Boletim 139 Mensageiro da Poesia

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Mensageiro da Poesia - 1 Março/Abril 2017

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Bocage O nosso patrono Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 139 Março/Abril 2017

Poetisa do Mês

Maria Damásia Pestana Pág. 15

Dia Mundial da Poesia


Nota de Abertura

Março/Abril 2017

2 - Mensageiro da Poesia

Renovar na Primavera Associada a esta época da Primavera, vem na liturgia católica a celebração da Páscoa, com a Ressurreição de Cristo e em quase todas as tradições, esta época é associada a evocações, à vida, à fecundação, à renovação, à reprodução... Em suma à exaltação da Poesia que é a vida, os seus encantos e os seus perfumes. É tempo por isso de ressuscitar a vida, sobretudo naquelas coisas que deixamos morrer dentro de nós, como a alegria, a atenção ao outro e a capacidade de nos darmos na nossa autenticidade. É um tempo por isso de reflexão e de renovação, porque para além da arte criativa da articulação das palavras, Poesia é também transmitir mensagens e procurar viver na coerência dessas mensagens.

Num Mundo dominado pela resignação e pela indiferença, muito precisamos de renovar, para viver em Primavera e para dar autenticidade à Poesia. Bem a propósito, deixo este poema de Cecilia Meireles:

“Renova-te. Renasce em ti mesmo. Multiplica os teus olhos, para verem mais. Multiplica-se os teus braços para semeares tudo. Destrói os olhos que tiverem visto. Cria outros, para as visões novas. Destrói os braços que tiverem semeado, Para se esquecerem de colher. Sê sempre o mesmo. Sempre outro. Mas sempre alto. Sempre longe. E dentro de tudo.”

Jorge Henriques Santos Jornalista.

Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Ivone Mendes, Nelson Carvalho, Bia do Táxi, José Francisco Bento, Luís Fernandes, Jorge Henriques Santos, Arménio Correia, Dolores Carvalho, José Maria Caldeira, Armanda Rosa, Maria de Lurdes Brás, José Gomes Camacho, Berta Rodrigues, Pinhal Dias, Margarida, Mário Pão-Mole, José Manuel Jacinto, Maria Laurinda Pacheco, Joana Mendes, Lúcia Pereira, Adelaide Palmela, Dolores Guerreiro da Costa, Preciosa Gamito, João Ferreira, Ana Santos, Fanny, Emídia Salvador, Isidoro Cavaco, Euclides Cavaco, Helena Moleiro, Manuel José Rafael, Lurdes Emídio de Jesus, Lúcia de Jesus Pereira, Elmano Gomes Gomes, Márcia Cristina de Moraes, Maria Damásia Pestana, Lúcia Carvalho, Magui, Miraldino Carvalho, Carmindo Carvalho, Laura Santos, António Pepe • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt


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Mensageiro da Poesia - 3

Vida Associativa

Março/Abril 2017

Próximas actividades

Consulte a nossa página no Facebook e deixe os seus comentários: http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com

Tertúlia Poética do 25 de Abril: Dia 23 de Abril (Domingo) o Mensageiro da Poesia realiza no seu espaço associativo pelas 15 horas uma Tertúlia Poética, com poesia alusiva juntando-se assim aos festejos do 25 de Abril, comparece, traz um amigo. Dia da Mãe, 8 de Maio: O Mensageiro da Poesia associasse às comemorações do Dia da Mãe, com uma Tertúlia Poética, no dia 14 de Maio (Domingo) pelas 15 horas, em local a definir. Dia 10 de Junho, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas: Tertúlia Poética dia 11 (Domingo) pelas 15 horas na nossa sede. Junho entrega dos Prémios do IX Concurso de Poesia, do Mensageiro da Poesia: Em data, local e hora a definir, será a entrega de Prémios do IX Concurso de Poesia, do Mensageiro da Poesia, com algumas surpresas a anunciar.

Destaques nesta edição: • Cantinho do Escritor- Pág. 9 • Dia Internacional da Mulher - Pág. 14 • Dia Mundial da Poesia - Pág. 15 • Entrevista ao poeta Elmano Gomes - Pág. 24 e 25 • Homenagem ao poeta Chico Bento - Pág. 13 • Mensageiro Celebra Dia de São Valentim- Pág. 5 • Poeta em Destaque - Pág. 27 e 28 • VI Mostra Cultural Associativa- Pág. 11

Quotas de 2017 Caros associados (as) Terminou o ano de 2016 e verificámos que só 65 sócios pagaram as quotas, e por isso, agradecemos que ponham as suas em dia, por vale postal, cheque, ou através de depósito bancário, na conta do Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética, no Banco Montepio Geral, NIB: 0036002299100077597 96. Recordamos que a quota tem um valor anual de 20 € (vinte euros) em Portugal e 25€ para o estrangeiro. Gratos pela vossa colaboração. A Direção


Vida Associativa

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Apoios:

Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética de Amora Assembleia-geral Ordinária

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

CONVOCATÓRIA Nos termos dos Estatutos, convoco a Assembleia-geral Ordinária do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora, a realizar no dia 6 de Maio pelas 16h00m, na sua sede social, cita na Rua dos Vidreiros, Loja 5, Antigo Mercado de Amora – 2845-456 Amora - Portugal, com a seguinte Ordem de Trabalhos: 1 – Aprovação do Relatório e Contatas de 2016; 2 – Outros assuntos, de interesse para a vida da Associação. Se à hora marcada não se encontrar o número legal de associados, a Assembleia reunirá em segunda Convocatória meia hora mais tarde, com a mesma Ordem de trabalhos, qualquer que seja o número de sócios presentes. Amora, 5 de Março de 2017 O Presidente da Mesa da Assembleia-geral Jorge Henriques Santos

Donativos

CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

É com muito agrado e profundo reconhecimento que aqui endereçamos, publicamente, agradecimentos muito especiais a todos quanto têm contribuído para dar continuidade ao nosso boletim, mas também para o bom nome e sucesso da nossa Associação, com trabalho voluntário, apoio, carinho e incentivo mas também, com generosos donativos monetários que aqui descrevemos:

Júlio Silva Marques................10€ António Luís Marques .........10€

Lina de Almeida.................................5€ Maria Margarida Moreira...............5€

Sentidas Condolências O Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética endereça as suas condolências ao seu Director Jorge Santos pela recente perda de seu pai. Um grande abraço.


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Mensageiro da Poesia - 5

Vida Associativa

Mensageiro Celebrou Dia de São Valentim Declamaram os poetas: João Ferreira, Laura Santos, Amadeu Santos, Damásia Pestana, Vitória Afonso, Maria de Lurdes, Mário Pão-Mole, e sua esposa, Arménio Correia, Luís Fernandes, Francisca São Bento. No fado tivemos as inconfundíveis vozes de Lina de Almeida, e Júlio Marques. A sessão culminou com um lanche convívio, entre os participantes, no mais fraterno ambiente que já carateriza estes encontros. Arménio Correia

À semelhança do que tem acontecido em anos anteriores o Dia de São Valentim teve mais uma vez destaque merecido pelo Mensageiro da Poesia. Foi no nosso espaço Associativo que no dia 19 de Fevereiro tivemos a nossa Tertúlia Poética do Dia dos Namorados, pe-

rante t uma assistêni tê cia ávida de poesia em que mais de uma dúzia de poetas e fadistas deram asas à sua criatividade poética e fadista dizendo poemas de sua autoria, ou de autores consagrados, para satisfação dos presentes.


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Poetisa do Mês

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Maria Damásia Pereira Pestana Maria Damásia Pereira Pestana nasceu em Tomar, em Agosto de1946, onde viveu a sua 1ª infância. Por motivos profissionais, o seu pai era regularmente destacado de barragem em barragem, pelo que a família percorreu vários locais no país, até assentar na barragem da Bouçã onde a visada passou a 2ª infância e adolescência. Concluiu o 5ºano do liceu antigo, na cidade da Beira em Moçambique. No ano de 1970 completou o curso de enfermagem, cuja profissão exerceu em várias instituições oficiais e particulares de Lisboa, bem como na cidade da Beira em Moçambique e na cidade da Praia em Cabo verde. Mas foi no Hospital de D. Estefânia que permaneceu a maior parte da sua carreira. Aposentou-se do seu trabalho de enfermagem no ano 2004. Frequenta a Universidade Sénior do Seixal. Tem como estimação a poesia e a leitura. Gosta de escrever, declamar poesia sua e dos outros poetas. Tem participado em diversas tertúlias poéticas e alguns dos seus textos podem ser encontrados em antologias, colectâneas e boletins. Também está associada à Associação Portuguesa de Poetas, ao Mensageiro da Poesia e ao Horizontes da Poesia. Lançou o seu 1º livro intitulado ”Nas asas do tempo”. Em 2015, colaborou no livro colectivo Unisseixal: “Sonho e poesia”, em 2014 e no 2º livro co-

Mal se sente Numa noite de luar Em que o Estio consente, Debruçar-me sobre o mar... Vi estrelas reluzentes, Ouvi uma sereia cantar. Para sinal de minha dor veemente Recordei aquele amor distante Que mal se ouve, mal se sente, Em meu pobre coração imerge Uma dor infinita pungente. Sem repudio, A solidão entrou Meu rosto de lágrimas se inundou. Como era belo aquele rosto Que um dia por mim se apaixonou. Damásia Pestana

Janela Manuelina - Convento de Cristo, Tomar

continua na pág. 7


Mensageiro da Poesia - 7 Março/Abril 2017

continuação da pág. 6 Poetisa Fadista

Meu Pai

lectivo “Momentos Poéticos” em 2016/17. Recebeu duas 1ª menções honrosas no Mensageiro a Poesia, em 2015 e 2016. Colaborou na VII Antologia “Entre o Sono e o Sonho” Poesia Portuguesa Contemporânea, da Chiado Editora, recebendo um diploma. Reside na Arrentela, no concelho do Seixal, há 17 anos. É divorciada tem três filhos e uma neta. Adora fado, gosta de ópera, ballet, teatro, dança e caminhadas … ama a vida!

Com três letras apenas Eu escrevo a palavra pai, É das palavras mais pequenas... Que acolhe todo o meu ai. Pai é ser progenitor. Responsável por sua cria. O amigo, educador… Aquele que dá amor, Como o meu, que tive um dia! Esse pai presente Que me ensinou a voar. Mostrou-me os caminhos, Destrinçar seus trilhos Dando-me sempre carinhos. Dunas ensinou-me a saltar, Até que chegou o momento De eu começar a caminhar. Ainda que na penumbra Me vigiasse confiante. Desejando que eu sempre cumpra Os valores que me incutiu. Ai que saudades, de meu pai Desde a hora que partiu! Damásia Pestana

Vista aérea


Os Nossos Poetas

8 - Mensageiro da Poesia

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Um grito de mulher I A oito de Março nasceu Para as mulheres o desejado Foi a força que venceu O direito que é seu Que antes lhe era negado II Hoje é dia internacional Pelas mulheres é festejado O seu direito é igual É um direito moral Teve que ser conquistado

V A mulher tem o direito Á vida com dignidade Já tem o seu preconceito É digna de respeito Só não tinha a liberdade

III A mulher era distinguida No emprego ou profissão Como quem era esquecida À dignidade merecida Nos anos que já lá vão

VI Hoje são condutoras De navios e aviões Engenheiras e doutoras Juízas e professoras E muitas outras profissões

IV No tempo desenvolveu O avanço na cultura O mundo se convenceu Que a mulher não nasceu Para viver a escravatura

VII Aqui fica esta lembrança Que não se deve esquecer Foi a fé e a esperança Naquele dia de mudança Que a mulher soube vencer

A mulher que tem gritado Pedindo o que de direito Devia de ser consagrado A igualdade a seu jeito Aquele grito de mulher Pedindo o que lhe é rejeitado Só não ouve quem não quer Quem tem machismo enraizado É um grito de mulher Que revela o sofrimento É pau, para toda a colher É escrava no casamento Esta mulher que só grita Revelando o que está mal Mas qualquer dia ela fica Firme como pedra e cal Que seja hoje Luísa Mendes Mário Pão-Mole

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Lúcia de Carvalho

Gélida Estavas na Primavera…os pássaros, o sol espreitava por entre as fracas nuvens esbranquiçadas aquecendo a terra, sem desfazer o ar gélido em teu redor… Não era verdadeira essa impressão, mas sim necessária… pois o Interior assim o ditava… Exposições, não eram compreendidas, mas confundidas pela diversidade “Comportamental” encontrada… Teu pensamento percorria o infinito, até um passado saudoso, deixado por lacunas esquecidas de tão nobre sentimento… encontravas-te embrenhada de uma inócua distração, saudável, tantas vezes interrompida por chamamentos inadequados e afáveis… Corrias sem parar e sem conseguires” esconder-te” da liberdade vivida nessa “capa” fantasmagórica que colocavas vezes sem conta… António Reino Bicho


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Mensageiro da Poesia - 9

Cantinho do Escritor

O conceito de liberdade

Sou mulher Sim sou Mulher ... Com todo o meu sentimento .., Com todo o meu vigor ... Com esperanças ... E Dores desde criança ... Amo ... o que sinto ... Amo! ... e depois ?... Sou Mulher !.. E sou humana!... Sinto ... E choro e rio ... Sou Mulher !... Trabalho labuto ... Cuido da família ... Sou membro activo ... Num corpo efervescente ... Quase sempre ... Solitário e carente ... Mas olho cada dia !... Com força e Alegria... Porque essa é a minha Marca !... O meu testemunho !... Viver com letra grande !... Sempre em Harmonia Ser Mãe ... Ser esposa ... ser amante !... Ser Tudo ... sem nada ter!... Mas sou Mulher !... Enquanto a Vida o quiser !... Magui

O 25 de abril aconteceu eu tinha na altura 11 anos de idade e não percebi o que se passava, mas recordo que nos mandaram para casa, porque fecharam a escola. A minha Mãe estava com medo e receio e só sossegou quando o meu Pai chegou, aí pedi-lhe que me explicasse o que significava “liberdade“, uma palavra desconhecida. Os anos passaram e tudo mudou pensamentos, atitudes, mentalidades, mas sobretudo a liberdade de expressão. Vi, por essa altura, na televisão, peças de teatro que estavam escondidas na gaveta e escutei canções muito bonitas. O problema ficou mais complexo, quando o conceito liberdade ficou deturpado, em todas as vertentes, as pessoas “abusaram” nas suas atitudes e comportamentos, a política do bota abaixo destruiu ideias, motivações e o resultado surpreendeu pela negativa. Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. A classe média deixou praticamente de existir, o desemprego aumentou e a pobreza é uma realidade que deixa os portugueses desmotivados e conscientes que o dia da revolução (25 de abril) fugiu do trilho destinado, porque os valores, respeito, a começar pelos nossos políticos que se acham “Iluminados“, apenas defendem a ganância do Poder e esquecem os direitos de igualdade do Povo. A liberdade de expressão existe camuflada, mas a ânsia de contrariar dá força e coragem à liberdade de pensar e sonhar, porque essa ainda não está “amordaçada”!.... Ana Santos


Os Nossos Poetas 10 - Mensageiro da Poesia

Estas lembranças da vida

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Novelas

Estas lembranças da vida Parece que estou a ver Quarenta anos passados Eu não consigo esquecer I É sempre de recordar Um dia de aventura Naquela noite escura Tivemos de caminhar Depressa e devagar A viagem foi cumprida Assim fizemos a despedida Sem ter dito o adeus Estes sonhos eram os meus Estas lembranças da vida

III Com dificuldades se vivia Nós soubemos enfrentar Sem nunca desanimar Era assim o dia a dia A tristeza e a alegria São momentos recordados Passamos maus bocados Nunca serão esquecidos Sempre tivemos unidos Quarenta anos passados

II Em Alcácer embarcamos No comboio da madrugada Chegamos á minha morada Foi quando nós descansamos Assim nós começamos Um para o outro a viver Ao fim de um ano veio a nascer O nosso filho o desejado No dia do baptizado Parece que estou a ver

IV No mesmo dia se festeja Doze de Março de calendário Do filho o aniversário Este dia se deseja É bom que assim seja Nunca se deve perder É chama para aquecer Que nunca se vai apagar O tempo é que faz mudar Eu nunca vou esquecer

Novelas! Novelas! E mais novelas! Eis um mundo de sonho! Beldades de cortar a respiração! E o povo esquece As maleitas do dia-a-dia E enche A barriga vazia À frente Da televisão. Casas casarões Mansões E carrões Luxos a rodos nas novelas! Barracões Bidões Latas Barracas Plásticos E ratos Nas favelas. Carmindo Carvalho

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Miraldino Carvalho

O nosso Boletim celebra o seu 19º Aniversário em Abril de 2017 Estimados sócios: Faz em Abril 19 anos que começámos a publicar o nosso Boletim Mensageiro da Poesia. Agradecemos e damos as boas-vindas a todos os novos associados que nos têm frequentemente contactado para constarem do número daqueles que lêem o Boletim da nossa Associação. Apraz-nos a satisfação, mas procuramos sempre ser mais do agrado dos nossos amigos e, queremos, democraticamente (sem menosprezar a qualidade), transcrever as produções poéticas que incluímos nas nossas páginas. Estamos disponíveis para ouvir as vossas opiniões acerca do conteúdo do Boletim, quer pela nossa morada, quer pelo contacto de e-mail. Vamos estudar um novo tipo de publicação de forma a poder servir-vos melhor, tendo em mente um novo formato do nosso Boletim o qual poderá incluir mais poemas ou novos temas, que satisfaçam as tradições locais. Pensamos deste modo servir melhor a massa associativa, que nos dá a satisfação de serem nossos leitores. Expressamos a nossa gratidão aos mais jovens, que com o seu entusiasmo e sabedoria procuraram ajudar a melhorar a nossa publicação bimestral. Até nós têm chegado palavras de alegria e de encorajamento dos quatro cantos do mundo. Luís Fernandes


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Mensageiro da Poesia - 11

Vida Associativa

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VI Mostra C Cultural l l Associativa i i A Câmara Municipal do Seixal, em parceria com a Associação das Coletividades do Concelho do Seixal, realizou, nos dias 17 e 18 de Março, a VI Mostra Cultural Associativa, no Auditório Municipal “Fórum Cultural do Seixal”. Estiveram presentes, na abertura dia 17 pelas 21 horas, o grupo de percussão Karma Drums, e a Banda Filarmónica da Sociedade Filarmónica Operária Amorense, com o Coro Seixal Vocalis. No dia 18 pelas 15 horas, e com o Auditório totalmente esgotado, o espetáculo teve início com a presença das seguintes associações: Banda Filarmónica da Sociedade União Seixalense, Grupo de Danças e Cantares dos Redondos, da Associação de Moradores dos Redondos, Grupo Boom Dance e Grupo Infantil KidSom da Associação de Amigos do Pinhal do General, Poesia com os Jograis do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora, C C R Artes e Magia – Teatro, Clube de Cultura e Recreio do Alto do Moinho, Academia de Concertinas do Centro Solidariedade Social de Pinhal dos Frades, e Grupo Coral e Instrumental Ventos e Marés. Os Jograis do Mensageiro da Poesia que fizeram a sua estreia nesta Mostra Cultural, cujo desempenho não podia ter corrido melhor, deram início à sua atuação com quadras alusivas ao Concelho do Seixal, da autoria dos seus quatro elementos, e terminaram com o poema “Palavras” de Joaquim Pessoa, tendo ainda

cada elemento declamado um poema. Arménio Correia disse “Quero”, um poema de sua autoria, Francisca São Bento “Rotina” também de sua autoria, tal como Hermilo Grave com o seu “Sou teu cavaleiro andante”, Damásia Pestana declamou “Poema original” de Ari dos Santos. Quer pela intensidade dos aplausos, quer pela forma como os elementos dos Jograis foram abordados após a atuação, recebendo felicitações pelo seu desempenho, só nos resta acreditar que a estreia dos Jograis da Poesia foi um êxito. O Mensageiro da Poesia também esteve presente com a sua exposição e venda de livros, de vários autores seus associados, assim como as suas Antologias Poéticas. Pelo segundo ano consecutivo, foi colocado um quadro onde todos os presentes com veia poética, puderam dar asas à sua imaginação escrevendo quadras de sua autoria. Terminado o espetáculo, foram chamados ao palco os representantes das Associações presentes, tendo o presidente da Associação das Coletividades do Concelho, o presidente da União de Juntas das Freguesias de Seixal Arrentela e Aldeia de Paio Pires, e o vereador do Pelouro Cultura da Camara Municipal do Seixal, agradecido a presença de todos, deixando a promessa da VII Mostra para o próximo ano, de seguida foi feita a entrega de uma recordação a todas as Associações. Arménio Correia


Os Nossos Poetas

12 - Mensageiro da Poesia

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Março/Abril 2017

GLAN-Grêmio Literário de Autores Novos

Teus olhos

Porque é, Primavera

Beijei uma rosa branca Com ternura, fascinada Como se beijasse teus olhos Numa noite linda, estrelada.

Porque é, um ciclo rotativo Por este ou aquele motivo A primavera sempre volta É uma estação do ano Nunca haverá engano Sempre de flores vem, envolta

Minha alma levou o beijo E não maltratei a flor Não foi beijo de desejo Somente um beijo de amor. Daqueles que são, só alma Sem requintes de paixão Daquela ternura calma Que só vem do coração. Ivone Mendes

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A Dolores e as flores (…Aqui no Dois Amores!) Porque será que hei-de vê-la ali no jardim?... Porque hei-de vê-la com tanto, tanto efeito?... …Porque tu, meu tesouro, és a rosa e o alecrim, Estás em todas flores, e também no meu peito! Que tem adornado minha vida sempre assim, De canteiro a canteiro pesquiso, aproveito Pr’aspirar o perfume do admirável jasmim, E, todas mais, em especial o teu amor-perfeito! Amor-Perfeito! Que sei, adoras e, quanto a mim Tu és, meu perfeito amor, meu amor eleito, Que tem transformado minha vida em festim… Desde o arrebol, até logo quando me deito Que ver-te, entras as flores, sinto frenesim, Que chegue a noite pra te acariciar no leito! Nelson Fontes Carvalho

Porque nela os passarinhos Constroem os seus ninhos É um constante lidar Formarem a sua casinha Feliz toda a avezinha Na primavera gosta de trabalhar Porque se desdobra a mãe natureza Por dar a todos com certeza Tudo o que há de melhor Ver os campos de manhazinha Ou talvez ainda à tardinha Na primavera, tudo é amor Porque Deus assim quis Nesta época todo o ser, ser feliz É uma época de encanto A vida renova de alegria Resplandece de noite e dia Na terra em qualquer recanto Porque também na primavera chove Faz sol, vento, tudo se move Numa tão doce harmonia Porque não posso então deixar De esta estação assim festejar Parecendo orquestra em sinfonia Porque para o ano talvez Não possa estar outra vez À primavera assim dedicar Meus versos simples, mas sentidos Peço a todos deem ouvidos Felicitem a primavera, quando ela chegar. Bia do Táxi


Março/Abril 2017

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Mensageiro da Poesia - 13

Homenagem ao Poeta

José Francisco dos Santos Bento O Poeta Chico Bento, de seu nome verdadeiro José Francisco dos Santos Bento, nasceu em Maio de 1962 na Aldeia de Palheiros, Concelho de Ourique, criado no meio rural e para fugir à dureza dos trabalhos do campo, muito cedo saiu da sua terra para procurar uma vida melhor, andou pelo Algarve até ir para a tropa, actualmente vive e trabalha na Suiça perto de Zurique, para onde veio em Abril de 1986, quando terminou o serviço militar. Para viver em Portugal, trocou a sua terra natal pela linda vila de Ponte de Lima, terra natal de sua esposa, sem nunca esquecer o seu belo cantinho o Alentejo, ao qual escreve sempre lindos poemas para matar saudades da terra que o viu nascer. Desde miúdo que despertou em si a arte de fazer versos que foi escrevendo, guardando, e é na Suiça, em convívio com outros poetas emigrantes, que começou a divulgar os seus poemas e nunca mais parou. Apesar de ter muitos poemas escritos e divulgados por tudo quanto é sítio,não tem nenhum livro editado e não pensa fazê-lo por enquanto, mas diz que essa porta não está definitivamente encerrada. Quem sabe talvez um dia... Está inscrito na Associação Portuguesa de Poetas e também na Sociedade Portuguesa de Autores, onde tem muitos poemas registados. O poeta Chico Bento, nos poemas que escreve, usa também outros pseudónimos. São eles: Serafim Ferreira, Albano Torrão, Brito Castelhano, Zé Bento, Francisco Vilarinho, todos estes pseudónimos estão autorizados pela S.P.A. onde estão devidamente registados. O poeta Chico Bento está ligado a diversas associações poéticas e também escreve para jornais portugueses na Suiça. Ao Mensageiro da Poesia / Associação Cultural Poética está ligado desde o primeiro dia onde colabora na medida do possivel para que este projecto se mantenha. Este poeta tem, há mais de 25 anos, poemas seus musicados e cantados por grupos, bandas e cantores a solo, não fazendo da escrita o seu modo de vida, pois fá-lo, como ele diz, por passatempo, é o seu hobby escrever poemas e canções. O Chico Bento escreve poemas sobre tudo, não tem um tema preferido, escreve sobre tudo

o que o rodeia. Tem uma página no Facebook onde diariamente vai deixando os seus poemas, quem quiser pode ler os seus poemas em : www.facebook.com/osmeuspoemas

Doce cantinho és tu alentejo Os campos do Alentejo Estão cobertos de cereais Arroz, cardo e girassol Trigo, aveia e muitos mais No campo cantam também Os grilos e as cigarras Poisados nas loiras espigas Os pardais fazem as farras A bela cegonha branca Nos sapais passeando No campo os trabalhadores Lindas modas vão cantando O pastor nos verdes campos Vai o rebanho guardar E quando chega o verão Eu vejo o trigo ceifar Refrão Alentejo, doce cantinho Que me viu brotar p’rá vida Um abraço e um beijinho Dou á minha terra querida Terra que viu-me nascer E dar o primeiro passinho Não me canso de dizer Alentejo, doce cantinho Chico Bento


Vida Associativa

14 - Mensageiro da Poesia

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Março/Abril 2017

Dia Internacional da Mulher No sentido da Igualdade de Género, mulheres e homens, um longo caminho já percorreram, mas outro tanto falta ainda percorrer. É partindo desta premissa que o Mensageiro da Poesia, ano após ano, não fica indiferente à data e assinala a efeméride com exaltação e dignidade. A Tertúlia Poética deste ano, teve lugar no dia 11 de março, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas, perante uma moldura de homens e mulheres alegres e em confraternização. Entre fado e poesia enalteceram o papel das mulheres ao longo da história, num percurso que só pode ser de liberdade e de igualdade. Foram denunciadas situações, onde a desigualdade persiste e onde a indiferença, facilita mecanismos de exploração, de comércio e de discriminação. Porém, acima de tudo, exortou-se o que a Mulher representa na essência da sociedade, como: Mãe, Educadora, Companheira, Esposa, Trabalhadora, Lutadora e Poeta. Cantaram fado à capela: Lina Almeida, José Frias, António Marques, Lurdes Brás e António Júlio. Disseram poesia: Maria Vitória Afonso, João Ferreira, Damásia Pestana, Mário Pão Mole, Luí-

sa Mendes, Hermilo Grave, Pinhal Dias, Miraldino Carvalho, Silvia Martinho, Arménio Correia, Margarida Moreira, José Maria Caldeira, Maria José Portugal, Lucia Carvalho, Amadeu Almeida, Laura Santos, Luis Fernandes, Rosa Martins e Helena Moleiro. No final houve lanche partilhado e ainda espaço para mais um poema apresentado por …. Que, vinda de táxi desde Lisboa, ali chegara já no final da apresentação. Coroando-se assim, mais uma fraterna tarde de Cultura, Convívio e Fraternidade Poética, à volta de um tema longe de estar esgotado… Jorge Henriques Santos


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Mensageiro da Poesia - 15

Vida Associativa

Março/Abril 2017

Dia Mundial da Poesia Pelo décimo quarto ano consecutivo a nossa associação assinalou a comemoração do Dia Mundial da Poesia. O evento realizou-se na tarde do dia 26 de Março de 2017, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas. A comemoração foi acrescida com a apresentação do livro “Retalhos de Alma e Coração” da nossa associada e pioneira Manuela Lourenço. Na mesa tomaram parte: Luís Fernandes: Presidente - Fundador do Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética; António Pepe, presidente do Centro Cultural e Desportivo das Paivas; Helena Quinta, representante da Junta de Freguesia de Amora; Manuela Lourenço, autora do livro em apresentação e João Firmino, representante da Chiado Editora. Foi prestada uma justa homenagem ao nosso associado pioneiro José Francisco dos Santos Bento – poeta que tem feito na colaboração e dedicação com a nossa associação. Por estar ausente, fez-se representar pela associada Donzília Fernandes. A abertura da sessão foi feita pelos Jograis do Mensageiro da Poesia, grupo recentemente constituído pelos sócios: Arménio Correia, Francisca

Bento, Hermilo Grave e Damásia Pestana que que, São Bento na sua estreia, mui dignamente representaram a nossa associação, na Mostra Cultural do Seixal e agora aqui fizeram a sua segunda apresentação pública. Seguiu-se a animação pelo Grupo Coral e Instrumental “5 de Janeiro” da AURPIA - Associação de Reformados de Amora e a tarde prosseguiu com fado à capela e poesia, onde intervieram: Na Poesia: Emídia Salvador; Helena Moleiro; Lúcia de Carvalho; Luísa Mendes; Manuel Nobre; Maria Vitória Afonso; Mário Pão-Mole; Pinhal Dias; Rosa Martins No Fado: António Dias; António Marques; José Camacho; Lina de Almeida; Lurdes Brás; Milay Santos; Zeferino António… Um amigo e artista convidado, Carlos Alberto Santos, cantou e tocou músicas do “Zeca Afonso” João Firmino, representante da Chiado Editora, fez a apresentação do livro “Retalhos de Alma e Coração” de Manuela Lourenço e a poetisa e pioneira do Mensageiro, disse alguns poemas deste seu novo livro. Perante uma assistência plausível, acima das seis dezenas de convivas, brindou-se no final com um lanche partilhado! LNF /jhs


Os Nossos Poetas

16 - Mensageiro da Poesia

A família no seu melhor

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O que é uma família senão o mais admirável dos governos? Henri Lacordaire Um rouxinol!...E na hora do jantar a família reunida. Buson A família é como a varíola: A gente tem quando criança e fica marcado para o resto da vida. Jean Paul Sartre O símbolo familiar é, a união completa, Sem mexericos, invejas e…mais quês e porquês… Sempre que possam sentados à mesa d’uma vez, Conjugando pacificamente prá mesma meta! Seja família rica ou pobre, isto é lucidez, É bonito, exemplar, é mesmo ideia recta A prole, quando junta aprende logo directa, Como no futuro – bem próximo—pai e mãe fez A ventura está nestas alegrias familiares, Passeios! Almoços, planos são coisas ímpares, Que no meu ver é digno, certo e, auxilia… Tudo isto custa pouco, só compreensão, Entre todos, prestar ao pai e mãe a atenção, A paz é a verdadeira riqueza d’uma família! Dolores Carvalho

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A cidade que me adoptou A cidade que me adoptou... Chama-se Seixal e, é linda! Para além da Baía que herdou, Tem outras belezas ainda... Bonitos moinhos de maré Neste seu rio-mar de alma cheia, Com esteiros, sapais e até Me traz beijos da minha aldeia!... Beijos que ela ao Tejo entrega Quando este correndo, chega Ao seu curso Internacional!... Lá, Malpica tem o ensejo, De por na corrente o beijo Que ele me traz até ao Seixal! José Maria Caldeira

Março/Abril 2017

Simplesmente Sou o grito mudo Que me faz acordar. Sou vento agitado Que não sabe parar. Sou brisa do mar Em noites de verão Sou lágrima que cai Dum choro calado Na solidão. Sou eu que andei Sem vida vivida Sonhando o futuro Vivendo o presente. Triste ou feliz Mas também ausente. Não sou o que quis -Sou eu, simplesmente. Francisca São Bento

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Rir, sim, mas com motivo “Não há doença pior Que não achar graça a nada!”, Em cena, diz o ator,* Meio a geral gargalhada. “Doente é todo o sisudo!”. Concordo c’o axioma. Mas achar-se graça a tudo Não é também bom sintoma! Portanto, é também doente Quem ri da menor chalaça, Ou ri, perdidamente, Daquilo que não tem graça: Que me perdoe o ator E que me leve o diacho, Se na TV o humor Não andar mesmo por baixo! Palmas bem remuneradas, Pla nossa Televisão, São provas mais que provadas De que eu tenho razão! Armanda Rosa * José Raposo


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Mensageiro da Poesia - 17

Os Nossos Poetas

Março/Abril 2017

Montanhas de França P’los caminhos de improviso Eu perdi um paraíso A caminho do desdém Nas fronteiras sem promessa Onde a aventura começa E a desventura também

Minhas mãos Já estendi a minha mão P'ra segurar um amigo. Já fiz do meu coração Um pedacinho de abrigo/ E sou uma mão aberta P'ra quem dela precisar Quem sabe na hora certa Minha mão vens agarrar Imagina a minha mão A afagar o teu rosto Será a consolação Na hora do teu desgosto Se na palma da minha mão Está o destino marcado E quem sabe a salvação D'um tormento já passado São duas as minhas mãos Abertas à realidade Unidas elas serão A eterna felicidade Mas não, que não entenderia Espero que seja verdade Eu estender algum dia Minha mão à caridade. Maria de Lurdes Brás

Enfrentei vales e montes Conheci mil horizontes E as trevas que eu não quis Já em extremas de raianos Testemunhas dos enganos Por quem deixa o seu país - Refrão – Montanhas de França Onde eu resisti Sem ti minha esperança Terra de bonança, que nunca esqueci Dez anos passados Regresso do nada, de longe a viagem Hoje ganho a coragem Em ti Pátria animada Venho das terras sem norte Onde o riso que é mais forte Não venceu meus ideais Hoje por um sol risonho Eu troco as noites sem sonho E os dias sempre iguais Trago a marca dos errantes Onde os risos inconstantes Nos falam de uma ilusão Num mercado de indiferença Onde o preço de uma ausência É feito de solidão - Montanhas de França, etc… José Gomes Camacho

A minha terra Minha Terra é pobrezinha Vou-lhes dizer onde fica Gosto muito porque é minha Charneca de Caparica Terra dos meus avós Também a dos meus pais, Terra de todos nós Não a esquecerei jamais. És pequena eu pensei Tens encanto em todo o lado, Tens o Pinhal do Rei Que nos lembra o passado. As tuas brancas areias Se visitam todo o ano Onde se ouvem sereias Banhadas pelo Oceano. Gente humilde e hospitaleira, Gente de bom coração Orgulho da nossa bandeira, Gente com tradição. Está um pouco mudada Mas tanta beleza encerra, Por mim serás sempre amada Serás sempre minha Terra. Quando se atravessa a ponte Toda a gente a identifica, Ali mesmo de fronte Charneca de Caparica. Berta Rodrigues


Os Nossos Poetas

18 - Mensageiro da Poesia

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Angústia Chegou Abril… E a memória Traz-nos o fulgor da saudade, Que cresce desordenada Nos píncaros do pensamento. Num doce acordar de pálpebras Lentamente abro a janela, E o sonho se transforma em dura realidade. Há rostos silenciados Por onde correm rios de tristeza, Esperanças fugazes à descoberta da vida Vão como que perdidas Apalpando os caminhos do futuro, Na atonia da esperança Sem grinalda que lhes valha. Quarenta e dois anos de história se passaram, Num país que ulcerado se definha, Sem raízes, sem valores, Espezinhado por tartufos mascarados de arlequins. Fico-me na angústia dos sonhos que abortaram Na lama que nos atola. Resta Abril,  Quase esquecido. Arménio Correia

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Acordar

Que bom acordar Num salpico de amor (Justa homenagem) Cheia de sonhos Ver o Sol a raiar Não te deixes corroer Ter vontade de sorrir Por alguns vermes... Correr! Em bom estilo te ergues, Brincar!... Pingas em amor e simpatia. Viver!... ... Muito hospitaleira! E de Abraçar!... ... Nobre e mensageira! Que bom ter Vida ... Mui formosa e saudosista. Eventos que realças progressista... Ser VIDA!.. Que procura ... Na Diáspora estás em lista Em tua defesa...um bairrista Fazer dos sonhos realidades Que é um amorense de gema, Que bom ACORDAR ... ...Valorizando o teu tema Ter vontade de amar ... AMORA teu concelho é SEIXAL Ser a Alegria do dia ... Boa dupla em PORTUGAL. Olhar o mundo a Girar!... Frente Ribeirinha que prefaz E sentir!... …e satisfaz Esta força de Viver!... Um espaço de lazer e beleza… Sem de TI precisar!... AMORA

Amora...

Pinhal Dias

Margarida

Março/Abril 2017

Enredar o pensamento Mote Penso eu que ao pensar Desenvolvo o pensamento, Pensando estou a lembrar O que pensei noutro momento. Glosa Só pensando em coisa boa Coisas das mais importantes Nos pensamentos constantes Que a vida nos traz à toa Perdoar ninguém perdoa E poucos te vão ajudar E tu ficas a pensar Se fosse eu o que faria? Por certo ajudar iria Penso eu que ao pensar. Pensar não custa é só pensar Ajuda e dá alegria De bom grado ajudaria Se eu pudesse ajudar Assim fico a lamentar De nada vale o lamento Penso a todo o momento No que estive a pensar Se alguém me ajudar Desenvolvo o pensamento. Vê se pensas como eu penso Ou de outro modo qualquer Quando pensar não poder É alzheimer me convenço Quero continuar de bom senso Por isso estou a pensar Pensando vou continuar Mesmo que ninguém compreenda Não faço qualquer emenda Pensando estou a lembrar. Pensa, pensa meu rapaz Pensa na tua alegria Pensa que pensaste um dia Ter família e ter paz Por isso foste capaz De banir o sofrimento Nunca pensei em lamento Por tudo o que já passei E só agora eu sei O que pensei noutro momento. Mário Pão-Mole


Março/Abril 2017

Foi Deus Que por morrer uma andorinha, Não deixou acabar a primavera E revelou de quem era A culpa desta tristeza Que a fadista traz consigo. Até fez o Rei revelar um segredo de estado: Gostava de Fado, Ouvia-o, embuçado. Até, que certa noite houve Alguém, que tornou Fado Real o lançou mais Além o meu Amigo Fado.. E se ao menos houvesse um dia Em que apenas o ouvisse, Nesse dia, Minha alegria Tinha chegado. Afinal.

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Mensageiro da Poesia - 19

Os Nossos Poetas

A honestidade

Não te percas honestidade nunca te deixes vencer sem ti não há liberdade tu tens que prevalecer. Mesmo que alguém te diga que já estás fora de moda não te fies nessa cantiga sem ti a liberdade não acorda. E a liberdade a dormir vai guiada pelos sonhos e nem sempre são risonhos notamos isso no sentir. Não queiras ficar isolada luta pelo teu espaço nós sem ti não somos nada une a todos num abraço ! Joana Mendes

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José Manuel Jacinto

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Sou feliz por adorar Adoro o Sol e o Mar Quem me dá tanta beleza. Mas, está Deus em primeiro lugar Porque Ele é a nossa pureza. Adoro Deus, e sonhar Porque o meu destino assim quis. Quando acordo a meditar Fico muito mais feliz. Adoro até os vendavais Fazem parte da natureza. Mas a Deus eu quero mais Ele é a minha riqueza. Eu quero Tudo adorar, Pois foi Deus que me mandou. Ensinou-me a perdoar E sempre me amparou. Adoro também escrever Faz parte da minha vida. Para um dia poder ler Alguma frase esquecida. Maria Laurinda Pacheco

Querida Donzília Hoje pensei, escrever pra ti, Estes versos com inspiração, Por tudo que contigo vivi, Envolto de carinho e emoção! Inspirada ouve esta melodia, Que te dedico hoje assim Porque tu és minha poesia, Com poemas lindos sem fim! Contigo passo horas d’amor, Que cioso guardo comigo, Sinto ser sempre trovador, Assim em poesia t’abrigo! Pra te dizer hora a hora, Eu t’amo minh’alma gostosa Isto é d’hoje e d’outrora, Ó minha adorada esposa! Um dia filhas, netos e netas, Vão ver este calendário, Anos! Meses! Horas selectas, A festejar nosso centenário! Luis Neves Fernandes


Os Nossos Poetas

20 - Mensageiro da Poesia

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Cornudos, mas felizes! A propósito de um Clube de Cabrões sediado algures, na Beira Alta, e cujos membros aparecem, nas suas manifestações, ostentando, na cabeça, um verdadeiro par de cornos! O que está em evidência E assumem os toleirões, Com tamanha persistência, Que afasta suposições, É real, não aparência! Se eles querem ser cabrões, Sendo essa sua apetência, Lá terão suas razões… Mas mostrarem a excrescência Pra gáudio das multidões, Tenham santa paciência, Não é coisa de varões, Mas sim de homens com carência, Que, fartos de frustrações, Sofrem de grande demência! Hermilo Grave

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Dispersos

Cantavam os passarinhos na serra, Livres, como os passarinhos são. Quando uma gaiola os não encerra, A liberdade tem o nome de canção. Arrábida, serra de verde ternura, Ao encontro do azul, amor, do Sado. O rio ao passar, chora e murmura... Arrábida, estou por ti enamorado! Quando o meu pensamento se levanta E no silêncio da noite me debruço, Há um poema que me sobe à garganta, E se desfaz num soluço. Só pode entrar no nosso pensamento Quem tiver a chave da porta secreta. É um labirinto sempre em movimento O pensamento de cada poeta. No balanço das marés, Entre um olhar e outro olhar. Eu já não sei quem tu és, Ou se és tu, quem devo amar. Lúcia Pereira

Março/Abril 2017

Eu e meus ideais O meu nome é Adelaide Palmela o meu apelido Solidária e sem vaidade Comunista o meu partido Leonardo meu companheiro Nas tristezas e na alegria Encontrei mais que o dinheiro Vil metal ou fantasia Dei-me ao povo a que pertenço Versejo cor da bandeira Do vermelho que é o incenso Desta rima verdadeira E é por ela que venço Por Abril: mulher inteira. Adelaide Palmela

Mensageiro Mensageiro da Poesia É a fonte de harmonia De convívio e de amizade. Merece ser divulgado, Conhecido em todo o lado, Porque emana liberdade. Ele é pomba mensageira, Pode ser a conselheira De uma alma indecisa. É corrente, inspiração, Que dá luz ao coração Nos momentos que improvisa. O povo não está sozinho. Mensageiro é um caminho Valioso em Portugal. Não receio de dizer Que me orgulho em pertencer A este evento cultural. Mensageiro eu sei que és Portugal de lés a lés, Já conheço o teu valor. Tens cravos, tens alfazemas, Que embelezam meus poemas P'ra cantar em teu louvor! Dolores Guerreiro Costa


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Março/Abril 2017

Os Nossos Poetas

A natureza

Prefiro ser odiado

Amarmos a natureza É de todos um dever Não devemos com certeza Deixar ela a morrer

Gosto de ser odiado, Como sou por certa gente. Isso me deixa encantado, Demonstra que sou diferente.

Todo o ar que respiramos É feito p’la natureza P’los frutos que reparamos Por haver tanta beleza

Sossegue quem me quer mal, Por dizer a realidade. Quem assim pensa, afinal, Chafurda em vulgaridade.

Devemos sempre cuidar Respeitando a natureza Pois só temos que ganhar O gesto de sua franqueza

Eu vivo do meu suor E com todos me dou bem. Tenho casa, pão e amor E não invejo ninguém.

Natureza é tão linda Pelas suas diversas cores Primavera é sucinta Com bálsamo dos amores

Nem eu gostava de ser, Como essa pobre gente. É que muitos, podem crer, Gostavam de mim diferente.

Preciosa Gamito

Não insistam, é escusado, Eu em cantigas não vou. Prefiro ser odiado, Mas ser assim como eu sou!

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Mulher Escrever sobre a MULHER Motivo sempre haverá, Faça ela o que fizer Sempre alguém de si, dirá…

João Ferreira In Poemas – 4º. Volume A Luz e a sombra

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A menina nasceu, A menina cresceu, E de menina se fez MULHER, E da MULHER se fez MÃE Na continuação da vida É uma vida também, Porquê? O dia da MULHER Se ela é, e será sempre MENINA, MULHER E MÃE! Dia 8 de Março dia da Mulher dedicado a todas as mulheres Laura Santos – Sely=Poemas

Mensageiro da Poesia - 21

Momentos únicos Quero viver cada minuto Como se a vida terminasse. Quero viver em cada amanhecer, A vida que ainda desperta os Meus cansaços. Quero viver momentos únicos No meu mundo de magia. Quero esquecer momentos Em que a vida esqueci. Momentos únicos, são quando Penso em ti. Inspiro o teu aroma, sem saber Quem és. Sinto a suavidade do teu riso, A doçura da tua voz, o som Dos teus passos. Cada gesto teu muda o meu Destino. Quero viver cada minuto, como Se a vida ai terminasse. Quero viver a coragem que Despertas em mim. Quero-te sem saber quem és. Se amanhã o meu coração Quiser dizer não há vida. A fúria do desânimo, me deixar Num mar de dúvidas. Eu, peço para ter calma. Momentos únicos, são sonhos, São pensamentos sem limite. É quando inspiro o teu aroma, Mesmo sem saber quem és. Fanny


Os Nossos Poetas

22 - Mensageiro da Poesia

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Março/Abril 2017

Este meu grito calado Este meu grito calado Este meu rir a chorar Este meu andar parado Este ir embora e ficar. Este frio cheio de calor Este bem cheio de maldade Este ódio cheio de amor Este esquecer com saudade. Este chover sem ter água Esta verdade que mentia Esta alegria com mágoa Esta noite sem ter dia. Este medricas herói Este valente com medo Esta saudade que dói Este falar em segredo. Este matar para viver Este estar fora cá dentro Este estar vivo a morrer Este soldado sargento. Este estar mas querer partir Este pão cheio de fome Este sofrer a sorrir Este bicho feito homem. Este fazer desfazendo Este sexo sem parceira Este entender não entendo Este ver cheio de cegueira. Este tapar que destapa Este lembrar sem memória Este regresso sem data Este morrer sem glória. António Pepe

Algarve de luz e cor Algarve, belo e florido, Paraíso prometido Onde a f’licidade impera, É onde sinto alegria E onde vivo noite e dia Em sonhos de Primavera. Tem flores de amendoeiras, Que por serem as primeiras Dão ao Inverno alegria, Branquinhas cor da pureza Enchem campos de beleza, São nossa neve algarvia. Meu oásis divinal, Com mar serra e barrocal, Algarve, és belo e dif’rente; Pétalas e rosmaninhos, São tapetes dos caminhos Onde passa a tua gente. Juntinho às alfarrobeiras Tens as rosas albardeiras, Sempre lindas e cheirosas E vemos por todo o lado, Com seu tom amarelado, As acácias e mimosas. Teus campos são um jardim Onde cheira a alecrim A esteva e a tomilho, Meu Algarve, matizado, És o meu sonho dourado, Cheio de cor, luz e brilho. Isidoro Cavaco

Portugal é um jardim As Terras de Portugal São um jardim sem igual Que à beira do mar se sita Cada terra é uma flor Plena de perfume e cor Sempre viçosa e bonita. O seu perfume exalado Cheira a mar e cheira a fado Cheira à Gente Portuguesa Sem saber qual a mais bela Cada terra é aguarela De fulgurante beleza. Os poetas e pintores Dão mais vida a estas flores Na sua inspiração Quer na tela ou pergaminho Fertilizam com carinho E regam com emoção. Todos temos uma flor Neste jardim sedutor Que é nossa Terra Natal Temo-la sempre no peito Feita flor amor-perfeito A colorir Portugal !... Euclides Cavaco


Março/Abril 2017

Eu quero fazer um poema… Eu quero fazer um poema Que tenha a palavra certa Disparada com coragem Do alto de uma seteira. Palavra que eu quero que arda Que queime sem dó!... Como a fogueira que mata Florestas, montes desfeitos Em cinza e pó!... Palavra que feche o poema Como efeito de raiva funda De uma boca amordaçada Vivendo em terra imunda. Palavra que soe cá dentro Como sinos a rebate Alertando os que não vêem A miséria que à porta bate!... Palavra que morda com força Como fera encurralada Que grite a palavra distante E acuda à minha chamada. Que sinta a palavra perdida Redonda, quadrada, oblíqua Mas!... ponha uma reserva Não quero palavra iníqua! Palavra que seja o clarão Que ilumine a escura mina! Que dance com a graça maluca De um bêbado mijando na esquina! Palavra que tenha a força Que queime como gelo e fogo Que mostre a cor do dinheiro E do seu mundo imundo! Palavras leva-as o vento Diz-se, mas o vento também As traz! Nem inventei alarmes Para ver que efeito faz!... Quis fechar o meu poema Com a tal palavra certa Oh ironia, com tanta, tanta palavra E afinal, não fui capaz!...

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Mensageiro da Poesia - 23

Os Nossos Poetas

Para ti Mensageiro Olá Mensageiro amigo Sou feliz por estar contigo Porque tu tens lealdade Há muito que te admiro E quando a ti me refiro É sempre com amizade És o rei da poesia Despertas em cada dia Pra escrever frases concretas E lentamente vais espalhando O amor que vais deixando No coração dos poetas Tens obra de admirar E eu aqui venho louvar O que em ti eu vejo escrito És sincero imparcial Tratas todos por igual Isso é um gesto bonito Tu tens muita qualidade E tens o dom da humildade Que engrandece o teu valor E sendo assim hás-de ter sempre O apoio de toda a gente Porque tu és merecedor Manuel José Rafael

Já descobri a palavra Para fechar o meu poema Lutei muito para a encontrar Afinal já fui capaz!... Mas não quero dizer mais nada Deixem-me dormir em paz! A tal palavra encontrada Não digo, é feia demais. Desculpem, não sou capaz. Helena Moleiro


Os Nossos Poetas

24 - Mensageiro da Poesia

Amor, paz

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Amar, simplesmente

Março/Abril 2017

ENTREVISTA AO POETA

Elmano Sadino M.P. De onde é natural? E. G. – Sou Aldeia de Folgosa do Salvador - Concelho de Seia- Serra da Estrela;

O sonho comanda a vida, É preciso ousar sonhar, Descobrir a Criança interior Que ainda está no nosso olhar

M.P. Onde estudou, e qual a sua atividade profissional? E. G. – Estudei no Seminário do Fundão; Continuei os estudos do Liceu, em Seia e posteriormente em Lisboa, Onde fiz o Exame Ad-Hoc, na Faculdade de Letras;

Abraçá-la, todos os nossos dias, Essa Paz tão doce de beleza, Essa energia de nos encantarmos Com as flores de toda a natureza. Emoções são sentimentos em acção Dar aquilo que queremos receber Mais riso, mais alegria, mais coração Expandirmo-nos no Mundo do Fazer… Amemos e nunca estaremos sós Abramos a mente, o coração Coragem!... Enchemo-nos de esperança; Vivamos essa mágica libertação.

M. P. – Como surgiu o gosto pela escrita? E. G. – O gosto pela escrita surgiu no Seminário do Fundão, com 13 anos. O meu gosto pela leitura e ser aluno dedicado ao Português, levaram-me a escrever prosa e poesia, algo de rudimentar. No liceu em Lisboa onde trabalhei e estudei à noite,

Até á minha eternidade

Tu e eu, aqui e agora Podemos este Apocalipse mudar, Tenho o sol e tenho a lua Saindo da nossa ilha pessoal Que me traz a claridade - Uma nova Era vamos iniciar! Só me falta a presença tua Para a minha felicidade Um tempo de Paz e Amor A respirar sensibilidade Tenho o sol para o meu dia a dia Sem cenas de sangue e dor E a lua para a luz da noite Sem domínios da vontade. O que me dá imensa alegria E com sorte arranjo o mote Lurdes Emídio de Jesus

Temas para ês: o próximo m ades Mãe, Comunid o Mundo Portuguesas n Temas livres

Pelo céu corre o sol E vem a lua também Se tiver quem me console Certa mente me sentiria bem Ver o céu todo estrelado Fica o luar todo enfeitado E como é linda esta beleza Pois é a força da natureza Ó senhor tudo isto te agradeço Admiro toda essa capacidade Nem só um momento esqueço Até há minha eternidade Emídia Salvador

continua na pág. 25

Alentejo minha terra Alentejo a tua gente Pelos campos trabalhando. Diz-nos que o sol é mais quente, Na sua pele queimando, Meu Alentejo que choras, Falta de pão e de água. Regas os campos que adoras, Com a chuva da tua mágoa. Alentejo, terra amada, Que andaste comigo ao colo. Com o suor és regada, De quem trabalha o teu solo. A saudade Alentejana, É mais saudade que as outras. Quando a saudade me chama, Tenho umas saudades loucas. Meu Alentejo queimado, Pelo sol que te tortura. Vives tão resignado, Que até chega a ser loucura. Lúcia de Jesus Pereira


Março/Abril 2017

continuação da pág. 24

Cravo do Maio . . . Zeca Afonso “Grândola Vila Morena“; Vem contigo o romper d’ Alva; “O Povo é quem mais ordena“ Quem nos guia, quem nos salva. Ouviu Portugal inteiro, A senha da Liberdade; Em vez de tiro certeiro, Rubro Cravo da Amizade. Sal de Abril, do Maio Cravo, Mais do Povo, a consciência; Da Revolução, o travo, Do capital, a falência. É tua voz o alerta, Tua guitarra Verdade; A Canção, a carta aberta E mote da Liberdade. Da amarga Vida cantor Do Povo, na ditadura; Mais da P.I.D.E. o delator, Da Censura e Conjuntura. . .

Cravo do Maio Zeca Afonso O Desprezo . . . Ingratidão, Foi público sentimento. Eis a condecoração: Lusitano Esquecimento. . . Aos ais e á dor atento, Ao poder deste responso; Pois até no pensamento, Puseste asas Zeca Afonso! Tua Luta, a Liberdade; Tua vida foi entrega; Quer no campo ou na cidade, Não termina nem sossega. “elmano“

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Mensageiro da Poesia - 25

Entrevista ao poeta

aprofundei o meu gosto pela leitura, em especial pelos autores clássicos da Literatura Portuguesa. O facto de viver algo isolado, influiu para que eu quisesse atrair-me, desabafando na poesia o que me chocava intimamente na vida do dia-a-dia. M.P. – Como teve conhecimento do Mensageiro da Poesia? E.G. – Tive conhecimento do Mensageiro da Poesia (em boa hora) num sarau de fados, no Salão Paroquial da Igreja de Aires – Palmela através de um dos fadistas, e da poetisa Alexandrina Pereira. M.P. – Até à presente data em que publicações já participou? E.G. – Publiquei pela primeira vez, em 1963 (salvo erro) num jornal periódica de Seia, também no jornal de Seia “A voz da Serra” e num jornal do Sindicato da Função Publica, este já de âmbito nacional, assim como nas Antologias do Mensageiro da Poesia, e mais recentemente no Facebook. M.P. – Com que idade começou a escrever poesia? Desde que começou tem ideia de quantos poemas criou? E.G. – Comecei a escrever os primeiros versos/poemas aos 13 anos, no Seminário, e até à data de hoje já passei a escrito mais de 150 poemas, com o risco de errar, pois que parte deles estão na minha outra residência na Serra da Estrela. M.P. – A sua escrita restringe-se apenas à poesia, ou também tem tem escrita em prosa? E.G. – Sim o meu inveterado gosto pela escrita alarga-se também à prosa e ao teatro. M.P. – Em termos de literatura qual o autor que mais o inspira, ou simplesmente que mais admira? E. G. – Na poesia o autor que mais me inspira é Fernando Pessoa, na prosa Camilo Castelo Branco M.P. – Projetos literários para o futuro, o que tem previsto? E.G. – Neste momento está no prelo um livro de poemas que tem por titulo “Maresia” além de estar a construir dois poemas de grande dimensão, e a rever uma peça de teatro “As filhoses da Moleirinha” que já foi representado. Gostava de destacar que integrei os Grupos de Canto Coral e de teatro amador no Seminário, e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, fundei um Boletim (Luz Verde) num Grupo de escoteiros, fui co-autor (com o autor João Baião) do hino de um grupo de escuteiros, hino que obteve o 1º Prémio Nacional do Festival da Canção Escotista, em 1996 obtive o 1º Prémio num concurso de poesia, na cidade da Amadora com o soneto (Comunhão de Gerações).


Os Nossos Poetas

26 - Mensageiro da Poesia

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Março/Abril 2017

Estamos enleados numa teia Foi a rica união Europeia Que fez este país paralisar Estamos enleados numa teia Nós temos que a desenlear

Existência Aceito qualquer dominação, Que me vier de forma mansa e pacífica. Deixo-me enlevar por suaves rufadas de ar, e me misturo a um cheiro sutil que me dissipa paulatinamente. De repente, vivo hedonisticamente!, Vou revelando meu ecossistema, escasso e raro. Ambiente exótico, De intempéries mil! Sou, sou, sou, mais nada... Pertenço sempre a alguma coisa imediata... perene... Algo que me integra às aventuras infantis. E me fecha em pequenos crepúsculos alucinantes. Giro constantemente em volta de minhas nuvens, timidamente dissipadas pela luz obtusa do sol. Inebriadas pelo sísmico abalo do meu querer! Sou, e sou, e não sou, desde que não tenha traçado nenhum tratado eqüidistante, que me vincule a alguma terra, e me faça cidadã contemporânea, gosto de transitar pelo tempo intangível!

I Boas propostas desprezadas Portugal não pode decidir O que devemos produzir Com as técnicas avançadas Ficamos de mãos amarradas Ficamos de cabresto e peia Vai acabando o pé demeia Vão reduzindo as reformas Quem impôs estas normas Foi a rica união Europeia II Foi estudado ao pormenor O futuro da grande união Ficam com o poder na mão E dão mais força ao maior O rico fica sempre melhor Com poder para mandar E autorização para sacar Sem ser acusado de nada Foi esta política malvada Que fez este país paralisar III Os direitos de quem trabalha Passo a passo vão acabando E há gente que vai aceitando Dormir num colchão de palha Vão andando por aí ao calha Se não pensa não se chateia Falta-lhe o sangue na veia Para criticar esta política Por não fazerem a sua critica Estamos enleados numa teia

IV Alguns nunca concordaram Com esta grande destruição De bons setores de produção Para onde nos empurraram Qualquer canto me satisfaz. De protestar não pararam Qualquer desejo me é efervescente! Qualquer sonho revela, analiticamente, meus mundos líquidos.... E nunca pensam em parar Sentem o dever de alertar Muita gente deste mundo Márcia Cristina de Moraes Está enleada lá no fundo Nós temos que a desenlear Manuel Martins Nobre


Y

Poeta em Destaque

Março/Abril 2017

Foi considerado um dos maiores romancistas rus-sos, foi poeta citador. Nasceu em 11 de novembro de 1821 em Moscovo.Em 1837 ficou órfão de mãe com 16 anos, isto em 1837 e em 1839,o seu pai foi assassinado. Ingressou na Escola de Engenharia Militar de São Petersburgo, após o assassinato de seu pai. Dedicou-se à leitura dos grandes escritores da época. 1843 – Concluiu os seus estudos e no ano seguinte te e traduziu a obra “Eugènie Grandet,” de Honoré de Balzac alzac e “Dom Carlos”, de Schiller. 1846 – Publicou o seu primeiro romance “Pobre Gente”, novela que retrata o povo humilde de São Petersburgo, sendo que em 1847 com segunda edição 1847, engajou-se na luta da Juventude Democrática Russa no combate ao regime do Czar Nicolau I. 1848 – Foi preso e condenado à morte, mas teve a sua pena substituída por trabalhos forçados na Sibéria, onde passou quatro anos preso e cinco como soldado russo. 1859 – Voltou para são Petersburgo onde publica “Recordações da Casa dos Mortos”, que relata a sua experiência em trabalhos forçados a que foi sujeito/submetido na Sibéria. 1864 – Publica “Memorias do Subsolo”. 1867 – Publica “Crime e Castigo” 1868 – Publica “O Idiota” 1872 – Publica “Os Demónios” 1880 – Publica “Os Irmãos Karamazov” entre outros. Para além de ser um dos maiores romancistas da literatura russa, foi também um dos maiores inovadores artistas de todos os tempos. Trabalhos famosos e obras- primas: - “Notas de Subterrânio” - “Crime e Castigo” - “Os Irmãos Karamazov” - “Existencialismo”. Faleceu em 9 de Fevereiro de 1881.

FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

Um olhar sobre a biografia de

Mensageiro da Poesia - 27

(O poema é um mistério que nos transforma. O poeta aspira sempre transformar o ser humano para melhor) - “Sou um mestre na Arte de falar em silêncio. Toda a minha vida falei calando-me e vivi em mim mesmo Tragédias internas sem pronunciar uma palavra”. “Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente.” Dostoiévski Damásia Pestana


Março/Abril 2017 28 - Mensageiro da Poesia

- “Sou um mestre na Arte de falar em silêncio. Toda a minha vida falei calando-me e vivi em mim mesmo Tragédias internas sem pronunciar uma palavra” “Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente.” Fiódor Dostoiévski

e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com


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