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Acomodações
by EdLab Press
SEUS IRMÃOS E IRMÃS
Opai de Isabella era muito alto e esguio quando jovem, o que o levou a ser chamado de “Bomefree” — que seria “árvore” em holandês, ou pelo menos é assim que Sojourner pronuncia —, e era esse o nome que ele costumava usar. A denominação mais familiar de sua mãe era “Mau-mau Bett”. Ela era mãe de uns dez ou doze filhos. Embora Sojourner esteja longe de saber o número exato de seus irmãos e irmãs, ela é a segunda mais nova, e todos os mais velhos foram vendidos antes que ela tivesse idade suficiente para se lembrar. Ela teve o privilégio de ver seis deles enquanto era escrava.
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Dos dois que imediatamente a precederam em idade, um menino de cinco anos e uma menina de três, que foram vendidos quando ela era bebê, muito ouviu falar; e gostaria que todos os que estão inclinados a acreditar que os pais escravos não têm afeição natural pela sua prole, pudessem ter ouvido o que ela ouviu, quando Bomefree e Mau-mau Bett — na
câmara escura iluminada por um tronco de pinho em brasa — ficavam por horas recordando e recontando cada carinho, assim como as circunstâncias angustiantes que uma memória aviltada proporcionava, as histórias daqueles queridos que partiram, dos que lhes foram roubados, e por quem seus corações ainda sangravam. Entre outras, eles contavam da vez que o garotinho, na última manhã em que estava com eles, levantou com os pássaros, acendeu o fogo, chamando por sua Mau-mau “para vir, que já estava tudo pronto para ela” — mal imaginando a terrível separação que logo estava por vir, mas da qual seus pais tinham um incerto, e por isso ainda mais cruel, pressentimento. Havia neve no chão, nesse dia do qual estamos falando, e um grande e antiquado trenó foi visto dirigindo-se à porta do falecido Coronel Ardinburgh. Esse evento foi notado com prazer infantil pelo garoto inocente; mas quando ele foi levado e colocado no trenó, e viu sua irmãzinha encarcerada e trancada na caixa do trenó, seus olhos imediatamente abriram-se às intenções deles e, como um cervo assustado, saltou do trenó e entrou correndo na casa, escondendo-se debaixo de uma cama. Mas isso pouco lhe valeu. Ele foi levado novamente para o trenó e separado para sempre daqueles a quem Deus havia concedido sua guarda e proteção natural, e para quem ele deveria garantir abrigo e apoio nos anos de declínio. Porém eu me abstenho de comentar sobre fatos como esses, sabendo que o coração de cada pai ou mãe escravo irá fazer o próprio comen-