Boletim 141 Mensageiro da Poesia

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Mensageiro da Poesia - 1 Julho/Agosto/Setembro 2017

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Bocage O nosso patrono Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Trimestral - n.º 141 Julho/Agosto/Setembro 2017

Poetisa do Mês

Rosélia Martins Pág. 15

Amoroso e Poesia


Nota de Abertura

Julho/Agosto/Setembro 2017

2 - Mensageiro da Poesia

Terminam as férias e reentramos na nossa actividade associativa com novas iniciativas, tertúlias, publicações e acima de tudo encontros com Amizade e Poesia. Este colectivo de poetas e amigos da Poesia, tornou-se numa das associações com mais iniciativas no concelho do Seixal e por seu turno num espaço de divulgação e promoção cultural dos mais dinâmicos e participados. Quase tudo se faz com trabalho voluntário e mesmo a confecção do boletim, feita comercialmente na gráfica, só é possível com grande dedicação e empenhamento profissional. É um somatório de peque-

nos contributos que tornam em muito grande o trabalho final que no conjunto realizamos. Naturalmente que, como em todas as organizações há também um “núcleo duro” que arregaça as mangas, está em todas e mobiliza os restantes,,, e é com este trabalho e dedicação que a criação poética dos nossos associados tem visibilidade e a Poesia de um modo geral se enaltece. Será por isso oportuno realçar neste momento, a importância do “Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética”, como baluarte de cultura e ao mesmo tempo de expressão colectiva, onde as criações

literárias de cada um ganham mais expressão, onde os grandes vultos da nossa literatura também estão presentes, mas onde é importante que o espírito de partilha para dentro e para fora seja um modo de identificação de todos os que fazem parte desta associação. Jorge Henriques Santos Jornalista.

Joaquim Figueiredo ‘O Peregrino’ Joaquim Figueiredo que editou o seu livro “Arigato” em 2014, e, apesar de já não ser sócio, continua a cumprir com o que prometeu nessa altura (uma percentagem da venda do livro reverter a favor do Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética). A direcção agradece e louva esta atitude e espera pelo seu regresso a esta família. Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Ivone Mendes, Nelson Carvalho, Chico Bento, Luís Fernandes, Jorge Henriques Santos, Arménio Correia, Dolores Carvalho, Armanda Rosa, Maria de Lurdes Brás, José Gomes Camacho, Berta Rodrigues, Pinhal Dias, Mário Pão-Mole, José Manuel Jacinto, Maria Laurinda Pacheco, Adelaide Palmela, João Pereira, Ana Santos, Isidoro Cavaco, Euclides Cavaco, Lurdes Emídio de Jesus, Márcia Cristina de Moraes, Lúcia Carvalho, Carmindo Carvalho, António Bicho, José de Frias, Maria João Cristino, Francisca S. Bento, Manuel, Hermilo Grave, Domingos Pereira, Maria Damásia Pestana, Magui, Fanny, Laura Santos, Rosélia Martins, Manuela Lourenço, António Mestre, Maria Vitória Afonso, José Maria Gonçalves, Miraldino Carvalho, Maria de Jesus Pereira, Agostinho Cunha, Emília Mezia, Preciosa Gamito, Emídia Salvador, Bia do Táxi, Elmano Gomes • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt


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Próximas actividades Tertúlia Poética homenageando o Poeta Bocage: O Mensageiro da Poesia realiza no dia 24 de Setembro 2017, (domingo) pelas 15 horas na sede da nossa associação, uma Tertúlia Poética assinalando o nascimento do Poeta Bocage, patrono da nossa associação, em local a definir, com lanche compartilhado, comparece e traz um amigo. Aniversário do Mensageiro da Poesia: Dia 22 de Outubro de 2017 (domingo) o Mensageiro da Poesia realiza o seu almoço de aniversário, em local e hora a definir, com poesia, fado, e muita animação. Será também apresentado o livro de poesia do nosso associado Elmano Gomes.

Donativos

É com muito agrado e profundo reconhecimento que aqui endereçamos, publicamente, agradecimentos muito especiais a todos quanto têm contribuído para dar continuidade ao nosso boletim, mas também para o bom nome e sucesso da nossa Associação, com trabalho voluntário, apoio, carinho e incentivo mas também, com generosos donativos monetários que aqui descrevemos:

João Ferreira......................................10€ Manuela Amaro.................................5€

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Vida Associativa

Consulte a nossa página no Facebook e deixe os seus comentários: http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com

Destaques nesta edição: • Cantinho do Escritor - Pág. 9 • Entrega de prémios do IX Concurso de Poesia - Págs. 4 à 7 • Festas Populares de Amora - Pág. 15 • Poetisa em Destaque: Mário Sá Carneiro - Pág. 6 e 7 • Poetisa do Mês: Rosélia Martins - Pág. 10 e 11 • Passeio de Barco - Pág. 14

É com muito prazer que divulgamos a todos os nossos associados(as) a parceria, que o Boletim “Friluso” mantêm com o Mensageiro da Poesia, divulgando-o sempre nas suas publicações.

Quotas de 2017 Caros associados (as) Terminou o ano de 2016 e verificámos que só 66 sócios pagaram as quotas, e por isso, agradecemos que ponham as suas em dia, por vale postal, cheque, ou através de depósito bancário, na conta do Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética, no Banco Montepio Geral, NIB: 0036002299100077597 96. Recordamos que a quota tem um valor anual de 20 € (vinte euros) em Portugal e 25€ para o estrangeiro. Gratos pela vossa colaboração. A Direção


Vida Associativa

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Apoios:

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

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Entrega de Prémios do IX Concurso de Poesia Foi no dia 25 de junho de 2017 que o Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética, fez a entrega dos prémios do seu IX Concurso de Poesia, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas, perante uma sala repleta de associados e amigos, que sempre fazem questão de estar presentes nos nossos eventos. Após a composição da Mesa de Honra composta pelo Presidente do Mensageiro da Poesia, Sr. Luís Fernandes, pelo Presidente do Centro Cultural e Desportivo das Paivas, Sr. António Pepe, pela representante da Junta de Freguesia de Amora, D. Helena Quinta, e por um elemento do júri do concurso, Sra. Professora, D. Maria Céu Pais. Teve a palavra o Sr. Luís Fernandes, que fazendo uma breve resenha ao historial do Mensageiro da Poesia, agradeceu aos poetas participantes no concurso, sem eles tal iniciativa não seria possível, assim como à direção do Centro Cultural e Desportivo das Paivas que mais uma vez nos disponibilizou as suas instalações, assim como à Junta de Freguesia de Amora, pela sua preciosa colaboração,

é e participação na aquisição dos prémios. Foi a vez do Sr. António Pepe, com palavras simples, mas sentidas, dizer ser uma honra para o Centro Cultural e Desportivo das Paivas, receber tão importantes eventos culturais ao serviço do povo, reiterando toda a disponibilidade possível para futuros eventos. A professora D. Maria Céu Pais, representando o júri do concurso, agradecendo o convite, disse sentir-se privilegiada por poder fazer parte de tão nobre iniciativa, não tendo sido tarefa fácil a classificação dos poemas um vez que a uma q qualidade dos tr trabalhos a c concurso era b bastante elev vada, tendo h havido nos p poemas prem miados uma u unanimidade por parte do júri. Por último continua n na página 5 


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continuação da página 4

D. Helena Quinta em nome da Junta de Freguesia de Amora, deu os parabéns ao Mensageiro da Poesia, por mais esta iniciativa, assim como a todos os poetas participantes no concurso, frisando a grande importância que o Mensageiro da Poesia tem na cultura deste concelho, não só a nível de concursos, mas também nas suas Tertúlias Poéticas, nas suas Antologias, incentivando assim o gosto pela leitura poética. Dando início ao espetáculo propriamente dito, subiu ao palco o Grupo Cantar D’amigos, da Associação de Reformados do Casal do Marco que com a sua alegria contagiante animaram a plateia com quatro canções populares.

Seguiu-se a entrega dos prémios referente à modalidade de quadra, aos poetas premiados, com a leitura dos poemas, tendo-se seguido a atuação dos Jograis do Mensageiro da Poesia, que mais uma vez animaram a assistência com dois dos seus poemas mais conhecidos, seguindo-se a entrega dos prémios referentes ao poema livre, havendo tempo ainda para os poetas e fadistas presentes fazerem ouvir a sua voz. Era chegada a hora de terminarmos, com um excelente lanche compartilhado como vem sendo hábito, em que em conversa informal todos dão a sua opinião sobre os mais variados temas. Com as nossas saudações poéticas, até um dia destes. Arménio Correia

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Vida Associativa


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IX Concurso de Poesia - Quadras

Idade avançada Ao chegar a esta idade Sem zanga, e sem revolta. Recordo a mocidade Ao saber que ela não volta.

Terceira idade Com seu passo vagaroso Andando pelo jardim. Vai um homem já idoso Cabelos brancos sem fim. Está na terceira idade Nunca fugiu de ninguém. Agora sente saudade Do tempo que já não vem. Com passos descontraídos Passa o tempo, e é feliz. Despertos vão os sentidos O destino assim o quis. Nos encontros de amigos Relembra lutas inglórias. Recorda sonhos antigos, Convive, e conta histórias. Todos temos o dever De lhe dar todo o valor. Pra que ele possa viver Em paz, e com muito amor. Pseudónimo = Sabú Domingos M. F. Pereira 1º Prémio

Trilhei veredas juncadas Por espinhos de ilusões. Que foram calcorreadas, Corri atrás de ambições.

Envelhecendo

Na familia encontrei O pilar que me faltava. E com ela partilhei Tudo o que a vida me dava.

Cada dia que passa, envelheço, Ficando mais atento mais ativo. Os anos que carrego são o começo Desta terceira idade, em que vivo.

Aos amigos agradeço Do fundo do coração. As palavras de apreço Não sei se as mereço ou não.

Tecendo esta teia me enleio Em sonhos recheados de encanto. Recordo pensamentos e vagueio, Nos versos que escrevo me levanto.

Sinto-me um protegido Por tudo aquilo que fiz. Pois para mim faz sentido Sempre foi isso que quis.

Ser idoso é ter mais compreensão Que me dá sua luz, também o norte. É saber conviver com a solidão Antes de ser levado pela morte.

Esta velhice sentida Que eu vivo sem parar. Vou levá-la de vencida Sem me deixar enganar.

Envelhecer ativo e solidário É transmitir à nova geração, Atributos mais fortes, ser contrário, Àqueles que se perdem na ambição.

Já nos momentos finais E com a sorte traçada. Todos nós somos iguais, Mas não nos vale de nada.

Ser idoso é um bem, não um invento! É conseguir viver e ser escolhido Pra servir de exemplo, e no momento De morrer, poder dizer; “Dever cumprido”!

Pseudónimo = O Marinheiro Luís F. N. Fernandes

Pseudónimo = Apolo C. Arménio L. F. Correia

3º Prémio

2º Prémio


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Os Idosos Nesta passagem terrena Ser idoso é ser capaz, De dizer valeu a pena Ter vivido, ser audaz. É dizer dever cumprido No presente e no passado, É mostrar que está vivo Que é um idoso ativo Nesta passagem fugaz.

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Vida Associativa

O Idoso

IX Concurso de Poesia Poema livre

É dar aos filhos alento, Aos netos muito carinho, E ouvir na voz do vento Um sussurrar ternurento Como que a dizer baixinho. Nada corta o pensamento Ao idoso que caminha Com seu passo lento, lento. Quando o fim se avizinha.

As marcas que o tempo deixou... Contando o rasto na areia Que a ampulheta A mesma descia sem dó, Deixando-me cada vez Mais longe e mais só. Apaguei parte dos traços Duma tristeza na face Do tempo, desse tempo que passou. Ai se o tempo pudesse parar... Talvez não visse como o rosto enrugou. Quantas foram as luas Que contei nas noites sem estrelas? Nas primaveras fui flor, Perfumando os meus dias. No entardecer vi o Sol a desaparecer... Sinto saudade da alegria emanada Do tempo que por mim passou, Esse que encheu a minha alma, Hoje ilumina a minha solidão, Já sem o toque Voluptuoso dos meus dedos Deslizando nos cabelos brancos.

Nos amigos encontrou Seu amparo, seu suporte. Nos bons tempos que passou Em que viveu e sonhou Ser Idoso Sem nunca perder o norte. Aos idosos já cansados O ser humano é muito esquisito, Pseudónimo = Calendas Maria Damásia Pereira Pestana Que vivem na solidão. Muito extravagante, Aqui fica o obrigado Pois, muitas vezes, não almeja, 3º Prémio Pelos valores ensinados Ao mesmo tempo, não deseja, Para a nova geração. E é capaz de dar o dito por não dito, No mesmo instante! Pseudónimo = O Ancião Arménio L. F. Correia 1º Prémio

Eu explico: Viver muito tempo todo o homem quer; Velho, porém, ninguém quer ser! Mesmo que a humanidade, toda inteira, Que gosta muito de viver de ilusão, Queira ou não queira, Pra muito tempo se viver, Ela não tem, não, Por onde escolher: A única solução É, e sempre será... envelhecer! Pseudónimo = José Maltês Hermilo Grave 2º Prémio


Os Nossos Poetas

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Onde Estás? Em sonhos, Caminhas a meu lado De mãos entrelaçadas… Avançamos no tempo. Procuramos construir O meu, o nosso mundo. Mas pensas nos outros. Vives mais para os outros… Para ti, Só existem outros. E é por isso Que ofereço apenas A minha amizade. Por isso sou tua irmã. Por isso, a ti, te basta… Irmã por natureza. Irmã que te respeita Irmã que se orgulha de ti, Mas que continua a perguntar: - Onde está o companheiro?

Amizade Vai-te embora falsidade Do meu pobre coração Só quero ter amizade E a todos dar a mão

Minhas mãos

/// Já estendi a minha mão P'ra segurar um amigo Já fiz do meu coração Um pedacinho de abrigo // E sou uma mão aberta P'ra quem dela precisar Quem sabe na hora certa Minha mão vens agarrar João Ferreira // Imagina a minha mão  A afagar o teu rosto Será a consolação “Poeta“ Na hora do teu desgosto // Poeta que vês nas Estrelas, Se na palma da minha mão Melodias que compuseste, Está o destino marcado Palavras que ontem perdeste, E quem sabe a salvação Hoje, consegues reavê-las. D'um tormento já passado Tens o poder de retê-las // Insistindo fortemente, São duas as minhas mãos Com teu poder persistente Abertas à realidade Um dia hás-de vencê-las. Unidas elas serão A eterna felicidade Mesmo em noites sem luar, // Que estranha a tua inspiração Mas não, que não entenderia Descobrindo na escuridão, A luz que ao Mundo queres dar. Espero que seja verdade Eu estender algum dia Não consegues descansar Minha mão à caridade. Na doçura do teu leito, /// Mas a revolta no teu peito, Maria de Lurdes Brás Um dia há-de triunfar. José Camacho

Nesta vida de incerteza Quero ter a alma pura Deixei partir a tristeza P’ra dar lugar á ternura Grande amizade, senti Que sentimento tão lindo Quando eu a conheci Meus lábios foram sorrindo Amizade e o amor Caminhando lado a lado Para mostrar seu valor Vão sempre de braço dado Amizade verdadeira Tem sempre muita beleza Se ela dura a vida inteira É sincera com certeza Maria João Cristino Lopes

Reflexão O que vejo eu ao longe… A minha capacidade de amar? Seja sempre, ontem ou hoje Esta minha vontade de gritar Onde está a esperança? Onde está a realidade? No sorriso duma criança? Ou naquilo que é a verdade Bia do Táxi


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Albufeira

Capital do Turismo Albufeira é capital Do turismo em Portugal Com mérito e com razão Tem praias em quantidade Com a melhor qualidade Que orgulha a nossa Nação. Vestígios do seu passado Hoje no museu guardado Atestam antiguidade As muralhas do castelo Igrejas que inda são elo De ligação à Cidade. Burgo de gentes do mar Numa devoção sem par Veneram devotamente O seu Santo preferido Em Albufeira nascido O mártir Frei São Vicente. Activa e movimentada Para o futuro virada É moderna e altaneira Aqui pode desfrutar A paz que nos vem do mar Na cidade de Albufeira !... Euclides Cavaco

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Basta um sonho

Os Nossos Poetas

Nos teus braços

Amantes

Nos teus braços acordei E sem saber que existias Estavas ali meu amor!... Nos teus braços... Eu queria... Ficar... ali a dormir... Seres o ninho... Deste "pássaro" Entre o dia e a noite... E a noite permanecer!... No teu calor ficar!... Ser o Mar do teu olhar! Olhar para ti!... E nos teus braços Viver... Como se fosse Flor!... Ter os teus beijos amor... Beber contigo A seiva de todo o amor... Nos teus braços Meu amor Eu queria acordar!... E Ser tudo... E Nada em TI!... Apenas Voar contigo... Num ninho feito de Amor!...

Saber com amor tocar No coração sem magoar Nem todos serão capazes Com carinho com ternura Meigamente e com doçura Só assim se pode amar Que bom é sentir calor Em nós e ao nosso redor Disso todos precisamos E a sofrer nós calamos E o nosso corpo entregamos P’ra prova do nosso amor Nesta dádiva total Somos todos afinal Amantes como qualquer Entre o homem e mulher É este o amor real.

MAGUI

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Para o meu coração basta um sonho sinto-me como gaivota no mar, areia do deserto, voando em liberdade. Para o meu coração basta um sonho adormeço os anseios nas palavras singelas. A voz sem som que se move nos lábios dá ânimo aos cansaços. Pinto um quadro quando o sonho no papel é gravado, de brisas de emoção é salpicado para o meu coração basta um sonho sonho calado ou até um pouco triste que importa? Assim, sei que a vida em mim existe para o meu coração, basta um sonho. Fanny

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Laura Santos

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Amora meu amor Amora meu amor Cidade linda no teu corpo De verão Amora meu amor Quente fruto apanhado Na ternura Sabor de verde baque Minha água de beber No teu parque Amora mulher\ homem Mãos unidas na raiz Nós de vozes erguidas No sonho de ser feliz Amora meu amor de ser Adolescente em emoção e alegria A crescer Lurdes Emídio


Poetisa do mês

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Rosélia Martins Melodia

É com muito prazer que damos hoje a conhecer, a todos os nossos associados, a Biografia da nossa associada Rosélia Maria Guerreiro Martins, nascida a 15 de novembro de 1943, em Loulé, cidade onde também nasceram os poetas Cândido Guerreiro, António Aleixo, Isidoro Cavaco, Álvaro Cavaco, entre tantos outros vates de eleição. Tendo começado a ler e a escrever muito cedo, ainda na escola primária já nela se tinha despertado o gosto pela Poesia, que lhe havia de servir de lenitivo para as suas divagações. Começou os seus estudos na sua terra natal e aí continuou até chegar ao ensino superior. Construiu a sua vida familiar e ocupação profissional sempre com a musa a pairar na mente. Começou a publicar os seus escritos em diversos jornais e revistas.

Enquanto as horas passam nesta manhã ao som do violino que ao longe ouço tocar fazendo vibrar a poesia que há em mim sinto-me voar no universo onde procuro o afecto dessa mão onde procuro o poeta que em mim nasceu a música soa cada vez mais perto de mim sons maravilhosos que me adormecem os sentidos para a vida e me deixam a flutuar neste mar de ilusões dulcificadas pelas palavras sábias de um poeta de um poeta qualquer que escreveu e sonhou sonhou e ditou ditou ao vento ao luar deitou ao mundo em ondas de esperança a sua voz o seu cantar estás aí poeta nesse trono onde me encontro desejo uma paz interior vida da minha vida és o sangue que me corre nas veias és a palavra que teimo em balbuciar és o dom que me faz sentir viva tu o poeta que existe em mim hoje te encontrei neste dia ao sabor de cânticos ao sabor da alegria aqui estás tu meu poeta nesta romântica melodia Rosélia Martins

continua da pág. 11


Mensageiro da Poesia - 11 Julho/Agosto/Setembro 2017

continuação da pág. 10 Posteriormente, também na internet, onde está representada em vários websites luso-brasileiros. Recebeu algumas Menções Honrosas, que a incentivaram a continuar. Hoje está aposentada. Dedica-se à escrita e a eventos culturais. Também é congressista e divulgadora de Poesia. Participou em diversas antologias e coletâneas, tais como: POIESIS (1999-2012, Editorial Minerva (20 volumes); POÉTICA (2010-2014), Editorial Minerva (4 volumes); JANELAS DO UNI-VERSO (2013, Ed. Minerva; Antologia da Poesia Feminina Algarvia; Antologia de Prosa Poética Louvor a Cascais; várias antologias da APP; Revista Poetas e Trovadores e também vários artigos dispersos em jornais regionais online. Participou, durante vários anos, num grande portal Luso-Brasileiro, onde deixou vasta obra. Publicou também dois e-Books, que estão gravados em CD: “Poesia da Imagem” e “Tempo de Amor”. É associada da APP – Associação Portuguesa de Poetas; AJEA – Associação dos Jornalistas e Escritores do Algarve e ONE – Ordem dos Escritores do Brasil; tem obra dispersa em vários websites, blogues, portais e redes sociais pelo mundo lusófono e latino-americano e também colabora com os “Confrades da Poesia”, no seu boletim e rádio online.

Eu queria viver… Eu queria viver no sol radioso Perene de energia, sempre a bailar, Ou na lua com seu ar vistoso E com seus raios poder bailar. Eu queria viver na distante estrela Fulgurante e sempre a cintilar. Eu queria viver em qualquer esfera Ainda que estivesse sempre a brilhar. Eu queria viver num astro ou planeta Em qualquer um objecto voador Meteoro astróide ou num cometa Mas onde existisse a lei do amor. Mas aqui, neste pequeno lugar, Onde só há ódio, só há guerra Aqui não, só se sabe estragar, Só isso faz ser vivente da Terra. Rosélia Maria Guerreiro Martins


Os Nossos Poetas

12 - Mensageiro da Poesia

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Algarve Lindo Algarve és promissor E cantas á liberdade Canções de paz e amor Numa profunda saudade.

Bilhete de Identidade

Tens Alvor e Portimão Plantados á beira mar E sabes dar proteção A quem te vem visitar.

Malanjino é meu Pai Malanjina é minha Mãe que não precisaram de nascer Lá, para amarem mais que eu a Terra onde nasci. Com teu prestígio revelas Que jamais esqueceram Um fascínio sem igual e com Eles aprendi E as tuas praias tão belas a nunca me esquecer Dela. Valorizam Portugal. Malanjino é meu Pai Malanjina é minha Mãe Mar de águas cintilantes que não nasceram lá, É uma fonte de saúde mas de Lá são, na mesma… E as ondas inebriantes sempre independentes Cativam a juventude. como todos os pais e mães das Nossas gentes Teu oceano a brilhar que nunca esqueceram Com as ondas rendilhadas a aldeia de onde vieram Lembram toalhas de altar mas que são dessa Malange Com suas pontas bordadas. onde viveram. Malanjino sou eu, Dolores Guerreiro da Costa Malanjina é minha Irmã, que lá nascemos,  e também minhas filhas e sobrinhos Amizade e netos e descendentes a seguir depois de irmos Não se compra nem se vende Malanjinos somos Embora de grande valor e como herança Está dentro de quem a sente fica esta redação. Não há riqueza maior que é uma certidão do teor da nossa naturalidade Amizade que nos toca imune a todas as legislações Que existe dentro de nós, dos parlamentos Sem recebermos nada em troca que digam o contrário. É dar-mos algo de nós É um gesto de amor Que nos sai do coração Amizade não tem cor Nem raça ou religião. Berta Rodrigues

José Jacinto N´Django”

O cíume fere Fiquei triste ao saber Que mal de mim dizias Não consigo compreender Essas tuas fantasias O ciúme é a razão Para esse teu proceder Só procuras confusão Com o que andas a dizer Quando olhas para mim Sinto no corpo um peso As coisas não são assim O ciúme causa desprezo Tanto ciúme e maldade Que fere o teu coração Tratas-me mal é verdade O ciúme é a razão Refrão Nunca digas a ninguém O que nunca aconteceu Pois tu sabes muito bem Este amor nunca foi teu Este amor nunca foi teu Nunca foste o meu bem O que nunca aconteceu Nunca digas a ninguém. Chico Bento


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A minha esposa

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Os Nossos Poetas

A mulher não é um génio, é um elemento decorativo. Não tem nada para dizer, mas di-lo tão lindamente. Oscar Wilde O coração da mulher, como muitos instrumentos depende de quem o toca. Saint Prosper A mulher é um efeito deslumbrante da natureza. Arthur Schopenhauer Vivia d’este mundo já descrente, Carpindo, sem cessar, as minha dores, Até mesmo o odor das lindas cores Me passava sem graça, indif’ente! Tudo agora mudou-se felizmente. Já não sinto da sorte os crus rigores, Tenho a meu lado um anjo de primores, Que me consola os dias docemente.

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“O meu Portugal”

É na quietude da noite de luar que mil sonhos vêm até mim viajo no pensamento a voar, por jardins de esperança com cheiro a jasmim. A lua cheia sonha com ar risonho clara brilhante, serena e calma, partilhei com ela o meu sonho abri para ela as portas da alma.

Ó meu Portugal Meu país “errante” Como está distante E também errado O velho ditado “És um paraíso” À beira mar plantado Agora sufocas de tanto calor São os pulmões das serras E florestas sofrendo de dor São suspiros em fumos Da mãe Natureza Que vê destruída Riqueza e beleza Século XXI Que devia ser calmo e civilizado, Mas que só semeia tristeza desditas O planeta a destruir-se Voltando ao tempo dos “trogloditas” Devia ser a era da evolução, Mas há os retrógrados em mentalização Acabem com tanto destruir Deixem os homens de mente sã Construir Que Deus afaste o mal Para que possamos ter Paz, saúde Que volte o sorriso aos nosso Portugal

Manuela Lourenço

Ivone Mendes

Meus pesares converteu em alegrias, Meu viver converteu em doce riso, Reunindo c’os meus seus belos dias… Seu amor recebendo e seu sorriso Já sentimos da vida as primazias, E temos n’este mundo um paraíso! Nelson Carvalho

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Quietude


Vida Associativa

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Amoroso e Poesia Decorreu no passado dia 7 de Julho mais uma belíssima tertúlia a bordo na embarcação tradicional "Varino Amoroso". A iniciativa coube ao Mensageiro da Poesia que mais uma vez contou com a colaboração da Câmara Municipal do Seixal, oferecendo os préstimos da embarcação "Varino Amoroso" para mais um passeio de barco na baía do Seixal.

A agradabilidade do local, o enquadramento com a moldura que envolve toda a baía, bem como a moldura humana que se coloca a bordo, tornam estes passeios num dos momentos mais altos das vivências e convivências do Mensageiro da Poesia. Comandada a embarcação pelo mestre Nuno, mais conhecido por "Bogas", uma das figuras mais emblemáticas da vida ribeirinha do Seixal, o itinerário apontava para uma volta ao largo espreitando mais de perto as ruas da Amora e o casario da monumental Lisboa. Porém uma anomalia verificada no mastro da embarcação logo após a partida, fez a prudência do mestre e para segurança de todos,

lt ffosse encurtada, t d mas o passeio i mesmo que a volta assim se fizesse. Não tem a nossa associação, num dia de semana procura de participantes para toda a lotação do barco, por isso o convite foi alargado às Universidades Seniores da Quinta do Conde e do Seixal, completando-se aos cerca de 80 lugares que dispõe a embarcação. Mais ao largo pararam-se os motores, içou-se a vela e apenas a brisa animava a calmaria da tarde onde o brilho do sol dava mais cor ao garrido das vestes de Verão. O deslizar aveludado do "Amoroso"

sobre as águas, coloca-nos no centro da grande praça que é o Tejo com os casarios do Seixal da Arrentela e da Amora lá mais à frente. Tudo se adequava para que acontecesse poesia e foi a ocasião para, do convés para a proa, cada um p sua vez, dizer de si. Declamou-se e cantou-se, por partilharam-se poesias próprias e enalteceram-se poetas como José Régio, Camões, Ary dos Santos e Fernando Pessoa. Mais uma tarde memorável, repetida com agrado por aqueles que já tinham participado antes e surpreendente para muitos, os que pela primeira vez tomaram parte neste evento, bem à medida do Mensageiro da Poesia e que uma vez por ano a Câmara do Seixal proporciona. jhs


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Vida Associativa

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Festas Populares de Amora de 11 a 15 de Agosto g

Pela décima segunda vez consecutiva a nossa Associação esteve presente nas festas da Cidade de Amora. O Stand foi gentilmente cedido pela Junta de Freguesia. Estiveram expostos livros de vários associados (as) assim como as nossas Antologias e os nossos Boletins. A embelezar o espaço esteve presente uma linda exposição de poesia ilustrada, com trabalhos dos nossos associados (as). Fomos honrados com a visita do Sr. Presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, o Sr. Presidente da Assembleia Municipal do Seixal, Alfredo Monteiro, o Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Cidade de Amora, Manuel Araújo e a Sra. Helena Quinta do executivo da Junta de Freguesia de Amora . Presente também esteve o Sr. Presidente da União de Juntas do Seixal, António Santos. A todas estas individualidades aqui deixamos

lientar que estes dias de festa foram um grande êxito. Nota Associados que colaboraram no stand da nossa Associação: José de Frias, Donzília Fernandes, Pinhal Dias, Arménio Correia, Luís Fernandes. Luís Fernandes

os nossos sinceros agradecimentos não só pela visita como pelas palavras de apoio com que nos saudaram. Uma palavra de reconhecimento a todos os colaboradores que apoiaram a Associação neste evento com o destaque justíssimo para a Junta de Freguesia da Cidade de Amora na pessoa do Sr. Presidente Manuel Araújo. É de sa-


Os Nossos Poetas

16 - Mensageiro da Poesia

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Julho/Agosto/Setembro 2017

Alcoutim Alcoutim é desde sempre. A minha terra, Que de tão bonita Até Deus adora.

A dor da minha cruz Na minha alma, onde os sonhos sem tamanho, Voavam a sorrir em liberdade, Nesse mundo tão belo e tão estranho, Num cosmos com estrelas que eu apanho, Lá onde a ilusão mata a verdade. Quisera ser um barco sem regresso E ter sonhos de amor sem horizontes, Andar só por caminhos de sucesso, Entrar na porta mágica do acesso, À água cristalina de outras fontes... Mas encontrei apenas o vazio, Silêncio de palavras sempre ditas, Tão fúteis, tão iguais e sem desvio, Qual turbilhão de caudaloso rio, De juras e promessas que hoje evitas.

Há quem chore Para poder viver Neste cantinho Onde a vida é feita de saber. Tens um rio que te adoça E ainda mais uma ribeira Que se chama Cadavais O que podes querer mais? O teu castelo altaneiro, Tem sempre muitas ovações De quem o visita, Até estremecem os corações. António Mestre

Na saudade das horas já passadas, Sinto a dor dos minutos não vividos Em noites de ilusões desencontradas, Loucuras que não foram desvendadas, Nos sonhos tantas vezes repetidos. Lágrimas que ficaram sufocadas, Gritando em pranto mudo no meu peito, São deste mar as chamas apagadas, Que nas ondas murmuram as baladas, Recordando um passado já desfeito. Nas noites que não tinham madrugadas, Teus olhos, quais girândolas de luz, Queimaram ilusões atraiçoadas, Nas promessas traídas e juradas, Que são agora, a dor da minha cruz. Isidoro Cavaco

Sentidas Condolências Vem a Direcção do Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética apresentar as suas condolências à sua associada pioneira Aurora Maria S. S. Raimundo, familiares e amigos/as,sentidos pêsamos pela morte do seu marido José Gregório Raimundo no passado dia 14 de Junho.


Julho/Agosto/Setembro 2017

Avô carente Andar trôpego vacilante vai o avô velhinho de bengala amparado vai num passo lento errante... sem destino, vai para qualquer lado. Vai entregue à sua solidão sem saber o que fazer, já não tem nenhuma missão vive apenas por viver. Os filhos e netos têm a sua vida por isso fica sem companhia, sem uma palavra amiga que lhe dê alguma alegria. À noite quando todos estão reunidos nem sequer têm tempo... vivem uns dos outros esquecidos nem ligam ao seu lamento. e o esquecido avô velhinho não tem o mínimo carinho ninguém liga ao que sente, ali fica o avô de coração carente vazio na alma , olhar ausente. Manuela Lourenço

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Amar a poesia Acaricio-a com o meu olhar, E dispo-a com os meus sentidos... Esta é a única maneira de a amar, No mundo dos sonhos perdidos!... Dos sonhos e dos tais momentos De silêncios, em que a vida Se torna bem mais apetecida, Se aliviada dos seus tormentos! Convictamente dado ao sonho E porque a minha alma não desiste, Deixo aqui dito, ao que me proponho: Amar eternamente a poesia Natural, pura e cuja magia Torne este mundo menos triste! José Maria Caldeira Gonçalves

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Mensageiro da Poesia - 17

Os Nossos Poetas

(Ao Amadeu com muito amor e ao Nuno com perdão pela brincadeira) Muitos serões na tua companhia Deixei de ter por aquele vil traidor Que me fascina e te rouba a alegria De teres sempre contigo o teu amor Se tu finges ter disso indiferença O filho o partirá com uma marreta Desse gesto tenho uma vã descrença Achando-o o uma inusitada peta Que ser é esse, sem nome até agora Que não nos impediu pela vida fora De nos amarmos com todo o ardor? Não queria contar, faço-o muito embora Dizendo o carinho que em mim mora Esse ser odiado é o Sr. Computador Maria Vitória Afonso

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Ter o sopro de liberdade Antes de acordar já Deus sorria. Ao abrir a janela… o Sol entrou. A grande claridade em mim varria. Envolto meu coração…te encontrou. Viver a vida sempre quis…como corria. No mundo tudo És…simples e amada. A gazela que na selva… saltar queria! Livre… como água do mar saldada. Procurar aquele ninho sem lamento, Também sentir o cheiro e brisa do vento. Nesse antes e no depois de não ser nada! Ter um novo sopro… dessa liberdade! Saber por meu vizinho, o sentimento, Onde há um poço… lógico com verdade. Damásia Pestana


Os Nossos Poetas

18 - Mensageiro da Poesia

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Lembrei-me de escrever Lembrei-me de escrever Tempos do meu passado Eu tenho de lembrança Depois de ser reformado I Com doze anos de idade Eu fui ajuda de gado Ainda hoje recordado Desta minha mocidade Com falta de capacidade Eu pouco sabia ler De novo fui aprender Como se ganhava o pão Foi a minha criação Lembrei-me de escrever

III Também fui militar Cumpri o meu dever Fez parte do meu viver Também é de recordar Depois da tropa acabar Eu tinha fé e esperança Por isso fiz a mudança Deixei a agricultura Não tinha vida futura Eu tenho de lembrança

II Quando já tinha poder Vontade não me faltava A minha enxada cavava Na terra para comer Faz parte do meu viver Este tempo já passado Comi o pão ceifado Aquele que eu semeei Foi assim que me criei Tempos do meu passado

IV Os anos foram passando De coisas boas e más A vida tudo nos trás E nela vamos passando Nunca se sabe quando Interessa é ter chegado Hoje estou descansado Cumpri o meu dever Contente por viver Depois de ser reformado Miraldino Carvalho

Julho/Agosto/Setembro 2017

Amizade Tudo que de belo tem a vida Temos que ter uma convicção: Para amizade ser bem sólida; Deve ser com amor no coração. Eu ofereço em cada dia Porque é sincera e é leal Sai de dentro sem fantasia E de uma forma bem natural Porque sei que amizade É um sentimento mútuo Correspondente a um elo De afecto e fraternidade Por amor e carinho eu zelo, Para que tudo na vida seja mais belo!… Luis F. N. Fernandes

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O Planeta O nosso planeta está doente e já há muito que se queixa, está pedindo a toda a gente com os sinais que nos deixa. A toda a hora pedindo remédio para a sua cura, parece mais uma tortura. Contra o ar que respiramos, contra o nosso próprio ser, o caminho por onde vamos quando o vamos entender? Há dois mil anos, Jesus a todos veio avisar, o caminho está na Sua Luz, vamos a Sua voz escutar! Joana Mendes

Agradecimento O Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética, agradece à família do seu saudoso associado pioneiro Marcus Vinicius de Moraes a oferta do livro com edição póstuma intitulado “Poços de Caldas do Meu Tempo”. Um abraço fraterno.

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A Direcção do Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética informa que tem uma parceria com o Boletim online “Confrades da Poesia”, assim como com a rádio que possuí o mesmo nome.


Julho/Agosto/Setembro 2017

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Mensageiro da Poesia - 19

Os Nossos Poetas

De noite ao luar Será mito, ou vocação? Dar vida a muitas flores, Dar sorte aos amores: Oh Lua! És inspiração. Poeta em qualquer idade Maduro ou na mocidade Lhe falas ao coração. Hoje digo com verdade; O quanto sinto a saudade Dos tempos que já lá vão. Na lua nova vejo a meninice. Quarto crescente a juventude. Na lua cheia a atitude; Seja homem ou mulher A conseguir o que quer. Marcando a existência. E logo vem a decadência Com o quarto minguante, Eis que chegou a velhice; Passou a vida: num instante. Maria de Jesus Procópio

Meninos negros Meninos Negros de olhos rasgados Têm a tristeza estampada no rosto Sem Pais, doentes e abandonados Vivem esquecidos com medo e desgosto. Choram com fome e sem carinho Improvisam brinquedos para brincar Nunca receberam atenção, ou um beijinho Não sabem ler e têm o céu para sonhar. Meninos Negros vazios de esperança Têm no coração a rebeldia de criança Escondida na miséria recalcada pela pobreza. Meninos Negros lutam para sobreviver Ajudados pela “ Fraternidade”, que os ajuda a vencer A dignidade que é a sua maior vitória e riqueza. Ana Santos

Criança Brincavas nessa terra imprópria... tuas "decisões" inimputáveis eram desvalorizáveis pela meninice alcançada... Olhavam tuas vestes e admirados silenciavam as palavras, pouco abonatórias da incompreensão mórbida... Como te sentias bem e pouco preocupado com a imagem, suja, dada nessa festa de aparências desfeitas mas mantida por uma vaidade imprópria, alegadamente aparente da condição humana... Saltimbancos e carrosséis faziam vibrar a vulnerabilidade adjacente de mentes em formação com ruídos sibilantes e constantes em forma de eco nessas ruelas históricas, apaixonadamente por gentes maduras... Não te furtavas a um divertimento, fosse ele qual fosse, pelo simples prazer da convivência sentida, esquecendo por completo, as regras de etiqueta na qual eram constantemente desrespeitadas e absorvidas pela tenra idade... sem fazeres perigar o estatuto adquirido até deixares de ser criança... António Bicho


Os Nossos Poetas

20 - Mensageiro da Poesia

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Julho/Agosto/Setembro 2017

Do coração nasce o amor Do coração nasce o amor Nasce a água na fonte No campo nasce a flor Nasce o sol atrás do monte Da mulher nasce a criança Dá vida a um novo ser

Manuel Martins Nobre

Na vida nasce a esperança Do tempo para viver O amor e a amizade Na vida bem unidos São as raízes da felicidade Não devem de ser destruídos

Depois de uma feijoada Na Cidade do Barreiro Conheci um camarada Director do mensageiro

I Ao grupo das Paivas pertence Não sei há quanto tempo É um cantor de talento A cantar ninguém o vence Nesta terra Seixalense Tem uma vida atarefada Onde tem sua morada Onde gosta de morar Gostei de o ouvir cantar Depois de uma feijoada

III Conheci mais um cantor Manuel Martins Nobre Pertence á classe pobre Mas é um grande senhor O que faz é com rigor Tem uma cultura avançada Com a vida estabilizada Ainda tem muito para dar Aqui vos estou a lembrar Conheci um camarada

II Amigo, estou do seu lado Contra Coelho e Cavaco Castigam sempre o mais fraco Só o pobre é castigado Trazem o povo enganado Por este país inteiro Dizem que não há dinheiro Pra pagar aos trabalhadores Ouvi muitos clamores Na Cidade do Barreiro

IV Assim estou a agradecer Os poemas que me deu Lindos poemas escreveu Eu gostei muito de ler Porque gosto de aprender Com um poeta pioneiro Honesto e verdadeiro Faz isto por devoção Pertence à organização Director do mensageiro

Agostinho António Cunha

O amor é a maior riqueza É o dono do maior bem Pois pode ter a certeza Que na vida tudo tem Todos precisamos Na velhice ou na doença Felizes se encontramos O amor na nossa presença Por falta de amizade O bem se está a perder O coração com maldade Está doente sem o saber O amor tem sempre lugar Nunca se deve perder Aquele que o tem para dar Também gosta de o receber Lúcia Carvalho


Julho/Agosto/Setembro 2017

Poesia à esquadria

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Ter saúde é ser feliz É de tudo o principal Quando isso não acontece Alguma coisa está mal

Fazem-na à esquadria. Pintam-na perante as gentes de cor tão esbatida Que geram uma guerra perdida Que em vez de atrair afugenta As massas e entregam-na toda A uma tísicoquerica elite eclética. E eu, leigo destas lides, avesso a estes emolumentos Pego nos meus pensamentos Por inteiro ou em fragmentos Embrulho-os em palavras Sento-me às esquinas das ruas E praças deste caminho que é a minha vida...

Do meu livro Entre Olhos e Folhos , edição 2002 Carmindo Carvalho

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Os Nossos Poetas A saúde

Os arquitectos patéticos E os engenheiros punheteiros Da poesia perfeita Com obrigatórias rimas E métricas bem medidas São as maleitas da poesia.

E com beijos, abraços Caretas, sorrisos Alguma alegria e algum sofrer Faço o meu viver Que escrevo e deixo Para quem quiser ver.

Mensageiro da Poesia - 21

Eu não exijo muito Peço três coisas apenas Saúde, amor e paz Que são coisas mais pequenas Do que serve haver muito E não ser aproveitado Para haver boa harmonia Não é assim tão complicado A vida para ser vivida É saber aproveitar o que se tem Não haver tanta maldade E todos se darem bem Preciosa Gamito

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Sem conta Sonho muitas vezes ser tua rainha Olho encostada em varandas de marfim Vales imensos circundam o palácio Te vejo de mansinho chegar a mim O Sol se esconde por detrás das montanhas Se despede sorrindo Olhando o palácio Onde a princesa num cismar sem fim Tu meu amor Passeias no jardim Olhando as grandes varandas de marfim Sorris com amor Olhando para mim Levantando o braço com ternura sem fim Fazes a branca pomba Trazer-te até mim Emília Mezia


Os Nossos Poetas

22 - Mensageiro da Poesia

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Julho/Agosto/Setembro 2017

A palavra amor… Simples, terna, talvez bem fácil de dizer, Amor, palavra que tanto poder encerra, Pra uns é o maná mais gostoso na terra; Pra outros um inferno autentico de temer! Agita homem ou mulher, andam em guerra”, Pra um grande amor, a todos custa a vencer, Nenhum sabe, mas cair por vezes traz prazer, Que a porta da felicidade ali se descerra! Vejam, como é doce, terna d’esta palavra, Quando surge leal p’la primeira vez lavra, Encanta quem sente algo novo, profundo…

Os velhinhos Habitavam dois velhinhos, Em certa aldeia do norte. Com noventa anos de idade, Lembravam a mocidade, Esperando em breve a morte. Em certa noite de inverno, Sentados lá à lareira, O velho mais a velhinha, Na sua simples casinha, Falavam desta maneira. Já pouco podemos viver. Dizia o bom do velhinho. Deus queira que eu morra adiante, Para não sentir tristemente, A falta do teu carinho. Ouvindo isto a velhota, Responde ao marido assim. Se a morte em breve vier, E consciência tiver, Leva-me primeiro a mim. Terminando esta conversa, Alta noite, já hora morta, Quando iam para se deitar, Ficaram a escutar, Ouviram bater à porta.

Amor! Sentimento que nasce e morre suspeito, Ninguém sabe o que faz consegue bem-feito, Sendo assim, o amor é será o motor no mundo! Dolores Carvalho

 Bateram vezes sem conta, Pergunta o velho em voz forte. Quem está aí a bater? Então ouviram dizer. Abra a porta que é a morte. A porta para a morte entrar, Ir abri-la nenhum quer. Diz então o marido. Tenho aqui um pé dorido, Vai lá tu abrir mulher. A mulher cheia de medo, Disse-lhe baixo ao ouvido. Vê lá que martírio o meu, Que grande dor que me deu, Vai lá tu abrir marido. Nunca mais se abriu a porta. A morte o que faz depois. Como é forte e está irada, Entrou com a porta fechada, Chegou lá levou os dois. Paz às suas almas Mário Pão Mole


Julho/Agosto/Setembro 2017

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Mensageiro da Poesia - 23

Os Nossos Poetas

Parabéns Anna Jill

(feliz dia 24 de Julho de 2017) Mais um aninho fazer vais Que seja festejado com alegria Juntinhos avó, mano e pais Prendas e muito carinho neste dia

1º prémio nos jogos florais de 2017 - USALMA

Irá ser um dia especial Um dia para não esquecer Avó mesmo em Portugal Sempre que pode te vem cá ver

Partida

(Universidade Sénior de Almada)

É tão bom ser pequenina E ser o centro das atenções És uma linda menina Tenho de ti lindas recordações.

Não é um adeus: Vou simplesmente andar Por outros caminhos, E descobrir novos mundos. Vou deixar a porta aberta Para quem me quiser visitar E deixar uma lágrima, Ou dizer um até já. Aonde quer que eu vá, Levo todos no meu coração. Sou como o vento, Viajante no tempo. Vou levar os meus versos, Vou apreciar a natureza, Vou ver o colorido das flores Nos campos, nos jardins, Vou agradecer aos anjos Por me deixarem matar a saudade Que levo dentro de mim. Não é um adeus: É apenas uma viagem, Por novos caminhos.

Emidia Salvador

Francisca São Bento

Minha querida tu és engraçada És linda e muito inteligente Nunca te irá faltar nada Porque a mãezinha não o consente Tu és um docinho preferido Tu és um favo de mel Tu és um amor querido Tudo és tudo o que escrevo no papel Tu tinhas saudade da avó E avó de ti tinha saudade Avó sem vós sente-se só Esta é que é a pura verdade


Os Nossos Poetas

24 - Mensageiro da Poesia

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Julho/Agosto/Setembro 2017

Prendada Ser bonita e graciosa Ser feliz ter amor Ser bela como a rosa Ser obra do criador Ser boa e carinhosa Ser alegre ter vigor Ser inteligente e garbosa Ser pura como uma flor Ser desta maneira dotada Ser assim tão prendada Ser um ser, em paz e amor Ser criada sem amarguras Ser assim com tantas venturas Oh!...Dei graças ao redentor Bia do Táxi

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Um idoso caminhava Um idoso caminhava Enquanto eu reparava Onde o idoso seguia Segurava em sua mão Uma beirinha de pão E uma voz que assim dizia Já não vejo como via Não posso como podia Já se foi a mocidade Quando a velhice aparece Aqui está o que acontece A quem chega à minha idade Coitado de quem é pobre Que pede à porta de um nobre Uma fatia de pão Mal o pedinte repara Bate-lhe a porta na cara Tratando-o como um cão Disse-me então o idoso com voz Cheia de carinho: Nunca maltrates ninguém, Amanhã tu és idoso, também. José de Frias

Férias Riem para mim as pedras do rio, As árvores, as praias, o luar, o vento, As Aves, o sol, o luar, as flores; Um histórico monumento, os montes, Que corrupio! A Natureza tem laivos de novas cores: Os campos, as cidades, os montes, As cristalinas fontes São, de caleidoscópio, fantasia; De imaginativa utopia. É isso! É isso! São as férias! Que alegria! Retemperar energia; Não cumprir sequer um dever, E nisso ter prazer. É o tempo da apatia, afinal; De, com tranquila suavidade, Cometer até alguma excentricidade. É o tempo da "dolce vitta". Chegou a hora de apenas existir, De viver espontaneamente, De vegetar, qual eremita. De zarpar em viagem havaiana, De, lírico, ir em busca do Nirvana, E, com suave delonga, afinal, Obter a Pedra Filosofal. . . Férias! Lugares sublimes! Ideais! Dir-se-iam surreais Paraísos tropicais. Elmano Gomes "manoel beirão"


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Mensageiro da Poesia - 25

Os Nossos Poetas

Todo o poeta é um sofredor! O Poeta Não é nenhum asceta, Mas o bem geral tem sempre em vista. E se ele, por acaso, é um egocentrista, Não se importando seja com quem for, Não pode nunca ser poeta, Mas sim um mau versejador! O vulgo, com razão, diz Que todo o poeta é infeliz. Pró poeta, talvez seja preciso Grande sofrimento Para ele poder exprimir seu talento, Até ao fim! Então, e o riso, Mais a alegria, Não fazem parte da Poesia? Claro que sim! A todo o momento, ele distribui sonhos Risonhos. Mas ele é, sem qualquer contestação, Um sentimental, um emotivo. E, sem emoção, Ele seria Um ser amorfo e passivo. O poeta é, pois, um sofredor, E, porque sua alma facilmente se incendeia, Ele não sofre apenas a própria dor, Mas também a dor alheia! Armanda Rosa

Para Sr. Luís e D. Donzília Sr. Luís é um homem bom e inteligente É como um livro aberto e sagrado Onde a sua vida no presente Tem ainda lembranças do passado E tem sempre amizade em seu olhar E na sua vida sonhos tantos É uma pessoa para se estimar E sua esposa tem encantos E uma sinceridade sem fim É esta a minha opinião Eu penso assim São pessoas com quem se pode conviver São amigos dos seus amigos Podem nisso crer São duas pessoas muito queridas Que sempre põem em primeiro Todas as pessoas amigas A todas dão a mão E ajudam a alegrar nossas vidas Eu tenho pelos dois muita consideração Que tenham uma vida Muito longa e feliz É o que lhes deseja esta amiga Que é sincera podem acreditar Que eu ao vosso lado Irei sempre continuar! Adelaide Palmela


Os Nossos Poetas

26 - Mensageiro da Poesia

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Pedido Deixa-me adentrar no teu infinito, E me descondensar fugazmente! Deixa-me ser Deusa, Para te encantar a cada lua terna. Deixa-me ser fraterna. E cultivar toda a meiguice verdadeira. Quero tornar-me teu enlevo, Enveredando-me sempre por caminhos ignotos. Quero desmistificar teus egos, Completar-me na tua segurança. Deixa que eu te cubra à noite, Quando os ventos forem frios, E as sombras vazias. Deixa-me ao menos ser sua, Tão sua, que nem irás saber Se sou mito ou mulher. Márcia Cristina de Moraes

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Os Avós são os sábios do Mundo Os Avós são Seres Humanos especiais São tolerantes e acatam todos os “ais” Dos seus netinhos que amam de coração. São excelentes ouvintes e conselheiros Os seus netinhos vêem neles grandes companheiros E os seus exemplos são importantes na educação. Os avós têm encanto, ternura e sabedoria As suas vivências são exemplos de Amor e alegria Muitas vezes numa vida de sacrifício e dificuldades Alguns sofrem com o abandono e a solidão E, suportam dos filhos atitudes de ingratidão Os avós são Heróis da paciência e humildade “Os Avós são os sábios mais fofinhos do mundo!” Ana Santos

Julho/Agosto/Setembro 2017

Sol de Portugal O nosso Litoral…fortalecido Afonso Henriques o fundador Por ele…norte ao sul, tudo vencido Sendo o Algarve mais abrasador Portugal tem verão solicitado E em Lisboa!? Suas marchas populares! Com o nosso país, bem desejado… Fado na margem sul! Musa de mares! Da aldeia do Meco à Caparica Suas artes, com sardinha mais rica Com arraiais, de clima musical A todos os turistas e banhistas Nosso país tem praias, belas vistas São bem-vindos ao “Sol de Portugal” Pinhal Dias (Lahnip) PT (In: “Sonhos reflectidos”)

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No verão em Portugal Vem aí chegando o verão Todos se querem bronzear. No nosso país quentinho As suas férias passar. Vêem de muitos países No verão, pra Portugal. Que se sintam cá felizes Na nossa terra natal. Seja velho, ou seja novo, Todos querem cá chegar. Pela simpatia do povo Que bem os sabe hospedar. Que venham todos por bem. Que tragam paz e amor. De ninguém se faz desdém Somos um povo acolhedor. Maria Laurinda Pacheco


Julho/Agosto/Setembro 2017

Poeta em Destaque

Mário Sá Carneiro nasceu em Lisboa a 19 de Maio de1890. Filho de Carlos Augusto de Sá Carneiro e de Águeda Maria de Sousa Peres Murielo Sá Carneiro. Descendente de cristãos novos da zona de Braga, Mário cresceu no seio de uma família abastada de militares. Ainda muito jovem, começou a escrever dezenas de poemas, novelas e um romance. Foi ainda um dos grandes mentores da revista “Orpheu”. Apelidaram-no de “maluquinho”, por escrever tão compulsivamente poesia, prosa, teatro, sem nunca parar, isto por ter “um sentido de obra soberbo, desenvolvendo o seu trabalho com grande coerência e com exímia conclusão, segundo escritos. Superando Fernando Pessoa, bem como muitos outros escritores que lhe seguiram, a sua obra influenciou a geração da “Presença”. Frequentou a Faculdade de Direito, sem que tenha terminado os estudos. Viveu muito da sua vida em Paris, onde escreveu grande parte do seu espólio. Levando uma vida boémia, para Sá Carneiro, Paris foi uma cidade de fascínio. Sendo um génio não só na arte, mas da inovação, descobre o Cubismo e o Futurismo, a par do seu grande amigo e confidente Fernando Pessoa. Mário Sá Carneiro foi um dos mais reputados membros da geração ”Orpheu”, vindo esta a ter um papel fundamental na renovação da literatura portuguesa do século XX. É dos poetas mais significativos do modernismo em Portugal. A sua obra reflete um modo de estar e de sentir, repercutindo uma insatisfação constante. A sua busca pela sublimação do EU radica um desejo estético. Entre 1913 e 1914 vem a Lisboa com certa regularidade, regressando a Portugal aquando o conflito da 1ª guerra mundial.

Mário Sá Carneiro

Um breve olhar sobre a vida e obra de

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Mensageiro da Poesia - 27

Colaborou em várias publicações – no semanário “Azulejo”, 1907/1909, na 2ªsérie “Alma Nova”, 1915/1916 e na revista “Temporânea”, 1915/1916. No verão de 1915 regressa a Paris e escreve a Fernando Pessoa cartas de uma crescente angústia, onde ressalta uma imagem de homem angustiado, perdido, inadaptado, mas com uma evolucional maturidade literária. Pela vida que levava, tardavam em concretizar-se os desejos de enriquecer… entrou numa depressão tal, que o viria a conduzir ao suicídio prematuro aos 25 anos de idade, no fatídico dia 26 de Abril de 1916, num Hotel em Paris. Obras poéticas: 1914 - “Dispersão” 1ª Obra poética 1915 - “Indícios de Oiro”

Obras de ficção: 1914 - “A confissão de Lúcio” 1915 – “Céu de fogo” Obras publicadas após a sua morte 1937 – “ Indícios de ouro” - Correspondências - Traduções - Referências - Ligações externas 1949 – Foi homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido dado o seu nome a uma rua em Alvalade, perto da Avenida da Igreja. Nota: Antes do suicídio escreveu ao seu grande amigo Fernando Pessoa, ciente do seu propósito. Despediu-se com o poema que se encontra ma página 28. Damásia Pestana


Julho/Agosto/Setembro 2017 28 - Mensageiro da Poesia

Fim

Quando eu morrer batam as latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes. Chamem palhaços e acrobatas! Que o meu caixão vá sobre um burro Ajaezado à andaluza… A um morto nada se recusa… E eu quero por força ir de burro! Mário Sá Carneiro

e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com


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