Pauliceia desvairada MDP

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Material Digital do Professor ENSINO MÉDIO Elaborado por José De Nicola Lucas De Nicola CC BY NC 4.0 International

Mário de Andrade

Organização: José De Nicola Lucas De Nicola

PAULICEIA DESVAIRADA Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.


Lira Paulistana 1a edição – Rio de Janeiro/RJ – 2021 Material Digital do Professor Ensino Médio Elaboração: José De Nicola, Lucas De Nicola Coordenação editorial: Nilcéia Esposito / Book Maker Composição Editorial Edição: Daniel Orlando e Flavia Brandão Assistência editorial: Paula Dias Revisão: Book Maker Composição Editorial Diagramação: Nany Produções Gráficas

Editora Arlecchino Rua São Cristovão, 489, sala 303 São Cristovão - Rio de Janeiro/RJ CEP: 20940-001 Produzido sob licença CC BY NC 4.0 International

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Sumário Carta ao professor ......................................................................................4 Na ponta da língua ......................................................................................6 Proposta de atividades I Ampliando horizontes.............................................................................. 18 Proposta de atividades II Mergulhando na obra .............................................................................. 24 Aprofundamento Novos caminhos ....................................................................................... 31 Referências complementares Organizando a estante ........................................................................... 33 Bibliografia comentada

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Carta ao professor Caro professor(a), Pauliceia desvairada é uma leitura fundamental não só para se conhecer a obra poética de Mário de Andrade, um dos maiores escritores e intelectuais brasileiros, como para se entender o início da trajetória do modernismo brasileiro, cujas propostas estéticas e temáticas se fizeram sentir ao longo do século XX e estão presentes ainda hoje. Nesse sentido, através das impressões de um eu lírico que se entende como “um tupi tangendo um alaúde”, o livro, partindo do contexto de São Paulo do início da década de 1920, é uma efetiva reflexão sobre o que é a cultura brasileira. A trajetória da obra, desde a sua primeira redação até a publicação em forma de livro, evidencia um momento de transformação da literatura e das artes brasileiras. Enquanto texto de ruptura, Pauliceia desvairada foi um verdadeiro acontecimento, uma realização que possui diversos elementos e camadas de sentido, o que inclui a sua capa de losangos coloridos, sua provocativa dedicatória e seu irônico e inquieto “Prefácio interessantíssimo”, no qual o autor apresenta algumas de suas reflexões sobre arte e literatura. Esse é um dos elementos mais interessantes do livro: a leitura permite compreender a forma como se dá a criação literária e os diversos fatores nela envolvidos. Além disso, Pauliceia desvairada possibilita uma profunda reflexão crítica acerca do que é viver em uma grande cidade, sobretudo uma cidade que passava por um intenso e acelerado processo de crescimento econômico e populacional. Os poemas do livro tratam de um ambiente diverso e conflituoso – “arlequinal”, segundo a imagem elaborada por Mário de Andrade –, composto por pessoas dos mais variados estratos sociais, origens nacionais e grupos étnicos. Compreender como o autor transformou tudo isso em poesia é uma forma de compreender algo de nossa própria vida cotidiana, de nossas experiências e de nossa realidade – vivamos ou não em grandes cidades.

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Mais do que obras, Mário de Andrade, deixou um verdadeiro legado para a literatura e a cultura brasileira, sendo um de seus maiores criadores e intérpretes. Boa leitura! QUADRO RESUMO Gênero

Tema

Poema

Diálogos com a sociologia e antropologia

A obra de Mário de Andrade, organizada por Lucas e José De Nicola, reúne poemas para apresentar a cidade de São Paulo ao leitor.

Mário de Andrade, ao apresentar a cidade de São Paulo ao leitor, apresenta também seus meandros, seus modos de vida e seus personagens.

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Na ponta da língua Proposta de atividades I DE OLHO NA BNCC As atividades sugeridas nesta subseção contemplam as seguintes habilidades propostas pela BNCC: (EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais). (EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas. (EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e caracterizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. (EM13LGG602) Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar, de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade. (EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas. (EM13LP02) Estabelecer relações entre as partes do texto, tanto na produção como na leitura/escuta, considerando a construção composicional e o estilo do gênero, usando/reconhecendo adequadamente elementos e recursos coesivos diversos que contribuam para a coerência, a continuidade do texto e sua progressão temática, e organizando informações, tendo em vista as condições de produção e as relações lógico-discursivas envolvidas (causa/efeito ou consequência; tese/argumentos; problema/ solução; definição/exemplos etc.). (EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da ordenação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua.

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(EM13LP07) Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que expressam a posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de diferentes modalidades (epistêmica, deôntica e apreciativa) e de diferentes recursos gramaticais que operam como modalizadores (verbos modais, tempos e modos verbais, expressões modais, adjetivos, locuções ou orações adjetivas, advérbios, locuções ou orações adverbiais, entonação etc.), uso de estratégias de impessoalização (uso de terceira pessoa e de voz passiva etc.), com vistas ao incremento da compreensão e da criticidade e ao manejo adequado desses elementos nos textos produzidos, considerando os contextos de produção. (EM13LP08) Analisar elementos e aspectos da sintaxe do português, como a ordem dos constituintes da sentença (e os efeito que causam sua inversão), a estrutura dos sintagmas, as categorias sintáticas, os processos de coordenação e subordinação (e os efeitos de seus usos) e a sintaxe de concordância e de regência, de modo a potencializar os processos de compreensão e produção de textos e a possibilitar escolhas adequadas à situação comunicativa. (EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e culturais, efeitos de sentido decorrentes de escolhas de elementos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos sonoros, sincronização etc.) e de suas relações com o verbal, levando-os em conta na produção de áudios, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de apreciação. (EM13LP31) Compreender criticamente textos de divulgação científica orais, escritos e multissemióticos de diferentes áreas do conhecimento, identificando sua organização tópica e a hierarquização das informações, identificando e descartando fontes não confiáveis e problematizando enfoques tendenciosos ou superficiais. (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP47) Participar de eventos (saraus, competições orais, audições, mostras, festivais, feiras culturais e literárias, rodas e clubes de leitura, cooperativas culturais, jograis, repentes, slams etc.), inclusive para socializar obras da própria autoria (poemas, contos e suas variedades, roteiros e microrroteiros, videominutos, playlists comentadas de música etc.) e/ou interpretar obras de outros, inserindo-se nas diferentes práticas culturais de seu tempo.

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(EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. (EM13LP50) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam. (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como dialogam com o presente.

Sobre o trabalho com textos no campo artístico-literário, diz a BNCC: No campo artístico-literário, buscam-se a ampliação do contato e a análise mais fundamentada de manifestações culturais e artísticas em geral. Está em jogo a continuidade da formação do leitor literário e do desenvolvimento da fruição. A análise contextualizada de produções artísticas e dos textos literários, com destaque para os clássicos, intensifica-se no Ensino Médio. Gêneros e formas diversas de produções vinculadas à apreciação de obras artísticas e produções culturais (resenhas, vlogs e podcasts literários, culturais etc.) ou a formas de apropriação do texto literário, de produções cinematográficas e teatrais e de outras manifestações artísticas (remidiações, paródias, estilizações, videominutos, fanfics etc.) continuam a ser considerados associados a habilidades técnicas e estéticas mais refinadas.

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A escrita literária, por sua vez, ainda que não seja o foco central do componente de Língua Portuguesa, também se mostra rica em possibilidades expressivas. Já exercitada no Ensino Fundamental, pode ser ampliada e aprofundada no Ensino Médio, aproveitando o interesse de muitos jovens por manifestações esteticamente organizadas comuns às culturas juvenis. O que está em questão nesse tipo de escrita não é informar, ensinar ou simplesmente comunicar. O exercício literário inclui também a função de produzir certos níveis de reconhecimento, empatia e solidariedade e envolve reinventar, questionar e descobrir-se. Sendo assim, ele é uma função importante em termos de elaboração da subjetividade e das inter-relações pessoais. Nesse sentido, o desenvolvimento de textos construídos esteticamente – no âmbito dos mais diferentes gêneros – pode propiciar a exploração de emoções, sentimentos e ideias que não encontram lugar em outros gêneros não literários (e que, por isso, devem ser explorados). (BNCC – versão completa. p. 503-4)

1. Métrica é a medida de um verso, definida pelo número de sílabas poéticas. A sílaba poética nem sempre corresponde a uma sílaba gramatical, pois a divisão silábica de um verso leva em conta as emissões de voz do verso como um todo; além disso, conta-se até a última sílaba tônica do verso, desprezando-se as sílabas pós-tônicas da última palavra. Assim, fundem-se vogais átonas ou uma vogal átona funde-se a uma vogal tônica; via de regra, os hiatos não se fundem. Por exemplo: São Paulo! Comoção de minha vida... Galicismo a berrar nos desertos da América! São / Pau / lo! / Co / mo / ção / de / mi / nha / vi

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Ga / li / cis / mo a / be / rrar / nos / de / ser / tos / da A / mé [rica!

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No primeiro verso, as sílabas poéticas coincidem com as sílabas gramaticais e apenas a última sílaba não é contada porque a palavra “vida” é paroxítona. No segundo verso, em “mo a” temos a fusão das sílabas pois as vogais são átonas; o mesmo ocorre em “da A”; como a última palavra do verso é proparoxítona, as duas sílabas pós-tônicas são desprezadas. Assim, no primeiro verso reproduzido, Mário de Andrade empregou a métrica decassílaba e no segundo, a métrica dodecassílaba (o verso de 12 sílabas poéticas é chamado de alexandrino) . No “Prefácio interessantíssimo”, o agora modernista Mário de Andrade, que não faz versos rimados e metrificados, diz que “perto de dez anos metrifiquei, rimei. Exemplo?”, e mostrando que domina as técnicas, apresenta um soneto metrificado e rimado. Pedir para os estudantes fazerem a escansão (ou seja, decompor as sílabas de um verso) do último terceto do soneto e comentar o esquema de rimas:

Artista

O meu desejo é ser pintor – Lionardo, cujo ideal em piedades se acrisola; fazendo abrir-se ao mundo a ampla corola do sonho ilustre que em meu peito guardo... Meu anseio é, trazendo ao fundo pardo da vida, a cor da veneziana escola, dar tons de rosa e de ouro, por esmola, a quanto houver de penedia ou cardo. Quando encontrar o manancial das tintas e os pincéis exaltados com que pintas, Veronese! teus quadros e teus frisos,

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irei morar onde as Desgraças moram; e viverei de colorir sorrisos nos lábios dos que imprecam ou que choram!

Neste poema, Mário de Andrade trabalhou versos decassílabos, considerada pelos renascentistas como a “métrica perfeita, a medida certa”, sendo muito empregada nos sonetos em língua portuguesa desde a produção poética de Camões. Comentar que os dois pintores citados – Leonardo da Vinci (1452-1519) e Paolo Veronese (15281588) – são renascentistas italianos. O esquema de rimas é ABBA ABBA CCD EDE. A escansão do último terceto fica assim: I / rei / mo / rar / on / de as / Des / gra / ças / mo [ram;] e / vi / ve / rei / de / co / lo / rir / so / rri [sos] nos / lá / bios / dos / que im / pre / cam / ou / que / cho [ram!] 2. Refrão ou estribilho é um verso (ou agrupamento de versos) que se repete ao final das estrofes. O refrão é responsável pelo ritmo marcado que o poema assume e, ao mesmo tempo, enfatiza uma determinada ideia. Pedir para os estudantes selecionarem um poema do livro que apresenta refrão e comentarem a ênfase dada por esse recurso no poema selecionado. Poema que apresenta refrão: “Domingo”. O poema aborda, de forma crítica, certos rituais de um domingo qualquer da elite paulistana. Na primeira estrofe, as famílias na missa, mais para cumprir uma obrigação social (roupas finas, troca de olhares) na então elegante e elitizada igreja de Santa Cecília do que um ato religioso de fé, Cristo pregando nos desertos e os frequentadores no “confiteor”, ou seja, uma confissão pública feita antes da comunhão.

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A segunda estrofe aborda outra distração domingueira: o jogo de futebol, no elitizado bairro do Jardim américa. A terceira estrofe trata do ritual do fim da tarde de domingo: o corso, geralmente feito na também elitizada avenida Paulista. Na quarta estrofe, fechando o domingo, a sessão de cinema no luxuoso cine Central, com filmes de caubói e dramas amorosos que despertam desejos nas moças virgens. Fechando todas as estrofes, o refrão que associa esses rituais às futilidades da dita civilização, no caso, da cidade que se urbaniza aceleradamente: “Futilidade, civilização”. 3. Sugerir aos estudantes um sarau em que cada um lê um poema curto (o fato de serem poemas curtos facilita a realização do sarau) ; ou seja, excluir dessa leitura “As enfibraturas do Ipiranga”. Antes da leitura, retomar o seguinte trecho do “Prefácio interessantíssimo”: Aliás versos não se escrevem para leitura de olhos mudos. Versos cantam-se, urram-se, choram-se. Quem não souber cantar não leia “Paisagem nº 1”. Quem não souber urrar não leia “Ode do burguês”. Quem não souber rezar, não leia “Religião”. Desprezar: “A escalada”. Sofrer: “Colloque sentimental”. Perdoar: a cantiga do berço, um dos solos de Minha Loucura, das “Enfibraturas do Ipiranga”. Não continuo. Repugname dar a chave de meu livro. Quem for como eu tem essa chave.

Após a leitura, a sugestão é discutir mais detalhadamente alguns poemas para que os estudantes percebam tanto o trabalho formal como as ideias de Mário de Andrade. Seria interessante que os estudantes selecionassem os poemas para essa discussão; da parte do(a) professor(a), fica a sugestão de trabalhar os poemas relacionados na atividade a seguir. 4. Propor um trabalho de intertextualidade com os poemas “Ode ao burguês”, do livro Pauliceia desvairada, e “Moça linda bem tratada”, do livro Lira paulistana (a última produção de Mário de Andrade, com poemas escritos no início da década de 1940; o livro foi publicado postumamente).

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Ode ao burguês Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o burguês-burguês! A digestão bem feita de São Paulo! O homem-curva! o homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Eu insulto as aristocracias cautelosas! Os barões lampeões! os condes Joões! os duques zurros! que vivem dentro de muros sem pulos; e gemem sangues de alguns mil-réis fracos para dizerem que as filhas da senhora falam o francês e tocam o “Printemps” com as unhas! Eu insulto o burguês-funesto! O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros! Fará Sol? Choverá? Arlequinal! Mas à chuva dos rosais o êxtase fará sempre Sol! Morte à gordura! Morte às adiposidades cerebrais! Morte ao burguês-mensal! ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! Padaria Suíça! Morte viva ao Adriano! “– Ai, filha, que te darei pelos teus anos? – Um colar... – Conto e quinhentos!!! Mas nós morremos de fome!” Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma! Oh! purée de batatas morais! Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! Ódio aos temperamentos regulares! Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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Ódio aos relógios musculares! Morte e infâmia! Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos, sempiternamente as mesmices convencionais! De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia! Dois a dois! Primeira posição! Marcha! Todos para a Central do meu rancor inebriante! Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! Morte ao burguês de giolhos, cheirando religião e que não crê em Deus! Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! Ódio fundamento, sem perdão! Fora! Fú! Fora o bom burguês!...

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Moça linda bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta:

Um amor.

Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo, Burro como uma porta:

Um coió.

Mulher gordaça, filó De ouro por todos os poros, Burra como uma porta:

Paciência...

Plutocrata sem consciência, Nada porta, terremoto Que a porta do pobre arromba:

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Uma bomba.

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Sobre “Ode ao burguês”, comentar os poemas do livro Pauliceia desvairada foram escritos entre 1920 e 1921 (o livro foi publicado em 1922, depois da realização da Semana de Arte Moderna), em um momento de ruptura de paradigmas e marcante influência dos movimentos de vanguarda do início do século XX. “Ode ao burguês” pode, inclusive, ser considerado o poema do livro que mais se aproxima da estética futurista, com a valorização dos substantivos em detrimento dos adjetivos e advérbios; comentar os casos em que Mário de Andrade empregou substantivos como adjetivos, sendo que, em algumas imagens, empregou substantivos compostos, com o segundo elemento sendo um substantivo funcionando como adjetivo. Destacar os seguintes exemplos: Barões lampiões, condes Joões, duques zurros, ódio fundamento; Burguês-níquel, burguês-cinema, burguês-tílburi, homem-curva, homem-nádegas. Na reiteração burguês-burguês é possível entender o segundo elemento como substantivo ou como adjetivo. Comentar que ode é uma poesia entusiástica, de exaltação, mas, no decorrer do poema, Mário de Andrade faz a “brincadeira” passando a insultar o burguês e as aristocracias cautelosas, com a palavra ode transformando-se em ódio. Comentar que em dois momentos da ode o poeta caracteriza as “filhas”: primeiro, as filhas da aristocracia; depois, as da burguesia. A filha da aristocracia é educada para o casamento (a moça prendada toca piano, fala francês); a filha da burguesia está preocupada com a ostentação (escolhe o colar pelo preço). Espera-se que os estudantes percebam que, nas várias referências feitas ao burguês, predomina a preocupação dele com o mundo dos negócios e com o mundo das aparências, com o dinheiro. O verso “Fora os que algarismam os amanhãs!” sintetiza essa ideia, já que algarismar seria transformar tudo em algarismos, números, cifras, valores. Esse verso seria uma crítica à excessiva preocupação da burguesia em acumular capital. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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Essas discussões pretendem levar os estudantes a perceber parte do intenso e moderno trabalho que Mário de Andrade realiza com a linguagem. Comente que algarismam é a forma verbal da terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo algarismar, derivado do substantivo algarismo. Esse verbo não está dicionarizado; trata-se de um neologismo criado pelo poeta. Sobre “Moça linda bem tratada”, espera-se que os estudantes percebam que cada estrofe refere-se a um membro da pequena família. Primeira estrofe: a filha de uma família tradicional, bonitinha, mas burra. Segunda estrofe: o filho preocupado com esporte e sexo, também burro. Terceira estrofe: a mãe, gorda, rica e, também, burra. Quarta estrofe: o pai, homem rico que vive de explorar os pobres. O plutocrata (de pluto = “riqueza” + cracia = “poder, domínio, governo”), “pessoa influente e preponderante pelo seu dinheiro” não é nada burro (destacar o terceiro verso de cada estrofe). Nas três primeiras estrofes, “porta” aparece como termo de comparação: burro como uma porta, surdo como uma porta etc., significa excessivamente burro, surdo etc. Na última estrofe, “porta” está empregada em sentido denotativo: o plutocrata arromba a porta do pobre. Finalmente, no trabalho de intertextualidade, espera-se que os estudantes percebam que são dois poemas de vertente social, com críticas à burguesia paulistana que, com a industrialização, com o comércio, com os serviços exigidos por uma cidade grande, assumia cada vez mais uma posição de destaque na sociedade. Em relação ao estilo dos dois poemas, percebe-se como se alterou a postura de Mário de Andrade dos anos revolucionários do início da década de 1920 para o homem maduro e um tanto desiludido do início dos anos de 1940. 5. Apresentar aos alunos o trecho abaixo; é um diálogo entre um sapateiro e o diabo, da peça Auto da barca do Inferno, de Gil Vicente (início do século XVI). A seguir, pedir para os alunos relacionarem com uma passagem de “Ode ao burguês” na qual Mário de Andrade faz uma crítica semelhante, comentando o teor de ambas as críticas.

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Sapateiro — Quantas missas eu ouvi, não me hão elas de prestar? Diabo — Ouvir missa, então roubar, é caminho para aqui.

Espera-se que os alunos relacionem com a seguinte passagem: “... burguês de giolhos, / cheirando religião e que não crê em Deus!” (de giolhos = de joelhos). Tanto Gil Vicente como Mário de Andrade (que era profundamente religioso) criticam o comportamento de falsos cristãos, que comparecem à missa mais por obrigação social do que por fé e que, na prática cotidiana, têm atitudes que podem ser consideradas anticristãs. Relacionar também com a primeira estrofe do poema “Domingo”, com crítica do mesmo teor.

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Ampliando horizontes Proposta de atividades II DE OLHO NA BNCC As atividades sugeridas nesta subseção contemplam as seguintes habilidades propostas pela BNCC: (EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais). (EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias. (EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e em suas produções (artísticas, corporais e verbais). (EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas. (EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e caracterizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. (EM13LGG602) Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar, de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade. (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de circulação (leitor/audiência

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previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. (EM13LP02) Estabelecer relações entre as partes do texto, tanto na produção como na leitura/escuta, considerando a construção composicional e o estilo do gênero, usando/reconhecendo adequadamente elementos e recursos coesivos diversos que contribuam para a coerência, a continuidade do texto e sua progressão temática, e organizando informações, tendo em vista as condições de produção e as relações lógico-discursivas envolvidas (causa/efeito ou consequência; tese/argumentos; problema/ solução; definição/exemplos etc.). (EM13LP03) Analisar relações de intertextualidade e interdiscursividade que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação de posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paráfrases, paródias e estilizações, entre outras possibilidades. (EM13LP04) Estabelecer relações de interdiscursividade e intertextualidade para explicitar, sustentar e conferir consistência a posicionamentos e para construir e corroborar explicações e relatos, fazendo uso de citações e paráfrases devidamente marcadas. (EM13LP05) Analisar, em textos argumentativos, os posicionamentos assumidos, os movimentos argumentativos (sustentação, refutação/ contra-argumentação e negociação) e os argumentos utilizados para sustentá-los, para avaliar sua força e eficácia, e posicionar-se criticamente diante da questão discutida e/ou dos argumentos utilizados, recorrendo aos mecanismos linguísticos necessários. (EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da ordenação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua. (EM13LP07) Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que expressam a posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de diferentes modalidades (epistêmica, deôntica e apreciativa) e de diferentes recursos gramaticais que operam como modalizadores (verbos modais, tempos e modos verbais, expressões modais, adjetivos, locuções ou orações adjetivas, advérbios, locuções ou orações adverbiais, entonação etc.), uso de estratégias de impessoalização (uso de terceira pessoa e de voz passiva etc.), com vistas ao incremento da compreensão e da criticidade e ao manejo adequado desses elementos nos textos produzidos, considerando os contextos de produção. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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(EM13LP08) Analisar elementos e aspectos da sintaxe do português, como a ordem dos constituintes da sentença (e os efeito que causam sua inversão), a estrutura dos sintagmas, as categorias sintáticas, os processos de coordenação e subordinação (e os efeitos de seus usos) e a sintaxe de concordância e de regência, de modo a potencializar os processos de compreensão e produção de textos e a possibilitar escolhas adequadas à situação comunicativa. (EM13LP11) Fazer curadoria de informação, tendo em vista diferentes propósitos e projetos discursivos. (EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e culturais, efeitos de sentido decorrentes de escolhas de elementos sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos sonoros, sincronização etc.) e de suas relações com o verbal, levando-os em conta na produção de áudios, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de apreciação. (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. (EM13LP50) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.

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6. No oratório profano “As enfibraturas do Ipiranga”, temos quatro vozes coletivas, cada uma representando um segmento da sociedade, e uma voz individual – Minha Loucura. As vozes coletivas têm as seguintes representações: as Juvenilidades Auriverdes (“todos os rapazes da Semana de Arte Moderna”), Os Orientalismos Convencionais (poetas que produzem obras no então estilo dominante, que os “rapazes” da Semana de Arte Moderna criticavam); As Senectudes Tremulinas (milionários e burgueses); Os Sandapilários Indiferentes (operariado, gente pobre). Pedir para os alunos pesquisarem qual era o estilo poético dominante no início do século XX e qual era a proposta dos jovens modernistas. Espera-se que os alunos identifiquem o estilo dominante como o Parnasianismo, estilo poético que marcou a elite literária brasileira do final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX (entre os fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897, a maioria absoluta dos poetas se filiava ao Parnasianismo, de nítida influência francesa). Entre as principais características da poesia parnasiana é possível citar: • A poética parnasiana baseia-se no binômio objetividade temática/culto da forma, numa postura totalmente antirromântica. • Perfeição formal: forma fixa dos sonetos, a métrica dos versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e decassílabos perfeitos, a rima rica, rara e perfeita. • A objetividade temática surge como negação ao sentimentalismo romântico, numa tentativa de atingir a impassibilidade e a impessoalidade. • Opõe ao subjetivismo decadente o universalismo – daí resultar numa poesia carregada de descrições objetivas e impessoais. • Retomada dos conceitos da Antiguidade Clássica: racionalismo e formas perfeitas. • Poesia de meditação; filosófica, mas artificial. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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Entre os poetas parnasianos, o destaque ficava para Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. Os jovens modernistas combatiam essa poesia preocupada com a objetividade e com o rigor formal. O evento marcante do início do modernismo brasileiro foi a realização da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, um centro de entretenimento da elite cafeeira. O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade de definições e do rompimento com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade: "se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos e ideias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor. [...]". Ao mesmo tempo que se buscava o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifestava em suas múltiplas facetas: volta às origens, pesquisa de fontes quinhentistas, procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nas ruas), paródias – numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras – e valorização do índio verdadeiramente brasileiro. 7. Após a pesquisa, pedir para os alunos analisarem temática e formalmente a primeira fala das Juvenilidades Auriverdes e a primeira fala dos Orientalismos Convencionais. Na sua primeira fala, “pianíssimo”, as Juvenilidades se identificam com a fauna e a flora nacionais, citando bananeiras, araras, sabiás, jandaias, abacaxis, mangas, cajus, num excesso de tropicalismo auriverde; se identificam como “as forças vivas do torrão natal”; ironicamente se classificam como as “ignorâncias iluminadas” e os “novos sóis luscofuscolares” (a criação de neologismos, como “luscofuscolares”, é outra caraterística dos modernistas). Os versos não apresentam uma métrica fixa nem rima; são, portanto, versos livres.

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Em nítida oposição, os Orientalismos Convencionais defendem que “os alicerces não devem cair mais!”, amam “as chatezas horizontais”, odeiam “as matinadas arlequinais” e defendem o ritmo e as rimas que se repetem à exaustão: “Temos nossos coros só no tom de dó!” e “Glória aos Iguais”. Formalmente, as falas dos Orientalismos Convencionais são estrofes regulares, com versos metrificados e uma mesma rima se repetindo em toda a estrofe, o que produz um eco que se torne desagradável. 8. Realizada a atividade anterior, que provavelmente vai levantar outras questões interpretativas do poema e do que representam os coros, sugerir aos estudantes uma leitura coletiva do oratório profano “As enfibraturas do Ipiranga”, dividindo a turma para os coros e um(a) aluno(a) para representar a Minha Loucura. Discutir como Mário de Andrade propôs a distribuição dos coros pela esplanada do Municipal e, se possível nas dependências da escola, fazer uma distribuição semelhante. Se for em um ambiente fechado, sugerir espalhar praticáveis para que os coros fiquem em diferentes posições.

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Mergulhando na obra Aprofundamento

Ao chegar ao Ensino Médio, é necessário que os estudantes se aprofundem na compreensão das múltiplas linguagens e, sobretudo, da linguagem literária. Em relação à literatura, a BNCC traz as seguintes considerações: Em relação à literatura, a leitura do texto literário, que ocupa o centro do trabalho no Ensino Fundamental, deve permanecer nuclear também no Ensino Médio. Por força de certa simplificação didática, as biografias de autores, as características de épocas, os resumos e outros gêneros artísticos substitutivos, como o cinema e as HQs, têm relegado o texto literário a um plano secundário do ensino. Assim, é importante não só (re)colocá-lo como ponto de partida para o trabalho com a literatura, como intensificar seu convívio com os estudantes. Como linguagem artisticamente organizada, a literatura enriquece nossa percepção e nossa visão de mundo. Mediante arranjos especiais das palavras, ela cria um universo que nos permite aumentar nossa capacidade de ver e sentir. Nesse sentido, a literatura possibilita uma ampliação da nossa visão do mundo, ajuda-nos não só a ver mais, mas a colocar em questão muito do que estamos vendo e vivenciando. Em comparação com o Ensino Fundamental, a BNCC de Língua Portuguesa para o Ensino Médio define a progressão das aprendizagens e habilidades levando em conta: •

a complexidade das práticas de linguagens e dos fenômenos sociais que repercutem nos usos da linguagem (como a pós--verdade e o efeito bolha);

a consolidação do domínio de gêneros do discurso/gêneros textuais já contemplados anteriormente e a ampliação do repertório de gêneros, sobretudo dos que supõem um grau maior de análise, síntese e reflexão;

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o aumento da complexidade dos textos lidos e produzidos em termos de temática, estruturação sintática, vocabulário, recursos estilísticos, orquestração de vozes e semioses;

o foco maior nas habilidades envolvidas na reflexão sobre textos e práticas (análise, avaliação, apreciação ética, estética e política, valoração, validação crítica, demonstração etc.), já que as habilidades requeridas por processos de recuperação de informação (identificação, reconhecimento, organização) e por processos de compreensão (comparação, distinção, estabelecimento de relações e inferência) já foram desenvolvidas no Ensino Fundamental. (BNCC – versão completa. p. 499)

Nesta seção, desenvolvemos um trabalho de aprofundamento que, em diálogo com a formação continuada de professores, oferece subsídios para a abordagem do texto literário.

A trajetória de Mário de Andrade Em agosto de 1917, quando a Primeira Guerra Mundial tornava-se mais violenta e o Brasil acabava de mandar seus soldados para a Europa, é lançado em São Paulo um livro de poemas de sentido pacifista, assinado por um autor que se confessava medroso e humilde. O livro: Há uma gota de sangue em cada poema; o autor: Mário Sobral. Mais tarde, a revelação: o autor daqueles poemas, ainda presos à estética do final do século XIX, era, na verdade, o tímido Mário de Andrade. Mas 1917 seria um ano decisivo para as origens do modernismo brasileiro por dois outros fatos. Em novembro, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo acontece uma palestra do Secretário da Justiça de São Paulo, para tratar da guerra, e a apresentação do orador é feita por Mário de Andrade, então professor do Conservatório; Oswald de Andrade, jornalista, vai cobrir o evento, entusiasma-se com o discurso de Mário e resolve publicá-lo; daí nasce a amizade entre os dois Andrades que, durante dez anos, foram o corpo e a alma do movimento moderMaterial disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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nista de São Paulo; duas figuras de personalidades opostas, mas complementares. No mês seguinte, outro acontecimento fundamental: era inaugurada a exposição de arte moderna da jovem pintora Anita Malfatti; as telas de tendência expressionista encantaram os jovens que buscavam novas orientações artísticas e formou-se um grupo com Mário, Oswald, Di Cavalcanti, Guilherme de Almeida, entre outros. Nos anos que se seguiram os jovens modernistas intensificaram suas críticas ao parnasianismo, que, nas primeiras décadas do século XX, era o estilo dominante na poética brasileira. Em dezembro de 1920, Mário de Andrade inicia a escrita dos poemas que formariam Pauliceia desvairada e os declama para um pequeno grupo de amigos. Em maio de 1921, Oswald de Andrade, ainda atuando na imprensa, publica um artigo com o título “O meu poeta futurista” e fala, sem citar o nome, de um jovem poeta, professor do Conservatório, que escrevia poemas na linha futurista de Marinetti; foi um escândalo. Mário de Andrade responde, assinando com pseudônimo, que o jovem poeta citado não era “futurista”. Mas, meses depois, Mário de Andrade publica uma série de artigos com o título de “Mestres do passado”, em que critica os principais poetas do parnasianismo, entre eles, o consagrado Olavo Bilac. Ao findar o ano de 1921, o clima já estava criado para explodir no evento que foi a Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, considerado o marco inicial do modernismo brasileiro, sempre tendo Mário e Oswald como principais representantes. No meio do ano, Mário lança Pauliceia desvairada, com seus poemas revolucionários e um prefácio que era um verdadeiro manifesto modernista. Ainda em 1922, é lançada em São Paulo a revista Klaxon. As ideias sobre a estética modernista, já manifestadas nos artigos sobre os mestres do passado e em sua fala durante a Semana de Arte Moderna, aparecem sistematizadas em 1925 no livro de ensaios A escrava que não é Isaura. Sua produção literária intensifica-se com a publicação de livros de poesia, de contos e os romances Amar, verbo intransitivo, em 1927, e Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, em 1928.

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Ao lado de sua produção literária, Mário de Andrade se dedicou à pesquisa da música e do folclore brasileiros, foi diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo e participou da organização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em sua estada no Rio de Janeiro, lecionou estética na Universidade do Distrito Federal. Lira paulistana foi sua última obra, sendo publicada postumamente.

Mário e a cidade de São Paulo Para entendermos a Semana de Arte Moderna e o modernismo dos anos 1920, um bom caminho é pensar em três fatos: o melhor palco para a Semana, indiscutivelmente, era a cidade de São Paulo; dentro da cidade, o melhor local era o Theatro Municipal, e o evento não poderia acontecer nem em 1921, nem em 1923 – necessariamente teria de ser em 1922. O ano é fácil de entender: comemorava-se o primeiro centenário da Independência; uma independência política e não econômica e muito menos cultural. O Theatro Municipal, inaugurado em 1911, idealizado para as grandes apresentações de óperas, era o orgulho da elite paulistana. E por que São Paulo? Mário de Andrade, na conferência “O movimento modernista”, pronunciada em 1942, explicava que só mesmo São Paulo, uma cidade grande e provinciana, reunia as condições para fazer o movimento modernista e objetivá-lo na Semana. Dizia ainda: São Paulo era espiritualmente muito mais moderna, porém, fruto necessário da economia do café e do industrialismo consequente. São Paulo estava, ao mesmo tempo, pela sua atualidade comercial e sua industrialização, em contato mais espiritual e mais técnico com a atualidade do mundo. ANDRADE, Mário de. O movimento modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1942. p. 27.

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De fato, a cidade era constituída de tipos muito diversos; nem mesmo o operariado formava um grupo completamente homogêneo. A São Paulo do início do século XX era uma cidade multifacetada, fruto da industrialização, da eletricidade, da modernidade e da imigração. Assim, poderíamos encontrar pela cidade, andando na mesma calçada do bairro dos Campos Elíseos, um “barão do café”, um operário anarquista, um padre, um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comerciante, um advogado, um militar... realmente, uma “pauliceia desvairada”, palco ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inovadora, rompendo com velhas estruturas. Se em Pauliceia desvairada a relação do poeta com a sua cidade é mais neurótica, nervosa, por vezes agressiva, em Lira paulistana, com o distanciamento de vinte anos de uma obra para outra, o eu lírico tem uma identificação maior com a sua cidade, em uma relação mais afetuosa, embora às vezes com tons melancólicos.

O subjetivismo de Pauliceia desvairada O gênero lírico é caracterizado por centrar-se na subjetividade e, por esse critério, se opõe ao gênero épico, centrado na objetividade. Se a poesia épica é uma narrativa em que o enunciador mantém distância do fato narrado, a lírica é a manifestação do mundo interior, que, para os antigos, se fazia pelo canto suave e era mais do que expressar emoções, era uma possibilidade de despertá-las, com um menor distanciamento entre o enunciador e o objeto cantado. Assim, segundo o crítico Yves Stalloni: No sentido moderno do termo, o lirismo será definido como a expressão pessoal de uma emoção demonstrada por vias ritmadas e musicais. [...] Mas convém acrescentar a essa particularidade uma outra: o lirismo é a emanação de um eu – que o romantismo gostava de confundir com a pessoa do poeta, mas que pode se apagar por detrás de uma de suas personagens. STALLONI, Yves. Os gêneros literários. Rio de Janeiro: Difel, 2001. p. 151.

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Por isso, reafirmamos uma ideia básica: não podemos confundir o enunciador de um poema (o eu poético, ser ficcional) com o próprio poeta (o autor, ser empírico). Há casos evidentes em que a voz do enunciador não mantém ponto de contato com o poeta, como ocorre, por exemplo, na tradição lusitana das cantigas de amigo em que a autoria é masculina mas o eu lírico é feminino (no caso da MPB, por exemplo, há várias canções de Chico Buarque que seguem o modelo das cantigas de amigo, como “Tatuagem”, “Atrás da porta”, “Com açúcar e com afeto”). Na poética de Mário de Andrade, no entanto, o eu lírico é, na maior parte de seus poemas, uma projeção do poeta, com o emprego excessivo da primeira pessoa, seja nas formas verbais, seja nos pronomes possessivos, eliminando o distanciamento entre o objeto poético e o enunciador

A intertextualidade O círculo que envolve a interação pela linguagem se constrói apoiado no já dito, no já lido e no já conhecido, podendo reiterá-los, reafirmá-los, reformulá-los, refutá-los. É muito difícil pensar na produção de um texto totalmente inédito, criado a partir do nada. É como se todo texto fosse um hipertexto que possui links explícitos ou implícitos com outros. O termo intertextualidade foi cunhado, na década de 1960, no âmbito da teoria literária por Julia Kristeva e, nessa concepção, trata do universo dos textos literários e do diálogo entre esses textos ao longo da história da literatura. Quando a intertextualidade se dá entre dois textos literários efetivamente escritos e se manifesta de forma direta, clara, explícita, podemos dizer que se trata de intertextualidade em sentido mais restrito. Na literatura brasileira temos um exemplo significativo. O poeta romântico Gonçalves Dias escreveu, em meados do século XIX, a famosa Canção do exílio; desde então, vários outros poetas produziram intertextos, ou por simples imitação, ou para repensá-la. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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O conhecimento das relações entre os textos – e dos textos utilizados como intertexto – é um poderoso recurso de produção e apreensão de significados. Quando um determinado autor recorre a vários textos para compor os próprios, certamente tem um motivo muito claro – por exemplo fazer uma crítica, uma reflexão ou uma releitura desses textos. Percorrer o caminho inverso, ou seja, buscar esse motivo e reconstruir o processo de produção leva a desvendar os significados específicos do texto produzido, já que os textos se completam, lançam luz uns sobre os outros. Esse conhecimento, porém, não se dá por acaso nem por obra da intuição, mas por meio de um trabalho bastante específico: o exercício da leitura. Quanto mais experiente for o leitor (entenda-se como leitor experiente aquele que leu muito e bem) mais possibilidades terá de compreender os caminhos percorridos (e os textos visitados) por um outro autor em sua produção e de percorrer o próprio caminho em suas criações. Portanto, nossos processos de leitura podem ser mais proveitosos quanto mais caminhos de leitura tivermos percorrido. Nossas produções podem aprimorar-se na medida em que incorporamos essas leituras a nossos textos. E não é exagero dizer que esses procedimentos ampliam-se de tal forma que atingem uma outra área, bem mais ampla – a que diz respeito à própria leitura do mundo.

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Novos caminhos Referências complementares FONSECA, Maria Augusta. Por que ler Mário de Andrade. São Paulo: Globo, 2011. • A autora comenta a vida e obra de Mário de Andrade, revelando suas múltiplas facetas e sua participação no movimento modernista brasileiro, ao longo das décadas de 1910 a 1940. Casa Mário de Andrade. http://www.casamariodeandrade.org.br/home • Na antiga casa do escritor, na rua Lopes Chaves, em São Paulo, o público pode visitar a exposição permanente “A Morada do Coração Perdido”, que conta com objetos pessoais de Mário e móveis originais da casa, além de participar de atividades de formação e difusão cultural. Coleção Mário de Andrade – Artes Plásticas. Organização: Marta Rossetti Batista e Yone Soares de Lima. 2ª ed., São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, Universidade de São Paulo, 1998. • A publicação é o catálogo da coleção de obras de Mário de Andrade, que pertencem ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP); são reproduzidas 667 obras, com destaque para as telas e desenhos de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral.

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Macunaíma. Roteiro e direção de Joaquim Pedro de Andrade, 108 min, 1969. • Adaptação para a linguagem cinematográfica de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, romance fundamental do modernismo brasileiro, publicado em 1928. No elenco, Grande Otelo, Paulo José, Dina Sfat e Jardel Filho. Lição de amor. Direção de Eduardo Escorel, 1975. • Adaptação do romance Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade. O filme, todo ambientado em uma casa da alta burguesia paulistana da década de 1920, mostra o drama de uma governanta alemã que é contratada para, disfarçadamente, introduzir o filho homem adolescente nas práticas sexuais. O tratamento dado ao tema e o excelente trabalho de fotografia dão ao filme um toque poético. No elenco estão Lilian Lemmertz, Rogério Froes, Irene Ravache e Marcos Taquechel.

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Organizando a estante Bibliografia comentada ANDRADE, Mário de. Cartas a Anita Malfatti. Organização de Marta Rossetti Batista. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989. • Cartas trocadas entre Mário de Andrade e Anita Malfatti, sobretudo nos anos em que a pintora viveu em Paris, como bolsista pelo Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Os documentos são fundamentais para conhecer tanto os personagens quanto os meandros do modernismo brasileiro. ANDRADE, Mário de. Lira paulistana seguida de O carro da miséria. São Paulo: Livraria Martins Editora, s/d. • Primeira edição de Lira paulistana, publicação póstuma que, apesar de não trazer a data expressa, apareceu em 1945, meses após a morte do poeta. ANDRADE, Mário de. Pauliceia desvairada. São Paulo: Casa Mayença, 1922. • Primeira edição de Pauliceia desvairada, publicada em julho de 1922, ainda sob o impacto da realização da Semana de Arte Moderna. Além dos poemas, o livro traz o “Prefácio interessantíssimo”, com importantes reflexões sobre a proposta poética do modernismo brasileiro. ANDRADE, Mário de. O movimento modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1942. • Reprodução da seminal palestra feita por Mário de Andrade em abril de 1942, no salão de conferências da biblioteca do palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Vinte anos depois da Semana de Arte Moderna, o escritor realizou um balanço bastante crítico do movimento modernista brasileiro. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 2 volumes. Edição organizada por Telê Porto Ancona Lopez e Tatiana Longo Figueiredo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. • Reunião das poesias completas de Mário de Andrade, feita a partir do cuidadoso trabalho de duas pesquisadoras especializadas na obra do autor. ANDRADE, Mário de. São Paulo! Comoção de minha vida.... . Seleta organizada por Telê Ancona Lopez e Tatiana Longo Figueiredo. São Paulo: Editora da Unesp, Prefeitura Municipal de São Paulo e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012. • Reunião de poemas de Mário de Andrade que tratam da cidade de São Paulo. Além de evidenciar a profunda relação que o poeta mantinha com sua cidade natal, sendo isso um fator determinante em sua literatura, o volume é acompanhado de notas que ajudam a esclarecer referências que podem soar distantes para os leitores de hoje. ANDRADE, Oswald de. Estética e política. Organização de Maria Eugenia Boaventura. São Paulo: Globo, 1992. • Reunião de artigos escritos por Oswald de Andrade, dentre eles o polêmico “Meu poeta futurista”, publicado em maio de 1921, no qual um poema de Pauliceia desvairada foi apresentado ao grande público. BRITO, Mário da Silva. História do modernismo brasileiro. 1. Antecedentes da Semana de Arte Moderna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. • Obra seminal sobre a história da formação do grupo modernista que realizaria a Semana de Arte Moderna. Além da análise e interpretação do autor, o livro conta com a reprodução de importantes documentos, tais como o artigo “Futurista?!” e a série “Mestres do Passado”, de Mário de Andrade.

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GUASTINI, Mário. A hora futurista que passou e outros escritos. Organização, apresentação e notas de Nelson Schapochnik. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006. • Coletânea de artigos feita pelo jornalista e diretor do Jornal do Comércio Mário Guastini. Apesar de ser um grande amigo de Oswald de Andrade e abrir as portas do jornal para publicações de autores modernistas, seria um dos grandes opositores das inovações propostas por aqueles a quem tratava por “futuristas”. JARDIM, Eduardo. Mário de Andrade: Eu sou trezentos: vida e obra. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2015. • Nesse livro, o filósofo Eduardo Jardim faz uma instigante e sucinta leitura da vida e da obra de Mário de Andrade. Um livro oportuno para quem procura uma forma de conhecer melhor o escritor, mas que não abre da profundidade de análise. MORAES, Marcos Antonio de. (org.) Correspondência de Mário de Andrade & Manuel Bandeira. Organização de Marcos Antonio de Moraes. São Paulo: Edusp; IEB, 2001. • Reunião de toda a correspondência trocada entre Mário de Andrade e Manuel Bandeira, ao longo de mais de vinte anos de amizade. As cartas são documentos fundamentais para se conhecer as formas de criação, as ideias e as opiniões dessas duas grandes figuras do modernismo brasileiro. PICCHIA, Menotti del. Menotti del Picchia: o Gedeão do modernismo (1920-22). Organização de Yoshie Sakiyama Barreirinhas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1983. • Reunião de artigos publicados por Menotti del Picchia, sob o pseudônimo de Hélios, no Correio Paulistano, entre 1920 e 1922. O conjunto de textos forma uma documentação fundamental para quem deseja entender a formação do grupo modernista de São Paulo e as polêmicas nas quais seus membros estiveram envolvidos. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.

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SOBRAL, Mário (Mário de Andrade). Há uma gota de sangue em cada poema. São Paulo: Pocai & Companhia, 1917. • Primeiro livro publicado por Mário de Andrade, sob o pseudônimo de Mário Sobral, é um documento importante para se conhecer o início da produção poética do autor, assim como as mudanças pelas quais ele passaria até a realização de Pauliceia desvairada. TÉRCIO, Jason. Em busca da alma brasileira: biografia de Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2019. • Ampla biografia de Mário de Andrade, esse é um livro de grande importância para quem deseja conhecer a trajetória do escritor e o seu envolvimento com as polêmicas e conflitos de seu tempo.

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