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Nascimento e filiação
by EdLab Press
ACOMODAÇÕES
Entre as lembranças mais antigas de Isabella estava a mudança de seu senhor, Charles Ardinburgh, para a nova casa que ele construíra para ser um hotel, logo após a morte de seu pai. Um porão, sob esse hotel, foi designado para seus escravos, como dormitórios, com todos os escravos que ele possuía, de ambos os sexos, dormindo (como é bastante comum em estado de escravidão) no mesmo cômodo. Ela guarda na memória, até hoje uma vívida imagem daquela câmara sombria: a única iluminação provinha de algumas vidraças, através das quais ela acha que o sol nunca brilhava diretamente, senão apenas por três raios refletidos; e o espaço entre as tábuas soltas do chão e a terra desnivelada abaixo eram frequentemente preenchido com lama e água, que fazia chapinhar desconfortavelmente e eram tão irritantes quanto os vapores nocivos que devem ser perturbadores e fatais para a saúde. Ela
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estremece até hoje quando volta à memória e revisita esse porão, e vê aqueles habitantes, de ambos os sexos e de todas as idades dormindo naquelas tábuas úmidas, como o cavalo, com um pouco de palha e um cobertor; e não se admira com os reumatismos, as feridas e a paralisia que distorciam os membros e atormentavam os corpos daqueles companheiros de escravidão na vida após a morte. Ainda assim, ela não atribui tal crueldade — pois é certamente crueldade ser tão indiferente à saúde e ao conforto de qualquer ser, desconsiderando totalmente sua parte mais importante, seus interesses permanentes — como sendo somente uma crueldade inata ou caprichosa do senhor, mas também àquela inconsistência gigantesca, esse hábito herdado entre os senhores de escravos, de esperar uma obediência bem disposta e inteligente do escravo, porque ele é um HOMEM — ao mesmo tempo, tudo que pertence ao brutalizante sistema se esforça em atormentar o último vestígio de humanidade dentro dele; e quando ele é oprimido, os confortos da vida lhe são negados, com o argumento de que ele não saberia o que fazer com eles ou que nem deles necessita, é porque ele é considerado um pouco mais ou um pouco menos que um animal.