são enviados para Associações ou para familiares, mas nunca é a mesma coisa. Nos dias de hoje os Homens continuam a pensar " pequenino " acham que as suas esposas têm que aceitar e acatar traições, devem ser " paus " mandados, sem vontade própria, sonhos e no que diz respeito à profissão a descriminação ainda é maior, os ordenados não são iguais aos mesmos cargos de homens e ainda o machismo está presente na política. Eu ainda não perdi a esperança de ser governada no meu País por uma Mulher, porque acredito que o sonho comanda a vida e mantenho a esperança de assistir um dia à mesma igualdade de direitos no Homem e na Mulher. Ana Santos


Os Nossos Poetas 10 - Mensageiro da Poesia

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Língua famosa Língua de Camões; Língua de Bilac! Amo-te, ó rude e doloroso idioma (Bilac) A poesia é a música da alma, e, sobretudo, De almas grandes e sentimentais Voltaire Não há no Universo idioma mais eleito Que o nosso, português, útil, sonante, vernáculo, Que usam Portugal e Brasil n’um elo estreito, Que é por isto que entre nós não há obstáculo! É um legado dos nossos antepassados feito… AMIGO? AMIZADE? Não são um espectáculo? AMOR?! Haverá palavra mais linda no peito, Isto e tudo mais contribuiu pró nosso cenáculo? Foram Abreu! Amado! Bilac que tiveram jeito… Foram Camões! Bocage! Camilo o certo pináculo, Desta língua maravilhosa de tanto respeito! Que se tornou unigénita como um tentáculo, Com esta língua tão fecunda tanto se tem feito, Que se pode afirmar é mesmo sustentáculo Nelson Fontes Carvalho (Nelfoncar) == DOIS AMORES ==

Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

Como o tempo O Inferno chispa faíscas de tristeza O tempo esforça-se para não chorar Mas as lágrimas vão cair Olho à minha volta e estremeço Para mim É uma eternidade de castigos O Inferno na Terra Depois de libertar este corpo Do peso que carregou Durante a mocidade Condenaram-me e puniram-me A lutar… lutar… sem importância Vivo no meu Paraíso Coberta de angústia Porque o lago já secou A casinha de bonecas E os vestidos de princesa que sempre tive Tudo em pó se transformou O tempo ordena-me muitas vezes Para esconder como estou!... Emília Mezia

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Ninguém me pode calar Neste meu simples viver e a maneira de aqui estar vim ao mundo para dizer ninguém me pode calar A minha vida é um livro aberto para quem quiser ler o que nele está escrito neste meu simples viver Nada tenho no passado que não me possa orgulhar quero mostrar como sou e a maneira de aqui estar O meu presente e passado nada tenho a esconder porque razão vim ao mundo vim ao mundo para dizer Dizer aquilo que penso digo depois de pensar desde que não diga ofensas ninguém me pode calar. José Bento

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Os Nossos Poetas

Parabéns, Mensageiro

Amigo Mensageiro

Mensageiro, és o meu companheiro Que me ensinaste a continuar Tu corres sempre ligeiro E cumpres a missão de nos ensinar.

Tenho um amigo leal Que destaco nesta rima A sua força cultural Me acompanha e ensina

Em momentos de solidão Tu és a minha companhia A fonte de inspiração És tu quem me alumia.

Quero aqui frisar também Que é um fiel companheiro Nunca me pede dinheiro Nem me diz mal de ninguém

Nunca mais fiquei sozinha Nos momentos de solidão Mostraste-me como se caminha Tirando-me a amargura do coração.

Sempre em boa comunhão É um amigo sincero Pois eu muito considero Toda a sua animação

És o meu amigo Mensageiro Que me ajudas a continuar E corres tão ligeiro Fazendo-me ainda sonhar.

Este amigo afinal Cito-o com gosto profundo Esta fiel companhia Orgulhando Portugal E um pouco por todo o Mundo É o Mensageiro da Poesia

Adelaide Palmela

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Ao Mensageiro da Poesia Mensageiro da Poesia, Que bom foi conhecer-te. E para minha alegria Poder assim escrever-te. Quando te conheci, Pensei logo para mim: É desta que vou tentar, Meus trabalhos poder mostrar. E não é que acertei! E foi assim que comecei. Só espero que os meus amigos Qua me aceitaram tão bem, Me possam sempre ajudar Para assim continuar. Obrigado Mensageiro! Laura Santos

José Camacho

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A amizade

O amigo é sempre aquele Que não deixa no esquecimento, E que está pronto a ajudar No seu preciso momento. Se a amizade é pura Deve ser bem preservada, Para que não haja ilusões A amizade não se paga. Quem a tem, é estimulá-la, Para que não possa acabar, Partilhar sempre com ela Mas nunca a deve deixar. O amigo é sempre aquele Com quem podemos contar. Quer esteja longe ou perto É preciso é ter com quem partilhar. Preciosa Gamito


Os Nossos Poetas

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

Ao encontro da liberdade Deixo para trás a cidade... Castelo Branco de seu nome. Dou asas ao desejo que me consome, De um encontro com a liberdade! À esquerda, algo que o povo deifica... O cabeço de S. Martinho, Diz-me que vou no bom caminho, A velha e única estrada, para Malpica! É aonde vou! Foi lá que a conheci, E me ensinou a pensar, a amar e a sofrer! Vou questioná-la, sobre o que hei de fazer, A tudo o que com ela aprendi! Ensinou-me a abraçar o santo e o pecador Sem preconceito, Com justa elevação e respeito, E a interpretar em cada um a sua dor! Hoje, quero estar contigo, Confrontar-te com os teus ensinamentos, Revelados em longínquos momentos Quando em ti buscava abrigo... Quero sentir os campos onde brincava, Voltar a ter liberdade de pensamento, E recomendá-la ao livre vento, Que muitas vezes por ali soprava. Pedir-lhe que a promova sem limitações, Respeitosa, simples e segura, Para que aos homens traga ventura, E lhes coloque muito amor nos corações! A malograda promessa do homem novo, Não passa de uma verdade por cumprir. Será reacionário sonhar e desejar o porvir, Sem ódio e com amor por qualquer povo? Teme por ti liberdade, este velho Que, criança ainda, seduziste Para um mundo que coloriste, Com as verdades do teu evangelho. José Maria Caldeira

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A imagem do amor Já vai longe, no passado, o dia Quando pela vez primeira eu te vi Era bem grande a emoção que sentia, Aquele instante jamais esqueci. Marcus Vinicius de Moraes

É inverno O amor ao nascer O amor ao nascer é como a madrugada!... Vê na claridade um prelúdio de vida, E cheio de esperança na manhã anunciada Abre o coração ao sol de forma sentida! Também se parece com um lindo sonho!... Vive para lá da feliz realidade Ao fantasiar quimeras, sempre risonho, Não ousando confrontá-lo com a verdade! Porém, e pelo simples facto de nascer, O seu destino é naturalmente morrer... Mas neste reino há milagres que ocorrem!... Por tal, muitas das madrugadas ardentes Sonhadas ou não, se manterão presentes Porque ainda existem amores que não morrem! José Gonçalves

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A cidade é um livro que se lê aos pés A cidade é um livro Com os pés posso lê-la Eles são o que preciso Pra poder conhecê-la Andar é como ler O caminho que se pisa São páginas a conhecer Do livro que se organiza Ruas carros e avenidas Gentes, animais, árvores e mar São as páginas a ser lidas Como o nosso próprio andar. Domingos Pereira

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É Inverno. Olho pela janela. Lá fora está frio! Mesmo sem o sentir sei que está frio. Aproveito e vou tomar um banho. Já de molho, saboreando O quente da água na pele Sinto-me mole Todo relaxado. Para limpar os ouvidos escolhi Chopin. À frente dos meus olhos Formam-se umas bolhas De espuma, brancas, Que me lembram nuvens aos farrapos Vistas de avião ao alcance da mão Agradável ilusão! Gotículas de suor escorrem-me pela testa. Agora é o Liszt quem toca. Os espaços formados Entre os amontoados Da espuma lembram-me os fiordes da Noruega. São braços de um só mar. Água que se passeia Por entre maravilhosas Paisagens, por entre imponentes montanhas. Alcino, Ferro, Miranda, Santos. Amigos, por onde andais? Como estais? Tenho saudades de vós e de outros mais. Olho para o relógio E surpreso vejo Que já estou há meia hora neste banho de imersão A recordar tempos que já lá vão . _ Entre os Quês e os Porquês Carmindo Carvalho

Mensageiro da Poesia - 13

Cantinho do Escritor

Nasci no século errado Não basta tanto horror, de tantos assassinatos todos os dias, tráfico de crianças, pelos pais, violência doméstica, filhos a matarem os seus progenitores, e tanta maldade como todos nós sabemos. Meu Deus, agora até o futebol… “ há ódios” queimam-se viaturas. Então onde vamos parar? Os jogos devem de ser jogados com amor e respeito ao clube. Os treinadores fazem o seu dever e bem. Quanto ao resto também há que esteja bem assente nos erros que possam ou não cometer. Dias de bola é guerra?? O jogo fez-se para perder ou ganhar, conforme a sorte, um bom jogo sério e transparente, nunca será uma guerra: É uma vergonha, haja respeito, perde-se hoje ganha-se amanhã, e enquanto mais calmos e cívicos estiverem melhor para todos. “Jogadores” é preciso trabalho com amor, querer sempre ir à frente, melhorar. Todos são bons jogadores, senão não estavam aí, entre bons clubes, por isso acho que deveria haver compreensão entre todos. Quanto aos adeptos, é bom amar o seu clube mas mais respeito é muito bonito. Andar à pancada é feio. Peço calma, cabeça fria e respeito, basta o mal que vai no mundo. Sou amiga do desporto “limpo”. Uma amiga Ivone Mendes

Cronista dos Jornais de Setúbal e vários.


Vida Associativa

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

Tertúlia Poética, com Tema Livre Na Sala da nossa Associação, realizou-se, no dia 27 de novembro de 2016, uma tertúlia poética, que se desenrolou de modo agradável e num clima de franca camaradagem. Os intervenientes e os respetivos poemas, declamados pelos próprios autores, foram os seguintes: Helena Moleiro, “Eu Quero Fazer Um Poema”, A Mulher-Mãe”, “O Homem Chegou Ofegante” e “Foram Noites e Noites”; Hermilo Grave, “Quem Tem Má Cabeça”, “Coisas Que Acontecem”, “Negócio Rendoso”, “Psicoses Que a Medicina Não Conhece” e “Eu sou Assim Como Poeta”; Mário Mendes Pão-Mole, “Sem Maldade”, “Foi Um Poema Com Humor”, “Eu Sou”, “Troika”, “Quero Escrever”, “Sonho ou Realidade?” e “Os Velhinhos”; Laura Santos, “São Martinho”, “Sofri-

t ” e “A Teia”; T i ” LLuís í FFernandes, d “A FForça d i mento” da A Amizade”, “A Terra Desejada” e “Convite Especial”; Luísa Mendes, “A Dor” e “Sem Abrigo”; Amadeu Santos, “Lisboa” e “Apontamento”. As tertúlias continuarão em janeiro do próximo ano, pois, devido às Festas Natalinas, elas não se realizaram no mês de dezembro. É sempre gratificante para a nossa Associação haver cada vez mais participantes, nas nossas Tertúlias Poéticas, assim como em todos os nossos eventos que vamos realizando durante o ano. Hermilo Grave

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Mensageiro da Poesia - 15

Vida Associativa

Primeira Tertúlia Poética de 2017

Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética de Amora Assembleia-geral Ordinária Nos termos previstos nos nossos estatutos, realizou-se no dia 17 de Dezembro de 2016, na sede social, do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora, cita na Rua dos Vidreiros, Loja 5, Antigo Mercado de Amora Da ordem de trabalhos fizeram parte os seguintes pontos: 1 – Aprovação do Plano de Atividades para o ano de 2017; 2 – Outros assuntos, de interesse para a vida da Associação. Esta sessão apesar de pouca participação no número de sócios, esta assembleia revelou-se muito produtiva, permitindo de forma serena e avaliar a situação da associação e projetar a atividade para o ano de 2017. Foi realçado que nem sempre tem havido esta prática de cumprir com o funcionamento legal das assembleias de acordo com o previsto na lei e nos estatutos. A assembleia foi dirigida pelo presidente da mesa Jorge Henriques Santos, que por ausência dos restantes membros propôs a nomeação dos sócios José Maria Caldeira e Arménio Correia para secretariarem, o que foi aceite unanimemente pelos associados presentes. Constituída a mesa foi dado seguimento à ordem de trabalhos onde a direcção propôs várias actividades e os sócios presentes propuseram outras, ficando o plano para 2017 assim constituído:

Plano de atividades 2017: Participação na Feira de Saberes e Sabores no Alto do Moinho. Comemorar com encontros poéticos as seguintes datas: Dia 14 de Fevereiro: Dia dos namorados Fevereiro: Dia 8 de Março: Dia Internacional da Mulher; Dia 19 de Março: Dia do Pai; Dia 21 de Março: Dia Mundial da Poesia; Dia 25 de Abril: Dia da Liberdade; Dia 1 de Maio: Dia do Trabalhador; Dia 10 de Junho: Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas; Tertúlia da entrega de prémios do IX Concurso de Poesia, no Dia 26 de Julho: Em Agosto comemoração do Dia dos Avós. Presença nas Festas Populares da Cidade de Amora; Em Outubro comemoração do 19º Aniversário do Mensageiro da Poesia,mantendo a frequência das tertúlias mensais na nossa sede. Ainda ver com as autarquias a possibilidade da presença do Mensageiro da Poesia, na Feira de Natal que em 2016 se realizou pela primeira vez na Arrentela.

Eventos com data a definir:

Continuidade dos convívios de Poesia e Fado, nos eventos de maior relevância. Realização do passeio fluvial pela Baía, com convívio e poesia homenageando Amora, Seixal, o rio Tejo e a Baía. Lançamento da XV Antologia Poética Continuar a promover a poesia e a leitura, através de encontros com poetas, a nível nacional, regional e concelhio.

Procedeu-se depois à discussão de outros assuntos da vida da associação, nomeadamente a participação dos sócios no boletim e a necessidade da sua coerência associativa, a viabilidade económica da associação, aspectos a corrigir nalgumas actividades. Sendo dado realce à vitalidade da nossa associação cultural que se destaca tanto no movimento associativo do concelho, como se comparada com entidades semelhantes a nível nacional. Demonstrada pela regularidade das actividades e pela participação, tanto nos eventos como nas nossas edições e nos concursos poéticos.A assembleia terminou pelas 18h com o habitual clima fraterno e desejo de Boas Festas, neste prelúdio do natal.

19 anos a promover a literatura no Concelho do Seixal

O Mensageiro da Poesia realizou no dia 29 de Janeiro, pelas 15,30 horas a sua primeira Tertúlia Poética de 2017, que não podia ter começado de melhor forma. Com a nossa sede repleta de Associados e amigos. Sem tema obrigatório, os poetas presentes deram asas à sua veia poética, tendo cada um declamado dois poemas, sendo eles Maria de Lurdes, Laura Santos, José Maria Caldeira, Joaquim Rafael, Miraldino de Carvalho, Lúcia de Carvalho, Maria Damásia Pestana, Helena Moleiro, João Ferreira, Luís Fernandes, e Arménio Correia, sem esquecer o fadista José de Frias que nos brindou com dois lindos fados cantados à capela. O tempo tendo havido passado sem que desse-mos por isso demos por terminada a nossa Tertúlia, tendo sido tiradas algumas fotos com todos os presentes para o nosso boletim. Como vem sendo hábito, o convívio prolongou-se por mais algum tempo, sendo os presentes informados, da realização do próximo IX Concurso de Poesia, que o Mensageiro de Poesia vai realizar, aberto a todos os que nele queiram participar e cujo tema é “O Idoso”. Apelamos a todos os poetas a sua participação. Arménio Correia


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16 - Mensageiro da Poesia

Eu sou Eu sou a lágrima Que corre em teu rosto Toda a vez que sintas Tristeza ou desgosto Eu sou o sorriso Que vem a teus lábios Quando sintas carinho Eu sou teu suspiro De paz e de calma Sou a tua sombra Sou o teu caminho Acordo contigo Nas madrugadas de verão Estou nos teus olhos Ao entardecer Sinto o pulsar do teu coração Sofro contigo Se estiveres a sofrer Eu sou aquilo Que Deus me quis dar Coração aberto Par quem precisar Ivone Mendes

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

Eu escrevo aquilo que sinto Eu escrevo aquilo que sinto, Tu lês aquilo que sentes, Eu no que escrevo não minto Tu no que lês não mentes. Cada palavra tem o sentido, do que vai em seu sentir... não escrevo para ser bonito, escrevo a chorar ou a rir. Para que serve um poema se não sai da alma e do coração, escrever por escrever, não vale a pena se não houver sensibilidade e emoção. Há poemas que declamados, ou cantados, com alma e sentimento, deixam-nos emocionados quer seja de alegria, ou lamento. O que vai em cada sentir, é o que fica no papel... a minha forma de exprimir pode ser para cada um, amarga ou doce mel. Por isso poetas de todo o mundo, nunca deixem de escrever tudo o que é sincero e profundo... no mundo alguém irá sentir... e ler. Manuela Lourenço

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Meu Alentejo O Alentejo é lindo de verdade É a minha terra afinal E de lá viver tenho saudade E de lá passar um natal São Teotónio e Odemira Fazem parte de mim Toda a gente as admira E é bom sentir isto assim Não interpretem como asneira Eu sentir este meu desejo Visitar a praia da zambujeira Que fica no meu Alentejo Vela não faltará quem queira Toda aquela imagem linda Aquelas rochas aquela areia Ajuda-nos a dar-nos vida Emídia Guerreiro Salvador Nascida no Baixo Alentejo A todos saúde paz e amor É tudo o que eu mais desejo Emídia Salvador

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Depois de perderes a vida

Desejos que não se realizam

Gargalhada

Depois de perderes a vida Fortaleza desguarnecida és … Não mais mistérios Nem coisas tais; Acabou-se… A condição é a mesma Para todos os animais, Voltas ao principio Do estado da matéria E da eterna lei do Momento; E continuaras para todo O sempre A girar continuamente Na amplidão infinita Do universo!

Eu busco nas ilhas desertas a infância Até no coral após a bruma na lisa areia E sobre os limos perdidos na fragância Eu oiço uma música que me incendeia Navego ao invés do tempo suave E com força repudio a morte E assim passeio olhando uma ave Que vai voando para o norte Deixando para trás um sinal Naquele espaço aberto Onde tudo parece original E eu estou longe, estando perto Da vida simples que procuro Mas os anos ficaram calcinados Como ficou meu futuro E meus desejos ficaram inacabados

A minha amiga gargalhada Deambulou por montanhas e prados Pernoitou junto do silvado Dando a muitos o seu cheirar Estendida despudorada Frutífera de aroma Nos recônditos de seu corpo Lavando-se garbosa Num canto brioso Na elevação prenunciada No alto de uma colina Deu com uma silhueta De uma gentil avezinha E foi então dançando Com requinte deslumbramento Pintando em seu rasto Um arco-íris imaginável

Manuel Sapateiro

Maria Adelaide Damião

Damásia Pestana

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Mensageiro da Poesia - 17

Os Nossos Poetas

A verdadeira amizade A amizade fugaz, Que não perdura, Só se desfaz, Quando ela não está muito segura. A verdadeira amizade É forte, permanente, E faz frente À maior tempestade E tudo afronta. Não faz fita E desta arte, Com a outra parte, Não se irrita, Por coisa de pouca monta, Nem põe os tarecos na rua. Quanto muito, só amua. Mas, em tempo reduzido, Já tudo está esquecido. E a amizade continua! Hélio Ave

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Nas ondas do mar Nas ondas do mar as embarcações baloiçam Por correntes, ventos, tempestades lá vão Cargueiros; corvetas e cruzeiros que abraçam Marujos, navegantes, em circulação… Óh mar! Tu és o refrescar de nossas almas Tua grandeza perfaz um bálsamo de vida Tu és o nosso preencher, nas marés calmas Num deleite, por uma musa promovida Óleo e nafta, por ti derramado!? Vomitas! Encrespado ficas…nessas ondas que agitas! Um faroleiro te vigia, junto ao mar. E reza a estória, com lenda da sereia Ondas enroladas, que desmaiam na areia Refrescando pés, dos poetas a versar! Pinhal Dias (Lahnip) - PT In: “Bálsamo de Vida”


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18 - Mensageiro da Poesia

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

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Mensageiro da Poesia - 19

Os Nossos Poetas

Do coração nasce o amor

Querida minha querida

I Do coração nasce o amor Nasce a água na fonte No campo nasce a flor Nasce o sol atrás do monte

Querida minha querida Como e bom viver a vida Nos gestos e palavras sinceras Que em nós nasceram… Para ver o céu. E tudo que nasceu e cresceu Em paz e harmonia, Diz-me porém a maneira? De sentir e conhecer: Tua face ao amanhecer: Porque eu quero-me aproximar Da estrela que me guia, O pensamento novamente Aquilo que eu sito… Sem ter que deixar de amar Quer na alegria, quer no sofrimento, És céu aberto no meu sonhar… Tudo passou e há-de passar! Porque eu te amo a cada momento.

II Da mulher nasce a criança Dá a vida a um novo ser Na vida nasce a esperança Do tempo para viver

V O amor e a amizade Na vida bem unidos São as raízes da felicidade Não devem de ser destruídos

III O amor a maior riqueza É o dono do maior bem Pois pode ter a certeza Que na vida tudo tem

VI Todos nós precisamos Na velhice ou na doença Felizes se encontramos O amor na nossa presença

IV Por falta de amizade O bem se está a perder O coração com maldade Está doente sem o saber

VII O amor tem sempre lugar Nunca se deve perder Aquele que o tem para dar Também gosta de o receber

Lúcia Carvalho

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A língua portuguesa Agradeço a Bocage, Camões e, outros tantos Talentos poéticos da língua portuguesa, Do Minho ao Algarve, por todos cantos, Me inspiraram a versejar de mente acesa! Todos que li, Verde! Dias! Camilo! Ary dos Santos, Que linda poesia, que agradável surpresa, Meu espírito encheu-se de sonho, encanto, Que pensei ser poeta, mas é, foi má a empresa! De tudo que li, registei, conservo em pasta, Mas já lá vão tantos anos que a sinto gasta, Que só restam migalhas d’arte bocagiana! Já ando há décadas nestas culturais andanças, Não consegui ser poeta, ma há boas alianças, Adorei, conhecer melhor a língua lusitana! Dolores Carvalho

Hoje quero-te visitar Ouvi dizer que estás triste se alguma razão existe meu amor quero saber quando o trabalho deixar contigo eu quero estar e acalmar o teu sofrer Quero saber a razão porque no teu coração a alegria está perdida vais ter que me explicar para eu te poder ajudar a ser feliz nesta vida Disseste que a solidão a tristeza era a razão para essa tua agonia amor vim para ficar quero ver-te recuperar essa perdida alegria Refrão Hoje quero-te visitar meu amor para abafar essa tua tristeza a teu lado quero estar contigo quero ficar disso tenho a certeza. Chico Bento

O poeta a pensar O poeta só a pensar, Escreve, risca, Volta a escrever, O sentido a trabalhar Coisas lindas de entender. Alguém irá perceber, Do que eu estou a falar? Rasga a folha e Amarrota-a, Para no lixo a lançar. Começa de novo, Escreve, rasura e, Sem atinar Onde quer colocar o seu sentimento, Num movimento De desespero, Olha o infinito. Ali vê escrito, É isto que quero. E já com mais calma, Lá vai registar, Se é isto, eu espero, O registo sincero, Do poeta a pensar. Mário Pão-Mole aos 24 anos

Luís F. N. Fernandes

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Não sei Não sei porque nasci cá neste mundo Só sei que não consigo compreender, E sempre que a maldade quer vencer O barco do progresso vai ao fundo. Aumenta a poluição cada segundo O povo já não sabe o que fazer, As doenças não param de crescer Maldito sofrimento, tão profundo. Parece-me que vivo num deserto Neste mundo que não tem rumo certo, Talvez por a justiça ser tão pouca. A resposta não consigo encontrar? Desabafo a escrever e a meditar Que me importa que digam que sou louca Dolores Guerreiro Costa


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20 - Mensageiro da Poesia

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Eu queria ser tantas coisas Eu queria ser o rochedo do árido monte, Ao sol, ao vento, à chuva, ao rigor das tempestades, Pisado pelos pés da donzela a caminho da fonte, Não conhecer da vida os ódios nem as amizades. Eu queria ser o mar agitado, enraivecido, Cuspindo ondas brancas, alterosas e ferozes, Fazer ouvir, muito longe o meu grito, o meu gemido, Arrancar da terra firme os traidores, os meus algozes. Eu queria ser a árvore altiva e forte, E nos meus ramos ver os pássaros acasalar, Os casais de namorados proteger e dar sorte, Ser testemunho de promessas, ali ao luar. Eu queria ser a serra mais alta deste mundo, E olhar do alto a pequenez do género humano, Ver todas as coisas à minha volta num segundo, Como por magia desaparecer, ficar plano. Que me adianta ser um rochedo surdo e mudo? Parado no tempo, sem vida, sem mobilidade, Eu quero fazer ouvir o meu eco forte, agudo, Qual espada que decepa o ódio da amizade. Para quê a raiva e ferocidade do mar? Se as suas ondas contra a rocha se vão desfazer. Na maré vasa fica esvaído a meditar, Se na maré-alta terá forças para se erguer. De uma árvore, a utilidade e a nobreza Ninguém ousa denegrir, e nem sequer contestar. Mas as altivas árvores também choram de tristeza, Quando lhes lançam o machado para as cortar. Do Planeta poluído, as serras são o pulmão, Os seus olhos estão doentes, o coração fraqueja, Altas ou baixas, de certo que nunca mais serão A tranquila resposta, que o meu coração deseja. Telmo Montenegro In: À Esquina do Tempo Edição: Chiado Editora

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Janeiro/Fevereiro 2017 Janeiro/Fevereiro 2017

Vamos lá brincar Vamos lá brincar Com a situação Dá para pensar O estado da Nação Não sei como é Todos querem mandar Coitado do Zé Só tem que aceitar Vamos lá povinho Abre a pestana E devagarinho O governo te engana Cortam dum lado Sobem do outro Ou ficas calado Ou vês tudo torto

Noite de Chuva Chuva… jóias preciosas de um manto De rainha, que no tempo se perdeu… Dum branco cisne o último canto Que em doces pétalas desapareceu. Chuva… ansiosas dores de pranto Vão descendo em rosas do céu; Encanto triste… como um bálsamo santo Acalma a dor que a vida me deu. Vento e mais chuva e mais solidão, E o céu grita minha voz num trovão… Toda a mágoa espetada no meu peito. Chuva… são meus olhos cansados de chorar, Por meu terno amor em ti não entrar… Música … magia… som bonito mas desfeito. Lurdes Emídio

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A idade não perdoa

Amanhecer

Mensageiro da Poesia - 21

Os Nossos Poetas Monte Branco

O sol era incapaz… O manto branco impunha-se… Brincadeiras eram constantes… Embora condições adversas… Diziam… presente… “Corrias” essas encostas; Com essas faces sem cor… Pelo frio gélido… Pela tristeza enganadora… Pelo curto dia… Pelo desespero alojado; Pela avalanche imensa… Voltaram… pelo movimento; Ofegante… nesse espaço brilhante… Rolaram pela face incolor… Como um deslizar sem conta; Nesse trilho infinito… Tanto riso… Tanto gelo… Árvores “bailavam”; Nesse constante bailado… Nessa voz amordaçada; De partidas, envolvidas; Nesse monte colorido…

Trabalho não há Nada a funcionar A coisa está má Tens de emigrar

Hoje és um senhor! Também já foste rapaz Mostra o teu valor Exemplo de educação dás.

Vamos lá cortar Mais um bocadinho E o Zé a apertar Mais um furinho

Tua mente não descansa Deves gostar de ti E a idade avança Quem chora também ri.

Não te podes queixar Por este andamento Até tens de pagar Pelo teu pensamento

Muito feliz consegues ser Felicidade tens e dás… E dá para receber! Medita se fores capaz.

Não é para brincar Já chegou a hora Se não sabem governar Por favor vão-se embora

O amor e carinho Nunca saem da lembrança, És um jovem velhinho Já foste uma criança.

O dia nasceu!... Há sol!... Alegria no ar!.. Sente-se vontade ... De voar ... Ir por aí a saltitar ... António Reino Bicho Como uma borboleta  Pousando ora aqui ora ali ... E rindo e brincando ... E ser VIDA e cor ... Ser abelha em cada flor ... Ser doce mel ... Nos braços do meu amor!.., O dia Nasceu!... Vamos Viver!... Vamos fazer da vida!.., O Mundo de amor!... Onde só haja alegria!... Todos os puros e doces ... Sentimento!... Nasçam só do Amor!... E TU ... Sol da Vida!... Brilha , e entrega!... A Luz e Cor!... Num eterno AMANHECER!... Onde só exista AMOR!..

Manuel António Avelar Nunes

Magui

E quando dizem Que sabem governar Até contradizem No que estão a afirmar

Berta Rodrigues

Já foste uma criança Também já foste rapaz E a idade avança Medita se fores capaz.


Os Nossos Poetas

22 - Mensageiro da Poesia

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Mundo absurdo Aquele poeta que só dizia a verdade Não era famoso. Quem o lia Ou ouvia Dizia, Com maldade, Que o poeta era um grande mentiroso! Neste mundo cheio de erradas cabeças Anda tudo às avessas!

Um charco…eis a questão I O Sol abriu as asas a um charco de água podre Uma nuvem surgiu no silêncio daquela tarde Mas quem se atreve, nem o ser mais pobre Tapar o que o astro rei abrasando arde. II Quem se atreve no céu abrir asas e imitar Bradar por vales e montanhas, essa desfeita Reclama o charco esquecido, que lhes vão dar Aquilo tão precioso, que ele não aproveita. III Não és ninguém, mas todos para ti olham Como se caísses doutro céu mais longe Na esperança de pântano esquecido, abrolham As bocas sequiosas, e de quem a chuva foge. IV Ó homens que chorais perdidos nos desertos Abri sulcos nas areias, com lágrimas de sede Olhai as nuvens, com humildade sede discretos Com vossas mãos de névoa, se suplica e se pede. V Tremei, tremei de medo, e rezai de mãos postas E com vossas lágrimas, fazei a tempestade Porque as noites misteriosas que trazeis às costas Só no céu as estrelas contam, com verdade. Bia do Táxi

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Janeiro/Fevereiro 2017

Há intrujões Empedernidos Que são bem quistos, Muito bem vistos, E freneticamente aplaudidos Por grandes multidões. Eu estou desconfiado Que o nosso povo gosta de ser enganado. Senão, reportemo-nos às eleições: Os mais votados são os aldrabões. O nosso povo, quando a verdade se lhe diz, Desconfia e torce o nariz!!! Hermilo Grave

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Solidão

Estou só. Mas não sou só, Porque tenho família, Tenho amigos, Mas agora estou só. Sinto a falta Dos meus entes queridos. Olho o céu enevoado, O vento sopra gelado, A minha alma estremece, Porque não há calor Nem me aquece… Queria sorrir e cantar Mas também não me apetece. E triste fico a pensar Afinal tudo envelhece, Tudo muda à nossa volta, É a solidão que se solta Mocidade que não volta. Não me queria lamentar, Porque continuo a pensar Que estarei só, até findar. Rosa Martins

Janeiro/Fevereiro 2017

Países sem amanhã

Mensageiro da Poesia - 23

Os Nossos Poetas

Sob um sol de desejos sem limites. Sob o fogo da esperança que não morre. Vislumbra-se no ácido silêncio que se cala Fugazes exaltações, à descoberta da vida. Lentamente, os dias abrem as pálpebras, Sombras matinais; Desenrolam-se no escuro da indiferença e do medo, Sobre cidades agora desertas, Banhadas por rios de tristeza cor de sangue Numa atonia sem fim, Num universo globalizado na riqueza de poucos, e egoístas. Onde os senhores das guerras Esmagam povos indefesos Com o fogo dos céus.  Arrasando cidades moribundas, O sentir da partilha Sem pétalas, sem amanhã, Sem sonhos, e sem futuro. Nesse dia, o sol raiava Países espezinhados; Pela gula da ambição iracunda, E, ao cantar da passarada, Deste luz ao sentimento. Onde a verdade secou, Sem eu dar espaço ao medo, Nas cinzas e nos escombros, Debaixo do arvoredo, Algemada que foi a liberdade! Eu pedi-te em casamento. Arménio L. F. Correia

Recordo esse lindo dia, Com prazer e alegria E o que veio depois. Nada mais irá mudar, Vamos, um dia, acabar Bem abraçados os dois.

Negro // Se de negro ando vestida Não é desgosto da vida Nem tristeza mascarada... É alegre o meu viver E sempre assim o vai ser Numa eterna madrugada // E na noite mais escura Embalo a minha ternura Nos mais sinceros desejos Sem mentiras piedosas Nem espinhos ou negras rosas Abraços ou falsos beijos // Tão negros, atalhos teus Que tanto encantam os meus E são a minha alegria Vivo feliz a teu lado E faço deste meu fado Suave e doce melodia

// Meu xaile é negro também Nada há mais que me reste Mas o meu fado porém Que o amor que tu me deste De negro nada terá E continuas a dar. Quando o canto sou feliz Olhos sem falar dão voz, Se o destino assim o quis E o que há em nós, só nós Minha vida assim será Podemos avaliar. /// Nosso amor tem serventia, Na tristeza e na alegria, Os canteiros deram flor. Suave, em baixa voz, Eu quero dizer-te, a sós, Que te amo, meu amor! José de Frias

Maria de Lurdes Brás


Os Nossos Poetas

24 - Mensageiro da Poesia

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Janeiro/Fevereiro 2017

Um beijo de Amor! Um beijo de Amor! E a voz do coração Em comunicação. Um beijo de Amor! São duas bocas apaixonadas, Perdidas nas dunas da sedução, Pintadas nos tons da paixão. Um beijo de Amor! É envolvente como um perfume, Delicado como uma flor, Denso e provocante como as Ondas do mar , Deslumbrante como uma noite De luar . Um beijo de Amor! É nuvem branca, Céu estrelado Deixa o coração iluminado, É uma aguarela em tons de ouro, Pinceladas de emoção. Música em movimento Acalma o que vai no coração.

róximo mês:

p Temas para o

r, nal da Mulhe Dia Internacio avera, a Poesia, Prim d l ia d n u M ia livres D outros temas e e d a rd e b Li 25 de Abril,

Viver no campo O campo nos dá prazer Ele nos ajuda a viver Com muito mais liberdade Se a terra trabalhar Dela podemos tirar Uma melhor qualidade. Foi no campo que nasci E enquanto nele vivi Desfrutei sua beleza Sentindo o sol e o vento A chuva, o frio todo o tempo Que nos dá a natureza. De manhã é o despertar Com o alegre chilrear Do canto dos passarinhos Saltando de galho em galho No seu árduo trabalho A construírem seus ninhos. Quem no campo não viveu Nunca se apercebeu Como é bom nele viver Ter à noite a luz do luar Ver as estrelas a cintilar E de manhã o sol nascer. Francisca São Bento

Fanny

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O Amor Verdadeiro é Insuperável O amor verdadeiro Dá-se por inteiro. Reduzido ou em conta-gotas, na verdade, Pode ser fraternidade, Caridade, Ou, simplesmente, amizade. O amor verdadeiro é firme e constante E não se interrompe, não, um só instante. Quem sente Um verdadeiro e grande amor Fica contente Ao ver seu ente amado feliz e sorridente; Tem gosto em servir, Sem nada pedir, E se preciso for (Está aqui a grande diferença), Plo seu amor, sem detença E de forma decidida, Dá até a própria vida! Armanda Grave

Janeiro/Fevereiro 2017

Os meus sonhos

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Mensageiro da Poesia - 25

Os Nossos Poetas

De manhã ao acordar Lembrei o sonho que tive!... Era um lugar Bonito... Quem lá vive Respira pureza, No meio de tanta beleza... Que no meu sentir, Parece ir Além do infinito! Será esta imagem, Alguma lembrança, De uma qualquer viagem Na primavera de criança? Talvez no Antigo Testamento A descrição do Paraíso Levasse o meu pensamento Em sonho impreciso Àquele lugar deslumbrante! Porém, Sendo natural poder ver alguém, Atesto que não vi, Em nenhum instante!... Mas intuí Que a harmonia presente Era amor pejado de dignidade, Ao qual, no momento vivido, Não fiquei indiferente!... E comovido Senti a saudade De um outro sonho, realizado... O de um viver para sempre apaixonado! Negando este tempo como de abandono! Jorge Gonçalves

Velhice Oh... tormenta que avança Devagar devagarinho Quer na idade Ou destino É pois o seu caminho!... Velhice!... E a idade o diz!... E o rótulo se faz ... Afinal alguém sabe?... A hora dela chegar? Se vem de tarde ou de manhã? Se aos 30 ou 40? Ou se apenas aos 60? Porque eu nada sei!... Não a encontrei ainda ... Se é porque nos dói os ossos ... Então até pode ser aos 15 ou 20 ... Oh ... velhice ... Alguém me diz afinal?... Onde ela está?... Se no Corpo ou na Mente?... Ou se apenas no pé dormente?... Oh idade traiçoeira ... Rótulos a Velhice ... Como companheira!... Afirmo convictamente ... Que a Velhice só se encontra ... Na mente de alguma gente!... MAGUI


Poeta em Destaque

Miguel Torga

26 - Mensageiro da Poesia

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Janeiro/Fevereiro 2017

Mensageiro da Poesia - 27 Janeiro/Fevereiro 2017

continuação da página 26

Miguel Torga

Um Homem, Um Artista e Um Revolucionário Adolfo Correia Rocha, adquiriu o pseudónimo Miguel Torga, como forma de homenagear a sua terra Natal. “Torga- Urze branca, da montanha, caracterizada pela potencialidade da raiz que atinge grandes profundidades na rocha dura em busca de água, e que dá origem ao carvão caloricamente mais rico.” Nasceu a 12 de agosto de 1907, em São Martinho de Anta, na Província de Trás- os- Montes. Filho de Francisco Correia Rocha e de Maria da Conceição Barros, casou com Andrée Crabbé, e tiveram uma filha de nome Clara Rocha. Importante escritor do século xx em Portugal, destacou-se como poeta, contista e memorista. Na sua aldeia nativa, vive as consequências da implantação da República na pessoa do seu Professor primário. Após terminar instrução primária, foi trabalhar no campo, para ajudar no sustento da casa, Com 12 anos, emigra para o Brasil, foi trabalhar para uma fazenda de café pertencente ao seu tio, o mesmo tio que lhe paga os estudos liceais na Cidade de Leopoldina, onde foi distinguido como melhor aluno. Em 1928 Entra na Faculdade de Medicina de Coimbra e publica o seu primeiro livro de poemas “Ansiedade”. Conclui a Licenciatura em Medicina em 1933 e foi exercer para Trás –os- Montes, onde escreve grande parte da sua obra. . Especializou-se em otorrinolaringologia, dividindo o seu tempo entre a clínica e a literatura. Miguel Torga dedica na sua obra algumas das mais brilhantes páginas a Trás- os- Montes e às qualidades dos seus habitantes Em 1934 Publica “A Terceira Voz” livro em prosa, foi preso em 1939 por fazer crítica ao regime político em Espanha. Publica em 1940“Bichos,” narrativa, livro de contos Miguel Torga sempre sonhador, vendo acordado o logro da aventura. Para si, o vital, e pessoal, ocupam o centro do seu pensamento. Nunca passou distraído na vida. É na ação que percorre caminhos que o destino se cumpre. Miguel Torga, afirmou: ser “O universo o local sem paredes”. Toda a sua obra gira em torno da sua vida. A procura do entendimento de si mesmo levou-o à busca da identidade nacional, de uma Pátria que se espalhou pelo mundo. Viajou por vários países. Os povos ibéricos levaram o que de lá trouxeram e souberam aproveitar, mas que só no conhecimento das suas forças e fraquezas é que serão capazes de entender o valor do adquirido. Participa no 1º de Maio de 1974, logo após o 25 de Abril e em 1976 é galardoado com o prémio de Poesia das Bienais de Knokke-Heist, na Bélgica. continua na página 27 

1977- Colabora no filme” Eu Miguel Torga” realizado por João Roque, e que passou na R T P no ano de 1987, em quatro episódios. Em 1978-É proposto para Prémio Nobel da Literatura e homenageado na Fundação Gulbenkian, a 26 de Dezembro, na passagem dos seus cinquenta anos literários. A tradução de “Bichos” é premiada em França a 17 de Maio. 1979/80/81- Seguiram-se várias homenagens, recebendo alguns prémios. Sempre recusou ficar com o valor dos prémios que lhe foram atribuídos, entregando-os a instituições culturais. Em 1984- Apresenta em Madrid a edição dos” Poemas Ibéricos.” E em 1986- Os seus 79 anos foram festejados com alguns dos seus amigos na Malaposta, entre eles se encontrava o Presidente da República Mário Soares, Fernando Valle, Pedro Valentim, António Arnaut e Manuel Alegre. Em 1989- Recebe o Prémio Camões, o mais importante galardão em língua portuguesa que pela primeira vez é atribuído. Em 1992 - É designado com mais prémios, sendo um deles a Figura do Ano, dos corres-

pondentes da imprensa Estrangeira. O salão de Bordéus atribuiu-lhe o prémio “Ecureucil” de literatura Estrangeira. Em 1993 - Publica a sua derradeira obra Diário XVI e em 1994 é agraciado pelo Brasil, no Congresso Internacional dedicado a Miguel Torga, que decorreu na cidade do Porto Morre a 17 de Janeiro de 1995 no Hospital de Oncologia de Coimbra. Foi sepultado na sua terra Natal, em campa rasa, junto da qual uma Torga (urze) ali plantada em sua homenagem. É hoje um dos nomes mais ilustres da Literatura Portuguesa contemporânea, autor de uma obra vasta, sucessivamente editada, tendo o seu livro em prosa mais conhecido, “Bichos”, tradução em várias línguas. Num dos seus livros de poesia intitulado “Orfeu Rebeld”, Miguel Torga deu-nos a melhor definição de si próprio. “Ele é reencarnação do poeta mítico por excelência- daquele que vive na intimidade das forças elementares (a terra, o sol, o vento a água)”. Miguel Torga, português e europeu, regional mas universal e sobretudo profundamente ibérico. Pesquisa de: Damásia Pestana


Janeiro/Fevereiro 2017 28 - Mensageiro da Poesia

O Poeta

Triste, lá vai à ronda dos segredos d O maluco que rouba quanto vê. Branco, do coração aos dedos, É todo antenas onde apenas lê. Murcha-lhe nos pés o rosmaninho E a própria rosa, de o sentir, descora; Mas é um Deus que passeia o seu caminho A beber a amargura de quem chora. Magro, lá passa, e lá se vai consigo A luz das coisas e a flor de tudo. É um bruxo lento, tenebroso e antigo, Pálido, sério, solitário e mudo. Miguel Torga, in ‘Diário (1943)’

e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com


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