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Morte de Bomefree

uma vida de labuta, de submissão paciente às mais repetidas extorsões dos tipos mais vis, e também muito mais que uma negligência assassina! A humanidade frequentemente tenta em vão reparar a indelicadeza ou a crueldade para com o vivo, honrando-o mesmo após a morte, mas John Ardinburgh indubitavelmente achava que sua lata de tinta e o jarro de aguardente serviriam como um ópio para seus escravos, mais que para sua consciência cauterizada.5

5 1 Timóteo 4:2. “Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada”.

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INÍCIO DAS PROVAÇÕES NA VIDA DE ISABELLA

Tendo visto o fim triste dos pais, ao menos no que diz respeito a esta vida terrena, retornaremos ao memorável leilão que ameaçava separá-la do pai e da mãe. Um leilão de escravos é uma ocasião terrível para suas vítimas, e suas consequências estão gravadas em seus corações com uma caneta de aço incandescente.

Nessa época inesquecível, Isabella foi arrematada pela quantia de cem dólares por um certo John Nealy, do Condado de Ulster, Nova York; e teve a impressão de que nessa venda ela fazia parte de um lote que continha ainda algumas ovelhas. Ela tinha então nove anos de idade, e suas provações na vida devem ser datadas desse período. Ela diz, enfática: “agora a guerra começou.” Ela só conseguia conversar em holandês, e os Nealy somente conseguiam falar inglês. O senhor Nealy conseguia entender o holandês, mas Isabella e sua senhora não conse-

guiam entender a língua uma da outra — e isso, por si só, era um grande obstáculo no caminho de um bom entendimento entre elas, e por algum tempo foi uma fonte fecunda de insatisfação para a senhora, e de castigo e sofrimento para Isabella. Ela diz: “se eles me enviavam para pegar uma frigideira, sem saber o que eles queriam dizer, talvez eu lhes levasse ganchos de panelas e tresmalhos. Então, ah! Que raiva a minha senhora ficava de mim!” Isabella sofria “terrivelmente, terrivelmente!” com o frio. Durante o inverno seus pés ficavam muito gelados por falta de cobertura adequada. Eles lhe davam comida abundante, e também abundantes chicotadas. Um domingo de manhã, em particular, lhe disseram para ir ao celeiro; ao ir para lá, ela encontrou seu senhor com um feixe de varas de ferro, preparado nas brasas e amarrado com cordas. Quando ele tomou as mãos dela e as amarrou, deu-lhe a mais cruel chicotada com a qual ela jamais havia sido torturada. Ele a chicoteou até que a carne ficasse profundamente lacerada, e o sangue fluísse das feridas — as cicatrizes permanecem até o presente dia, para testemunhar o fato. “E agora”, ela diz, “quando eu ouço falarem de chicotear mulheres na carne nua, isso faz minha pele arrepiar e meus cabelos levantarem na minha cabeça! Ah, meu Deus!”, ela continua, “que maneira é essa de tratar os seres humanos?”. Naquela hora extrema, ela não esquecia as instruções de sua mãe de ir a Deus em todas as provações e em todas as aflições; e não apenas lembrava, mas obedecia: indo

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